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Filósofos-e-educação

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA 
FILÓSOFOS E EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPÍRITO SANTO 
 
 
OS PRÉ-SOCRÁTICOS 
 
 
http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/26/artigo190183-1.asp 
 
Os pré-socráticos são filósofos que viveram na Grécia Antiga e nas suas 
colônias. Assim são chamados, pois são os que vieram antes de Sócrates, 
considerado um divisor de águas na filosofia. Muito pouco de suas obras está 
disponível, restando apenas fragmentos. O primeiro filósofo em que temos uma obra 
sistemática e com livros completos é Platão, depois Aristóteles. Estes são chamados 
de filósofos da natureza, pois investigaram questões pertinentes a esta, como de 
que é feito o mundo. Romperam com a visão mítica e religiosa da natureza que 
prevalecia na época, adotando uma forma científica de pensar. 
Alguns se propuseram a explicar as transformações da natureza. Tinham 
preocupação cosmológica. A maior parte do que sabemos desses filósofos é 
encontrada na doxografia de Aristóteles, Platão, Simplício e na obra de Diógenes 
Laércio (século III d. C), Vida e obra dos filósofos ilustres. 
A partir do século VII A.C., há uma revolução monetária da Grécia, e advêm a 
ela inovações científicas. Isso colaborou com uma nova forma de pensar, mais 
racional. Os pré-socráticos inspiraram a interpretação de filósofos contemporâneos 
como Nietzsche, que nos iluminou com a sua obra A filosofia na época trágica dos 
Gregos e Hegel, que aplicou seu sistema na história da filosofia. 
 
 
ALGUMAS OBSERVAÇÕES ACERCA DE 
ALGUNS PRÉ-SOCRÁTICOS: 
 
 O primeiro Filósogo grego conhecido foi Tales de Mileto que viveu por volta 
do ano 600 a.C. Tales na companhia de Anaximandro e Anaxímenes defendia 
que a água, o indefinido, e o ar eram o princípio ou origem de todas as 
coisas. Preocupavam-se em encontrar a unidade por detrás da multiplicidade 
dos bjectos do universo, e o princípio de explicação da natureza a partir da 
própria natureza. 
 
https://ceacs.wordpress.com/2015/02/10/filosofia-tales-de-mileto/ 
 
 Heraclito acreditava na filosofia do devir, falava de um devir não puramente 
linear que seria a negação absoluta do ser, mas sim do devir que se 
desenrolava no interior de um círculo. Considerava haver um ciclo do devir 
que em tudo representava harmonia, com efeito na circunferência, o 
começo e o fim coincidem. Defendia que de um lado existia o Logos, que 
governava todas as coisas e, do outro, o devir que se desenrolava no interior 
de um círculo apertado por laços poderosos. Acreditava que era no interior de 
 
 
cada um de nós que se operavam as mudanças, dizia que a vida e a morte, a 
juventude, a velhice e o sono eram a mesma coisa, porque estes 
transformam-se naquelas e inversamente aquelas transformam-se nestes. 
Era um defensor da mudança dizia que não se podia penetrar duas vezes no 
mesmo rio. 
 
O fogo de Heraclito: 
Para Heraclito, o mundo era o mesmo para todos os seres, nenhum deus, 
nenhum homem o criou; mas foi, é, e será sempre um fogo eternamente vivo, 
que com medida se acende e com medida se apaga. 
 
 
http://funcionalanalise.blogspot.com.br/2010/11/heraclito-e-analise-do-comportamento.html 
 
 Parménides foi o fundador da escola eleática. Defendia a imutabilidade e 
unicidade do ser, afirmando que a multiplicidade e a mudança eram apenas 
aparências. Zenão, que foi seu discípulo, viria a defender as teses de 
Parménides sobre a imutabilidade do real. 
 
 
A esfera de Parménides: 
Parménides dizia que o Ser é completo de todos os lados, semelhante a uma 
esfera bem redonda. 
 
http://filosofia.ceseccaieiras.com.br/os-pre-socraticos 
 
 Anaxágoras foi o primeiro filósofo registrado pela história a ter afirmado a 
existência de um princípio inteligente como causa da ordem do mundo. Para 
ele o espírito é que ordenava tudo e daí tudo era causa. 
 
 Empédocles, foi o criador da teoria dos quatro elementos que vigoraria até a 
era moderna: terra, água, ar e fogo, seriam os componentes últimos das 
coisas, ora reunidos sob a atracção do amor, ora separados pela força da 
discórdia (ou do ódio). 
 
 
 
http://123hdwallpapers.com/pt/water-fire-earth-air-elements.html 
 
 
PLATÃO 
 
 
http://www.escritas.org/pt/estante/platao 
 
Platão nasceu em 427 a.C e faleceu na mesma cidade, Atenas, em 347 a.C. 
Filho de uma família da aristocracia ateniense dedicada à política, foi discípulo de 
Crátilo (séc. V a.C.) que por sua vez foi seguidor de Heráclito de Éfeso (séc. VI a.C.) 
e, posteriormente, tornou-se discípulo de Sócrates (470-399 a.C). Fundou sua 
Academia em 387 a.C., nos arredores de Atenas, em cujo pórtico figurava o lema: 
“Não passe destes portões quem não tiver estudado geometria”. A academia de 
Platão durou cerca de um milênio, até o momento em que Justiniano a dissolveu em 
529 d.C. 
O Platonismo é uma corrente filosófica baseada no pensamento de Platão. 
Indica a filosofia de Platão e da sua escola, isto é, os filósofos que se situam entre o 
século IV A.C. e a primeira metade do século I A.C. Cerca de um século depois da 
morte de Platão, em 248 A.C., a Escola enveredou para o ceticismo sob a direção 
de Arciselau (século III A.C.). 
 
 
 
A Academia de Platão 
 
http://filosofiacem01.weebly.com/ 
 
A Academia platônica assemelhava-se a uma congregação religiosa, 
consagrada a Apolo e às musas. Platão afirmava a existência de uma verdade 
suprema: as Ideias das formas ideais, eternas, imutáveis e incorruptíveis, das quais 
se origina o mundo sensível, tal como o percebemos, e que é sujeito ao devir, à 
corrupção e à morte. 
A Academia foi fundada por Platão em 387 A.C. Seu nome é alusivo ao herói 
de guerra Academo, que havia doado aos atenienses um terreno, nos arredores de 
Atenas, onde se construiu um jardim aberto ao público. 
De uma maneira geral, os elementos centrais do pensamento platônico são: 
naturais; 
 
 
tivo político para 
a filosofia; 
 
 
http://marcuspessoa.com.br/50-frases-inteligentes-para-o-facebook/ 
 
Períodos 
O platonismo é geralmente dividido em três períodos: 
 
-II D.C.; 
Neoplatonismo, desenvolvido no final da Antiguidade no período helenístico: mais 
que um período do platonismo, é considerado por muitos como uma verdadeira 
corrente filosófica propriamente dita. 
 
 
 
Esta subdivisão foi operada por estudiosos dos tempos recentes. Todos 
(médio ou neoplatônicos), embora ampliando e modificando o significado originário 
da filosofia de Platão, pretendiam estar em linha de continuidade com a doutrina do 
mestre. Consideravam-se, sobretudo, como simples exegetas, mais do que 
inovadores. 
Assim como todos os pensadores que, ao longo dos séculos, filiaram-se ao 
pensamento platônico (Plotino, Agostinho, Ficino), os neoplatônicos eram 
convencidos de que a verdade fosse algo que se descobria e não se inventava. 
Portanto o modo mais autêntico de fazer filosofia consistiria na reflexão sobre as 
verdades eternas, imutáveis e universais das Ideias - primeiramente descobertas por 
Platão. 
Pode-se dizer, portanto, que o platonismo foi sempre entendido pelos 
platônicos como uma única corrente filosófica, que sempre permaneceu fiel a si 
mesma, ora como forma de interpretação, ora como reelaboração do pensamento de 
Platão. 
 
 
http://pt.slideshare.net/ale2598/felicidade-46950770 
 
 
ARISTÓTELES 
 
http://www.psicologiamsn.com/2015/09/aristoteles-a-influencia-dos-segundos-analiticos-na-fisica.html 
 
