Buscar

Análise Experimental do Comportamento_

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Análise do Comportamento e Aprendizagem Pierce & Cheney 
 
 
A Análise Experimental do Comportamento
1
 2 
1 
 Aprender sobre uma análise funcional do comportamento. 
 Indagar sobre o método da análise experimental do comportamento. 
 Focar nas drogas nas linhas de base comportamental. 
 Aprender como delinear experimentos comportamentais. 
 Descobrir como a percepção é analisada com princípios 
comportamentais. 
 
A análise experimental do comportamento (AEC) refere-se a um 
método para analisar relações comportamento-ambiente. Este método é 
chamado de análise funcional. A análise funcional envolve classificar o 
comportamento de acordo com suas funções de resposta e analisar o 
ambiente em termos de funções dos estímulos. O termo função refere-se ao 
efeito característico produzido ou por um evento comportamental ou 
ambiental. Uma vez que uma classificação confiável tiver sido estabelecida, o 
pesquisador utiliza métodos experimentais para mostrar uma relação causal 
entre o evento ambiental e uma resposta específica. Por causa deste método 
objetivo, os analistas do comportamento não precisam restringir os seus 
achados a uma ou a poucas espécies. Os princípios das relações 
comportamento–ambiente sustentam-se para todos os animais. Baseados 
nesta suposição, e por conveniência, os pesquisadores frequentemente 
utilizam sujeitos não-humanos como suas “ferramentas” para descobrirem 
princípios do comportamento. 
______________________________________________________________ 
ANÁLISE FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO 
______________________________________________________________ 
 
 
1 Pierce, W. D.; & Chenney, C. D. (2008). The experimental analysis of behavior. In Behavior 
analysis and learning. 4ª Ed. New Jersey: Psychology Press. Capítulo traduzido por Artur Evilásio 
Ribeiro do Valle Bezerra (Univasf) e revisado Leonardo Rodrigues Sampaio e Christian Vichi 
(Univasf) para fins didáticos da disciplina de Análise do Comportamento I do Curso de Psicologia 
da Univasf. 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 2 
 Existem duas maneiras de classificar o comportamento dos 
organismos: estruturalmente e funcionalmente. Na abordagem estrutural, o 
comportamento é analisado no que tange à sua forma. Por exemplo, muitos 
psicólogos do desenvolvimento estão interessados no crescimento intelectual 
das crianças. Estes pesquisadores frequentemente investigam o que uma 
pessoa faz em um determinado estágio do desenvolvimento. Crianças, pode-
se dizer, demostram “permanência do objeto” quando elas procurarem por 
um objeto familiar que acabou de ser escondido. Neste caso, a forma da 
resposta, ou o que a criança faz (e.g., procura e encontra o objeto 
escondido), é o aspecto importante do comportamento. A estrutura do 
comportamento é enfatizada porque diz-se que ela revela o estágio 
subjacente do desenvolvimento intelectual. Note que neste exemplo a 
abordagem estrutural estuda o comportamento para extrair inferências sobre 
habilidades cognitivas internas hipotéticas. 
No capítulo prévio, nós observamos que os analistas do 
comportamento estudam o comportamento por ele mesmo e em seu próprio 
nível. Para manter a atenção focada no comportamento, tanto a estrutura 
quanto a função são inter-relacionadas. Isto é, uma forma particular de 
resposta é relacionada a seus efeitos característicos, resultados ou 
consequências. Por exemplo, uma pessoa pressiona o interruptor de uma luz 
com a mão esquerda, o polegar, dedo indicador e uma força particular. Esta 
forma, estrutura ou topografia de resposta ocorre porquê foi altamente 
eficiente em relação a outras maneiras de operar o interruptor. Portanto, a 
topografia (estrutura) de uma resposta é determinada pela função (efeitos ou 
consequências) deste comportamento. Funcionalmente falando, apertar o 
interruptor de maneira particular produz luz de uma maneira eficiente. 
No exemplo mais complexo de uma criança que encontra um objeto 
escondido, uma análise funcional sugere que este comportamento também 
produz algumas consequências específicas – a criança pega o brinquedo 
escondido. Ao invés de inferir a existência de algum estágio intelectual do 
desenvolvimento ou habilidade interna (como permanência do objeto), o 
analista do comportamento sugere que uma história de reforçamento 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 3 
particular é responsável pela capacidade da criança. Presumivelmente, de 
uma perspectiva comportamental, uma criança que demonstra permanência 
de objeto (pesquisando por objetos quando eles não estão à vista) tem tido 
oportunidades numerosas para procurar e encontrar objetos perdidos ou 
escondidos. Uma vantagem desta consideração é que ela é testável. 
Uma mãe que amamenta seu recém-nascido frequentemente remove 
parte da roupa pouco antes de alimentar o bebê. Após alguma experiência, o 
bebê pode dar um puxão na blusa da mãe quando ele estiver com fome. Este 
é um exemplo potencial do condicionamento primitivo de procurar por objetos 
escondidos. Alguns meses depois, a criança pode inadvertidamente encobrir 
um de de seus chocalhos favoritos. Nesta situação, pegar o brinquedo 
reforça puxar para trás a cobertura quando as coisas estiverem escondidas. 
À medida que as crianças envelhecem são diretamente ensinadas a 
encontrar objetos escondidos. Isto ocorre quando são dados presentes para 
as crianças abrirem em seus aniversários e quando elas procuram por ovos 
de Páscoa. Uma análise funcional da permanência de objetos explica o 
comportamento apontando para seus efeitos usuais ou consequências. Isto 
é, a permanência do objeto ocorre porque procurar por objetos fora do campo 
de visão usualmente resulta em encontrá-los. Além disso, crianças que não 
têm este tipo de experiências ou outras semelhantes (brincar de pique–
esconde) irão ter um desempenho inferior em um teste de permanência de 
objeto. 
 
Funções de Resposta 
Nem sempre o comportamento é composto por respostas discretas. 
Na verdade, é melhor considerar o comportamento como um desempenho 
que segue um estímulo específico e em algum ponto resulta em uma 
consequência particular (um sistema de notação memorável de três termos 
usado para explicar este arranjo é o A-C-C [A-B-C], que destaca 
antecedente, comportamento e consequência, como detalhado no capítulo 
13.) Embora nós iremos usar o termo resposta ao longo deste livro, nem 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 4 
sempre ele se refere a um movimento discreto como uma contração muscular 
ou pressionar de uma alavanca. Uma resposta é um conjunto integrado de 
movimentos, ou um desempenho comportamental, que é funcionalmente 
relacionado a eventos ambientais. Na verdade, alguns escritores têm se 
referido a um fluxo comportamental no qual eventos antecedentes e 
consequentes são inseridos. 
Funcionalmente, nós falamos de dois tipos básicos de 
comportamento: respondente e operante. Estas classes comportamentais 
foram brevemente discutidas no Capítulo 1 e serão retomadas ao longo do 
livro, mas aqui enfatizaremos a classificação funcional do comportamento. O 
termo respondente é utilizado para referir-se ao comportamento que 
aumenta ou diminui por consequência da apresentação do estímulo (ou 
evento) que precede a resposta. Dizemos que a apresentação do estímulo 
regula ou controla a resposta. O Comportamento respondente é eliciado, no 
sentido de que seguramente ocorre quando o estímulo é apresentado. O 
sistema de notações usado com o comportamento eliciado é E ->R [S->R]. O 
estímulo E causa (seta) a resposta R. A contração (e dilatação)da pupila é 
um comportamento respondente. Ela ocorre quando uma luz brilhante (de 
fora) é dirigida para o olho. A salivação é outro respondente que é eliciado 
pela comida na boca. O estímulo E (luz ou comida) elicia a resposta R 
(contração da pupila ou salivação). Por hora você pode considerar que 
respondentes são a atividade dos músculos lisos e das glândulas. 
Há outra ampla classe de comportamento que não depende de um 
estímulo eliciador. Este comportamento é emitido e pode (ou não) ocorrer 
com certa frequência. Por exemplo, crianças humanas emitem um padrão 
aleatório de sons vocais conhecidos frequentemente como “balbucio”. Estes 
sons contêm os elementos básicos de todas as línguas humanas. Pais 
falantes de Inglês prestam atenção e repetem o balbucio que soa como 
Inglês, e rapidamente o bebê começa a emitir mais sons do Inglês. Quando o 
comportamento emitido é fortalecido ou enfraquecido pelos eventos que 
seguem a resposta, ele é chamado de comportamento operante. Assim, 
operantes são respostas emitidas que ocorrem mais ou menos 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 5 
frequentemente a depender das consequências que produzem. Para 
esclarecer melhor a sutil distinção entre comportamento emitido e operante, 
considere a palavra de ação caminhar versus a frase caminhar para a loja. 
Caminhar é um comportamento emitido, mas ele não tem função 
especificada. Em contraste, caminhar para a loja é um operante que é 
definido por pegar comida na loja. Bicar um disco é um comportamento 
emitido por um pombo, mas é um operante quando bicar o disco tiver 
resultado em comida. Geralmente, operantes são respostas que ocorrem na 
ausência de um estímulo antecedente óbvio; estas respostas tem suas 
frequências alteradas em função de seus efeitos ou consequências. 
Comportamentos operante e respondente frequentemente ocorrem 
ao mesmo tempo quando estamos lidando com um único organismo. Uma 
pessoa que sai de um cinema no meio de uma tarde ensolarada pode 
apresentar ambos tipos de respostas. A mudança da escuridão para a luz 
resplandecente eliciará uma contração pupilar. Esta atividade da musculatura 
lisa é uma resposta reflexa que decresce de acordo com a quantidade de luz 
que entra no olho. Ao mesmo tempo, a pessoa pode cobrir seus olhos com 
uma mão ou colocar um óculos de sol. Este último é um comportamento 
operante porque ele é fortalecido pela retirada da luminosidade – o estimulo 
aversivo. Em outro exemplo, você percebe que foi mal numa prova 
importante. A má notícia pode eliciar um número de respostas emocionais 
condicionadas como palpitações cardíacas, mudanças na pressão 
sanguínea, e sudorese. Estas respostas fisiológicas são provavelmente 
interpretadas como pavor ou ansiedade. A pessoa próxima a você pergunta 
no momento em que você lê os resultados da prova: “Como você se saiu no 
teste?” - Você diz: “Oh, não tão mal” - e caminha pelo corredor. Sua resposta 
é um comportamento operante que evita o embaraço de discutir a seu mau 
desempenho.. Apesar dos comportamentos operantes e respondentes 
usualmente ocorrerem no mesmo momento, nós normalmente os 
analisaremos de maneira separada para simplificar e esclarecer os fatores 
que controlam tais comportamentos. 
 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 6 
Classes de resposta 
Quando uma pessoa emite um comportamento operante 
relativamente simples como vestir um casaco, a ação muda de uma ocasião 
a outra. O casaco pode ser colocado usando a mão esquerda ou a mão 
direita; pode ser pego pela gola ou levantado por uma manga. Às vezes um 
braço é inserido primeiro, enquanto que em outras circunstâncias os dois 
braços podem ser utilizados. Uma observação cuidadosa desta ação 
cotidiana revelará uma variedade quase infinita de respostas. O ponto 
importante é que cada variação de resposta tem o efeito comum de ficar 
aquecido vestindo um casaco. Para simplificar a análise, é válido introduzir o 
conceito de classe de respostas. Uma classe de respostas refere-se a todas 
as formas topográficas do comportamento que têm uma função similar (e.g., 
vestir um casaco para manter-se aquecido). Em alguns casos, as respostas 
em uma classe têm muita semelhança física, mas nem sempre isto acontece. 
A classe de resposta para “convencer um oponente” pode incluir gestos 
dramáticos, dar razões impactantes, e prestar atenção aos pontos de 
concordância. Para ser servido por um garçom, você pode chamá-lo 
enquanto ele está passando, acenar com sua mão no ar, ou pedir ao 
assistente que envie o garçom ou garçonete à sua mesa. 
______________________________________________________________ 
ANÁLISE FUNCIONAL DO AMBIENTE 
______________________________________________________________ 
 
