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A CONTENÇÃO COMO MANEJO RACIONAL

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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA 
ETEC SEBASTIANA AUGUSTA DE MORAES-VILA PLANALTO 
 
 
CURSO DE TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA 
 
 
 
GUSTAVO SOUZA FRANCISCO SANTOS 
THIAGO HENRIQUE
  
MARCELO PEZZENATO
 
 DANIEL DE BRITO 
 
ANDRADINA 
 2019
A CONTENÇÃO COMO MANEJO RACIONAL 
INTRODUÇÃO
No Mundo todo se nota uma exigência cada vez maior dos consumidores com a qualidade e a procedência dos alimentos que adquirem. A partir do princípio, que é dever moral do homem respeitar os animais, em 17 de janeiro de 2000, foi aprovado, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a Instrução Normativa nº 3, que define o conjunto de diretrizes técnicas e científicas, capazes de garantir bem-estar dos animais, em todo o processo de abate, desde a recepção até a operação de sangria. O conceito de abate humanitário tem como objetivo poupar os animais de qualquer excitação, dor ou sofrimento desnecessário. O que fica claro, é que o MAPA esqueceu, que se o manejo não for melhorado nas fazendas e no transporte, nada adianta boa praticas de manejo no frigorífico. Os animais chegam estressados e com lesões de carcaça ocorrida por erros de manejo num porcentual próximo de 40% na fazenda. Isto dificulta sobremaneira o manejo nos currais de espera do frigorífico, pois os animais já chegam pré-dispostos a briga, devido às agressões já sofridas. As cobranças que estão sendo feitas quanto à qualidade da carne, quando nos referimos à carne bovina, encontra uma barreira cultural praticamente intransponível, devido à falta de conhecimento, tanto técnico, quanto de legislação por parte daqueles que manejam os animais. Infelizmente a mão de obra utilizada no pré-abate (desde a fazenda até o Box de Atordoamento no frigorífico, passando pelo transporte) é composta por um porcentual bastante alto de analfabetos e semianalfabetos, cujo aprendizado ocorreu na pratica, sem mesmo ter noções de conhecimento técnico que o introduzisse na atividade. Pior ainda, seu professor foi o pai ou o avô, cujo compromisso com qualidade nunca existiu, se limitando ao cumprimento de ordens, que traziam no bojo a pressa no manejo e o menor custo possível, sem ao menos considerar a própria integridade física. Acredito ter sido isto, consequência de uma remuneração baixa, sendo inclusive considerada por entidades de direitos humanos, como escrava. Este indivíduo de importância fundamental na cadeia produtiva da carne pode alegar desconhecimento quanto a normas, diretrizes, costumes, globalização, exigências de mercado (principalmente consumidor), pois pela incapacidade de conseguir ler e pior, ter acesso a estas informações, realmente não sentiu necessidade de mudar. Sua qualidade de vida, necessidades de qualidade no alimento, são ínfimas, pequenas, se restringindo em ter e não em poder ter. Exigir manejo, que visa melhor qualidade de carne é utópico. Eles podem alegar desconhecimento, ignorância, etc..., pois de fato, as informações não são acessíveis a eles. O que é direito do Consumidor nunca lhe foi dito ou ensinado, pois ele mesmo é um consumidor revestido de total ignorância de seus direitos. Minha experiência vinda da convivência com este pessoal, horas de aulas sobre manejo racional, higiene pessoal, e direito, dada em barracão de curral, salas de sedes de fazendas, me permite afirmar serem eles, capazes de aprender, absorver conhecimento e respeitar normas, diretrizes, leis, etc..., sendo possível, mudar ao longo do tempo esta realidade nada agradável. Quando entendem o porquê, eles são os primeiros a colocar em prática, técnicas que tornam possível o boi, ser matéria prima com melhor qualidade, quer seja sanitária, nutricional, ou sem lesões e contusões. Na verdade, não existe na cadeia produtiva da carne, individuo que ame mais os animais com os quais lidam que os peões. Acredito, portanto caber ao Técnico (Méd. Veterinário, Zootecnista, Agrônomo) levar e ensinar a aplicar os conhecimentos produzidos pela ciência, de uma forma assimilável e verídica. Para eles, (peões), a verdade é incontestável, sendo arma de mudança de comportamento.
Solicitações dos consumidores em relação aos produtos da agropecuária:
 • Cuidados com a escolha da linhagem dos animais; 
• Uso de ração que contenha apenas componentes de origem vegetal; 
