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Psicologia Jurídica A Entrevista A entrevista foi realizada com a psicóloga Ana Kelly Adriano Viana com o CRP nº 17/4911, no dia 01 de dezembro de 2020, em um ambiente online. A Psicóloga é formada pela UECE – Universidade Estadual do Ceará, tendo concluído a sua formação no ano de 2017. Cursou mestrado em Psicologia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN e atualmente está cursando doutorado na mesma Universidade. Ana Kelly atua no Juizado de Violência Doméstica de Natal-RN, e com grupos reflexivos. Ela conta que surgiu o interesse por este campo de trabalho quando ainda na universidade, no ano de 2015 surgiram denúncias de assédios e até estupros por professores na UECE, então decidiu fazer parte de um projeto da faculdade que se tratava de um núcleo de atendimento humanizado a vítimas de violência domésticas e ao concluir sua graduação surgiu uma seleção no Tribunal de Justiça para estagiários de pós-graduação e assim, ela e ingressou nessa área, já no ano de 2018. Suas principais atividades são com trabalhos periciais, produzindo relatórios psicológicos para subsidiar as decisões dos juristas. Esses documentos consistem em: Processos de investigação das medidas protetivas que faz parte dos inquéritos criminais, relatórios para auxiliar suporte a investigação de questões envolvendo conflitos familiares, medidas protetivas para as vítimas de violência doméstica que também se estendem para as crianças, suspensões de visitas aos filhos quando há suspeitas de abusos sexuais, acolhimento para essas vítimas nas audiências, participação em grupos reflexivos de homens que consistem em auxiliá-los para a ressocialização e acompanhamento em escolas para esclarecimento sobre a Lei Maria da Penha. A Psicóloga fala que a demanda de violência doméstica teve um aumento significativo no estado do RN, principalmente com a chegada da Pandemia do COVID- 19 e com isso as condições de trabalho ficaram ainda mais difíceis, por existir uma deficiência em numero de profissionais atuando nessa área, e um dos motivos dessa insuficiência é a baixa remuneração e a falta de concursos públicos, o serviço público ainda colocam estagiários para exercer o papel de psicólogo e quando o assunto é remuneração os valores são ainda mais baixos. Ela comenta que existem muitas dificuldades de trabalho em campo, pois a maioria das ocorrências acontecem em comunidades de difícil acesso, em alguns casos tem até que pedir permissão ao conselho comunitário do bairro para poder ter acesso ao local das ocorrências, são lugares dominados pelo crime organizado. Em outras ocasiões os relatórios são contestados ou que os agressores convencem as vítimas a retirarem as queixas, colocando assim em risco até a vida de filhos, e consequentemente a sempre acaba sendo prejudicada, mas a tentativa de proteção é continuada mesmo que forçada. A Ana Kelly relata ainda que mesmo estando em ambiente de juízes e promotores presencia uma sensibilidade por parte desses profissionais para com essas vítimas de violência de todas as formas. Quando aos instrumentos de trabalho, a profissional comenta que existe uma deficiência em relação a espaços para depoimentos desses vulneráveis e ambientes lúdicos para atendimento indicado a crianças. A falta de investimento em tecnologia para um correto suporte de trabalho em campo são os maiores desafios nessa área da Psicologia Jurídica, oura grande dificuldade é conseguir lidar com a falta de interação entre as instituições sociais que poderiam auxiliar muito mais as comunidades carentes, principalmente no esclarecimento de seus direitos como: Liberdade de viver dignamente, sem violência físicas e psicológica.
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