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Centro Universitário Leonardo da Vinci RENAN GEOVALDRI DE FREITAS AZEVEDO (SES0430) TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: AS CONTRIBUIÇÕES DO VOLUNTARIADO JUNTO AO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NO AMBIENTE HOSPITALAR INDAIAL 2020 RENAN GEOVALDRI DE FREITAS AZEVEDO AS CONTRIBUIÇÕES DO VOLUNTARIADO JUNTO AO TRABALHADO DO ASSISTENTE SOCIAL NO AMBIENTE HOSPITALAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de TCC – do Curso de Serviço Social – do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Nome do Tutor – Angel Pawlack INDAIAL 2020 AS CONTRIBUIÇÕES DO VOLUNTARIADO JUNTO AO TRABALHADO DO ASSISTENTE SOCIAL NO AMBIENTE HOSPITALAR POR RENAN GEOVALDRI DE FREITAS AZEVEDO Trabalho de Conclusão de Curso aprovado do grau de Bacharel em Serviço Social, sendo-lhe atribuída à nota “______” (_____________________________), pela banca examinadora formada por: _______________________________________ Presidente: Prof. Angel Pawlack – Orientadora Local ______________________________________________________ Membro: Elisangela R. Dallabrida Bonatti – Supervisora de Campo _______________________________________________________ Membro: Daiane Ferreira de Souza Gonçalves - Profissional da área INDAIAL 10/12/2020 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho à minha esposa Mara, a qual com todo o seu amor e suporte, se dedicou e me incentivou a concluir este TCC, abrindo mão de muitos momentos de descanso me apoiando e contribuindo das mais diversas formas. AGRADECIMENTOS À Deus, primeiramente, pois com a minha fé, creio em um propósito a se cumprir através da realização de um sonho. Agradeço à minha esposa Mara Azevedo e aos meus filhos Jemima Azevedo e João Neto, aos quais me deram força e incentivo para seguir em frente sem desistir. Agradeço também à minha Tutora (professora) Angel Pawlack, pela sua dedicação, paciência e suporte, me orientando e respondendo sempre aos meus questionamentos com muita eficiência. Agradeço ao Hospital Beatriz Ramos, relacionando cada colaborador que me acolheu e me ensinou, em especial à Assistente Social Elisangela R Dallabrida Bonatti, supervisora do Estágio, a qual me permitiu acompanhar em seu trabalho e dividiu sua vasta experiência diante das dificuldades encontradas no seu dia a dia. E finalmente, não poderia deixar de agradecer à Uniasselvi, em especial à Coordenadora do curso de Serviço Social Vera Lucia Hoffmann Pieritz, a qual possibilitou que este trabalho fosse realizado diante das várias dificuldades encontradas por mim, neste período inesperado da pandemia, decorrente da proliferação do vírus Covid-19. O meu mais sincero agradecimento a todos! "Quando você cuida de alguém que realmente está precisando, você vira um herói. Porque o arquétipo de herói é a pessoa que, se precisar, enfrenta a escuridão e segue com amor e coragem porque acredita que algo pode ser mudado para melhor" (Patch Adams) RESUMO Este trabalho resulta da prática realizada no Hospital Beatriz Ramos tendo por finalidade estudar e compreender sobre as ações e contribuições do trabalho voluntário com os pacientes, seus familiares e a equipe administrativa e da saúde. Também traz breve histórico sobre o voluntariado no Brasil, bem como seu conceito citando autores consagrados e importantes com o intuito de fundamentar os assuntos abordados focados no Ambiente Hospitalar. O trabalho voluntário no HBR consiste em um grande grupo de pessoas que compõem a Capelania e dois cidadãos ao qual através do lúdico, exercem o trabalho de palhaços com o Projeto Agentes da Alegria. Outro trabalho voluntário não menos importante é o Projeto Cão terapia. Como metodologia, foram utilizadas pesquisas bibliográficas, duas claras e objetivas entrevistas com a Assistentes Social do HBR e com a Funcionária responsável pela Ouvidoria e pela equipe de voluntários. Foi constatado em como o voluntariado entrega vida, esperança, compaixão e alegria, devendo permanecer em constante transformação, servindo à comunidade, com pessoas que realmente se doam e dedicam seu tempo em prol de outras pessoas, sendo este, um ato de humanidade que por muitas vezes encontrava-se já esquecido por muitos, mas que hoje, diante da pandemia decorrente do Covid-19, tem transformado muitas vidas e levando muitas pessoas a direcionarem um olhar mais compreensivo, caridoso e humano voltado para o próximo. PALAVRAS-CHAVE: Assistência Social, Voluntariado, Capelania LISTAS DE ILUSTRAÇÕES FOTO 01: 69 Anos ............................................................................................................... 13 FOTO 02: Hospital Beatriz Ramos ....................................................................................... 14 IMAGEM 01: Logo dos Voluntários do HBR ......................................................................... 18 FOTO 03: Cão terapia no Hospital Beatriz Ramos ............................................................... 20 FOTO 04: Hunter Doherty (Patch Adams) ........................................................................... 21 FOTO 05: Os Agentes da Alegria – HBR ............................................................................. 22 FOTO 06: Entregando Cartas .............................................................................................. 24 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10 2. APRESENTAÇÃO DO TEMA .......................................................................................... 11 2.1 O VOLUNTARIADO NO BRASIL..................................................................................................... 11 2.1.1 O SEU SIGNIFICADO .................................................................................................................. 12 2.2 HOSPITAL BEATRIZ RAMOS: CAMPO DE ATUAÇÃO .................................................................... 13 2.2.1 O ASSITENTE SOCIAL ................................................................................................................ 15 2.3 AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA CAPELANIA HOSPITALAR ................................................................. 16 2.4 OS CAPELÃOS NO HBR ................................................................................................................. 17 2.5 CÃO TERAPIA ............................................................................................................................... 20 2.6 OS AGENTES DA ALEGRIA ............................................................................................................ 21 2.6.1 A ATUAÇÃO DOS AGENTES DA ALEGRIA NO HBR .................................................................... 23 3. PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL. .............. 25 4. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 28 5. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 28 5.1 OBJETIVO GERAL .........................................................................................................................29 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................................. 29 6 METODOLOGIA DE PESQUISA ...................................................................................... 29 7 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA ........................................................................... 29 7.1 VIVÊNCIAS NO ESTÁGIO .............................................................................................................. 32 7.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................................................... 33 8 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 33 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 36 Apêndices ............................................................................................................................ 