Aristóteles nasceu no ano de 385 a.C. em Estagiros, cidadezinha da Trácia 
fundada por colonos gregos no lugar onde hoje se situa Stavro, na costa setentrional 
do mar Egeu. Era ainda muito jovem quando morreu seu pai, Nicômaco, médico 
bastante famoso, neto de Esculápio. Um amigo da família, Próxeno, que morava em 
Estagiros, se encarregou de sua educação.Aos dezessete anos, foi para Atenas prosseguir seus estudos. Em 367, 
quando Platão retorna da Sicília e retoma seu magistério na Academia, Aristóteles 
aparece como um de seus alunos mais assíduos e se distingue por seu ardor e pela 
excepcional inteligência. Depois de alguns anos de estudo, rompe subitamente com 
Platão, mas sem cessar de testemunhar-lhe respeito e continuando a conservar do 
mestre uma grata lembrança. Permanece, no entanto, em Atenas até 347; presume-
se que teria fundado uma escola retórica que lhe valeu grande reputação. 
De 347 a 342, Aristóteles deixa Atenas. Torna-se como que um embaixador 
oficioso junto a Filipe, que acaba de subir ao trono da Macedônia e é quase seu 
amigo. Mais tarde o encontramos junto com outros alunos de Platão, como 
Xenócrates, na Eólida, junto a Hérmias, tirano de Atárnea, que seguiu seus cursos 
 
 
em Atenas e está contente por tê-lo junto a si. Permanece na corte do tirano até a 
morte de Hérmias, que será estrangulado pelos persas. Hérmias deixa uma filha e 
uma sobrinha. Aristóteles casa-se com a sobrinha. Não se sentindo em segurança 
em Atárnea, parte para Mitilene, onde permanece até 342. 
Vai então à Macedônia, onde o chamava Filipe para lhe confiar à educação 
de seu filho Alexandre, de treze anos. O filósofo esforça-se por desenvolver nele as 
qualidades de moderação e de razão que lhe parecem essenciais para a conduta de 
um soberano. Alexandre sente por seu mestre um grande apego, que conservará 
até quando suceder a seu pai. 
Todavia, Alexandre parte em conquista da Ásia em 335, e Aristóteles 
considera que seu papel terminou. Deixa Alexandre e retorna a Atenas. O ensino de 
Platão na Academia tem sequência com Xenócrates. Aristóteles, então, abre uma 
escola perto do templo de Apolo Lício, donde o nome de escola do Liceu que lhe foi 
dado. Aristóteles expõe suas ideias enquanto passeia com seus discípulos, e é por 
isso que são chamados peripatéticos, do grego nFpínaTov, que significa “lugar de 
passeio". O ensino de Aristóteles compreende duas séries de aulas: de manhã, trata 
das questões puramente teóricas, no ensino exotérico reservado aos iniciados. 
À tarde, Aristóteles se dirige a um público mais amplo: as questões tratadas 
são mais acessíveis. A retórica ocupa um lugar importante; é o ensino exotérico. 
Durante doze anos, prossegue suas aulas, não sem publicar numerosas obras que 
abordam todos os domínios do saber humano. Com a morte de Alexandre, em 323, 
os partidários da Macedônia veem-se ameaçados de morte e de perda dos bens 
pelo partido nacional ateniense, dirigido por Demóstenes. Aristóteles, pró-
macedônio, é acusado. Sem aguardar o julgamento que deve condená-lo, deixa 
Atenas e vai para Cálcis, na ilha de Eubéia. 
Morre ali um ano depois, em 322, aos 63 anos. Deixa dois filhos, uma menina, 
Pítia, com o nome de sua mulher, e um menino, Nicômaco, com o nome de seu pai. 
 
 
 
 
ABSTRAÇÃO 
Na filosofia, abstração é um processo (ou, para alguns, um alegado processo) 
na formação de conceitos reconhecendo um grupo de características comuns nos 
indivíduos, e tendo isso como base, forma-se um conceito desta característica. A 
noção de abstração é importante para o entendimento de algumas controvérsias 
filosóficas em relação ao empirismo e ao problema dos universais. Também se 
tornou recentemente popular na lógica formal como abstração predicada. Outra 
ferramenta filosófica para a discussão sobre abstração é espaço do pensamento. 
A Lógica de Port-Royal, resumiu a estreita relação do processo de abstração 
com a natureza do homem, dizendo: ― a limitação da nossa mente leva-nos a só 
compreender as coisas compostas quando as consideramos em suas partes e 
contemplamos as faces diversas com que elas se nos apresentam, isto é, o que se 
costuma chamar conhecer por abstração. 
 
http://imediata.org/?p=3580 
 
A abstração é a operação mediante a qual alguma coisa é escolhida como 
objeto de percepção, atenção, observação, consideração, pesquisa, estudo, etc. e 
isolada de outras coisas. Ela é inerente a qualquer procedimento cognitivo. Segundo 
Aristóteles, o processo todo do conhecimento pode ser descrito com ela; sendo que 
 
 
Tomás de Aquino reduz todo o conhecimento intelectual à operação de abstrações. 
O homem cria por abstração. 
É o ato de separar mentalmente um ou mais elementos de uma totalidade 
complexa (coisa, representação, fato), os quais só mentalmente podem subsistir fora 
dessa totalidade. (cf.: Aurélio). 
 
http://www.dicio.com.br/abstracao/ 
 
SILOGISMO 
Um silogismo (do grego antigo, "conexão de ideias", "raciocínio"; composto 
pelos termos σύν "com" e λογισμός "cálculo") é um termo filosófico com o qual 
Aristóteles designou a argumentação lógica perfeita, constituída de três proposições 
declarativas que se conectam de tal modo que a partir das primeiras duas, 
chamadas premissas, é possível deduzir uma conclusão. A teoria do silogismo foi 
exposta por Aristóteles em Analíticos anteriores. 
Num silogismo, as premissas são um ou dois juízos que precedem a 
conclusão e dos quais ela decorre como consequente necessário dos antecedentes, 
dos quais se infere a consequência. Nas premissas, o termo maior (predicado da 
conclusão) e o termo menor (sujeito da conclusão) são comparados com o termo 
 
 
médio, e assim temos a premissa maior e a premissa menor segundo a extensão 
dos seus termos. 
Um exemplo clássico de silogismo é o seguinte: 
 
http://www.colegioweb.com.br/curiosidades/como-funciona-o-silogismo-aristotelico.html 
 
 
http://blog.coquipr.com/2011/02/silogismo/ 
 
 
SÓCRATES 
 
Sócrates nasceu em Atenas, provavelmente no ano de 470 aC, e tornou-se 
um dos principais pensadores da Grécia Antiga. Podemos afirmar que Sócrates 
fundou o que conhecemos hoje por filosofia ocidental. Foi influenciado pelo 
conhecimento de outro importante filósofo grego: Anaxágoras. Seus primeiros 
estudos e pensamentos discorrem sobre a essência da natureza da alma humana. 
 
http://www.diegomaia.com.br/blog/as-tres-peneiras-de-socrates-e-a-fofoca-no-ambiente-de-trabalho/ 
 
Sócrates era considerado pelos seus contemporâneos um dos homens mais 
sábios e inteligentes. Em seus pensamentos, demonstra uma necessidade grande 
de levar o conhecimento para os cidadãos gregos. Seu método de transmissão de 
conhecimentos e sabedoria era o diálogo. Através da palavra, o filósofo tentava levar 
o conhecimento sobre as coisas do mundo e do ser humano. 
Conhecemos seus pensamentos e ideias através das obras de dois de seus 
discípulos: Platão e Xenofontes. Infelizmente, Sócrates não deixou por escrito seus 
pensamentos. 
 
 
Sócrates não foi muito bem aceito por parte da aristocracia grega, pois 
defendia algumas ideias contrárias ao funcionamento da sociedade grega. Criticou 
muitos aspectos da cultura grega, afirmando que muitas tradições, crenças religiosas 
e costumes não ajudavam no desenvolvimento intelectual dos cidadãos gregos. 
Em função de suas ideias inovadoras para a sociedade, começa a atrair a 
atenção de muitos jovens atenienses. Suas qualidades de orador e sua inteligência, 
também colaboraram para o aumento de sua popularidade. Temendo algum tipo de 
mudança na sociedade, a elite mais conservadora de Atenas começa a encarar 
Sócrates como um inimigo público e um agitador em potencial. Foi preso, acusado 
de pretender subverter a ordem social, corromper a juventude e provocar mudanças 
na religião grega. Em sua cela, foi condenado a suicidar-se tomando um veneno 
chamado cicuta, em 399 AC. 
 
 
http://www.esab.edu.br/frase-para-reflexao-9/ 
 
 
 
 
Algumas frases e pensamentos atribuídos ao filósofo Sócrates: 
- A vida que não passamos em revista não vale a pena viver. 
- A palavra é o fio de ouro do pensamento. 
- Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância. 
- É melhor fazer pouco e bem, do que muito e mal. 
- Alcançar o sucessopelos próprios méritos. Vitoriosos os que assim procedem. 
- A ociosidade é que envelhece, não o trabalho. 
- O início da sabedoria é a admissão da própria ignorância. 
- Chamo de preguiçoso o homem que podia estar melhor empregado. 
- Há sabedoria em não crer saber aquilo que tu não sabes. 
- Não penses mal dos que procedem mal; pense somente que estão equivocados. 
- O amor é filho de dois deuses, a carência e a astúcia. 
- A verdade não está com os homens, mas entre os homens. 
- Quatro características deve ter um juiz: ouvir cortesmente, responder sabiamente, 
ponderar prudentemente e decidir imparcialmente. 
- Quem melhor conhece a verdade é mais capaz de mentir. 
- Sob a direção de um forte general, não haverá jamais soldados fracos. 
- Todo o meu saber consiste em saber que nada sei. 
- Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo de Deus. 
 
