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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 3 2 UTI PEDIÁTRICA ............................................................................... 4 2.1 Requisitos específicos para UTI pediátrica ................................. 8 2.2 Dimensionamento e estimativa de internações e leitos ............. 10 2.3 Estrutura da UTI ........................................................................ 11 3 GESTÃO DE ENFERMAGEM EM UTI PEDIÁTRICA ...................... 14 3.1 Critérios de prioridade para admissão em UTI .......................... 15 3.2 Referencial quantitativo para equipe de enfermagem ............... 16 3.3 Atribuições da equipe de enfermagem em UTI ......................... 17 4 A ADMISSÃO DE CRIANÇA NA UTI PEDIÁTRICA ........................ 22 4.1 Critérios para admissão do paciente em UTI. ........................... 24 5 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À CRIANÇA INTERNADA ....... 25 5.1 Suporte ventilatório ................................................................... 25 6 SEDAÇÃO E ANALGESIA EM PEDIATRIA ..................................... 39 6.1 Avaliação da Dor ....................................................................... 40 7 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM SEPSE ............................. 44 7.1 Desenvolvimento e características da sepse ............................ 45 7.2 Triagem e definições segundo o ILAS – Instituto Latino Americano para Estudos da Sepse ................................................................................ 47 7.3 Tratamento de Sepse preconizado pelo ILAS ........................... 51 7.4 Condutas de Enfermagem no tratamento da Sepse ................. 55 7.5 Intervenções e condutas de Enfermagem controle da sepse em UTI 56 8 PLANOS DE AÇÕES PARA PREVENIR INTERCORRÊNCIAS EM PROCEDIMENTOS INVASIVOS EM PEDIATRIA ........................................... 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 62 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 UTI PEDIÁTRICA Fonte: sbp.com.br No início da década de 70, no Brasil, ocorreram surtos de doenças com alto potencial mórbido (sarampo, poliomielite, difteria, meningococo, etc.), que exigiram uma nova estratégia de assistência à saúde: reunir tecnologia e recursos, disseminar novos conceitos em todo o país de modo a facilitar e otimizar a reanimação inicial, atendimento de emergência e transferência do paciente crítico e a formação de uma sociedade de profissionais com interesse especial em intensivismo pediátrico. (DIKSTEIN, et al, 2011) Fonte: sbp.com.br 5 O avanço e desenvolvimento da tecnologia no âmbito da saúde, levou ao surgimento e a melhoria, de serviços de assistência terciária altamente equipados. Nesse cenário, destacam-se as UTIs e os CTIs: um conjunto de Unidades de Terapia Intensiva agrupadas no mesmo local. (DUARTE e MOREIRA, 2011 apud BRASIL, 1987). Nesses ambientes, concentram-se pacientes graves, equipamentos técnicos mais dispendiosos e sofisticados, além de uma equipe com conhecimento e experiência para assistir esses pacientes e lidar com essa aparelhagem própria. (DUARTE e MOREIRA, 2011) A UTI Pediátrica é uma unidade do hospital com equipe especializada e suporte avançado para atendimento das crianças que necessitam cuidados intensivos. O ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, garante o direito à criança e ao adolescente, a ter acompanhamento dos pais ou responsáveis durante sua internação hospitalar. Quando não houver possibilidade da permanência do acompanhante, a situação deverá ser discutida com a equipe multiprofissional da Unidade. (SOUZA, BRANDÃO e PISTELLI, 2011) Fonte: hlaureano.org.br 6 O Ministério da Saúde (2010), publicou a Resolução nº 7, de 24 de fevereiro de 2010 que dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e dá outras providências. Dentre as orientações e instruções que essa Resolução expõe, ela possui objetivos e normas a respeito das UTI’s gerais e pediátricas, destacando: Art. 2º Esta Resolução possui o objetivo de estabelecer padrões mínimos para o funcionamento das Unidades de Terapia Intensiva, visando à redução de riscos aos pacientes, visitantes, profissionais e meio ambiente. XXX - Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-P): UTI destinada à assistência a pacientes com idade de 29 dias a 14 ou 18 anos, sendo este limite definido de acordo com as rotinas da instituição. XXXI - Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Mista (UTIPm): UTI destinada à assistência a pacientes recém-nascidos e pediátricos numa mesma sala, porém havendo separação física entre os ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal. Com relação aos recursos humanos e equipe que irá atuar na UTI, a Resolução nº 7 diz: Art. 12. As atribuições e as responsabilidades de todos os profissionais que atuam na unidade devem estar formalmente designadas, descritas e divulgadas aos profissionais que atuam na UTI. Art. 13 Deve ser formalmente designado um Responsável Técnico médico, um enfermeiro coordenador da equipe de enfermagem e um fisioterapeuta coordenador da equipe de fisioterapia, assim como seus respectivos substitutos. § 1º O Responsável Técnico deve ter título de especialista em Medicina Intensiva para responder por UTI Adulto; habilitação em Medicina Intensiva Pediátrica, para responder por UTI Pediátrica; título de especialista em Pediatria com área de atuação em Neonatologia, para responder por UTI Neonatal; § 2º Os coordenadores de enfermagem e de fisioterapia devem ser especialistas em terapia intensiva ou em outra especialidade relacionada à assistência ao paciente grave, específica para a modalidade de atuação (adulto, pediátrica ou neonatal); Art. 14. Além do disposto no Artigo 13 desta RDC, deve ser designada uma equipe multiprofissional, legalmente habilitada, a qual deve ser dimensionada, quantitativa e qualitativamente, de acordo com o perfil assistencial, a demanda da unidade e legislação vigente, contendo, para atuação exclusiva na unidade, no mínimo, os seguintes profissionais: I - Médico diarista/rotineiro: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, nos turnos matutino e vespertino, com título de especialista em Medicina Intensiva para atuação em UTI Adulto; habilitação em Medicina Intensiva Pediátrica para atuação em UTI Pediátrica; título de especialista em Pediatria com área de atuação em Neonatologia para atuação em UTI Neonatal; II - Médicos plantonistas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, em cada turno. III - Enfermeiros assistenciais: no mínimo 01 (um) para cada 08 (oito) leitos ou fração, em cada turno.7 IV - Fisioterapeutas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, nos turnos matutino, vespertino e noturno, perfazendo um total de 18 horas diárias de atuação; V - Técnicos de enfermagem: no mínimo 01 (um) para cada 02 (dois) leitos em cada turno, além de 1 (um) técnico de enfermagem por UTI para serviços de apoio assistencial em cada turno; VI - Auxiliares administrativos: no mínimo 01 (um) exclusivo da unidade; VII - Funcionários exclusivos para serviço de limpeza da unidade, em cada turno. Art. 15. Médicos plantonistas, enfermeiros assistenciais, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem devem estar disponíveis em tempo integral para assistência aos pacientes internados na UTI, durante o horário em que estão escalados para atuação na UTI. Art. 16. Todos os profissionais da UTI devem estar imunizados contra tétano, difteria, hepatite B e outros imunobiológicos, de acordo com a NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde estabelecida pela Portaria MTE/GM n.º 485, de 11 de novembro de 2005. Art. 17. A equipe da UTI deve participar de um programa de educação continuada, contemplando, no mínimo: I - normas e rotinas técnicas desenvolvidas na unidade; II - incorporação de novas tecnologias; III - gerenciamento dos riscos inerentes às atividades desenvolvidas na unidade e segurança de pacientes e profissionais. IV - prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde. § 1º As atividades de educação continuada devem estar registradas, com data, carga horária e lista de participantes. § 2º Ao serem admitidos à UTI, os profissionais devem receber capacitação para atuar na unidade O tratamento e rotina do paciente, o processo de trabalho, entre outros é definido e especificado conforme a Seção V: Art. 21. Todo paciente internado em UTI deve receber assistência integral e interdisciplinar. Art. 22. A evolução do estado clínico, as intercorrências e os cuidados prestados devem ser registrados pelas equipes médica, de enfermagem e de fisioterapia no prontuário do paciente, em cada turno, e atendendo as regulamentações dos respectivos conselhos de classe profissional e normas institucionais. Art. 23. As assistências farmacêutica, psicológica, fonoaudiológica, social, odontológica, nutricional, de terapia nutricional enteral e parenteral e de terapia ocupacional devem estar integradas às demais atividades assistenciais prestadas ao paciente, sendo discutidas conjuntamente pela equipe multiprofissional. Parágrafo único. A assistência prestada por estes profissionais deve ser registrada, assinada e datada no prontuário do paciente, de forma legível e contendo o número de registro no respectivo conselho de classe profissional. Art. 24. Devem ser assegurados, por todos os profissionais que atuam na UTI, os seguintes itens: I - preservação da identidade e da privacidade do paciente, assegurando um ambiente de respeito e dignidade; II - fornecimento de orientações aos familiares e aos pacientes, quando couber, em linguagem clara, sobre o estado de saúde e a assistência a ser prestada desde a admissão até a alta; 8 III - ações de humanização da atenção à saúde; IV - promoção de ambiência acolhedora; V - incentivo à participação da família na atenção ao paciente, quando pertinente. Art. 25. A presença de acompanhantes em UTI deve ser normatizada pela instituição, com base na legislação vigente. Art. 26. O paciente consciente deve ser informado quanto aos procedimentos a que será submetido e sobre os cuidados requeridos para execução dos mesmos. Parágrafo único. O responsável legal pelo paciente deve ser informado sobre as condutas clínicas e procedimentos a que o mesmo será submetido. Art. 27. Os critérios para admissão e alta de pacientes na UTI devem ser registrados, assinados pelo Responsável Técnico e divulgados para toda a instituição, além de seguir legislação e normas institucionais vigentes. Art. 28. A realização de testes laboratoriais remotos (TLR) nas dependências da UTI está condicionada ao cumprimento das disposições da Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa - RDC nº 302, de 13 de outubro de 2005. 