39 10 1 INTRODUÇÃO O trabalhador voluntário é todo aquele que realiza alguma atividade de interesse social sabendo que não receberá nenhum dinheiro em troca. Este é, com certeza, um assunto que humaniza e atrai a atenção de quem pesquisa e conhece sobre as contribuições que o voluntariado representa. Sentir-se motivado e pesquisar sobre este tema, é como buscar transformação para si mesmo, pois se envolve e se motiva a desejar conhecer mais. A ação de um voluntário dentro do ambiente hospitalar, vai muito além de somente a realização de um trabalho filantrópico, ou de simplesmente caridade. As atitudes deste profissional, contribuem com a transformação da indiferença para a solidariedade, realidades de vulnerabilidade em defesa da dignidade humana, o estado de dor para um estado de esperança. Estes voluntários, por muitas vezes, se destacam como fortes agentes de mudança e transformação de vidas. É motivador quando se pode encontrar nas pessoas doentes e psicologicamente vulneráveis, a esperança e a fé de que tanto necessitam. A presente pesquisa, tem como objetivo geral, dimensionar as contribuições que o trabalho voluntário tem a oferecer dentro de um ambiente hospitalar, trabalhando junto ao setor de Serviço Social. Seus objetivos específicos enfatizam sobre a breve história do voluntariado no Brasil, bem como seu conceito citando autores consagrados e importantes com o intuito de fundamentar os assuntos abordados. Também destacar sobre a força que representa a presença dos voluntários da área da Capelania Hospitalar e o Projeto Agentes da Alegria, constituído por dois palhaços, qualificados para tal trabalho, aos quais, diante das normas estabelecidas pelo Hospital, buscam desenvolver de forma lúdica e cristã, um conjunto de atitudes, com o fim de contribuir para o quadro de melhora dos pacientes, sendo desde as crianças até os idosos. Outro trabalho não menos importante é o Projeto Cão terapia, realizado pela Vira-Lata Clínica Veterinária, da cidade de Indaial. A metodologia utilizada foi de cunho bibliográfico e de pesquisa aplicada para a construção do Trabalho de Conclusão de Curso Bacharelado em Serviço Social. Se deu através de pesquisa de campo com breve e objetiva entrevista realizada com a Assistente Social do HBR Elisangela R. Dallabrida Bonatti, bem como, através de relatos vivenciados pelos palhaços, fundamentando suas contribuições com as obras dos autores que escrevem sobre o tema. 11 2. APRESENTAÇÃO DO TEMA O primeiro registro de um hospital na história, dá-se em 431 a.C., no Sri Lanka – Sul da Ásia. Dois séculos após, o imperador Asoka criou, na Índia, instituições especiais para tratar de doenças semelhantes aos hospitais de hoje. Em 100 a.C. surgiu na Europa, onde os romanos ergueram locais chamados valetudinária, com a intenção de cuidar dos soldados feridos em batalhas. Mas foi somente com o crescimento do Cristianismo, no século IV, que os hospitais começaram a se expandir, com seus monastérios que passaram a servir de refúgio para viajantes e doentes pobres. Estes, tornaram-se modelos para os hospitais mais modernos. Na idade Média, as ordens religiosas continuaram a liderar a criação de hospitais. Já no Brasil, o primeiro registro de um hospital surgiu em 1540. De acordo com a Revista Superinteressante, [...]No Brasil, o primeiro foi o Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Olinda, inaugurado em 1540 junto com a Igreja de Nossa Senhora da Luz. Ele funcionou até 1630, quando o conjunto foi saqueado por holandeses e depois incendiado. Já o mais antigo em atividade é a Santa Casa de Misericórdia de Santos, em São Paulo, erguida no ano de 1543. No começo, o improviso era total. “Como no século 16 não havia médicos dispostos a vir para o Brasil, os jesuítas se encarregavam de todo o atendimento, trabalhando como médicos, farmacêuticos e enfermeiros”, afirma o neurocirurgião Henrique Seiji Ivamoto. Hoje, o hospital funciona em outro local. (Redação Super Interessante, 2020, disponível em: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quando-surgiram-os-hospitais/>. Acesso em: 01/12/2020. Neste mesmo período, na Santa Casa de Misericórdia de Santos, surgiram os primeiros registros do trabalho voluntário no Brasil. 2.1 O VOLUNTARIADO NO BRASIL Não há registros de exatamente quando foram iniciados os primeiros trabalhos voluntário no Brasil. O que se sabe, é que por volta do ano de 1543, foram registradas as primeiras ações voluntárias na fundação da Santa Casa de Misericórdia, na vila de Santos, tendo como característica principal deste trabalho, a realização de um trabalho 12 essencialmente feminino. No ano de 1908, chega no Brasil a Cruz Vermelha. Já em 1910, chega o Escotismo, na cidade de Rio de Janeiro. A partir dos anos 50, surgem as primeiras Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs). Atualmente, existem mais de 1600 unidades espalhadas pelo país, se configurando no maior movimento social de caráter filantrópico brasileiro. Chegando nos anos 90, então em sua segunda metade, é fortalecida a ideia da cidadania como um conjunto de direitos e responsabilidades sociais e o trabalho voluntário passa a ser visto como uma forma de expressão dessa responsabilidade social cidadã, tanto para empresas quanto para o cidadão. Se por um lado surgia este crescimento do desejo de participação cidadã, por outro, gerou a necessidade de se criarem mecanismos para organizar a oferta e a demanda do trabalho voluntário. Manifesta-se em 1997, com esta finalidade, os chamados Centros de Voluntariado por diversos estados brasileiros. Esses centros tornam-se encarregados de fomentar a cultura do voluntariado, capacitar voluntários e entidades sociais para o melhor aproveitamento desses recursos e criar estratégias de reconhecimento e valorização deste tipo de trabalho. 2.1.1 O SEU SIGNIFICADO Objetivando os motivos que levam um cidadão ao trabalho voluntário no ambiente hospitalar, considera-se Garay (2001), apresentando uma definição bem de acordo com os fundamentos dessa pesquisa, afirmando que: diferente do trabalho que ocorre, na maioria das vezes, existente nas organizações com fins lucrativos, o trabalho voluntário parece acontecer a partir de motivações e desejos baseados especialmente no compromisso com uma mudança maior e na responsabilidade diante da comunidade. “Existe em virtude de vontade própria em prol de um propósito, sem qualquer tipo de coação” (Garay, 2001, p. 44). Corullón, 2002, p. 141, afirma que: [...]o voluntário é o jovem ou adulto que, devido a seu interesse pessoal e seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividade, organizadas ou não, de bem-estar social ou outros campos. 13 Conforme Lovato (1996) também há de citar o trabalho voluntáriocomo solidariedade, cidadania, transformação social, desejo de ser útil, fatores estes, determinantes ligados ao ser voluntário. Drucker (1997) menciona o elo a uma crença, um ideal ou uma missão e a importância do valor social como elementos fundamentais para esse tipo de trabalho. No Brasil, temos uma definição legal instituída pela Lei 9,608, publicada em 18 de Fevereiro de 1998 que regula o trabalho voluntário. Ela define que para que se realize o trabalho de forma voluntário, é necessário que não seja remunerado e que não haja nenhum outro interesse que não seja o benefício do indivíduo assistido, que este voluntário seja pessoa física, que o serviço seja prestado a entidade pública de qualquer natureza ou instituição privada sem objetivar fins lucrativos, que haja o termo escrito de adesão, no qual devem constar o objetivo e as condições do trabalho a ser prestado. 2.2 HOSPITAL BEATRIZ RAMOS: CAMPO DE ATUAÇÃO O Hospital Beatriz Ramos, é um hospital de caráter filantrópico, sem fins lucrativos, estando em funcionamento desde o dia 30 de setembro de 1951, a Associação Beneficente Hospital Beatriz Ramos é a entidade mantenedora da instituição desde 13 de junho de 1943, hoje um dos maiores patrimônios sociais do município. Neste ano de 2020, comemora seus 69 anos de profissionalismo e dedicação pela comunidade de Indaial e região. FOTO 01: 69 Anos Fonte: Disponível em: <https://www.facebook.com/hospitalbeatrizramos/> Acesso em: 30/09/2020. 