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PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Processos de fabricação Tecnologia da USINAGEM DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE HÁ DUAS CAUSAS PARA TROCA DA ARESTA DE CORTE DE UMA FERRAMENTA DE USINAGEM: I) Ocorrência de uma avaria Trinca Lasca Quebra II) O desgaste ou deformação atingir proporções elevadas que possa comprometer a qualidade do processo. DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE Mapa de desgaste DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE • Estágio I: ocorre nos primeiros instantes de corte, quando o desgaste apresenta uma taxa decrescente (a tangente à curva apresenta ângulos de inclinação decrescentes). • Nesse estágio, a ferramenta sofre um desgaste acelerado, natural de adequação ao sistema tribológico envolvido. • Acomodação da cunha cortante ao processo. DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE • Estágio II: caracteriza-se por uma taxa de desgaste constante ao longo do tempo (a tangente à curva apresenta ângulo de inclinação constante). • A ferramenta já se encontra totalmente adequada ao processo e os mecanismos específicos de desgastes operam a uma taxa constante. DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE • Estágio III: acontece o início de uma aceleração no desgaste, aumentando acentuadamente a taxa (a tangente à curva apresenta ângulos de inclinação crescentes) e promovendo, em curto espaço de tempo, a quebra da ferramenta, caso o corte tenha continuidade dentro desse estágio. • O desgaste atinge níveis tão elevados que as temperaturas e tensões envolvidas irão promover, eventualmente, o colapso da ferramenta. DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE CORTE CONTÍNUO No corte contínuo são raras as situações de avarias a menos que: ✓ Condições de corte abusivas sejam utilizadas; ✓ Os parâmetros selecionados sejam inapropriados para a geometria ou material da ferramenta; ✓ A ferramenta possa apresentar alguma falha prévia como defeito de fabricação, trincas não visíveis, etc... DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE CORTE INTERROMPIDO ▪ As avarias podem ocorrer devido aos choques mecânicos na entrada ou saída da ferramenta da peça ou ainda por choques térmicos (ou fadiga térmica), em consequência da flutuação cíclica da temperatura. ▪ O desgaste uniforme na superfície de folga ou saída será dominante apenas se a ferramenta de corte possuir tenacidade suficiente para resistir aos choques mecânicos e térmicos inerentes a tais processos. DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE Variação cíclica da temperatura de corte no processo de corte interrompido DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE Distribuição da temperatura e de tensões em pastilhas de metal duro, no corte interrompido DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE ▪ As trincas de origem térmicas são, geralmente, perpendiculares à aresta de corte e prevalecem quando a usinagem ocorrer à altas velocidades. DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE ▪ As trincas de origem mecânica são, geralmente, paralelas à aresta de corte e prevalecem quanto a usinagem ocorrer à baixas velocidades. DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE TRÊS FORMAS DE DESGASTE (i) Desgaste de cratera (ii) Desgaste de flanco (iii) Desgaste de entalhe Principais áreas de desgaste de uma ferramenta de corte DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE (i) Desgaste de cratera Proposta para solução: ▪ Trabalhar com uma ferramenta de classe com maior resistência ao desgaste; ▪ Menor velocidade de corte DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE (ii) Desgaste de flanco Proposta para solução: ▪ Trabalhar com uma ferramenta de classe com maior resistência ao desgaste; ▪ Menor velocidade de corte DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE (iii) Desgaste de entalhe Proposta para solução: ▪ Trabalhar com uma ferramenta de classe com maior resistência ao desgaste; DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE Mecanismos de Desgaste 1. Deformação plástica superficial por cisalhamento a altas temperaturas; 2. Deformação plástica da aresta de corte sob altas tensões de compressão; 3. Desgaste difusivo; 4. Desgaste por aderência e arrastamento – Attrition; 5. Desgaste abrasivo; 6. Desgaste de entalhe. Em geral os três primeiros mecanismos (processos) são mais importantes à altas taxas de remoção de material, onde há o desenvolvimento de altas temperaturas. Os três últimos são mais importantes à baixas velocidades, onde a temperatura de corte é baixa o suficiente para prevenir os três primeiros DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE Mecanismos e processos de desgaste que podem estar presentes nas ferramentas de corte DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE Deformação Plástica Superficial por Cisalhamento a Altas Temperaturas ▪ Ocorre mais provavelmente na usinagem de metais com alto ponto de fusão. ▪ As tensões cisalhantes na interface cavaco- ferramenta são altas o suficiente para causar deformação plástica na superfície de saída. ▪ Como consequência, material é arrancado da superfície da ferramenta, formando-se assim uma cratera. DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE Deformação Plástica da Aresta de