2.1 Requisitos específicos para UTI pediátrica A Resolução nº 7(BRASIL, 2010), possui seções especificando os recursos materiais direcionados para cada tipo de Unidade de Terapia Intensiva: adulto, pediátrica, pediátrica mista e neonatal Para a UTI pediátrica os recursos materiais obrigatórios são (BRASIL, 2010): Art. 61. Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI Pediátrica, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária e biotipo do paciente. Cada leito de UTI Pediátrica deve possuir, no mínimo, os seguintes equipamentos e materiais: (BRASIL, 2010) Berço hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e rodízios; Equipamento para ressuscitação manual do tipo balão auto inflável, com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; Estetoscópio; Conjunto para nebulização; Quatro (04) equipamentos para infusão contínua e controlada de fluidos ("bomba de infusão"), com reserva operacional de 01 (um) para cada 03 (três) leitos; 9 Fita métrica; Poltrona removível, com revestimento impermeável, destinada ao acompanhante: 01 (uma) por leito; Equipamentos e materiais que permitam monitorização contínua de: Frequência respiratória Oximetria de pulso Frequência cardíaca Cardioscopia Temperatura Pressão arterial não-invasiva Cada UTI Pediátrica deve dispor, no mínimo, de: (BRASIL, 2010) I - berço aquecido de terapia intensiva: 1(um) para cada 5 (cinco) leitos; II - estadiômetro; III - balança eletrônica portátil; IV - oftalmoscópio; V otoscópio; VI - materiais para punção lombar; VII - materiais para drenagem liquórica em sistema fechado; VIII - negatoscópio; IX - capacetes ou tendas para oxigenoterapia; X - máscara facial que permite diferentes concentrações de Oxigênio: 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; XI - materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e fechado; XII - aspirador a vácuo portátil; XIII - equipamento para mensurar pressão de balonete de tubo/cânula endotraqueal ("cuffômetro"); XIV - capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos; XV - ventilador pulmonar mecânico XXIV - materiais e equipamento para monitorização de pressão arterial invasiva: 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 10 (dez) leitos; XXV - materiais para punção pericárdica; XXVI - eletrocardiógrafo portátil; XXVII - kit ("carrinho") contendo medicamentos e materiais para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração; XXVIII - equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria, na unidade; XXIX - marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador: 01 (um) equipamento para a unidade; XXX - equipamento para aferição de glicemia capilar, específico para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração; XXXI - materiais para curativos; XXXII - materiais para cateterismo 10 microprocessado: 01 (um) para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor cada equipamento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos. XVI - equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva: 01(um) para cada 10 (dez) leitos, quando o ventilador pulmonar microprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade de ventilação não invasiva; XVII - materiais de interface facial para ventilação pulmonar não-invasiva: 01 (um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos; XVIII - materiais para drenagem torácica em sistema fechado; XIX - materiais para traqueostomia; XX - foco cirúrgico portátil; XXI - materiais para acesso venosoprofundo, incluindo cateterização venosa central de inserção periférica (PICC); XXII - material para flebotomia; XXIII - materiais para monitorização de pressão venosa central; vesical de demora em sistema fechado; XXXIII - maca para transporte, com grades laterais, com suporte para equipamento de infusão controlada de fluidos e suporte para cilindro de oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração; XXXIV - equipamento(s) para monitorização contínua de múltiplos parâmetros (oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva; cardioscopia; frequência respiratória) específico para transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; XXXV - ventilador pulmonar específico para transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; XXXVI - kit ("maleta") para acompanhar o transporte de pacientes graves, contendo medicamentos e materiais para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; XXXVII - cilindro transportável de oxigênio; XXXVIII - relógio e calendário de parede; XXXIX - refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de uso exclusivo para guarda de medicamentos, com monitorização e registro de temperatura. 2.2 Dimensionamento e estimativa de internações e leitos De acordo com a Portaria GM/MS Nº 3432 de 1998, UTI pediátrica: São unidades hospitalares destinadas ao atendimento de pacientes graves ou de risco que dispõem de assistência médica e de enfermagem ininterruptas com equipamentos específicos próprios, recursos humanos especializados e que tenham acesso a outras 11 tecnologias destinadas a diagnóstico e terapêutica e que atendem crianças de 28 dias a 14 ou 18 anos, dependendo das rotinas hospitalares estabelecidas. O Ministério da Saúde (2013), descreve sobre a definição de tipologia dos leitos, dentre outros, da seguinte forma: Para estabelecer a tipologia para a classificação de leitos hospitalares foram levadas em consideração as seguintes dimensões: faixa etária, tempo de permanência e definição diagnóstico/terapêutica, intensidade do cuidado, tipo de especialidade. As taxas de internação são definidas a partir de vários critérios, como descreve o Ministério da Saúde (2013). Ao se definir as taxas de internação por especialidade deve-se lembrar, em primeiro lugar, que a taxa de Internação é resultante de fenômenos complexos. É consequência da distribuição das doenças na população e de sua estrutura etária, da cultura das escolas médicas locais que modula a indicação de internações hospitalares, da oferta anterior de leitos e da existência de critérios consensados (protocolos) para internação e funcionamento das Centrais de Regulação, além de traços culturais da população que podem modificar os comportamentos relativos e as demandas à hospitalização. Isso sem falar de fenômenos bem estabelecidos pelos estudos de economia da saúde como risco moral e seleção adversa. A proporção esperada de internação com UTI em determinada especialidade é estimada a partir dos dados do SIH – Sistema de Informações Hospitalares sobre número de internações com UTI naquela especialidade e número total das internações na mesma especialidade. 2.3 Estrutura da UTI Uma estrutura de UTI para ser projeta, construída ou modificada, requer um conhecimento das normas e resoluções disponibilizadas pelos órgãos regulamentadores e experiência dos profissionais de terapia intensiva, que estão familiarizados com as necessidades específicas da população de pacientes Revisões periódicas devem ser consideradas na medida que a prática da terapia intensiva evolui. (MALTA e NISHIDE, 2019 apud WEDEL et al, 1985) 12 O projeto deve ser acompanhado por um grupo multidisciplinar de profissionais que tanto vivenciam e atuam em ambiente de UTI, quanto entendem das normas e resoluções para construção de um espaço desses: enfermeiros, médicos, arquiteto principal, administrador hospitalar e engenheiros. (MALTA e NISHIDE, 2019 apud PIERGEORGE, CESERANO e CASANOVA, 1983) Esse grupo deve avaliar a demanda esperada da UTI baseado na avaliação dos pontos de fornecimento de seus pacientes, nos critérios de admissão e alta, e na taxa esperada de ocupação. Além dessa demanda é necessária a análise dos recursos médicos, pessoal de suporte (enfermagem, fisioterapia, nutricionista, psicólogo e assistente social) e pela disponibilidade dos serviços de apoio (laboratório, radiologia, farmácia e outros). (MALTA e NISHIDE, 2019 apud TASK,1991) O Ministério da Saúde publicou, em 2002, uma RDC – Resolução da Direção Colegiada nº 50 que “Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. ” (BRASIL, 2002). Essa