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2020.1 @cadernossistematizados contato@cadernossistematizado.com Caderno Sistematizado Fazenda Pública em Juízo . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 1 FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO APRESENTAÇÃO................................................................................................................................ 4 ADVOCACIA PÚBLICA ....................................................................................................................... 5 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................................... 5 2. REGRAMENTO PRÓPRIO CONFORME ENTE FEDERADO.................................................... 6 3. ATUAÇÃO ..................................................................................................................................... 6 4. PRERROGATIVAS PROCESSUAIS ........................................................................................... 7 CONSIDERAÇÕES INICIAIS................................................................................................ 7 INTIMAÇÃO PESSOAL ........................................................................................................ 8 ISENÇÃO DE CUSTAS ........................................................................................................ 8 PAGAMENTO DE DESPESAS PROCESSUAIS AO FINAL ............................................... 8 RECEBIMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS ....................................................... 9 PRAZO EM DOBRO ........................................................................................................... 10 APLICABILIDADE ............................................................................................................... 11 REMESSA NECESSÁRIA ................................................................................................................. 12 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 12 2. NATUREZA JURÍDICA ............................................................................................................... 12 3. CONCEITO ................................................................................................................................. 12 4. HIPÓTESES DE CABIMENTO .................................................................................................. 13 DECISÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA ...................................................................... 13 MANDADO DE SEGURANÇA ............................................................................................ 13 AÇÃO POPULAR ................................................................................................................ 14 DESAPROPRIAÇÃO........................................................................................................... 14 5. HIPÓTESES DE NÃO CABIMENTO ......................................................................................... 15 AÇÕES ORIGINÁRIAS ....................................................................................................... 15 EM RAZÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO..................................................................... 15 EM RAZÃO DOS FUNDAMENTOS DA SENTENÇA ........................................................ 15 JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS E JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA ... 16 DECISÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO ...................................................................... 16 6. PREPARO, RAZÕES E CONTRARRAZÕES ............................................................................ 16 7. AVOCAÇÃO................................................................................................................................ 16 8. RECURSO VOLUNTÁRIO DA PARTE ...................................................................................... 16 9. RECURSO ADESIVO ................................................................................................................. 17 10. JULGAMENTO MONOCRÁTICO ........................................................................................... 17 11. AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO .............................................................................................. 17 12. REFORMATIO IN PEJUS ....................................................................................................... 18 COMPETÊNCIA ................................................................................................................................. 19 1. DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA ........................................................................................... 19 2. INGRESSO DO ENTE FEDERAL EM DEMANDA EM CURSO NA JUSTIÇA ESTADUAL .... 19 3. COMPETÊNCIA TERRITORIAL ................................................................................................ 20 ENTES FEDERAIS ............................................................................................................. 20 ENTES ESTADUAIS ........................................................................................................... 21 NA EXECUÇÃO FISCAL .................................................................................................... 21 NO MANDADO DE SEGURANÇA ..................................................................................... 22 MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS (ADR’S) E FAZENDA PÚBLICA ......... 23 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 23 2. ARBITRAGEM ............................................................................................................................ 23 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES ......................................................................... 23 REQUISITOS ...................................................................................................................... 24 . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 2 3. NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL ....................................................................................... 24 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 24 REQUISITOS ...................................................................................................................... 25 3.2.1. Capacidade .................................................................................................................. 25 3.2.2. Objeto lícito .................................................................................................................. 25 3.2.3. Forma ........................................................................................................................... 25 3.2.4. Autonomia da vontade ................................................................................................. 25 3.2.5. Partes capazes ............................................................................................................ 25 3.2.6. Direitos que admitem autocomposição ....................................................................... 25 CASUÍSTICA ....................................................................................................................... 25 3.3.1. Reexame necessário ................................................................................................... 26 3.3.2. Prazos .......................................................................................................................... 26 3.3.3. Renúncia antecipada a recursos ................................................................................. 26 3.3.4. Renúncia à denunciação à lide.................................................................................... 26 3.3.5. Dispensade vista pessoal por carga ou por remessa ................................................ 26 3.3.6. Rateio de sucumbência ............................................................................................... 26 4. CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO ................................................................................................... 26 CONCEITO .......................................................................................................................... 26 (DES) NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO LEGAL ......................................................... 27 HIPÓTESES DE AUTORIZAÇÃO LEGAL.......................................................................... 