No Capítulo 1, nós aprendemos que analistas do comportamento 
usam o termo ambiente para se referirem a eventos e estímulos que mudam 
o comportamento. Estes eventos podem ser externos ao organismo ou ser 
consequência da própria fisiologia interna. O som de um avião a jato 
passando sobre a sua cabeça ou uma indisposição estomacal podem ser 
ambos classificados como estímulos aversivos por conta de seus efeitos 
comuns sobre o comportamento. Isto é, ambos reforçam comportamentos 
que os removam. No caso de um jato passando, as pessoas podem cobrir 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 7 
seus ouvidos; uma dor de estômago pode ser removida tomando um 
antiácido. 
A localização da fonte da estimulação, interna ou externa, não é uma 
distinção crítica para uma análise funcional. Existem, entretanto, problemas 
metodológicos com dores de estômago que podem não ser provocados por 
eventos externos como sons estridentes. Fontes internas de estimulação 
devem ser indiretamente observadas por meio do auxílio de instrumentos, ou 
ainda inferidos a partir de interações comportamento – ambiente observáveis. 
Evidências para a dor de estômago, além do relato verbal, podem incluir os 
tipos de comida recentemente comidas, a saúde da pessoa quando a comida 
foi ingerida, e sinais externos de desconforto no momento presente. 
 
Funções do Estímulo 
Todos os eventos e estímulos, sejam internos ou externos, podem 
adquirir a capacidade de afetar o comportamento. Quando a ocorrência de 
um evento muda o comportamento de um organismo, nós podemos dizer que 
o evento tem uma função de estímulo. Tanto o condicionamento 
respondente quanto o operante são maneiras de criar funções de estímulo. 
Durante o condicionamento respondente, um evento arbitrário como um tom, 
quando pareado com comida, elicia uma resposta particular, como a 
salivação. Uma vez que o tom se tornou efetivo sobre a salivação, diz-se que 
ele tem uma função de estímulo condicionado para a salivação. Na 
ausência de uma história de condicionamento, o tom pode não ter nenhuma 
função específica e assim não afetar o comportamento. 
Similarmente, o condicionamento operante geralmente resulta no 
estabelecimento ou mudança das funções do estímulo. Qualquer estímulo 
(ou evento) que se segue a uma resposta e que aumenta a sua frequência 
tem uma função reforçadora (ver Capítulo 1). Quando o comportamento de 
um organismo é reforçado, aqueles eventos que seguramente precedem as 
respostas passam a ter uma função discriminativa. Estes eventos definem 
a ocasião para o comportamento e são chamados de estímulos 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 8 
discriminativos. Estímulos discriminativos adquirem esta função por 
predizerem (serem seguidos pelo) o reforço. No laboratório, as bicadas de 
um pombo à chave podem ser seguidas pela comida quando a chave estiver 
iluminada de vermelho,mas não reforçadas quando a chave estiver azul. 
Depois de algum tempo se diz que a cor da chave vermelha define a ocasião 
para a resposta. Na linguagem do dia a dia, a chave vermelha “diz” ao 
pássaro quando o bicar será reforçado. Mais tecnicamente, a chave vermelha 
é um estímulo discriminativo já que a probabilidade de reforçamento (e de 
bicar) é mais alta quando a chave estiver vermelha do que quando estiver 
azul. Isto é, o pássaro discrimina ou emite uma resposta diferencial para 
vermelho e para o azul. 
O conceito de função de estímulo representa um importante avanço 
na análise do comportamento. Humanos e outros animais evoluíram de tal 
maneira que podem perceber os aspectos do ambiente que foram 
importantes para sua sobrevivência. De todos os estímulos que possam ser 
fisicamente mensurados e sentidos por um organismo, em qualquer 
momento, apenas alguns afetam o comportamento (tem uma função de 
estímulo). Imagine que você está sentado em um banco de parque com um 
amigo num belo dia de sol. Os estímulos físicos incluem o calor, a corrente 
de ar, os sons e os aromas do tráfico, pássaros, insetos, o barulho das 
folhas, a pressão tátil de sentar, a visão de crianças jogando bola, pessoas 
caminhando no parque, as cores das flores, grama e árvores. Apesar de 
todos estes (e muitos mais) estímulos estarem presentes, apenas alguns 
afetarão seu comportamento, no sentido de que você irá virar seu rosto para 
sol, comentar sobre a beleza das flores, contorcer o nariz para o odor do 
escapamento, e olhar na direção de um caminhão de bombeiros que passa. 
Os estímulos remanescentes, neste momento, ou não têm função ou servem 
apenas como o contexto para aqueles eventos que terão função de estímulo. 
 
Classes de estímulos 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 9 
Na seção anterior, observamos que respostas que produzem efeitos 
similares podem ser muitas e variadas. Para abarcar a variação das 
respostas em sua forma, os analistas do comportamento usam o termo 
classe de resposta. Estímulos que controlam comportamentos operantes e 
respondentes também variam de momento a momento. Quando o estímulos 
variam ao longo das dimensões físicas, mas tem um efeito comum sobre o 
comportamento, se diz que eles são parte de uma mesma classe de 
estímulos. Bijou e Baer (1978) usaram o conceito de classe de estímulo em 
uma análise do desenvolvimento infantil e observaram que: 
 
O rosto da mãe tem uma consistência razoável ao ponto de que podemos 
pensar que diferenciamos a face de nossa mãe da face de qualquer outro 
indivíduo. Mas observações cuidadosas mostram que ela às vezes está 
brilhando, às vezes empoeirada, às vezes molhada; ocasionalmente enrugada 
em suas linhas faciais, mas às vezes serena; a extensão dos olhos entre 
totalmente abertos e totalmente fechados, e assume uma ampla variedade de 
ângulos de preocupação; às vezes o cabelo cairá frente à face, às vezes não. 
Então deixe-nos lembrar que sempre que falarmos de estímulos, nós 
estaremos quase seguramente falando de classes de estímulos. (p. 25) 
 
É importante notar que uma classe de estímulo é definida 
inteiramente pelo seu efeito comum sobre o comportamento. Isto é, uma 
classe de estímulo não pode ser definida pela sua aparente similaridade com 
o estímulo. Considere as palavras entediante (boring) e desinteressante 
(uninteresting). No Inglês comum, dizemos que têm o mesmo significado. Na 
análise do comportamento, desde que estas palavras tenham efeito similar na 
pessoa que as lê ou ouve, dizemos que pertencem à mesma classe de 
estímulos mesmo que elas tenham dimensões físicas completamente 
diferentes. Outros estímulos podem parecer fisicamente semelhantes, mas 
pertencem a outra classe de estímulos, Por exemplo, cogumelos e 
cogumelos venenosos parecem de alguma forma semelhantes, mas para 
uma pessoa experiente que vive na floresta, estes estímulos têm funções 
diferentes – você pega e come cogumelos, mas evita cogumelos venenosos. 
 