RDC instrui sobre os projetos para a construção, complementação, reforma ou ampliação de uma edificação ou conjunto de edificações serão desenvolvidos, basicamente, em três etapas: estudo preliminar, projeto básico e projeto executivo. (BRASIL, 2002). O desenvolvimento consecutivo dessas etapas terá, como ponto de partida, o programa de necessidades (físico-funcional) do EAS onde deverão estar definidas as características dos ambientes necessários ao desenvolvimento das atividades previstas na edificação. (BRASIL, 2002) Resumidamente, temos: UNIDADE / AMBIENTE DIMENSIONAMENTO QUANTIFICAÇÃO (min.) DIMENSÃO (min.) Internação intensiva UTI / CTI É obrigatória a existência em hospitais terciários e em secundários com cap. ≥ 100 L., bem como nos especializados 13 que atendam pacientes graves ou de risco e em EAS (Estabelecimento Assistencial de Saúde) que atendam gravidez /parto de alto risco. Neste último caso o EAS deve dispor de dispor de UTIs adulto e neonatal. Posto de enfermagem / área de serviço de enfermagem. Um para cada área coletiva ou conjunto de quartos, independente do nº de leitos. Ao menos um dos postos (quando houver mais de um) deve possuir 6,0 m². Área para prescrição médica 1,5 m Quarto (isolamento ou não) Mínimo de 5 leitos podendo existir quartos ou áreas coletivas, ou ambos a critério do EAS. O nº de leitos de UTI deve corresponder a no mínimo 6% do total de leitos do EAS. 10,0 m² com distância de com distância de 1 m entre paredes e leito, exceto cabeceira e pé do leito = 1,2 m. Área coletiva de tratamento (exceto neonatologia ) Deve ser previsto um quarto de isolamento para cada 10 leitos de UTI, ou fração. 9,0 m² por L. com distância de 1 m entre paredes e L., exceto cabeceira, de 2 m entre L. e pé do L.= 1,2 m (o espaço destinado a circulação da unidade pode estar incluído nesta distância) Sala de higienização e preparo de equip./ mat. Dispensável se esta atividade ocorrer na CME 4,0 m²com dim. mínima = 1,5 m Sala de entrevistas 6,0 m² Fonte: adaptado de Arq° Flávio de Castro Bicalho Ambientes de apoio: Sala de utilidades Sala de espera para acompanhantes e visitantes 14 Quarto de plantão Secretaria Rouparia Depósito de material de limpeza Depósito de equipamentos e materiais Copa Banheiro para quarto de plantão Sanitários com vesti rios com vestiários para rios para funcionários. (masculino e feminino) Sanitário para pacientes (geral). Pode ser substituído, quando se fizer uso de quartos individuais, por equipamento ou bancada contendo lavatório e bacia sanitária juntos. * - Área de estar para equipe de saúde * -Sanitário para público (junto à sala de espera) 3 GESTÃO DE ENFERMAGEM EM UTI PEDIÁTRICA Fonte: idgt.org.br A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um espaço no qual se convive com pacientes em estado grave e que muitas vezes estão em risco iminente de morte. (BRAGA et al, 2015). 15 A rotina e as atividadesdesempenhadas em uma Unidade de Tratamento Intensivo – UTE é complexo e intenso, devendo o enfermeiro estar preparado para a qualquer momento, atender pacientes com alterações hemodinâmicas importantes, as quais requerem conhecimento específico e grande habilidade para tomar decisões e implementá-las em tempo hábil. Portanto, a atuação do enfermeiro nessa rotina de cuidados, desempenha importante papel no âmbito da Unidade de Terapia Intensiva. (VARGAS E BRAGA, 2007) Para Braga et al (2015) enfermagem possui multifunções que abrange, primordialmente, a função de cuidar e de administrar, além de organizar, controlar e favorecer as práticas de cuidado. Quando se trata do trabalho exercido pelo enfermeiro intensivista, ele é cercado por múltiplas demandas de atenção “decorrentes da complexidade do cuidado prestado, do próprio ambiente de trabalho e das exigências provenientes, tanto da prestação de cuidado aos pacientes quanto da própria instituição de saúde” (apud SANTOS, 2007) O Cuidado Intensivo dispensado a pacientes críticos, torna-se mais eficaz quando desenvolvido em unidades específicas, que propiciam recursos e facilidades para a sua progressiva recuperação (VARGAS e BRAGA, 2007 apud GOMES, 1988) Com relação ao ambiente das Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP), Braga et al (2015) esclarece que “são desenhadas para proporcionar cuidados e tratamentos complexos para as crianças criticamente enfermas. Possuem recursos humanos, máquinas, equipamentos e dispositivos complexos para cumprir esses objetivos. ” Especificamente no que diz respeito aos recursos humanos, profissionais se organizam em um trabalho interdisciplinar e especializado para oferecer adequada assistência às crianças e familiares durante a internação (BRAGA et al, 2015). 3.1 Critérios de prioridade para admissão em UTI O CFM – Conselho Federal de Medicina, publicou no DOU – Diário Oficial da União a Resolução 2.156/16, que define os critérios para admissão de pacientes em UTI visando nortear as decisões na seleção de pacientes para 16 ocupação desses leitos. Esses critérios foram baseados em princípios científicos éticos para orientar e nortear quanto a eleger quais pacientes devem ser ou não, internados na UTI, de acordo com seu quadro. (AMIB, 2016) Segundo o CFM, as prioridades para admissão são: (AMIB,2016) 1. Pacientes que necessitam de intervenções de suporte à vida, com alta probabilidade de recuperação e sem nenhuma limitação de suporte terapêutico. 2. Pacientes que necessitam de monitorização intensiva, pelo alto risco de precisarem de intervenção imediata, e sem nenhuma limitação de suporte terapêutico. 3. Pacientes que necessitam de intervenções de suporte à vida, com baixa probabilidade de recuperação ou com limitação de intervenção terapêutica. 4. Pacientes que necessitam de monitorização intensiva, pelo alto risco de precisarem de intervenção imediata, mas com limitação de intervenção terapêutica. 5. Pacientes com doença em fase de terminalidade, ou moribundos, sem possibilidade de recuperação. Em geral, esses pacientes não são apropriados para admissão na UTI (exceto se forem potenciais doadores de órgãos). No entanto, seu ingresso pode ser justificado em caráter excepcional, considerando as peculiaridades do caso e condicionado ao critério do médico intensivista. Fonte: AMIB,2016 3.2 Referencial quantitativo para equipe de enfermagem O Cofen – Conselho Federal de Enfermagem, elaborou a Resolução 543/2017 que estabelece os parâmetros mínimos para dimensionar o quantitativo de profissionais de enfermagem, em suas diferentes categorias, nos locais onde irão atuar. (COFEN,2017) Dentre os critérios e requisitos estabelecidos, essa resolução determina: Art. 3º O referencial mínimo para o quadro de profissionais de enfermagem, para as 24 horas de cada unidade de internação (UI), 17 considera o SCP, as horas de assistência de enfermagem, a distribuição percentual do total de profissionais de enfermagem e a proporção profissional/paciente. Para efeito de cálculo, devem ser consideradas: I – como horas de enfermagem, por paciente, nas 24 horas: 1) 4 horas de enfermagem, por paciente, no cuidado mínimo; 2) 6 horas de enfermagem, por paciente, no cuidado intermediário; 3) 10 horas de enfermagem, por paciente, no cuidado de alta dependência (2); 4) 10 horas de enfermagem, por paciente, no cuidado semi-intensivo; 5) 18 horas de enfermagem, por paciente, no cuidado intensivo. II – A distribuição percentual do total de profissionais de enfermagem, deve observar: a) O SCP e as seguintes proporções mínimas: 1) Para cuidado mínimo e intermediário: 33% são enfermeiros (mínimo de seis) e os demais auxiliares e/ou técnicos de enfermagem; 2) Para cuidado de alta dependência: 36% são enfermeiros e os demais técnicos e/ou auxiliares de enfermagem; 3) Para cuidado semi-intensivo: 42% são enfermeiros e os demais técnicos de enfermagem; 4) Para cuidado intensivo: 52% são enfermeiros e os demais técnicos de enfermagem. III – Para efeito de cálculo devem ser consideradas: o SCP e a proporção profissional/paciente nos diferentes turnos de trabalho respeitando os percentuais descritos na letra “a” do item II: 1) cuidado mínimo: 1 profissional de enfermagem para 6 pacientes; 2) cuidado intermediário: 1 profissional de enfermagem para 4 pacientes; 3) cuidado de alta dependência: 1 profissional de enfermagem para 2,4; 4) cuidado semi-intensivo: 1 profissional de enfermagem para 2,4; 5) cuidado intensivo: 1 profissional de enfermagem para 1,33. 