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Professor: Ari Meneghini Segunda Parte Origens da Literatura Brasileira História da literatura brasileira subdividida em duas grandes eras: Era Colonial e Era Nacional Era Colonial começou em 1500 e foi até 1808, dividida em Quinhentismo (século XVI) Seiscentismo ou Barroco (1601 - 1768) e o Setecentismo ou Arcadismo (1768 - 1808) Professor: Ari Meneghini Professor: Ari Meneghini Quinhentismo (século XVI) Seiscentismo ou Barroco (1601 - 1768) - Conjunto de textos sobre o Brasil; - Esses textos destacavam o Brasil como terra nova a ser conquistada; - Carta de Pero Vaz de Caminha - Crônicas dos Viajantes... - Publicação de Prosopopeia, de Bento Teixeira; - O Barroco literário brasileiro desenvolve-se na Bahia, tendo como pano de fundo a economia açucareira; - Estilo que dominou a arquitetura, pintura, literatura; - Arte rebuscada, exagerada; detalhe, dualismo/contradições, cultismo, conceptismo... - Gregório de Matos (poeta e advogado) Conhecido como o “Boca do Inferno”, famoso por seus sonetos satíricos, donde ataca, muitas vezes, a sociedade baiana da época. Professor: Ari Meneghini Setecentismo ou Arcadismo (1768 – 1808) - O Arcadismo teve como marco inicial a publicação de“Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa em 1768 e, ademais, a fundação da “Arcádia Ultramarina”, em Vila Rica; - José Santa Rita Durão (1722-1784) poema épico Caramuru; -José Basílio da Gama (1741-1795) O Uraguai; -Tomás Antônio Gonzaga (1744 – 1810) Pseudônimo Dirceu; a obra que merece destaque é Marília de Dirceu (1792) carregada de lirismo e baseada no seu romance com a brasileira Maria Doroteia Joaquina de Seixas. https://www.todamateria.com.br/marilia-de-dirceu/ Para ir além... LIRAS TOMÁS ANTÓNIO GONZAGA Lira I Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado; De tosco trato, d’ expressões grosseiro, Dos frios gelos, e dos sóis queimado. Tenho próprio casal, e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que me visto. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! [...] Eu vi o meu semblante numa fonte, Dos anos inda não está cortado: Os pastores, que habitam este monte, Com tal destreza toco a sanfoninha, Que inveja até me tem o próprio Alceste: Ao som dela concerto a voz celeste; Nem canto letra, que não seja minha. Simplicidade - condição superior do eu lírico (sentimentos do autor) que não cuida De gado alheiro, Tem casa própria ; Convencionalismo árcade, em defesa de uma vida pastoril... Apesar de aspectos da vida burguesa, o ideal exaltado é de uma vida simples, que despreza os bens materiais. Valorização da natureza/ Dirceu/amada ida ao campo. tema: fuga da cidade; natureza lugar ideal para o amor... Ornemos nossas testas com as flores. E façamos de feno um brando leito, Prendamo-nos, Marília, em laço estreito, Gozemos do prazer de sãos Amores. Sobre as nossas cabeças, Sem que o possam deter, o tempo corre; E para nós o tempo, que se passa, Também, Marília, morre. Com os anos, Marília, o gosto falta, E se entorpece o corpo já cansado; triste o velho cordeiro está deitado, e o leve filho sempre alegre salta. A mesma formosura [...] Ah!Não, minha Marília, Aproveite-se o tempo, antes que faça o estrago de roubar ao corpo as forças E ao semblante a graça. Prazeres terrenos - suposta pureza e contemplação, há o desejo dos prazeres do corpo Instantes passageiros -Tempo aproveitado para desfrutar felicidade terrena Carpie diem Professor: Ari Meneghini Canção Pelados em Santos Mamonas Assassinas Mina, Seus cabelo é “da hora”, Seu corpão é um violão, meu docinho de coco, Tá me deixando louco. Minha Brasília amarela Tá de portas abertas, Pra mode a gente se amar, Pelados em Santos. Pois você, minha "Pitxula" Me deixou legalzão, Não me sinto sozinho, Você é meu chuchuzinho! Music is very good (Oxente ai, ai, ai!) […] Pro Paraguai ela não quis viajar Comprei um Rebok e uma calça Fiorucci, Ela não quer usar Eu não sei o que faço Pra essa mulé eu conquistchar Por que ela é lindia […] Gonzaga quer mostrar às sua musa seus dotes (Fazenda, gado). Já o eu- lírico de Pelados em Santos conta com sua Brasília Amarela e alguns presentes no processo de sedução burguesa... Distinção Tênis Rebok e calça Fiorucci, produtos importados trazidos do Paraguai, davam a distinção necessária ao rapaz, assim como os produtos “importados” (azeite e vinho) produzidos na fazenda de Dirceu A mesma proposta no poema árcade, um sujeito apaixonado convida uma jovem para ir a um local afastado da cidade, propondo diversões inocentes que ocultam as reais intenções de aproveitar os prazeres sensuais da vida... Professor: Ari Meneghini Dura entre 1808 a 1836. É considerado um período inerte da literatura brasileira, marcado pela chegada da Missão Artística Francesa, em 1816, contratada por Dom João IV. Professor: Ari Meneghini Era Nacional A Era Nacional da literatura brasileira começa em 1836 e dura até os dias atuais. Começa com o Romantismo e perpassa pelo Realismo, o Simbolismo, o Modernismo e o Pós-Modernismo. Segunda Parte Primórdios do Romantismo no Brasil Criação de uma literatura como expressão de nação independente Professor: Ari Meneghini Romantismo Em Portugal, o Romantismo surge em 1825, com a publicação do poema Camões, de Almeida Garrett. “Camões”: biografia romântica de Luis Vaz de Camões, destacando os amores de Camões com Natércia. O início do Romantismo português coincide com as lutas civis, entre liberais e conservadores, quando D. Pedro renuncia ao trono brasileiro. Influências O romance Werther, de Goethe, publicado na Alemanha em 1774, lança as definições do sentimentalismo romântico e da fuga pelo suicídio. Na Inglaterra, o Romantismo está presente, inicialmente, no começo do século XIX, destacando a poesia ultraromântica de Lord Byron. Professor: Ari Meneghini Romantismo Características Individualismo e subjetivismo Sentimentalismo Culto à natureza Sonho, fantasia, tendência à idealização Escapismo Liberdade artística Professor: Ari Meneghini Romantismo brasileiro Arte independência política. Nacionalismo ufanista indianismo; regionalismo; culto à natureza brasileira; tentativa de criação de uma língua nacional. Vigência Início: 1836 – Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães. Fim: década de 1870, com a morte dos últimos românticos mais importantes: Castro Alves e José de Alencar. Professor: Ari Meneghini Primeira Geração Romântica José de Alencar (1829-1877) e Gonçalves Dias (1823-1864) principais representantes Indianismo Autores def. da identidade nacional (1822) Valor fig. indígena Herói exaltação dos elementos típicos da cultura local e da natureza bras. textos literários. Professor: Ari Meneghini Iracema (1865) José de Alencar Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado... Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu ?" onde campeava sua guerreira tribo da grande nação tabajara, o pé grácil e nu, mal roçando alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. [...] -Herói nacional - Cor local e natureza brasileira - Escrito em prosa poética; - Mito de fundação da identidade bras; - História de amor entre colonizador; Martim e a indía dos lábios de mel. Professor: Ari Meneghini Canção do Exílio Gonçalves Dias Minha terra tem palmeiras, Onde cantao Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar – sozinho, à noite – Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que disfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. Valorização do Brasil -Valorização idealizada da terra natal. - Autor no exílio (afastamento espacial. Professor: Ari Meneghini Intertextualidade Trecho do Hino Nacional: “Nossos bosques, têm mais vida”, “Nossa vida” no teu seio mais amores... Paródia Canção do Exílio Murilo Mendes Minha terra tem macieiras Da Califórnia Onde cantam gaturamos De Veneza [...] Ai quem me dera chupar uma Carambola de verdade E ouvir um sabiá com certidão De idade! Diálogo entre as obras Romantismo e Modernismo Professor: Ari Meneghini Questão 3 (Enem – 2009) TEXTO A Canção do Exílio Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. [...] Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar – sozinho, à noite – Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que disfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. TEXTO B Canto de regresso à Pátria Minha terra tem palmares Onde gorjeia o mar Os passarinhos daqui Não cantam como os de lá Minha terra tem mais rosas E quase tem mais amores Minha terra tem mais ouro Minha terra tem mais terra Ouro terra amor e rosas Eu quero tudo de lá Não permita Deus que eu morra Sem que volte para lá Não permita Deus que eu morra Sem que volte pra São Paulo Sem que eu veja a rua 15 E o progresso de São Paulo. ANDRADE, O. Cadernos de poesia do aluno Oswald. São Paulo: Círculo do Livro. s/d. Professor: Ari Meneghini Os textos A e B, escritos em contextos históricos e culturais diversos, enfocam o mesmo motivo poético: a paisagem brasileira entrevista a distância. Analisando-os, conclui-se que: a) o ufanismo, atitude de quem se orgulha excessivamente do país em que nasceu, é o tom de que se revestem os dois textos. b) a exaltação da natureza é a principal característica do texto B, que valoriza a paisagem tropical realçada no texto A. c) o texto B aborda o tema da nação, como o texto A, mas sem perder a visão crítica da realidade brasileira. d) o texto B, em oposição ao texto A, revela distanciamento geográfico do poeta em relação à pátria. e) ambos os textos apresentam ironicamente a paisagem brasileira. Professor: Ari Meneghini Resposta Questão 3 Alternativa “c”. Apesar da abordagem de um mesmo tema, o texto B revisita de forma crítica o texto A, estabelecendo-se uma relação intertextual, no caso, uma paródia. Professor: Ari Meneghini Segunda Geração Romântica Individualista, Ultrarromântica,Byroniana ou do “Mal do Século” Os poetas: -Incompreendidos pela sociedade -Isolamento na própria subjetividade -Imagens ligadas à morte -Espaço para o fantasioso e o macabro - Exemplo: Noite na Taverna (ficção gótica) Álvares de Azevedo (1831-1852) principal nome Lira dos vinte anos (1853, Poemas); o Conde Lopo (1886, Poema) Macário (1855, Drama com traços cômicos); Noite na taverna (1855, contos Byronianos, góticos, sombrios e devassos Professor: Ari MeneghiniNoite na Taverna Álvares de Azevedo Quando dei acordo de mim, estava num lugar escuro: as estrelas passavam seus raios brancos entre as vidraças de um templo. As luzes de quatro círios batiam num caixão entreaberto. Abri-o. Era o de uma moça. Aquele branco da mortalha, as grinaldas da morte na fronte dela, naquela tez lívida e embaçada, o vidrento dos olhos mal-apertados... Era uma defunta! E aqueles traços todos me lembraram uma idéia perdida... Era o anjo do cemitério! Cerrei as portas da igreja que, ignoro porque, eu achara abertas. Tomei o cadáver nos meus braços para fora do caixão. Pesava como chumbo... [...] Nunca ouvistes falar de catalepsia? É um pesadelo horrível aquele que gira ao acordado que emparedam num sepulcro; sonho gelado em que sentem-se os membros tolhidos e as faces banhadas de lágrimas alheias, sem poder revelar a vida! [...] Traços Macabros -Atmosfera de pesadelo -Necrofilia - Centro da narrativa: relação sexual com o suposto cadáver Professor: Ari Meneghini Para ir além... "A Árvore da Vida" e "Melancolia" Contardo Caligaris [...] Eu tinha o receio de que "Melancolia", de Lars von Trier, fosse uma espécie de inverso simétrico do filme de Malick: uma meditação sobre a gratuidade da nossa existência (...)Mas não foi nada disso. Parêntese: vários comentadores declaram que se trata de um filme sobre o mal de hoje, a depressão (...) Continuando, mal do qual sofre Justine consiste em perder interesse pela vida concreta, a ponto de não tolerar o que lhe parece ser a farsa de sua própria festa de casamento. (...) uma extrema insegurança.... Resenha Escapismo Fugir da realidade concreta em busca do mundo de sonhos e fantasias... Diálogo... - A morte: um tema privilegiado - Exagerado e sentimental - Extrema evasão do mundo (sujeito em conflito) Professor: Ari Meneghini Questão 1 Soneto Já da morte o palor me cobre o rosto, Nos lábios meus o alento desfalece, Surda agonia o coração fenece, E devora meu ser mortal desgosto! Do leito embalde no macio encosto Tento o sono reter!… já esmorece O corpo exausto que o repouso esquece… Eis o estado em que a mágoa me tem posto! O adeus, o teu adeus, minha saudade, Fazem que insano do viver me prive E tenha os olhos meus na escuridade. Dá-me a esperança com que o ser mantive! Volve ao amante os olhos por piedade, Olhos por quem viveu quem já não vive! (AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000) Professor: Ari Meneghini O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda geração do romantismo, porém configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O fundamento desse lirismo é a) a angústia alimentada pela constatação da irreversibilidade da morte. b) a melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda. c) o descontrole das emoções provocado pela autopiedade. d) o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa. e) o gosto pela escuridão como solução para o sofrimento. Professor: Ari Meneghini Alternativa “b”. Esse lirismo está fundamentado na melancolia, sentimento que impede qualquer possibilidade de reação diante da perda, fato que pode ser notado nos seguintes versos: “Do leito embalde no macio encosto/ Tento o sono reter!... já esmorece/ O corpo exausto que o repouso esquece.../Eis o estado em que a mágoa me tem posto!”