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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DO TRIBUNAL DO JURI DA COMARCA DE SÃO PAULO- SP
Processo n° __
LUIZ, já qualificado nos autos do processo criminal em epígrafe que lhe move o Ministério Público, por meio de seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 581, IV, do Código de Processo Penal, interpor o presente
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
em face da respeitável decisão de pronúncia de fls..., pelo qual requer, inicialmente, seja realizado o juízo de retratação, nos moldes do art. 589 do Código de Processo Penal.
Caso não seja o entendimento de Vossa Excelência pela retratação, requer, seja recebido e processado o presente recurso, encaminhando as inclusas razões ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Termos em que
Pede deferimento.
São Paulo, 25 de abril de 2019
Advogado
OAB n°
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Processo n°________
Recorrente: Luiz
Recorrido: Ministério Público
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,
Colenda Câmara,
Douta Procuradoria de Justiça,
Não obstante a respeitável decisão do Excelentíssimo juiz de direito a quo, não deve prosperar a pronúncia do recorrente, pelos razões a seguir expostas.
DOS FATOS
O recorrente foi denunciado pela suposta prática do delito previsto no artigo 126, caput, c/c. o Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal. 
De acordo com exordial acusatória, no dia 03/01/2019, na Comarca de São Paulo, Luiz, supostamente, adquiriu remédio abortivo cuja venda era proibida sem prescrição médica e o entrega para a namorada Betina, que, de imediato, passa a fazer uso dele, fazendo que ela expelisse algo não identificado pela vagina, que ela acredita ser o feto. No hospital, foi informado pelos médicos que, na verdade, Betina possuía um cisto, mas nunca estivera grávida, e o que fora expelido não era um feto. Após investigação, o requerente foi denunciado perante o juízo do Tribunal do Júri da Comarca de São Paulo, não sendo oferecido qualquer instituto despenalizador, apesar do reclamo defensivo. 
A denúncia foi recebida em 22/01/2019.
As partes apresentaram alegações finais orais, o juiz determinou a conclusão do feito para decisão. Antes de ser proferida decisão, mas após manifestação das partes em alegações finais, foram juntados aos autos o boletim de atendimento médico de Betina, no qual consta a informação de que ela não estivera grávida no momento dos fatos, a Folha de Antecedentes Criminais de Luiz sem outras anotações e um exame de corpo de delito, que indicava que o remédio utilizado não causara lesões em Betina. Com a juntada da documentação, de imediato, sem a adoção de qualquer medida, o magistrado proferiu decisão de pronúncia nos termos da denúncia.
É o relatório.
PRELIMINARMENTE
I. NULIDADE DA DECISÃO DE PRONÚNCIA EM RAZÃO DO NÃO OFERECIMENTO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
O requerente possui todos os requisitos previstos no art. 89 da Lei 9099/95, ou seja, é primário e não responde a qualquer outra ação penal, entretanto, não foi oferecida a proposta de suspensão condicional do processo.
Deve ser reconhecida a nulidade, anulando-se toda a instrução criminal, pois, o crime imputado ao recorrente possui pena prevista de 01 a 04 anos, assim, possuindo todos os requisitos legais, obrigatório a proposta de suspensão condicional do processo. 
Conforme disposto no art. 89 da Lei nº 9.099/95, independente do fato criminoso ser de menor potencial ofensivo ou não, mesmo sendo crime doloso contra a vida, se a pena mínima prevista para o crime for de até 01 ano, e sendo preenchidos os demais requisitos legais, admissível a proposta de suspensão condicional do processo, além de ser um direito público subjetivo do réu.
No caso concreto, não existe motivação idônea para que não fosse oferecida ao recorrente a proposta de suspensão do processos. 
A não observância do disposto no artigo 89 da Lei 9.099195, nos casos em que couber, representa ofensa à ampla defesa e ao devido processo penal, configurando-se, portanto, nulidade absoluta.
Assim, requer a anulação da decisão de pronúncia em razão do não oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo, sendo encaminhado os autos ao Ministério Público para que ofereça o benefício a ao recorrido, conforme disposto no art. 89 da Lei 9.099 e no art.564, IV, do Código de Processo Penal.
II. NULIDADE EM RAZÃO DO CERCEAMENTO DE DEFESA
Em se tratando de produção de provas, a regra para o Tribunal do Júri é que se permite a utilização de provas novas ou leitura de documentos apenas quando juntada aos autos, com antecedência mínima de (3) três dias, dando-se ciência às partes, conforme disposto no artigo 479 do Código de Processo Penal.
No caso em análise, houve clara violação ao princípio constitucional do contraditório, assim como, violação ao procedimento do Júri.
Após as alegações finais das partes, foram juntados aos autos documentos novos, importantes para o julgamento da processo, entretanto, sem dar vistas às partes, o magistrado proferiu decisão de pronúncia levando em consideração a documentação apresentada durante o julgamento. 
Assim, o recorrente foi pego de surpresa e não pode analisar os documentos e preparar sua defesa, houve clara violação ao princípio da ampla defesa e do contraditório, já que a defesa não teve acesso a provas que foram juntadas ao procedimento.
