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Abordagem do paciente no pronto atendimento pronto socorro Autores Ana Maria Teixeira Pires – Enfermeira, Gerente do Pronto Atendimento Grasiele Caroline Rodrigues - Enfermeira do Pronto Atendimento Priscilla Medina Miyake – Enfermeira, Coordenadora do Pronto Atendimento Shirley da Silva Sant’Ana - Enfermeira do Pronto Atendimento Valdete Rodrigues Santos - Enfermeira do Pronto Atendimento Índice 1. Recepção do Paciente 2. Protocolo de Avaliação Inicial e Triagem 3. Coleta de Exames Laboratoriais 4. Realização de Exames de Imagem 5. Sala de Observação 6. Orientação para Alta Hospitalar 1. Recepção do Paciente O Ministério da Saúde1 preconiza que no ambiente hospitalar os casos suspeitos e/ou confirmados de Covid-19 sejam tratados com condições efetivas de isolamento e proteção. A partir dessa recomendação faz-se necessário uma adequação do ambiente de Pronto Atendimento/Pronto Socorro para atender os casos suspeitos e/ou confirmados separadamente daqueles que buscam atendimento de urgência e emergência por outras queixas. O reconhecimento precoce e o diagnóstico rápido são essenciais para impedir a transmissão e fornecer cuidados de suporte em tempo hábil, assim, recomenda-se uma área exclusiva para receber esses pacientes e equipes capacitadas para essa situação específica1. Visto que o quadro clínico inicial da doença é caracterizado como síndrome gripal, na qual o paciente pode apresentar febre e/ou sintomas respiratórios, recomenda-se um acolhimento diferenciado desde a chegada do paciente em uma unidade de urgência hospitalar2,3. Neste primeiro momento um profissional capacitado deve abordar o paciente para verificar a existência de sintomas respiratórios, caso negativo, deve-se seguir o fluxo regular da unidade de saúde, já para àqueles com relato de sintomas respiratórios, tais como sensação febril ou febre, tosse, dor de garganta, coriza e/ou dificuldade respiratória deve-se oferecer máscara cirúrgica e seguir fluxo diferenciado em aérea exclusiva, que poderá ser adaptada no próprio ambiente hospitalar ou em áreas externas como tendas ou containers2,3. O reconhecimento precoce de sintomas gripais logo na chegada do paciente ao serviço de urgência é primordial para o direcionamento para a área exclusiva e para que haja uma rápida estratificação de risco4. É primordial, para segurança dos pacientes e dos profissionais de saúde, que se minimize o fluxo de circulação e possível cruzamento entre pacientes com sintomas respiratórios e pacientes com outras queixas3. A área exclusiva, dedicada ao atendimento dos casos suspeitos e/ou confirmados de Covid-19, deve ser composta minimamente por sala de espera, recepção para abertura de ficha/cadastro, instalações sanitárias, lavatórios e ambiente assistencial adequado para prestar assistência a pacientes estáveis e instáveis, como salas de triagem, consultórios, observação e sala de emergência3. O ambiente da unidade de urgência reservado ao atendimento de casos suspeitos deve ser bem ventilado e permitir que os pacientes com sintomas respiratórios mantenham uma distância de pelo menos 1 metro entre si, com fácil acesso a suprimentos de higiene respiratória e higiene das mãos, como dispensadores de álcool gel, lenços de papel descartáveis e máscaras cirúrgicas para pacientes e acompanhantes5,6. Além de uma adequada estrutura que permita o fluxo de atendimento em área exclusiva, é essencial que, na medida do possível, exista uma equipe assistencial exclusiva para atendimento aos pacientes com sintomas respiratórios, composta por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e assistente administrativo para cadastro do paciente, evitando assim o trânsito de pacientes pelos diversos ambientes da área hospitalar3,4. É importante que toda a equipe envolvida com a assistência sempre aplique as seis metas internacionais de segurança do paciente. Após ser direcionado para a área exclusiva, o paciente deve proceder à abertura de ficha. O assistente administrativo responsável por esta etapa do processo deve utilizar Equipamento de Proteção Individual (EPI) adequado: para profissionais de apoio, como recepção e segurança, a ANVISA recomenda o uso de máscara cirúrgica, trocar se estiver úmida ou suja, e frequente higienização das mãos6,7. O próximo passo compreende a triagem (ou classificação de risco), aplicada por enfermeiro devidamente treinado. A sala de triagem deve ser abastecida com suprimentos para higiene respiratória e higienização das mãos. Para realizar a triagem, o enfermeiro deve utilizar os seguintes EPIs: gorro, óculos de proteção, máscara N95, avental e luva6. 