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ENGENHARIA QUÍMICA QUÍMICA ANALÍTICA PARA ENGENHARIA Aula 2: Gravimetria Profa. Dra. Mariza C. Chiaradia Nardi Análise gravimétrica • É o processo em que se isola e pesa um elemento ou composto definido do elemento de interesse sob uma forma tão pura quanto possível. • Na maioria das determinações gravimétricas o elemento a ser determinado é transformado em um composto estável puro numa forma adequada à pesagem. • Para separar o elemento ou composto de interesse da amostra analisada, possibilitando efetuar a sua pesagem, utiliza-se as seguintes técnicas: (1) Métodos de precipitação; (2) Métodos de volatilização; (3) Métodos eletroanalíticos; (4) Métodos de extração e cromatográficos. Nesta aula será estudado apenas o método 1. MÉTODOS DE PRECIPITAÇÃO • Nos métodos de precipitação os constituintes a se determinar são precipitados de uma solução (amostra), sob uma forma suficientemente pouco solúvel, para que não ocorra perda apreciável durante sua filtração e pesagem. • Fatores necessários para que se obtenha sucesso na análise por precipitação: – Precipitado suficientemente insolúvel → a quantidade que permanece em solução não exceda 0,1 mg (mínimo detectável pela balança analítica); – Precipitado facilmente filtrável e lavável → partículas com dimensões mínimas para que não atravessem o meio de filtração e que possam ser lavadas até ficarem livres de impurezas solúveis; – Precipitado deve ser conversível em uma substância pura de composição química definida → calcinação 1- Formação dos precipitados • Para que ocorra a precipitação é necessário, inicialmente, uma solução supersaturada da substância de interesse. Esta solução, instável em uma certa temperatura T, tende a precipitar o excesso de soluto até que seja atingido o estado de equilíbrio (solução saturada). • Divide-se em 2 etapas: (a) nucleação e (b)crescimento dos cristais - Acredita-se que a formação de núcleos primários seja dada por pares de íons; - Estes núcleos não são estáveis e crescem até atingirem o tamanho de partículas coloidais (1 nm a 0,1 µm); - Daí em diante, ou param no estágio coloidal ou crescem até formarem cristais grandes; - O papel de filtro quantitativo retém partículas de até 10 µm, de maneira que é necessário coagular partículas coloidais para que possam ser filtradas. O tamanho e forma dos cristais dependem: a. da natureza do precipitado b. das condições de formação do precipitado c. do envelhecimento do precipitado d. da recristalização do precipitado a. Natureza do precipitado Estabelecida pelas taxas relativas de nucleação e crescimento das partículas: – Processos em que predominam a NUCLEAÇÃO = formação de pequenas partículas (colóide) como resultado de repulsões elétricas* entre as partículas que impedem a sua aglomeração. *A adsorção dos íons na superfície das partículas do precipitado, que causam repulsão impedindo a aglomeração das partículas, pode ser diminuída pelo uso de: • soluções de lavagem aquecidas contendo um eletrólito apropriado; • Aquecimento dos precipitados em contato com a solução de origem antes da filtração; • Partir de uma solução com pH baixo (ácido) o suficiente para impedir a precipitação e ir aumentando gradualmente (adição de base) para que o precipitado se forme em condições de alta solubilidade, resultando na formação de partículas grandes. – Processos em que predominam o CRESCIMENTO DE PARTÍCULAS = formação de cristais de precipitado maiores b. Efeito das condições de precipitação sobre o tamanho das partículas von Weimarn: ���� �� �� �� ã� = �(���) � onde: S = solubilidade do precipitado no estado de equilíbrio Q = concentração dos íons em solução no instante anterior a precipitação K = constante (Q-S) = grau de supersaturação Quanto > a concentração dos reagentes, > o grau de dispersão e < o tamanho das partículas. • Em análise gravimétrica recomenda-se: – uso de solução reagente