3.3 Atribuições da equipe de enfermagem em UTI O enfermeiro é responsável pela assistência na avaliação, sendo que o resultado desta avaliação implica muitas vezes na decisão sobre a assistência no dia seguinte. Portanto se no decorrer do dia houver falhas em uma decisão, isto ocasionará uma situação grave. Portanto, nesse campo, os enfermeiros têm profundo conhecimento das necessidades dos pacientes no que abrange o processo patológico e suas consequências. (VARGAS e BRAGA, 2007 apud KURCGANT,1991). Para se atuar em um UTI o profissional precisa ter um conhecimento profundo e científico em vários aspectos. O papel do enfermeiro na UTI abrange obter a história do paciente, fazer exame físico, executar tratamento, aconselhando e ensinando a manutenção da saúde e orientando os enfermos para uma continuidade do tratamento e medidas. Além da assistência voltada ao 18 paciente, ao enfermeiro compre coordenar e gerencias a equipe de enfermagem, sendo que isto não significa distribuir tarefas e sim o conhecimento de si mesmo e das individualidades de cada um dos componentes da equipe. (VARGAS e BRAGA, 2007 apud HUDAK e GALLO, 1997) Conforme estabelecido pela lei do exercício profissional 7.498/86, DE 25 de Junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências, as atribuições da equipe de Enfermagem em UTI são definidas em: (COFEN, 1986) ENFERMEIRO COORDENADOR Normatizar e fazer cumprir as normas e rotinas na unidade de terapia intensiva, de forma democrática, mantendo-as sempre atualizadas e disponíveis à equipe e estudantes; Participar, em conjunto com a Coordenação de Enfermagem, na seleção dos técnicos de que irão compor o quadro da equipe de enfermagem da Semi- intensiva; Confeccionar escala mensal do pessoal de Enfermagem Auxiliar/Técnico e Enfermeiro; Confeccionar escala anual de férias da equipe de enfermagem; Integrar a Semi-intensiva com os demais serviços da instituição, priorizando a ética profissional e zelando pelo trabalho multiprofissional; Assessorar a direção do hospital nos assuntos referentes à sua área de atribuição; Manter a equipe de enfermagem atualizada, organizando ciclos de atualizações, em consonância com a equipeMédica e registrando informes em livro de relatório; Convocar e presidir reuniões com funcionários do setor, registrando cuidadosamente todos os assuntos discutidos em livro ata destinado exclusivamente a este fim; Organizar, incentivar e participar de confraternizações em datas especiais e aniversários, de todos os membros da equipe; Encaminhar comunicações de troca à coordenação de Enfermagem seguindo sempre as determinações desta; 19 Prever e prover os recursos materiais, garantindo uma assistência adequada, sem quebra da continuidade, registrando pendências ou problemas relacionados no livro de relatório; Supervisionar o adequado uso dos recursos materiais; Coordenar, supervisionar e avaliar periodicamente as atividades da equipe de enfermagem; Supervisionar a arrumação do armário de reserva de medicamentos e materiais; Supervisionar manutenção preventiva e limpeza de equipamentos de reserva; Controlar saída e recebimento de materiais para manutenção ou reposição; Manter lista de equipamentos existentes na unidade devidamente atualizada; Zelar pela garantia da sistematização da assistência de enfermagem; Providenciar a realização de exames complementares a serem realizados fora da instituição; Ter resolubilidade frente aos problemas detectados para o bom funcionamento da unidade; Fazer censo mensal; Realizar relatório, anualmente e sempre que necessário, para a Coordenação de Enfermagem, documentando fatos, atividades e desempenho anual, sugerindo atitudes em conformidade com a equipe de enfermagem; Estimular, facilitar e participar da elaboração de trabalhos científicos; Zelar pela manutenção de comportamento ético, juntamente com todos os membros da equipe, frente a familiares e funcionários de outros setores do hospital; Coordenar e supervisionar estágios de profissionais de saúde no seu serviço; Prestar assistência direta ao paciente conforme necessidade do mesmo. ENFERMEIRO ASSISTENCIAL Realizar escala diária dos técnicos de enfermagem, para o período posterior; Participar, em conjunto com o Enfermeiro Coordenador, no processo de avaliação dos técnicos do setor, e da seleção de novos funcionários; Participar do processo de integração, junto aos demais serviços da instituição, priorizando a ética profissional e zelando pela unidade profissional; Colaborar com a atualização dos profissionais que compõem a equipe de enfermagem; Participar de reuniões, sempre que convidado; Primar pela continuidade da passagem de plantão de forma sistematizada; 20 Realizar a evolução e prescrição de enfermagem de forma completa, precisa e legível; Comandar, supervisionar e avaliar as atividades desenvolvidas pela equipe de técnicos de enfermagem no cuidado diário prestado aos clientes; Prestar assistência de enfermagem de forma sistematizada; Prestar cuidados diretos ao cliente, de maior complexidade técnica, que exijam conhecimento científico e capacidade de tomar decisões imediatas, com observância à legalização das ações e rotinas institucionais; Manter familiares atualizados acerca da evolução clinica, com base nos princípios do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem; Esclarecer aos clientes dúvidas e indagações necessárias; Supervisionar e observar a realização de controles gerais, a cada 02 (duas) horas, ou antes, se necessário através da equipe de técnicos de enfermagem e/ou, estudantes, sistematicamente: 1) Temperatura; 2) Frequência cardíaca; 3) Frequência respiratória; 4) Pressão arterial; 5) Pressão Venosa Central (a cada 04 horas), em clientes com acesso venoso central, e quando necessário; 6) Líquidos infundidos via parenteral; 7) Líquidos infundidos via enteral; 8) Líquidos eliminados; 9) Oximetria de pulso. Providenciar a realização de exames complementares solicitados para o cliente; Supervisionar e checar os aparelhos em uso e carro de emergência a cada período de trabalho e após uso diante de intercorrências; Fechar censo diário à meia noite e abrir censo do dia seguinte; Manter atualizado o livro de registro de clientes; Realizar relatório diário das ocorrências do plantão; Participar, estimular, colaborar e realizar trabalhos científicos; Controlar entorpecentes; Testar os aparelhos a cada período de trabalho e a cada preparo para utilização: desfibriladores; respiradores; eletrocardiograma; oxímetros; Preparar e administrar medicamentos, atentando para possíveis efeitos adversos; 21 Zelar pela manutenção de comportamento ético, juntamente com todos os membros da equipe, frente a familiares e funcionários de outros setores do Hospital; Prover o setor de recursos materiais quando necessários; Prestar orientações após alta dos clientes; Orientar e supervisionar os visitantes quanto à lavagem das mãos e cumprimento de medidas de controle de infecção hospitalar. AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM Assistir e passar plantão de forma sistematizada; Prestar assistência integral ao cliente, sob supervisão do enfermeiro; Fazer controle geral do cliente a cada duas horas, comunicando ao enfermeiro ou ao médico intensivista quaisquer alterações; Auxiliar o enfermeiro na assistência ao cliente grave; Executar prescrições de enfermagem; Participar ativamente no processo de admissão de clientes, conforme rotina; após alta do cliente, por transferência ou óbito: Retirar materiais utilizados e encaminhá-los ao expurgo, colocando-os em recipiente adequado para encaminhamento a CME: Solicitar ao funcionário da higienização a limpeza do leito; Arrumar o leito; Encaminhar os pertences do cliente à família, ou, em caso de transferência, encaminhar pertences e medicação a unidade receptora, juntamente com exames de RX e tomografia; Manter a organização do setor; Realizar desinfecção das lâminas do laringoscópio, após o seu uso, e repô-las à bandeja; Controlar materiais, repondo quando utilizado; Observar os aparelhos em uso, a cada período de trabalho; Cumprir escalas mensal e diária; Manter comportamento ético junto aos membros da equipe, familiares e outros setores do hospital; Respeitar hierarquia; Participar das reuniões, quando convidado; Colaborar, incentivar e participar das confraternizações em datas especiais e aniversários; 22 Encaminhar os materiais utilizados no período para CME, a fim de serem esterilizados; Buscar materiais esterilizados na CME e arrumá-los nos armários específicos; Responsabilizar-se, conforme escala, pelos encaminhamentos, controle e arrumação dos materiais estéreis, obedecendo ao fluxo: CME-UNIDADE-CME. 4 A ADMISSÃO DE CRIANÇA NA UTI PEDIÁTRICA Fonte: nutritotal.com.br A admissão do paciente na UTI, é o ato de admitir pacientes para ocupar um leito hospitalar por um período no mínimo de 24 horas, devendo ser recebido por um profissional de enfermagem da unidade, que prestará todos os cuidados referentes ao ato da internação e o encaminhará ao leito. (SANTOS et al, 2017) Essa primeira etapa é fundamental para se estabelecer os cuidados e a assistência que será dispensada ao paciente, através do conhecimento de sua patologia e as condições em que o mesmo se encontra para internação. Algumas orientações e objetivos, auxiliam para nortear essa admissão: (SANTOS et al, 2017) Receber a criança e o familiar transmitindo gentileza e cordialidade; Aliviar as tensões causadas por uma internação hospitalar; Colher as primeiras informações acerca da criança; Ambientar criança e responsável, de modo a facilitar a adaptação ao ambiente hospitalar; 23 Traçar o plano inicial dos cuidados de enfermagem MATERIAIS A SEREM UTILIZADOS Prontuário e exames pré-existentes; Aparelho de PA; Estetoscópio; Termômetrodigital; Balança digital de bebê ou de adulto (dependendo da idade da criança); Caneta; Papel; Antropômetro vertical ou Régua antropométrica ou Régua fixa na parede (dependendo da idade da criança); Material para banho de leito, ou de imersão (dependendo da idade e das condições de saúde da criança); Roupas próprias para idade da criança PROCEDIMENTOS A SEREM REALIZADOS 1. Higienizar as mãos; 2. Identificar a criança com pulseira colocada preferencialmente em pulso direito, constando nome completo da criança, nome completo da mãe, data de nascimento e prontuário; 3. Providenciar as aferições de peso, estatura, TPR e PA, conforme POPs para cada procedimento; 4. Aferir perímetros: cefálico, torácico e