 
 
 
A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA 
 
http://aopensar.zip.net/ 
 
A Filosofia contemporânea (ou pós-moderna) é a Filosofia que se encontra no 
período histórico do final do século XIX até os dias de hoje. Caracteriza-se por uma 
visão crítica frente a moral, à religião e a ciência. Assim, os filósofos pós-modernos 
procuram criticar as bases morais da sociedade ocidental, questionar o cristianismo 
e os abusos da Ciência. Há, também, uma crítica especialmente forte quanto à 
Política, que sofreu tantas reviravoltas nesse período no Ocidente. 
 Uma das correntes filosóficas dessa época é o Idealismo. Explicaremos sobre 
essa abaixo: 
 
IDEALISMO 
O Idealismo é uma corrente filosófica que emergiu apenas com o advento da 
modernidade, uma vez que a posição central da subjetividade é fundamental na 
modernidade. Seu oposto é o materialismo. 
Tendo suas origens a partir da revolução filosófica iniciada por Descartes, 
associada a Kant até Hegel, que seria talvez o último grande idealista da 
 
 
modernidade. Muitos, ainda, acreditam que a teoria das ideias de Platão é 
historicamente a primeira dos idealismos, em que a verdadeira realidade está no 
mundo das ideias, das formas inteligíveis, acessíveis apenas à razão. 
 
http://stripgenerator.com/strip/640681/broma-a-la-filosofia-idealista 
 
Definição de idealismo 
É muito difícil resumir o pensamento idealista, uma vez que há divergências 
de perspectivas teóricas entre os filósofos idealistas. De todo modo, podemos 
considerar o primado do Eu subjetivo como central em todo idealismo, o que não 
significa necessariamente reduzir a realidade ao pensamento. Assim, na filosofia 
idealista, o postulado básico é que Eu sou Eu, no sentido de que o Eu é objeto para 
mim (Eu). Ou seja, a velha oposição entre sujeito e objeto se revela no idealismo 
como incidente no interior do próprio eu, uma vez que o próprio Eu é o objeto para o 
sujeito (Eu). 
 
Ideias básicas do Idealismo 
1. Qualquer teoria filosófica em que o mundo material, objetivo, exterior só pode ser 
compreendido plenamente a partir de sua verdade espiritual, mental ou subjetiva. 
Seus opostos seriam representados pelo realismo ('na filosofia moderna') e 
materialismo; 
 
 
1.1 No sentido ontológico, doutrina filosófica, cujo exemplo mais conhecido é o 
platonismo, segundo a qual a realidade apresenta uma natureza essencialmente 
espiritual, sendo a matéria uma manifestação ilusória, aparente, incompleta, ou mera 
imitação imperfeita de uma matriz original constituída de formas ideais inteligíveis e 
intangíveis; 
1.2. No sentido epistemológico, tal como ocorre no kantismo, teoria que considera o 
sentido e a inteligibilidade de um objeto de conhecimento dependente do sujeito que 
o compreende, o que torna a realidade cognoscível heterônoma, carente de 
autossuficiência, e necessariamente redutível aos termos ou formas ideais que 
caracterizam a subjetividade humana; 
1.3 No âmbito prático, cujo exemplo mais notório é o da ética kantiana, doutrina que 
supõe o caráter fundamental dos ideais de conduta como guias da ação humana, a 
despeito de uma possível ausência de exequibilidade integral ou verificabilidade 
empírica em tais prescrições morais. 
2 Propensão a idealizar a realidade ou a deixar-se guiar mais por ideais do que por 
considerações práticas; 
3 Teoria ou prática que valoriza mais a imaginação do que a cópia fiel da natureza. 
Seu oposto seria o realismo. 
 
http://historiadelafilosofiaparacavernicolas.blogspot.com.br/2014/01/que-es-el-idealismo.html 
 
 
Glossário 
 
Idealismo absoluto: Doutrina idealista inerente ao hegelianismo, caracterizada pela 
suposição de que a única realidade plena e concreta é de natureza espiritual, sendo 
a compreensão materialística ou sensível dos objetos um estágio pouco evoluído e 
superável no paulatino desenvolvimento cognitivo da subjetividade humana. 
 
Idealismo dogmático: Idealismo, especialmente o berkelianismo, que se caracteriza 
por negar a existência dos objetos exteriores à subjetividade humana [Termo 
cunhado pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) para designar uma 
orientação idealista com a qual não concorda.]. Seu oposto seria o idealismo 
transcendental. 
 
Idealismo imaterialista: Idealismo defendido por Berkeley (1685-1753) que, 
partindo de uma perspectiva empirista, na qual a realidade se confunde com aquilo 
que dela se percebe, conclui que os objetos materiais reduzem-se a ideias na mente 
de Deus e dos seres humanos; berkelianismo, imaterialismo. 
 
Idealismo transcendental (também chamado formal ou crítico): Doutrina kantiana, 
segundo a qual os fenômenos da realidade objetiva, por serem incapazes de se 
mostrar aos homens exatamente tais como são, não aparecem como coisas-em-si, 
mas como representações subjetivas construídas pelas faculdades humanas de 
cognição. Seu oposto seria o idealismo dogmático. 
 
 
 
 
RENÉ DESCARTES: UMA BREVE BIOGRAFIA 
 
http://explicacoesdematematicaonline.com/arquivo/8853 
 
Uma personalidade dominante da história intelectual ocidental, René 
Descartes foi um filósofo, fisiologista e matemático francês, nascido em 31 de março 
de 1596, em La Haye, na província de Touraine. Ele foi um contemporâneo de 
Galileu e Pascal e, portanto trabalhou sob as mesmas influências religiosas 
repressoras da Inquisição. 
Cedo em sua vida, pouco após ter se alistado no exército, em 1617, 
Descartes descobriu que tinha talento para matemática, de modo que ele passou a 
maior parte de seus anos militares e subsequentes (ele pediu demissão quatro anos 
mais tarde) estudando matemática pura, especialmente geometria analítica, que se 
tornou o campo ao qual fez suas maiores contribuições. Em 1626 ele se estabeleceu 
em Paris, mas foi persuadido a mudar-se para a Holanda em 1628, país que estava, 
então, no auge do seu poder. Ali ele morou e trabalhou pelos próximos 20 anos, 
devotando seu tempo e esforços ao estudo da matemática e filosofia, na 
perseguição da verdade. Em 1649, foi convidado para ser professor da Rainha 
Cristina da Suécia, mudando-se para Estocolmo, mas morreu poucos meses após 
chegar, de pneumonia aguda, em 11 de fevereiro de 1650. 
 
 
Os trabalhos de Descartes em filosofia e ciência foram publicados em cinco 
livros: Le Monde (O Mundo), uma tentativa de descrever o universo físico, o 
Discours de la Méthode Pour Bien Conduire Sa Raison et Chercher La Vérité Dans 
Les Sciences (Discurso sobre o Método de Bem Conduzir sua Razão e Procurar a 
Verdade nas Ciências), seu trabalho mais importante; Meditationes, um sumário de 
suas ideias filosóficas em epistemologia, Principia Philosophiae (Princípios da 
Filosofia), cuja maior parte foi devotada à física, especialmente as leis do 
movimento, e Les Passions de L'ame (As Paixões da Alma), sua mais importante 
contribuição à fisiologia e à psicologia. As contribuições de Descartes à física foram 
feitas principalmente na óptica, mas ele escreveu extensamente sobre muitos outros 
temas, incluindo biologia, cérebro e mente. Ele não foium experimentalista, no 
entanto. 
O esteio da filosofia de Descartes pode ser resumida por sua famosa frase 
em latim: Cogito, ergo sum (penso, logo existo). Ele foi o primeiro a levantar a 
doutrina do dualismo corpo/mente, a propor uma sede física para a mente, e a 
maneira como ela se inter-relaciona com o corpo. Portanto, ele discutiu temas 
importantes para as neurociências, que vieram a dominar os quatro séculos 
seguintes, tais como a ação voluntária e involuntária, os reflexos, consciência, 
pensamento, emoções, e assim por diante. 
 
http://amigos.mdig.com.br/index.php?itemid=36495 
 
 
DEUS, A CIÊNCIA E O LIVRE-ARBÍTRIO 
 
http://senhorjave.blogspot.com.br/2011/03/o-livre-arbitrio.html 
 
Para Descartes, o Deus criador transcende radicalmente a natureza. Deus Foi 
"inteiramente indiferente ao criar as coisas que criou". Não se submeteu a nenhuma 
verdade prévia. Em virtude do poder de seu livre-arbítrio, criou as verdades. Eis por 
que Deus quer que a soma dos ângulos de um triângulo seja igual a dois ângulos 
retos. 
Acrescentemos que, para Descartes, Deus criou o mundo instante por 
instante (é a "criação contínua"). O tempo é descontínuo e a natureza não tem 
nenhum poder próprio. As leis da natureza só são o que são a cada momento, em 
virtude da vontade do criador. É importante compreender que essa transcendência 
radical de Deus possui duas consequências fundamentais. O livre-arbítrio humano e 
a independência da ciência. 
 