diluída, que seja adicionada lentamente sob agitação → mantém baixo o grau de supersaturação durante a precipitação e as primeiras partículas precipitadas servem como núcleos que crescem à medida que se precipita mais material. – Iniciar a precipitação à partir de uma solução quente que posteriormente é resfriada → faz com que a solubilidade seja alta no início (baixo grau de supersaturação) e o resfriamento abaixa o fator S evitando perdas de precipitado. c. Envelhecimento dos precipitados É comum nos procedimentos gravimétricos deixar o precipitado descansar na presença da solução de origem (água mãe) → ENVELHECIMENTO DO PRECIPITADO. – Durante o processo, partículas pequenas tendem a se redissolverem e precipitarem sobre a superfície dos cristais maiores (“amadurecimento de Ostwald”) – O envelhecimento faz com que partículas de precipitado inicialmente imperfeitas e floculosas tornem-se mais perfeitas e compactas → dissolução de vértices e arestas dos cristais seguida de sua deposição na superfície dos cristais reduzindo sua área superficial (“amadurecimento interno de Ostwald”) d. Recristalização do precipitado Precipitados gelatinosos (ex.: Fe(OH)3, Al(OH)3): – Baixa solubilidade → não permite o crescimento do cristal – Absorvem impurezas facilmente devido à grande área superficial → necessidade de REPRECIPITAÇÃO antes da filtração (solução com baixa concentração de impurezas, reduzindo a adsorção pelo precipitado) 2- Pureza do precipitado • Os precipitados podem arrastar da solução outros constituintes, que nem sempre são removidos por lavagem, causando a sua contaminação → PRINCIPAL CAUSA DE ERROS EM ANÁLISE GRAVIMÉTRICA • A incorporação de impurezas ao precipitado pode se dar por: a. Co-precipitação b. Pós-precipitação a. Co-precipitação • Processo pelo qual substâncias solúveis se incorporam ao precipitado durante a sua formação. • Co-precipitação por formação de soluções sólidas – O íon contaminante é capaz de substituir o ânion ou cátion da rede cristalina do precipitado. – Purificação do precipitado resultante não é possível. – Para se contornar o problema deve-se colocar a substância contaminante sob outra forma antes da precipitação. Ex.: BaCrO4 e BaSO4 → redução do CrO42- a Cr3+ • Co-precipitação por adsorção na superfície – A impureza é adsorvida na superfície do precipitado à medida que os cristais crescem. O íon contaminante fica ocluído gerando imperfeições na estrutura do precipitado. – Precipitados cristalinos → as impurezas ficam presas dentro do cristal (não podem ser removidas por lavagem) – Precipitados coagulados (coloidais) → força de coesão fraca entre as partículas e o contaminante (pode ser removida por lavagem) – Precipitados gelatinosos → elevada área superficial promovendo adsorção de uma grande quantidade de impurezas (adsorção evitada pelo controle do pH do meio) b. Pós-precipitação • Ocorre durante o processo de envelhecimento, enquanto o precipitado repousa em contato com a água mãe, um contaminante pode depositar-se sobre a superfície das partículas. • Depende do tempo → a quantidade de impureza pós- precipitada aumenta com o tempo de repouso 3- Precipitação em solução homogênea Na precipitação em solução homogênea o reagente precipitante não é adicionado ao meio reacional, como nas técnicas gravimétricas clássicas, mas É GERADO POR MEIO DE UMA REAÇÃO QUÍMICA CINETICAMENTE LENTA E HOMOGÊNEA, resultando na formação de cristais maiores e mais puros. • Métodos comuns: 1) Uso da hidrólise da uréia em solução quente produzindo amônia e dióxido de carbono, aumentando o pH do meio: CO(NH2)2 + H2O → 2 NH3 + CO2 (100 oC) – Neste processo o CO2 é eliminado pelo aquecimento e a geração lenta da uréia vai aumentar gradualmente o pH da solução. – Usada na precipitação de hidróxidos de alguns metais, gerando precipitados com características mais convenientes para análise gravimétrica do que aqueles gerados pela simples adição da amônia: • Precipitados completamente livresde contaminantes; • Partículas grandes o suficiente para permitir uma filtração fácil. 