14 A equipe de atendimento é composta por aproximadamente duzentos profissionais especializados e interligados por um programa de informatização. Estes profissionais estão classificados em equipes, são elas: Medicina; Enfermagem; Assistência Social; Farmácia; Psicologia; Fisioterapia; Radiologia; Nutrição e dietética do paciente; Higienização e Lavanderia; Manutenção; Recepção; Administração; Faturamento; Financeiro e Recursos Humanos. O HBR possui uma equipe montada exclusivamente para atender aos 10 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) diante do momento inesperado da Pandemia Mundial, recorrente da proliferação do Novo Coronavírus (Covid-19). A instituição é referência na microrregião, devido à proximidade com a BR-470 e diversificação do corpo clínico, sendo o único hospital da cidade atendendo a maioria dos pacientes pelo SUS. Sua missão é “Oferecer avançada e inovadora atenção à saúde, proporcionando conforto, segurança e crescente humanização, dentro dos padrões científicos e tecnológicos melhorando a qualidade de vida dos clientes internos e externos em uma estrutura autossustentável”. Tem como objetivo principal atender a todos que necessitarem de seus serviços, investindo sempre no aprimoramento da assistência integral ao doente para salvar vidas. Não distribui renda, lucros ou vantagens a seus dirigentes e associados, aplica todos os resultados obtidos na melhoria de suas instalações e equipamentos. FOTO 02: Hospital Beatriz Ramos Fonte: Disponível em: <https://www.facebook.com/hospitalbeatrizramos/photos/?ref=page_internal> Acesso em: 07/08/2020. Dentre as principais características da população atendida pela instituição, estão pessoas com necessidade de assistência à saúde momentânea, uma vez que o 15 atendimento realizado no hospital é de caráter emergencial. Entre as situações mais frequentes estão doenças físicas, acidentes de trabalho e de trânsito, acidentes domésticos, mulheres e adolescentes grávidas, tentativas de suicídio (problemas psiquiátricos, depressão), questões familiares, população em situação de rua, etilistas, idosos, crianças e todo atendimento realizado no pronto socorro para média complexidade. 2.2.1 O ASSITENTE SOCIAL O Serviço Social fora incorporado na instituição no ano de 2003, com a certificação recebida de Hospital Amigo da Criança, onde houve a necessidade de adequação de toda a equipe de enfermagem e psicologia para uma equipe multidisciplinar, juntamente com o profissional do Serviço Social. Diante dos vários profissionais que compõem a rede hospitalar, temos os Assistentes Sociais. A profissão do assistente social tem sua legitimação pela Lei nº 8.662 de 07/06/93, complementada pela Resolução nº 293/94 do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), conforme regulamenta o Código de Ética Profissional tendo por propósito, o compromisso de assegurar a defesa e garantir os direitos dos usuários. Estes profissionais desenvolvem um papel humanizado, aos quais buscam oferecer assistência e qualidade de atendimento para o doente e através de uma melhor aproximação, prestar também assistência a seus familiares. Sarreta (2008) afirma que o Serviço Social não busca somente o reconhecimento dos fatores que determinam as condições de saúde do paciente, para o enfretamento das expressões da questão social, os assistentes sociais vem criando alternativas, para afrontar as problemáticas vistas nas rotinas, que vão se alargando nas atividades operativas destes profissionais, diante dessa circunstância, são utilizadas ferramentas que respaldam as atribuições e competências dos assistentes sociais na sua pratica do trabalho. O Assistente Social é reconhecido também como um profissional da saúde, fundamentado na garantia do direito, como definido na Constituição Federal de 1988 e em outras Legislações onde o foco é a universalização e o acesso aos direitos. As Resoluções do Conselho Nacional de Saúde n. 218, de 6 de março de 1977, e do conselho Federal de Serviço Social n. 383, de 29 de março de 1999, além da Resolução n.196 de 1996, que fala da ética em pesquisa envolvendo humanos (Rosa et. Al, 2006, p. 63-64) são termos reais desta afirmativa. O CFESS ainda destaca: 16 No âmbito desses marcos legais e normativos, torna-se indispensável ressaltar a importância dos Parâmetros para a Atuação de Assistentes Sociais na Política de Saúde, elaborados a partir de ampla participação da categoria profissional e promulgados pelo CFESS, com o objetivo de “referenciar a intervenção dos profissionais na área da saúde. “ (CFESS, 2010, p.11). Estes parâmetros reforçam a importância do reconhecimento dos usuários da saúde como sujeitos de direitos, sendo nosso compromisso a atuação por meio de práticas interdisciplinares, reguladas em uma perspectiva ética de humanização e respeito à vida. Nos exigindo um constante processo de busca pelo conhecimento, pela via de pesquisa e intervenção profissional crítica e eficaz, embasada na 1Política Nacional de Saúde e no 2Projeto Ético-Político do Serviço Social. A Assistente Social é parte integrante da equipe multidisciplinar e interdisciplinar do HBR, onde realiza atendimentos individuais, desenvolvendo seu trabalho também através de abordagens grupais, intervindo em questões relacionadas a direitos e deveres sociais, promovendo a humanização no atendimento. Geralmente, o paciente não procura pelo hospital com a intenção de ficar hospitalizado, e o trabalho do assistente social é justamente esse, de prestar assistência para essas pessoas que necessitam se estabelecer durante algum tempo no hospital para o seu tratamento. É decorrente que o paciente ou os familiares busquem o serviço social no hospital, e após esse contato é tarefa do assistente social estabelecer a comunicação deste paciente com o médico que está cuidando do tratamento. Essa comunicação vai ser responsável pelo cuidado que o assistente deve tomar durante o tempo de internação do paciente, e o serviço social dentro do hospital deve terminar assim que o paciente obtiver a alta. Neste momento, entram por muitas vezes, os órgãos competentes por encaminhamento. Como também, a continuação da atuação do voluntário atuante no ambiente hospitalar. Durante o período de internação do paciente, o agente voluntário tem a oportunidade de acompanhar os trabalhos exercidos pelos profissionais e em conjuntoao Assistente Social e demais setores, realiza, por muitas vezes, a continuidade do atendimento ao agora, ex-paciente. 2.3 AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA CAPELANIA HOSPITALAR 17 O ministério de Capelania Hospitalar é único, leva conforto e esperança aos enfermos e aos seus familiares. Pode-se perceber dia após dia como esta atenção faz diferença na vida de cada um que a recebe. Os funcionários demonstram interesse, alguns de forma muito discreta, ouvindo e respeitando o agir da equipe. Muitos reagem com apreço e buscam auxilio quando necessário. Para entender aquele que sofre, é necessário compreender que Deus está presente. Ele traz conforto e esperança ao abatido. Deus apresenta-se como Aquele que está junto aos que sofrem, fortalecendo, encorajando e revigorando suas almas. O profeta Isaías profetiza acerca do nascimento de Jesus dizendo que seu nome seria “Emanuel”, que quer dizer “Deus conosco”. Diante deste pressuposto, este pode ser considerado um dos grandes desafios dos Capelãos, em apresentar o Deus vivo e presente, o Deus que é amor, o Deus de promessas e que, independente dos acontecimentos, quer sempre o melhor para as pessoas que o recebe. Observa-se que os hospitais em sua maioria, não oferecem nenhum tipo de lazer aos seus pacientes, até mesmo, porque este não é o seu papel. Mas, para tanto, existe a presença dos Capelãos, que proporcionam aos pacientes e acompanhantes, o acolhimento, a escuta, o olhar amoroso, o abraço, literaturas para reflexão, leitura bíblica, músicas para acalentar a alma, entre outras inúmeras atividades que podem ser realizadas, mas o mais importante, é de através deste conjunto de atividades, atender às necessidades espirituais dos que os cercam. As atividades da Capelania devem ser significativas, proporcionando auxílio aos pacientes e seus acompanhantes no período de internação, visando promover aceitação, tranquilidade, confiança, novo ânimo no interior de quem o recebe. Para os funcionários, estimular a amizade, o companheirismo, integração e cordialidade nas relações sociais. É dever do Capelão, orar e abençoar a todos os envolvidos na causa de salvar vidas e cuidar dos que necessitam até a sua alta ou até mesmo até o momento da sua partida. 