 
1. - O homem não é uma parte de Deus. A transcendência do criador afasta qualquer panteísmo. O 
homem, simples criatura ultrapassada por seu criador (concebo Deus porque descubro em mim a 
marca de sua infinitude, mas não o compreendo), recebo, assim, uma autonomia que será perdida no 
sistema panteísta de Spinoza. O homem é livre, pode dizer sim ou não às ordens de Deus. É certo 
que, na Quarta Meditação, Descartes fala da liberdade esclarecida, dessa liberdade que não pode 
tratar da verdade ou do bem, dessa liberdade que é antes um estado de libertação do que uma 
decisão pura, situada além de todas as razões. Mas nos Princípios e sobretudo nas cartas ao Pe. 
Mesland, de 2 de maio de 1644 e 9 de fevereiro de 1645, Descartes afirma radicalmente o livre-
arbítrio, o poder de recusar a Verdade e o Bem até mesmo na presença da evidência que se 
manifesta. Esses textos esclarecem a teoria do juízo presente na Quarta meditação. O entendimento 
concebe a verdade e é a vontade que dá as costas a ou afirma essa verdade. Deus propõe e o 
homem, por intermédio de seu livre-arbítrio, dispõe. Desse modo, Deus não é o culpado dos meus 
erros nem dos meus pecados. Sou eu que me engano, sou eu que peco. Meu livre-arbítrio me faz 
merecedor ou culpado. 
2. - Do mesmo modo, a transcendência de Deus vai tornar possível uma ciência puramente racional e 
mecanicista da natureza. 
a) A natureza, segundo Descartes, não possui dinamismo próprio. Todo dinamismo pertence ao 
criador. Na medida em que a natureza é despojada de toda profundidade metafísica, Descartes pode 
eliminar as noções aristotélicas e medievais de forma, alma, ato e potência. Toda finalidade 
desaparece e a natureza é reduzida a um mecanicismo inteiramente transparente para a linguagem 
matemática. A natureza nada tem de divino, é um objeto criado, situado no mesmo plano da 
inteligência humana, e, por conseguinte, inteiramente entregue à sua exploração. Isto consiste, ao 
mesmo tempo, na rejeição de todo naturalismo pagão (a natureza não é uma deusa) e na 
fundamentação metafísica do racionalismo científico. 
b) Nem tudo tem o mesmo valor na obra científica de Descartes. Se sua ótica e suas considerações 
sobre a expressão algébrica das curvas (ele é, juntamente com Fermat, o inventor da geometria 
analítica) constituem incontestável contribuição científica, sua física (dada, aliás, mais como uma 
possibilidade racional do que como a verdade certa) não passa de um romance. Mas o espírito dessa 
física e da fisiologia cartesiana - que não passa de um capítulo da física - nada mais é do que o 
espírito do mecanicismo. Quando Descartes declara que os animais são máquinas, ele coloca, em 
princípio, que é possível explicar as funções fisiológicas por intermédio de mecanismos semelhantes 
àqueles que fazem mover os autômatos que vemos "nos jardins de nossos reis". O detalhe das 
explicações não passa de um sonho. Mas a direção tomada é a ciência moderna. Para Descartes, o 
mundo físico não possui mistérios. As coisas se determinam reciprocamente (leis do choque), por 
contato direto, num espaço em que não existe o vazio. 
 
 
 
O PROBLEMA DO HOMEM: A MORAL 
 
http://exame.abril.com.br/revista-voce-sa/edicoes/167/noticias/a-moral-do-moral 
 
1. - No Discurso sobre o Método, Descartes adota uma moral provisória - pois a 
ação não pode esperar que a filosofia cartesiana engendrasse uma nova moral. 
Recordemos seus três preceitos: 
a) Submeter-se aos usos e costumes de seu país. 
b) Antes mudar os próprios desejos que a ordem do mundo e vencer-se a si próprio 
do que à fortuna. 
c) Ser sempre firme e resoluto em suas ações; saber decidir-se mesmo na ausência 
de toda evidência, à semelhança do viajante perdido na floresta que, ao invés de 
ficar fazendo voltas, adota uma direção qualquer e nela se mantém! (O 
cartesianismo, antes de ser uma filosofia da inteligência, é uma filosofia da vontade). 
2. - É certo que a moral definitiva de Descartes não apresenta uma unidade perfeita. 
Influências estoicas, epicuristas e cristãs estão presentes nela. Mas, na realidade, 
essa complexidade reflete a própria complexidade da condição humana. No plano 
das ideias claras e distintas, Descartes separa claramente as duas substâncias, 
alma e corpo: a essência da alma é pensar; a do corpo é ser um objeto no espaço. E 
no entanto, o pensamento está preso a esse fragmento de extensão. A alma age 
sobre o corpo e este age sobre ela. (Para Descartes, o ponto de aplicação da alma 
 
 
ao corpo é a glândula pineal, isto é, a epífise.) Mas isso não esclarece a união da 
alma e do corpo, que é um fato de experiência, puramente vivido e ininteligível. 
Na medida em que Descartes considera o homem no que ele tem de 
essencial, enquanto espírito, ou quando se ocupa do composto humano, sua moral 
assume aspectos diferentes: 
a) Consideremos o homem enquanto espírito, enquanto liberdade: o valor supremo é 
a generosidade. "A verdadeira generosidade que faz com que um homem se estime, 
no ponto máximo em que ele pode legitimamente estimar-se, consiste, em parte, na 
consciência de que nada lhe pertence verdadeiramente, exceto essa livre disposição 
de suas vontades... e em parte no sentimento de uma firme e constante resolução 
de bem usá-la, isto é, de nunca lhe faltar vontade para empreender e executar todas 
as coisas que julgar melhores, o que é seguir a virtude perfeitamente". 
b) Se considerarmos o homem enquanto espírito unido a um corpo, somos 
obrigados a levar em conta as paixões, isto é, a afetividade em sentido amplo. 
Paixão é, para Descartes, tudo o que o corpo determina na alma. E Ele, que nada 
tem de asceta, acha que devemos antes dominá-las do que desenvolvê-las. Isso 
porque ele se coloca do ponto de vista da felicidade. O bom funcionamento do 
corpo, as ligações harmoniosas entre os espíritos animais e os pensamentos 
humanos são altamente desejáveis. A moral surge, então, como uma técnica de 
felicidade e, nessa técnica, a medicina desempenha importante papel. A moral surge 
aqui como uma aplicação direta ao mecanicismo cartesiano. 
 
http://www.citador.pt/frases/a-moral-consiste-em-fazer-prevalecer-os-instintos-auguste-comte-6863 
 
 
UTILITARISMO 
 
Em Filosofia, o utilitarismo é uma doutrina ética que prescreve a ação (ou 
inação) de forma a aperfeiçoar o bem-estar do conjunto dos seres envolvidos. O 
utilitarismo é então uma forma de consequencialismo, ou seja, ele avalia uma ação 
(ou regra)unicamente em função de suas consequências. 
Filosoficamente, pode-se resumir a doutrina utilitarista pela frase: Agir sempre 
de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar (Princípio do bem-estar 
máximo). 
Trata-se então de uma moral eudemonista, mas que, ao contrário do 
egoísmo, insiste no fato de que devemos considerar o bem-estar de todos e não o 
de uma única pessoa. 
 
https://editoramundomaior.wordpress.com/2014/01/14/bem-estar-coletivo/ 
 
Antes de quaisquer outros, foram Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart 
Mill (1806-1873) que sistematizaram o princípio da utilidade e o aplicaram a 
questões concretas – sistema político, legislação, justiça, política econômica, 
liberdade sexual, emancipação feminina, etc. 
 
