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FACULDADE DE ENG. CONS. ALGACYR M MAEDER ARQUITETURA E URBANISMO CRECHE ESCOLA MONTESSORIANA NATHIELLI CAROLINE GALINDO MORAES Presidente Prudente - SP 2016 FACULDADE DE ENG. CONS. ALGACYR M MAEDER ARQUITETURA E URBANISMO CRECHE ESCOLA MONTESSORIANA NATHIELLI CAROLINE GALINDO MORAES Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Faculdade de Engenharia “Conselheiro Algacyr Munhoz Maeder”, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade do Oeste Paulista, como parte dos requisitos para a sua conclusão. Orientador: Prof. Dr. Rogério Penna Quintanilha Presidente Prudente - SP 2016 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Professora montessoriana orientando os alunos ...............................................................................................................................................................3 Figura 2: Desenho esquemático do método montessori ...................................................................................................................................................................3 Figura 3: Crianças fazendo atividades montessoriana .....................................................................................................................................................................5 Figura 4: Tapete montessoriano ........................................................................................................................................................................................................7 Figura 5: Objetivos do método Montessori ........................................................................................................................................................................................8 Figura 6: Fatos sobre a sala de aula Montessori ..............................................................................................................................................................................9 Figura 7: Localização do terreno .................................................................................................................................................................................................... 11 Figura 8: Mapa de exclusão/inclusão social ................................................................................................................................................................................... 11 Figura 9: Levantamento de evolução urbana ................................................................................................................................................................................. 12 Figura 10: Mapa de zoneamento e uso e ocupação do solo ......................................................................................................................................................... 13 Figura 11: Estudo dos volumes ...................................................................................................................................................................................................... 14 Figura 12: Levantamento de equipamentos urbanos ..................................................................................................................................................................... 14 Figura 13: Levantamento de mobiliário urbano .............................................................................................................................................................................. 15 Figura 14: Mapa de hierarquia viária .............................................................................................................................................................................................. 15 Figura 15: Levantamento de vias de acesso .................................................................................................................................................................................. 16 Figura 16: Mapa de arborização ..................................................................................................................................................................................................... 16 Figura 17: Mapa de declividades .................................................................................................................................................................................................... 17 Figura 18: Topografia do terreno e entorno.................................................................................................................................................................................... 18 Figura 19: Levantamento fotográfico da área................................................................................................................................................................................. 18 Figura 20: Levantamento métrico ................................................................................................................................................................................................... 19 Figura 21: Estudo de insolação e ventilação .................................................................................................................................................................................. 19 Figura 22: Escola Montessori de Delft ............................................................................................................................................................................................ 22 Figura 23: Setorização da escola de Delft ...................................................................................................................................................................................... 22 Figura 24: Hall e espaço de recreação ........................................................................................................................................................................................... 23 Figura 25: Figura 25: Setorização da sala de aula da escola de Delft ........................................................................................................................................... 23 Figura 26: Elevação da sala de aula da escola de Delft ................................................................................................................................................................ 