2.4 OS CAPELÃOS NO HBR No Hospital Beatriz Ramos, o voluntário trabalha em prol de atender às diversas necessidades encontradas pelo paciente juntamente com a sua família através de ações realizadas pelo próprio hospital. Porém, o foco deste trabalho se resume em levar a fé e a 18 esperança, alimentando seu espírito, através do serviço de Capelania Hospitalar. Segundo Koenig, 1999, p. 123 “muita gente, quando está fisicamente enferma, ou em estresse, volta- se para sua fé religiosa em busca de força, conforto e significado”. Segundo Aitken: Pesquisas recentes mostram que, com a intervenção dos capelães, há redução de tempo de internação, diminuição do tempo de recuperação após as cirurgias, e aumentam a satisfação do paciente, produzindo economia para os hospitais. (Aitken, 2013, p. 53). Diante deste pressuposto, destaca-se então, a plausível contribuição realizada pelos voluntários do Hospital Beatriz Ramos. A Assistente Social Elisangela relata em sua entrevista que: “O voluntariado que acontece no Hospital Beatriz Ramos tem proporcionado descontração e alegria para o paciente favorecendo de forma positiva, que por muitas vezes se encontra sozinho no hospital e sem vínculo familiar. Estes voluntários contribuem para o serviço social desenvolvendo igualdade no processo, acolhimento e dignidade”. IMAGEM 01: Logo dos Voluntários do HBR Fonte: Foto o Autor. 19 Capelania é um ministério espiritual de servir ao Senhor Jesus, cuidando daquelas pessoas que por razões distintas, foram retirados do convívio de seus familiares e estão fora da normalidade da vida em sociedade e também oportunizar àqueles que pouco tempo tem para dedicar-se a vida espiritual durante sua rotina semanal. Ao visitar um enfermo no hospital, o capelão cumpre o ide. O próprio Senhor Jesus disse: “Estive enfermo e me visitastes, [...]sempre que fizeste a um destes meus irmãos, mesmo que o menor deles, a mim o fizeste”. (Bíblia King James Atualizada, 2007 – Mt 25:36-40, p. 72). Visitar e confortar os pacientes são: ter empatia com os que sofrem, levar uma palavra de amor e esperança, dizer que vale a pena viver mesmo em meio às dificuldades, ensinar sobre amar a Deus e ao próximo, compartilhar sobre o amor e as alegrias que Deus nos dá, ensinando que a pessoa pode aprender a viver com a enfermidade e ser feliz, bem como ser uma fonte de alegria para as pessoas que cruzam seu caminho. Na Bíblia, a doença faz parte da vida. Ela sinaliza para os nossos limites, para a nossa transitoriedade, para a nossa natureza humana. “O sofrimento nivela os homens, e quando estão deitados, a única opção de direção é olhar para cima, para o alto, para Deus” (Aitken, 2013, p. 124). É também importante destacar que, diante da grande equipe que forma os voluntários Capelãos do HBR, a Administração da instituição encontra o grande desafio de acompanhar e de fazer cumprir as normas de visitação apresentadas a estes. A final de contas, de acordo com Aitken: Hospital não é igreja. A dificuldade em compreender isso faz com que muitos cristãos cheios de boa vontade, mas também de muito orgulho e altivez, deixem de se submeter às normas de cada hospital, colocadas para o seu bom funcionamento e melhor atendimento às necessidades do paciente. (Aitken, 2013, p. 116) Para que estas normas sejam cumpridas e para que haja um bom funcionamento deste trabalho, a Sra. Ivone, do setor de Ouvidoria, que é responsável por dirigir esta equipe, realiza reuniões mensais, na primeira segunda – feira de cada mês, solicitando a presença de todos os voluntários, juntamente com a Assistente Social, levando os pontos positivos e negativos que acontecem no decorrer das visitas realizadas durante o período que antecede, discutindo os assuntos em pauta, e confraternizando com todos. Lembrando, que para este momento de Pandemia da Covid-19, tanto as visitas, quanto as reuniões encontram-se suspensas por tempo indeterminado. 20 2.5 CÃO TERAPIA De acordo com a Lei nº 17.968/2020, sancionada pelo Governador Carlos Moisés, foi publicada no dia 31 de Julho, no Dário Oficial do Estado (DOE), o projeto de Lei que é de autoria da Deputada Marlene Fengler, que permite a visitação de cães aos quartos de hospitais, monitorados por seu Tutores. Este, é mais um trabalho voluntário que acontece no Hospital Beatriz Ramos, tendo como base a cinoterapia, uma abordagem terapêutica realizada com a utilização de cães, a fim de melhorar o quadro de saúde dos seus pacientes. Este Projeto está sendo desenvolvido pela Vira-Lata Clínica Veterinária de Indaial, com a cachorra Olívia e sua tutora Simone Polz. O cão é um animal conhecido como o melhor amigo do homem, e desempenha um papel importantíssimo no dia a dia das pessoas. Alguns dos seus benefícios incluem a redução da ansiedade, redução de sintomas de depressão e estresse, além de melhorar o humor e auxiliar no desenvolvimento das habilidades motoras e coordenação. FOTO 03: Cão terapia no Hospital Beatriz Ramos Fonte: LIMA, Judson, 02/08/2020. Disponível em: < https://valedoitajainoticias.com.br/lei-autoriza- visita-de-animais-domesticos-a-pacientes-internados-em-hospitais/> Acesso em: 07/08/2020 “A companhia dos cães, fazem com que o paciente sinta mais autonomia. Isso é ainda mais eficaz quando estamos falando de tratamentos paliativos ou quando os pacientes estão internados a muito tempo. Traz o saudosismo do lar ao paciente internado”, explica Ferrari, 2020. É possível observar na foto acima, o carisma da cachorra Olívia conhecendo uma criança enferma no HBR. 21 2.6 OS AGENTES DA ALEGRIAInspirados pelo Médico norte-americano Hunter Doherty, mais conhecido como Patch Adams, o qual tornou-se famoso por seus métodos inusitados em busca da recuperação dos seus pacientes, nasce o projeto dos Agentes da Alegria. FOTO 04: Hunter Doherty (Patch Adams) Fonte: CARTER, Louis. LOUIS CARTER. Disponível em: < https://louiscarter.com/louis-carter- speaks-with-hunter-patch-adams/> Acesso em 22 de ago. 2020. Diante da prática cristã dos Agentes da Alegria, eles decidiram então, levar a alegria e o conforto da palavra de Deus para um ambiente onde dificilmente existem sorrisos, e por algumas vezes, nenhuma esperança, exceto no alojamento da maternidade. Estes Agentes são formados por dois palhaços, que juntos, realizaram toda e qualquer forma de exposição, dentro das normas do hospital, com a intenção de arrancar risos de pacientes, familiares e da equipe de profissionais da saúde do HBR. Esta foi a forma que os palhaços encontraram de expressar sua gratidão à Deus pela vida, levando alegria e a sua fé em Jesus Cristo. Quando as pessoas ouvem falar de palhaços voluntários nos hospitais, logo pensam no quanto as crianças vão gostar. Porém, com este projeto, descobriu-se que não somente as crianças, mas também os adultos e principalmente idosos necessitam dessa pitada de alegria para receber ânimo e esperança de dias melhores. Os Agentes da Alegria têm foco em todas as idades. O índice de pessoas idosas hospitalizadas é bem mais alto, e é onde o trabalho desses Agentes surti o maior efeito. 