Classes de estímulos reforçadores 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 10 
 O conceito de classe de estímulo pode também ser usado para 
categorizar consequências do comportamento. Quando o comportamento 
opera sobre o ambiente para produzir efeitos, ele é um operante; os efeitos 
que aumentam a frequência de resposta são uma classe de estímulos 
reforçadores. Algumas consequências fortalecem o comportamento quando 
elas são apresentadas, como dinheiro por um trabalho bem feito, e outros o 
fortalecem quando são removidos, como coçar uma coceira. Neste caso, nós 
podemos dividir as classes gerais de estímulos reforçadores em dois 
subconjuntos. Aqueles eventos que aumentam a frequência do 
comportamento quando apresentados são chamados de reforçadores 
positivos, e aqueles que aumentam a frequência do comportamento quando 
removidos são reforçadores negativos. Por exemplo, um sorriso e um 
tapinha nas costas pode aumentar a probabilidade de que uma criança 
complete sua tarefa de casa; assim, o sorriso e o tapa são reforçadores 
positivos. A mesma criança pode parar de protelar seu projeto da escola e 
começar a trabalhar nele quando um pai a repreende por desperdiçar tempo 
e o incômodo acabar quando a criança começa a fazê-lo. Neste caso, o 
reforçamento por trabalhar é baseado na retirada da repreensão e a 
reprimenda é o reforçador negativo. 
 
Estabelecendo Operações como Motivação 
As relações entre classes de resposta e estímulos dependem da 
amplitude do contexto do comportamento. Isto é, relações comportamento–
ambiente são sempre condicionais – depende de outras circunstâncias. Uma 
das maneiras mais comuns de mudar as relações comportamento–ambiente 
é fazer a pessoa (ou outro organismo) experienciar um período de privação 
ou saciação. Por exemplo, um pombo irá bicar a chave por comida só estiver 
privado de comida por algum período de tempo. Mais especificamente, a 
contingência bicar-por-comida depende do nível de privação de comida. 
Michael (1982a) fez uma importante distinção entre as funções 
motivacionais e discriminativas dos estímulos. Naquele artigo, ele introduziu o 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 11 
termo operação estabelecedora para referir-se a qualquer mudança 
ambiental que tenha tido dois eventos maiores: a mudança aumentou a 
efetividade momentânea do reforço que sustenta o comportamento operante; 
e a mudança aumentou momentaneamente as repostas que tinham no 
passado produzido tal reforço (ver também Michael, 1993, 2000). Por 
exemplo, a operação estabelecedora mais comum é a privação de 
reforçadores primários. O procedimento envolve reter o reforço por algum 
período de tempo ou, no caso da comida, até que o organismo alcance 80% 
do peso corporal em alimentação livre (ver Capítulo 5). Esta operação 
estabelecedora de privação tem dois efeitos. Primeiro, a comida se torna um 
reforçador efetivo para qualquer operante que a produza. Isto é, o 
procedimento de privação estabelece a função de reforço da comida. 
Segundo, o comportamento que tenha previamente resultado na obtenção de 
comida torna-se mais provável – na natureza, um pássaro pode começar a 
forragear em locais onde anteriormente encontrou comida. Formalmente, 
uma operação estabelecedora é definida como “qualquer mudança no 
ambiente que altere a efetividade de algum objeto ou evento como reforçador 
e simultaneamente altere a frequência momentânea do comportamento que 
tiver sido seguida por aquele reforçador” (Michael, 1982a, pp. 150-151). 
Operações estabelecedoras regularmente ocorrem na vida diária e 
dependem da história de condicionamento da pessoa. Por exemplo, se dizque comerciais de TV influenciam as atitudes das pessoas em relação um 
produto. Uma maneira de entender os efeitos dos comerciais de TV é 
analisá-los como operações estabelecedoras (tecnicamente, operações 
estabelecedoras condicionadas ou OECs [CEOs]). Neste caso, um comercial 
eficaz altera o valor reforçador do produto e aumenta a probabilidade de 
compra-lo ou utilizá-lo se estiver disponível. Por exemplo, produtores de leite 
anunciam o benefício de tomar leite gelado. Aqueles que são influenciados 
pelo comercial estão mais propícios a irem ao congelador e tomar um copo 
de leite. É claro, o efeito imediato do comercial esgota a quantidade de leite 
que você tiver, e eventualmente você comprará mais leite. 
 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 12 
______________________________________________________________ 
TÁTICAS DE PESQUISA COMPORTAMENTAL 
______________________________________________________________ 
 
 Para descobrir as relações elementares entre estímulos, respostas e 
consequências funcionais, os analistas do comportamento têm se baseado 
nos métodos experimentais desenvolvidos na biologia, medicina e análise do 
comportamento (Bernard, 1927; Bushell & Burgess, 1969; Johnston & 
Pennypacker, 1993; Sidman, 1960). Em 1865, o fisiologista Francês Claude 
Bernard delineou os objetivos centrais da análise experimental. Ele postulou 
que: 
 
Nós podemos alcançar o conhecimento de condições elementares definidas 
do fenômeno somente por uma via, pela análise experimental. A análise 
dissocia toda a complexidade dos fenômenos sucessivamente em fenômenos 
mais simples, até que eles estejam reduzidos, se possível, a apenas duas 
condições elementares. A ciência experimental, de fato, considera num 
fenômeno apenas as condições necessárias definidas para produzi-lo. 
(Bernard, 1927, p. 72) 
 
 
Em seu livro, Uma Introdução ao Estudo da Medicina Experimental, 
Bernard (1927) forneceu um exemplo clássico de análise experimental: 
 
Um dia, coelhos do mercado foram trazidos ao meu laboratório. Eles foram 
colocados sobre a mesa onde urinaram e aconteceu de eu observar que suas 
urinas estavam claras e ácidas. Este fato surpreendeu-me, pois coelhos, que 
são herbívoros geralmente tem urina turva e alcalina; ao passo que por outro 
lado, carnívoros, como os conhecemos, têm urina clara e ácida. Esta 
observação da acidez na urina dos coelhos deu-me uma idéia de que estes 
animais deveriam estar em uma dieta nutricional de carnívoros. Eu pressupus 
que eles provavelmente não haviam comido por um longo tempo, e que eles 
houvessem se transformado, em decorrência do jejum, em autênticos animais 
carnívoros, sobrevivendo de seu próprio sangue. Nada foi mais fácil do que 
verificar esta ideia preconcebida ou hipótese do que por meio de um 
experimento. Eu dei grama para os coelhos comerem e poucas horas depois, 
as suas urinas tornaram-se novamente turvas e alcalinas. Eu então os 
obriguei a jejuar e depois de vinte e quatro horas, ou trinta e seis horas no 
máximo, suas urinas tornaram-se novamente claras e altamente ácidas; então 
depois de comerem grama suas urinas tornaram-se alcalinas novamente, etc. 
Eu repeti este experimento muito simples um grande número de vezes, e 
sempre com o mesmo resultado. Eu então o repeti com um cavalo, um animal 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 13 
herbívoro que também tem urina turva e alcalina. Eu descobri que, jejuando, 
assim como com os coelhos, produziu-se imediatamente acidez na urina, com 
um incremento na ureia que espontaneamente cristalizou-se por vezes na 
urina resfriada. Como resultado dos meus experimentos, eu cheguei à 
conclusão geral que até então era desconhecida, que todos os animais em 
jejum se alimentam de carne, fazendo então com que herbívoros passem a 
ter urina como a de carnívoros. 
Mas para provar que meus coelhos eram realmente carnívoros, uma contra 
prova foi requerida. Um coelho carnívoro teria que ser produzido através da 
alimentação com carne, de maneira que pudéssemos ver se sua urina 
passaria a clara, tal como era durante o jejum. Então, eu mantive coelhos 
sendo alimentados com bifes cozidos frios (os quais foram comidos muito 
bem quando nada mais lhes era dado). Minha expectativa foi então verificada, 
e a medida em que a dieta dos animais era mantida, eles mantinham suas 
urinas claras e ácidas (pp. 152-153) 
 