abdominal, em caso de crianças com até 05 anos de idade; 5. Encaminhar ao banho de aspersão ou imersão caso condições da criança permitam; 6. Providenciar banho no leito em caso de impossibilidade de banho de aspersão ou imersão; 7. Encaminhar a criança ao leito já arrumado para a sua admissão; 8. Apresentá-los as demais crianças internadas na enfermaria; (Quando a condição da mesma permitir) 9. Orientar a criança de acordo com sua idade e ao responsável as normas e rotinas do hospital, tais como: horário de visitas; uso da televisão; recreação 24 e repouso; (Quando a condição da mesma permitir, caso não, orientar aos responsáveis) 10. Orientar quanto à localização das instalações sanitárias, horário de alimentação, localização do refeitório para as refeições do acompanhante e o horário máximo de entrar na enfermaria para o acompanhamento da criança no horário noturno. (Bem como as demais atividades e rotinas do hospital, no que concerne ao acompanhante enquanto estiver no hospital) 11. Colocar- se a disposição para esclarecimentos das dúvidas e auxílio no que for necessário; 12. Apresentar a equipe de plantão identificando todos os profissionais de saúde; 13. Identificar o leito da criança; 14. Providenciar os registros constando todos os dados encontrados no exame físico, evolução de enfermagem, aferição de perímetros, TPR e PA; 15. Aprazar a prescrição médica e encaminhar à farmácia; 16. Comunicar a nutrição a admissão da criança; 17. Iniciar tratamento prescrito, de acordo com as prioridades do estado da criança; 18. Registrar no Censo Hospitalar; 19. Registrar no Livro de Admissões, transferências e altas da enfermaria Fonte: adaptado de SANTOS et al, 2017 4.1 Critérios para admissão do paciente em UTI. O CFM – Conselho Federal de Medicina, elaborou uma resolução – Resolução CFM nº 2.156/2016 – que estabelece os critérios para alta e admissão do paciente em Unidade de Terapia Intensiva. Essa resolução tem o intuito de orientar quanto a decisão de internar o paciente ou não em uma UTI, visto que a realidade do Brasil mostra que não há quantidade de leitos suficientes para toda a população. Portanto são necessários critérios para definir quais pacientes devem ser tratados na UTI de forma que sua melhora e consequente alta, seja eficaz. Conforme descrito na Resolução nº 2.156/2016 (CFM,2016), os critérios para admissão são: 25 Art. 1º As admissões em unidade de tratamento intensivo (UTI) devem ser baseadas em: I) diagnóstico e necessidade do paciente; II) serviços médicos disponíveis na instituição; III) priorização de acordo com a condição do paciente; IV) disponibilidade de leitos; V) potencial benefício para o paciente com as intervenções terapêuticas e prognóstico Art. 3º As solicitações de vagas para unidade de tratamento intensivo (UTI) deverão ser justificadas e registradas no prontuário do paciente pelo médico solicitante. Art. 4º A admissão e a alta do paciente da unidade de tratamento intensivo (UTI) devem ser comunicadas à família e/ou responsável legal. Art. 5º São considerados critérios de admissão em unidade de tratamento intensivo (UTI) instabilidade clínica, isto é, necessidade de suporte para as disfunções orgânicas, e monitoração intensiva. 5 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À CRIANÇA INTERNADA Fonte: szpilman.com 5.1 Suporte ventilatório O gerenciamento seguro das vias aéreas é essencial para garantir a viabilidade anestésica e, em casos de insuficiência respiratória de difícil tratamento, pode salvar a vida do paciente. Assim, a falha no reconhecimento e 26 o manejo inadequado da via aérea podem ter consequências desastrosas. (LA TORRE et al, 2015) Para Matsumoto e Carvalho (2007), as principais indicações para intubação traqueal em pediatria: Estão nas situações de emergência, tais como parada cardiorrespiratória, insuficiência respiratória, hipoventilação, choque, coma, pós-operatório e politraumatismo. A intubação traqueal também pode ser utilizada para controle da ventilação (PaCO2) e para administração de medicamentos como o surfactante e aqueles indicados na parada cardiorrespiratória. Podemos considerar que todo paciente que necessita de suporte ventilatório através de ventilação pulmonar mecânica tem indicação de intubação traqueal. A ventilação em pacientes pediátricos cujo quadro apresenta esforço respiratório a VOF – Via Aérea Orofaríngea é uma forma benéfica, a qual também é conhecida como Cânula de Guedel. (MACHADO, 2019) Fonte: edisciplinas.usp.br Permeabilização das vias aéreas As vias aéreas da criança diferem da do adulto e sofrem alterações significativas desde o nascimento até a idade escolar. (MATSUMOTO e CARVALHO, 2007) Via aérea mais estreita e curta 27 Língua grande em relação à orofaringe Laringe cefalizada Área cricóide estreita Matsuno (2012), descreve sobre os procedimentos para realização da permeabilização das vias aéreas: 1) Posicionamento: Pode ocorrer obstrução de vias aéreas pelo posicionamento inadequado da cabeça devido à flexão do pescoço e, em crianças sonolentas ou inconscientes, em decorrência de relaxamento da mandíbula, deslocamento posterior da língua em direção à parede posterior da faringe e colapso da hipofaringe. Por isso, é importante que se posicione corretamente a cabeça da criança, de forma a alinhar os eixos oral, traqueal e faríngeo. Esta posição é adquirida colocando-se um coxim em baixo dos ombros (crianças < 2 anos) para evitar flexão do pescoço ou um coxim abaixo do occipício (a partir de 2 anos), alinhando-se a parte anterior do ombro com o meato auditivo. 28 Fonte: edisciplinas.usp.br Fonte: edisciplinas.usp.br 2) Aspiração: Se necessário, deve-se fazer a limpeza das vias aéreas por meio da aspiração de secreção, muco ou sangue. 3) Abertura das vias aéreas: Realiza-se a abertura das vias aéreas com manobra manual de inclinação da cabeça e elevação do queixo. Se houver suspeita de lesão de coluna cervical, deve-se elevar a mandíbula, sem inclinação da cabeça; caso esta manobra não seja efetiva, pode-se fazer uma leve extensão da cabeça, pois a abertura das vias aéreas é prioridade. 29 Fonte: repositorio.esenfc.pt Fonte: edisciplinas.usp.br 4) Dispositivos adicionais: Em situações onde os procedimentos e manobras anteriores não forem efetivas, alguns dispositivos podem ser utilizados para ajudar a permeabilizar as vias aéreas, tais como: a cânula orofaríngea e a cânula nasofaríngea. 30 Cânula orofaríngea ou de Guedel Pode ser usada em pacientes inconscientes e serve para aliviar a obstrução causada pela língua. A cânula deve ser de tamanho adequado, ou seja, deve preencher a distância desde o canto da boca até a porção cefálica do ângulo da mandíbula. Cânula nasofaríngea Pode ser usada em crianças conscientes, com reflexo de tosse intacto, e em crianças com comprometimento do nível de consciência apresentando diminuição dos tônus faríngeos ou da coordenação, que causam obstrução dasvias aéreas superiores. O tamanho adequado do comprimento da cânula é aproximadamente a distância entre a ponta do nariz até o lóbulo da orelha, e seu diâmetro externo não deve ser volumoso a ponto de empalidecer as aletas nasais Fonte: adaptado de Matsuno, 2012 Cânula orofaríngea ou de Guedel: Fonte: portaldomedico.com 31 Fonte: portaldomedico.com Cânula nasofaríngea Fonte: misodor.com Oxigenação e ventilação Sobre a oxigenação e ventilação do paciente, Matsuno (2012) diz: A oferta e a demanda de oxigênio estão comprometidas em qualquer situação de enfermidade grave (p.ex., insuficiência respiratória, choque ou trauma). Portanto, nestas situações, deve-se sempre fornecer oxigênio após a permeabilização das vias aéreas. Quando se administra oxigênio a uma criança consciente, ela pode agitar com a colocação de dispositivos sobre a face, como cânulas ou máscaras, e desta forma, piorar o desconforto respiratório. Se isso ocorrer, deve-se colocar a criança em posição confortável junto aos pais ou, eventualmente, trocar a técnica de fornecimento de oxigênio. Se as vias aéreas estiverem pérvias e a ventilação espontânea for efetiva, pode-se administrar oxigênio por meio de numerosos dispositivos. A 32 escolha do sistema de oferta de O2 é determinada pelo estado clínico da criança e pela concentração desejada de oxigênio. Dispositivos de fornecimento de oxigênio: Podem ser divididos em sistemas de baixo fluxo e de alto fluxo. SISTEMAS DE BAIXO FLUXO Máscara simples de oxigênio: Fluxos de O2 de 6 a 10 L/min fornecem 35-60% de oxigênio, devido à entrada de ar pelos orifícios laterais de escape (aberturas de exalação). A concentração será reduzida se a necessidade de fluxo inspiratório for alta, a máscara estiver solta ou o fluxo fornecido for muito baixo. Cânula ou cateter nasal: Dispositivo adequado para crianças que requerem baixas concentrações de oxigênio suplementar. A concentração de oxigênio fornecida depende da frequência respiratória, do esforço e do tamanho corporal; quanto menor a criança, maior a quantidade de oxigênio fornecida relativa ao fluxo. A concentração de oxigênio também depende de outros fatores, como a resistência nasal e de orofaringe, o volume corrente, o fluxo inspiratório e o tamanho da nasofaringe. O fluxo máximo de O2 utilizado por este dispositivo é de 4 L/min; fluxos maiores podem provocar irritação da nasofaringe. SISTEMAS DE ALTO FLUXO Tenda facial: É um compartimento plástico flexível que pode ser mais tolerado do que a máscara facial, mesmo com altos fluxos de oxigênio (10 a 15 L/min). As concentrações de oxigênio, porém, não ultrapassam 40%. Uma das vantagens desta tenda é que permite o acesso para aspiração de vias aéreas sem interrupção do fluxo Capacete ou capuz de oxigênio: Invólucro de plástico transparente que abrange a cabeça do paciente. Bem tolerado em lactentes pequenos abaixo de 1 ano e permite fácil acesso ao tronco e às extremidades do paciente. Pode-se também controlar a concentração de gás inspirado, sua temperatura e umidade. Fluxos de O2 de 10- 15 L/min fornecem 80 – 90% de concentração de oxigênio. 