• Abandono progressivo de tecnologias de produção que se valham do uso de aditivos antimicrobianos ou de outros aditivos zootécnicos; 
• Uso racional da medicação veterinária, em especial dos antimicrobianos;
 • Negativa total com relação ao uso de grãos provenientes de material geneticamente modificado na alimentação dos animais; 
• Cuidados com o bem estar dos animais, usando de Boas Praticas Veterinárias de Manejo; 
• Garantia de qualidade através, por exemplo, da adoção de rastreabilidade.
CONTENÇÃO: ( Cadeira de Semiologia) CONTER: é a ação de imobilizar um animal com o objetivo de sobre ele fazer algum procedimento. PRENDER: é prender nas mãos; atar; amarrar; segurar; agarrar; embaraçar; capturar; casar-se. “A palavra conter, já traz em seu bojo o planejamento de como fazer a contenção, pois já esta definida a atitude ou o procedimento a ser tomado com o animal. A contenção deverá ser coerente com este procedimento, sem ser exagerada evitando o sofrimento ou pouca permitindo o risco físico ao peão ou técnico”.
 A prática de contenção de bovinos é extremamente necessária e utilizada regularmente em todos os locais onde se trabalhe com esses animais. Tanto os técnicos, fazendeiros, peões, médicos veterinários ou qualquer um que necessite que o animais fiquem total ou parcialmente contidos ou imobilizados, terão que adotar procedimentos de contenção.
A contenção de bovinos ou equinos, utilizada em fazendas, sítios, abatedouros ou por profissionais como os médicos veterinários, pode ser realizada de diversas maneiras e, muitas vezes, implica no derrubamento do animal, para que um determinado tipo de imobilização seja realizado. 
A contenção é um procedimento realizado em qualquer animal, para os mais diversos fins, que vão desde a necessidade de um simples exame, aplicação de medicamentos, abate e muitos outros.
É claro que, em animais menores, a contenção, imobilização ou derrubamento são tarefas bem mais simples. Em um grande bovino ou mesmo em bezerros, estes procedimentos requerem técnicas mais específicas, pois não é tão simples imobilizar um touro, por exemplo, "no braço". No caso dos bovinos, os métodos de contenção mais utilizados são aqueles destinados à prevenção de coices, imobilização para a descorna, para a coleta de sêmen, castração, entre outros.
Muitas vezes, como no caso de exames mais detalhados, a contenção é relativamente simples, ficando o animal em pé. Entretanto, em outras ocasiões, é necessário que o animal seja derrubado e contido, isto é, amarrado, para que se mantenha em uma determinada posição. São muitas as formas de contenção, utilizando-se cordas, guias nasais, esteios, cercas, piquetes, cangalhas, etc. Cada método deve ser utilizado corretamente e apenas visando à tarefa a ser realizada. O cuidado é muito importante, para que não aconteçam acidentes que venham a machucar ou ferir o animal.
O criador, funcionário ou técnico, deve se informar sobre os métodos mais indicados às suas necessidades e praticar, com o auxílio de alguém com uma boa experiência. Tentar aprender sem orientação poderá acarretar prejuízos, ferimentos nos animais ou mesmo na própria pessoa. Um derrubamento mal feito, por exemplo, pode resultar em uma fratura ou torção nos membros do animal que, devido ao seu grande peso, pode ficar até mesmo sem condições de recuperação. A Contenção pode ser química (tranquilizantes e ou anestésicos) ou física. A contenção química não dispensa a física, tornando esta de muita importância. Manejo de fazenda, utilizado diariamente pelos peões. É melhor enxergarmos a contenção como o manejo mais importante na bovinocultura ou na lida com animais. Temos que entender ser um cercado, não importandosua área em metros quadrados, como uma contenção, que afinal de contas restringe ao animal a busca de suas necessidades para sobreviver. Quem fez o cercado ou ali colocou um animal, tem que entender como sua obrigação prover estas necessidades, primando por quantidade e qualidade inerentes a espécie.
A definição de conter já nos indica uma ação planejada para se alcançar um objetivo proposto. Não é o simples fato de prender. Existe a necessidade de coerência na contenção, que deve ser a necessária para o procedimento a ser realizado, evitando o trauma, a agressão e consequentemente o estresse desnecessário. A contenção certa e necessária é o objetivo. A importância da contenção correta surge no instante em que sabemos ser ela a primeira atitude a ser tomada com a rês. Para dar um beijo no animal primeiro devemos fazer a contenção, ou seja, a contenção vem sempre primeira.