24 Figura 27: Lado externo da escola de Delft.................................................................................................................................................................................... 24 Figura 28: Jardim da infância - Fuji Kindergarten .......................................................................................................................................................................... 25 Figura 29: Planta baixa do jardim da infância - Fuji Kindergarten ................................................................................................................................................. 26 Figura 30: Pátio do jardim da infância - Fuji Kindergarten ............................................................................................................................................................. 26 Figura 31: Telhado do jardim da infância - Fuji Kindergarten ........................................................................................................................................................ 27 Figura 32: Crianças em cima do telhado do jardim da infância - Fuji Kindergarten....................................................................................................................... 27 Figura 33: Escola infantil - Design Kindergarten ............................................................................................................................................................................28 Figura 34: Implantação - Design Kindergarten ............................................................................................................................................................................... 28 Figura 35: Setorização - Design Kindergarten ............................................................................................................................................................................... 29 Figura 36: Volumetria e Jardim - Design Kindergarten .................................................................................................................................................................. 29 Figura 37: Estudo de volumetria - Design Kindergarten ................................................................................................................................................................ 30 Figura 38: Interior - Design Kindergarten ....................................................................................................................................................................................... 30 Figura 39: Setores do programa de necessidades ........................................................................................................................................................................ 33 Figura 40: Estudo de forma ............................................................................................................................................................................................................ 36 Figura 41: Croqui de implantação .................................................................................................................................................................................................. 37 Figura 42: Croqui da disposição sala montessori .......................................................................................................................................................................... 38 SUMÁRIO 1 Método pedagógico Montessori ........................................................................... 2 1.1 Percepção do ambiente por Montessori........................................................ 4 1.2 Consequência arquitetônica da pedagogia Montessori............................... 6 2 A AREA DE IMPLANTAÇÃO ................................................................................ 11 3 PROJETO .............................................................................................................. 22 3.1 Referências .................................................................................................... 22 3.1.1 Delft Montessori School ............................................................................ 22 3.1.2 Fuji Kindergarten ....................................................................................... 25 3.1.3 Design Kindergarten / CEBRA .................................................................. 28 3.2 Diretrizes legais das creches no Brasil ....................................................... 31 3.3 Programa de necessidades .......................................................................... 33 3.5 Partido Arquitetônico .................................................................................... 35 3.5.1 Atitudes projetuais ..................................................................................... 36 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 39 1 2 1 Método pedagógico Montessori O método Montessori é qualificado como educação científica. O princípio do método é que ele se desenvolve a partir do dia a dia das crianças, onde as crianças se desenvolvem de acordo com o crescimento do seu corpo e mente. Montessori acredita que a criança é competente para delinear suas próprias responsabilidades. A liberdade que o método proporciona é extremamente importante para o desenvolvimento. Montessori acreditava que as crianças precisam ter a liberdade de escolha, que possam escolher dentre opções de um ambiente, podendo atuar de acordo com suas necessidades internas, e no seu próprio ritmo. Para Montessori (1976) pela personalidade de cada criança, compreende-se quais são suas necessidades, além do mais, com um método de trabalho livre, é conquistado um resultado com maior êxito. Montessori (1937, p. 44) assegurava que “enquanto a “ciência” se limitasse a “conhecer melhor” as crianças, sem praticamente livrá-las dos inúmeros males que havia descoberto nas escolas comuns e nos antigos métodos de educação, não seria legítimo proclamar a existência de uma Pedagogia científica.” O sistema Montessoriano traz liberdade e a individualidade como norte, possibilitando através da educação, que cada um tenha oportunidades e desenvolva suas potencialidades em seu próprio tempo. Diferente do método tradicional onde a criança é imposta a fazer o que seu professor manda. Para Hermann Röhrs: Um