2) Uso da hidrólise de ésteres, que causam um abaixamento do pH, na produção homogênea de sulfatos, fosfatos e oxalatos a partir da hidrólise à quente do dimetil-sulfato, trimetil-fosfato e dietil-oxalato, respectivamente: (CH3O)2SO2 + 2 H2O → 2 CH3OH + SO42- + 2 H+ (CH3O)3PO + 3 H2O → 3 CH3OH + H3PO4 (C2H5O)2C2O4 + 2 H2O → 2 CH3OH + SO42- + 2 H+ 3) Preparação da dimetilglioxima, agente precipitante usado na determinação de níquel, in situ: + 2 NH2OH → + 2 H2O 4- Lavagem do precipitado • A maioria dos precipitados é produzida na presença de um ou mais compostos solúveis → o objetivo da etapa de lavagem é a remoção, o mais completa possível, deste compostos. • Remove apenas impurezas superficiais dos precipitados. • Composição da solução de lavagem depende: – Da solubilidade, das propriedades químicas do precipitado e da sua tendência à peptização (adsorção de íons à superfície do precipitado); – Das impurezas a remover; – Da influência de traços da solução de lavagem sobre o tratamento subsequente do precipitado antes da sua pesagem. • Geralmente a lavagem é feita com uma solução de eletrólito. – Deve possuir um íon comum com o precipitado para reduzir erros de solubilidade (substâncias tornam-se menos solúveis na presença de um íon comum); – Impedir a hidrólise de sais de ácidos e bases fracas; – Ser facilmente volatilizada durante o preparo do precipitado para pesagem. – Ex.: sais de amônio, solução de amônia e ácidos diluídos. • Temperatura da solução de lavagem → depende da solubilidade do precipitado Geralmente são utilizadas soluções quentes para aumentar a solubilidade de substâncias contaminantes e aumentar a velocidade de filtração. 5- Calcinação do precipitado • Tem o objetivo de eliminar a água presente nos precipitados antes de sua pesagem. • Também pode provocar reações de decomposição térmica que envolvem a decomposição de sais em componentes ácidos ou básicos → considerar a estabilidade térmica dos precipitados para determinar a temperatura de calcinação. 6- Cálculos da análise gravimétrica • Estão relacionados a determinar a porcentagem do composto de interesse na massa do precipitado obtido. • Ex.: 1,000 g de um composto de ferro, após o tratamento adequado, produziu 0,1565 g de óxido de ferro III. Calcule a porcentagem de ferro no composto. Fe2O3 ---------------- 2 Fe ↓ 159,68 g ---------- 2 x 55,84 g 0,1565 g ----------------- x x = 0,1095 g 0,1095 g (Fe) ----- 1,000 g (amostra) y ------------- 100 y = 10,95% de Fe EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 1) O que é precipitação homogênea e por que ela é útil? 2) Uma amostra de 0,6159 g de BaCl2⋅2H2O impuro foi seca a 250 oC e depois pesada, obtendo-se um valor de 0,5401 g. Calcular a porcentagem de água (m/m) na amostra. 3) Uma massa de 0,150 g de uma liga de magnésio foi dissolvida num ácido adequado. Depois de corretamente preparado o meio, o magnésio foi precipitado quantitativamente como hidroxiquinolinato de magnésio (massa molar = 300,52 g), filtrado, seco até adquirir peso constante e foi pesado. O peso obtido foi de 0,250 g. Qual era a porcentagem de magnésio (massa atômica = 24,312 g) na amostra original? 4) A digestão de um precipitado ajuda de forma relevante na remoção de impurezas adsorvidas, especialmente quando se trata de precipitados cristalinos. Mas o mesmo procedimento produz pouca vantagem com precipitados gelatinosos. Explique a razão de tal observação experimental. RESPOSTAS: 2) 0,6159 g ------------------------------------ 100% (0,6159 – 0,5401) g (água) ------------- x x = 12,31% 3) 300,52 g (hidroxiq.) ------- 24,312 g (Mg) 0,250 (ppt seco) --------------- x x = 0,020 g 0,150 g (liga) ------------------ 0,020 g (Mg) 100 g ------------------------------ y y = 13,48% (de Mg)
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