Portanto, qualquer documento ou objeto deve ser juntado aos autos com antecedência mínima de 3 (três) dias antes do julgamento, contudo, também deve se dar vistas à parte, para assim, ter a possibilidade de analisar e de se manifestar sobre as novas provas juntadas até o julgamento. Esse é o mesmo entendimento disposto na doutrina de Renato Brasileiro:
“2. Contagem do prazo de 3 (três) dias úteis: esse prazo de 3 (três) dias úteis deve ser computado a partir da data do julgamento, voltando-se no tempo e valendo-se do critério do art. 798 do CPP. [...]. O art. 479 do CPP também deixa evidente a necessidade de se dar ciência à parte contrária. Destarte, a simples juntada aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis não atende ao preceito legal, acarretando indevido cerceamento à acusação ou à defesa. A nosso ver, esse prazo de 3 (três) dias úteis diz respeito exclusivamente à juntada do documento, daí por que a comunicação à parte contrária pode ser feita a menos de 3 (três) dias do julgamento. (DE LIMA, Renato Brasileiro. Código de Processo Penal Comentado. 2. ed, JusPodivm, Salvador, 2017, p.1.230).”
Destaca-se que referente à contagem do prazo, a jurisprudência do STJ firmou posição que:
[...] 3. O prazo estabelecido no art. 479 do Código de Processo Penal ("Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte.") difere bastante dos demais prazos processuais, a começar pelo fato de a contagem ser feita para trás. Além disso, ainda há a peculiaridade de ser contado apenas em "dias úteis". Outrossim, a parte contrária deve ser imediatamente intimada, de modo a garantir-se-lhe a paridade de armas para o exercício do contraditório. E o mais importante: a regra geral do § 1.º do art. 798 ("Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.") é mitigada, na medida em que o prazo para juntada de documento ou objeto a ser utilizado em julgamento no Plenário do Júri estabelece "antecedência mínima" a ser observada. Concluiu-se, pois, que o prazo em tela estabelece um interstício mínimo entre a juntada de documento ou objeto e a respectiva sessão de julgamento perante o Tribunal do Júri. Assim, se o julgamento está aprazado para segunda-feira (como no caso), o material deve ser juntado pela parte até a terça-feira da semana anterior, termo final do prazo, de modo a respeitar o interstício mínimo de três dias úteis entre esse ato e o julgamento. Ausência de contrariedade do art. 479 do Código de Processo Penal. (REsp n. 1.307.166/SP,Rel. Ministra Laurita Vaz, 5ª T., DJe 6/9/2013).
Conforme o exposto, requer o reconhecimento da nulidade da decisão de pronúncia, em razão do cerceamento de defesa, por não ter sido juntado as novas provas nos autos com antecedência mínima de 3 dias e por não ter dado vistas às partes para analise e manifestação sobre essas novas provas, conforme o exposto no art. 479 e no art. 564, IV, ambos do Código de Processo Penal.
MÉRITO
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA EM RAZÃO DA ATIPICIDADE DA CONDUTA
O recorrente deve ser sumariamente absolvido em razão do fato não constituir crime.
O recorrente acreditava que entregará o remédio abortivo a uma gestante, entretanto, a sua parceira não estava grávida, ou seja, não havia feto em risco e bem jurídico a ser protegido. Assim, ao entregar o remédio abortivo para Betina que não estava grávida e não sofrendo nenhuma lesão ao usar o medicamento, a conduta do recorrente é atípica, devendo o mesmo ser absolvido imediatamente.
Além disso, conforme disposto no art. 17 do Código Penal “não se pune a tentativa quando por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto é impossível consumar o crime”, ou seja, a intenção era causar um aborto, porém, não havia um feto, assim, não houve o aborto.  
Assim, o fato constitui crime impossível em razão da absoluta impropriedade do objeto (aborto sem estar grávida) pois não existia o objeto a qual recai a proteção jurídica do art. 126, sendo impossível sua consumação.
Desta forma, o recorrente nunca poderia ter consumado o crime, pois, o objeto do delito (feto) não existia na data dos fatos.
O renomado autor Fernando Capez, conceitua crime impossível:
"é aquele que, pela ineficácia total do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do objeto material é impossível de se consumar ". (CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. Volume 1: parte geral - 11 Edição revisada e atualizada - São Paulo: Saraiva, 2007, p. 256).
É certo que, se o fato não é típico, não há que se falar nem em crime (art. 1º do Código Penal: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”).
Pelo exposto, requer a absolvição do recorrente em razão da atipicidade da conduta com fulcro nos art. 17 do Código Penal e o art. 415, III, do Código de Processo Penal.
PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso em sentido estrito, para que preliminarmente haja o reconhecimento da nulidade da decisão de pronúncia em razão do não oferecimento da proposta de suspensão condicional do processo, conforme o art. 89 da Lei 9.099 e no art.564, IV, do Código de Processo Penal ou o reconhecimento da nulidade da decisão de pronúncia em razão do cerceamento de defesa, conforme o art. 479 e no art. 564, IV, ambos do Código de Processo Penal.
Subsidiariamente, requer a absolvição sumária do recorrente em razão da atipicidade da conduta e do crime impossível, conforme disposto no art. 17 do Código Penal e o art. art. 415, III, do Código de Processo Penal.
Termos em que,
 Pede deferimento.
São Paulo, 25 de abril de 2019
Advogado
OAB n°

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