Buscar

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E NO DOMÍNIO ECONÔMICO - MATERIAL

Prévia do material em texto

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E NO DOMÍNIO ECONÔMICO
Cuida-se de analisar, principalmente à possibilidade de contratação direta dos serviços de advocacia por inexigibilidade de licitação, com amparo no artigo 25, inciso II, da Lei 8.666/93.
No que se refere à Administração Municipal, o tema possui particular interesse em razão da imensa gama de contratações de serviços de assessoria jurídica, pareceres (consultoria) e advocacia contenciosa, com maior incidência e largueza de objeto nos municípios despidos de procuradoria própria, composta por procuradores ocupantes de cargos públicos, como também nos Municípios que possuem procuradorias ainda incipientes e dependentes de fomento técnico e aparelhamento.
É forçoso constatar que a empresa pública, se sujeita ao teor da Lei 8.666/93, e, desta forma, para que sejam realizadas contratações, torna-se necessária a realização de processo licitatório.
Considera-se, ainda, que a mencionada Lei, em seu art. 13, elenca hipóteses de inexigibilidade, permitindo a contratação de serviços técnicos profissionais especializados, sem que haja rigoroso processo de licitação.
De modo que, temos que o serviço de recuperação de crédito não é um serviço que requer a assistência de profissionais especializados. 
Assim sendo, as contratações jurídicas pela empresa pública - EBCT é plenamente capaz de resolver as diligências a respeito da recuperação de crédito, sendo, a princípio, plenamente desnecessária a contratação. Contudo, a interpretação de inexigibilidade de licitação seria equivocada, pois seria necessária a realização de concurso, conforme o teor do artigo 13, paragrafo único da lei 8666/93, sendo, portando, a contratação realizada de forma ilícita.
“Artigo. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a”:
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;
§ 1o Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os contratos para a prestação de serviços técnicos profissionais especializados deverão, preferencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso, com estipulação prévia de prêmio ou remuneração.”
Sendo assim, compreende-se que não há requisito considerável para exigir o certame para realizar a contratação profissional especializada e, não há hipótese de inexigibilidade. Portanto, a contratação foi ilegal
Cumpre ressaltar que a pessoa jurídica de direito público da Administração Indireta, optou por celebrar contrato, atribuindo como seus procuradores profissionais liberais, de iniciativa privada, onde, portanto, os honorários deverão ser fixados de forma a respeitar o previsto pela Ordem dos Advogados, como têm-se disposto nos artigos 22, 36 e 41 do Código de Ética e Disciplina da OAB, ainda que, de outro lado, o TCU adote a ilegalidade quanto à forma de pagamento pelos honorários, frente ao caso, uma vez que vê a Sucumbência como sendo de direito à empresa.
Diante do entendimento da redação do Código de Processo Civil em seus termos, aduz:
“Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.”
Em sintonia, pode-se citar o artigo 22, 23 e, em especial, artigo 24 do Estatuto da OAB, que prevê expressamente que a sucumbência pertence ao advogado.
“Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência.”
“Art. 24. [...]
§ 3º É nula qualquer disposição, cláusula, regulamento ou convenção individual ou coletiva que retire do advogado o direito ao recebimento dos honorários de sucumbência.”
Portanto, o entendimento do TCU, no caso em análise, torna-se contraditório em relação à lei aplicável quando comparado à atual visão do STF e do NCPC. Temos que os honorários de Sucumbência pertencem ao advogado.
O STF prevê que o advogado poderá executar os honorários advindos de decisão transitada em julgado, como vemos no Recurso Extraordinário 318344 DF:
“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO. CUSTAS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. COMPENSAÇÃO.
1. Código de Processo Civil, artigo 21. Sucumbência recíproca. Custas processuais e honorários advocatícios. Compensação entre as partes, nos limites da condenação.