2. Protocolo de Avaliação Inicial e Triagem A classificação de risco permite gerenciar o fluxo de atendimento dos pacientes de acordo com a gravidade e complexidade dos casos, o que requer um ambiente acolhedor, uma escuta qualificada, capacidade de raciocínio clínico e tomada de decisão. Existem diversas ferramentas disponíveis para realizar triagem/classificação de risco, por exemplo, Emergency Severity Index (ESI), Australian Triage Scale (ATS), Canadian Triage Acuity Scale (CTAS) e Sistema Manchester de Classificação de Risco (SMCR), sendo este ultimo um dos mais utilizados nos serviços de urgência e emergência do Brasil, conhecido por classificar o paciente em cinco cores: Vermelho (Emergência), Laranja, (Muito Urgente), Amarelo (Urgente), Verde (Pouco Urgente), Azul (Não Urgente). Independente da ferramenta de classificação de risco disponível no serviço de urgência, a triagem dos pacientes com sintomas respiratórios deve ser minuciosa e explorar sinais de gravidade. Neste momento o enfermeiro deve registrar a queixa atual do paciente, comorbidades, histórico de alergias e sinais vitais, atentando-se aos sintomas como febre (temperatura maior ou igual à 37,8ºC), tosse, dispneia, dor de garganta, mialgia, fadiga, diarreia, náusea, vômitos, anosmia súbita ou hiposmia1,2. O enfermeiro deve investigar data do início dos sintomas e histórico de contato com caso suspeito ou confirmado de COVID-19, além disso, durante a aferição dos sinais vitais é importante avaliar criteriosamente sinais de instabilidade: saturação menor ou igual a 95%, taquipneia (FR maior ou igual a 22rpm), taquicardia, cianose de extremidades, cianose central e hipotensão. Pacientes com alterações de parâmetros vitais, com ou sem sinais se SEPSE ou Choque Séptico, devem ser acomodados imediatamente na sala de emergência, garantindo avaliação médica imediata, monitorização multiparamétrica e aporte de oxigênio (se saturação <92%). Caso o paciente esteja estável, deve aguardar o atendimento médico na sala de espera. Ao término da triagem deve-se realizar a limpeza concorrente do todo mobiliário e equipamentos utilizados. A estratificação recomendada é aplicada pelo profissional médico durante sua avaliação inicial. Esta recomendação sugere um fluxo de atendimento composto por quatro grupos: A, B, C e D. Para sua aplicação ressalta-se a importância de avaliar se os sintomas respiratórios relacionam-se ao trato respiratório superior (sintomas como tosse, coriza, dor de garganta ou febre) ou trato respiratório inferior (SatO2< 92% e/ou FR >22) além de identificar se há fatores de risco para as complicações clínicas: Idade ≥ 65 anos, presença de comorbidades (hipertensão, diabetes, doença pulmonar prévia, doença cardiovascular, doença cerebrovascular, imunossupressão, câncer) e uso de corticoide ou imunossupressores, sendo que a presença de um ou mais desses fatores já indica um alto risco e a ausência de fatores de risco para complicações classifica o paciente como baixo risco1. Veja no vídeo a realização da triagem, passo-a-passo, pelo Enfermeiro no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. A triagem e a avaliação médica inicial do paciente são essenciais para a estratificação de risco para complicações clínicas recomendada pelo Ministério da Saúde, o que proporciona um melhormanejo da condição clínica e melhor aproveitamento dos recursos e da logística do fluxo intra-hospitalar1. Figura 1. Fluxograma para atendimento de pacientes com sintomas respiratórios. Fonte: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, 2020. A estratificação de risco aplicada durante a consulta médica permite um melhor manejo da condição clínica do paciente e previsão de recursos a serem utilizados durante o atendimento. Durante a consulta médica, o paciente deve informar ao profissional médico o nome completo das demais pessoas que residam no mesmo endereço, assinando um termo de declaração contendo a relação dos contatos domiciliares. O fluxo a ser seguido pelo paciente após a avaliação médica, relaciona- se intrinsecamente à estratificação de risco1. Aqueles com alto risco para