Se for a contenção a primeira coisa a ser feita, deverá ser bem feita, para não interferir no resultado do trabalho a ser realizado. Verdade! A Contenção interfere diretamente no resultado do trabalho. Exemplos: • Ao derrubar um touro para corrigir um pequeno problema de casco, uma corda passada sobre o prepúcio poderá dar origem a uma aderência, que o inutiliza para a reprodução, pois não consegue expor o pênis; • Uma vaca que vai ser inseminada, estando a quarenta centímetros do técnico pode impossibilitar a tração da cerviz até o aplicador, obrigando a se jogar o sêmen no fundo da vagina. É o mesmo que jogar fora; • Durante uma transferência, um movimento da receptora que obrigue o técnico a retirar o aplicador para não quebrar pode provocar a perda do embrião; • Um bovino muito estressado devido à contenção, não terá uma boa resposta à vacina ou ao vermífugo; • A vaca de leite a exemplo do touro poderá ficar inutilizada por uma corda passada no vazio, que vai apertar o úbere, esmagando glândulas que produzem leite, provocando fibrose. • Derrubar uma vaca no pasto para colocar o bezerro mamar (vaca com teto grosso), provavelmente provocará a rejeição do filho. São vários os exemplos de erros de contenção que estão prejudicando o trabalho no campo. A construção de um curral poderá ter influência na produtividade do rebanho, se não for adequada a característica do bovino.
Nos colocando no lugar do bovino, qual dos currais acima gostaria de ser manejado? A resposta é óbvia. Naquele que se mostra mais confortável ou menos agressivo.
 Cercas de arame com fios arrebentados, ou muito frouxas podem provocar acidente com um ou mais animais, o que interfere no rendimento da propriedade.
São exemplos de contenção: - Nó de porco; - pito; - imoboi; - Peia; - pé ou mão de amigo; - tronco de contenção; - Nó de cabresto; - Curral; - formiga; - Laço; - cerca de arame; - etc.
Cabe ao peão e ao técnico escolher e saber fazer a contenção melhor para o procedimento a ser efetivado. Médico Veterinário chega na fazenda para fazer um atendimento clinico em um bovino, deve conhecer de contenção, para que a história descrita abaixo não passe de uma simples piada. “O Médico Veterinário chega na fazenda e é informado, que o boi se encontra no pasto e este se dispõe a fazer o exame clinico no local. É claro que a contenção será feita com o auxílio de um laço jogado com despreza pelo peão, que consegue acertar depois de desenfreada carreira atrás do coitado já doente boi. Após uma contenção feita desta maneira, qual será o parâmetro fisiológico coletado que auxilie o profissional a fazer um diagnostico? Estará tudo alterado: respiração, temperatura, batimentos cardíacos, sudorese, etc, restando dizer que foi cobra que picou”. A história acima, se tornará verdadeira na vida do profissional que não conhecer os métodos de contenção e suas aplicações no manejo. Entendermos e respeitarmos suas características, ter conhecimento profundo de Etologia e Biologia da espécie envolvida, torna-se obrigação para técnicos que utilizam a contenção na lida com animais. Cabe ainda dizer, que de pouco adiantará este conhecimento, se as instalações ou equipamentos não forem adequados, tanto na forma como na dimensão.
Na construção ou adequação de um curral, os aspectos do comportamento e da estrutura biológica dos bovinos devem ser levados em conta. Exemplo: dado o posicionamento de seus olhos, os bovinos tem um ângulo de visão muito amplo, mas também têm alguns pontos cegos, contrastes de sombra e luz, tornam-se dificuldade de manejo.
Em tempos de excelência na pecuária, trabalhos de construção ou adequação de um curral, deverão ser efetivados por técnicos que têm conhecimentos sobre comportamento bovino, aplicados na contenção. Deixou de ser tarefa do carpinteiro que resolve problemas de alvenaria, para ser ação planejada com o objetivo de facilitar o manejo do gado. Melhor o peão fazer a planta do curral do que o engenheiro que não conhece bovino. Currais bem planejados, que evite a formação de cantos, facilite a condução dos animais se traduz em menor estresse, menos lesões, menor risco de acidentes, peões mais calmos e melhor qualidade na matéria prima carne.

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