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Litigância Estratégica em Direitos Humanos

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CENTRO UNIVERSITÁRIO METROPOLITANAS UNIDAS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
ADRIANA SUZANO MONTENEGRO- RA 4383797 
DRIELLY RAQUEL DE LANA – RA 7269669 
LUAN NASCIMENTO-RA 7046071 
PALOMA GOMES DE OLIVEIRA FIGUEIREDO SILVA – RA 8942255 
WILLIAN SOUZA NASCIMENTO- RA 8027072 
 
Professor: Rafael Tocantins Maltez 
Turma: 003110A02 
 
 
 
TEMA: LITIGÂNCIA ESTRATÉGICA EM DIREITOS HUMANOS: caso Vagas na 
Educação Infantil 
 
 
Descrição 
 
Trata-se de estudo de caso sobre a litigiosidade repetitiva cuja tese jurídica diz respeito 
ao direito subjetivo de crianças à educação infantil no âmbito da Justiça Estadual de São 
Paulo. Nas ações individuais, a criança, seus representantes legais ou o Ministério Público 
pleiteiam vagas em creches e pré-escolas contra o litigante habitual, o Poder Público 
Municipal. Nas ações coletivas, o legitimado coletivo pleiteia vagas em creches e pré-
escolas, bem como outras obrigações de fazer, contra o mesmo litigante habitual. O EC3 
visa à compreensão da evolução da litigiosidade relativa à educação infantil na cidade de 
São Paulo, com ênfase na adoção de procedimentos inovadores na ação civil pública 
0150735-64.2008.8.26.0002. 
 
RELATÓRIO 
 
Foi ajuizada uma Ação Civil Pública, pelas associações Ação 
Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação; Instituto de Cidadania Padre 
Josimo Tavares; Casa dos Meninos; Centro de Direitos Humanos e 
Educação Popular de Campo Limpo (CDHEP); e Associação Internacional 
de Interesses à Humanidade Jd. Emídio Carlos e Irene, todas integrantes 
do “MOVIMENTO CRECHE PARA TODOS”, em face da Municipalidade 
de São Paulo, alegando que são partes legítimas e possuem interesse 
processual para pleitearem: 
 Liminarmente: 
1. 2. Que a Municipalidade de São Paulo construa unidades em número 
suficiente para atender 736 crianças, próximo as suas residências; 
2. Para o Município apresentar plano de ampliação de vagas e de 
construção de unidades, de conformidade ao Plano Nacional de 
Educação (Lei n. 10.172/2001); 
3. 3. Multa diária não inferior a R$ 10.000,00; Indenização às 
crianças cujo direito à educação tem sido viol ado, por danos 
morais e materiais difusos; Deu . se à causa valor de R$1.000,00 
(um mil reais) 
 
Após manifestação da Municipalidade sobre os pedidos 
liminares, o feito foi julgado extinto, sem resolução do mérito, 
ao fundamento de impossibilidade jurídica do pedido , de vez que 
os pedidos invadiriam a discricionariedade atribuída ao Poder 
Executivo. 
 A Municipalidade ofereceu contestação com impugnação 
especifica para cada pedido, em especial, contra a legitimidade 
das autoras. E informou a Municipalidade que das 823 crianças 
que constavam na inicial, 523 já foram matriculadas, 173 não 
possuem cadastro ativo na Secretaria Municipal de Educação, 53 
desistiram, restando ser atendidas apenas 10 crianças, aguardando 
vagas. 
 
Conclusos, o MM. Juiz, aos 9.1.2012, com fulcro no 
artigo 330, I, do CPC, sentenciou o feito, julgando extinta a 
demanda em relação a 736 crianças que já obtiveram vagas, 
e, quanto aos demais pedidos (obrigação de fazer, multa e 
indenizações) julgou improcedente, nos termos do artigo 269, I, 
do CPC, condenando, ainda, as autoras, diante da sucumbência, 
ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 20% sobre 
o valor da causa As Associações apelaram buscando a anulação 
da sentença e o prosseguimento do feito. 
 