 Bushell e Burgess (1969) produziram um esboço das táticas básicas 
da análise experimental usada por Bernard no experimento com os coelhos. 
O relato seguinte é amplamente baseado em seu esboço. Perceba que 
Bernard fez uma observação de que, para um fisiologista, parecia incomum e 
enigmático – a saber, que os coelhos do mercado tinham uma urina 
característica de carnívoros. Apenas um fisiologista treinado e familiarizado 
com carnívoros e herbívoros perceberia a anomalia da urina. A maioria de 
nós simplesmente correria para pegar um pano para limpá-la. A questão é 
que um pesquisador precisa ter uma íntima familiaridade com o assunto em 
questão para ser capaz de encontrar um problema significativo. 
 Uma vez que Bernard identificou o problema, ele o postulou em 
termos de conjectura. A proposição do problema relatou o tipo da dieta em 
relação à química da urina. Isto é, jejuar resulta na sobrevivência do animal 
baseada em seus estoques corporais, e isso produziu acidez da urina. Por 
outro lado, quando herbívoros ingerem sua dieta usual de grama, suas urinas 
são alcalinas. Assim, há uma clara relação entre tipos de dieta e a natureza 
da urina do animal. 
 Experimentalmente, a proposição de Bernard sugere que mudemos, 
manipulemos ou controlemos o tipo de dieta e mensuremos a química da 
urina. A condição que é mudada pelo experimentador (i.e., tipo de dieta) é 
chamada de variável independente (variável X) porque ela é livre para 
variar a critério do pesquisador. Bernard mudou a dieta do animal e mediu o 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 14 
efeito na urina. O efeito medido em um experimento é chamado de variável 
dependente (variável Y), porque uma mudança nela depende de uma 
mudança na variável independente. O fato da urina ser ácida ou alcalina, 
(variável dependente) dependia da natureza da dieta (variável independente). 
A Figura 2.1 explica os termos utilizados nesta seção. 
 O propósito de qualquer experimento é estabelecer uma relação de 
causa-efeito entre variáveis independentes (X) e dependentes (Y). Para 
estabelecer tal relação, o pesquisador precisa mostrar que as mudanças nas 
variáveis independentes estão funcionalmente relacionadas a mudanças nas 
variáveis dependentes. Isto é chamado de covariação observada nas 
variáveis X e Y. Além disso, o pesquisador deve mostrar que mudanças nas 
variáveis independentes precederam as mudanças nas variáveis 
dependentes. Ambas estas condições podem ser vistas no experimento de 
Bernard (figura 2.2). 
 
 
 
 
 
Na Figura 2.2, você pode ver que as mudanças entre jejuar e a dieta de 
grama seguramente alteram a química da urina dos coelhos. Assim, pode-ser 
 
Variável Independente Variável Dependente 
 
· O que é mudado em um 
experimento 
· O que é medido em um 
experimento 
· Variável X · Variável Y 
· Comumente chamada de 
causa 
· Comumente chamada de 
efeito 
· No experimento de Bernard, o 
tipo de dieta 
· No experimento de Bernard, a 
química da urina 
· Em experimentos 
comportamentais, mudanças 
no ambiente 
· Em experimentos 
comportamentais, o 
comportamento do organismo 
 
	
FIG. 2.1 Uma tabela dos termos científicos usada para discutir relações de causa-efeito. 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 15dizer que mudanças no tipo 
de dieta (a variável X) co-
variam com o grau de 
acidez da urina (a variável 
Y da Figura 2.2). Lembre-
se que Bernard mudou o 
tipo de dieta e então mediu 
seus efeitos na urina. Este 
procedimento de manipular 
a variável independente 
assegura que uma 
mudança em X (tipo de 
dieta) precede a mudança 
em Y (química da urina). 
Neste ponto, Bernard demonstrou duas das três condições importantes para 
a causação: (1) co-variação de X e Y; e (2) a variável independente precede 
a mudança na variável dependente. 
 
 A questão central em todos os experimentos é a de que mudanças na 
variável dependente são causadas unicamente pelas mudanças na variável 
independente. O problema é que muitos outros fatores podem prouzir 
mudanças na variável dependente e o pesquisador precisa eliminar esta 
possibilidade. No experimento de Bernard, a mudança inicial de jejuar para a 
dieta de grama pode ter sido acompanhada por uma doença causada por 
grama contaminada. Suponha que a doença mudou a química da urina do 
animal. Neste caso, mudanças de jejum para grama, ou grama para jejum, 
irão mudar a química da urina, mas as mudanças serão causadas por uma 
doença desconhecida ao invés de pelo tipo de dieta. Isto é, a doença 
desconhecida confunde os tipos de efeito da dieta na acidez da urina. Neste 
ponto, pare de ler e olhe novamente a descrição de Bernard de seu 
experimento e para a Figura 2.2. Tente determinar como Bernard eliminou 
esta hipótese concorrente. 
FIG. 2.2 Os resultados dos experimentos de Bernard. 
Note que a mudança na dieta (variável independente) 
seguramente muda a química da urina (variável 
dependente). A cada vez que a dieta é mudada, a 
urina muda de ácida para alcalina. De Behavioral 
Sociology de R. L. Burgess e D. Bushell Jr., 1969, p.153. 
Copyright 1969 Columbia University Press. Reimpresso com 
permissão. 
Ácido
Alcalino
Tempo
Jejum JejumGrama Grama Carne
Fig 2.2 Os resultados dos experimentos de Bernard. 
Note que a mudança na dieta (variável independente) 
seguramente muda a química da urina (variável 
dependente). A cada vez que a dieta é mudada, a urina 
muda de ácida para alcalina. De Behavioral Sociology by
R. L. Burgess e D. Bushell ,Jr., 1969, p. 153. Copyright 
1969 Columbia University Press Reprinted with
permission
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 16 
Um procedimento para eliminar explicações concorrentes é a introdução 
e eliminação sistemática da dieta de grama. Perceba que Bernard retirou e 
introduziu a dieta de grama e depois repetiu esta sequência. Cada vez que 
ele introduz e remove a grama, uma mudança rápida ocorre de alcalina a 
ácida (e vice versa). Esta mudança rápida e sistemática torna improvável que 
uma doença explique os resultados. Como pode um animal recuperar-se e 
contrair uma doença tão rapidamente? Outro procedimento seria usar 
diferentes lotes de grama, porque é improvável que todos eles estivessem 
contaminados. Entretanto, o aspecto mais convincente do experimento de 
Bernard, em termos de eliminar explicações rivais, é seu procedimento final 
de introduzir uma dieta carnívora. A dieta carnívora é totalmente consistente 
com a alegação de Bernard de que os animais estivessem vivendo de seus 
estoques corpóreos e neutraliza a explicação rival de que estivessem 
doentes. De maneira geral, a inversão das condições e a adição da dieta 
carnívora ajudam a eliminar a maioria das explicações alternativas. 
 