22 FOTO 05: Os Agentes da Alegria – HBR Fonte: O Autor. Um dos objetivos centrais do trabalho de palhaços, é o contato humanizado. A presença dos palhaços minimiza as consequências da enfermidade. Suas melhores e mais eficazes ferramentas são a alegria e a palavra de Deus, que entra e sai com estes agentes deixando rastros de bondade, fé e esperança em Jesus Cristo. Não tomando nenhum tipo de partido religioso, estes agentes jamais receberem um não quando é oferecido um momento de oração e um abraço apertado. O palhaço, como agente das relações humanizadas, tem suas origens fincadas na ingenuidade e na pureza. Ele coloca à disposição do paciente o prazer de rir, amplia sua perspectiva de vida e lhe mostra outras possibilidades do processo de cura. Nesse sentido, o palhaço deixa em evidência que o hospital não é um ambiente apenas de dor e sofrimento, que nele há um espaço a ser desfrutado para o desenvolvimento de atividades lúdicas. Dessa forma, entende-se que as situações de natureza hospitalar não deveriam interromper o desenvolvimento humano. Essa é a ideia dos palhaços em hospitais e tem sido assim que ao longo dos anos, os palhaços têm auxiliado na recuperação da saúde física e mental das pessoas. Conforme apontam Moniz e Araújo: [...] O voluntariado presta um serviço de assistência em um ambiente hospitalar, sendo visto como uma entidade positiva ao atuar nessa instituição, que sofre carências efetivas, principalmente na rede pública, mas que existem críticas e limitações nessa função no olhar do profissional de saúde que compartilha desse lugar. Destaca-se a realização do trabalho voluntário realizado pelos palhaços-doutores, considerado um trabalho 23 humanizado, voltado para o sujeito e não somente para sua enfermidade, pois consegue entender as particularidades e subjetividade de cada indivíduo que se encontra na enfermaria médica. (MONIZ e ARAÚJO, 2008, p. 149). Este olhar é único e de muita importância. Buscando na individualidade de cada um a melhor forma de abordar uma conversa, brincar e tornar o ambiente mais leve e agradável possível. “Através do brincar, o palhaço então desenvolve a confiança e fortalece as relações humanas no hospital, onde se encontram os profissionais, pacientes e familiares”. (Backes, 2005, p. 103). Para a atuação de um palhaço nos hospitais, não existe nenhum tipo de regra ou lugar comum. Alguns falam dessa atuação como forma de terapia, outros, como uso de estratégias para que atinja objetivos específicos, além do terapêutico. Alguns termos ainda são utilizados como, a palhaçoterapia, clown-terapeuta. Ainda pode-se falar das pessoas que utilizam apenas a linguagem do palhaço, com o intuito de voluntariar, sem mesmo um breve conhecimento teórico ou prático sobre o assunto. De acordo com Hunter “Patch” Adams (2002) sobre a utilização dos palhaços no ambiente hospitalar: [...]É inerente a essas preocupações que o clowning precisa ser um contexto, não uma terapia. É engraçado para esse clown dizer “palhaçoterapia”. Claro que é terapêutico! Se a estratégia do amo existisse em nossa sociedade, ninguém precisaria da palhaçoterapia. Mas, nossos hospitais modernos e práticas médicas ao redor do mundo, todos gritam para o reconectar dessa prestação de cuidados com compaixão, alegria, amor e humor. [...]Se permitirmos que a estratégia do amor permaneça apenas como uma terapia, estamos dando a entender que há momentos nos quais ela não é necessária. Mas, se nós nos comprometermos a cultivar o amor como contexto, nós seremos continuamente chamados a criar uma atmosfera de alegria, amor e riso (ADAMS, 2002, p. 447-448). Se as pessoas conseguirem ver o amor somente como um momento feliz, servindo como uma terapia para a tristeza e angustia, então não é amor. O amor, é um sentimento junto de uma ação, que quando está em evidência, não acaba, não se esquece. Permanece e transforma ambientes verdadeiramente. 2.6.1 A ATUAÇÃO DOS AGENTES DA ALEGRIA NO HBR 24 No início de seu trabalho como voluntários no HBR, os palhaços desempenhavam em todos os quartos um teatro com a atuação da palhaça paciente e do palhaço doutor. Contagiavam o ambiente e faziam com que, pelo menos por alguns minutos, se interrompesse o choro de uma criança ao receber a medicação, a dor de um adulto e a tristeza de um idoso, este, por muitas vezes abandonado por seus familiares no leito do hospital. Estes palhaços não só promoviam o riso, como também emprestavam por muitas horas os seus ouvidos, servindo como uma espécie de depósito de lixos recicláveis, onde através dos relatos de pacientes e familiares, conseguiam devolver amor, carinho e palavras de conforto através da bíblia e de orações. A palhaça Marinha também desempenhava um importante papel em escrever cartas destinadas à equipe da saúde do HBR, com relatos vivenciados por ela e sua família aos quais ensinava formas de vencer as tempestades da vida diante da palavra de Deus. FOTO 06: Entregando Cartas Fonte: O Autor. Alguns funcionários ficavam sempre à espera da cartinha, que era entregue semanalmente. A Sra. Lilian, do setor da farmácia, sempre dizia que esperava pelo seu remedinho de bom ânimo da semana, o que lhe fazia refletir e agradecer sempre! Outro trabalho, não menos importante, também realizado pela palhacinha Marinha, era de atuar na brinquedoteca, onde havia por vezes a concentração de mais de duas crianças. “Este é um momento extraordinário, ao qual, através do lúdico, proporciona uma maior aproximação à estas crianças. Na brinquedoteca, é possível desenvolver a contação de histórias, os jogos educativos e as pinturas. Trata-se de um momento mágico que faz 25 com que a criança esqueça o ambiente e a situação em que se encontra, entregando a ela um momento ímpar de felicidade”. (Palhacinha Marinha). Momentos como estes, proporcionam melhora no quadro de internação hospitalar de uma criança, aliviando o estresse emocional, onde ela se queixa menos de dor, passa a aceitar melhor os alimentos, as medicações e os exames clínicos, melhorando inclusive a integração entre os profissionais. De acordo com Lima (2009, p. 186) Estes fatos possuem “reflexos diretos na aceleração da recuperação e da cura”. 3. PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL. No Brasil, temos uma definição legalinstituída pela Lei 9,608, publicada em 18 de Fevereiro de 1998 que regula o trabalho voluntário. Ela define que para que se realize o trabalho de forma voluntário, é necessário que não seja remunerado e que não haja nenhum outro interesse que não seja o benefício do indivíduo assistido, que este voluntário seja pessoa física, que o serviço seja prestado a entidade pública de qualquer natureza ou instituição privada sem objetivar fins lucrativos, que haja o termo escrito de adesão, no qual devem constar o objetivo e as condições do trabalho a ser prestado. De acordo com o Diário Oficial da União, Seção 1 – 19/02/1998, p. 2: LEI Nº 9.608, DE 18 DE FEVEREIRO DE 1998. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º. Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade. Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim. Art. 2º. O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício. Art. 3º. O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias. Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço voluntário. Art. 4º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 5º. Revogam-se as disposições em contrário. Brasília, 18 de fevereiro de 1998; 177º da Independência e 110º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO - Paulo Paiva. (Disponível 26 em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9608.htm>. Acesso em 08/ago. 2020). Sendo o Hospital Beatriz Ramos uma Instituição filantrópica, que não possui fins lucrativos, tem como seu principal objetivo, atender a todos que necessitam de seus serviços, investindo sempre no aprimoramento da assistência integral ao doente para salvar vidas. Sempre cumprindo sua finalidade estatutária, a Associação presta assistência médico-hospitalar a todas as pessoas que dela necessitarem. Não distribui renda, lucros ou vantagens a seus dirigentes e associados. Aplica todos os resultados obtidos na melhoria de suas instalações e equipamentos. Juntamente, esta instituição possui uma contingência de voluntários qualificados de forma prática e teórica, aos quais contribuem com seus serviços previstos em lei, sem a intenção de quaisquer fins lucrativos, de forma a desempenhar sua função em prol da sociedade, promovendo esperança, acalento e alegria aos enfermos, familiares e aos seus colaboradores. Ao mencionar alegria, não há como deixar de citar o trabalho desenvolvido pelos palhaços Agentes da Alegria, que executaram durante aproximados 4 anos, sempre com presteza e muito amor, seus serviços voluntários a fim de promover uma impactante contribuição com a melhora do quadro clínico de pacientes internados e familiares cansados e muitas vezes, já com poucas esperanças. Durante a entrevista, Elisangela afirma que: “Os Agentes da Alegria atuam como voluntários, e é notável o sorriso e alegria dos pacientes. É provável, que perante estes momentos de relaxamento, o paciente desenvolva a dopamina, e com isso, melhora todo o processo de tratamento, bem-estar, minimizando o sentimento de rejeição do hospital”. A literatura científica contém muitos estudos sobre a ação do riso no sistema imunológico que mostram que a boa disposição de espírito baseia-se na percepção de algo inusitado, e que para a assimilação de forma consciente da situação atípica, ocorre uma complexidade orgânica que estimula novas ligações cerebrais para melhor assimilação da incoerência (SENA, 2011). Em outras palavras, o riso é uma mudança de perspectiva, pois rir liberta o pensamento lógico, rompendo as reações do reflexo luta ou fuga, tendo como resultado a queda no nível de adrenalina, reduzindo o estado de retesamento muscular e tensão provocados pela rotina hospitalar (SENA, 2011). 27 Além disso, sabe-se que o riso e o bom humor são responsáveis pela produção de serotonina, um hormônio produzido pelo organismo humano que atua como inibidor dos caminhos da dor na medula, fato este corroborado por Sigmund Freud – médico neurologista e criador da Psicanálise – que no século XX enxergava o humor como um mecanismo de defesa psicológica extremamente saudável (CAPELA, 2011). Diante disso, ao rir, os benefícios compreendem tanto o aspecto emocional, quanto o físico, mental e espiritual (LUCHESI; CARDOSO, 2012). O riso saudável, verdadeiro e está ligado a atitudes e sentimentos positivos. Ela pondera que os mais sérios não são, necessariamente, infelizes e depressivos. Quem nutre pensamentos negativos, no entanto, costuma ser mais vulnerável a doenças físicas e emocionais. O riso, de certa forma, tem poder preventivo. É essencial para transformar tristeza em alegria. Rir é contagioso, está cientificamente comprovado. [...]O riso é um “medicamento” 100% orgânico, gratuito e contagiante, idealizado pela fisiologia humana para ser consumido sem moderação. “Ele relaxa o corpo e a mente, fortalece as defesas do organismo, melhora a circulação e a pressão arterial e libera endorfina, hormônio que promove uma sensação de bem-estar geral. [...]o riso estimula a secreção de endorfina e serotonina, substâncias responsáveis pela sensação de bem- estar. Estudos apontam que rir reduz em até 10% a sensação de dor e diminui a produção dos hormônios cortisol e adrenalina, responsáveis pelo estado de estresse, que em excesso podem aumentar o risco de diabetes, hipertensão arterial e depressão. (LAMBERT, 2007, p. 37-38). O autor busca em sua obra, informar a dimensão dos benefícios do riso para a vida humana. A grande maioria das pessoas desconhecem o quanto o riso pode os transformar positivamente. São muitos os estudos realizados, que comprovam o riso como um grande benefício de prevenção e cura. Um estudo realizado em 1990, pela pesquisadora Nancy Yovetich na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hil, EUA demonstrou que o ato de rir minimiza sensações dolorosas e auxilia na superação de obstáculos onde estudantes universitários que iriam ser submetidos a um choque de pequena intensidade, onde antes um grupo passou por um momento engraçado e o restante apenas escutou uma história comum sem sentido cômico. A frequência cardíaca nos dois grupos foram as mesmas, porém o grupo que sofreu influências do lúdico encarou a experiência de dor de forma mais descontraída onde é possível comprovar o efeito sedativo do riso terapêutico diferentemente de uma distração sem finalidade. AYAN (2009, p. 36). Quando um palhaço proporciona o riso em um paciente, ele provoca reações como estas, inserindo o riso como um sedativo terapêutico, contribuindo com a sua recuperação. 28 A equipe da Capelania Hospitalar desempenha um importante papel oferendo apoio espiritual aos pacientes e seus familiares. É essencial, que para um momento de tal fragilidade, existam voluntários tão solidários, dispostos a cuidar desta área do ser humano, não menos importante que as demais. O serviço de capelania hospitalar consiste num ministério de apoio, fortalecimento, aconselhamento e consolação, desenvolvido junto aos enfermos e seus familiares, funcionários e médicos do hospital. É um serviço de dimensão holística, que considera o enfermo uma unidade pluridimensional. Consiste em levar conforto em horas de angústia, incerteza,aflição e desespero e compartilhar o amor de Deus por meio de atitudes concretas: presença, gestos, palavras, orações, textos bíblicos, música, silêncio. “A capelania hospitalar é uma organização religiosa interdenominacional com a finalidade principal de prestar assistência espiritual em instituições hospitalares”. BAUTISTA (2000, p. 38). 4. JUSTIFICATIVA Devido à pandemia mundial decorrente da proliferação do vírus Covid-19, não foi possível realizar o Estágio em Serviço Social III presencialmente no Hospital. Portanto, para a construção deste TCC foi pensado em pesquisar sobre a importância que se dá ao trabalho voluntário já realizado neste ambiente. Ao realizar o Estágio I e II em Serviço Social no HBR, acompanhando o trabalho da assistente social, foi possível identificar no comportamento das pessoas, sobre como elas se sentem diante das mais variadas situações que ocorrem, situações estas, que por muitas vezes, difíceis de suportar. Esta observação se deu desde um colaborador da saúde, até seus pacientes e acompanhantes. Quando um voluntário passa por determinado setor do Hospital, uma mudança de estado acontece. O doente esquece que sente dor, o acompanhante sente-se menos cansado e até mesmo os enfermeiros sentem-se mais motivados a trabalhar. Diante de comportamentos como estes, dá-se como justificativa a pesquisa sobre como estes voluntários transformam ambientes e contribuem com as ações realizadas pelo setor da assistência social. 5. OBJETIVOS 29 5.1 OBJETIVO GERAL Dimensionar as contribuições que o trabalho voluntário tem a oferecer dentro de um ambiente hospitalar, trabalhando junto ao setor de Assistência Social. 