dos conceitos de base do sistema educativo de Maria Montessori é a “atividade independente”. “Um indivíduo é o que é, não por causa dos professores que ele teve, mas pelo que realizou, ele mesmo”. Em outro contexto, chegou até mesmo a introduzir a ideia de “autocriação”, que aplicava não somente à percepção sensorial e ao intelecto, mas também à coordenação de todos os aspectos humanos do desenvolvimento da personalidade. Röhrs concorda com o processo empregado por Montessori, e acredita que o desenvolvimento infantil, será bem-sucedido, quando a liberdade for empregada juntamente com a responsabilidade. É confundido a liberdade montessoriana como algo sem controle, pois as crianças 3 aprendem através de um quadro curricular criado por elas mesmas. Figura 1: Professora montessoriana orientando os alunos Fonte: Sobre base: http://www.arbormontessori.org/primary/praise- montessori-by-kari-ewert-krocker/. Acesso em: 21 de maio de 2016. O professor vira coadjuvante, em oposição ao ensino tradicional, onde é ele que dita as regras, o docente visto como orientador. No sistema montessoriano o papel do professor é guiar o aluno através das atividades (Figura 1), e respeitar o desenvolvimento de cada um, avaliando com um ser único. Como mostra a imagem (Figura 2) na pedagogia de Montessori é preciso uma junção entre o ambiente, o professor e o mais importante que é a criança, pois todo método é focado para seu bem-estar, para atuar em uma escola montessoriana o professor precisa se adequar ao método, onde aprende a lecionar sem ser o foco principal na sala de aula. Figura 2: Desenho esquemático do método montessori Fonte: Da autora (2016) 4 Segundo Hermann Röhrs (2010, p. 54), “necessário é que a preparação dos professores seja simultânea à transformação da escola. Preparamos professores capacitados na observação e na experimentação; é preciso, porém, que encontrem, na escola, oportunidade para observar as crianças e aplicar seus conhecimentos. ” O autor mostra na citação acima que um dos fatores de maior influência sobre a criança passa a ser o ambiente que os cerca. Ele deve ser capaz de proporcionar às crianças vivências que as façam evoluir. Os fenômenos que ocorrem nestes espaços devem ser entendidos pelos pequenos sem que ninguém imponha o conhecimento, mas através do experimento Assim sendo preparar o ambiente para uma educação montessoriana é favorecer a aprendizagem através de um método que estimule a criatividade dos seus alunos. No sistema Montessori a criança aprende diversas matérias, através de atividades cotidiana e a desempenha conforme seu desenvolvimento,independente de regras e de um julgamento do professor. Portanto as escolas montessorianas precisam apresentar um ambiente que favorece o lado criativo, trabalhando a individualidade e liberdade de cada criança. 1.1 Percepção do ambiente por Montessori Muitas creches e pré-escolas, apresentam ambientes inadequados para as crianças, um espaço sem preparação contribuí de forma significativa para o um mal desenvolvimento infantil, principalmente quando essas crianças têm que passar maior parte do dia nas instituições. A função do ambiente muda conforme a idade da criança, logo após nascerem o mundo delas é extremamente limitado. De acordo com Evangelista (2002), a permanência de crianças menores que 3 anos em ambientes com ausência de estimulação ambiental pode provocar, atrasos até no seu desenvolvimento intelectual. Há um período sensível muito prolongado quase até os cincos anos que torna a criança prodigiosamente capaz de apropriar das imagens do ambiente e, por conseguinte a transforma num intermédio dos sentidos. (MONTESSORI, 1969, p. 97). 5 O ambiente é essencial na vivencia humana, quando crianças estamos ainda mais perceptivos ao que contém no nosso redor, logo é preciso estimular as mais variadas sensações, através de cores, texturas, formas, tamanhos e sons, deste modo aguçar os sentidos, é mais que necessário para o desenvolvimento infantil. Segundo Maria Montessori (1949) a mente absorvente da criança se orienta na direção do ambiente; e, especialmente no início da vida, deve tomar cuidados especiais para que o ambiente ofereça interesse e atrativos para esta mente que se deve de ele nutrir para a própria construção. Figura 3: Crianças fazendo atividades montessoriana Fonte: Sobre base: http://www.pfaulong.com/places-to-learn/marin- montessori-school/. Acesso em: 21 de maio de 2016. Montessori mostra que a criança precisa que o ambiente da escola seja preparado para ela, que ela possa entender o espaço e ser independente (Figura 3). Para isso é necessário que o ambiente tenha um amplo espaço, com ordem e com matérias adequados para respectivas idades como o da imagem, assim sendo a professora estará ali, 6 apenas para orientar, respeitando cada a evolução de cada criança. De acordo com Moraes (2009, p. 67): Para Maria Montessori, a escola não é apenas um ambiente de quatro paredes, entre as quais as crianças ficam sentadas umas atrás das outras, recebendo instrução, acumulando informações ou conhecimentos acadêmicos; é preciso oferecer à criança um ambiente que favoreça a observação, a atividade, a ordem, a liberdade e a autonomia, voltado para o processo de construção do conhecimento e não apenas para o produto final. Deste modo Maria Montessori acredita que o ambiente tem um papel de extrema importância no desenvolver da vida. Mais do que a matéria especifica, o ambiente é um agente importante na vivencia humana. Grande parte do comportamento do ser humano envolve a interação com o espaço, então é necessário que nos preocupemos mais com o ambiente da educação infantil, usando conhecimentos arquitetônicos para melhorar a vivência da criança em seu lugar de trabalho. 