O Delineamento de Reversão e a Análise do Comportamento 
 
 O delineamento experimental de Bernard para fisiologia é comumente 
usado para estudar as relações comportamento–ambiente. É chamado de 
Delineamento de Reversão A-B-A-B e é uma poderosa ferramenta usada 
para mostrar relações causais entre estímulos, respostas e consequências. O 
delineamento de reversão é idealmente elaborado para mostrar que 
características específicas do ambiente controlam o comportamento de um 
único organismo. Este tipo de pesquisa é frequentemente chamado de 
experimento de sujeito único e envolve várias fases distintas. A fase A ou 
linha de base, mede o comportamento antes do pesquisador introduzir uma 
mudança ambiental. Durante a linha de base, o experimentador toma 
medidas repetidas do comportamento em estudo, e isso estabelece um 
critério contra o qual qualquer mudança (causada pela variável 
independente) possa ser avaliada. Seguindo a fase de linha de base, uma 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 17 
condição ambiental é mudada (fase B) e o comportamento é repetidamente 
mensurado. Se a variável independente, ou condição ambiental, tem um 
efeito, então a medida comportamental (variável dependente) irá mudar 
(crescer ou decrescer). 
Ao mesmo tempo, como nós indicamos, o pesquisador deve excluir 
explicações rivais para a mudança no comportamento, tal como uma simples 
coincidência. Para fazê-lo, a linha de base é reintroduzida (A) e o 
comportamento é repetidamente mensurado. Quando o tratamento é 
removido, o comportamento deve retornar ao pré-tratamento ou aos níveis da 
linha de base. Finalmente, a variável independente é mudada novamente e o 
comportamento é cuidadosamente medido (B). De acordo com a lógica do 
delineamento, o comportamento deveria retornar a um nível observado na 
fase B inicial do experimento. Esta segunda aplicação da variável 
independente ajuda a assegurar que o efeito comportamental é causado pela 
condição manipulada. 
Um exemplo do Delineamento de Reversão, tal como usado na 
análise do comportamento pode ser visto no experimento conduzido por 
Goetz & Baer (1973). Os pesquisadores estavam interessados no jogo 
criativo de crianças e no papel do reforçamento para este comportamento 
operante. Se dizia que várias meninas de quatro anos de idade em uma pré-
escola não tinham “habilidade criativa” na construção de blocos. Uma medida 
do comportamento criativo é o número de diferentes formas que uma criança 
constrói com blocos, durante uma sessão de brincadeira (diversidade de 
formas). Os pesquisadores imaginaram se a atenção positiva do professor 
poderia funcionar como reforçamento para construção de novos blocos (o 
problema experimental). 
Durante a fase de linha de base, o professor observou às crianças de 
perto, mas não disse nada sobre a maneira como elas usavam os blocos. 
Após as medidas da linha de base sobre a diversidade de formas terem sido 
tomadas, o pesquisador então reforçou socialmente a construção de novos 
blocos. O professor comentou com “interesse, entusiasmo e apreço toda vez 
que a criança colocou e/ou reorganizou os blocos de maneira a criar uma 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 18 
forma que ainda não havia aparecido previamente” (Goetz & Baer, 1973, 
p.212). A diversidade das formas foi avaliada por várias sessões como efeito 
deste procedimento. 
Para estar certo de que o procedimento de reforçamento foi 
responsável pelo aumento na diversidade, Goetz & Baer alteraram a 
contingência entre a atenção do professor e a construção de blocos. Durante 
esta fase, a criança foi reforçada a repetir uma forma que havia sido 
previamente construída. 
Assim, a similaridade da 
forma foi reforçada nesta 
fase. Finalmente, o 
reforçamento de diferentes 
formas foi reinserido. O 
resultado deste 
experimento para uma das 
três crianças (Sally) é 
apresentado na Figura 2.3. 
O delineamento 
experimental é um ensaio 
A-B-A-B reverso 
modificado. A linha de base 
fase (A) forneceu uma 
medida da diversidade de 
construção de blocos antes 
de qualquer intervenção do 
professor. Em seguida, uma contingênciade reforçamento foi organizada 
para novas formas de construção (B). Durante a terceira fase (C) do 
experimento, a contingência de reforçamento foi organizada para apoiar 
formas repetitivas. Finalmente, o reforçamento para novas construções foi 
reinstalado (B). A variável independente neste experimento é a contingência 
de reforçamento – contingência de reforçamento de originalidade versus 
FIG. 2.3 Um delineamento de reversão no qual os 
pesquisadores alteraram a contingência entre a atenção 
do professor e a construção dos blocos. Primeiro, uma 
medida de linha de base do comportamento (A) foi tirada 
por vários dias. Durante a segunda fase do experimento 
(B), a criança foi reforçada ((Rft) por variar uma forma 
(diversidade) que havia sido previamente construída. Depois, a 
criança foi reforçada por construir formas de blocos 
semelhantes (C) e, finalmente, a fase B foi reinstalada. 
Adaptado de “Social Control of Form Diversity and the 
Emergence of New Forms in Children’s Blockbuilding”, de E. M. 
Goetz e D. M. Baer, 1973 da Sociedade para Análise 
Experimental do Comportamento, Inc. Reproduzido com 
permissão. 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 19 
contingência de reforçamento de repetição. A variável dependente é o 
número de diferentes formas que a criança produziu durante cada fase do 
experimento. Como você pode ver, a variável dependente seguramente muda 
na direção esperada com as mudanças na contingência do reforçamento (i.e., 
a atenção do professor pela diversidade ou repetição). 
O Delineamento de Reversão A-B-A-B é o modelo de pesquisa mais 
fundamental usado na análise experimental do comportamento. Existem, 
entretanto, dificuldades que podem torná-lo inapropriado para uma dada 
questão de pesquisa. Um dos maiores problemas é que o comportamento, 
uma vez mudado, pode não retornar aos níveis de linha de base. Considere o 
que pode acontecer se você utilizou uma técnica de reforçamento para 
ensinar um adulto analfabeto a ler. Você poderia medir o nível de leitura, 
introduzir sua técnica de leitura, e depois de algum tempo retirar o reforço 
para a leitura. É pouco provável que o estudante irá novamente tornar-se 
analfabeto. Em termos comportamentais, a leitura do estudante é mantida por 
outras fontes de reforçamento, tais como adquirir informação que permite ao 
estudante comportar-se eficientemente (e.g., ler um cardápio, sinais de 
trânsito, etc.). 
Outra dificuldade é que às vezes é antiético reverter efeitos de um 
procedimento comportamental. Suponha que um programa para eliminar o 
uso de craque funcione, mas os médicos que administraram o programa não 
estejam absolutamente certos de que o declínio no uso da droga seja 
causado pelo procedimentos de reforçamento. Seria altamente antiético 
remover e inserir a terapia de reforçamento para estar certo quanto à causa. 
Isto porque remover o procedimento de reforçamento poderia levar a um 
aumento no uso da droga. No entanto, quando esta e outras dificuldades não 
são encontradas, o Delineamento de Reversão A-B-A-B é um modo preferível 
de análise. 
Através deste livro, nós tratamos de pesquisas que utilizam o 
delineamento de reversão, delineamento de reversão modificado (por 
exemplo, acrescentar outras condições de controle), e outras formas de 
análise experimental. Nós nos concentramos no delineamento de reversão 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 20 
porque demonstra a lógica básica da experimentação comportamental. A 
tarefa de todos os experimentos comportamentais é estabelecer com 
bastante certeza a relação de causa e efeito que controla o comportamento 
dos organismos. Baseada nestas relações causais, os analistas do 
comportamento procuram por princípios gerais que organizem achados 
experimentais (e.g., princípio de reforçamento). 
 
FOCO EM: Linhas de base operantes e neurociência 
comportamental 
 
 Em dada condição, o comportamento que é reforçado de maneira 
particular (e.g., cada 10 respostas produz comida) torna-se bastante estável 
(baixa variabilidade) sobre sessões experimentais repetitivas. Um animal 
pode mostrar um leva de respostas seguidas por uma pausa (ou um tempo 
sem responder) e então uma outra leva. Este padrão pode ser repetido várias 
vezes, depois de longa exposição ao procedimento de reforçamento 
(chamado de desempenho de estados estáveis). Um desempenho estável 
sob uma contingência de reforçamento pode ser usada como uma linha de 
base para os efeitos de outras variáveis independentes. Isto é, quando o 
comportamento é muito estável, sob uma dada disposição do ambiente, é 
possível investigar outras condições que desestabilizem, aumentem ou 
diminuam o desempenho em estado estável de animais (Sidman, 1960). 
Reconhecendo esta vantagem, neurocientistas comportamentais 
frequentemente usam estados estáveis de comportamentos operantes como 
linhas de base (condições de controle) para investigar os efeitos de drogas 
no cérebro e no comportamento. 
Considerando as drogas e linhas de base, quanto mais estável a 
linha de base, mais fácil é detectar os efeitos de pequenas doses da droga. 
Se a resposta média de um animal para vinte sessões experimentais é de 
dez por minuto com uma amplitude de mais ou menos uma resposta por 
minuto (linha de base mais estável), uma dose menor de uma droga 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 21 
mostraria o mesmo efeito que se a linha de base tivesse uma amplitude de 
respostas de mais ou menos cinco respostas por minuto (linha de base 
menos estável). Perceba que a mesma dose da droga que produz um efeito 
detectável para uma linha de base estável é chamada de inefetiva quando 
inserida numa linha de base menos estável. O ponto é que podemos detectar 
pequenos efeitos das drogas (e outras variáveis) se a linha de base operante 
é muito estável durante o desempenho em estado estável. 
Diz-se que linhas de base operante mostram sensibilidade às drogas. 
A sensibilidade de linha de base significa que uma pequena dose de uma 
droga tal como anfetamina (um agonista da dopamina) pode causar 
mudanças substanciais no comportamento em linha de base. Em contraste, a 
mesma linha de base operante pode não mostrar sensibilidade a doses de 
morfina (um agonista opióide). Uma implicação deste tipo de de achado é 
que a efetividade da contingência de reforçamento sobre o comportamento, 
pode envolver o sistema dopaminérgico mais que o opiáceo endógeno. 
Baseado nessa inferência os neurocientistas comportamentais podem 
adicionalmente explorar como o sistema dopaminérgico participa no controle 
do comportamento e que estruturas neurais estão envolvidas. Pesquisas 
subsequentes podem envolver estudos anatômicos e fisiológicos como 
também outros experimentos usando linhas de base comportamentais. 
Neurocientistas comportamentais têm utilizado linhas de base 
operantes para investigar o papel das drogas no comportamento punido 
(revisado por Sepinwall & Cook, 1978). Em uma série de experimentos 
clássicos, ratos em uma câmara operante foram treinados para responder a 
apresentações de leite condensado (Gelle & Seifter, 1960; Geller, Kulak & 
Seifter, 1962). Depois, quando um clique soava, cada pressão à barra 
resultava no leite e também em choque elétrico na grade do assoalho. 
Informação (registros cumulativos, ver Capítulo 4) de desempenho típico dos 
ratos mostrou que o responder foi bastante reduzido durante os períodos de 
punição. Uma série de drogas sedativas ou tranquilizantes foram então 
administradas e os achados mais interessantes foram os de que os 
tranquilizantes não afetaram a resposta geral ao leite, mas eles aumentaram 
Cap. 2 – AAnálise Experimental do Comportamento 
 
 22 
o responder durante os períodos do choque/clique. O período de clique 
representa um conflito entre responder pelo leite (reforço positivo) e receber o 
choque elétrico (punição). Aparentemente, a classe de drogas chamada de 
tranquilizante previne os efeitos usuais da punição, enquanto outras classes 
de drogas usadas pelos pesquisadores não tiveram este efeito. 
______________________________________________________________ 
PESQUISA DE SUJEITO ÚNICO 
______________________________________________________________ 
 
 Generalizar de uma pesquisa de sujeito-único é uma estratégia 
científica bem fundamentada. Um indivíduo único (rato, pombo, ou humano) é 
exposto a valores da variável independente, e o experimento pode ser 
conduzido com vários sujeitos. Cada sujeito replica o experimento; se há 
quatro sujeitos, a investigação é repetida quatro vezes diferentes. Assim, 
cada indivíduo adicional em um experimento de sujeito-único constitui uma 
replicação direta da pesquisa e acrescenta generalidade aos achados da 
pesquisa. A replicação direta envolve manipular a variável independente da 
mesma maneira para cada sujeito no experimento. 
Uma outra maneira de incrementar a generalidade de um achado é 
pela replicação sistemática do experimento. Replicações sistemáticas usam 
procedimentos que são diferentes mas logicamente relacionados à questão 
da pesquisa original (ver Sidman, 1960, para uma discussão detalhada da 
replicação sistemática e direta). Por exemplo, na pesquisa de Bernard com 
os ratos, mudar a dieta do jejum para a grama alterou a química da urina e 
pode ser considerado um experimento por si só. Alimentar os animais com 
carne pode ser visto como um segundo experimento – sistematicamente 
replicando a pesquisa inicial usando uma dieta de grama. Dada a hipótese de 
Bernard de que todos os animais jejuando tornam-se carnívoros, logicamente 
segue-se que carne deveria mudar a química da urina de alcalina a ácida. 
Num experimento comportamental, tal como o experimento de 
criatividade de Goetz e Baer (1973), os pesquisadores poderiam ter 
estabelecido generalidade usando uma tarefa diferente e um diferente tipo de 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 23 
reforçamento (e.g., contato tátil como abraços). Aqui a ideia central é a de 
que a contingência de reforçamento é o fator crítico que produziu o 
aumento na construção de blocos criativos. Isto é, a mudança observada no 
comportamento não depende do tipo de atividade (construção de blocos) ou 
a natureza do reforçador (atenção positiva). Na verdade, muitos 
experimentos comportamentais têm mostrado que contingências de 
reforçamento generalizam-se entre espécies, tipos de reforçamento, 
adequações diversas e operantes diferentes. 
 