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Demonstrar a importância do trabalho voluntário para atuação do serviço social dentro do Hospital; Destacar sobre a força que representa a presença dos voluntários da área da Capelania e suas atribuições; Apresentar o Projeto Agentes da Alegria, constituído por dois palhaços, qualificados para tal trabalho, aos quais, diante das normas estabelecidas pelo Hospital, buscam desenvolver de forma lúdica e cristã, um conjunto de atitudes, com o fim de contribuir para o quadro de melhora dos pacientes, sendo desde as crianças até os idosos; 6 METODOLOGIA DE PESQUISA A metodologia utilizada foi de cunho bibliográfico e de pesquisa aplicada para a construção do Trabalho de Conclusão de Curso Bacharelado em Serviço Social. Se deu através de pesquisa de campo, com entrevista aberta, breves e objetivas perguntas feitas via e-mail e áudios de WhatsApp, com a Assistente Social do HBR Elisangela R. Dallabrida Bonatti e a Funcionária responsável pela Ouvidoria e pela equipe de voluntários Ivone Silva. Também buscou-se pesquisar alguns relatos vivenciados pelos palhaços, fundamentando suas contribuições com as obras dos autores que escrevem sobre o tema. 7 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA Devido à Pandemia Mundial do Novo Coronavírus Covid-19, não foi possível realizar uma pesquisa de campo como esperado. Portanto, este Trabalho de Conclusão de Curso foi 30 realizado através de pesquisas bibliográficas e relatos de vivencias na prática como participante do grupo de voluntários do HBR. Diante deste momento de limitações, foi possível coletar algumas informações chaves com a Assistente Social Elisangela R. Dallabrida Bonatti, e com a profissional Ivone Silva do setor da Ouvidoria e responsável pelo time de Voluntários, com a intenção de demonstrar aqui, as razões que me levaram a pesquisar e relatar o tema deste trabalho. Estes dados foram coletados via e-mail e áudios de WhatsApp. Entrevista com a Assistente Social Elisangela: Você acredita que o voluntariado do HBR contribui com o trabalho da Assistente? Se sim, disserte em poucas palavras, quais seriam essas contribuições. R: O voluntariado que acontece no Hospital Beatriz Ramos tem proporcionado descontração e alegria para o paciente favorecendo de forma positiva, que por muitas vezes se encontra sozinho no hospital e sem vínculo familiar. Estes voluntários contribuem para o serviço social desenvolvendo igualdade no processo, acolhimento e dignidade. Nos conte um pouco sobre a atuação dos Agentes da Alegria no HBR frente ao processo de recuperação dos pacientes. Você considera importante essa atuação? R: Os Agentes da Alegria atuam como voluntários, e é notável o sorriso e alegria dos pacientes. É provável, que perante estes momentos de relaxamento, o paciente desenvolva a dopamina, e com isso, melhora todo o processo de tratamento, bem-estar, minimizando o sentimento de rejeição do hospital. Entrevista com a Colaboradora da Ouvidoria e responsável pelo time de Voluntários Ivone Silva: A equipe de voluntários hoje, é composta por quantos membros? R: A equipe é composta por 18 membros. Ao seu olhar, como o trabalho voluntário influencia na vida dos pacientes e de seus familiares? 31 R: O trabalho voluntário é muito importante, tanto para os pacientes como para os acompanhantes. Os voluntários sempre levam palavras de conforto, alegria e esperança, proporcionando bem-estar aos pacientes. Temos pacientes que esperam ansiosamente pelo horário em que receberão as visitas dos voluntários. E com relação aos funcionários do HBR, este trabalho também acaba influenciando? R: Com certeza, influencia muito, pois sentem-se motivados e esperançosos. Sentíamos falta quando os voluntários não passavam nos setores. Por este motivo, até pedíamos que eles passassem em determinados setores, devido à importância que é para muitos receberem uma palavra de conforto e de motivação durante seu horário de expediente. Agora falando dos Agentes da Alegria, como você descreve o tempo em que eles atuaram na equipe de voluntários? R: Nossa! Difícil responder, pois o nome Agentes da Alegria já diz tudo. Trata-se de um trabalho muito lindo e muito positivo que era realizado. Todos os colaboradores não viam a hora em que chegasse o dia da visita dos palhaços, pois eram muito esperados. Sempre transmitiram muita alegria tanto para os pacientes como para os acompanhantes. O dia de visita dos Agentes era sempre um dia marcante para todos, sem exceção, por se tratar de um trabalho diferenciado e feliz. Os pacientes demonstravam quais tipos de comportamento ao receber a visita dos Agentes da Alegria? R: Bem, acredito que os próprios Agentes da Alegria saberiam responder a esta pergunta com mais clareza. Para mim, era como se os pacientes não estivessem doentes nos dias de visita dos palhacinhos. Acontecia um momento de libertação, pois eles esqueciam da doença deles, onde muitos até voltavam a ser crianças, essa era a reação que mais percebíamos em todos. Quando conversávamos com eles, víamos no olhar deles ao falar dos palhacinhos com muita alegria e renovo. Só em ver os palhaços com roupas coloridas, já era o suficiente para esquecerem as dores e a angústia. Você compreende que as visitas dos Agentes da Alegria contribuíam com o quadro de melhora dos pacientes e aliviavam o estresse do familiar? Sim ou não? Se possível, explique em poucas palavras. 32 R: Como já citado anteriormente, a alegria que os pacientes sentiam ao receber a visita dos palhacinhos, faziam com que esquecessem da sua doença a ponto de nem sentirem mais dores. Fazia com que o acompanhante esquecesse por alguns minutos sobre suas responsabilidades, seu cansaço físico e emocional. Momentos estes, importantíssimos para os motivar, resgatando momentos felizes de ambos, contribuindo inclusive com a socialização entre os pacientes e acompanhantes junto à equipe da enfermagem e médica. Por onde os agentes da alegria passavam, registravam sorrisos estampados pelo resto do dia. A alegria era notável e contagiante. Só tenho uma palavra para descrever tudo isso: GRATIDÃO!7.1 VIVÊNCIAS NO ESTÁGIO O momento do estágio é de extrema importância para a construção do perfil profissional do acadêmico, este espaço complementa o processo de ensino/aprendizagem na prática, e é onde a identidade do aluno é formada. Porém é um momento desafiador, considerando todas as expectativas, dúvidas e questionamentos que surgem neste percurso. Neste momento a presença do supervisor de campo é indispensável, pois é ele que nos guia para o conhecimento procurando sempre dar respostas ás demandas sociais, e inquietações trazidas por nós estagiários, contribuindo para uma formação baseada nos princípios éticos da profissão, com qualidade, criticidade, autonomia e competência. O trabalho do assistente social no HBR é desafiador, pois abrange todos os setores do hospital e inúmeras demandas, o que o torna ainda mais amplo. Mas neste período, tive a oportunidade de presenciar o dia a dia da profissional dentro da instituição com todas as suas dificuldades, angústias e desafios, observando e identificando o uso de todo instrumental adotado e adaptado por ela para a realização de suas ações. Identifiquei ainda neste processo, o quanto é indispensável no ambiente hospitalar um atendimento humanizado, ético e comprometido com a efetivação e a garantia do direito à saúde, pois é uma área em que pulsam valores humanos, onde trabalhamos com a vida em suas múltiplas manifestações, desde o nascimento, infância, juventude, o processo de envelhecimento, até a finitude. É o que nos pede a ética, que humanizemos nossas ações no trato com a vida, este olhar humanizado e acolhedor faz uma diferença imensa na vida e no dia a dia destes usuários. 33 Os fatos descritos acima, foram vivenciados no Estágio em Serviço Social I e Estágio em Serviço Social II. Já, para o Estágio em Serviços Social III, devido à pandemia, infelizmente, não tive a oportunidade de cursar a disciplina de no Hospital Beatriz Ramos, devendo desenvolver pesquisas bibliográficas de caráter investigatório, atendendo ao tema: “as contribuições do voluntariado junto ao trabalho do assistente social no ambiente hospitalar”. 7.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Diante da pesquisa realizada e dos fatos vivenciados como agente voluntário, pode- se evidenciar em como é notável e de grande importância a atuação da equipe voluntária e em como suas atividades realizadas contribuem para o bem comum com as demais demandas realizadas pelos profissionais da saúde do HBR, proporcionando auxílio espiritual e momentos felizes a todos. 