27 CRITÉRIOS OBJETIVOS PARA CELEBRAÇÃO .............................................................. 28 LEI 13.140/2015 E A PREVISÃO DE MEIOS CONSENSUAIS PELA ADMINISTRAÇÃO 28 DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO ................................. 32 TUTELA PROVISÓRIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA ............................................................... 33 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 33 2. PREVISÃO LEGAL ..................................................................................................................... 33 3. CABIMENTO............................................................................................................................... 33 4. LIMITES E CONSTITUCIONALIDADE ...................................................................................... 33 5. TUTELA PROVISÓRIA EM ACP E MS COLETIVO .................................................................. 34 6. ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA .......................................................................... 34 SUCUMBÊNCIA ................................................................................................................................. 35 1. REGRA GERAL .......................................................................................................................... 35 2. CAUSAS DE VALOR IRRISÓRIO.............................................................................................. 35 3. ISENÇÃO DE SUCUMBÊNCIA .................................................................................................. 36 4. DESISTÊNCIA DE EXECUÇÃO FISCAL .................................................................................. 36 5. MANDADO DE SEGURANÇA ................................................................................................... 37 6. DESAPROPRIAÇÃO .................................................................................................................. 37 7. AÇÕES PREVIDENCIÁRIA E ACIDENTÁRIAS ........................................................................ 37 8. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL .................................................................. 38 9. RECONHECIMENTO JURÍDICO PELA FAZENDA PÚBLICA.................................................. 38 10. EXECUÇÃO FISCAL .............................................................................................................. 38 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA .............................................. 39 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 39 2. PROCEDIMENTO ...................................................................................................................... 39 3. IMPUGNAÇÃO ........................................................................................................................... 40 4. INEXIGIBILIDADE DO TÍTULO .................................................................................................. 40 PROCEDIMENTOS ESPECIAIS ....................................................................................................... 42 1. POSSESSÓRIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA ................................................................... 42 2. POSSESSÓRIA E PETITÓRIAS DE CONFLITO COLETIVO PELA POSSE DA TERRA ....... 42 3. AÇÃO MONITÓRIA .................................................................................................................... 43 . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 3 4. RECOLHIMENTO DE ITCMD NO INVENTÁRIO E ARROLAMENTO DE BENS .................... 43 5. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA ........................................... 44 6. EXECUÇÃO FISCAL .................................................................................................................. 44 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.............................................................................................. 44 IN (APLICABILIDADE) DA DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA .................... 44 RECURSOS CABÍVEIS ...................................................................................................... 46 EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL E GARANTIA DO JUÍZO........................................ 47 . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 4 APRESENTAÇÃO Olá! Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. O Caderno Sistematizado Fazenda Pública em Juízo possui como base as aulas da Prof. Fernando Gajardoni, do Curso G7 Jurídico. Com o intuito de deixar o material mais completo, utilizamos os Volumes 2, 3 e 5, da Coleção Curso de Direito Processual Civil – Fredie Didier Jr., Edição 2020, além do Código de Processo Civil – Daniel Neves, Edição 2020, todos da Editora Juspodivm. Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito (www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito). Destacamos: é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da semana para ler no site do Dizer o Direito. Ademais, no Caderno constam os principais artigos de lei, mas, ressaltamos, que é necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina + informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você faça uma boa prova. Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito importante!! As bancas costumam repetir certos temas. Vamos juntos!! Bons estudos!! Equipe Cadernos Sistematizados. http://www.dizerodireito.com.br/ . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 5 ADVOCACIA PÚBLICA 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS A expressão “Fazenda Pública”, conforme ensina Leonardo Carneiro da Cunha, é “utilizada para designar as pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas respectivas autarquias e fundações públicas) que figurem em ações judiciais, mesmo que a demanda não verse sobre matéria estritamente fiscal ou financeira ”. O Código de Processo Civil de 2015, no Título VI (arts. 182 a 184), trata da Advocacia Pública. Vejamos: Art. 182. Incumbe à Advocacia Pública, na forma da lei, defender e promover os interesses públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, por meio da representação judicial, em todos os âmbitos federativos, das pessoas jurídicas de direito público que integram a administração direta e indireta. Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal,os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal. § 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico. § 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente público. Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções Segundo Gajardoni, a disciplina da Advocacia Pública no CPC é muito mais um efeito simbólico, que retrata a importância junto aos demais órgãos do Estado (Juízes, Ministério Público), do que um efeito prático, tendo em vista que há leis que regulam sua atuação. Por fim, os arts. 131 e 132 da CF referem-se à Advocacia Pública. Vejamos: Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. § 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada. § 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este artigo far-se-á mediante concurso público de provas e títulos. § 3º - Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei. . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 6 Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias. 2. REGRAMENTO PRÓPRIO CONFORME ENTE FEDERADO A Advocacia Pública, diferentemente do que acontece com a Magistratura, não possui uma Lei Orgânica Nacional que regulamente todos os seus princípios e atribuições. Há leis setorizadas por carreiras, variáveis conforme a própria Procuradoria. Por exemplo, a Lei Complementar 73/1993 trata, exclusivamente, da Advocacia Pública da União, englobando a AGU e a PFN. Cada Estado possuirá uma lei complementar estadual que tratará de sua procuradoria, em São Paulo, por exemplo, a LCE 1.270/2015 regula o tema. O mesmo acontece com os Municípios que possuem procuradorias. Por isso, é importante que você estude a Lei da AGU ou Estado/Município que prestará concurso. 3. ATUAÇÃO Irá atuar na representação extrajudicial e judicial, na consultoria e na assessoria jurídica da administração direta ou indireta REPRESENTAÇÃO EXTRAJUDICIAL REPRESENTAÇÃO JUDICIAL A Advocacia Pública irá provocar ou responder, extrajudicialmente, eventos ou fatos relacionados à Administração Pública. A Advocacia Pública irá atuar nos processos em que a Administração Pública Direta ou Indireta for autora ou ré. Igualmente, atuará na consultoria e assessoria jurídica, analisando a legalidade e ilegalidade de determinadas posturas (contratos administrativos, procedimento licitatório), emitindo pareceres. O art. 75, I a IV regula a representação da Administração Pública no âmbito judicial. Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado; II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores; III - o Município, por seu prefeito ou procurador; IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar; . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 7 Daniel Neves salienta que quando a parte se faz presente em juízo por meio de seus órgãos, não existe tecnicamente representação, mas sim presentação. Portanto, apesar do caput do art. 75 do CPC mencionar representação, nos incisos I, II e III há uma presentação, no inciso IV há realmente representação. REPRESENTAÇÃO UNIÃO É representada pela AGU, diretamente ou mediante órgão vinculado (LC 73/1993 e Lei 9.028/1995) ESTADOS e DF Procuradores de Estados, organizados em carreira, ingressam mediante concurso público. MUNICÍPIOS Procuradores Municipais ou pelo Prefeito, quando não há Procuradoria Jurídica. Obs.: Conforme menciona Leonardo Carneiro da Cunha, “o advogado que for encarregado da defesa dos direitos do Município necessitará de procuração dada pelo Prefeito, como representante do Município. Mas onde existir o cargo de Procurador, com poderes expressos, a citação inicial será feita a esse, que não depende de mandato para atuar nas causas em que for parte o Município” AUTARQUIAS E FUNDAÇÃO DE DIREITO PÚBLICO A Lei de cada ente federado irá designar. Alguns possuem advocacia pública própria (procuradores autárquicos ou de procuradores de fundações), serão por ela representados. Quando não houver, a representação é feita pelo órgão a que esteja vinculado. Por fim, o advogado o público não precisa apresentar procuração para atuar nos processos judiciais, nos termos da Lei 9.469/1997 que trata da AGU (aplica-se para os demais). Lei 9.469/1997 Art. 9º A representação judicial das autarquias e fundações públicas por seus procuradores ou advogados, ocupantes de cargos efetivos dos respectivos quadros, independe da apresentação do instrumento de mandato. 4. PRERROGATIVAS PROCESSUAIS CONSIDERAÇÕES INICIAIS As prerrogativas da Fazenda Pública justificam-se, segundo Leonardo Carneiro da Cunha, “em razão da própria atividade de tutelar o interesse público, a Fazenda Pública ostenta condição diferenciada das demais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. (...) Ora, no momento em que a Fazenda Pública é condenada, sofre um revés, contesta uma ação ou recorre de uma decisão, o que se estará protegendo, em última análise, é o erário. É exatamente essa massa de recurso . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 8 que foi arrecadada e que evidentemente supera, aí sim, o interesse particular. (...) Isso já seria o suficiente para demonstrar que a Fazenda Pública se apresenta em situação bastante diferenciada dos particulares, merecendo, portanto, um tratamento diverso daquele que lhes é conferido.” A seguir analisaremos as prerrogativas gerais que todo Advogado Público possuiu. Salienta- se que as prerrogativas previstas no Estatuto da OAB também são aplicadas a eles, bem como é possível que a lei da carreira, por exemplo a Lei da AGU, confira prerrogativas específicas. INTIMAÇÃO PESSOAL A Fazenda Pública possui a prerrogativa de ser intimada pessoalmente, por carga ou por remessa (no caso de processos físicos) e por meio eletrônico (processo eletrônico – Lei 11.419/06) para que tenha ciência ou para que se manifeste nos autos, nos termos do art. 183, §1º, do CPC, em qualquer processo inclusive nos que tramitam nos Juizados Especiais. Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal. § 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico Além disso, a intimação será pessoal tanto quando a Fazenda Pública for parte comoquando for interessada ou atuar como amicus curiae. Em determinados locais, apesar da existência da Justiça Estadual e da Justiça Federal, os órgãos de representação (Procuradoria do Estado e AGU) não estão presentes. Diante disso, conforme decidiu o STJ (RESp. 1352882), é válida a intimação do representante da Fazenda Nacional por carta com aviso de recebimento, quando o respectivo órgão não possui sede na Comarca de tramitação do feito. ISENÇÃO DE CUSTAS A Fazenda Pública, nos termos do art. 1.007, §1º do CPC, é isenta do pagamento de custas processuais, bem como do pagamento de prepara e do porte de remessa e retorno, tendo em vista que seria ilógico um órgão do Estado pagar para o próprio Estado. Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. § 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. Importante consignar que não há isenção para reembolso de custas e despesas pelo vencedor da ação. Em outras palavras, quando o Estado perder uma ação deverá reembolsar os valores despendido pelo vencedor. PAGAMENTO DE DESPESAS PROCESSUAIS AO FINAL . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 9 Entendem-se por despesas os valores que se destinam a remunerar terceiras pessoas acionadas pelo aparelho judicial, no desenvolvimento da atividade do Estado-juiz. Por exemplo, honorários do perito, transporte do oficial de justiça. Em regra, o Estado, se for vencido pagará no final do processo as despesas, conforme prevê o art. 91 do CPC. Art. 91. As despesas dos atos processuais praticados a requerimento da Fazenda Pública, do Ministério Público ou da Defensoria Pública serão pagas ao final pelo vencido. Salienta-se que quando a Fazenda Pública requerer perícia, esta poderá ser realizada por entidade pública ou, então, deve ser custeada com recursos previstos no orçamento para tal finalidade. Não sendo realizada por entidade pública nem havendo previsão orçamentária, o pagamento deve ser feito no exercício seguinte, depois da inclusão da previsão no respectivo orçamento. Nesse sentido, os §§ 1º e 2º do art. 91 do CPC. Art. 91, § 1º As perícias requeridas pela Fazenda Pública, pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública poderão ser realizadas por entidade pública ou, havendo previsão orçamentária, ter os valores adiantados por aquele que requerer a prova. § 2º Não havendo previsão orçamentária no exercício financeiro para adiantamento dos honorários periciais, eles serão pagos no exercício seguinte ou ao final, pelo vencido, caso o processo se encerre antes do adiantamento a ser feito pelo ente público. RECEBIMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS A sentença condenará o vencido a pagar os honorários advocatícios do vencedor, conforme prevê o art. 85 do CPC. Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial (§14). Esse direito também é expressamente previsto para os advogados públicos pelo §19, do art. 85 do CPC, in verbis: Art. 85, § 19. Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos da lei. Cada Ente Federado irá regular a forma de repasse e o percentual de honorários que o Advogado Público irá receber. A Procuradoria Geral da República ajuizou uma Ação Declaratória de Inconstitucionalidade (ADI 6053) sustentando a inconstitucionalidade do §19 do art. 85 do CPC, tendo em vista que o . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 10 valor dos honorários sucumbências devem ser destinado ao Estado, uma vez que o Advogado Público aceita trabalhar pelos seus vencimentos. O STF, por maioria, declarou o §19 constitucional. O Tribunal, por maioria, declarou a constitucionalidade da percepção de honorários de sucumbência pelos advogados públicos e julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ação direta para, conferindo interpretação conforme à Constituição ao art. 23 da Lei 8.906/1994, ao art. 85, § 19, da Lei 13.105/2015, e aos arts. 27 e 29 a 36 da Lei 13.327/2016, estabelecer que a somatória dos subsídios e honorários de sucumbência percebidos mensalmente pelos advogados públicos não poderá exceder ao teto dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, conforme o que dispõe o art. 37, XI, da Constituição Federal, nos termos do voto do Ministro Alexandre de Moraes, Redator para acórdão, vencido o Ministro Marco Aurélio (Relator). O Ministro Roberto Barroso acompanhou o voto do Ministro Alexandre de Moraes com ressalvas. Falaram: pelos interessados Presidente da República e Congresso Nacional, o Ministro José Levi Mello do Amaral Júnior, Advogado-Geral da União; pelo amicus curiae Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – CFOAB, o Dr. Marcello Terto e Silva; pelo amcicus curiae Associação Nacional dos Procuradores e Advogados Públicos Federais – ANPPREV, o Dr. Hugo Mendes Plutarco; pela interessada Associação Nacional dos Procuradores Municipais – ANPM, o Dr. Cláudio Pereira de Souza Neto; pela interessada Associação Nacional dos Procuradores De Estado – ANAPE, o Dr. Raimundo Cezar Britto Aragão; pelo interessado Fórum Nacional de Advocacia Pública Federal, o Dr. José Eduardo Martins Cardozo; pela interessada Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais – ANAFE, o Dr. Marcus Vinicius Furtado Coelho; pelo interessado Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional –SINPROFAZ, o Dr. Gustavo Binenbojm; e, pelo interessado Conselho Curador dos Honorários Advocatícios – CCHA, o Dr. Bruno Corrêa Burini. Plenário, Sessão Virtual de 12.6.2020 a 19.6.2020. PRAZO EM DOBRO A Fazenda Pública, inclusive para recorrer possui prazo em dobro, nos termos do art. 183 do CPC. Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal. Destaca-se que não se aplica em dobro os prazos próprios, ou seja, aqueles em que a própria lei prevê um prazo diferenciado para a Fazenda Pública, são eles: • Prazo para contestar a ação popular; • Prazo nos Juizados Federais e nos Juizados da Fazenda Pública; • Prazo para depósito do rol de testemunhas; • Prazo para impugnação ao cumprimento da sentença e para embargos à execução pela Fazenda Pública; . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 11 • Prazos em ADI e ADC; • Prazo na suspensão de segurança; • Prazo para propor a ação rescisória; • Prazo para impetrar mandado de segurança Importante consignar que a prerrogativa da dobra legal do art. 183 do CPC não é cumulável com o prazo em dobro previsto no art. 229 do CPC. Segundo Leonardo da Cunha, “porque haveria uma extensão desarrazoada de prazo para a Fazenda Pública, cujo interesse já se encontra resguardado com a aplicação isolada do art. 183 do CPC, outorgando-lhe prazo em dobro para todas as suas manifestações no processo. Caso fosse possível cumular as duas regras, a Fazenda Pública teria prazo em quádruplo para suas manifestações, desbordando da finalidade a que se visa alcançar com a regra contida no aludido art. 183 do CPC. Assim, numa demanda proposta, por exemplo, em face da Fazenda Pública e, igualmente, em face de um particular, enquanto esse último dispõe de prazo de 30 dias para a prática de seus atos processuais (CPC, art. 229), a Fazenda Públicadesfruta da prerrogativa de igualmente praticar os atos nos prazos computados em dobro (CPC, art. 183)”. APLICABILIDADE As prerrogativas analisadas acima serão aplicadas à administração indireta quando forem regidas por direito público. Portanto, as entidades paraestatais que possuem personalidade de pessoa jurídica de direito privado não fazem jus aos privilégios concedidos à Fazenda Pública. . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 12 REMESSA NECESSÁRIA 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Inicialmente, pertinente considerar que houve mudança terminológica feita pelo Código de Processo Civil de 2015, o reexame necessário ou o duplo grau de jurisdição obrigatório passa a ser chamado de REMESSA NECESSÁRIA. 2. NATUREZA JURÍDICA Contra os pronunciamentos do Estado-juiz há três mecanismos que podem ser utilizados para “atacar” as decisões judiciais, são eles: 1º RECURSOS Estão previstos no art. 994 do CPC, são interpostos antes do trânsito em julgado e dentro da mesma relação jurídica processual. Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação; II - agravo de instrumento; III - agravo interno; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; VI - recurso especial; VII - recurso extraordinário; VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; IX - embargos de divergência. 2º AÇÕES IMPUGNATIVAS São instrumentos que exigem uma nova relação jurídica processual, ou seja, para atacar o pronunciamento do Estado-juiz é necessário o ajuizamento de outra ação, a exemplo da ação rescisória, do mandado de segurança contra ato judicial, dos embargos de terceiro (segundo Gajardoni), da reclamação. 3º SUCEDÂNEOS RECURSAIS São os instrumentos que acabam “fazendo as vezes” de recurso, mas não estão previstos no rol do art. 994 do CPC e, em alguns casos, não possuem previsão legal (pedido de reconsideração). É o caso da remessa necessária. 3. CONCEITO . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 13 O reexame necessário é uma condição de eficácia da sentença, ou seja, a sentença não produzirá efeitos e nem transitará em julgado quando a lei determinar que precisa ser revista por outra instância. Súmula 423 STF - Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio, que se considera interposto ex lege. 4. HIPÓTESES DE CABIMENTO DECISÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA Sempre que a pessoa jurídica de direito público (administração direta e indireta) for sucumbente, nos termos do art. 496 do CPC. Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. Salienta-se que estão excluídas da previsão da remessa necessária as empresas públicas e as sociedades de economia mista, tendo em vista que são pessoas jurídicas de direito privado. Além disso, a regra é remessa necessária apenas de sentença. Portanto, não será cabível a remessa necessária da decisão concessiva de tutela antecipada, bem como de acórdão ou julgado originário. Destaca Leonardo da Cunha que “é possível que o juiz decida o mérito contra a Fazenda Pública por meio de uma decisão interlocutória. Com efeito, o juiz pode decidir parcialmente o mérito, numa das hipóteses previstas no art. 356. Tal pronunciamento, por não extinguir o processo, é uma decisão interlocutória, que pode já acarretar uma execução imediata, independentemente de caução (CPC, art. 356, § 2º). Conquanto seja uma decisão interlocutória, há resolução parcial do mérito, apta a formar coisa julgada material. Mesmo não sendo sentença, estará sujeita à remessa necessária. Isso porque a ela se relaciona com as decisões de mérito proferidas contra a Fazenda Pública; a coisa julgada material somente pode ser produzida se houver remessa necessária. Se houve decisão de mérito contra o Poder Público, é preciso que haja seu reexame pelo tribunal respectivo; é preciso, enfim, que haja remessa necessária. Significa, então, que há remessa necessária de sentença, bem como da decisão interlocutória que resolve parcialmente o mérito” MANDADO DE SEGURANÇA No mandado de segurança procedente contra pessoa jurídica de direito público a sentença estará sujeita ao reexame necessário. Lei 12.016/20119, Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 14 § 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. Segundo Leonardo da Cunha, “no mandado de segurança, haverá remessa necessária não porque a sentença foi proferida contra a União, o Estado, o Município, o Distrito Federal ou qualquer outro ente público, mas porque se trata de sentença concessiva da segurança. Concedida a segurança, ainda que se trate de sentença contra empresa pública ou sociedade de economia mista, haverá a remessa necessária. Numa demanda de procedimento comum, não há remessa necessária de sentença proferida contra um ente privado, mas, no mandado de segurança, proferida sentença de procedência, independentemente da condição da parte demandada, haverá remessa necessária”. Por fim, o STJ entende que as hipóteses de dispensa da remessa necessária não se aplicam ao mandado de segurança, eis que há de prevalecer a norma especial em detrimento da geral. AÇÃO POPULAR Na ação popular a sentença que extingue o processo sem resolução do mérito ou da que julga improcedente o pedido estará sujeito ao reexame necessário. Trata-se de uma remessa necessária invertida, tendo em vista que é a favor da coletividade. Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo. Salienta-se que o art. 19 da Lei de Ação Popular, pelo microssistema, aplica-se aos casos de ação civil pública e de ação de improbidade administrativa. A 1ª Turma do STJ começou a manifestar entendimentos diferente, em que pese o julgamento da 1ª Seção sobre o tema. Dessa forma, justificando com base na presunção de inocência, cuja improcedência geraria uma situação favorável ao réu, bem como das prerrogativas do órgão acusador, que pode se conformar ou não com a sentença (quando o MP propõe a ação), decidiu-se afetar o tema sob o julgamento dos recursos repetitivos, conforme acórdão publicado no dia 02/04/2020 para: "Definir se há - ou não - aplicação da figura do reexame necessário nas ações típicas de improbidade administrativa, ajuizadas com esteio na alegada prática de condutas previstas na Lei 8.429/1992, cuja pretensão é julgada improcedente em primeiro grau; Discutir se há remessa de ofício nas referidas ações típicas, ou se deve ser reservado ao autor da ação, na postura de órgão acusador - frequentemente o Ministério Público - exercer a prerrogativa de recorrer ou não do desfecho de improcedência da pretensão sancionadora".