Generalidade e Pesquisa de Sujeito Único 
 Um mal entendido comum sobre experimentos de sujeito-único é que 
as generalizações não são possíveis porque uns poucos indivíduos não 
representam a população maior. Alguns cientistas sociais acreditam que 
experimentos devam incluir um grande grupo de indivíduos para fazerem 
proposições gerais (chamados de delineamento estatístico de grupos). Esta 
posição é válida se o cientista social estiver interessado nas descrições do 
que o indivíduo médio faz. Por exemplo, a pesquisa de sujeito-único é 
inapropriada para questões como “Que tipo de campanha publicitária é mais 
efetiva para fazer as pessoas de Los Angeles reciclarem lixo?” Neste caso, a 
variável independente pode ser o tipo de publicidade e a variável dependente 
o número de cidadãos em Los Angeles que reciclem seus resíduos. A 
questão central está relacionada a quantas pessoas reciclam e um 
experimento de grupo é a maneira apropriada para abordar o problema. 
Analistas do comportamento estão menos interessados em efeitos 
agregados ou de grupo. Pelo contrário, a análise foca no comportamento do 
indivíduo. Estes pesquisadores estão preocupados com predizer, controlar e 
interpretar o comportamento de organismos únicos. A generalidade do efeito 
em um experimento comportamental é estabelecido por replicação. Uma 
estratégia similar é às vezes usada na química. O processo de eletrólise 
pode ser observado em uma amostra não representativa de água de Logan, 
Utah. Um pesquisador que siga o procedimento de eletrólise irá observar o 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 24 
mesmo resultado em todas as amostras de água, sejam do Logan ou do 
Ganges. Mais importante, o pesquisador pode alegar – com base em um 
único experimento – que a eletrólise ocorre em toda a água, a todo tempo, e 
em todos os lugares. É claro, só a replicação do experimento irá aumentar a 
confiança nesta generalização empírica. 
 
FOCO EM: Avaliação da mudança de comportamento 
 
Experimentos de sujeito-único requerem um período de mensuração 
de linha de base de pré-intervenção. Esta linha de base serve como uma 
comparação ou referência para qualquer mudança subsequente no 
comportamento produzido pela variável independente. Esta linha de base é 
essencial para saber se sua variável independente tem algum efeito. Para 
construir uma linha de base apropriada, é necessário definir a classe de 
resposta objetivamente e claramente. No laboratório animal, a classe de 
resposta de pressionar a barra, é mais frequentemente definida pelo 
fechamento de um interruptor elétrico. Não há controvérsia sobre o estado do 
interruptor; ou está ligado ou desligado. Um animal pode pressionar a barra 
de muitas maneiras distintas. A pata esquerda ou direita pode ser usada bem 
como a pata traseira, o focinho e a boca. A questão é que não importa como 
a resposta é feita, todas as ações que resultarão no fechamento do 
interruptor definirão a classe operante. Uma vez que a classe de resposta 
esteja definida, o número de vezes que a resposta ocorre pode ser contado e 
uma linha de base construída. 
Fora do laboratório, classes de resposta são usualmente mais difíceis 
de definir. Considere que lhe peçam para ajudar a manusear o 
comportamento de uma criança problemática em um contexto de sala de 
aula. O professor reclama que a criança é inconveniente e interfere no seu 
ensino. Superficialmente, medir o comportamento inconveniente da criança 
parece fácil. Uma reflexão adicional, entretanto, sugere que não é fácil definir 
a classe operante. O que exatamente o professor quer dizer quando diz que 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 25 
“a criança é inconveniente”? Depois de falar com o professor e observar a 
criança em sala de aula, várias respostas “inconvenientes” podem ser 
identificadas: a criança está frequentemente fora de sua cadeira sem 
permissão e no momento em que uma lição está sendo ensinada. Outro 
comportamento que ocorre é falar alto com outras crianças durante os 
períodos de estudo. Ambas estas respostas são mais claramente definidas 
do que o rótulo “disruptivo”, entretanto uma mensuração objetiva pode ser 
ainda difícil. Perceba que cada resposta é parcialmente definida por eventos 
prévios (permissão) e pela situação atual (períodos de estudo). Além do 
mais, termos como alto e fora da cadeira são de alguma forma subjetivos. 
Quão alto é alto, e sentar na beira da cadeia é fora da cadeira? A solução é 
continuar refinando a definição da resposta até que seja altamente objetiva. 
Quando dois observadores puderem concordar na maioria das vezes que 
uma resposta ocorreu, então a linha de base pode ser estabelecida. 
 Além de definir a classe de respostas, a avaliação da mudança de 
comportamento requer alguma medida de variabilidade da resposta. Durante 
a linhade base, medições repetidas são feitas e o número de resposta é 
representado em um gráfico. A Figura 2.4 é um gráfico de um experimento 
idealizado para modificar o comportamento de sair da cadeira da criança no 
exemplo da sala de aula acima mencionado. Imagine que o professor é 
solicitado a prestar atenção e dar fichas à criança só quando ela estiver 
sentada quietamente em sua cadeira. Ao fim do dia escolar, as fichas podem 
ser trocadas por pequenos prêmios. Este procedimento altera o 
comportamento da criança? Os gráficos nas figuras 2.4A e 2.4B mostram 
duas linhas de base possíveis e os resultados da intervenção. 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 26 
 Compare sua 
avaliação do efeito do 
tratamento nas Figuras 
2.4A e 2.4B. Você 
provavelmente julga que 
o procedimento de 
reforçamento foi efetivo 
no gráfico A, mas 
possivelmente não no 
gráfico B. O quê você 
supõe que levou à sua 
conclusão? Perceba que a 
série de valores na linha 
de base do gráfico A é bem pequena quando comparada ao gráfico B. O 
número de vezes que a criança está fora de sua cadeira não muda muito de 
um dia para o outro como mostrado no gráfico A, mas há uma variação 
substancial na linha de base do gráfico B. O efeito da modificação só pode 
ser avaliado a partir da linha de base. Como a linha de base do gráfico B é 
muito variável, torna-se difícil julgar se o procedimento de reforço tem um 
efeito. Se você tiver tido um curso de estatística, pode ocorrer-lhe que a 
dificuldade no gráfico B pudesse ser resolvida por um teste estatístico. 
Embora isto é possível, os analistas do comportamento tentariam outras 
táticas. 
 Uma abordagem é reduzir a variabilidade da linha de base. Isto pode 
implicar em uma definição mais precisa da resposta “fora da cadeira”. Isto 
reduziria a variação introduzida pela mensuração imprecisa da classe de 
resposta. Outra estratégia razoável seria incrementar o poder da intervenção. 
Neste caso, o propósito é produzir uma mudança mais ampla no 
comportamento, em relação à linha de base. Por exemplo, os pequenos 
prêmios obtidos no fim do dia de escola podem ser mudados para itens mais 
valiosos. Percebam que estas estratégias levam ao refinamento em medidas 
FIG. 2.4 Compare sua avaliação do efeito do tratamento 
nos gráficos A e B. Repare que o alcance dos valores na 
linha de base do gráfico A é bem pequeno quando 
comparado com o gráfico B. O efeito de uma manipulação 
experimental só pode ser avaliado em comparação com 
uma linha de base. Devido a linha de base do gráfico B 
ser tão variável é difícil julgar se o procedimento de 
reforçamento teve um efeito. 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 27 
e procedimentos usados no experimento. Isto aumenta o controle do 
experimentador sobre a questão, e este é um objetivo primário da análise 
experimental do comportamento. 
 