33 Máscara com reinalação parcial: Consiste em uma máscara com uma bolsa reservatório. Com fluxos de O2 de 10-12 L/min fornece concentração inspirada de 50-60% de oxigênio, pois durante a exalação, uma parte do ar exalado penetra na bolsa reservatório misturando-se com o oxigênio. Máscara não reinalante: Consiste em uma máscara com uma bolsa reservatório e duas válvulas: Uma válvula é incorporada em um ou ambos os orifícios de exalação para evitar a entrada de ar ambiente durante a inspiração, e a outra válvula localiza-se entre a bolsa reservatório e a máscara para evitar fluxo de ar exalado para dentro do reservatório. Assim, uma fração inspirada de oxigênio de 95-100% pode ser atingida com taxa de fluxo de O2 de 10- 15 L/min e o uso de máscara facial bem acoplada à face do paciente. Máscara de Venturi: É um sistema capaz de fornecer concentrações de oxigênio inspirado baixas a moderadas (25-60%). Há um dispositivo na máscara que cria uma pressão subatmosférica e permite a entrada de uma quantidade específica de ar ambiente junto com o O2. Devem-se utilizar os dispositivos adequados e os fluxos de oxigênio indicados de acordo com a concentração de oxigênio desejada Fonte: adaptado de Matsuno, 2012 34 Concentrações e o fluxo de oxigênio de acordo com a cor do conector da Máscara de Venturi: (UNASUS, 2009) Fonte: unasus2.moodle.ufsc.br apud McGloin (2008) 35 Diferenças entre o fluxo e a FiO2 (Fração Inspirada de O2) ofertada de acordo com os diferentes dispositivos: (UNASUS, 2009) Fonte: unasus2.moodle.ufsc.br apud Pruitt e Jacobs (2003) Para Machado (2019 apud SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRA, [2017?]; STONE et al., 2016) A intubação endotraqueal em bebês e crianças é indicada em casos de obstrução da via aérea causada por edema, lesão na traqueia, laringe ou brônquios ou até mesmo devido à presença de corpo 36 estranho. Crianças com insuficiência respiratória apresentam sintomas diferentes, dependendo da etiologia e da idade. Um sintoma clínico precoce e comum em qualquer idade é a taquipneia, porém, tiragens intercostais e subdiafragmática, tiragem de fúrcula, batimento de asa de nariz, dispneia e diminuição ou ausência dos sons respiratórios são comuns a qualquer etiologia no desconforto respiratório. Quando a causa do bloqueio respiratório é ultrapassada pelo tubo endotraqueal, a via aérea do paciente é aberta, preservando a respiração normal. Segundo a American Association for Respiratory Care (AARC), as indicações básicas de oxigenoterapia são: (apud UNASUS, 2009) • PaO2 < 60 mmHg ou Sat O2 < 90 % (em ar ambiente) • Sat O2 < 88% durante a deambulação, exercício ou sono em portadores de doenças cardiorrespiratórias. • IAM • Intoxicação por gases (monóxido de carbono) • Envenenamento por cianeto Manifestações Clínicas de Hipoxemia: (SANCHO, 2009) Leve a Moderada Grave Taquipnéia/Dispnéia Taquipnéia/Dispnéia Palidez Cianose Taquicardia Taquicardia/bradicardia/arritmias Agitação Sonolência Desorientação Confusão mental/tempo de reação lenta Cefaléia Hipertensão e hipotensão eventual Hipertensão leve Perda da coordenação Vasoconstricção periférica Baqueteamento (Hipocratismo digital) Coma Condutas de enfermagem: Segundo URDEN, STACY e LOUGH (2013), o cuidado com o paciente que possui um tubo endotraqueal ou traqueostomia necessita de algumas medidas adicionais para enfrentar os efeitos associados à colocação de tubo no sistema respiratório e outros sistemas. Dentre esses cuidados, as autoras definem algumas prioridades: 37 Fornecer umidificação: A umidificação do ar normalmente é realizada pela camada mucosa do trato respiratório superior. Quando esta área está coberta pelo TET e a cânula de traqueostomia, ou quando é fornecido suplemento de oxigênio, a umidificação por dispositivos externos se faz necessária. Vários dispositivos de umidificação adicionam água ao gás inalado para evitar o ressecamento e irritação do trato respiratório, para evitar a perda excessiva de água no corpo, e para facilitar a remoção de secreção. O dispositivo de umidificação deve fornecer gás inspirado aquecido à temperatura corporal e contendo vapor de água. Proceder a manutenção do cuff (balonete): Como o balonete do tubo TET ou traqueostomia é uma das principais fontes das complicações associadas às vias aéreas artificiais, a adequada manutenção do balonete é essencial. Para prevenir as complicações associadas ao formato do balonete, apenas tubos com balonetes de baixa pressão e alto volume são utilizadosna prática clínica. Mesmo com estes tubos, as pressões que podem ser geradas pelos balonetes são elevadas o sufi ciente para levar à isquemia traqueal e lesões. Balonetes e técnicas de insuflação inadequadas e, ainda, monitoração da pressão do balonete, são fundamentais no cuidado do paciente com uma via aérea artificial. Aspirar: A aspiração é muitas vezes necessária para manter a via permeável com um TET ou traqueostomia. A aspiração é um procedimento estéril que é realizado apenas quando o paciente necessita e não é um procedimento de rotina. Indicações para aspiração incluem tosse, secreções nas vias aéreas respiratórias, presença de dispneia, de roncos na ausculta, aumento dos picos de pressão das vias aéreas no ventilador e diminuição da saturação do oxigênio. Complicações associadas à aspiração incluem a hipoxemia, atelectasia, broncoespasmo, arritmias, aumento da pressão intracraniana e trauma das vias aéreas. A hipoxemia pode ser minimizada ao hiperoxigenar o paciente imediatamente antes de realizar a aspiração com FiO 2 a 100% após cada aspiração. A atelectasia pode ser evitada pelo uso de um cateter de aspiração com um diâmetro externo de menos de metade do diâmetro interno do TET (Tubo Endotraqueal). Usando pressão não superior a 120 mmHg de sucção ocorre redução das chances de hipoxemia, atelectasia e trauma das vias aéreas. Limitar a duração de cada aspiração para dez a 15 segundos e o número de 38 passagens para um máximo de três, também ajuda a minimizar a hipoxemia, trauma das vias aéreas, e arritmias cardíacas. Estabelecer um método de comunicação: Um dos principais fatores de estresse para o paciente com uma via aérea artificial é a comunicação prejudicada. Métodos para facilitar a comunicação nessa população de pacientes incluem o uso da linguagem verbal e não verbal e uma variedade de dispositivos para auxiliar o paciente na comunicação enquanto encontra-se no ventilador. A comunicação não verbal pode incluir o uso da linguagem de sinais, gestos, leitura labial, apontar, expressões faciais, ou piscar os olhos. Alguns dispositivos simples disponíveis incluem lápis e papel; lousas mágicas; placas magnéticas com letras de plástico; imagem, alfabeto, símbolos, placas e cartões brilhantes. Fornecer a higiene oral: Pacientes com vias aéreas artificiais são extremamente suscetíveis ao desenvolvimento de HAP (Pneumonia Hospitalar Adquirida) devido à microaspiração de secreções subglóticas. O cuidado com a higiene oral deve consistir em escovar os dentes do paciente com uma escova macia para reduzir a placa bacteriana, escovação da língua e gengivas com uma compressa de espuma para estimular o tecido, e realização da aspiração orofaríngea profunda para remover quaisquer secreções que se acumularam acima do balonete do paciente. 39 6 SEDAÇÃO E ANALGESIA EM PEDIATRIA Fonte: secad.com.br Em pediatria, quando ocorre queixa de algum tipo de dor por parte do paciente, em consequência de um procedimento, ou pela patologia em si a anestesia geral em crianças resulta na sedação, ou seja, na depressão ou perda de consciência, que pode ser usada para qualquer procedimento que demande relaxamento muscular profundo. Quando se trata de analgesia e sedação, algumas definições são essenciais. Matsuno e Carlotti (2016) descrevem essas definições: Dor: experiência sensorial e emocional desagradável associada a lesões reais ou potenciais. No entanto, cada vez mais tem se caracterizado a dor como tudo aquilo que o paciente refere como dor. Sedação: estado de depressão do nível de consciência induzido por drogas, em diferentes níveis de intensidade. De acordo com as doses administradas e respostas individuais, o resultado varia desde a consciência com leve tranquilidade até a inconsciência. Sedação mínima: estado induzido por drogas durante o qual o paciente responde normalmente ao comando verbal, porém com algum comprometimento na coordenação e funções cognitivas, mantendo preservadas as funções cardiovasculares e respiratórias. 