(ProAfR no RECURSO ESPECIAL No 1.605.586 - DF (2016/0148114-2), 1ª Seção, Rel. Min. Napoleão Nunes, DJE 02/04/2020) DESAPROPRIAÇÃO . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 15 O art. 28, §1º do DL 3365/41 prevê que, no caso de desapropriação, quando a sentença condenar a Fazenda Pública a pagar o dobro do valor oferecido haverá remessa necessária. Art. 28. Da sentença que fixar o preço da indenização caberá apelação com efeito simplesmente devolutivo, quando interposta pelo expropriado, e com ambos os efeitos, quando o for pelo expropriante. § 1 º A sentença que condenar a Fazenda Pública em quantia superior aodobro da oferecida fica sujeita ao duplo grau de jurisdição. 5. HIPÓTESES DE NÃO CABIMENTO AÇÕES ORIGINÁRIAS As ações originárias são aquelas que inicial nos Tribunais, não sendo cabível reexame necessário. Portanto, perceba que a remessa necessária é um instituto de primeira instância. Por exemplo, se a Fazenda Pública for sucumbente em uma ação originária do TJ, não haverá remessa necessária para o STJ. EM RAZÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO O §3º do art. 496 do CPC fixa um teto de condenação da Fazenda Pública em que será dispensado o reexame necessário, os valores devem ser INFERIORES e não até. Observe: Art. 496, § 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a: I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público. Importante consignar que mesmo que o valor atribuído à causa, quando proposta, seja superior aos respectivos limites, considera-se o valor da condenação no momento do julgamento. Além disso, não será possível quando a sentença for ilíquida. Súmula 490 STJ - A dispensa de reexame necessário, quando o valor da condenação ou do direito controvertido for inferior a sessenta (teto fixado no §3º) salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas. EM RAZÃO DOS FUNDAMENTOS DA SENTENÇA O art. 496, §4º do CPC prevê hipóteses em que a remessa necessária será dispensada quando a sentença possuir como fundamento: . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 16 • Súmula de tribunal superior • Acórdão preferido pelo STF ou pelo STJ em julgamentos de recursos repetitivos; • Entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou assunção de competência; • Entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS E JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA Não cabe remessa necessária no JEF e no JEFP. Lei 10.259/2001 - Art. 13. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá reexame necessário. Lei 12.153/2019 - Art. 11. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá reexame necessário DECISÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO Nos casos em que a Fazenda Pública for autora da demanda, quando o processo é extinto sem a resolução de mérito, não caberá remessa necessária, pois não houve pronunciamento em relação ao pedido. 6. PREPARO, RAZÕES E CONTRARRAZÕES Como já mencionado, o reexame necessário não é um recurso, por isso não há preparo, muito menos apresentação de razões e de contrarrazões. 7. AVOCAÇÃO O Presidente do Tribunal poderá avocar os autos de primeira instância nos casos em que o juiz deixar de fazer a remessa necessária, conforme prevê o art. 496, §1º: Art. 496, § 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á. 8. RECURSO VOLUNTÁRIO DA PARTE Segundo Fredie Didier e Leonardo da Cunha, em entendimento minoritário, não haverá reexame necessário quando a Fazenda Pública interpuser apelação. Afirmam que “o § 1º do art. . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 17 496 dispõe que só haverá remessa necessária se não houver apelação. Havendo apelação, não haverá remessa necessária. Haveria aí aplicação da regra da singularidade: não é possível a remessa necessária e a apelação ao mesmo tempo. Se não há apelação, há remessa necessária. Essa não é a explicação nem a causa para afirmar que a remessa necessária ostenta natureza recursal. Esse não é um detalhe que componha o conceito de recurso. Na verdade, essa é uma consequência da natureza recursal da remessa necessária, que se pode confirmar pelas normas do direito positivo brasileiro”. 9. RECURSO ADESIVO Não se admite recurso adesivo de reexame necessário, tendo em vista que não é recurso e não está previsto nas hipóteses do art. 997, §§1º e 2º do CPC. Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. § 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. § 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial; III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível. 10. JULGAMENTO MONOCRÁTICO O relator poderá monocraticamente julgar o reexame necessário, conforme entendimento da Súmula 253 do STJ. Súmula 253 STJ - O art. 557 (atual 932) do CPC, que autoriza o relator a decidir o recurso, alcança o reexame necessário. 11. AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO Em razão do art. 942, §4º, II do CPC, não se admite ampliação do colegiado no caso de remessa necessária. Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 18 inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores. § 4º Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento: II - da remessa necessária; 12. REFORMATIO IN PEJUS Conforme o enunciado da Súmula 45 do STJ, no reexame necessário não pode o tribunal agravar a condenação imposta à Fazenda Pública. Trata-se da proibição da reformatio in pejus Súmula 45 STJ - No reexame necessário, e defeso, ao tribunal, agravar a condenação imposta a Fazenda Pública . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 19 COMPETÊNCIA 1. DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA Antes das alterações promovidas pela EC 103/2019, o juiz estadual iria julgar causas de competência da Justiça Federal quando: • No foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado. Aplica-se sempre, norma de eficácia plena. • A comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. Norma de aplicada contida, era necessária a previsão em lei, a exemplo do art. 381, §4º do CPC Art. 381, § 4º O juízo estadual tem competência para produção antecipada de prova requerida em face da União, de entidade autárquica ou de empresa pública federal se, na localidade, não houver vara federal. Em 2019, a EC 103 alterou a redação do art. 109, §3º da CF, não existe mais hipótese de delegação autoaplicável, todas as hipóteses devem estar previstas em lei. Art. 109, § 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência da Justiça Federal em que forem parte instituição de previdência social e segurado possam ser processadas e julgadas na justiça estadual quando a comarca do domicílio do segurado não for sede de vara federal.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de2019) Atualmente, a Lei 5010/66 em seu art. 15, III, com redação dada pela Lei 13.876/2019, prevê que haverá delegação nas hipóteses de matéria previdenciária para a Justiça Estadual quando não houver sede da Justiça Federal em um raio de 70km de distância da Comarca Estadual. Art. 15. Quando a Comarca não for sede de Vara Federal, poderão ser processadas e julgadas na Justiça Estadual: (Redação dada pela Lei nº 13.876, de 2019) III - as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado e que se referirem a benefícios de natureza pecuniária, quando a Comarca de domicílio do segurado estiver localizada a mais de 70 km (setenta quilômetros) de Município sede de Vara Federal; (Redação dada pela Lei nº 13.876, de 2019) Em relação ao art. 381, §4º do CPC, a doutrina afirma que houve uma inconstitucionalidade superveniente, uma vez que a produção antecipada de provas não é matéria previdenciária (única que pode ser delegada). 2. INGRESSO DO ENTE FEDERAL EM DEMANDA EM CURSO NA JUSTIÇA ESTADUAL http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc103.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc103.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13876.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13876.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13876.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13876.htm#art3 . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 20 Nas ações em curso perante a Justiça Estadual, quando um ente federal intervém, o processo deve ser remetido à Justiça Federal. Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações: I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho; II - sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho. § 1º Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja de competência do juízo perante o qual foi proposta a ação. § 2º Na hipótese do § 1º, o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em razão da incompetência para apreciar qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que exista interesse da União, de suas entidades autárquicas ou de suas empresas públicas. § 3º O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo. Salienta-se que a análise acerca do interesse do ente federado é feita pelo Juiz Federal, que poderá reconhecer o interesse (mantém os autos na JF) ou não reconhecer (autos retornam para a JE). Não poderá o juiz estadual, por exemplo, suscitar conflito de competência. Súmula 150 do STJ - Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas. Súmula 224 STJ - Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito. 3. COMPETÊNCIA TERRITORIAL ENTES FEDERAIS O art. 109, §§ 1º e 2º da CF disciplina a competência para os casos em que as pessoas jurídicas de direito público da União forem partes, não se aplicando para as pessoas jurídicas de direito privado. CF Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: § 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. CPC Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União. . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 21 Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal. NA CONDIÇÃO DE AUTORA: A ação será ajuizada no foro do domicílio do réu. NA CONDIÇÃO DE RÉ: É hipótese de foro concorrente, podendo ser demandada: o No domicílio do autor; o No local do fato ou do ato que justifica a ação; o No local do imóvel; Tratando-se de imóvel, parte da doutrina sustenta que se deve combinar com o regra do art. 47 do CPC, devendo ser ajuizada no foro da coisa (não haveria foro concorrente). o No DF o Na capital do Estado (seção judiciária). ENTES ESTADUAIS Previsto no art. 52 do CPC. Vejamos: Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado ou o Distrito Federal. Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado. Perceba que se o Estado ou DF forem autores a competência será do domicílio do réu. Por outro lado, quando forem réus, haverá competência concorrente entre: • Foro do domicílio do autor; • Foro de ocorrência do fato ou ato que originou a demanda; • Foro de situação da coisa; • Capital do respectivo ente federado. NA EXECUÇÃO FISCAL Tratando-se de execução fiscal a ação deve ser ajuizada no foro do domicílio do réu, no de sua residência ou no lugar em que ele for encontrado. Salienta-se que não se trata de foro concorrente, mas sim de foro sucessivo, ou seja, deve seguir, necessariamente, a ordem do §5º do art. 46 do CPC. . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 22 Art. 46, § 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado. Salienta-se que eventual mudança de domicílio do executado, após a propositura da execução fiscal, não altera a competência já fixada. Súmula 58 STJ - Proposta a execução fiscal, a posterior mudança de domicílio do executado não desloca a competência já fixada NO MANDADO DE SEGURANÇA Tratando-se de autoridade coatora estadual, a competência territorial será definida pelo domicílio funcional (sede funcional), não importando o local em que o ato foi praticado. Tratando-se de autoridade coatora federal, conforme entendimento do STF e do STJ, aplica- se o mesmo entendimento dos foros concorrentes. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. MANDADO DE SEGURANÇA. ARTIGO 109, § 2º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. POSSIBILIDADE DE AJUIZAMENTO NO DOMICÍLIO DO AUTOR. FACULDADE CONFERIDA AO IMPETRANTE. PRECEDENTES. 1. O STJ, seguindo a jurisprudência pacificada do Supremo Tribunal Federal, entende que as causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na Seção Judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda, ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. 2. Optando o autor por impetrar o mandamus no seu domicílio, e não naqueles outros previstos no § 2° do art. 109 da Constituição Federal, não compete ao magistrado limitar a aplicação do próprio texto constitucional, por ser legítima a escolha da parte autora, ainda que a sede funcional da autoridade coatora seja no Distrito Federal, impondo-se reconhecer a competência do juízo suscitado. 3. Nesse sentido: AgInt no CC 158.943/SP, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Seção, DJe 17/12/2018; AgInt no CC 154.470/DF, Rel. Ministro Og Fernandes, Primeira Seção, DJe 18/04/2018; AgInt no CC 153.724/DF, Rel. Ministra Regina Helena Costa,Primeira Seção, DJe 16/2/2018; AgInt no CC 148.082/DF, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Seção, DJe 19/12/2017. . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 23 MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS (ADR’S) E FAZENDA PÚBLICA 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ADR’s (alternative dispute resolutions) são meios alternativos para a resolução de conflitos, a exemplo da arbitragem, mediação, conciliação e até negócios jurídicos processuais. Segundo Leonardo da Cunha, “estudos mais recentes demonstram que tais meios não seriam “alternativos”, mas sim adequados, formando um modelo de sistema de justiça multiportas. Para cada tipo de controvérsia, seria adequada uma forma de solução, de modo que há casos em que a melhor solução há de ser obtida pela mediação, enquanto outros, pela conciliação, outros, pela arbitragem e, os que se resolveriam pela decisão do juiz estatal. Há, ainda, outros meios, a exemplo da negociação direta e do dispute board” 2. ARBITRAGEM PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES A Lei 8.987/1995, em seu art. 23-A, foi a primeira norma a prever o uso da arbitragem nos casos de concessão e permissão de serviço público. Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o emprego de mecanismos privados para resolução de disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996 Igualmente, havia a previsão de arbitragem para os contratos de parceria público privada, nos termos do art. 11, III da Lei 11.079/2004. Art. 11, III - o emprego dos mecanismos privados de resolução de disputas, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, para dirimir conflitos decorrentes ou relacionados ao contrato. Em 2015, a Lei 13.129, alterou o art. 1º da Lei 9.307/96 a fim de permitir a arbitragem também nos processos que envolvam as pessoas jurídicas de direito público da administração direita e indireta. Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. § 1o A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis. § 2o A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração de convenção de arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou transações. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 24 REQUISITOS a) Direitos patrimoniais disponíveis Tratando-se de atividades sancionatórias administrativas e penais não há possibilidade de arbitragem, a exemplo de questões que envolvam matéria tributária ou processo administrativo disciplinar. b) Competência da autoridade administrativa para a celebração da convenção As partes podem celebrar cláusula arbitral (antes do conflito) ou um compromisso arbitral (após o conflito), a competência será da autoridade administrativa competente para celebrar acordo. c) Arbitragem por direito Não pode ser julgada por equidade, nos casos que envolvam a Fazenda Pública. A regra de direito poderá ser tanto de direito interno quanto externo, deve-se analisar o caso concreto. d) Publicidade A arbitragem que envolve a Fazenda Pública deve ser pública, não se admite, aqui, a arbitragem sigilosa, em razão do princípio constitucional da publicidade. e) Língua portuguesa Trata-se de requisito específico, previsto nas Leis 8.987/1995 e 11.079/2004. Não está previsto na Lei 9.307/96, embora a doutrina entenda que o ideal é que esteja em língua portuguesa. 3. NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL PREVISÃO LEGAL O art. 190 do CPC, cláusula geral, disciplina o negócio processual atípico, ou seja, não estão previstos expressamente na lei. Deriva da vontade das partes. Vejamos: Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 25 REQUISITOS 3.2.1. Capacidade A Fazenda Pública só pode negociar sobre os seus direitos processuais. A negociação, portanto, não pode atingir terceiros fora do processo. Por exemplo, pode convencionar que não haverá denunciação à lide, mas não pode fazer o mesmo em relação à assistência. 3.2.2. Objeto lícito O negócio jurídico processual não pode versar ofender garantias constitucionais do processo. Por exemplo, negociar que não haverá contraditório no processo, viola a CF, seria um objeto ilícito. 3.2.3. Forma Em relação à forma do negócio jurídico processual, há na doutrina que entende que pode ser celebrado oralmente (minoria), outros apenas por escrito buscando maior segurança jurídica. Não se exige escritura pública, pode ser celebrado antes ou após o início do processo. 