complicações clínicas devem ser acomodados nos leitos de observação ou sala de emergência, e aqueles com baixo risco, caso necessitem realizar algum exame, devem aguardar na sala de espera. Preferencialmente, pacientes com suspeita de Covid-19 que necessitem de observação no serviço de urgência, devem ser acomodados em quartos privativos, contudo, na indisponibilidade de quartos privativos, os casos suspeitos podem ser acomodados em conjunto, desde que a distância entre as camas/macas seja de pelo menos 1 metro, a distância mínima de 1 metro vem sendo orientada pela ANVISA e pela Organização Mundial de Saúde, porém, ainda não há um consenso de literatura, o Center of Disease Control and Prevention (CDC) recomenda uma distância mínima de 6 pés (equivalente a 1,8 metros) entre as camas/macas, e o Ministério da Saúde recomenda uma distância de 2 metros1,5,6. 3. Coleta de Exames Laboratoriais Após avaliação médica, estratificação de risco e definição de fluxo do paciente no serviço de urgência (sala de espera, observação ou sala de emergência), os pedidos de exames devem ser separados e sempre conferidos para a identificação dos tubos e materiais necessários. Pacientes com estabilidade hemodinâmica, após avaliação médica são orientados a aguardar na sala de espera da área exclusiva para atendimentos de casos suspeitos de Covid-19. O paciente será abordado pelo profissional responsável pela coleta e direcionado à uma sala privativa. Pacientes com instabilidade hemodinâmica devem ficar acomodados nos leitos de observação com monitorização, neste caso, o profissional responsável pela coleta realizará o procedimento diretamente no leito. Em ambas as situações, os profissionais envolvidos devem utilizar a paramentação adequada para a realização da coleta, composta pelos seguintes EPIs: Gorro, Máscara N95, Avental Descartável, Luva e Óculos de Proteção6. A coleta de exames e a realização de qualquer procedimento deve seguir as 6 metas internacionais de segurança do paciente. O profissional deve sempre se apresentar dizendo ao paciente seu nome e função e em seguida realizar a Meta 1, verificando a identificação do paciente através de pelo menos dois descritores, por exemplo, nome completo e data de nascimento em pulseira de identificação. O profissional deve proceder à coleta de exames explicando cada passo envolvido e seus cuidados: • Punção venosa: utilizar garrote descartável (caso indisponível, utilizar garrote de látex para posterior desinfecção), realizar a punção conforme a técnica e colocar curativo no local da punção; • Swab nasal (se prescrito): A coleta de material biológico para investigação do Covid-19 é composta de 2 tubos de amostras respiratórias por paciente, que pode ser swab combinado (nasal/oral) OU aspirado de nasofaringe (ANF) OU amostra de secreção respiratória inferior (escarro ou lavado traqueal ou lavado bronco-alveolar); o Procedimentos para a coleta dos swabs – Introduzir o swab pela narina até a nasofaringe realizar movimentos rotatórios para captação de células da nasofaringe, e absorção da secreção respiratória. Realizar o mesmo procedimento em ambas as narinas (Figura 2); O terceiro swab será utilizado na coleta de secreção respiratória da parte posterior da orofaringe evitando contato com a língua para minimizar contaminação (Figura 3); Figura 2 e 3. Modelo do Protocolo Manchester. o Aspirado da Nasofaringe: No caso de secreções espessas recomenda-se proceder à nebulização ou instilação com gotas de solução fisiológica estéril 0,9%, (em ambas as narinas) a fim de promover a fluidez do muco, facilitando a aspiração (Figura 4); Figura 4. Ilustração da técnica para coleta de aspirado orofaríngeo. BRASIL. MS, 2016. OBS: Dada a presença de vários vírus respiratórios circulantes, a diferenciação do Covid-19 de outros patógenos, particularmente a gripe, é importante e feito principalmente com o uso superior (nasofaríngeo) ou inferior(escarro induzido, aspirados endotraqueais, lavagem broncoalveolar) amostras do trato respiratório da cadeia da transcriptase reversa-polimerase. O acesso rápido aos resultados dos testes diagnósticos é prioridade clínica, permitindo triagem do paciente e implementação de práticas de controle de infecção8. • A amostra de swab nasofaríngeo é a escolha preferida para o teste SARS- CoV-2. Os swab nasofaríngeos e o swab orofaríngeo deverão ser combinados em um