1.2 Consequência arquitetônica da pedagogia Montessori No que se refere a um ambiente de ensino adequado é necessário trabalhar precisamente sobre o projeto pedagógico escolhido, já que o espaço físico, necessita dialogar com a metodologia empregada. Uma arquitetura escolar bem pensada, precisa pelo meio do espaço criar estímulos e possibilidades com o propósito que o processo educativo caminhe na direção desejada É preciso um planejamento, como Moraes (2009) diz, “preparar o ambiente significa estabelecer a situação de aprendizagem. É propiciar ao educando um clima de trabalho, de pesquisa, de descobertas e, acima de tudo, de experiências”. Deste modo não basta enxergar a pedagogia e a arquitetura como praticas distintas, a arquitetura escolar não é somente significado estético, é preciso preocupar-se com a humanização do ambiente de ensino. Conforme Silva (2014, p. 67) Pensar a arquitetura escolar hoje e desenvolver uma releitura da arquitetura da sala de aula proposta pela Escola Nova, especialmente aqui por Montessori, é fazer as possíveis adequações 7 considerando o momento e a cultura dos sujeitos que compõem a escola e que são também compostos por ela. Pensar a arquitetura escolar requer resinificar o espaço escolar como lugar, dando-lhe determinados significados com base em uma teoria, em uma proposta pedagógica e em projetos educacionais. A autora acima abrange como é que a pedagogia e a arquitetura podem se alinhar para criar uma escola. Montessori acredita que através da liberdade de seu método, a criança é capaz de arquitetar seu mundo, proporcionando experiências que ajude na evolução das mesmas. No espaço montessoriano tudo é construído em uma escala infantil, ou seja, que tudo fique ao alcance das crianças. Conforme Montessori (1969) diz, o ambiente tem que ser reproduzido estritamente para a criança, o ambiente adulto não é ambiente adequado para os pequenos, mas um acúmulo de empecilhos. O ambiente do adulto é inadequado para a criança, ninguém pensa na necessidade de lhe criar um ambiente apropriado para estrutura infantil. O ambiente montessoriano é totalmente moldado para as crianças e busca trazer o cotidiano para escola, com intuito de que se sintam em casa, trazendo assim uma liberdade, onde cada um possa desempenhar suas funções, sem serem reprimidas. A escola passa a ser vista como um meio de aprendizado, de maneira livre e não imposta. Para Piaget (2001), não é o educador que educa, mas sim o ambiente, por isso é necessário que o ambiente seja acolhedor, propício e favorável ao aprendizado e desenvolvimento da criança. Ele acredita que as pessoas desenvolvem esquemas, estruturas mentais que permitem sua adaptação e organização no ambiente, e que permitem o surgimento dos comportamentos. Figura 4: Tapete montessoriano Fonte: Sobre base: http://www.lude.lv/?section=gallery. Acesso em: 21 de maio de 2016. 8 Também como Piaget acredita, o fundamento do método pedagógico montessoriano é a liberdade, permitindo que cada criança determine suas próprias responsabilidades, não tornando isso como uma obrigação, portanto a relação da criança com o espaço o faz aprender exercendo o que lhe interessa no momento. Como mostra a imagem (Figura 4), a criança na escola montessori tem seu espaço delimitado em um tapete, criado através de técnicas empregadas pelo método, ali ela é quem diz qual atividade vai exercitar, praticando assim sua individualidade Através de pesquisas, Alvares e Kowaltowski (2013), levantaram uma tabela, com objetivo de organizar informações sobre o ambiente de aprendizagem montessoriano, para o presente trabalho foi realizada uma releitura para melhor visualização e compreensão do espaço. Figura 5: Objetivos do método Montessori Fonte: Da autora (2016) Após os levantamentos alcançados, observa-se que a forma de uma escola montessoriana precisa sair do modelo padrão, é preciso implementar ambientes lúdicos que estimule o aprendizado, contudo os espaços precisam ser do mesmo modo organizados, para que cada criança possa exercer sua própria função. 9 Figura 6: Fatos sobre a sala de aula Montessori Fonte: Da autora (2016) Como percebemos em termos arquitetônicos a sala de aula é muito diferente de uma escola tradicional para uma escola com ensino montessoriano. No método Montessori tudo é pensado para o bem-estar do indivíduo, as salas não são padronizadas, há total interação da criança com o ambiente. O professor vira coadjuvante, uma vez que não é ele quem decide o que vai ser estudado,sua posição também é outra, não há um lugar fixo a frente aos alunos, ele transita pela sala com função orientar cada um, pois não existe superioridade, ele trata e é tratado de igual para igual. Assim entendemos que a concepção arquitetônica de uma escola Montessori é muito mais abrangente do que um espaço de aprendizado para formação acadêmica, Montessori forma cidadãos para vida. Não é preciso empregar somente diretrizes projetuais de espaços escolares, o ambiente de educação montessoriano é mais parecido com um lar, que é onde formamos nossa identidade. 10 11 2 A AREA DE IMPLANTAÇÃO O terreno escolhido para o desenvolvimento do projeto se localiza na cidade de Presidente Prudente, no estado de São Paulo, Brasil e está inserido na zona leste da cidade, no bairro Jardim Marisa. Figura 7: Localização do terreno Fonte: Google Maps, sem escala 2015 Modificado pela autora, 2016. A escolha do terreno foi feita através de análise do mapa de exclusão social (Figura 8) elaborado pela Centro de Estudos e de Mapeamento da Exclusão Social para Políticas Públicas (CEMESPP), no qual avaliou-se as áreas carentes da cidade e foi averiguado bairros onde pudesse ser feita a implantação de uma Creche Escola, constatando que no Jardim Marisa não havia nenhuma creche ainda implantada. Figura 8: Mapa de exclusão/inclusão social Fonte: CEMESPP (FCT/UNESP) /IBGE, sem Escala, 2010. 12 Analisando o mapa de exclusão social, foi percebido que a maior parte da zona leste é segregada, o que acontece desde o princípio de Presidente Prudente. Presidente Prudente - SP se desenvolveu a partir da introdução da linha férrea. Segundo Abreu (1972) a estrada de ferro foi um fator marcante do progresso da região. No caso particular de Presidente Prudente - SP o aparecimento e desenvolvimento da cidade ligaram-se estreitamente à Estrada de Ferro Sorocabana. A segregação “abaixo da linha” começou pela diferença topográfica da cidade, a zona oeste apresenta um relevo mais regular beneficiando o desenvolvimento da cidade nesse sentido, ao contrário da zona leste que tem a topografia mais acidentada, desvalorizando toda a região. Isso trouxe uma falha de conexão entre as duas partes da cidade, que acontece até os dias de hoje. Figura 9: Levantamento de evolução urbana Fonte: Google Maps, sem escala 2015 Modificado pela autora, 2016. Como mostra a figura ( Figura 9) foi feita a evolução urbana da área escolhida no bairro Jardim Marisa, e é percebido que não houve muita mudança com o passar dos anos, o primeiro levantamento feito em fevereiro de 2003 pelo software Google Earth pode-se notar um pouco menos de arborização, mais terrenos vazios e menos densidades de casas. Apesar de não haver muitas transformações para o último levantamento feito em junho de 2015, a cidade