. Professor: Ari Meneghini Terceira Geração Romântica Poeta baiano Castro Alves (1847- 1871) principal autor - Engajamento em relação a questões sociais - Inconformismo com a escravidão - Movimento abolicionista - Castro Alves denuncia o sofrimento dos africanos... Poesia social Abolicionista Liberal, social ou condoreira Espumas flutuantes (1870), A Cachoeira de Paulo Afonso (1876) Os escravos (1883) Professor: Ari Meneghini Vozes d'África (Castro Alves) Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes Embuçado nos céus? Há dois mil anos te mandei meu grito, Que embalde desde então corre o infinito... Onde estás, Senhor Deus? [...] Foi depois do dilúvio... um viadante, Negro, sombrio, pálido, arquejante, [...] E eu disse ao peregrinofulminado: "Cam! ... serás meu esposo bem-amado...” [...] Hoje em meu sangue a América se nutre Condor que transformara-se em abutre, Ave da escravidão, [...] Há dois mil anos eu soluço um grito... escuta o brado meu lá no infinito, Meu Deus! Senhor, meu Deus!!... Castigo mítico: O caráter de ancestralidade da África sugere que o sofrimento do povo africano não é recente. Reza a lenda que a África fora vítima de uma maldição lançada sobre Cam, filho de Noé. A escravidão dos negros africanos remontaria a esse castigo. Condoreirismo: ... a visão aguçada da ave simboliza a ideia de que os poetas enxergavam o mundo de modo mais perspicaz... ... Ideais abolicionistas missão social do poeta condoreiro. Presente Histórico: Conj. Verbal no presente, indica que os sofrimentos permanecem no tempo atual... Análise Professor: Ari Meneghini Questão 1 Sobre o Condoreirismo, é incorreto afirmar: a) Seu principal representante foi Castro Alves, o primeiro grande poeta social brasileiro. Embora tenha sido um poeta engajado, Castro Alves soube conciliar as ideias de reforma social com os procedimentos específicos da poesia, evitando assim que sua obra fosse apenas um mero panfleto político. b) O Condoreirismo, também chamado de corrente hugoana (alusão ao escritor francês Victor Hugo), encontrou vários adeptos no Brasil, como Castro Alves, Pedro Luís, Pedro Calasãs e Sousândrade. c) A principal preocupação da poesia condoreira foi a defesa dos oprimidos socialmente: os operários das indústrias e os camponeses. d) A poesia condoreira estabelece um interessante contraponto com a poesia ufanista e idealista realizada na primeira fase romântica, ressaltando os aspectos negativos do país, como a escravidão dos negros. e) O condor é a ave associada à vertente romântica chamada Condoreirismo. Professor: Ari Meneghini Resposta Alternativa “c”. Manifestação literária que ficou marcada pelo interesse com os problemas sociais brasileiros, sobretudo com a questão da escravidão dos negros, o Condoreirismo assumiu feições abolicionistas e republicanas, mostrando na literatura o lado feio da sociedade brasileira, a despeito do ufanismo encontrado na primeira fase do Romantismo. Professor: Ari Meneghini Realismo/Naturalismo Realismo (1881-1922) - Realidade segundo uma visão objetiva e materialista; -Produção de obras que retratam o real sem distorção ou idealização; -Em geral, os textos servem como denúncia das desigualdades sociais; -Burguesia criticada por transformar as relações sociais e os próprios indivíduos em mercadorias; -Ocorrem também ataques ao clero e à Igreja Católica. - Movimento se desenvolve durante a segunda fase da Revolução industrial e o capitalismo torna-se um dos alvos das obras literárias; -Personagens ganham personalidades mais complexas em relação às personagens românticas. - Fronteiras entre o social e o psicológico: aparência versus essência ----jogo realista. Professor: Ari Meneghini Naturalismo (1881-1922) - Considerado por muitos especialistas a radicalização do Realismo. - Além de observarem a realidade, os autores naturalistas procuram explicar os acontecimentos com base em teorias científicas. Influência do meio sobre o indivíduo (determinismo)... Evolução dos seres vivos (darwinismo)... para explicar o comportamento das personagens ( e desse modo, interpretar a realidade) Professor: Ari Meneghini Eça de Queirós e Gustave Flaubert Eça de Queiros (1845-1900) -Um dos marcos do mov. realista em Portugal é o conto Singularidades de uma Rapariga Loura (1874) -O romance As Cidades e as Serras, trata da onda de cientificismo e modernização que influenciou a cultura europeia na 2ª metade do século XIX. (no caso de Portugal, expectativa de equiparação do país em relação ao desenv. tecnológico observado nas demais nações do continente europeu. -As Cidades e as Serras: traços do romance de tese; por meio da história narrada, defende uma ideia. Nesse caso a narrativa concretiza as oposições entre campo e cidade, simplicidade e tecnologia. Gustave Flaubert (1821-1880) -Madame Bovary (1857), romance de Gustave Flaubert, constitui uma das maiores obras da estética realista da Literatura Francesa. O segredo desse sucesso está no estilo, que consiste na “perfeição da prosa e na maestria mais absoluta da arte de narrar”. - Obra que ocupa posição central no gênero romance: considerado uma “leitura indecente e corruptora” das mocinhas de família. - O autor foi processado por tratar de um tema como o adultério. Professor: Ari Meneghini Realismo/Naturalismo-Brasil Em 1881 aparecem Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e O Mulato, de Aluísio de Azevedo, obras consideradas inauguratórias da estética Realista e Naturalista, respectivamente. Machado de Assis (1839-1908) -O maior ficcionista de sua época. -Sua produção realista é marcada pela consciência das contradições de um Brasil dividido entre o desejo de modernização e a manutenção das estruturas conservadoras. -Olhar crítico e aguçado: explora oposições. - Análise de valores sociais de forma implícita/critica ao contexto social.. Aluísio Azevedo (1857-1913) -Retratou o modo de vida das classes populares e também o comportamento animalesco que pode estar por trás das aparências de civilidade. -O autor das “massas”, produziu enredos ao gosto popular, cheio de intrigas amorosas e aventuras emocionantes. - Retratou os problemas da realidade brasileira vividos pelas classes sociais mais desfavorecidas. Professor: Ari Meneghini Machado de Assis (1839-1908) Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) -Publicado em 1881, marco da Realismo no Brasil. -É um romance revolucionário em vários aspectos. A quebra do enredo convencional, a estratégica utilização de um narrador-defunto que se anuncia autor da obra. -O romance de maior ruptura realista no Brasil. ENREDO/ANÁLISE: Um defunto autor, sem as ilusões e as fraudes interiores dos vivos, narra do túmulo a sua vida