 
Em Economia, o utilitarismo pode ser entendido como um princípio ético no 
qual o que determina se uma decisão ou ação é correta, é o benefício intrínseco 
exercido à coletividade, ou seja, quanto maior o benefício coletivo, tanto melhor a 
decisão ou ação. 
 
Princípio da Utilidade 
John Stuart Mill foi um dos filósofos que se debruçaram sobre o princípio da 
utilidade. Bentham expõe o conceito central da utilidade no primeiro capítulo do livro 
Introduction to the Principles of Morals and Legislation (―Introdução aos princípios 
da moral e legislação‖), da seguinte forma: 
― Por princípio da utilidade, entendemos o princípio segundo o qual toda ação, 
qualquer que seja, deve ser aprovada ou rejeitada em função de sua tendência de 
aumentar ou reduzir o bem-estar das partes afetadas pela ação. (...) Designamos 
por utilidade a tendência de alguma coisa em alcançar o bem-estar, o bem, o belo, a 
felicidade, as vantagens, etc. “O conceito de utilidade não deve ser reduzido ao 
sentido corrente de modo de vida com um fim imediato". 
 
http://encenasaudemental.net/personagem/john-stuart-mill-um-estudo-das-motivacoes-e-das-justificativas-das-acoes/ 
 
 
Perspectiva moral e política: Características gerais 
O utilitarismo, concebido como um critério geral de moralidade pode e deve ser 
aplicado tanto às ações individuais quanto às decisões políticas, tanto no domínio 
econômico quanto nos domínios sociais ou judiciários. O Utilitarismo é um tipo de ética 
normativa -- com origem nas obras dos filósofos e economistas ingleses do século XVIII e 
XIX, Jeremy Bentham e John Stuart Mill, -- segundo a qual uma ação é moralmente correta 
se tende a promover a felicidade e condenável se tende a produzir a infelicidade, 
considerada não apenas a felicidade do agente da ação, mas também a de todos os 
afetados por ela. 
O utilitarismo rejeita o egoísmo, opondo-se a ideia de que o indivíduo deva perseguir 
seus próprios interesses, mesmo à custa dos outros, e se opõe também a qualquer teoria 
ética que considere ações ou tipos de atos como certos ou errados independentemente das 
consequências que eles possam ter. 
O utilitarismo assim difere radicalmente das teorias éticas que fazem o caráter de 
bom ou mal de uma ação depender do motivo do agente porque, de acordo com o 
Utilitarismo, é possível que uma coisa boa venha a resultar de uma motivação ruim no 
indivíduo. 
Antes, porém, desses dois autores darem forma ao Utilitarismo, o pensamento 
utilitarista já existia, inclusive na filosofia antiga, principalmente no de Epicuro e seus 
seguidores na Grécia antiga. E na Inglaterra, alguns historiadores indicam o Bispo Richard 
Cumberland, um filósofo moralista do século XVII, como o primeiro a apresentar uma 
filosofia utilitarista. Uma geração depois, Francis Hutcheson, com sua teoria do "sentido 
interior da moralidade" ("moral sense") manteve uma posição utilitarista mais clara. Ele 
cunhou a frase utilitarista de que "a melhor ação é a que busca a maior felicidade para o 
maior número de indivíduos". Também propôs uma forma de "aritmética moral" para cálculo 
da melhor consequência possível. David Hume tentou analisar a origem das virtudes em 
termos de sua contribuição útil. 
O próprio Bentham disse haver descoberto o "princípio de utilidade" nos escritos de 
vários pensadores do século XVIII como Joseph Priestley, um clérigo dissidente famoso por 
haver descoberto o oxigênio, e Claude-Adrien Helvétius, autor de uma filosofia de meras 
sensações, de Cesare Beccaria, jurista italiano, e de David Hume. Helvétius foi posterior a 
Hume e deve ter conhecido seu pensamento, e Beccária o de Helvétius. 
 
 
Outro apoio ao Utilitarismo é o de natureza teológica, devido a John Gay, um filósofo 
estudioso da Bíblia que argumentava que fazer a vontade de Deus era o único critério de 
virtude, mas que, devido à bondade divina, ele concluía que Deus desejava que o homem 
promovesse a felicidade humana. 
Bentham, que aparentemente acreditava que o indivíduo, no governo de seus atos 
iria sempre buscar maximizar seu próprio prazer e minimizar seu sofrimento, colocou no 
prazer e na dor ambos a causa das ações humanas e as bases de um critério normativo da 
ação. 
À arte de alguém governar suas próprias ações, Bentham chamou "ética particular". 
Neste caso a felicidade do agente é o fator determinante; a felicidade dos outros governa 
somente até o ponto em que o agente é motivado por simpatia, benevolência, ou interesse 
na boa vontade e opinião favorável dos outros. 
Para Bentham, a regra de se buscar a maior felicidade possível para o maior número 
possível de pessoas devia ter papel primordial na arte de legislar, na qual o legislador 
buscaria maximizar a felicidade da comunidade inteira criando uma identidade de interesses 
entre cada indivíduo e seus companheiros. Aplicando penas por atos mal-intencionados, o 
legislador seria prejudicial para um homem que causasse danos ao seu vizinho. O trabalho 
filosófico mais importante de Bentham, An Introduction to the Principles of Morals and 
Legislation ("Uma introdução aos princípios de moral e legislação"), de 1789, foi pensado 
como uma introdução a um projeto de Código Penal. 
Jeremy Bentham atraiu jovens intelectuais como discípulos, entre eles o economista 
David Ricardo, James Mill e o jurista John Austin. Mais tarde John Stuart Mill, filho de James 
Mill, defendia o voto feminino, a educação paga pelo Estado para todos, e outras propostas 
radicais para sua época, com base na visão utilitarista de que tais medidas eram essenciais 
à felicidade e bem estar de todos, assim como também a liberdade de expressão e a não 
interferência do governo quando o comportamento individual não afetasse as outras 
pessoas. Seu ensaio "Utilitarianism," publicado no Fraser's Magazine (1861), é citado como 
uma elegante defesa da doutrina Utilitarista e considerada ser ainda a melhor introdução ao 
assunto, apresentando o Utilitarismo como uma ética tanto para o comportamento do 
indivíduo comum quanto para a legislação social. 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
 
CHAUÍ, Marilena. Convite á Filosofia. São Paulo: Ática, 1999. 
 
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2000. 
 
PRADO JUNIOR, C. O que é Filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1983. 
 
REALE, M. Introdução a Filosofia. São Paulo: Saraiva, 1988. 
 
SANCHEZ VASQUEZ, Adolfo. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
 
ARANHA, M.L ; MARTINS, M.H.P. Filosofando: introdução a filosofia. São Paulo: 
moderna, 1993. 
 
BUARQUE, Cristovam. A desordem do progresso. São Paulo: paz e terra, 1993. 
 
CIVITA, Victor. A história da filosofia. Coleção de pensadores. São Paulo: Nova 
Cultural, 1999. 
 
 
 
ARTIGO PARA REFLEXÃO 
 
Autores: Horácio Luján Martinez, Edemir Jose Pulita e Joel Cezar Bonin 
Disponível em: 
http://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/
view/8643695/11211 
Acesso: 7 de junho de 2016 
 
Um diálogo entre a filosofia, a educação e a política: 
limiares entre a moral, o legal e a reificação 
 
Horácio Luján Martinez, professor da PUC-PR 
Edemir JosePulita, doutorando pela UnB 
Joel Cezar Bonin, doutorando pela PUC-PR 
 
Filosofia e Educação [rfe] – volume 8, número 1 – Campinas, SP 
Fevereiro-Maio de 2016 – ISSN 1984-9605 – p. 133-162 
 
Resumo 
O objetivo desta reflexão é estabelecer um diálogo entre os espaços da educação, da filosofia e da 
política, buscando construir pontes entre eles. Seu embasamento teórico se refere à crítica ao 
capitalismo e ao conceito de reificação, a partir de autores da Escola de Frankfurt, de Foucault, de 
Benjamin e outros autores. Esse texto também faz referência aos acontecimentos recentes que 
envolvem a presença (ou ausência) dos três elementos citados anteriormente. Viu-se que a educação 
enquanto estratégia política de governo, foi solapada por medidas governamentais nas esferas 
estaduais e federal, ao imporem ações que não promoveram o seu devido desenvolvimento. Diante 
disso, tentamos abordar no texto que segue a falsa ideia de que a “educação é para todos” e que é 
 
 
preciso um olhar político-filosófico para compreender tal assertiva, pois vê-se que os modos de 
abordagem que discutem a educação em nosso país são enfaticamente mais alienantes e 
reificadores do que emancipatórios e democráticos. 
Palavras-chave: filosofia; educação; política. 
 