de Presidente Prudente – SP teve 13 crescimento, consequente do aumento populacional, isso resulta em mudanças, mesmo sendo pequena. Após ser feito um comparativo, foi considerado que a área do terreno se enquadra na lei de zoneamento de Presidente Prudente - SP e todo o mapa de uso e ocupação de solo e gabarito de altura está dentro dos preceitos exigidos na ZR4, onde se localiza zona residencial de média densidade populacional de interesse social, podendo haver ocupação unifamiliares ou multifamiliares horizontais e verticais de até 02 pavimentos. Pode-se construir comércios, serviços gerais, serviços específicos e industrias não poluentes . Figura 10: Mapa de zoneamento e uso e ocupação do solo Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente, sem escala, 2008 Modificado pela autora, 2016 A volumetria (Figura 11) do bairro não ultrapassa a lei de zoneamento, a maioria das edificações contém somente um pavimento, existindo apenas quatro lotes com dois pavimentos, sendo eles dois residenciais e dois mistos (residência e comércio). Também há poucos lotes vazios e quase não há áreas destinadas ao uso coletivo. 14 Figura 11: Estudo dos volumes Fonte: Da autora , sem escala, 2016 Como observado no levantamento (Figura 12) existem poucos equipamentos urbanos, ao lado da área de intervenção: há duas praças, ambas com pouca arborização e uma academia da terceira idade. Nos bairros adjacentes que se encontra escolas, igrejas e maiores pontos de referência para o local. Figura 12: Levantamento de equipamentos urbanos Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente, sem escala, 2008 Modificado pela autora, 2016 Há pouco mobiliário urbano localizado próximo ao terreno, não há faixa de pedestre, nem muita sinalização. Os bueiros ficam na parte mais baixa do local ajudando o escoamento das águas e os postes estão bem localizados. 15 Figura 13: Levantamento de mobiliário urbano Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente, sem escala, 2008 Modificado pela autora, 2016 A imagem mostra (Figura 13) a hierarquia viária, onde se destaca as vias coletoras (amarelo) e locais (roxo). A via coletora, avenida Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, dá acesso a vias arteriais que não se enquadra no mapa, sendo elas as rodovias Assis Chateaubriand e Ângelo Rena. O terreno está localizado na via local de transito lento, Fernando Luís Biondo no bairro Vila Marisa. A implantação da Creche-Escola não vai proporcionar problemas no transito, pois, as vias analisadas não tem trafego intenso, porém será implantado estacionamento e uma entrada para embarque e desembarque, assim não haverá necessidade de parar no meio da via. Figura 14: Mapa de hierarquia viária Fonte: Google Maps, sem escala 2015 Modificado pela autora, 2016. 16 Observando o levantamento (Figura 15), foi analisado as vias de acesso, saindo do Bairro Sumaré, as ruas que chegam ao local são as Jordão Piola e Dr Gail Dias, partindo dos bairros adjacentes, a principal via à área de intervenção é avenida Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira e a rua Abílio Nascimento. Figura 15: Levantamento de vias de acesso Fonte: Google Maps, sem escala 2015 Modificado pela autora, 2016. Segundo o mapa (Figura 16) de qualidade ambiental urbana de Presidente Prudente feito em 2007, o bairro Jardim Marisa possuía uma quantidade baixa de arborização. Após fazer levantamento, nota-se que o entorno da área analisada tem vegetação existente razoável. Assim proporciona a área de intervenção um sombreamento e barra a radiação solar, amenizando a temperatura do ambiente, e contribuindo para uma boa qualidade do ar no local. . Figura 16: Mapa de arborização Fonte: CAMARGO , 2007, p.43, sem escala, modificado pela autora 2016 17 Ao fundo da área de intervenção, destaca-se o Córrego do Gramado (Figura 17), fluente do Ribeirão Mandaguari, o qual deságua no Rio do Peixe. O Córrego do Gramado se encontra ao lado do terreno e é protegido por uma APP – Área de preservação permanente, conforme o Código Florestal Lei 12651/2012, Art. 3º, Parágrafo II, entende que: Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas; A área de preservação permanente não irá influenciar na execução do projeto, pois será tomado a medida de preservação de não construir no espaço de 5 metros da APP que tem o cursor de água de até 10 metros de largura. Figura 17: Mapa de declividades Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente, sem escala, 2008 Modificadopela autora, 2016 A região por se encontrar nas proximidades do córrego Gramado, localizado na porção leste da cidade, possui uma topografia com declividade maior em direção a ele. 18 Figura 18: Topografia do terreno e entorno Fonte: Da autora, sem escala, 2016 O terreno (Figura 18) indica tem um desnível de 7,00 metros, sendo a cota mais baixa de 415m e a mais elevada 421m. Esse desnível será aproveitado para benefício do projeto, não necessitando fazer nenhum movimento de terra. Figura 19: Levantamento fotográfico da área Fonte: Google Maps, sem escala 2015 Modificado pela autora, 2016. A respeito das condições físicas do terreno (Figura 20), pode -se concluir que ele contém uma área de 2.978,00 m² e exibe o formato parecido a um trapézio. A área institucional é destinada pela prefeitura de Presidente Prudente, para obras de fins educacionais. 19 Figura 20: Levantamento métrico Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente, sem escala, 2008 Modificado pela autora, 2016 A partir do estudo insolação (Figura 21) da área de intervenção, percebe-se que o sol incide no lado norte, leste e sul. Pela da manhã no Leste, o dia todo no Norte e no final da tarde no Sul. Como mostra o levantamento o vento que predomina na cidade de Presidente Prudente, acompanha a direção Sudoeste/Nordeste. Figura 21: Estudo de insolação e ventilação Fonte: Da autora , sem escala, 2016 Após os estudos realizados durante o trabalho, percebe-se que não há quase nada que interferirá no acesso 20 do sol e vento para a área de intervenção, pois não se encontra no entorno barreiras físicas, já que o volume do bairro respeita o gabarito de altura do zoneamento de Presidente Prudente – SP, nem mesmo naturais, uma vez que a quantidade de vegetação existente não compromete o projeto. 