único tubo de rosca, estéril, tipo Falcon para maximizar a sensibilidade do teste. O material deve ser transportado na posição vertical para garantir que o swab fique imerso na solução fisiológica 9,10. Enviar imediatamente o material até o Laboratório acondicionado em gelo ou gelox10. Na impossibilidade do envio imediato, a amostra deve ser armazenada de (+)2ºC a (+)8ºC por até 72 horas após a coleta9. Se for esperado um atraso no envio, ou envio para lugares muito distantes, armazene as amostras a (-)70 ºC ou menos9. • A embalagem para o transporte de amostras de casos suspeitos de Covid-19 deve seguir os regulamentos de remessa para Substância Biológica UN 3373, Categoria B10. As amostras deverão ser transportadas em caixas isotérmicas individuais, separadas de outros agravos10: ◦ NÃO utilizar frascos de vidro ou de polipropileno sem tampa de rosca para o armazenamento e transporte da amostra biológica; ◦ NÃO inserir a identificação na haste do swab; ◦ NÃO acondicionar a ficha com os dados do paciente no interior da caixa isotérmica contendo a amostra biológica coletada; ◦ Em caso de transporte utilizando o nitrogênio líquido o único frasco permitido é o de polipropileno com tampa de rosca; • Punção arterial para coleta de gasometria e/ou lactato arterial (se prescrito, procedimento privativo do enfermeiro): realizar Teste de Allen, se positivo proceder à punção arterial conforme a técnica, após coleta, realizar compressão local por no mínimo 3 minutos e realizar curativo compressivo no sítio da punção11. • Manter o ambiente limpo e organizado. Não há uma recomendação diferenciada para a limpeza e desinfecção de superfícies em contato com casos suspeitos ou confirmados pelo novo coronavírus6. Recomenda-se que a limpeza das áreas de isolamento seja concorrente, imediata ou terminal6: A limpeza concorrente é aquela realizada diariamente; a limpeza imediata é aquela realizada em qualquer momento, quando ocorrem sujidades ou contaminação do ambiente e equipamentos com matéria orgânica, mesmo após ter sido realizada a limpeza concorrente. a limpeza terminal é aquela realizada após a alta, óbito ou transferência do paciente: como a transmissão do novo coronavírus se dá por meio de gotículas respiratórias e contato não há recomendação para que os profissionais de higiene e limpeza aguardem horas ou turnos para que o quarto ou área seja higienizado, após a alta do paciente. • Realizar o descarte de materiais adequadamente: Os materiais perfurocortantes devem ser descartados separadamente, no local de sua geração, imediatamente após o uso ou necessidade de descarte, em recipientes de paredes rígidas, resistentes à punctura, ruptura e vazamento, resistentes ao processo de esterilização, com tampa, devidamenteidentificados com o símbolo internacional de risco biológico, acrescido da inscrição de “PERFUROCORTANTE” e os riscos adicionais, químico ou radiológico. É importante que o paciente receba a informação da previsão dos resultados do exame, a forma de acesso (entrega de protocolo para acesso online ou cópia impressa) e demais procedimentos a serem realizados. 4. Realização de Exames de Imagem De acordo com o fluxograma de atendimento a partir da estratificação de risco de desenvolvimento de complicações clínicas, o principal exame de imagem é a Tomografia de Tórax. Contudo, a depender da clínica do paciente outros exames podem ser solicitados. É importante ressaltar mais uma vez o cumprimento das Metas Internacionais de Segurança do Paciente, deve-se existir uma comunicação efetiva entre a equipe da unidade de urgência e a equipe responsável pela realização de exames de imagem (Centro de Diagnóstico por Imagem). A comunicação entre setores envolve informar o local o qual o paciente está aguardando (sala de espera, observação, sala de emergência) e informar que é um caso suspeito ou confirmado de Covid-19. É essencial que a equipe da unidade de urgência verifique sempre os pedidos de exames a fim de orientar os pacientes quanto ao preparo, como retirada de adornos e punção venosa para injeção de contraste durante exame de imagem (se for o caso). Caso o seja solicitado Raio-X, se disponível é preferível que o exame seja em uma sala adequada dentro da área exclusiva dedicada ao atendimento de casos suspeitos e/ou confirmados de Covid-19 ou no leito do paciente, respeitando o posicionamento correto e adequada