Abstract 
The purpose of this reflection is to establish a dialogue between the areas of education, philosophy 
and politics, seeking to build bridges between them. Its theoretical foundation refers to the critique of 
capitalism and the concept of reification, from authors of the Frankfurt School, Foucault, Benjamin and 
other authors. This text also refers to recent events involving the presence (or absence) of the three 
elements mentioned above. We have seen that education as a political strategy of the government 
was undermined by government measures in state and federal, to impose actions that did not promote 
their proper development. Therefore, we tried to address in the text that follows the false idea that 
"education is for everyone" and that it takes a political and philosophical look to understand this 
assertion, because it is seen that the approach modes discussing education in our country are 
emphatically more alienating and reifying than emancipatory and democratic. 
Keywords: philosophy; education; policy. 
 
Os desafios da Pátria Educadora 
A temática da educação não passa incólume nem mesmo nos setores e nas 
dimensões da vida pública que pouco dependem ou se ligam a ela. Para citar dois 
exemplos, a produção petrolífera e o conceito de família. A reflexão acerca da 
educação atinge espaços de interação que vão desde a mesa do jantar até os 
bastidores do Congresso Nacional. Por isso, não é de se estranhar que as 
faculdades consideradas licenciaturas entrem neste embate diante da temática da 
educação, como por exemplo, a filosofia, a história, a geografia, a matemática, a 
pedagogia, entre outras. Porém, a discussão começa a causar alvoroço quanto se 
tenta pensar este campo polêmico, polissêmico e polifônico a partir da possibilidade 
do estabelecimento de um fundamento científico ou de princípios filosóficos que lhe 
deem sustentação em termos de conceitos, práticas, reflexões e políticas. 
 
 
Buscamos, nos limites deste artigo, discutir as interfaces entre os campos da 
educação e da filosofia, sob o foco da política, tanto em termos teóricos quanto em 
termos práticos. Segundo Oliveira (2012, p. 10ss) tanto o empenho filosófico quanto 
a prática educativa, se vistos numa perspectiva dialógica e convergente entre a 
Filosofia e a Educação por filósofoseducadores ou educadores-filósofos, tem muito a 
enriquecer a reflexão, o diálogo, a análise e a construção de conhecimentos em 
ambas as áreas, seja no saber filosófico ou na ciência pedagógica. Relembrando o 
período clássico da filosofia grega, Botter (2012) é pontual ao afirmar que “a filosofia 
é pedagógica e a pedagogia é filosófica, assim como a filosofiapedagogia é política 
e a política é filosófico-pedagógica” (p. 19-20). 
Diversos acontecimentos recentes demarcam, por outro lado, uma grande 
dissociação entre o mundo filosófico, pedagógico e político. 
Vivemos dias nebulosos nos quais não se nota mais a aproximação entre 
filosofia, política e educação. “Um povo que não conhece a sua história está 
condenado a repeti-la”. Esse jargão tão propalado é uma máxima da profunda 
separação do cidadão comum como o mundo que o cerca. 
Desse modo, queremos aprofundar a correlação que existe entre o mundo da 
TV ou das tecnologias comunicacionais digitais e do mundo vivido, entre a realidade 
que se escancara diante de nossos olhos e a realidade produzida pelo mundo 
midiático, e um pouco sobre a realidade em que se constrói a educação no Brasil, 
tão midiaticamente utilizada pela política e seus sujeitos. Uma pátria que se 
pretende educadora deve priorizar e construir diálogos entre as práticas educativas, 
as ações políticas e os saberes filosóficos. 
 
Que país e mundo são esses? 
“Vivemos esperando dias melhores” (Jota Quest, 2000). Essa frase presente 
na canção Dias melhores da banda Jota Quest, lançada no ano que fecha o 
segundo milênio da era cristã, reflete claramente a expectativa que muitas pessoas 
têm diante do mundo e da vida. Tal esperança já se manifestava no início do século 
XX, um século que marcou historicamente a existência humana, pois se acreditava 
 
 
que todas as inovações e invenções decorrentes da Revolução Industrial se 
plenificassem na aurora desse tempo. Porém, o que vemos hoje, em pleno século 
XXI, é que a vida, em diversos aspectos e sob vários pontos de vista, está sendo 
suprimida e mensurada, controlada e vigiada, manipulada e reificada. 
É evidente que não se está afirmando nada de novo, não há aqui uma 
pretensão de expor nada de inovador, até porque tal palavra se apresenta, por 
inúmeras vezes, como puramente ideológica. O que se esconde por trás de toda 
inovação pode ter um “quê” de mascaramento. O que exige cada vez mais um 
exercício hermenêutico profundo, pois quer se saber se a inovação apresentada 
pelas principais vias de comunicação deseja ou não esconder a verdade, seja a 
coloquial, a impressa ou a midiática. Essa realidade é ainda mais impactante quando 
se vê as crescentes denominações da sociedade atual enquanto era da informação 
e/ou do conhecimento. 
Um dos maiores problemas da comunicação atual repousa na angústia de 
dizer algo mesmo que não seja necessário dizer nada. Notícias sensacionalistas, 
propagandas espetaculares, telejornais impregnados de falsas verdades. Como já 
havia escrito Walter Benjamin (1985, p. 202), citando Villemessant, jornalista que 
fundou o Figaro: “para meus leitores, o incêndio num sótão do Quartier Latin é mais 
importante que uma revolução em Madri”. Juntamente com a televisão, o mundo da 
tecnologia preencheu um vazio que ainda permanece oco. Na substituição da 
comunicação oral e no afã de induzir todos a desejarem as mesmas coisas, o ser 
humano ainda permanece desamparado. Na substituição do sagrado 
transcendental, o ser humano busca o sagrado que emana dos próprios objetos, 
sem se dar conta que os objetos estão para ele e não o contrário. A fé dogmática de 
outrora em um mundo no qual predominava a ideologia cristã, se transubstancializou 
em uma fé dogmática extremista e fundamentalista não apenas presente nos 
estabelecimentos e nos postos da fé, mas agora mais presente ainda através dos 
meios de comunicação digitais em rede. 
Sartre (1987, p. 6) ao afirmar que a “existência precede a essência” foi e 
continua sendo mal-interpretado, pois é cada vez mais evidente a noção de que as 
pessoas anseiam por uma existência sem essência. O fato de que primeiro existimos 
e depois encontramos a nossa essência ainda permanece uma incógnita, pois é 
 
 
cada vez mais explícito que as pessoas querem apenas existir. Tal reflexão se 
maximiza sobremaneira em uma sociedadeque está imersa e envolta em uma 
profusão midiática e tecnológica sem precedentes na História. Nesta sociedade de 
consumo, altamente tecnologizada e midiatizada, o ter, o ser e o estar se confundem 
com o comprar, o possuir e o utilizar. A mistura contemporânea de hedonismo e de 
maniqueísmo encontrou nas tecnologias digitais uma levedura extremamente 
potente de fermentação. 
Para se fazer uma escolha sincera por uma reflexão mais aprofundada, é 
mister compreender que justamente no início do século passado, os estudiosos da 
Escola de Frankfurt e alguns outros a eles relacionados, analisaram as possíveis 
consequências do avanço tecnológico, primeiramente, refletindo sobre o 
desenvolvimento bélico usado na 1ª e na 2 ª Guerras Mundiais e suas 
consequências para a vida posterior. Adorno (2010 , p. 11), neste sentido, afirma 
que “o desenvolvimento da sociedade a partir da Ilustração, em que cabe importante 
papel à educação e formação cultural, conduziu inexoravelmente à barbárie”. 
Fazendo uma crítica, tendo por base a premissa de “que Auschwitz não se repita!” 
(2010, p. 21), o filósofo reflete a respeito da ideologia do progresso: 
 
Em outras palavras: a questão do poder e da ética, a dominação autoritária 
ou a democracia, não são examinadas como fundantes ou existências 
primárias [...] mas derivadas no curso do desenvolvimento determinado da 
formação social. Auschwitz faz parte de um processo social objetivo de uma 
regressão associada ao progresso, um processo de coisificação que impede 
a experiência formativa, substituindo-a por uma reflexão afirmativa 
autoconservadora, da situação vigente. Auschwitz não representa apenas o 
genocídio num campo de extermínio, mas simboliza a tragédia da formação 
na sociedade capitalista (Adorno, 2010, p. 22). 
 