pregressa. Num tom irônico, ele vai descobrindo a ausência de grandeza em si e em todas as pessoas. A consciência de que as ações humanas são desencadeadas apelas pelo interesse, pela possibilidade de lucro, pelo egoísmo e pelo instinto sexual justifica o fim do romance, em que Brás Cubas mede sua vida e conclui que ganhara: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria” (...) Professor: Ari Meneghini Dom Casmurro (1899) Bento Santiago tenta recompor o passado através da memória, e recorda o amor adolescente por Capitu (a de “olhos oblíquos e dissimulados”, “olhos de cigana”, “olhos de ressaca”). Boa parte da memória de Bento Santiago concentra-se na adolescência (a poesia da primeira paixão, o compromisso de casamento, o ingresso forçado no seminário). Depois, as ações ocorrem velozes: amizade com Escobar, abandono do seminário, casamento com Capitu, o nascimento de Ezequiel, filho do personagem-narrador, a felicidade. Escobar morre no mar e Capitu sofre tanto que Bento Santiago desconfia. Uma desconfiança que aumentará dia após dia, uma dialética de suspeitas e ciúmes: Bento vê no filho Ezequiel, os traços fisionômicos de Escobar. O casamento se corrói pela traição (concreta?, real?) de Capitu, que parte para a Europa com o filho, impelida pelo marido que já não os aceita. Anos depois, Capitu morre, Ezequiel retorna para o Brasil (segundo o narrador, cada vez mais parecido com Escobar), vai para a África e lá também morre. O processo de desagregação de Bento Santiago estava concluído, restando-lhe a solidão definitiva. Professor: Ari Meneghini QUESTÃO 1 No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o romantismo. “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto nãoé romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.” (ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson, 1957.) Professor: Ari Meneghini A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na alternativa: a) ... em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas... b) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça... c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, ... d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos... e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação. Professor: Ari Meneghini Alternativa “a”. Machado faz uma sutil crítica aos românticos, que idealizavam a mulher, tornando-a uma espécie de musa inatingível. Virgília era real e, assim como as mocinhas de sua idade, possuía sardas e espinhas, mas nem por isso deixava de ser bela. Literatura Professor: Ari Meneghini QUESTÃO 2 Sobre a literatura realista, é incorreto afirmar: a) Teve início na Europa com a publicação do romance Madame Bovary(1857), de Gustave Flaubert, e do romance naturalista Thérèse Raquin (1867), de Émile Zola. b) Em comum, Realismo e Naturalismo apresentam os seguintes aspectos: combate ao Romantismo, o resgate do objetivismo na literatura e o gosto pelas descrições. c) Entre as principais características do Realismo estão: personagens planas, de pensamentos e ações previsíveis, individualismo, subjetivismo e linguagem culta permeada por metáforas. d) Entre as principais características do Realismo estão: personagens trabalhadas psicologicamente, universalismo, objetivismo, linguagem culta e direta. e) Memórias Póstumas de Brás Cubas é o marco da literatura realista no Brasil. Literatura Professor: Ari Meneghini Alternativa “c”. Professor: Ari Meneghini Aluísio Azevedo (1857-1913) O Mulato (1881) - Romance cuja ação transcorre em São Luís do Maranhão, envolvendo denúncias contra o preconceito de cor, a mediocridade da vida provinciana e a hipocrisia do clero. Jovem mulato de origem misteriosa, Raimundo volta a São Luís, após formar-se em Portugal, buscando seus antepassados e uma fortuna que lhe teria sido subtraída. Termina apaixonando-se pela prima, branca e rica, Ana, e descobrindo o próprio passado. Sob a inspiração de um padre corrupto, um ex-namorado de Ana assassina Raimundo. O romance acaba com a indiferença de São Luís em relação ao assassinato e o casamento de Ana com o criminoso. Professor: Ari Meneghini O Cortiço conta principalmente duas histórias: a de João Romão e Miranda, dois comerciantes, o primeiro, o avarento dono do cortiço, que vive com uma escrava a qual ele mente liberdade. Isto faz com que ele se refine e mais tarde tente devolver Bertoleza, a escrava, a seu antigo dono. A outra história é a de Jerônimo e Rita Baiana, o primeiro, um trabalhador português que é seduzido pela Baiana e vai se abrasileirando. Acaba por abandonar a mulher, pára de pagar a escola da filha e matar o ex- amante de Rita Baiana. (...) A decadência atinge muitos moradores do cortiço. É o caso de Pombinha, moça culta que aguardava a primeira menstruação para se casar. Seduzida pela prostituta Léonie, abandona o marido e vai viver com a amante, prostituindo-se também. Análise -A concepção biológica da existência – que chega ao extremo de considerar o próprio cortiço um organismo vivo, sujeito às leis evolutivas. -A predominância do coletivo sobre o particular -O registro de acumulação primitiva de capital (João Romão). -O fatalismo que condena os indivíduos a se tornarem o reflexo do cenário onde vivem. -O determinismo dos instintos. -A identificação da sensualidade: mulata Rita Baiana - A celebração de uma extraordinária força vital, de uma selvagem vibração dos instintos e uma fervilhante alegria de existir e sobreviver em condições tão adversas. O cortiço (1890) Professor: Ari Meneghini Questão Leia o texto abaixo, retirado de O Cortiço, e faça o que se pede: Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo.... [...] O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer aanimal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.... (AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. 