A ação coletiva foi julgada improcedente em primeira instância, por 
ofensa à separação de poderes. Processado o recurso de apelação interposto 
pelas autoras, em segunda instância, o julgamento foi adiado para a realização 
de sessão de conciliação, que depois, a pedido das autoras, foi convertida em 
audiência pública, à vista da relevância social do caso. A audiência pública 
contou com grande divulgação midiática 
 
 Após a improcedência em primeira instância, houve apelação das autoras, 
a qual foi provida, para firmar ser dever do Poder Público Municipal proporcionar 
educação infantil aos munícipes, que têm direito público subjetivo à educação 
por força de disposição constitucional. O acórdão enfatizou a má gestão 
municipal na implementação do direito à educação infantil, ressaltou o 
compromisso de criação de 150 mil vagas na rede municipal constante do 
Programa de Metas do novo Prefeito e o descumprimento do patamar mínimo 
de atendimento à demanda constante do PNE. Ele ainda reconheceu que o 
acolhimento de ações individuais sobre o tema acabou por gerar alteração da 
fila de espera e superlotação das unidades, estando o problema a demandar 
solução coletiva. 
 Em embargos de declaração (p. 2072/2097), o Município sustentou (i) 
a ausência de correlação entre o pedido e o julgado, salientando que a 
condenação à criação de 150 mil vagas seria decorrente do Programa de Metas 
2013-2016, o qual não continha determinação de atendimento de metade da 
meta quantitativa no prazo de 18 meses e (ii) que o Tribunal de Justiça deveria 
explicitar quais as consequências da sobreposição de decisões de ações 
individuais e coletivas pendentes e futuras, e esclarecer se deveriam ser 
suspensas as ações e execuções pendentes em matéria de creche. 
 
Foi delimitado o objeto da controvérsia na imposição da obrigação 
de fazer à Administração Municipal, a fim de que sejam satisfeitos direitos 
e garantias conferidas às crianças e aos adolescentes, tanto pela 
Constituição Federal quanto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Eis que há omissão da Municipalidade em garantir aos menores o regular 
atendimento em estabelecimentos de ensino infantil, tendo em vista que 
tal direito é trazido expressamente pela carta magna, a qual dispõe que 
o dever do estado fornecer educação infantil, em creche e pré- escola a 
crianças de até 5 anos de idade, conforme previsão (artigo 208, inciso 
IV, da Constituição Federal de 1988, com redação dada pela EC nº 
53/2006). Como também no ECA,( Estatuto da Criança e do Adolescente 
- Lei nº 8.069/90) em seu artigo 54, incisos I e IV. Sendo fixada a garantia 
constitucional, a Carta Magna, ao direcionar as atribuições de cada uma 
das pessoas políticas no tocante à organização do ensino, impôs aos 
Municípios atuação prioritária “ “no ensino fundamental e na educação 
infantil (artigo 211, § 2º, da CF/88, com redação dada pela EC nº 14/96) 
e aos Estados e Distrito Federal, e no ensino fundamental e médio ” 
(artigo 211, § 3º, da CF/88), 
Indiscutível, portanto, o dever constitucionalmente fixado de a 
Municipalidade de São Paulo fornecer educação infantil às crianças, não 
havendo que se falar, portanto, na impossibilidade jurídica do pedido. 
Neste sentido, seguiu o voto do Ministro Celso de Mello que, julgando o 
Recurso Extraordinário nº 410.715/SP, entendeu ser: o direito a educação 
que representa prerrogativa constitucional deferida a todos de acordo com 
CF art. 205, notadamente as crianças CF arts. 208, IV e 227 caput. 
Caracterizando um dos direitos sociais mais relevantes, configurando-se de 
2 geração. Haja vista que o Estadodele só se desincumbirá criando 
condições objetivas que favoreça aos titulares desse direito o acesso pleno 
ao sistema educacional. 
 
QUESTÕES; 
1. Como o juiz pode colaborar na boa instrução probatória, notadamente 
na interface com o tribunal de contas e outros órgãos públicos e 
privados. 
2. Quais as situações em que é interessante designar audiência pública, 
(ii) quais são as condições (inclusive materiais) para que ela seja bem 
sucedida e (iii) caso o interesse da mídia seja uma dessas condições, 
como despertá-lo. 
3. 3. Vinculação do gestor ao programa de governo por meio do qual se 
elegeu; (ii) a vinculação do juiz ao pedido nos processos estruturais; 
 
4. Refletir sobre a possibilidade de suspensão dos processos individuais 
durante o processamento e/ou execução de ações coletivas, bem 
como sobre o prazo de duração de eventual suspensão. 
 
5. Refletir sobre instituição de processos de monitoramento de ações 
coletivas, bem como sobre a melhor forma de operacionalizá-los.