21 22 3 PROJETO 3.1 Referências 3.1.1 Delft Montessori School Figura 22: Escola Montessori de Delft Fonte: Sobre base: http://hertzbergertca.blogspot.com.br/2009/10/montessori-school-delf.html. Acesso em: 30 de maio de 2016. Função: Escola Infantil Montessori Arquitetura: Herman Hertzberger Local: Delft, Holanda Tamanho: 675 m² Ano: 1960-1966 A escola de Delft, foi a primeira projetada por Herman Hertzberger em 1960 e teve sua conclusão em 1966. Em sua configuração a espacialidade do local permite que atividades distintas sejam efetuadas em um único lugar, sem interferir uma na outra. Figura 23: Setorização da escola de Delft Fonte: Sobre base: http://www.gov.scot/Publications/2007/12/14115428/5 Acesso em: 30 de maio de 2016. Modificado pela autora, 2016 23 Embora sua dimensão seja reduzida, a escola expõe características importantes do método Montessori, o formato em módulos propõe uma setorização diferente, porem funcional. Figura 24: Hall e espaço de recreação Fonte: Sobre base: http://hertzbergertca.blogspot.com.br/2009/10/montessori-school-delf.html. Acesso em: 30 de maio de 2016. A obra tem uma conexão entre os espaços, a sala de aula se conecta ao hall (Figura 24), onde também é um grande espaço de convivência. Segundo Hertzberger (1991, p. 62) “ a relação espacial entre as salas de aula e o hall, assim como a forma do hall, foram concebidas como a “sala de estar comunitária” da escola”. Figura 25: Figura 25: Setorização da sala de aula da escola de Delft Fonte: Sobre base: http://www.architectureweek.com/2011/0518/culture_2- 2.html Acesso em: 30 de maio de 2016. Modificado pela autora, 2016 24 As salas de aula desta escola são concebidas como unidades autônomas, pequenos lares, por assim dizer, já que todas estão situadas ao longo do hall da escola, como uma rua comunitária. (HERTZBERGER, 1991, p. 28). Com um formato em L a sala de aula da escola Montessori tem uma configuração flexível, nela há várias possibilidades para os exercícios pedagógicos. Cada sala tem seu próprio guarda volumes, sem precisar da existência de uma sala para toda escola, assim os objetos têm menos chances de se perderem, também há uma cozinha, onde as crianças aprendem sobre a vida cotidiana, o mobiliário também é pensado nas crianças, tendo sua escala reduzida. Figura 26: Elevação da sala de aula da escola de Delft Fonte: Sobre base: http://hertzbergertca.blogspot.com.br/2009/10/montessori-school-delf.html. Acesso em: 30 de maio de 2016. Na sala há uma altercação de nível do piso, para que as crianças possam realizar diferentes atividades, sem atrapalhar a outra, o que também ajuda ao professor ter uma maior visão do que acontece em sala. No projeto também houve uma grande preocupação com a área externa e entrada do edifício. Por se passar de uma escola, pais e alunos sempre precisam de um lugar para esperar, então foi elaborado um local que não destoasse da forma da obra, assim foi suavizado a entrada do mundo externo para o ambiente escolar. Figura 27: Lado externo da escola de Delft Fonte: Sobre base: http://hertzbergertca.blogspot.com.br/2009/10/montessori-school-delf.html. Acesso em: 30 de maio de 2016. 25 Segundo as análises feita sobre a escola Montessori de Delft, destaca-se a integração dos ambientes, a setorização e concepção da sala de aula que será usado como referência para a criação do projeto do presente trabalho. 3.1.2 Fuji Kindergarten Figura 28: Jardim da infância - Fuji Kindergarten Fonte: Sobre base: https://www.architonic.com/en/project/tezuka- architects-fuji-kindergarten/5100019 Acesso em: 30 de maio de 2016. Função: Jardim da Infância Montessori Arquitetura: Tezuka Architects Local: Tóquio, Japão Tamanho: 1304 m² Ano do projeto: 2007 O Jardim da Infância montessoriano Fuji Kindergarten, foi pensado para que a criança seja protagonista da sua própria educação, sem regras e padrões retrógados. Sua volumetria é muito simples, porém a definição pedagógica da escola montessoriana, torna o significado do projeto muito maior, pois o espaço é rico em possibilidades e não se limita a um único uso. 26 Figura 29: Planta baixa do jardim da infância - Fuji Kindergarten Fonte: Sobre base http://openbuildings.com/buildings/fuji-kindergarten- profile-2425/media# Acesso em: 30 de maio de 2016. O formato do edifício consiste-se em uma geometria oval, que faz o pátio central descoberto se torne foco, pois as divisões das salas de aula para o ambiente externo são feitas com esquadrias corrediças de vidro e madeira, que podem ser abertas e fechadas a qualquer momento, conectando os espaços e estimulando as atividades em grupos, os alunos podem sair da sala de aula quando quiserem, isso traz independência e responsabilidades para cada um desde pequenos. Figura 30: Pátio do jardim da infância - Fuji Kindergarten Fonte: Sobre base: https://www.architonic.com/en/project/tezuka- architects-fuji-kindergarten/5100019 Acesso em: 30 de maio de 2016. 27 A maior caraterística do projeto é o uso do telhado para atividades de recreação, nele há aberturas onde passam as arvores e os buracos são preenchidos com redes, assim as crianças podem interagir com a obra, para aumentar a ludicidade foi colocado escorregadores para que as crianças pudessem descer diretamente para o pátio central. Figura 31: Telhado do jardim da infância - Fuji Kindergarten Fonte: Sobre base: https://www.architonic.com/en/project/tezuka- architects-fuji-kindergarten/5100019 Acesso em: 30 de maio de 2016. O teto foi projetado a uma altura menor, para que além de área de convívio, também servisse de arquibancada, onde as crianças pudessem assistir as apresentações decima e quem estivesse no pátio também pudesse visualizar os pequenos. A legislação japonesa fala que a grade precisa ter no máximo 10cm de distância uma da outra, para que as crianças não consigam colocar suas cabeças no vão Figura 32: Crianças em cima do telhado do jardim da infância - Fuji Kindergarten Fonte: Sobre base: https://www.architonic.com/en/project/tezuka- architects-fuji-kindergarten/5100019 Acesso em: 30 de maio de 2016. 28 Há também claraboias no teto, assim as crianças visualizam as salas de aulas de cima e brincam de se esconder. No cenário arquitetônico, as claraboias aumentam a iluminação natural do ambiente, assim como as paredes de vidros e os vãos de abertura das árvores, trazem integração do interno com o externo, bem como será buscado no futuro projeto da creche-escola. 3.1.3 Design Kindergarten / CEBRA Figura 33: Escola infantil - Design Kindergarten Fonte: Sobre base http://www.archdaily.com/55609/in-progress-design- kindergarten-cebra Acesso em: 30 de maio de 2016. Função: Escola Infantil Arquitetura: CEBRA Local: Vonsild, Dinamarca Tamanho: 1200 m² Ano do projeto: 2010 Figura 34: Implantação - Design Kindergarten Fonte: Sobre base http://www.archdaily.com/55609/in-progress-design- kindergarten-cebra Acesso em: 30 de maio de 2016. 