Corte sob Altas Tensões de Compressão ▪ Ocorre na usinagem de materiais de alta dureza. ▪ A combinação de altas tensões de compressão e altas temperaturas na superfície de saída, pode causar a deformação plástica da aresta de corte das ferramentas de aço-rápido ou metal duro. ▪ Geralmente, ocorre, a altas velocidades de corte e avanço e leva a uma falha catastrófica. DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE Desgaste Difusivo ▪ Este mecanismo envolve a transferência de átomos de um material para outro e é fortemente dependente da temperatura e da solubilidade dos elementos envolvidos na zona de fluxo. ▪ Exemplo: usinagem de aço com ferramenta de metal duro. ✓ O carbono se satura na fase cobalto com apenas 0,7% enquanto o ferro tem solubilidade total no cobalto. Durante o processo com a temperaturas da ordem de 1.000 °C o ferro do aço tende a se difundir para a fase cobalto da ferramenta, fragilizando-a e aumentando a solubilidade do carbono para 2,1%. ✓ Essa maior solubilidade do carbono na fase ferro-cobalto promove a dissociação de carbonetos de tungstênio, formando um carboneto complexo do tipo (FeW)23C6 , liberando carbono. Esse carboneto complexo de ferro e tungstênio tem uma resistência à abrasão muito menor que o carboneto de tungstênio original, fragilizando, portanto, a ferramenta. DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE Desgaste Difusivo ▪ Como se processa a nível atômico, no microscópio as áreas desgastadas por difusão tem uma aparência muito lisa. DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE Desgaste por Aderência e Arrastamento Attrition ▪ Este mecanismo ocorre, geralmente, a baixas velocidades de corte, onde o fluxo de material sobre a superfície de saída da ferramenta se torna irregular. ▪ Sob estas condições, fragmentos microscópicos são arrancados da superfície da ferramenta e arrastados junto ao fluxo de material adjacente à interface. ▪ Como este mecanismo se processa a nível de grãos, no microscópio, as áreas desgastadas por attrition tem uma aparência áspera. DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE Desgaste Abrasivo ▪ O desgaste abrasivo envolve a perda de material por microsulcamentos, microcortes ou microlascamentos, causados por partículas de elevada dureza relativa. ▪ Estas partículas podem estar contidas no material da peça (carbonetos e carbonitretos), ou podem, principalmente, ser partículas da própriaferramenta que são arrancadas por attrition, por exemplo. DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE Desgaste de Entalhe ▪ Ocorre, principalmente, na usinagem de materiais resistentes a altas temperaturas (tais como: ligas de níquel, titânio, cobalto e aço inoxidável). ▪ Geralmente, nas regiões onde ocorrem este tipo de desgaste, as condições de deslizamento prevalecem e o mecanismo de desgaste, provavelmente, envolve abrasão e transferência de material (attrition e difusão) e eles são bastante influenciados pelas interações com a atmosfera. ▪ Existem evidências para sugerir que óxidos se formam continuamente e se aderem na ferramenta naquelas regiões, e a quebra das junções de aderência entre os óxidos e a ferramenta pode, ocasionalmente, remover material da superfície desta última. DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE PROCEDIMENTO PARA A ANÁLISE DOS MECANISMOS DE DESGASTE DE FERRAMENTAS 1) Considerar o processo como um todo 2) Análise visual 3) Microscopia ótica e eletrônica 4) Outras DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE PROCEDIMENTO PARA A ANÁLISE DE VIDA DE FERRAMENTAS – SEGUNDO TAYLOR Inicialmente são levantadas as curvas de evolução do desgaste como as mostradas na Figura A. Deve ser estabelecido o critério de fim de vida, que corresponde ao valor máximo do desgaste admissível (0,8 mm na Figura) e determinados os valores de vida das ferramentas. Plota-se então a curva da vida da ferramenta em função da velocidade de corte, conforme mostrado na Figura B, que obedece a equação de Taylor. • Onde: • T é a vida da ferramenta em minutos; • Vc é a velocidade de corte em m/min; • K e x são constantes para cada para par ferramenta, denominados coeficientes da equação de Taylor. 𝑇 = 𝐾 𝑥 𝑉𝑐−𝑥 DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE PROCEDIMENTO PARA A ANÁLISE DE VIDA DE FERRAMENTAS – SEGUNDO TAYLOR Por meio da linearização da curva de vida mostrada na Figura B obtêm-se os valores dos coeficientes da equação de Taylor. (A) (B) 𝑇 = 𝐾 𝑥 𝑉𝑐−𝑥 DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE Exercício: sua empresa acabou de vencer uma concorrência para fabricar válvulas cardíacas. O material a ser utilizado deve ser um aço inoxidável com baixo índice de toxicidade e rejeição pelo corpo humano. Além de tal preocupação deve ser levado em consideração que a tolerância de fabricação das válvulas dever ser no máximo IT3. Para tanto estima-se que a ferramenta de usinagem a ser utilizada pode apresentar um desgaste de flanco de no máximo 0,4 mm. 𝑇 = 𝐾 𝑥 𝑉𝑐−𝑥 Alguns testes de usinagem foram realizados e os resultados são apresentados no gráfico ao lado. De posse desses dados pede-se o tempo de vida da ferramenta quando utilizadas as velocidades de corte de 150, 200 e 300 m/min. PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Processos de fabricação Tecnologia da USINAGEM
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