15. ed. São Paulo: Ática, 1984. p. 28-29.) Professor: Ari Meneghini Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma possível leitura do fragmento citado: a) No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado como um personagem que, aos poucos, acorda como uma colmeia humana. b) O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e auditivos. c) O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o aspecto animalesco, "rasteiro" do ser humano, mas também a sua vitalidade e energia naturais, oriundas do prazer de existir. d) Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos introspectivos dos personagens, procurando criar correspondências entre o mundo físico e o metafísico. e) Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de metáforas e sinestesias, uma preocupação em apresentar elementos descritivos que comprovem a sua tese determinista. Professor: Ari Meneghini Alternativa “d” Professor: Ari Meneghini Parnasianismo e Simbolismo Parnasianismo – França, década de 1860 e no Brasil, década de 1880. Características: Reação à poesia romântica; objetividade do poeta; culto à forma,ritmo e versificação; Utilização de fórmulas poéticas fixas como o soneto.; arte pela arte (compromisso com a beleza) Parnasianismo no Brasil Olavo Bilac (1865-1918) Poesias (1888, “Via-láctea”, “Sarças de fogo” e Tarde (1918) Temas principais: natureza – pátria – antiguidade greco-romana – amor sensual e amor platônico – questionamento da própria poesia. Características básicas: Rigidez métrica e luta pela perfeição formal... Professor: Ari Meneghini Raimundo Correia (1859-1911) Sinfonias (1883) e Aleluias (1891) Temas Principais: natureza – melancolia da existência Características básicas: Recursos visuais (plásticos) e sonoros na confecção dos versos . Alberto de Oliveira (1857-1937) Meridionais (1884) e Versos e rimas (1895) Temas principais: natureza – descritivismo de objetos. Característica básica: adesão completa e rígida a todos os princípios do movimento. Professor: Ari Meneghini Simbolismo Surgimento na França, 1880 com Verlaine, Malharmé e Rimbaud Características: - Reação subjetivista ao descritivismo -Abandono das fórmulas poéticas rígidas. -Poesia como um processo de sugestão. -Sugestão através de símbolos, metáforas. -Sugestão através das musicalidade da linguagem (uso de aliterações) -Culto ao mistério, espiritualismo e misticismo. -Domínio do vago, do obscuro, inefável. Simbolismo no Brasil Cruz e Souza (1861-1898) Missal(1893); Broquéis (1893); Faróis (1900); Últimos sonetos (1905) Temas principais: Obsessão pela cor branca; erotismo sublimado; sofrimento da condição humana; espiritualização e religiosidade. Linguagem metafórica e musical. Professor: Ari Meneghini Alphonsus de Guimaraens(1870- 1921) Câmara ardente (1899), Dona Mística (1899) Septenário das dores de Nossa Senhora (1899) Temas Principais: a morte da noiva. Misticismo religioso. A paisagem fantasmagórica das cidades mineiras. Linguagem de rica musicalidade. Diferença entre PARNASIANISMO e SIMBOLISMO Parnasianismo -poesia descritiva -arte pela arte /artificial -Não há religiosidade -Retrata o belo artístico e é fruto do racionalismo da época - é de origem clássica Simbolismo - poesia sugestiva (diz tudo indiretamente (uso de fig.lgg). -arte filosófica. -Poesia de origem medieval/ subjetiva - Professor: Ari Meneghini Vida obscura Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro ó ser humilde entre os humildes seres, embriagado, tonto de prazeres, o mundo para ti foi negro e duro. Atravessaste no silêncio escuro a vida presa a trágicos deveres e chegaste ao saber de altos saberes tornando-te mais simples e mais puro. Ninguém te viu o sofrimento inquieto, magoado, oculto e aterrador, secreto, que o coração te apunhalou no mundo, Mas eu que sempre te segui os passos sei que a cruz infernal prendeu-te os braços e o teu suspiro como foi profundo! (SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961) Questão 105- Enem 2014 Professor: Ari Meneghini Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Souza transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em (A) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação. (B) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social. (C) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes. (D) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais. (E) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã. Professor: Ari Meneghini Alternativa “A” Comentário: A questão exige que o leitor faça uma série de inferências. A primeira delas é decorrente do fato de saber que o poeta Cruz e Souza era negro e reconhecer no texto as referências à sua cor. É importante atentar para a escolha lexical ao longo de todo o poema: “mundo foi negro”, “silêncio escuro”, “vida obscura”. Lembrar que uma das principais características do Simbolismo é a subjetividade, por meio da qual as informações são apenas sugeridas. Professor: Ari Meneghini Pré-Modernismo (1902-1922) -O Pré-modernismo não constitui uma escola literária, mas sim uma literatura de transição entre o Realismo/Naturalismo e o Modernismo. São obras escritas ou publicadas nas duas primeiras décadas do século XX: de 1902 (publicação de Os Sertões) a 1922 (realização da Semana de Arte Moderna). - O Pré-modernismo apresenta duas facetas: a. um caráter conservador, representado pela permanência de elementos naturalistas e parnasianos. b. um caráter renovador, representado pelo interesse crítico na realidade brasileira, revelando as tensões da época. Traços mais marcantes: 1. espaço físico focalizado: o sertão nordestino, os subúrbios da capital federal, etc. 2. personagens: o sertanejo, o caipira, os marginalizados do processo social (o mulato, negro, imigrante) e uma classe média de trabalhadores; 3. temática: problemas da realidade brasileira daquele momento Professor: Ari Meneghini Principais nomes do Pré-Modernismo Brasileiro Euclides da Cunha (1866-1909) Os sertões (1902) considerado o marco do movimento. -Livro genial que mescla o relato sobre a guerra de Canudos, travada entre sertanejos fanáticos e soldados do exército, com análise sociológica naturalista sobre e com sofisticadas interpretações da guerra e do Brasil. - A obra divide-se em “A terra” – “O Homem” – “A luta”. -Em “O homem”, o sertanejo e apresentado como uma “sub-raça”... -“A luta” parte mais importante é uma mescla de texto científico, resgate histórico, reportagem jornalística, narrativa romanesca, análise da guerra, denúncia da chacina dos sertanejos e profunda interpretação sobre o Brasil. A linguagem: - Extraordinariamente elaborada, ornamental, difícil, poética, com muitas figuras como antíteses, metáforas e paradoxos... Professor: Ari Meneghini Lima Barreto (1881-1922) -Dono de um estilo de escrever inovador, ele retrata em Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915) o cotidiano da população marginalizada dos subúrbios cariocas. -Ironia corrosiva ao nacionalismo ufanista. -Denúncia dos preconceitos sociais e de cor (o autor era mulato) -Triste Fim de Policarpo Quaresma: -Relato centrado em um burocrata visionário, dominado por formulações de nacionalismo ufanista e que, por isso, crê piamente nas grandezas convencionais da nação. A narrativa é a da perda progressiva de seus ideais, perseguidos e destroçados pela realidade, com por exemplo a fracassada experiência agrícola e sua consciência da brutalidade das elites... Por protestar contra a violência do próprio governo que ajudara a defender, Policarpo Quaresma será preso e fuzilado. Professor: Ari Meneghini Outros autores Pré-Modernistas Augusto dos Anjos (1884-1914) Eu (1912) -Poesia com traços