29 O edifício da escola infantil projetado pelo escritório dinamarquês CEBRA, foi criado com uma forma lúdica, com intuito de estimular a criatividade das crianças, desse modo quebra a forma padrão frequentes nas escolas de educação infantil, que costuma buscar uma formalidade inexistente nas crianças, trazendo uma pré-escola que busque interação da criança com o ambiente. Figura 35: Setorização - Design Kindergarten Fonte: Sobre base http://www.archdaily.com/55609/in-progress-design- kindergarten-cebra Acesso em: 30 de maio de 2016. A disposição da escola é formada por diferentes temas, focando em atividades que funcionam para finalidade de instruir as crianças sobre cores, formas e geometrias, todo momento usando a brincadeira como norte. Observa-se que os edifícios contem cinco blocos, neles existem dois para área de funcionários, e os outros três com espaços para as crianças. Figura 36: Volumetria e Jardim - Design Kindergarten Fonte: Sobre base http://www.archdaily.com/55609/in-progress-design- kindergarten-cebra Acesso em: 30 de maio de 2016. 30 Nas laterais existem jardins para as crianças, possibilitando uma interação com o externo. No jardim, a forma da obra é repetida em 2D como se os volumes se dissolvesse gradualmente no terreno aberto. Figura 37: Estudo de volumetria - Design Kindergarten Fonte: Sobre base http://www.archdaily.com/55609/in-progress-design- kindergarten-cebra Acesso em: 30 de maio de 2016. O projeto procura trabalhar com uma forma mais orgânica, onde a sala de aula não necessita estar padronizada, assim busca uma volumetria alternativa onde não se limita a um quadrado, nem a um telhado tradicional, deste modo através de estudos, foi elaborado uma forma de cantos arredondados com uma cobertura irregular. Figura 38: Interior - Design Kindergarten Fonte: Sobre base http://www.archdaily.com/55609/in-progress-design- kindergarten-cebra Acesso em: 30 de maio de 2016. Para o escritório CEBRA chegar a esse resultado ele buscou ajuda dos pais de alunos na elaboração do projeto, 31 acreditando que o espaço precisar ser desenvolvido juntamente com os usuários. Portanto a forma e toda ludicidade dos ambientes foi tratada para as crianças terem total interação com seu espaço de trabalho, exatamente o que Montessori busca em seu ambiente de ensino. Assim como a forma e o espaço lúdico, será usado a setorização do projeto para referenciar a creche-escola deste trabalho, usando cada bloco para um tipo de atividade, conseguindo assim um fluxo mais eficiente. 3.2 Diretrizes legais das creches no Brasil No início as creches no Brasil eram instituições com caráter social que acolhiam crianças de origem humilde, nas quais suas mães estavam inseridas no mercado de trabalho. Originados no período de desenvolvimento industrial vivido no Brasil, houve uma intensa necessidade da existência de locais onde as crianças, filhos de operarias pudessem permanecer (MACHADO, 2005). Nota-se que antes as creches eram tratadas como instituições de caráter apenas assistencialista, não era voltada para educação, ou desenvolvimento intelectual e afetivo das crianças. Aguiar (2001) cita que “ o ciclo de expansão de creches, ocorre no Brasil, a partir da segunda metade da década de 70, inclusive com uma revisão de seu significado”. Foi através da luta de movimento sociais, principalmente feministas que foi revisado a definição das creches, ampliando sua função para educacional e passando a agregar aprendizado aos pequenos (AGUIAR 2001). Hoje Brasil as creches já são chamadas de centros de educação infantil, visto como devem ter finalidades educacionais. Elas são normalmente direcionadas a crianças de zero a seis anos, podendo funcionar como uma organização privada, quanto municipais ou estaduais, mas em sua maioria são administradas pelo governo municipal, podem até ser associadas a outras instituições educativas ou funcionar em conjunto a empresas ou serviços. Em 2006 foi elaborado pelo MEC o documento “Parâmetros Básicos de Infra-estrutura para Instituições de Educação Infantil”, que traça diretrizes projetuais e que recomenda a elaboração das políticas públicas para a educação (BRASIL, 2006). 32 Esse documento apresenta alguns parâmetros para a apresentação do projeto arquitetônico, a construção da edificação, e as reformas das instituições de Educação Infantil. Do mesmo modo, direciona o papel dos arquiteto e engenheiros na concepção do projeto, que tem como função: Atuar a partir das orientações definidas pela equipe multidisciplinar. Atuar para que a arquitetura das unidades de Educação Infantil seja fundamentada na diversidade dos contextos físico-geográficos, socioeconômicos e culturais da comunidade local. Realizar estudos, pesquisas e projetos de ambientes educacionais envolvendo a localização, a implantação, a avaliação e a reabilitação de edificações. Considerar e difundir a utilização de recursos materiais e técnicas locais à luz dos conceitos de sustentabilidade, atuando para incrementar a capacidade local no segmento da construção civil. Considerar que o desenvolvimento de unidades de Educação Infantil inclusivas requer um maior conhecimento sobre o processo de projeto, procurando uma integração entre o usuário, o ambiente construído, o ambiente natural e a metodologia educacional. (BRASIL, 2006, p. 13) Assim como a preocupação do documento de traçar as diretrizes projetuais para o profissional que atuara na concepção do ambiente de educação infantil, ele também orienta para o planejamento de um ambiente lúdico, pois identifica a criança como principal usuária do espaço da creche e pré-escola. Reconhece-se a criança como sujeito do processo educacional e como principal usuário do ambiente educacional. Por isso, é necessário identificar parâmetros essenciais de ambientes físicos que ofereçam condições compatíveis com os requisitos definidos pelo PNE, bem como com os conceitos de sustentabilidade, acessibilidade universal e com a proposta pedagógica. Assim, a reflexão sobre as necessidades de desenvolvimento da criança (físico, psicológico, intelectual e social) constitui-se em requisito essencial para a formulação dos espaços/lugares destinados à Educação Infantil. Assim, o projeto, a edificação e as reformas das unidades de Educação Infantil devem buscar: a. a relação harmoniosa com o entorno, garantindo conforto ambiental dos seus usuários (confortotérmico, visual, acústico, olfativo/qualidade do ar) e qualidade sanitária dos ambientes; b. o emprego adequado de técnicas e de materiais de construção, valorizando as reservas regionais com enfoque na sustentabilidade; 33 c. o planejamento do canteiro de obras e a programação de reparos e manutenção do ambiente construído para atenuar os efeitos da poluição (no período de construção ou reformas): redução do impacto ambiental; fluxos de produtos e serviços; consumo de energia; ruído; dejetos, etc. d. a adequação dos ambientes internos e externos (arranjo espacial, volumetria, materiais, cores e texturas) com as práticas pedagógicas, a cultura, o desenvolvimento infantil e a acessibilidade universal, envolvendo o conceito de ambientes inclusivos. (BRASIL, 2006, p. 21) A orientação dos “Parâmetros Básicos de Infra- estrutura para Instituições de Educação Infantil” apronta como foco a interação e a brincadeira, garantindo assim experimentos sensoriais, assegurando a criança o direito de brincar, porém não há qualquer legislação que regulamentasse legalmente esse documento e infelizmente na maioria das escolas infantis isso não é posto em pratica, principalmente nas instituições públicas, onde acontece um descaso, uma vez que se determina uma padronização das creches e pré-escolas, sem a preocupação com a interação da criança com o espaço e com a humanização do ambiente. 3.3 Programa de necessidades O programa de necessidades do projeto é baseado no cotidiano dentro do ambiente escolar, sobre o método montessoriano, junto com os parâmetros de infraestrutura criados pelo governo federal. O programa foi dividido em 4 setores para melhor visualização de cada área, que são: Figura 39: Setores do programa de necessidades Fonte: Da autora, 2016. 34 ATIVIDADES E CIRCULAÇÃO Hall de espera Pátio Horta Playground ADMINISTRATIVO Sala dos professores Diretoria Secretaria Recepção Sala de Reuniões Copa para funcionários Vestiário para funcionários PEDAGÓGICO Berçário Sala de repouso Sala de aula Sala de informática Cozinha experimental Rouparia SERVIÇO E INSTALAÇÕES 35 Sanitários – Feminino e Masculino Depósito de material de limpeza Despensa Almoxarifado Resíduos Cozinha Refeitório Lactário Fraldário Departamento médico 3.5 Partido Arquitetônico Após todo elaborado estudo sobre o método de Maria Montessori, foram delineadas diretrizes que orientarão o projeto da creche e pré-escola que trabalhará com crianças de 0 a 5 anos. Nesse momento elas estão no ápice do “período sensorial”, para isso é necessário empregar ao projeto as mais diversas sensações, como texturas, cores, formas e tamanhos. Como Montessori descreve mais do que uma escola, é importante criar uma casa para as crianças, onde elas possam interagir com o espaço. Um dos fatores de maior influência sobre a criança passa a ser o ambiente que os cerca, para a criança aproveitar o espaço, é necessário trabalhar numa escala reduzida, para que ela possa conquistar a responsabilidade desde pequena. O ambiente deve ser apropriado para proporcionar às crianças experiências que as façam evoluir. O que acontece nestes espaços deve ser entendido pelos pequenos sem que ninguém imponha o conhecimento, mas através da experiência. A criança é estimulada a experimentar, vivenciar e a partir disso construir sua base teórica. 36 O espaço arquitetônico da escola montessoriana deve fugir do padrão, onde a criança está direcionada a seguir regras de convivência, é preciso empregar formas lúdicas para maior aproveitamento do espaço e melhor desenvolvimento pessoal. 3.5.1 Atitudes projetuais Estudo da Forma Foi feito um levantamento do espaço do terreno onde será implantado o projeto, sua forma é semelhante a um trapézio e para melhor aproveitamento da área, seria ideal trabalhar com formas orgânicas, porém para trazer a ludicidade infantil, foi preferido por trabalhar com a geometria, para isso era necessário que a geometria dialogasse com as configurações da natureza. De acordo com Montaner () é necessário analisar as formas orgânicas como objetos singulares, pois na natureza também há geometria, podemos considerar que os seres vivos e plantas na natureza é formado a partir de formas, como: a esfera, o hexágono, o espiral, a onda, assim como outras. Após analises chegamos ao resultado da colmeia, moradia das abelhas, formada por vários hexágonos. Que também tem o símbolo de trabalho cooperativo, que remete imediatamente ao método Montessori, Figura 40: Estudo de forma Fonte: http://www.doceshop.com.br/blog/wp- content/uploads/2014/11/Acesso em: 01 de junho de 2016 Modificado pela autora 2016 37 Implantação preliminar Ao chegar ao módulo hexagonal, foram feitos alguns estudos para a implantação da forma no terreno escolhido, com o conceito de colmeia, os hexágonos vão se distribuindo organicamente a configuração do terreno. Figura 41: Croqui de implantação Fonte: Da autora, sem escala, 2016 Para entender melhor a disposição do projeto, foi feito uma setorização preliminar, criou-se um recuo para embarque e desembarque das crianças. Na entrada do edifício fica o setor administrativo que dá acesso aos demais setores. Procurou-se deixar os blocos de diferentes atividades integrados, para que não houvesse um percurso muito grande entre eles. O auditório e o playground estão deslocados do restante do projeto, pois é desejado que eles sejam de uso público, já que não haverá barreiras de fechamento no terreno. 38 Sala de aula Na para elaboração da distribuição do hexágono com fim educacional, foi proposto que cada um tivesse duas salas de aula, um banheiro e o hall que serviria também como área de recreação. Figura 42: Croqui da disposição sala montessori Fonte: Da autora, sem escala, 2016 A área da sala de aula foi dividida em diferentes tipos de atividades, que são elas: atividades em grupo, tanto com do lado de exatas como de humanas e cotidiano, reservou espaço para as atividades individuais sobre tapetes montessoriano e um local para uma minibiblioteca, pois cada sala teria uma individual facilitando assim o acesso dos alunos. 39 REFERÊNCIAS ABREU, Santos Diores. Formação de uma cidade pioneira paulista: Presidente Prudente. Faculdade de Filosofia e Letras de Presidente Prudente, 1972. ALVARES, Sandra Leonora; KOWALTOWSKI, Doris Catherine Cornelie Knatz,. PROGRAMANDO A ARQUITETURA ESCOLAR. Brasilia: Capes, 2013. p. 1 - 10. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015. BRASIL. Lei 4771/1965. 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