8 CONCLUSÕES Ao pesquisar sobre o assunto proposto, pude observar que quando você se torna um voluntário, percebe que recebe mais do que tem para doar. Doar-se em prol de outras vidas, vai muito além de somente a realização de um trabalho filantrópico ou de caridade. Sentir-se motivado e pesquisar sobre este tema, é como buscar transformação para si mesmo, pois se envolve e se motiva a desejar conhecer mais. Quando olhamos para a história, conseguimos observar sobre quão antiga é a primeira menção de um hospital, assim como vemos as limitações que existiam nos trabalhos voluntários, mas em como perseveraram e cresceram. Como pioneiros deste movimento, revelam-se seres humanos em movimento, com o desejo de ajudar o próximo, e que hoje, se manifesta em todos os cantos do mundo. Entre as mais variadas definições para trabalho voluntário, gosto de citar Lovato (1996) que descreve o trabalho voluntário como solidariedade, cidadania, transformação social, desejo de ser útil. 34 Diante do momento em que nos encontramos, devido à Pandemia Mundial do Novo Coronavírus Covid-19, não foi possível realizar uma pesquisa de campo como esperado. Portanto, este Trabalho de Conclusão de Curso foi realizado através de pesquisas bibliográficas e relatos de vivencias na prática como participante do grupo de voluntários do HBR. Também foram coletadas informações importantes através das entrevistas realizadas com as Assistente Social Elisangela R. Dallabrida Bonatti e a Colaboradora Ivone Silva, responsável pelo setor da Ouvidoria e pela equipe de Voluntários do HBR. Através deste estudo foi possível identificar a relevância que o trabalho voluntário possui, com relação à recuperação dos pacientes. Diante da entrevista realizada, foi observado em como as contribuições do trabalho voluntário agregam, colaborando com os processos dos demais setores, principalmente da Assistência Social. Este é, sem dúvida, um trabalho que deve ter continuidade, sendo sempre aprimorado diante das necessidades da Instituição. Foi possível perceber, dia após dia, em como a atuação dos Capelãos fazem a diferença na vida de cada um que os recebe, estando entre estes, os pacientes, os acompanhantes e os colaboradores do Hospital. Os funcionários demonstram bastante interesse, alguns de forma muito discreta, ouvindo e respeitando o agir da equipe. Muitos dos acompanhantes reagem com apreço e buscam auxilio quando necessário. Os pacientes relatam o quanto se enchem de esperança quando recebem a visita dos voluntários. Foi de grande valia, conhecer sobre a importância que representa o trabalho dos palhaços nos hospitais, transformando o riso em um medicamento 100% orgânico, gratuito e contagiante, idealizado pela fisiologia humana para ser consumido sem moderação. Era o que os Agentes da Alegria levavam consigo, cada minuto que passavam dentro do HBR. O ambiente era contagiado e os pacientes esqueciam da dor e da doença, os acompanhantes aliviavam o estresse emocional e físico. Acontecia de fato, transformação de ambiente. Com os trabalhos voluntários suspensos por tempo indeterminado até o presente momento devido à Pandemia, verificou-se sobre a relevância do Projeto Cão terapia realizado pela Vira-Lata Clínica Veterinária da cidade de Indaial, com a cachorra Olívia e sua Tutora Simone, sendo este, um Projeto que, com certeza, dará continuidade contribuindo com a recuperação dos pacientes. Estas atuações do voluntariado como um todo, contribuem efetivamente com o trabalho realizado pela assistente social do HBR, a qual relata na entrevista que: “estes, 35 contribuem para o serviço social desenvolvendo igualdade no processo, acolhimento e dignidade”. 36 REFERÊNCIAS ADAMS, Patch. Humour and love: the origination of clown therapy. Postgraduate Medical Journal. 2002; v.72 n.922, p 447-8. Disponível em: <https://pmj.bmj.com/content/78/922/447.full> Acesso em: 11/08/2020. AITKEN, Eleny Vassão de Paula. No leito da enfermidade. 7 ed. 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Acesso em: 01/12/2020 Tradução e revisão: Comitê internacional e permanente da tradução e revisão da Bíblia King James Atualizada (KJA). São Paulo, Abba Press, 2007. 39 Apêndices Entrevista realizada com a Assistente Social do HBR – Elisangela R. Dallabrida Bonatti. Você acredita que o voluntariado do HBR contribui com o trabalho da Assistente Social? Se sim, disserte em poucas palavras quais seriam estas contribuições: R: O voluntariado que acontece no Hospital Beatriz Ramos tem proporcionado descontração e alegria para o paciente favorecendo de forma positiva, que por muitas vezes se encontra sozinho no hospital e sem vínculo familiar. Estes voluntários contribuem para o serviço social desenvolvendo igualdade no processo, acolhimento e dignidade. Nos conte um pouco sobre a atuação dos Agentes da Alegria no HBR frente ao processo de recuperação dos pacientes. Você considera importante esta atuação? R: Os Agentes da Alegria atuam como voluntários, e é notável o sorriso e alegria dos pacientes. É provável, que perante estes momentos de relaxamento, o paciente desenvolva a dopamina, e com isso, melhora todo o processo de tratamento, bem-estar, minimizando o sentimento de rejeição do hospital. Entrevista realizada com a Funcionária responsável pela Ouvidoria do HBR e pela equipe de voluntários – Ivone Silva. A equipe de voluntários hoje, é composta por quantos membros? R: A equipe é composta por 18 membros. Ao seu olhar, como o trabalho voluntário influencia na vida dos pacientes e de seus familiares? R: O trabalho voluntário é muito importante, tanto para os pacientes como para os acompanhantes. Os voluntários sempre levam palavras de conforto, alegria e esperança, proporcionando bem-estar aos pacientes. Temos pacientes que esperam ansiosamente pelo horário em que receberão as visitas dos voluntários. E com relação aos funcionários do HBR, este trabalho também acaba influenciando? R: Com certeza, influencia muito, pois sentem-se motivados e esperançosos. Sentíamos falta quando os voluntários não passavam nos setores. Por este motivo, até pedíamos que eles passassem em determinados setores, devido à importância que é para muitos receberem uma palavra de conforto e de motivação durante seu horário de expediente. 40 Agora falando dos Agentes da Alegria, como você descreve o tempo em que eles atuaram na equipe de voluntários? R: Nossa! Difícil responder, pois o nome Agentes da Alegria já diz tudo. Trata-se de um trabalho muito lindo e muito positivo que era realizado. Todos os colaboradores não viam a hora em que chegasse o dia da visita dos palhaços, pois eram muito esperados. Sempre transmitiram muita alegria tanto para os pacientes como para os acompanhantes. O dia de visita dos Agentes era sempre um dia marcante para todos, sem exceção, por se tratar de um trabalho diferenciado e feliz. Os pacientes demonstravam quais tipos de comportamento ao receber a visita dos Agentes da Alegria? R: Bem, acredito que os próprios Agentes da Alegria saberiam responder a esta pergunta com mais clareza. Para mim, era como se os pacientes não estivessem doentes nos dias de visita dos palhacinhos. Acontecia um momento de libertação, pois eles esqueciam da doença deles, onde muitos até voltavam a ser crianças, essa era a reação que mais percebíamos em todos. Quando conversávamos com eles, víamos no olhar deles ao falar dos palhacinhos com muita alegria e renovo. Só em ver os palhaços com roupas coloridas, já era o suficiente para esquecerem as dores e a angústia. Você compreende que as visitas dos Agentes da Alegria contribuíam com o quadro de melhora dos pacientes e aliviavam o estresse do familiar? Sim ou não? Se possível, explique em poucas palavras. R: Como já citado anteriormente, a alegria que os pacientes sentiam ao receber a visita dos palhacinhos, faziam com que esquecessem da sua doença a ponto de nem sentirem mais dores. Fazia com que o acompanhante esquecesse por alguns minutos sobre suas responsabilidades, seu cansaço físico e emocional. Momentos estes, importantíssimos para os motivar, resgatando momentos felizes de ambos, contribuindo inclusive com a socialização entre os pacientes e acompanhantes junto à equipe da enfermagem e médica. Por onde os agentes da alegria passavam, registravam sorrisos estampados pelo resto do dia. A alegria era notável e contagiante. Só tenho uma palavra para descrever tudo isso: GRATIDÃO!
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