paramentação do profissional que executará o exame4,6: Gorro, Máscara N95, Avental Descartável, Luva e Óculos de Proteção. Para Tomografia de Tórax ou outros exames que exijam que o paciente seja transportado até a sala de realização de exames, o profissional que realizará a transferência entre os setores deverá sempre conferir a identificação do paciente imediatamente antes do transporte e proceder da seguinte maneira: • Pacientes devem ser transportados sempre utilizando máscara cirúrgica; • Pacientes que deambulam: O profissional deverá manter luvas no bolso e conduzir o paciente diretamente a sala de exame; • Pacientes em cadeira de rodas: O profissional deverá utilizar máscara cirúrgica, avental descartável e óculos (par de luvas no bolso); • Paciente acamado: Realizar sempre em duas pessoas com as paramentações: o Pessoa 1 – máscara cirúrgica, avental descartável, óculos e luvas o Pessoa 2 – máscara cirúrgica, avental descartável, óculos e luva em apenas uma das mãos, outra mão livre para acionar portas e elevadores. Segunda luva no bolso. • Ao ser admitido para realização de exames, novamente deve-se realizar a conferência dos dados de identificação e explicar ao paciente sobre o exame e posicionamento adequado. Para realização dos exames (TC, RX, USG, Medicina Nuclear, Ressonância) os profissionais envolvidos deverão estar devidamente paramentados: Gorro, Máscara N95, Avental descartável, Luva e Óculos de proteção. • Ao término do exame, o paciente deverá ser encaminhado novamente à unidade de urgência; • O ambiente e aparelhos deverão passar por higienização. Até o momento não há uma recomendação diferenciada para a limpeza e desinfecção de superfícies em contato com casos suspeitos ou confirmados pelo novo coronavírus. A ANVISA recomenda que a limpeza seja concorrente, imediata ou terminal, conforme a indicação de cada uma. A desinfecção das superfícies das unidades de isolamento só deve ser realizada após a sua limpeza. Os desinfetantes com potencial para desinfecção de superfícies incluem aqueles à base de cloro, alcoóis, alguns fenóis e alguns iodóforos e o quaternário de amônio6. Sabe-se que os vírus são inativados pelo álcool a 70% e pelo cloro. Portanto, preconiza-se a limpeza das superfícies do isolamento com detergente neutro seguida da desinfecção com uma destas soluções desinfetantes ou outro desinfetante padronizado pelo serviço de saúde, desde que seja regularizado junto à Anvisa6. A limpeza deve incluir os equipamentos eletrônicos de múltiplo uso (ex: bombas de infusão, monitores, etc.), a Anvisa ainda recomenda que o serviço de saúde deve possua protocolos contendo as orientações a serem implementadas em todas as etapas de limpeza e desinfecção de superfícies e garantir a capacitação periódica das equipes envolvidas, sejam elas próprias ou terceirizadas6. • O paciente deve ser orientado quanto ao tempo de disponibilização do exame. Atenção: Deve-se evitar o transporte desses pacientes para outras alas hospitalares. Em caso de necessidade, deve-se utilizar rotas pré- estabelecidas para evitar o contato com pessoas não infectadas. O paciente também deverá utilizar máscara cirúrgica durante o período que permanecer fora de seu quarto6. A equipe do Pronto Socorro deve acompanhar os resultados de exames laboratoriais e de imagem, a fim de otimizar a reavaliação médica para definição de conduta. A observação do paciente com suspeita ou confirmação de Covid-19 no Pronto Socorro relaciona-se à gravidade e condição hemodinâmica, podendo ser acomodado em poltrona, sala de observação ou sala de emergência. Preferencialmente, pacientes com suspeita de Covid-19 que necessitem de observação no serviço de urgência, devem ser acomodados em quartos privativos, contudo, na indisponibilidade de quartos privativos, os casos suspeitos podem ser acomodados em conjunto, desde que a distância entre as camas/macas seja de pelo menos 1 metro, a distância mínima de 1 metro vem sendo orientada pela ANVISA e pela Organização Mundial de Saúde, porém, ainda não há um consenso de literatura, o Center of Disease Control and Prevention (CDC) recomenda uma distância minima de 6 pés (equivalente a 1,8 metros) entre as camas/macas, e o Ministério da Saúde recomenda uma distância de 2 metros1,5,6. Veja o vídeo mostrando a sala de observação com sinalização de um metro de distância entre as poltronas. o Pacientes Instáveis: Pacientes com alguma instabilidade hemodinâmica deverão ficar em observação em leitos com monitorização de pressão arterial não invasiva, oximetria de pulso, eletrocardiografia e frequência respiratória. A equipe deverá utilizar paramentação adequada para prestar assistência6: Gorro, Máscara N95, Avental descartável, Luva e Óculos de proteção. A equipe de enfermagem responsável pelos cuidados nos leitos de emergência deve auxiliar o paciente a vestir camisola da instituição e proceder à monitorização. É importante que o enfermeiro realize uma breve anamnese e exame físico direcionado à queixa do paciente. Avaliar a oximetria de pulso o quanto antes e fornecer aporte de oxigênio se saturação <92% (cateter nasal até 6l/min, máscara não-reinalante até 10l/min). 5. Sala de Observação Em casos severos, a Covid-19 pode levar à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), SEPSE e choque séptico, assim, é essencial que haja um reconhecimento precoce dos sinais de agravamento da doença12. Para este paciente é importante garantir de imediato um acesso venoso periférico e observar atentamente quanto aos sinais de SEPSE e choque séptico, tais como 12,13: • Febre; • Baixa saturação de O2, • Dispneia; • Alteração do nível de consciência; • Oligúria; • Diminuição da saturação de oxigênio; • Taquicardia; • Hipotensão (PAM <65 mmHg); • Extremidades frias; • Diminuição do tempo de enchimento capilar; • Presença de livedo reticular. • Evidências laboratoriais: trombocitopenia, acidose, lactato arterial aumentado e hiperbilirrubinemia É importante que a equipe de enfermagem registre sinais vitais a cada uma hora e que o enfermeiro realize um plano de cuidados (Sistematização da Assistência de Enfermagem) que melhor se adeque às necessidades de cada paciente, além de envolver um cuidado multidisciplinar, pois além do médico e da equipe de enfermagem,este paciente necessitará de acompanhamento da fisioterapia. O carrinho de emergência deve estar disponível nas proximidades, incluindo materiais para intubação orotraqueal. Para este último procedimento a equipe (médico, fisioterapeuta, enfermeiro e técnico de enfermagem) deve utilizar Gorro, Máscara N95, Avental descartável impermeável, Luva e Óculos de proteção (ou máscara face shield). A equipe de enfermagem deverá sempre conferir a prescrição médica e realizar o preparo e administração de medicamentos. Sempre seguir as metas internacionais de segurança do paciente. Caso haja suspeita de SEPSE ou Choque Séptico, priorizar a coleta de culturas e demais exames laboratoriais. Se hipotensão, iniciar reposição volêmica conforme prescrição médica. Garantir antibioticoterapia, conforme prescrição, em no máximo 1 hora após a identificação dos critérios de SEPSE. A avaliação do paciente deve ser constante, de modo a garantir o controle hemodinâmico e cuidados que visem a proteção e conforto. A equipe de enfermagem deve acompanhar os resultados de exames e providenciar a realização de exames de imagem prescritos. Para pacientes graves, sem IOT, o transporte para realização de exames deve ser realizado por enfermeiro e técnico de enfermagem. Para pacientes graves, com IOT, o transporte para realização de exames deve ser realizado por médico, enfermeiro e técnico de enfermagem. Sempre respeitando a paramentação adequada, conforme citado no tópico de realização de exames de imagem. A equipe multidisciplinar envolvida no cuidado a este paciente deve ter como objetivo a estabilização hemodinâmica. O enfermeiro deve acompanhar o desfecho do manejo clínico do paciente, providenciando a solicitação de vaga de internação em unidade de internação ou unidade de terapia intensiva (UTI), conforme indicação médica. Acompanhantes devem ser orientados a permanecer sempre com máscara cirúrgica. Conforme o desfecho (internação em UTI ou unidade de internação), o médico deverá realizar a passagem de plantão para o colega que prosseguirá com os cuidados e o enfermeiro deverá realizar a passagem de plantão para a equipe de enfermagem do setor de destino, garantindo uma comunicação efetiva, de modo a relatar sobre a história prévia da moléstia atual, antecedentes pessoais, exames e procedimentos realizados durante a observação no pronto atendimento e condição clínica atual, além de registro em prontuário. Deverá ser providenciado o transporte adequado: o Para UTI, médico, enfermeiro e técnico de