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Ciclo Gravídico e Puerperal Mayra Cleres de Souza, UFR FASES CLÍNICAS DO PARTO PARTURIÇÃO O parto é caracterizado por contrações das fibras miometriais, cujas principais funções são a dilatação cervical e a expulsão do feto através do canal de parto. O útero sofre modificações fisiológicas e bioquímicas locais concomitantes ao aumento da frequência de contrações indolores (contrações de Braxton Hicks) até que o verdadeiro trabalho de parto seja deflagrado. Pode ser dividido em quatro etapas: ❖ Quiescência (fase 1); ❖ Ativação (fase 2); ❖ Estimulação (fase 3); ❖ Involução (fase 4). A quiescência (fase 1) é caracterizada por relativa ausência de resposta a agentes que determinam a contratilidade uterina. Se inicia com a implantação do zigoto e perdura por quase toda a gestação. A ativação (fase 2) prepara o útero e o canal cervical para o trabalho de parto e dura aproximadamente 6 a 8 semanas. Determina algumas modificações cervicais e caracteriza-se pela descida do fundo uterino. A estimulação (fase 3), pode ser clinicamente dividida em 3 períodos (dilatação, expulsão e dequitação) e cujo fenômeno mais importante são as contrações uterinas efetivas. Para um adequado trabalho de parto, essas contrações devem apresentar uma frequência regular entre duas e cinco contrações a cada 10 minutos intensidade de 20 a 60mmHg (média de 40mmHg) e duração entre 30 e 90 segundos (média de 60 segundos). A involução (fase 4) destaca-se pelo retomo ao estado pré-gravídico (puerpério). DILATAÇÃO Inicia-se com as primeiras contrações dolorosas, cuja principal ação é a modificação da cérvix e termina com a dilatação completa do colo uterino (10cm) de modo a permitir a passagem fetal. O esvaecimento e a dilatação cervical são fenômenos distintos. Nas primíparas, ocorrem nessa ordem, sucessivamente: primeiro o esvaecimento, de cima para baixo, e depois a dilatação do orifício externo; já nas multíparas, são simultâneos. O esvaecimento ou apagamento do canal cervical consiste na incorporação do colo à cavidade uterina. Esse processo ativo é decorrente de alterações bioquímicas que levam à fragmentação e à redisposição das fibras de colágeno e à alteração na concentração de glicosaminoglicanos. Próximo ao termo, ocorre aumento de infiltrado inflamatório no canal cervical decorrente de mudanças locais que promovem a maturação cervical e da lise de fibras de colágeno. A dilatação do orifício externo do colo tem como principal finalidade ampliar o canal de parto e completar a continuidade entre útero e vagina. A dilatação cervical é dividida em fase latente e fase ativa, sendo esta última composta de 3 subdivisões: ❖ Aceleração: em que a velocidade de dilatação começa a modificar-se e a curva se eleva; ❖ Dilatação ou aceleração máxima: quando a dilatação passa de 2 a 3 cm para 8 a 9 cm; Ciclo Gravídico e Puerperal Mayra Cleres de Souza, UFR ❖ Desaceleração: que precede a dilatação completa. A fase latente apresenta como característica contrações mais eficazes (em termos de coordenação e intensidade) sem, contudo, determinar modificações significativas na dilatação cervical. Será considerada prolongada quando durar mais que 20 horas em primíparas e mais que 14 em multíparas. A fase ativa normalmente se inicia com dilatação cervical de 4 cm e dura em média 6 horas nas primíparas, com velocidade de dilatação de cerca de 1,2 cm/h, e 3 horas nas multíparas, com velocidade de dilatação de 1,5 cm/h. DIAGNÓSTICO DO TRABALHO DE PARTO Está condicionado à presença de contrações uterinas com ritmo e características peculiares, combinadas a alterações progressivas no colo uterino (esvaecimento e dilatação) e à formação da bolsa das águas. EXPULSÃO O feto é expelido do útero através do canal de parto por meio da ação conjugada das contrações uterinas e das contrações voluntárias dos músculos abdominais (puxos). Tem início com a dilatação completa e se encerra com a saída do feto. A resultante de força das contrações miometriais converge sobre o orifício interno do colo uterino contra o qual a apresentação fetal é impelida. A descida do polo cefálico pelo canal de parto compreende duas fases bem definidas: fase pélvica e fase perineal. A primeira caracteriza-se pela dilatação completa do colo uterino e pela apresentação acima do plano +3 de De Lee, enquanto a segunda apresenta a cabeça rodada e em um plano inferior a +3 de De Lee. A duração do período de expulsão está condicionada à proporção cefalopélvica e à eficiência contrátil do útero e da musculatura abdominal. O período expulsivo prolongado é definido quando se ultrapassa, em primíparas, 3 horas sem analgesia e em multíparas 2 horas sem analgesia. A duração do segundo estágio tem acréscimo de cerca de 1 hora em sua duração em caso de analgesia epidural. DEQUITAÇÃO O útero expele a placenta e as membranas (após o nascimento do feto). Assim, após descolamento de seu leito uterino, a placenta desce através do canal de parto e é expelida pela rima vulvar. Seu descolamento ocorre em virtude da diminuição do volume uterino depois da expulsão fetal, associada às contrações uterinas vigorosas e indolores. Há dois tipos clássicos de descolamento, o central (descolamento de Baudelocque-Schultze) e o marginal ou periférico (descolamento de Baudelocque-Duncan), definidos, respectivamente quando começam no centro ou lateralmente. O primeiro é mais frequente e apresenta sangramento após a dequitação, com formação de hematoma retroplacentário. O segundo, menos comum, tem escoamento de sangue antes da total expulsão da placenta. PRIMEIRA HORA PÓS-PARTO Também indevidamente denominada quarto período de Greenberg, a primeira hora após o parto inicia- se imediatamente após a dequitação, sendo, dessa forma, a primeira hora do puerpério e não um verdadeiro quarto período clínico do parto. Nesse período, ocorrem a estabilização dos sinais vitais maternos e a hemostasia uterina. Esta hora caracteriza-se pela ocorrência dos fenômenos de miotamponamento, de trombotamponamento, pela indiferença miouterina e pela contração uterina fixa que a segue. Ciclo Gravídico e Puerperal Mayra Cleres de Souza, UFR A redução do volume uterino causa angulação das artérias uterinas e ovariana, provocando diminuição da perfusão uterina. REFERÊNCIAS Zugaib, Obstetrícia; 3º edição, 2016, capítulo 16.
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