Pensar acerca dos avanços tecnológicos e das mudanças que tais 
transformações aportam, não implica em uma pura negação dos benefícios que 
estes trouxeram para a vida humana, mas, ao contrário serve para afirmar que uma 
visão de mundo baseada somente nas tecnologias se torna escrava e refém de um 
 
 
sistema de controle e vigilância da vida humana, tão proficuamente expresso por 
Michel Foucault (1987) em Vigiar e Punir. As tecnologias em geral e, principalmente, 
as de controle e de vigilância nascem de modo mais claro no século XIX, mas se 
transformam em sistemas no século seguinte. A lógica desse controle e desse poder 
transmuta-se do espaço das penitenciárias, dos hospitais e das fábricas para o 
mundo vivido, isto é, não há como escapar do “olho que tudo vê”, que passa de uma 
mera expressão metafísica, segundo os moldes cristãos, para algo mais concreto e 
prático. 
Desse modo, as formas de controle se expandem e, tal qual um deus invisível 
e poderoso, opera sobre os seres humanos de modo cada vez mais eficaz. Na 
medida em que novos meios de comunicação, tais como smartphones e notebooks, 
se tornam cada vez mais democráticos e as pessoas tem um acesso maior à rede 
mundial de computadores via conexão digital, o mundo da informação, da 
comunicação e da expressão é cada vez mais propalado e reproduzido. Porém, 
surge-nos uma questão essencial: isso efetivamente tornou a vida das pessoas algo 
melhor? 
Por esse viés e sublinhando o impacto que qualquer meio produz na 
sociedade, McLuhan (2007, p. 25) escreve que os “meios levam em conta não 
apenas o ‘conteúdo’, mas o próprio meio e a matriz cultural em que um meio ou 
veículo específico atua”. Diante disso, então, “cada produto que molda uma 
sociedade acaba por transpirar em todos e por todos os seus sentidos” (McLuhan, 
2007, p. 37), ou seja, por mais ou menos influenciados que sejamos, conscientes ou 
não, estamos imersos no ambiente digital e virtual por toda parte e em todas as 
dimensões de nossas vidas. A conclusão de McLuhan (2007, p. 403) do livro Os 
meios de comunicação como extensões do homem é envolta em um realismo 
pessimista nebuloso: “o temor pânico ante a automação em escala mundial, é uma 
projeção no futuro do especialismo e da padronização mecânica – que agora 
pertencem ao passado”. Nesse sentido, podemos citar um trecho da obra de 
Deleuze (Conversações) que corrobora McLuhan. 
 
 
 
É fácil fazer corresponder a cada sociedade certos tipos de máquina, não 
porque as máquinas sejam determinantes, mas porque elas exprimem as 
formas sociais capazes de lhes darem nascimento e utilizá-las. As antigas 
sociedades de soberania manejavam máquinas simples, alavancas, roldanas, 
relógios; mas as sociedades disciplinares recentes tinham por equipamento 
máquinas energéticas, com o perigo passivo da entropia e o perigo ativo da 
sabotagem; as sociedades de controle operam por máquinas de uma terceira 
espécie, máquinas de informática e computadores, cujo perigo passivo é a 
interferência, e, o ativo, a pirataria e a introdução de vírus (Deleuze, 2013, p. 
227). 
 
“Ter o mundo na palma de sua mão” é um slogan de uma operadora de 
telefonia móvel que cada vez mais possui novos adeptos ou seguidores. Nesse 
caso, é fundamental nos atentarmos para o uso da palavra “seguidor”. A frase 
messiânica de Jesus: “Venha e siga-me” (Bíblia, 1991, p. 1265) é um símbolo que 
traduz uma das mais fortes verdades que vemos em nosso tempo, contudo, o 
seguimento é cego ou, no mínimo, caolho. A postura de abandono das próprias 
escolhas, da ausência de autonomia, a falta de um exercício refletido acerca daquilo 
que se quer, resumem o “cardápio do dia”. O que se quer para além das migalhas e 
da sensação de euforia meteórica e instantânea? Ainda não se sabe, pois nos dias 
de hoje ainda não há uma certeza de qual será a reação dos inúmeros Narcisos 
digitais diante de seus lagos-telas. Contudo, a profusão midiática, tecnológica e 
informacional está em franco desenvolvimento e pesquisas das áreas de mídias, 
comunicação e educação estão debatendo suas características, movimentos, 
sujeitos, tempos e espaços sob diversos enfoques, discursos e ideologias. Diante 
disso, cabe a indagação de qual será o resultado: se emancipatório ou se 
catastrófico. 
Desse modo, vê-se que a vida humana foi reduzida ao constante despertar do 
desejo. O desejo de se querer algo, que ao fim e ao cabo, não se quer. As 
manifestações efusivas do desejo estão presentes na vida infantil e adulta. As 
crianças encontram constantemente estímulos para almejarem algo que não está 
nelas, mas que precisam ser introjetados para se sentirem partícipes de grupos 
sociais. As habilidades motoras, o ato de brincar, o ato de estabelecer vínculos 
 
 
afetivos sinceros são substituídos por produtos que criam agora um laço de inclusão 
social, mas que não são mais dirigidos pelo “estar-com” ou “com-um” 
(comum/comunidade), porém agora pelo “tercom”. As relações sociais são 
estabelecidas com base em uma vida “desvivida”, no sentido de que experimentar a 
crueza da vida se tornou algo enfadonho, triste, sem lógica. Certa anestesia mental 
invadiu as relações. O contato com o mundo e com o outro passou a ser mediado 
por instrumentos. Não se pode mais sentir o mundo como ele mesmo é, senão 
somente por meio das tecnologias. Vivencia-se o prazer existencial, sexual, 
relacional por meio de sensações virtuais. O real, enquanto ele mesmo, é 
interpretado por meio de algo não-real. Tempos e espaços variam entre o presencial 
e o virtual e a configuração da identidade, da memória e da subjetividade se dão de 
maneira diversa em/entre ambos. O termo virtual pode ser entendido em três 
sentidos, segundo Pierre Lévy (2000) em um sentido técnico informacional, em um 
sentido corrente e em um sentido filosófico. Nesta última acepção, segundo o autor, 
o virtual não é antônimo de real, mas sim se opõe ao atual, pois “virtualidade e 
actualidade são apenas duas formas diferentes da realidade. Se é da essência da 
semente produzir uma árvore, a virtualidade da árvore é bem real (sem ser ainda 
actual)” (Lévy, 2000,p. 51). 
Percebe-se também que na vida adulta é cada vez mais premente o acesso 
aos bens de consumo. A disponibilidade facilitada de aquisição de uma infinidade de 
cartões de crédito faz com que os homens e mulheres se tornem inadimplentes 
justamente porque anseiam pelos objetos que encontram, seja pela tela da TV ou do 
computador. Tal anseio remete a um desejo irrefreado de posse, de falso domínio e 
de alívio. Os compradores compulsivos não são apenas “doentes mentais”, ao 
contrário, são seres humanos que não foram capazes de refletir sobre as 
consequências nefastas do desejo ou foram convencidos sem a menor chance de 
qualquer reação contrária. O marketing “agressivo” faz com que o consumidor seja 
movido a desejar e a ser incitado pela vontade, pois como afirma Schopenhauer 
(2005), a vontade é ilimitada e o resultado disso é a frustração e a tristeza 
decorrentes da impossibilidade da aquisição dos bens desejados. 
 
 
 
Entre querer e alcançar flui sem cessar toda vida humana. O desejo, por sua 
própria natureza, é dor; já a satisfação logo provoca saciedade: o fim fora 
apenas aparente: a posse elimina a excitação, porém o desejo, a 
necessidade aparece em nova figura (Schopenhauer, 2005, p. 404). 
 
A incessante insatisfação do desejo desperta nas pessoas um ad eternum de 
frustração. Em outras palavras, como o desejo não tem objeto definido e vai sendo 
alterado perpetuamente, o ser humano se vê desamparado, fraco, nu. Essa nudez 
do desejo o leva ao preenchimento constante desse vazio, mesmo que aquilo que se 
quer seja indefinido. Muitos pensadores da Escola de Frankfurt, ou ligados a ela, 
abordaram o tema da “insatisfação programada” decorrente da contínua 
obsolescência do desejo. Adorno, Horkheimer e Benjamim podem ser considerados 
aqueles que mais discutiram tais temas na esteira do pensamento marxiano. Desse 
modo, é assaz necessário dizer que Marx já afirmara em O Capital que 
 
a mercadoria é misteriosa simplesmente por encobrir as características 
sociais do próprio trabalho dos homens, apresentando-as com características 
materiais e propriedades sociais inerentes aos produtos do trabalho; por 
ocultar, portanto, a relação social entre os trabalhos individuais dos 
produtores e o trabalho total, ao refleti-la como relação social existente, à 
margem deles, entre os produtos do seu próprio trabalho. Através dessa 
dissimulação, os produtos do trabalho se tornam mercadorias, coisas sociais, 
com propriedades perceptíveis e imperceptíveis aos sentidos (Marx, 1980, p. 
81). 
 