enfermagem devem realizar o transporte, utilizando: máscara N95, avental descartável, óculos, gorro e luvas, sendo que um dos profissionais deve utilizar luva em apenas uma das mãos, outra mão livre para acionar portas e elevadores. Segunda luva no bolso. o Para unidade de internação, avaliar se o paciente deve ser encaminhado de maca ou cadeira de rodas: Pacientes em cadeira de rodas: O profissional deverá utilizar máscara cirúrgica, avental descartável e óculos (par de luvas no bolso); Paciente acamado: Realizar sempre em duas pessoas com as paramentações: • Pessoa 1 – máscara cirúrgica, avental descartável, óculos e luvas • Pessoa 2 – máscara cirúrgica, avental descartável, óculos e luva em apenas uma das mãos, outra mão livre para acionar portas e elevadores. Segunda luva no bolso. o Pacientes estáveis Para pacientes estáveis no ambiente de Pronto Socorro, o cuidado prestado pode ocorrer em sala de observação com poltronas distanciadas (>1m) ou em leito de enfermaria sem monitorização. A equipe de enfermagem deve sempre garantir um cuidado integral, que respeite as metas internacionais de segurança do paciente. O enfermeiro deve conferir a prescrição médica e garantir a realização de exames e administração de medicamentos prescritos. A realização de exames deve seguir conforme citado no tópico de exames laboratoriais e de imagem. O paciente deve ser sempre orientado quanto aos procedimentos a serem realizados. A equipe de enfermagem deve se atentar caso o paciente apresente novas queixas e verificar qualquer sinal de deterioração clínica, verificando sinais vitais e padrão respiratório sempre que necessário. Toda a assistência prestada deve ser registrada em prontuário e a avaliação médica deve ser solicitada em casos de deterioração clínica. Proceder para observação em monitorização em leito de emergência caso haja alguma piora (seguir conforme descrito no tópico de observação de pacientes instáveis). A equipe de enfermagem deve acompanhar os resultados e realização de exames para otimizar o desfecho do paciente: internação ou alta hospitalar. o Internação: verificar com a equipe médica se a internação será em quarto comum (unidade de internação) ou em UTI, o enfermeiro deverá realizar a passagem de plantão para a equipe de enfermagem do setor de destino, garantindo uma comunicação efetiva, de modo a relatar sobre a história prévia da moléstia atual, antecedentes pessoais, exames e procedimentos realizados durante a observação no pronto atendimento e condição clínica atual, além de registro em prontuário. Deverá ser providenciado o transporte adequado. 6. Orientação para Alta Hospitalar Pacientes estáveis no ambiente do Pronto Atendimento/Pronto Socorro podem receber alta hospitalar após avaliação médica inicial, diretamente do consultório. Ou após realização de exames de imagem e/ou laboratoriais, conforme reavaliação do profissional médico. É importante que esse paciente seja orientado quanto aos cuidados a serem tomados em domicílio 14,15: • Ficar em isolamento domiciliar por 14 dias (verificar se o paciente precisa de atestado médico para questões trabalhistas); • Utilizar máscara o tempo todo; • Se for preciso cozinhar, usar máscara de proteção, cobrindo boca e nariz todo o tempo; • Depois de usar o banheiro, nunca deixe de lavar as mãos com água e sabão e sempre limpe vaso, pia e demais superfícies com álcool ou água sanitária para desinfecção do ambiente; • Separar toalhas de banho, garfos, facas, colheres, copos e outros objetos para uso individual; • O lixo produzido precisa ser separado e descartado; • Sofás e cadeiras também não podem ser compartilhados e precisam ser limpos frequentemente com água sanitária ou álcool 70%; • Mantenha a janela aberta para circulação de ar do ambiente usado para isolamento e a porta fechada, limpe a maçaneta frequentemente com álcool 70% ou água sanitária. Caso o paciente não more sozinho, os demais moradores da casa devem dormir em outro cômodo, longe da pessoa infectada, seguindo também as seguintes recomendações14,15: • Manter a distância mínima de 1 metro entre o paciente e os demais moradores. • Limpar os móveis da casa frequentemente com água sanitária ou álcool 70%. • Se uma pessoa da casa tiver diagnóstico positivo, todos os moradores ficam em isolamento por 14 dias também. O paciente deve ser orientado a retornar ao serviço de urgência caso haja piora