40 Sedação moderada (“sedação consciente”): estado induzido por drogas no qual o paciente responde ao comando verbal com ou sem leve estímulo táctil. A via aérea está preservada bem como a ventilação espontânea. A função cardiovascular está normalmente mantida. Sedação profunda: estado de inconsciência induzido por drogas no qual o paciente não apresenta resposta ao comando verbal e perde os reflexos protetores. Só há resposta a estímulos dolorosos profundos. As funções cardiovasculares estão geralmente mantidas, enquanto que o suporte respiratório é necessário. Anestesia: é um estado induzido por drogas em que há perda total da consciência. Ocorre depressão respiratória e ausência de atividade neuromuscular, sendo mandatório suporte respiratório. As funções cardiovasculares podem estar comprometidas. Analgesia: alívio ou supressão da dor, associada à lesão tecidual real ou potencial. Bloqueio neuromuscular: usado para conseguir relaxamento dos músculos esqueléticos através da abolição ou redução da transmissão nervosa entre nervos motores e músculo esquelético na placa motora. Tolerância: diminuição no efeito da droga com o passar do tempo, ou a necessidade de um aumento na dose do fármaco para obter o mesmo efeito. Abstinência: aparecimento de sintomas e sinais físicos (taquicardia, sudorese, agitação, tremores, febre, entre outros) em resposta à retirada ou à redução abrupta da droga. Dependência física: refere-se à necessidade do organismo em continuar a receber a droga, para evitar os sinais de abstinência 6.1 Avaliação da Dor A necessidade de avaliação e quantificação da dor referida pelo paciente é imprescindível, devendo ser realizada de forma sistemática, contínua, para que seja possível a instalação da terapêutica e avaliação da eficácia da mesma. (BENSEÑOR E CICARELLI, 2003 apud MANICA,1994) 41 Os pacientes internados em UTI, geralmente, apresentam um quadro de dor aguda. Tais quadros podem ser avaliados deforma efetiva e completa através das escalas análogo-visual, numérica-visual e descritiva-verbal. (BENSEÑOR E CICARELLI, 2003) A dor por ser uma condição subjetiva, possui uma avaliação complexa de difícil medição. Para objetivá-la e torna-la passível de medição, foram criadas as escalas de dor. As escalas de dor são instrumentos utilizados e recomendados para pacientes hospitalizados no reconhecimento, quantificação e tratamento da dor, inclusive com escalas específicas para crianças. (SANTOS e MARANHÃO, 2016) Todas as escalas de dor são de difícil utilização em algumas situações clínicas, como nas crianças sedadas, com restrição de movimentos ou submetidas à intubação traqueal. (SANTOS e MARANHÃO, 2016 apud VIANA; DUPAS; PEDREIRA, 2006) Santos e Maranhão (2016) descrevem algumas escalas de dor utilizadas em pediatria: Para crianças maiores de 3 anos de idade, pode ser utilizada a Escala de Avaliação da Dor de Faces, que consiste em seis faces desenhadas, variando desde a face sorrindo para “sem dor”, até a face chorosa para “piora da dor”. (Apud CRESCÊNCIO; ZANELATO; LEVENTHA, 2009) Fonte: scielo.br Escala de Sedação Comfort: tem sido empregada em crianças submetidas à ventilação mecânica para avaliar o grau de sedação. Consideram- se oito parâmetros de desconforto fisiológico ou ambiental. A escala COMFORT avalia oito parâmetros, sendo dois fisiológicos [pressão arterial média (PAM) e frequência cardíaca (FC)] e seis comportamentais (alerta, calma/agitação, resposta respiratória, movimentos, 42 tônus muscular e expressão facial). Cada parâmetro é pontuado de 1 a 5, de acordo com os valores e comportamentos exibidos pelo paciente. A pontuação total varia de 8 a 40, sendo que um escore de 17 a 26 indica, em geral, sedação e analgesia adequados. (CASTRO,2019)Fonte: scielo.br Escala Visual Analógica (EVA): consiste numa linha horizontal ou vertical com 10 cm de comprimento que tem assinalada, numa extremidade, a classificação “sem dor” e, na outra, a classificação “dor máxima”. O paciente deve fazer uma cruz ou um traço perpendicular à linha, no ponto que representa a intensidade de sua dor. Há, por isso, uma equivalência entre a intensidade da dor e a posição assinalada na linha. Mede-se, posteriormente e em centímetros, 43 a distância entre o início da linha, que corresponde a zero, e o local assinalado, obtendo-se, assim, uma classificação numérica. (SANTOS e MARANHÃO, 2016 apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003) Fonte: joinville.sc.gov.br Escala numérica: consiste em uma linha crescente, em que a criança diz se sua dor tem valor igual a zero até 10, sendo que zero corresponde a classificação“ sem dor” e 10 à classificação “dor máxima” (dor de intensidade máxima imaginável) (SANTOS e MARANHÃO, 2016 apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003) Fonte: NASCIMENTO, 2017 44 7 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM SEPSE Fonte: biblioteca.cofen.gov.br Sepse pode ser definida como a resposta sistêmica a uma doença infecciosa, seja ela causada por bactérias, vírus, fungos ou protozoários. Manifestando-se como diferentes estágios clínicos de um mesmo processo fisiopatológico. (COFEN,2020) Por serem quadros patológicos de grande incidência, acometendo milhões de pessoas em todo o mundo, a sepse grave e o choque séptico se igualam aos politraumas, infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular encefálico (AVE) (LIMA e PICANÇO,2016 apud DIAS et al., 2014; DELLING et al., 2012). Com essa situação agravante, foi criado, em 2002, um comitê internacional visando implantar protocolos evidenciados cientificamente, com análise beira do leito, criando a campanha de sobrevivência a sepse, tendo como o objetivo final a redução dos óbitos em 25%. No Brasil este programa é gerenciado pelo Instituto Latino Americano para Estudos da Sepse (ILAS), e tem maior atuação nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). (LIMA e PICANÇO,2016 apud SILVA, 2006; DIAS et al., 2014) A UTI é um local destinado, em sua maioria, a pacientes graves que necessitam de assistência integral e continua. Dessa forma observa-se maior 45 incidência da sepse nesses locais (LIMA e PICANÇO,2016 apud OLIVEIRA; KOVNER; SILVA, 2010). As IRAS - Infecção relacionada à Assistência à Saúde, nas UTIs, vêm tendo um enfoque ainda maior, pois constitui de 24% a 32% das infecções notificadas no âmbito hospitalar no Brasil e 37% a nível mundial pois são pacientes graves, que necessitam da realização de processos invasivos constantemente. Dentre as infecções que podem ocorrer, as que possuem maior prevalência são: do trato respiratório devido à intubação, do trato urinário ocasionado pelo cateter vesical e da corrente sanguínea causada pelo cateter venoso (LIMA e PICANÇO,2016 apud DIAS et al., 2014; PADRÃO et al., 2010). O Instituto Latino Americano de Sepse – ILAS (2018) diz que a sepse é uma síndrome extremamente prevalente, com elevada morbidade e mortalidade e altos custos. A implementação de protocolos clínicos gerenciados é uma ferramenta útil neste contexto, auxiliando as instituições na padronização do atendimento ao paciente séptico, diminuindo desfechos negativos e proporcionando melhor efetividade do tratamento. As definições e os planos de cuidados relacionados as intervenções de enfermagem voltadas ao controle da Sepse, foram fundamentadas nas diretrizes da campanha de sobrevivência a sepse, e fiscalizada pela ILAS, que implementou o pacote de medidas do combate a sepse. Este pacote refere-se a um conjunto de intervenções clínicas baseadas em evidências (LIMA e PICANÇO,2016 apud ILAS,2014) 7.1 Desenvolvimento e características da sepse A sepse foi conhecida pela primeira vez, em 1914, definindo-a com o aparecimento de sinais e sintomas e a presença de micro-organismos na corrente sanguínea. Entretanto atualmente, a sepse define-se como uma síndrome clínica onde a síndrome de resposta infamatória sistêmica (SIRS) está associada à infecção. (BASSI e SAMPAIO, 2017 apud BOECHAT e BOECHAT, 2010) A sepse tem início quando um micro-organismo fica alojado em determinado órgão e se não for combatido, se espalha acometendo vários outros órgãos e até mesmo vasos sanguíneos. Como consequência, desenvolve-se um 46 processo inflamatório em vários vasos e órgãos caracterizando então a sepse, que quando não diagnosticada no início, o paciente tem uma grande chance de evoluir para um estágio avançado da doença. (BASSI e SAMPAIO, 2017 apud PINHEIRO et al, 2007) Fonte: docsity.com Para Lima e Picanço (2016 apud ANDRADE; LEOPOLDO; HASS, 2006) as principais bactérias notificadas nos casos de sepse são: Staphylococcu ssp, coagulase-negativo, Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC), E. Coli, enterobacter spp, bulkoderiacepacia, stenotrophomona smaltrophilia, acineto bacterbaumani, pseudômonas aeruginosa, sheplococus do grupo viridamis e morganela morgani, pois elas são altamente patogênicas devido à resistência aos antibióticos. A sepse é identificada por estadiamentos: (LIMA e PICANÇO, 2016 apud DIAS et al., 2014; DELLING et al., 2012). Primeiro: é definida pela Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SRIS), mais a presença do foco infeccioso; Segundo: a evolução da SRIS para a sepse grave, sendo identificado por disfunção orgânica ou hipoperfusão tecidual; 47 Terceiro: o choque séptico, sendo a sepse grave com hipotensão não revertida após reposição volêmica. (LIMA e PICANÇO, 2016 apud DIAS et al., 2014; DELLING et al., 2012). 7.2 Triagem e definições segundo o ILAS – Instituto Latino Americano para Estudos da Sepse O ILAS (2018) estabeleceu um protocolo com definições e parâmetros para reconhecimento e tratamento da Sepse, que direcionam nas triagens e tratamento dos pacientes. As recomendações contidas neste documento estão baseadas nas diretrizes da Campanha de Sobrevivência a Sepse (SSC, Surviving Sepsis Campaign) e visam o tratamento de pacientes adultos nas unidades de urgência e emergência, nas unidades de internação e nas unidades de terapia intensiva. 