 A avaliação de mudança de comportamento pode ser mais difícil se 
houver uma tendência nas linhas de base. Uma tendência é um declínio 
sistemático ou aumento nos valores das linhas de base. Um desvio nas 
medidas da linha de base podem ser problemáticas quando espera-se que o 
tratamento produza uma mudança na mesma direção que a da tendência. A 
Figura 2.5 é um gráfico do comportamento de falar alto da criança em nosso 
experimento hipotético. Perceba que o número de episódios de falar alto 
durante a linha de base começa em um nível moderadamente alto e decresce 
com o passar dos dias. Talvez os pais da criança estejam recebendo mais 
reclamações da escola e, ao passo que as reclamações se acumulam, eles 
pressionam mais a criança a “calar a boca”. A despeito do porque da 
tendência estar ocorrendo, espera-se que o procedimento de modificação 
decresça o falar alto. Como você pode ver na figura 2.5, a mudança continua 
ao longo do experimento e o declínio do falar não pode ser atribuído ao 
tratamento. 
 Um desvio para baixo 
(ou para cima) na linha de 
base pode ser aceitável se 
espera-se que o tratamento 
produza uma tendência 
oposta. Por exemplo, uma 
criança tímida pode mostrar 
uma queda na tendência de 
falar com outros estudantes. 
Neste caso, uma intervenção 
poderia envolver reforçar o 
início de uma conversação pela criança. Dado que se espera que o 
tratamento aumente o falar, uma tendência em direção abaixo na linha de 
Fig. 2.5 Um desvio nas medidas de linha de base 
pode tornar difícil interpretar os resultados quando 
espera-se que o tratamento produza uma mudança 
na mesma direção que o desvio da linha de base. 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 28 
base é aceitável. Geralmente, pesquisas de sujeito-único requerem uma 
ampla mudança no nível ou direção do comportamento em relação à linha de 
base. Esta mudança precisa ser claramente observada quando a variável 
independente é introduzida e retirada. 
 
SEÇÃO AVANÇADA: Perceber como um comportamento 
 
Mesmo que você faça o seu melhor para representar tudo o que você vê, será 
que isso é realmente tudo? E quanto ao canto dos pássaros? E o frescor da 
manhã? E a sua própria sensação de que de alguma forma está sendo 
purificado por tudo aquilo? Depois de tudo, a medida que você pinta, percebe 
estas coisas – elas são inseparáveis do que você vê. Mas como pode você 
capturá-las na pintura para que elas não se percam para que elas não se 
percam para alguém que a vislumbre? Obviamente elas precisam ser 
sugeridas pela sua composição e as cores que você utilizar – já que você não 
tem outros meios de transmitir-lhes. (Solzhenitsyn, 1973, p. 395) 
 
O conceito de função de estímulos levanta algumas questões 
interessantes. A maioria de nós acreditamos que percebemos precisamente o 
mundo ao nosso redor e somos capazes de relatá-lo com alguma fidelidade. 
Na linguagem cotidiana e na psicologia, percepção é um processo cognitivo 
implícito e inferido que determina o comportamento. Em contraste, a análise 
do comportamento sugere que perceber é um comportamento que precisa 
ser explicado por relações comportamento-ambiente. A típica abordagem da 
percepção é vista nas seguintes descrições retiradas de dois livros texto 
introdutórios de psicologia: 
 
A visão da percepção que tem sido mais ou menos dominante na 
psicologia pelos últimos 100 anos alega que nossas experiências 
ensinam-nos como fazer amplas inferências sobre o mundo a partir 
de informações sensoriais muito limitadas; e que muitas percepções 
são construções transformadas, ou sínteses de combinações de 
sensações mais elementares. Também se sustenta que estas 
inferências perceptivas são usualmente tão acuradas, altamente 
praticadas e quase automáticas que você está quase totalmente 
inconsciente de que as faz (Darley, Glucksberg, & Kinchla, 1991, p. 
109) 
 
Percepção é o processo pelo qual nós organizamos e damos 
significado a massa de sensações que recebemos. Nossa 
experiência passada e nosso estado mental atual influenciam a 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 29 
intrincada série de passos entre a sensação e a percepção. (Martin, 
1991, p.126) 
 
Geralmente, estas passagens refletem uma visão da experiência 
humana que tem sido popular por séculos. A ideia básica é que receptores, 
como os olhos, ouvidos e língua estão constantemente recebendo e 
processando informações sensoriais que é um arranjo desorganizado de 
informação brutas. Se diz que a pessoa transforma as sensações ao 
organizar mentalmente as informações em uma representação significativa 
da situação. 
De uma perspectiva comportamental, a dificuldade com esta visão de 
percepção é que a organização mental e representação da informação 
sensorial não édiretamente observável. Isto é, não há maneira objetiva de 
obter informação de tal evento hipotético, exceto observando o 
comportamento do organismo. Tais construtos hipotéticos não são sempre 
indesejáveis à ciência, mas quando usados para explicarem o 
comportamento, estes termos geralmente carecem de poder explicativo 
porque eles estão baseados no próprio comportamento de que são usados 
para explicar. Este problema de poder explicativo é visto na explicação 
perceptiva do efeito de Stroop (Stroop, 1935). 
A Figura 2.6 dá um exemplo do efeito de Stroop que você pode 
tentar em si mesmo. Primeiro, olhe para os dois pontos sobre a linha no topo 
da figura. Agora, tão rápido quanto puder, diga bem alto se cada ponto está 
posicionado acima ou abaixo da linha – vá! Quantos erros você cometeu e 
quanto tempo levou? Ok, agora olhe as palavras ACIMA e ABAIXO pela linha 
no fundo da figura. Tão rápido quanto puder, diga se cada palavra está 
acima ou abaixo da linha – vá! Quantos erros você cometeu desta vez e 
quanto tempo levou? A maioria das pessoas se dá muito bem quando o 
problema envolve pontos (acima), mas tem um desempenho ruim quando 
têm que dizer a posição das palavras (abaixo). Porque você acha que é mais 
difícil resolver o problema com as palavras? Leia para descobrir. 
Uma explicação envolve percepção e cognição como no trecho 
seguinte: “...a altamente praticada e quase automática percepção do 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 30 
significado da palavra [ACIMA ou ABAIXO] facilita a leitura. Entretanto, esta 
mesma percepção automaticamente torna difícil ignorar o significado e 
prestar atenção somente aos [posição da palavra] estímulos. Assim, o efeito 
Stroop é uma falha na seleção da percepção” (Darley et al., 1991, p. 112). 
De uma perspectiva da análise do comportamento, o relato 
precedente reafirma o fato de que seu desempenho é melhor com os pontos 
que com as palavras. O significado e atenção referidos à passagem são 
inferências do comportamento, sem evidências independentes para suas 
ocorrências. Sem evidência, a explicação da percepção seletiva não é 
satisfatória a um analista do comportamento. A pergunta é: Como a relação 
ambiente-comportamento controla o desempenho nesta tarefa? 
A primeira coisa a perceber é que todos nós temos extensa 
experiência em identificar a posição dos objetos como acima ou abaixo de 
um ponto de referência (a linha na Figura 2.6). Isto é, a posição do objeto 
ajusta a ocasião para a resposta do dizer “acima” ou “abaixo”. Nós também 
temos uma longa história de reforçamento para dizer as palavras ACIMA e 
ABAIXO; nos livros estas palavras correspondem à posição de objetos nas 
figuras, como em “o avião está acima do solo” ou “o sol está abaixo do 
horizonte”. Devido a esta aprendizagem, a posição física (localização do 
objeto X) e palavras escritas para posição (“acima/abaixo) controlam a classe 
FIG. 2.6 O efeito Stroop usando pontos acima e abaixo da linha (acima) e palavras 
por posição (abaixo). O problema da parte de baixo é mais difícil, no sentido de que a 
posição e a palavra (acima x abaixo) competem pela resposta, “dizer a posição da 
palavra”. 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 31 
de respostas (“objeto X está acima [ou abaixo] do ponto de referência”). 
Quando palavras escritas para localização são apresentadas em posições 
que não correspondem à palavra (Palavra=ACIMA; Posição=abaixo), as 
duas propriedades dos complexos estímulos (palavra/posição) competem 
para as respectivas respostas. Baseado no controle simultâneo do 
comportamento por dois aspectos do estímulo misturados, o tempo para 
completar a tarefa aumenta e os erros ocorrem. Considere o que você 
poderia fazer se estivesse dirigindo e chegasse a uma intersecção com uma 
placa na forma de um hexágono vermelho com a palavra PROSSIGA pintada 
nele. Você provavelmente ponderaria o que fazer e exibiria respostas de 
“parar e seguir”. Ao invés de utilizar uma explicação baseada na percepção 
seletiva, o analista do comportamento apontaria a competição de resposta e 
a história de reforçamento como razões para a sua hesitação. 
Há outras implicações interessantes de uma análise funcional do 
perceber. Por exemplo, você anda em uma sala e olha ao redor, acreditando 
que está vivenciando a realidade. Mas o que você vê? Ver a si mesmo é algo 
que um organismo está preparado para fazer baseado em sua dotação 
genética, mas ver um objeto particular em uma dada ocasião pode ser 
analisada como um comportamento respondente ou operante. Isto é, 
observar um objeto ou evento é um comportamento que é eliciado pelo 
evento, tem alta probabilidade dadas as consequências passadas ou se 
torna provável dadas as condições motivacionais (e.g., fome, sede, etc.). 
Imagine que você foi acampar com vários amigos. Após jantar você 
decide entreter seus amigos contando uma história de horror sobre um 
assassinato a machado que ocorreu na mesma área alguns anos atrás. Um 
de seus companheiros está terminando de jantar, e o ovo frito em seu prato 
começa a parecer um olho gigante morto que está prestes a explodir com 
uma gororoba amarela “glop”. A medida que a noite avança, um outro 
campista ouve sons sinistros e começa a ver figuras se movendo nos 
arbustos. Nas palavras cotidianas seus amigos estão imaginando estes 
eventos. Comportamentalmente, a história assustadora pode ser analisada 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 32 
como uma condição motivacional que momentaneamente aumenta a 
probabilidade de ver coisas que parecem ser ameaçadoras. 
B.F Skinner (1953) descreveu outras condições que afetam a visão 
como uma resposta condicionada. Ele afirmou que: 
 