parnasianos, simbolistas e pré-modernistas -Utilização de termos científicos da medicina e da biologia. -Obsessão pela morte. -Monteiro Lobato (1882-1948) (literatura adulta) -Urupês(1918), Cidades Mortas (1919) e Negrinha (1920) -Contos com ênfase em soluções patéticas e anedóticas. -Criação da figura do caboclo brasileiro (o caipira) –Jeca Tatu. -Simões Lopes Neto (1865-1916) Contos gauchescos (1912), Lendas do Sul (1913) e Casos do Romualdo (1952) - Cultura regional sul-rio-grandense; lendas, etc. Professor: Ari Meneghini ENEM 2015 Q 15 - Sertanejos e canudos TEXTO I Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. CUNHA, E. Os sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987. TEXTO II Na trincheira, no centro do reduto, permaneciam quatro fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho, coxo por ferimento e usando uniforme da Guarda Católica, um rapaz de 16 a 18 anos, um preto alto e magro, e um caboclo. Ao serem intimados para deporem as armas, investiram com enorme fúria. Assim estava terminada e de maneira tão trágica a sanguinosa guerra, que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses, naquele recanto do território nacional. SOARES, H. M. A Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Altina, 1902. Professor: Ari Meneghini Os relatos do último ato da Guerra de Canudos fazem uso de representações que se perpetuariam na memória construída sobre o conflito. Nesse sentido, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da a) manipulação e incompetência. b) ignorância e solidariedade. c) hesitação e obstinação. d) esperança e valentia. e) bravura e loucura. Professor: Ari Meneghini Alternativa “e” Euclides da Cunha, escreveu Os Sertões de maneira poética, exaltando a bravura e força do sertanejo, levando em conta a hostilidade do meio natural e das condições socioeconômicas em que se encontrava. Dessa forma, a guerra de Canudos ao lutar contra esse homem forte e honrado, pode ser considerada uma epopeia sertaneja que narra até os últimos momentos da resistência, até os quarto finais: "Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.“ Já o texto de H.M. Soares segue outro caminho, ele julga os seguidores de Antônio Conselheiro como cheios de “banditismo e fanatismo”, e considera ainda uma dose de irracionalidade que poderia até ser considerada “loucura”: "quatro fanáticos sobreviventes do extermínio". Professor: Ari Meneghini 1. Fragmento de Triste fim de Policarpo Quaresma “Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amorda Pátria tomou-o todo inteiro. Não fora o amor comum, palrador e vazio; fora um sentimento sério, grave e absorvente. ( … ) o que o patriotismo o fez pensar, foi num conhecimento inteiro de Brasil. ( … ) Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: Quaresma era antes de tudo brasileiro.” (BARRETO, Lima. “Triste fim de Policarpo Quaresma”. São Paulo: Scipione, 1997.) Este fragmento de “Triste Fim de Policarpo Quaresma” ilustra uma das características mais marcantes do Pré-Modernismo que é o: a) Desejo de compreender a complexa realidade nacional. b) nacionalismo ufanista e exagerado, herdado do Romantismo. c) resgate de padrões estéticos e metafísicos do Simbolismo. d) nacionalismo utópico e exagerado, herdado do Parnasianismo. e) subjetivismo poético, tão bem representado pelo protagonista. Literatura Professor: Ari Meneghini Alternativa “ A” No trecho da obra de Lima Barreto, devemos depreender o caráter nacionalista de seu personagem e observar a dificuldade de “enquadrá-lo” em uma categoria a partir de aspectos regionais, neste sentido, o autor visa avaliar o que é ser brasileiro, o que confirma a letra A. As alternativas B, C, D e E estão incorretas, pois embora o pré-modernismo seja um período de transição entre movimentos ao final do século XIX e a escola modernista, não apresenta traços românticos e, no trecho em destaque, não há relação com o campo da transcendência, muito abordado no Simbolismo. Além disso, na letra D, o movimento Parnasiano se desvincula de referências do contexto social e histórico, sendo um movimento mais voltado para a própria arte e, na letra E, o trecho não apresenta uma linguagem subjetivada. Professor: Ari Meneghini Modernismo Semana de Arte Moderna (1922) Antecedentes:as Vanguardas: Futurismo, cubismo, dadaísmo, Surrealismo, Expressionismo... FUTURISMO: Marinetti; mov. que mais influenciou os modernistas; ruptura total com ao passado; exaltava o “esplendor geométrico e mecânico do mundo moderno”. Isso significava cantar a máquina, o aeroplano, o asfalto... No plano formal: suprimiam o eu poético, a pontuação, os adjetivos e usavam apenas o verbo no infinitivo, etc. Semana de Arte Moderna: Marco do Modernismo Bras.; Fev.1922; Teatro Municipal de SP; evento conturbado; exposição de obras de Anita Malfatti: severas reações da crítica conservadora – “Paranoia ou Mistificação?”, de Monteiro Lobato, criticando-a... Ruptura com a arte acadêmica: manifestos de Mário de Andrade com propostas inovadoras... Professor: Ari Meneghini Modernismo – Primeira Fase (1922-1930) Iniciada no início da década de 20, no século XX, a primeira fase normalmente está associada à Semana de Arte Moderna. É possível observar forte influência das vanguardas europeias em um movimento que propunha a ruptura com os moldes clássicos que vigiam na literatura, além da incessante busca pela experimentação temática e linguística. Seus principais representantes foram Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Oswald de Andrade. Modernismo – Segunda Fase (1930-1945) Também conhecida como Fase da Consolidação, durante esse período é possível perceber um amadurecimento das ideias defendidas no início do movimento. É importante observar o predomínio na prosa de ficção (atenção para nomes como Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, José Lins do Rêgo, Érico Veríssimo e Rachel de Queiroz) e o surgimento de novos poetas, como Carlos Drummond de Andrade e Manoel de Barros. Modernismo – Terceira Fase (1945-1960) Na terceira fase, há uma continuação das tendências observadas na fase anterior – prosa urbana, prosa intimista e prosa regionalista. Tanto na prosa como na poesia são feitos experimentos temáticos e linguísticos, além de uma volta aos ideais clássicos sem prejuízo da perspectiva modernista. Os principais nomes dessa fase foram Clarice Lispector, Vinicius de Moraes, João Cabral de Melo Neto e Cecília Meireles. Professor: Ari Meneghini Características da Literatura Modernista Liberdade de expressão (Poética, de Manuel Bandeira); Incorporação do cotidiano (prosaico, diário, grosseiro é o centro da nova estética); Linguagem coloquial (espontânea, mescla expressões da língua culta com o popular, admite erros gramaticais); Inovações