48 1. Síndrome da resposta inflamatória sistêmica A síndrome da resposta inflamatória sistêmica é definida pela presença de no mínimo dois dos sinais abaixo: • temperatura central > 38,3º C ou < 36ºC OU equivalente em termos de temperatura axilar; • frequência cardíaca > 90 bpm; • frequência respiratória > 20 rpm, ou PaCO2 < 32 mmHg • leucócitos totais > 12.000/mm³; ou < 4.000/mm³ ou presença de > 10% de formas jovens (desvio à esquerda). A SRIS não faz mais parte dos critérios para definição da presença de sepse mas continua tendo valor como instrumento de triagem para a identificação de pacientes com infecção e, potencialmente, sob risco de apresentar sepse ou choque séptico. 2. Infecção sem disfunção Entende-se como paciente com infecção sem disfunção aquele que, tendo ou não os critérios de SRIS, possui foco infeccioso suspeito ou confirmado (bacteriano, viral, fúngico, etc.) sem apresentar disfunção orgânica. 3. Sepse Presença de disfunção ameaçadora à vida em decorrência da presença de resposta desregulada à infecção As principais disfunções orgânicas são: • hipotensão (PAS < 90 mmHg ou PAM < 65 mmHg ou queda de PA > 40 mmHg) • oligúria (≤0,5mL/Kg/h) ou elevação da creatinina (>2mg/dL); • relação PaO2/FiO2 < 300 ou necessidade de O2 para manter SpO2 > 90%; • contagem de plaquetas < 100.000/mm³ ou redução de 50% no número de plaquetas em relação ao maior valor registrado nos últimos 3 dias; • lactato acima do valor de referência; • rebaixamento do nível de consciência, agitação, delirium; • aumento significativode bilirrubinas (>2X o valor de referência). 49 A presença de disfunção orgânica na ausência dos critérios de SRIS pode representar diagnóstico de sepse. Assim, na presença de uma dessas disfunções, sem outra explicação plausível e com foco infeccioso presumível, o diagnóstico de sepse deve ser feito, e o pacote de tratamento iniciado, imediatamente após a identificação. 4. Choque séptico Segundo a SSC, choque séptico é definido pela presença de hipotensão não responsiva à utilização de fluídos, independente dos valores de lactato. A SSC não adotou o novo conceito de choque, que exige a presença concomitante de lactato acima do valor de referência mesmo após reposição volêmica inicial. Conceitos utilizados pelo Instituto Latino Americano de Sepse na implementação de protocolos gerenciados de sepse: Fonte: Hospital São Luiz do Morumbi A ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária define a sepse como uma resposta sistêmica, sem outra causa reconhecida que não a infecciosa, associada, pelo menos, a dois ou mais dos seguintes sinais e sintomas: instabilidade térmica, bradicardia, apneia, intolerância alimentar, piora do 50 desconforto respiratório, intolerância à glicose, Instabilidade hemodinâmica, hipoatividade e letargia. (BASSI e SAMPAIO, 2017) Os principais sinais e sintomas que o paciente apresentará logo no início da sepse são: Taquicardia > 90 bpm (aumento dos batimentos cardíacos) Temperatura > 38ºC ou < 36ºC e Taquipnéia > 20ipm (aumento da frequência respiratória) Contagem leucocitária >12.000 ou < que 4.000 Acúmulo de ácido lático no organismo. Apresentando dois ou mais desses sinais e sintomas, considera-se esse paciente com suspeita de sepse, iniciando assim o tratamento precoce. Esse tratamento que consiste em administração de antibióticos e a solicitação de exames confirmatórios é realizado na primeira hora, período determinado “ hora de ouro” onde o processo e intervenções devem ser realizadas em até 6 horas após a suspeita, com o intuito de prevenção do agravamento do quadro do paciente. (BASSI e SAMPAIO, 2017) Após identificação do paciente com suspeita de sepse os seguintes passos devem ser cumpridos: 1. Registre o diagnóstico no prontuário ou na folha específica de triagem do protocolo institucional. Todas as medidas devem ser tomadas a partir do momento da formulação da hipótese de sepse. 2. Todos os pacientes com protocolos de sepse abertos devem ter seu atendimento priorizado com o objetivo de otimizar a coleta de exames, o início de antibioticoterapia e a ressuscitação hemodinâmica; 3. Realize anamnese e exame físico dirigidos, com atenção especial aos sinais clínicos de disfunção orgânica; 4. Pacientes com disfunção orgânica grave e ou choque devem ser alocados em leitos de terapia intensiva assim que possível, a fim de garantir o suporte clínico necessário. Caso não seja possível a alocação em leito de terapia intensiva, deve-se garantir o atendimento do paciente de maneira integral, independente do setor em que o mesmo se encontre; 51 5. A ficha do protocolo de sepse deve acompanhar o paciente durante todo o atendimento de tratamento das 6 primeiras horas, a fim de facilitar a comunicação nos pontos de transição entre as equipes de diferentes turnos ou setores e resolver pendências existentes para o atendimento Fonte: ILAS,2018 7.3 Tratamento de Sepse preconizado pelo ILAS Pacote de 1 hora: Para todos os pacientes em que a equipe médica optou por dar seguimento ao protocolo, o pacote de 1 hora deve ser executado. O mesmo é composto dos seguintes itens:(ILAS, 2018) 1. Coleta de exames laboratoriais para a pesquisa de disfunções orgânicas: gasometria e lactato arterial, hemograma completo, creatinina, bilirrubina e coagulograma. 2. Coleta de lactato arterial o mais rapidamente possível, mas dentro da primeira hora, que deve ser imediatamente encaminhado ao laboratório, afim de se evitar resultado falsos positivos. O objetivo é ter resultado deste exame em 30 minutos. 3. Coleta de duas hemoculturas de sítios distintos em até uma hora, conforme rotina específica do hospital, e culturas de todos os outros sítios pertinentes (aspirado traqueal, líquor, urocultura) antes da administração do antimicrobiano. Caso não seja possível a coleta destes exames antes da primeira dose, a administração de antimicrobianos não deverá ser postergada; 4. Prescrição e administração de antimicrobianos de amplo espectro para a situação clínica, por via endovenosa, visando o foco suspeito, dentro da primeira hora da identificação da sepse. A utilização de antimicrobianos deve seguir a orientação do serviço de controle de infecção hospitalar da instituição, que deverá definir com o corpo clínico local as recomendações para o tratamento empírico conforme o foco de infecção identificado e a característica da infecção, comunitária ou associada a assistência à saúde. 5. Princípios de farmacocinética e farmacodinâmica devem ser seguidos por todas as instituições. Todas as recomendações visando otimização da terapia antimicrobiana devem ser feitas com auxílio do farmacêutico e da 52 enfermagem e estarem amplamente disponíveis para todos os profissionais. As principais recomendações estão listadas: Utilizar dose máxima para o foco suspeito ou confirmado, com dose de ataque nos casos pertinentes, sem ajustes para a função renal ou hepática. As doses devem ser plenas visando otimização da redução da carga bacteriana ou fúngica. Embora seja discutível, pode-se manter doses sem ajuste para função renal pelas primeiras 24 horas. Isso é de suma importância para os antimicrobianos hidrofílicos dado ao aumento do volume de distribuição dos mesmos em decorrência da ressuscitação volêmica. Atentar para a diluição adequada de forma a evitar incompatibilidade e concentração excessiva. Utilizar a infusão estendida de antibióticos betalactâmicos como piperacilina-tazobactam e meropenem, com exceção da primeira dose, que deve ser administrada, em bolus, o mais rápido possível. Utilizar terapia combinada, com duas ou três drogas, quando existir suspeita de infecção por agentes multidrogas resistentes. Considerar o uso de diferentes classes de antibióticos, para um mesmo agente, em pacientes com choque séptico. Restringir o espectro antimicrobiano quando o patógeno for identificado e a sensibilidade conhecida; terapia combinada pode ser de-escalonada conforme evidência de resposta clínica ou resolução da infecção. 6. Para pacientes hipotensos (PAS< 90mmHg, PAM <65mmHg ou, eventualmente, redução da PAS em 40mmHg da pressão habitual) ou com sinais de hipoperfusão, entre eles níveis de lactato acima de duas vezes o valor de referência institucional (hiperlactemia inicial), deve ser iniciada ressuscitação volêmica com infusão imediata de 30 ml/Kg de cristaloides dentro da 1ª hora do diagnóstico da detecção dos sinais de hipoperfusão. Embora classicamente não sejam considerados com parte do pacote de ressuscitação, sinais de hipoperfusão podem incluir oligúria, presença de livedo, tempo de enchimento capilar lentificado e alteração do nível de consciência. Coloides proteicos, albumina ou soro albuminado, podem fazer parte dessa reposição inicial. O uso de amidos está contraindicado, pois está associado a aumento da incidência de 53 disfunção renal. Esse volume deve ser infundido o mais rápido possível, considerando-se as condições clínicas de cada paciente. Pacientes cardiopatas podem necessitar redução na velocidade de infusão, conforme a presença ou não de disfunção diastólica ou sistólica. Nos casos em que foi optado por não realizar reposição volêmica, parcial ou integralmente, após avaliação de fluido responsividade, esta decisão deve estar adequadamente registrada no prontuário. Nesses pacientes,
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