A visão condicionada explica porque alguém tende a ver o mundo de acordo 
com a sua história de vida. Respondemos de maneira tão comum a certas 
propriedade do mundo que “leis da percepção” foram elaboradas para 
descrever o comportamento assim condicionado. Por exemplo, nós 
geralmente vemos círculos, quadrados e outras figuras completas. Uma figura 
incompleta apresentada sobre circunstâncias deficientes ou ambíguas pode 
evocar a visão de uma figura completa como uma resposta condicionada. Por 
exemplo, um círculo com um pequeno segmento faltando quando brevemente 
exposto pode ser visto como um anel completo. Ver um círculo completo seria 
presumivelmente não inevitável a um indivíduo cuja vida diária estivesse 
relacionada a lidar com círculos incompletos. (pp. 267-268) 
 
Skinner (1953) depois pontua que o condicionamento operante pode 
também afetar o que é visto: 
 
Suponha que reforcemos fortemente uma pessoa quando ela encontra um trevo de 
quatro folhas. A força ampliada de “ver um trevo de quatro folhas” será evidente de 
várias maneiras. A pessoa ficará mais inclinada a olhar trevos de quatro folhas que 
antes. Ela olhará em lugares onde tiver encontrado trevos de quatro folhas. 
Estímulos que se parecem com trevos de quatro folhas evocarão uma resposta 
imediata. Sob circunstâncias levemente ambíguas ela irá erroneamente pegar um 
trevo de três folhas. Se nosso reforçamento for suficientemente efetivo, ela poderá 
até ver trevos de quatro folhas em padrões ambíguos em tecidos, papéis de parede 
e assim por diante. Ele pode também “ver trevos de quatro folhas” quando não 
houver estimulação visual semelhante – por exemplo, quando seus olhos estiverem 
fechados ou quando ela estiver em uma sala escura. Se ele tiver adquirido um 
vocabulário adequado para auto-descrição, ele pode relatar isto ao dizer que trevos 
de quatro folhas “relampejam em sua mente” ou que ele “está pensando em” trevos 
de quatro folhas. (p. 271)Você deve perceber que ninguém sabe o que uma pessoa “vê”. O que 
nós sabemos o que quem percebe diz que vê. A pessoa nos diz que ela vê 
(ou não vê) alguma coisa e esta afirmação é por si mesma um operante; 
como um operante a afirmação verbal de ver “X” é controlada pela sua 
história passada de consequências (incluindo as consequências sociais 
fornecidas por outras pessoas). 
Eppling e Cameron (1994) relataram interessante exemplo do ver 
operante que apareceu no livro de Euell Gibbsons Perseguindo o Aspargo 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 33 
Selvagem. Gibbons era um entusiasta quanto a comer aspargos selvagens e 
em uma viagem de pesca ele encontrou alguns bons jovens brotos de 
aspargos. Espiar estes brotos foi reforçado por procurar, ver, e descobrir 
outras moitas de aspargos: 
 
...Eu estava caminhando por um cercado de uma vala de irrigação, em 
direção a um reservatório onde eu esperava encontrar alguns peixes. Aconteceu de 
olhar para baixo, eu espiei uma moita de aspargos crescendo no cercado do dique, 
com meia dúzia de pequenas, gordas lanças que eram justamente do tamanho certo 
para estarem no seu melhor tamanho ... Quando eu estava cortando este cacho, vi 
um outro com vários brotos ainda mais perfeitos. Alerta, eu mantive meus olhos 
abertos e logo encontrei um outro broto e então outro ... A esta altura eu percebi que 
um velho, seco, talo do último ano permanecia sobre cada broto de novos pontos de 
aspargos... Eu sentei no cercado da vala e por cinco minutos eu não fiz nada mais 
do que apenas olhar para um dos velhos ramalhetes de aspargos secos. Ele parecia 
bastante com as ervas daninhas mortas e plantas que o cercavam, e ainda assim 
havia diferenças. A planta de aspargo velha permanecia cerca de três pés de altura 
e tinha um talo central ou “tronco” de mais ou menos meia polegada de diâmetro 
que facilmente se distinguia das ervas daninhas com troncos em formato de garfo... 
Depois de armazenar o tamanho, cor e forma na minha mente, eu levantei e olhei 
de novo para a vala. No mesmo instante, eu vi uma dúzia de ramos de aspargos 
mortos que eu não havia notado. Eu voltei onde havia encontrado a primeira moita e 
andei vala abaixo novamente, e desta vez eu realmente repeti a colheita... Aqueles 
cinco minutos que eu [muitos anos atrás] gastei, concentrando-me em uma planta 
de aspargo morta, levou-me a muitas libras deste mais delicioso dos primitivos 
vegetais. O treinamento ocular que ele me deu perdurou até agora. Onde quer que 
eu dirija, num inverno tardio ou primavera antecipada, meus olhos automaticamente 
procuram hastes de aspargos mortos pelo acostamento e eu faço uma anotação 
mental quase inconsciente dos lugares onde as lanças verdes serão abundantes 
quando o clima quente chegar. (pp. 28-32) 
 
Psicólogos chamam estes efeitos visuais condicionados de “condição 
perceptual” ou “imagem de procura”. De fato, muitos psicólogos não 
consideram o ver com um comportamento operante ou respondente. Estes 
pesquisadores preferem estudar a percepção como um processo cognitivo 
que subjaz ao comportamento. Apesar da questão não ser resolvida aqui, 
Skinner deixa claro que analisar o ver como um comportamento é uma 
maneira de entender tais processos. Isto é, perceber pode ser tratado como 
uma detecção de sinal ao invés de estados ou processos mentais (Green & 
Swets, 1996). A análise do comportamento do ver (ou, mais geralmente, 
perceber) também se aplica a outras dimensões sensoriais tais como ouvir, 
sentir e cheirar. Perceba que tal análise refere-se ao perceber sem fazer 
referência a eventos mentais. 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 34 
 
 
______________________________________________________________ 
RESUMO 
______________________________________________________________ 
 Em resumo, este capítulo apresentou a ciência da análise do 
comportamento. Em particular, ela é a avaliação dos antecedentes e 
consequencias do comportamento como aspectos do ambiente que podem 
ser manipuladas e afetar o comportamento em questão. Inúmeros estudos 
formais e informais têm determinado que os eventos que seguem uma 
resposta específica irão influenciar se aquela resposta provavelmente 
ocorrerá novamente. Se uma resposta tem um resultado destrutivo, 
desagradável, doloroso ou mesmo não prazeroso um animal não irá repeti-la. 
Eles ou são mortos por comer plantas tóxicas, ou feridos, como quando 
tocam uma folha com espinhos afiados, e o comportamento se desvanece. A 
questão aqui é que os comportamentos têm funções no sentido de que 
alguma coisa acontece como um efeito. Nós somos moldados por um 
processo natural evolutivo para se comportar, andar, pegar coisas, vocalizar, 
etc. Nós olhamos à volta e vemos diferentes visões; o virar de nossa cabeça 
tem uma função – ele move nossos olhos para que vejamos em diferentes 
direções. Analistas do comportamento trabalham para descobrir as funções 
do comportamento e também fornecer funções que terminem criando novos 
comportamentos. 
Uma análise funcional é conduzida em vários procedimentos uniformes 
e com condições de eficácia comprovada. Uma tática importante é o 
delineamento de reversão A-B-A-B, por meio do qual o pesquisador 
determina se certa consequencia funcional (uma consequência aplicada) de 
fato controla o surgimento de um comportamento. Se um rato ganha uma 
pelota de comida por pressionar uma alavanca, o rato pressiona a alavanca e 
quando as bolotas de comida param de vir, ele para de pressionar. O 
comportamento dos organismos pode ser estudado objetivamente e 
cientificamente e eis o porquê de diversas questões serem descritas em 
Cap. 2 – A Análise Experimental do Comportamento 
 
 35 
relação à sua replicação, validade, generalização, e avaliação. A análise 
experimental do comportamento é um conjunto de táticas sistemáticas para a 
exploração das variáveis de controle do comportamento. 
 
Palavras-chave 
 
Delineamento de 
reversão A-B-A-B 
Linha de base 
Sensibilidade da 
linha de base 
Função de estímulo 
condicionado 
Contexto do 
comportamento 
Contingência de 
reforço 
Variável dependente 
Replicação direta 
Função 
discriminativa 
Estímulo 
discriminativo 
Eliciado 
Emitido 
Ambiente 
Operações 
estabelecedoras 
Análise Funcional 
Generalidade 
História de 
reforçamento 
Construto hipotético 
Variável 
independente 
Reforçador negativo 
Operante 
Reforçador positivo 
Função de 
reforçamento 
Respondente 
Classe de resposta 
Pesquisa de sujeito 
único 
Desempenho em 
estado estável 
Classe de estímulo 
Função de estímulo 
Abordagem 
estrutural (para 
classificação do 
comportamento) 
Replicação sistemática 
Topografia 
Tendência (como na 
linha de base)

Continue navegando