técnicas (verso livre, destruição dos nexos, Paranomásia [junção de palavras de sonoridade parecidas, mas com significado diferente]; Colagem e montagem cinematográfica; liberdade no uso da pontuação. Professor: Ari Meneghini Autores Os autores de 1922 Oswald de Andrade (1890-1954) Obras Principais – Poesia: Poesia do Pau-Brasil (1925) Teatro: O rei da vela (1937) Romances: Memórias sentimentais de João Miramar (1924); Serafim Ponte Grande (1933) -Oswald de Andrade escreveu os textos mais corrosivos da estética modernista. -Os seus dois romances desobedecem aos padrões tradicionais da narrativa, diluindo a separação entre prosa e poesia. Inovação contínua, metáforas ousadas, neologismos capítulos curtos, condensação telegráfica. Mário de Andrade (1893-1945) Obras Principais – Poesia: Paulicéia desvairada*; (1922) Clã do Jabuti; (1927) Lira Paulistana (1946). *A obra mais importante por causa do prefácio, nele Mário teorizara sobre a própria poesia e sobre as tendências modernistas do novo lirismo. Ficção:Amar verbo intransitivo (1927); Macunaíma* (1928); Contos novos (1946) *o herói sem nenhum caráter. Professor: Ari Meneghini O romance de 1930 A vida do neo-realismo -Conjunto de narrativas, escritas entre os anos de 1930 e 1960, por uma mesma geração, oriunda de famílias oligárquicas decadentes, com uma visão de mundo crítica, um sentido missionário da literatura e padrões artísticos bastante próximo do realismo. Características -Ênfase nas questões ideológicas e sociais. -Rejeição ao experimentalismo técnico e ao gosto pela paródia, substituídos por um realismo mais ou menos trivial. -Retrato da realidade. -Tipificação social explícita (várias classes sociais). -Tomada de consciência do subdesenvolvimento (atraso e miséria do país). -Denúncia da situação opressiva vivida por camponeses e operáiros. - Valorização da realidade rural que levou os críticos a designarem o período como regionalista. Professor: Ari Meneghini Mundos narrados Romances de temática agrária -A ascensão e que dos coronéis: Banguê e Fogo Morto, de José Lins do Rego; Terras do sem fim e São Jorge dos Ilhéus, de Jorge Amado; O tempo e o vento , de Erico Verissimo. ESSES RELATOS OSCILAM ENTRE A SAGA (exaltação com traços épicos) E A CRÍTICA MAIS CONTUNDENTE, seja a ideológica (Jorge Amado), seja a ética (Erico Verissimo). No caso ESPECÍFICO de José Lins do Rego, predomina um tom nostálgico e melancólico diante das ruínas dos engenhos. -Drama dos trabalhadores rurais: Vidas secas, de Graciliano Ramos, que corresponde a uma impugnação latifundiária nordestina. -Confronto do Brasil rural e o Brasil urbano: São Bernardo, de Graciliano Ramos (a obra sintetiza o descompasso entre a mentalidade patriarcal-latifundiária e a urbana modernizada. Romances de Temática urbana -Nova realidade constituída: urbanização ininterrupta do país. -Prisma de denúncia (Jorge Amado); adesão crítica (Erico Verissimo), tristeza impotente (Cyro dos Anjos. -Camadas populares, trabalhadores e marginais: Capitães de Areia, de Jorge Amado. - Setores médicos (pequena burguesia): Os ratos, de Dyonélio Machado e toda a primeira fase de Erico Verissimo, o chamado de Ciclo de Clarissa. Professor: Ari Meneghini Principais romancistas Raquel de Queiroz (1910-2003) O Quinze (1930) – O plano social (apresentação dos efeitos da seca sobre os sertanejos) e o plano individual (experiência de uma moça – Conceição- que intenta definir sua identidade numa sociedade patriacalista, recusando o amor de um jovem proprietário rural. José Lins do Rego(1901-1957) - Ciclo da cana-de-açúcar: Menino de engenho (1932), Doidinho (1943), Fogo Morto(1943) -Cangaço e misticismo: Pedra Bonita (1938), Cangaceiros (1953) -Tempos diversos: Pureza (1937), Riacho doce (1939), Eurídice (1947) Graciliano Ramos (1892-1953) Vidas secas (1934): trajetória de uma família sertaneja entre duas secas, além da natureza, o latifúndio e o governo contribuem para tornar insuportável a vida dos camponeses. Erico Verissimo (1905-1975) Professor: Ari Meneghini Erico Verissimo (1905-1975) PRIMEIRA FASE – Fantoches – livro de estreia, lançado em 1932 e composto por contos. O ciclo de Clarissa: Clarissa (1933) Primeiro romance do autor – em tom lírico e quase inocente; outros romances do ciclo: Musica ao longe (1935), Um lugar ao sol (1936), Saga (1940). Características da primeira fase: registro de valores e costumes da pequena burguesia de Porto Alegre;caracterização psicológica; contador de histórias; lgg tradicional; traços coloquiais. SEGUNDA FASE – O tempo e o vento (1949- 1962): obra-prima do autor, dividida em três grandes partes: O continente, o retrato e o arquipélago. -Aspectos estruturais de o tempo e o vento: Tema geral: História da formação do RS; famílias Terra-Cambará...Tema específico: ascensão e queda da classe de fazendeiros gaúchos; Duração da narrativa: 200 anos. O texto começa em 1745, num episódio ocorrido nas Missões jesuíticas e se estende até 1945. Outros Autores: Jorge Amado (1912-2001); Dyonélio Machado (1895-1985); Cyro Martins(1908-1995) – trilogia do gaúcho a pé (Sem rumo, Porteira Fechada e Estrada Nova); Professor: Ari Meneghini A poesia moderna Manuel Bandeira (1886_1968) Cinza das horas (1917); Carnaval (1919); Libertinagem (1930); Estrela da manhã (1936), Estrela da tarde (1958), etc. Características: confissão pessoal e a vida cotidiana; desejo insatisfeito e amargurado, tema da morte; simplicidade que levou a considerar a importância de sua poesia. Cecília Meireles (1901- 1964) Viagem (1939); Vaga música (1942). Mar absoluto (1945) e o Romanceiro da Inconfidência (1953) Características: tradição lírica do passado; sentimentos de perda amorosa e solidão; atmosfera existencial; O romance da Inconfidência é a experiência poética mais significativa: pesquisa de elementos históricos; utilizou forma poética do passado ibérico: o romanceiro (cada poema é um romance). Mário Quintana (1906-1994) A rua dos cataventos (1940); Sapato florido (1948) (...) O aprendiz de feiticeiro (1950) (...)Esconderijos do tempo (1980) e Velório sem defunto (1990) – Características: Herança simbolista; temática sobre a morte e da tristeza das coisas; simplicidade. Professor: Ari Meneghini Vinicius de Moraes (1913-1980) Novos Poemas (1933). Cinco elegias (1943) e Poemas, sonetos e baladas (1946) Primeira Fase: neo-simbolismo, com conotações místicas. Segunda Fase: Cinco Elegias – explosão de uma poesia mais viril; aproximação de um mundo mais material. Características principais: Verbalismo do soneto; grande tema é o amor; lírica comprometida com o cotidiano. Carlos Drumonnd de Andrade (1902-1987) Alguma poesia (1930); Sentimento de Mundo (1940); A rosa do povo (1945) (...) Amar se aprende amando (1986) Prosa: Fala, amendoeira (1957); Cadeira de balanço (1966) e Contos de aprendiz (1951) Características: Multiplicidade infinita de assuntos; poesia social; reflexão existencial. Geração de 45 Marcada pelo fim da Segunda Guerra, pela derrubada da ditadura de Getúlio Vargas; colocou em segundo plano as preocupações políticas, ideológicas e culturais; Aventura da linguagem, forma e rigor do texto – preocupação desta geração. João Cabral de Melo Neto (1920- 1999): Morte e vida severina (1956) Educação pela pedra (1966) Literatura Professor: Ari Meneghini Questões - Modernismo Questão 111, Enem 2013 Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou. [...] Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos — sou eu que escrevo o que estou escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes. Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual — há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo — como a morte parece dizer sobre a vida — porque preciso registrar os fatos antecedentes. LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento). Professor: Ari Meneghini A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens. b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que a compõem. c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso. d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas. e) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção. Professor: Ari Meneghini Alternativa “c”. No romance A hora da estrela há um narrador onisciente intruso que interfere no discurso da personagem, promovendo uma reflexão existencial sobre o fazer artístico por meio da metalinguagem. Professor: Ari Meneghini ENEM 2012 QUESTÃO 135 O trovador Sentimentos em mim do asperamente dos homens das primeiras eras... As primaveras do sarcasmo intermitentemente no meu coração arlequinal... Intermitentemente... Outras vezes é um doente, um frio na minha alma doente como um longo som redondo... Cantabona! Cantabona! Dlorom... Sou um tupi tangendo um alaúde! ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de Mário de Andrade. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005. Professor: Ari Meneghini Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é A) abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal” que, evocando o carnaval, remete à brasilidade. B) verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas. C) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9). D) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade. E) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas. Professor: Ari Meneghini Alternativa D. Em O Trovador, a problemática em relação à questão da identidade nacional é pela fusão e oposição (símbolo do primitivo -selvagem) e alaúde (símbolo do civilizado), temática recomendada no ManifestoAntropófago, de Oswald de Andrade. Professor: Ari Meneghini Questão 3 Assinale a alternativa em que se encontram preocupações estéticas da Primeira Geração Modernista: a) Principal corrente de vanguarda da Literatura Brasileira, rompeu com a estrutura discursiva do verso tradicional, valendo-se de materiais gráficos e visuais que transformaram a estrutura do poema. b) Busca pelosentido da existência humana, confronto entre o homem e a realidade, reflexão filosófico-existencialista, espiritualismo, preocupação social e política, metalinguagem e sensualismo. c) Os escritores de maior destaque da primeira fase do Modernismo defendiam a reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais, revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas tradições culturais, eliminação do complexo de colonizados e uso de uma linguagem própria da cultura brasileira. d) Amadurecimento da prosa, sobretudo do romance, enfoque mais direto dos fatos, influência da estética Realista-Naturalista do século XIX e caráter documental, como no livro Vidas secas, de Graciliano Ramos. Professor: Ari Meneghini Alternativa “c”. A primeira fase modernista surgiu do anseio de escritores como Mário de Andrade e Manuel Bandeira por mudanças na Literatura Brasileira. Para a criação de uma Literatura genuinamente nacional, pregavam a ruptura com os padrões clássicos impostos pela cultura europeia. Na linguagem, defendiam uma língua sem arcaísmos, livre de erudição. Professor: Ari Meneghini ENEM 2009 QUESTÃO 120 No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de que no Brasil havia duas literaturas independentes dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito diferentes por formação histórica, composição étnica, costumes, modismos linguísticos etc. Por isso, deu aos romances regionais que publicou o título geral de Literatura do Norte. Em nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar com bastante engenho que no Brasil há, em verdade, literaturas setoriais diversas, refletindo as características locais. CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003. Com relação à valorização, no romance regionalista brasileiro, do homem e da paisagem de determinadas regiões nacionais, sabe-se que Professor: Ari Meneghini A) o romance do Sul do Brasil se caracteriza pela temática essencialmente urbana, colocando em relevo a formação do homem por meio da mescla de características locais e dos aspectos culturais trazidos de fora pela imigração europeia. B) José de Alencar, representante, sobretudo, do romance urbano, retrata a temática da urbanização das cidades brasileiras e das relações conflituosas entre as raças. C) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentuado realismo no uso do vocabulário, pelo temário local, expressando a vida do homem em face da natureza agreste, e assume frequentemente o ponto de vista dos menos favorecidos. D) a literatura urbana brasileira, da qual um dos expoentes é Machado de Assis, põe em relevo a formação do homem brasileiro, o sincretismo religioso, as raízes africanas e indígenas que caracterizam o nosso povo. E) Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes Neto e Jorge Amado são romancistas das décadas de 30 e 40 do século XX, cuja obra retrata a problemática do homem urbano em confronto com a modernização do país promovida pelo Estado Novo. Professor: Ari Meneghini Alternativa “c”. O regionalismo surge na literatura em vários momentos, com diversas propostas estilísticas e temáticas. Como aponta a opção C, o romance nordestino se caracteriza pela exploração de regionalismos linguísticos e pelo flagra da luta do homem contra a natureza local, do sertão. As outras alternativas não são verdadeiras por trazerem algum detalhe errado: na A, essencialmente urbana; na B, relações conflituosas entre raças; na D, as raízes africanas e indígenas; e na E, a modernização do país. Professor: Ari Meneghini
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