2. Honorários advocatícios. Execução autônoma. Estatuto da Advocacia, artigo 23. Impossibilidade de compensação. Alegação improcedente. Os honorários advocatícios decorrentes de decisão transitada em julgado pertencem ao advogado, que poderá executá-los em procedimento autônomo. Hipótese distinta daquela em que, em razão do julgamento do recurso interposto, os litigantes são vencidos e vencedores na causa, fato do qual decorre a responsabilidade recíproca pelas custas e honorários advocatícios, como acessório dos limites da condenação. Incompatibilidade do artigo 21 do Código de Processo Civil com o artigo 23 da Lei 8.906/94. Inexistência. Agravo regimental a que se nega provimento.”
Nesse sentido, encostado às normas, leis e entendimentos superiores do STF, NCPC e EAOB, os honorários advocatícios pertencem ao advogado e não à parte, sendo ultrapassada a ilegalidade apontada anteriormente pelo TCU.
Claro está portanto, que as principais semelhanças entre empresas públicas e as sociedades de economia mista estão elencadas abaixo quanto:
A personalidade Jurídica de Direito Privado, são criadas por lei, podem explorar atividade econômica ou prestar serviço publico, são espécies do gênero empresas estatais e, compõem à Administração Indireta.
Verifica-se, pois, entre as principais diferenças, temos que:
que, a Empresa Pública possui capital integralmente público, enquanto a Sociedade de Economia Mista possui o capital votante majoritariamente público, ainda, a Empresa Pública pode ser instituída sob qualquer forma societária existente, enquanto a Sociedade de Economia Mista apenas pode ser criada sob a forma de Sociedade Anônima e, as ações em que Empresa Pública Federal é parte tramitará perante a Justiça Federal, enquanto as ações em que é parte Sociedade de Economia Mista Federal tramitará perante a Justiça Comum.
Ora, face às considerações aduzidas, a responsabilidade civil das empresas públicas e das sociedades de economia mista poderão ser subjetivas ou objetivas e estão vinculadas as suas naturezas e as atividades, seja econômica onde se fará necessário provar o dolo ou culpa para se responsabilizar a empresa pública ou prestacional de serviços.. 
a responsabilidade será objetiva, i.é, se a empresa pública for prestadora de serviço público, ela responderá de forma objetiva, apesar de ser pessoas jurídicas de direito privado, dada orientação contida na Carta Magna, artigo 37 § 6.
Artigo 37 [...]
§ 6. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros”.
E, mais:
Tecendo comentários acerca da matéria, apesar do advento da legislação processual vigente, persistem as dúvidas acerca do destinatário dos honorários advocatícios de sucumbência fixados nos processos judiciais em que se sagrarem vencedoras entidades da Administração Pública.
Recorrentes, ainda hoje, os embates doutrinários e judiciais sobre se os honorários de sucumbência fixados em tais causas deverão ser pagos à Administração ou aos seus representantes judiciais.
Em outros termos, ao que tudo indica, o legislador visou criar uma exceção à regra geral, quando se fala na sucumbência em relação aos advogados públicos, posto que se condiciona o pagamento e o seu modo à regulamentação em lei.
Significa dizer que, no nosso entender, o pagamento ao advogado público não poderá se realizar automaticamente, sem análise prévia da legislação estabelecida pelo ente representado por aquele.5 Naturalmente, em razão dos princípios da legalidade e da moralidade que incidem sobre as atividades da Administração Pública.
Apesar da boa intenção do legislador, a alteração legislativa não cumpriu o papel de pacificaçãodo tema; muito pelo contrário. Na doutrina e nos tribunais, persiste a controvérsia a respeito da titularidade dos honorários de sucumbência nas causas envolvendo a Fazenda Pública e as pessoas jurídicas da Administração Pública, na medida em que a constitucionalidade e o significado normativo do §19 do art. 85 do CPC/15 são pontos de divergência.
No âmbito regional, a posição dominante do Tribunal de Justiça de São Paulo é de que as verbas de sucumbência pertencem, a priori, à Administração Pública (parte), tendo natureza de verba pública, cumprindo ao ente público disciplinar a forma de utilização dos valores recebidos. Nessa esteira, em alguns casos, entende-se que o pagamento, em nenhuma hipótese, poderá ser realizado diretamente ao advogado, ainda que exista legislação local específica.

Continue navegando