3.2.4. Autonomia da vontade Todo negócio material e processual pressupõe a livre manifestação de vontade das partes. 3.2.5. Partes capazes Segundo Gajardoni, trata-se de requisito específico, não se confunde com a o primeiro requisito (capacidade) que trata sobre a titularidade do direito. Obs.: Didier e Daniel Neves não fazem tal distinção. Para celebrar negócios processuais atípicos a Fazenda Pública deve ser representada (presentada) por aquele que tenha competência para celebrar acordos, será fixado pela legislação de cada ente. 3.2.6. Direitos que admitem autocomposição É mais uma condição específica, segundo Gajardoni. A Fazenda Pública só poderá celebrar negócio jurídico processual em relação a direitos que admitem transação. CASUÍSTICA A seguir iremos analisar cinco hipóteses em que é possível ou não a celebração de negócio jurídico processual. . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 26 3.3.1. Reexame necessário A Fazenda Público pode perfeitamente um negócio jurídico processual para dispensar o reexame necessário, desde que se enquadre na hipótese do art. 496, §4º, IV da CF. Art. 496, § 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em: IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. 3.3.2. Prazos Nada impede a celebração de negócio jurídico processual para a alteração de prazo, ampliando ou diminuindo, havendo concordância da outra parte. 3.3.3. Renúncia antecipada a recursos Em relação à renúncia antecipada a recursos, não há consenso na doutrina. 1ªC – Sim, adota-se o mesmo raciocínio da arbitragem. 2ªC – Não. É ilógico renunciar a algo que ainda não possui vício. Por exemplo, as partes convencionam que não vão apelar da sentença. Conduto o juiz profere uma decisão extra petita, pelo acordo, a parte vencida não poderia recorrer. Não há lógica. 3.3.4. Renúncia à denunciação à lide Como já mencionado, pode-se celebrar negócio jurídico processual em que haja a renúncia à denunciação à lide. 3.3.5. Dispensa de vista pessoal por carga ou por remessa Por ser uma prerrogativa da Fazenda Pública não há óbice para que seja dispensada. 3.3.6. Rateio de sucumbência Desde que os advogados concordem, é possível celebrar negócio jurídico processual paraque seja feito rateio dos honorários de sucumbência. 4. CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO CONCEITO A conciliação e a mediação são técnicas para que se alcance a autocomposição no processo, que será feita através de uma transação, de uma renúncia ou de um reconhecimento. . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 27 (DES) NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO LEGAL Tratando-se de renúncia de direitos, alienação de bens e aumento de despesas, em razão da indisponibilidade do interesse público, é necessária autorização legal (análise de cada lei específica). HIPÓTESES DE AUTORIZAÇÃO LEGAL No âmbito federal, inúmeras leis autorizam a Fazenda Pública a transacionar, consequentemente, poderá haver mediação e conciliação. a) TAC Art. 5º, § 6° da Lei 7.347/85 Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial b) JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS E DA FAZENDA PÚBLICA Lei 12.153/09, Art. 8º Os representantes judiciais dos réus presentes à audiência poderão conciliar, transigir ou desistir nos processos da competência dos Juizados Especiais, nos termos e nas hipóteses previstas na lei do respectivo ente da Federação. Lei 10.259/01 Art. 10. Parágrafo único. Os representantes judiciais da União, autarquias, fundações e empresas públicas federais, bem como os indicados na forma do caput, ficam autorizados a conciliar, transigir ou desistir, nos processos da competência dos Juizados Especiais Federais Parcela da doutrina sustenta que a autorização, prevista no JEF e no JEFP, dispensa a necessidade de autorização em lei própria para celebração no âmbito das Procuradorias dos Estados e dos Municípios. Enunciado 62 - Os representantes judiciais da União, autarquias, fundações e empresas públicas federais têm autorização legal, decorrente da Lei n. 10.259, de 12 de julho de 2001 para, diretamente, conciliar, transigir ou desistir de recursos em quaisquer processos, judiciais ou extrajudiciais, cujo valor da causa esteja dentro da alçada equivalente à dos juizados especiais federais. c) TERMO DE COLABORAÇÃO DA CVM Lei 6.385/76, Art. 11 § 5º “A Comissão de Valores Mobiliários, após análise de conveniência e oportunidade, com vistas a atender ao interesse público, poderá deixar de instaurar ou suspender, em qualquer fase que preceda a tomada da decisão de primeira instância, o procedimento administrativo destinado à apuração de infração prevista nas normas legais e regulamentares cujo cumprimento lhe caiba fiscalizar, se o investigado assinar termo de compromisso no qual se obrigue a: (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017) . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 28 I - cessar a prática de atividades ou atos considerados ilícitos pela Comissão de Valores Mobiliários; e II - corrigir as irregularidades apontadas, inclusive indenizando os prejuízos. d) TC DE CESSAÇÃO DE PRÁTICA E ACORDO DE LENIÊNCIA DO SBDC Lei 12.529/11, Art. 85. Nos procedimentos administrativos mencionados nos incisos I, II e III do art. 48 desta Lei, o Cade poderá tomar do representado compromisso de cessação da prática sob investigação ou dos seus efeitos lesivos, sempre que, em juízo de conveniência e oportunidade, devidamente fundamentado, entender que atende aos interesses protegidos por lei. Art. 86. O Cade, por intermédio da Superintendência-Geral, poderá celebrar acordo de leniência, com a extinção da ação punitiva da administração pública ou a redução de 1 (um) a 2/3 (dois terços) da penalidade aplicável, nos termos deste artigo, com pessoas físicas e jurídicas que forem autoras de infração à ordem econômica, desde que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo e que dessa colaboração resulte: e) ACORDO DE LENIÊNCIA DA LEI ANTICORRUPÇÃO Lei 12.846/13, Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública poderá celebrar acordo de leniência com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo, sendo que dessa colaboração resulte: f) ACORDOS E CONCILIAÇÃO EM SETORES REGULADOS Anatel, Lei 9.472/97, art. 93, XV – o foro e o modo para solução extrajudicial das divergências contratuais. ANP, Lei 9.478/97, art. 43, X – as regras sobre solução de controvérsias, relacionadas com o contrato e sua execução, inclusive a conciliação e a arbitragem internacional; CRITÉRIOS OBJETIVOS PARA CELEBRAÇÃO A Fazenda Pública, desde que haja previsão legal, pode autorizar seus procuradores a celebrarem acordo. Ressalta-se que é necessário que a lei fixe critérios objetivos, sob pena de violar o princípio da isonomia. Importante consignar que o Pacote Anticrime alterou o art. 17, §1º da Lei de Improbidade Administrativa, autorizando o acordo de não persecução cível. LIA Art. 17, § 1º As ações de que trata este artigo admitem a celebração de acordo de não persecução cível, nos termos desta Lei. LEI 13.140/2015 E A PREVISÃO DE MEIOS CONSENSUAIS PELA ADMINISTRAÇÃO . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 29 Os artigos 32 a 40 da Lei de Mediação estabelecem que os entes federados poderão criar Câmaras de Mediação gerenciadas pela advocacia pública. Art. 32. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos, no âmbito dos respectivos órgãos da Advocacia Pública, onde houver, com competência para: I - dirimir conflitos entre órgãos e entidades da administração pública; II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de composição, no caso de controvérsia entre particular e pessoa jurídica de direito público; III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta. § 1º O modo de composição e funcionamento das câmaras de que trata o caput será estabelecido em regulamento de cada ente federado. § 2º A submissão do conflito às câmaras de que trata o caput é facultativa e será cabível apenas nos casos previstos no regulamento do respectivo ente federado. § 3º Se houver consenso entre as partes, o acordo será reduzido a termo e constituirá título executivo extrajudicial. § 4º Não se incluem na competência dos órgãos mencionados no caput deste artigo as controvérsias que somente possam ser resolvidas por atos ou concessão de direitos sujeitos a autorização do Poder Legislativo. § 5º Compreendem-se na competência das câmaras de que trata o caput a prevenção e a resolução de conflitos que envolvam equilíbrio econômico- financeiro de contratos celebrados pela administração com particulares. Art. 33. Enquanto não forem criadas as câmaras de mediação, os conflitos poderão ser dirimidos nos termos do procedimento de mediação previsto na Subseção I da Seção III do Capítulo I desta Lei. Parágrafo único. A Advocacia Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, onde houver, poderá instaurar, de ofício ou mediante provocação, procedimento de mediação coletiva de conflitos relacionados à prestação de serviços públicos. Art. 34. A instauração de procedimento administrativo para a resolução consensual de conflito no âmbito da administração pública suspende a prescrição. § 1º Considera-se instaurado o procedimento quando o órgão ou entidade pública emitir juízo de admissibilidade, retroagindo a suspensão da prescrição à data de formalização do pedido de resolução consensual do conflito. § 2º Em se tratando de matéria tributária, a suspensão da prescrição deverá observar o disposto na Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. Art. 35. As controvérsias jurídicas que envolvam a administração pública federal direta, suas autarquias e fundaçõespoderão ser objeto de transação por adesão, com fundamento em: I - autorização do Advogado-Geral da União, com base na jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal ou de tribunais superiores; ou II - parecer do Advogado-Geral da União, aprovado pelo Presidente da República. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5172.htm . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 30 § 1º Os requisitos e as condições da transação por adesão serão definidos em resolução administrativa própria. § 2º Ao fazer o pedido de adesão, o interessado deverá juntar prova de atendimento aos requisitos e às condições estabelecidos na resolução administrativa. § 3º A resolução administrativa terá efeitos gerais e será aplicada aos casos idênticos, tempestivamente habilitados mediante pedido de adesão, ainda que solucione apenas parte da controvérsia. § 4º A adesão implicará renúncia do interessado ao direito sobre o qual se fundamenta a ação ou o recurso, eventualmente pendentes, de natureza administrativa ou judicial, no que tange aos pontos compreendidos pelo objeto da resolução administrativa. § 5º Se o interessado for parte em processo judicial inaugurado por ação coletiva, a renúncia ao direito sobre o qual se fundamenta a ação deverá ser expressa, mediante petição dirigida ao juiz da causa. § 6º A formalização de resolução administrativa destinada à transação por adesão não implica a renúncia tácita à prescrição nem sua interrupção ou suspensão. Art. 36. No caso de conflitos que envolvam controvérsia jurídica entre órgãos ou entidades de direito público que integram a administração pública federal, a Advocacia-Geral da União deverá realizar composição extrajudicial do conflito, observados os procedimentos previstos em ato do Advogado-Geral da União. § 1º Na hipótese do caput , se não houver acordo quanto à controvérsia jurídica, caberá ao Advogado-Geral da União dirimi-la, com fundamento na legislação afeta. § 2º Nos casos em que a resolução da controvérsia implicar o reconhecimento da existência de créditos da União, de suas autarquias e fundações em face de pessoas jurídicas de direito público federais, a Advocacia-Geral da União poderá solicitar ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a adequação orçamentária para quitação das dívidas reconhecidas como legítimas. § 3º A composição extrajudicial do conflito não afasta a apuração de responsabilidade do agente público que deu causa à dívida, sempre que se verificar que sua ação ou omissão constitui, em tese, infração disciplinar. § 4º Nas hipóteses em que a matéria objeto do litígio esteja sendo discutida em ação de improbidade administrativa ou sobre ela haja decisão do Tribunal de Contas da União, a conciliação de que trata o caput dependerá da anuência expressa do juiz da causa ou do Ministro Relator. Art. 37. É facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, suas autarquias e fundações públicas, bem como às empresas públicas e sociedades de economia mista federais, submeter seus litígios com órgãos ou entidades da administração pública federal à Advocacia-Geral da União, para fins de composição extrajudicial do conflito. Art. 38. Nos casos em que a controvérsia jurídica seja relativa a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil ou a créditos inscritos em dívida ativa da União: I - não se aplicam as disposições dos incisos II e III do caput do art. 32; . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 31 II - as empresas públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços em regime de concorrência não poderão exercer a faculdade prevista no art. 37; III - quando forem partes as pessoas a que alude o caput do art. 36: a) a submissão do conflito à composição extrajudicial pela Advocacia-Geral da União implica renúncia do direito de recorrer ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais; b) a redução ou o cancelamento do crédito dependerá de manifestação conjunta do Advogado-Geral da União e do Ministro de Estado da Fazenda. Parágrafo único. O disposto neste artigo não afasta a competência do Advogado-Geral da União prevista nos incisos VI , X e XI do art. 4º da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993 , e na Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997 . (Redação dada pela Lei nº 13.327, de 2016) (Produção de efeito) Art. 39. A propositura de ação judicial em que figurem concomitantemente nos polos ativo e passivo órgãos ou entidades de direito público que integrem a administração pública federal deverá ser previamente autorizada pelo Advogado-Geral da União. Art. 40. Os servidores e empregados públicos que participarem do processo de composição extrajudicial do conflito, somente poderão ser responsabilizados civil, administrativa ou criminalmente quando, mediante dolo ou fraude, receberem qualquer vantagem patrimonial indevida, permitirem ou facilitarem sua recepção por terceiro, ou para tal concorrerem. Em relação à regra de confidencialidade, segundo Leonardo da Cunha “o que é confidencial não é o processo no qual se realiza a sessão de mediação ou de conciliação. É preciso que se divulguem sua existência e os atos nele praticados. O conteúdo das sessões de mediação ou de conciliação que é sigiloso. E deve ser mesmo; para que viabilize a autocomposição, as partes precisam ter a garantia de que tudo o que disserem não poderá servir para a defesa da parte contrária. O princípio da publicidade não tem a amplitude que fundamenta a destacada preocupação. Fosse assim, todas as reuniões realizadas por autoridades públicas deveriam ser públicas, devendo toda conversa, negociação, diálogo ser divulgado e publicizado. O conteúdo das sessões de mediação e conciliação é sigiloso, mas o resultado e a motivação da Administração Pública são públicos e devem ser divulgados. O processo judicial é público. Todos os atos são públicos. Mas as conversas, os debates, a negociação travada na sessão de mediação são confidenciais. Não obtida a autocomposição, segue o procedimento, todo público, mas as conversas não podem ser divulgadas, sob pena de inviabilizar qualquer negociação. Obtida a autocomposição, aí serão divulgados o resultado e a motivação do Poder Público. O que importa é o resultado: houve ou não autocomposição. Se não houve, é irrelevante saber o que se conversou. Se houve, devem ser divulgados o resultado e a motivação, como, aliás, está no enunciado 36 do Fórum Nacional do Poder Público. A sessão de mediação ou de conciliação é confidencial, tal como estabelece o art. 30 da Lei 13.140, de 2015. Se as conversas ou informações forem registradas de algum modo e apresentadas em processo judicial ou arbitral, não devem ser admitidas (Lei 13.140/2015, art. 30, § 2º). É ilícita a prova que atente contra a confidencialidade. Não estão abrigadas pela confidencialidade as informações relativas à ocorrência de crime de ação pública; a confidencialidade não afasta o dever de prestação de informações às autoridades fazendárias. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp73.htm#art4vi http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp73.htm#art4x http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp73.htm#art4xi http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp73.htm#art4xi http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9469.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9469.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13327.htm#art40 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13327.htm#art44 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13327.htm#art44 . CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 32 Enfim, a confidencialidade é medida que se impõe durante as sessões de mediação e conciliação de que participa a Fazenda Pública.” DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA
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