dos sintomas, principalmente falta de ar. A instituição de saúde pode manter um canal de comunicação com o paciente (telefone, mensagem, e-mail ou outros) para monitoramento a distância de piora dos sintomas. No momento da alta, após as orientações, a equipe assistencial deve retirar a pulseira de identificação e garantir que o paciente tenha compreendido as orientações fornecidas. As pessoas que podem ter sido expostas a indivíduos com suspeita de Covid-19 devem permanecer em isolamento por 14 dias, a partir do último dia de possível contato. Devem, ainda, procurar orientação médica imediata se desenvolverem algum sintoma, particularmente febre, sintomas respiratórios, como tosse ou falta de ar, ou diarreia (sintoma menos frequente). O atendimento desses pacientes nos serviços de saúde deve seguir as orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)6,9. 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes para diagnóstico e tratamento da COVID-19. Secretariade Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde – SCTIE. Versão 03. 17 de abril de 2020. Disponível em: https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/07/ddt- covid-19.pdf. Acesso em 13/04/2020. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo de Manejo Clínico da Covid-19 na Atenção Especializada. 1. ed. rev. – Brasília, 2020. Disponível em: https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/14/Proto colo-de-Manejo-Cl--nico-para-o-Covid-19.pdf 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Fluxo de Pacientes com Sintomas Respiratórios em Unidade de Urgência Hospitalar. 2020. Disponível em: https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/marco/20/2- Etapa-Fluxogramas-COVID-19-SAES-Z.pdf 4. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Infection prevention and control during health care when novel coronavirus (nCoV) infection is suspected Interim guidance, 19 March 2020. 2020. Disponível em: https://covid19-evidence.paho.org/handle/20.500.12663/839 5. CENTER OF DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Considerations for Alternate Care Sites: Infection Prevention and Control Considerations for Alternate Care Sites. April, 2020. Disponível em: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019- ncov/hcp/alternative-care-sites.html Referências 6. BRASIL. Ministério da Saúde. ANVISA. Nota técnica GVIMS/GGTES/ANVISA No 04/2020 Orientações para serviços de saúde: medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas durante a assistência aos casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV2). [Internet]. [cited 2020 Mar 30]. Available from: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271858/Nota+Técnica +n +04-2020+GVIMS-GGTES-ANVISA/ab598660-3de4-4f14- 8e6fb9341c196b2836. 7. CHEN J. Pathogenicity and transmissibility of 2019-nCoV—A quick overview and comparison with other emerging viruses. Microbes Infect. 2020;22(2):69–71. 8. CENTER OF DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Strategies for Optimizing the Supply of N95 Respirators. Março, 2020. 9. CENTER OF DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Interim Guidelines for Collecting, Handling, and Testing Clinical Specimens from Persons for Coronavirus Disease 2019 (COVID-19). Abril, 2020. [Internet], citado em 24 de Abril de 2020. Disponível em: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-nCoV/lab/guidelines-clinical- specimens.html 10. Brasil. Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo. Instituto Adolfo Lutz – Centro de Virologia. Protocolo Laboratorial para a coleta, acondicionamento e transporte de amostras biológicas para investigação de COVID-19. Versão 26/02/2020. Disponível em: http://cvs.saude.sp.gov.br/up/SERSA%20-%20Orienta_Coleta_Covid- 19_26fev20.pdf Referências 11. PINTO, Jéssica Mayara Alves et al. Gasometria arterial: aplicações e implicações para a enfermagem. 2017. 12. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Clinical management of severe acute respiratory infection (SARI) when COVID-19 disease is suspected: interim guidance, 13 March 2020. No. WHO/2019- nCoV/clinical/2020.4. World Health Organization, 2020. Avaiable from: https://www.who.int/publications-detail/clinical-management- of-severe-acute-respiratory-infection-when-novel-coronavirus- (ncov)-infection-is-suspected 13. 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