O prelúdio de Marx assume vestes macabras no período dos anos 30 e 40 do 
século XX, período no qual a Escola de Frankfurt foi fundada e ocorreu a 2ª Guerra 
Mundial, pois a mercadoria fetichizada é a mercadoria da morte. A morte de 
inúmeros judeus que são perseguidos pelo nazismo, a morte de pessoas que devem 
ser eliminadas pelo simples fato de existirem. A existência agora é motivo de ódio, 
de rancor. Um nós deve aniquilar um eles. A morte é a principal fonte de renda 
nesse período. Fazer do Holocausto uma máquina de produção, que 
 
 
sistematicamente aniquila e destrói a história de um povo resultando absurdamente 
na incapacidade de se avaliar a morte do outro como um negócio foi a principal 
crítica de Hannah Arendt aos perseguidores do povo judeu, incorporados na figura 
de Adolf Eichmann. E essa relação de morte está, segundo Arendt, estritamente 
ligada a uma ideia de consumo: 
 
Crer que tal sociedade há de se tornar mais “cultivada” com o correr do tempo 
e com a obra da educação constitui, penso eu, um fatal engano. O fato é que 
uma sociedade de consumo não pode absolutamente saber como cuidar de 
um mundo e das coisas que pertencem de modo exclusivo ao espaço das 
aparências mundanas, visto que sua atitude central ante todos os objetos, a 
atitude do consumo, condena à ruína tudo em que toca (Arendt, 2003, p. 
264). 
 
Seguindo essa reflexão, Foucault (1996, p. 206) afirma que “a morte do outro, 
a morte da raça má, da raça inferior (degenerada, inferior) é isso que tornará a vida 
mais sã e mais pura”. E o autor continua escrevendo, se questionando "como é 
possível que um poder político mate, reivindique a morte, exija a morte, mande 
matar, dê a ordem para matar, exponha a morte não só aos seus inimigos, mas 
também aos seus cidadãos?" (Foucault, 1996, p. 205). 
Outrossim, se a experiência histórica recente não nos desperta à consciência, 
à crítica e à reflexão, é fundamental fazermos um contraponto com a relação do 
homem com as mercadorias na atualidade. O fetiche ainda é o mesmo, porém o 
foco agora é a manutenção da vida pelo consumismo. O essencial é enfatizar que 
tudo se tornou mercadoria, porém sem invólucros ou mascaramentos. E isso se vê 
maximizado com a profusão midiática, informacional, tecnológica e digital. A 
decepção, contudo, está na cegueira com a qual as pessoas, voluntariamente, se 
inserem neste círculo vicioso. Porém, como lembra Jaguaribe (2007) em O choque 
do real: estética, mídia e cultura, “o acesso à realidade é moldado pelos meios de 
comunicação que fornecem, inclusive, os imaginários para a invenção e fabricação 
do indivíduo” (p. 37). 
 
 
 
Regidas pela lógica capitalista da circulação, as imagens imperam, impõem o 
domínio da aparência e fomentam a alienação social já que dinamitam 
agenciamentos sociais em prol das fabricações visuais que não convidam ao 
diálogo, mas à mera passividade da absorção consumista (Jaguaribe, 2007, 
p. 38). 
 
A existência que, outrora, se fundava numa vida após a morte ou numa 
ascese espiritualizada, naufraga em um afã de desejos quiméricos e vazios. Quando 
se compra um bem móvel ou imóvel, o mesmo já engendra uma insatisfação, pois 
dentro de poucos dias, o mercado já lança um novo produto mais moderno e mais 
“completo” do que o adquirido. Esse constante update das coisas causa uma 
sensação de frustração e amargura que geram aquilo que Adorno e Horkheimer 
chamam de “promissória da felicidade”: 
 
A indústria [...] não cessa de lograr seus consumidores quanto àquilo que 
está continuamente a lhes prometer. A promissória sobre o prazer, emitida 
pelo enredo e pela encenação é prorrogada indefinidamente: maldosamente, 
a promessa a que afinal se reduz o espetáculo significa que jamais 
chegaremos à coisa mesma, que o convidado deve se contentar com a leitura 
do cardápio (Adorno; Horkheimer, 1985, p. 130-131). 
 
A promessa nunca cumprida resume com clareza o entendimento de que o 
desejo como algo que precisa encontrar uma resposta imediata é algo evidente. 
Essa imediatez certamente precisa ser atualizada diariamente, constantemente. “A 
felicidade na palma da sua mão” é uma boa paráfrase, pois a plenitude do desejo se 
efetiva desse modo. Além disso, nota-se que há também uma visão muito 
reducionista dos conflitos na vida política na atualidade, pois se crê que a partir do 
liberalismo, as pessoas seriam capazes de ver o mundo como um lócus de 
consenso. Tal afirmativa corrobora com a ideia de que vivemos em um mundo que 
 
 
segue a “lógica do doce comércio”, do laissez faire. Por isso, politicamente falando, 
podemos destacar o que Chantal Mouffe afirma sobre o cenário político atual: 
 
As sociedades democráticas encaram atualmente um desafio para o qual 
estão mal preparadas a responder. Longe de ter conduzido a uma suave 
transição para a democracia pluralista, o colapso do comunismo abriu 
caminho para uma explosão de conflitos étnicos, religiosos e nacionalistas 
que muitos liberais não podem compreender. Na visão destes, os 
antagonismos pertencem a uma era passada, a um tempo pré-moderno, 
quando as paixões não tinham ainda sido eliminadas pelo ‘doce comércio’ e 
substituídas pelo domínio racional dos interesses e pela generalização das 
identidades ‘pós-convencionais’. Daí a dificuldade dos pensadores 
democráticos liberais para compreender a proliferação atual dosparticularismos e a emergência de antagonismos supostamente ‘arcaicos’ 
(Mouffe, 2003, p. 12). 
 
Contudo, voltando ao problema do consumismo e da “doce domesticação 
midiática”, o acesso aos bens de consumo se tornou algo tangível para muitos em 
nossa contemporaneidade. Os sujeitos são vítimas de toda uma avalanche de 
estímulos e incitações que afloram na sensibilidade. Os padrões estéticos, os 
padrões éticos e os padrões de consumo se unificaram diante do marketing que se 
dá de diversas formas: presencial, à distância, virtual, local, global. E a lógica que 
mais se perpetua com isso é a seguinte: não deve haver distinção entre o ser e o ter. 
Konder (2009 , p. 90) aponta que a ideologia capitalista dominante impõe que “se o 
sujeito humano não existe, tudo é vendável, tudo pode ser objeto de compra e 
venda”. Na sequência, o autor constata que “os sujeitos humanos, cada vez mais, 
estão sumindo; uns desaparecem nas grandes empresas, nas sociedades 
anônimas; outros somem atrás dos objetos-mercadorias” ( Konder, 2009, p. 90), 
que, segundo o pensador, atualmente possuem mais visibilidade que os próprios 
sujeitos produtores e consumidores. 
Cria-se uma nova noção de estética: a aparência vale mais do que a 
essência. Aliás, deve haver uma nova distinção estética, mais forte e cruel: a 
 
 
aparência suplantou a essência. Essa noção estética não tem a ver com um modo 
de ser ou de se viver, mas infelizmente está conectada a um saberpoder-ter. Os 
saberes se redundaram a uma forma de vida que implica numa objetivação do ser. 
As subjetividades foram exterminadas tendo como fim a plenitude de um modo de 
vida igualmente padronizado e reificado. É uma ontologia do aqui e agora. Uma 
plenificação de um modelo de vida que coisifica o ser humano em um objeto 
desprovido de valores, de sentimentos, de identidade. Ele deve ser o que é como 
coisa e não como sujeito que pensa, que critica, que analisa. Ele apenas precisa 
imitar um modelo que o coloque no mundo como um número, um objeto e isso 
basta. Essa discussão nos remete à reflexão de Jaguaribe, sobre a atualização do 
conceito de fetiche a partir das tradições marxista e freudiana. 
 
Qual seria a versão moderna na palavra fetiche? Embora possa existir 
algumas variações sobre o início histórico do termo fetiche, há um consenso 
acadêmico que situa este conceito em duas vertentes básicas. Por um lado, o 
fetiche está associado à interpretação psicanalítica, notadamente a análise de 
Freud que compreende o fetiche como resultante de uma ansiedade de 
castração propiciada pela visão do sexo feminino. [...] A outra associação 
possível com a palavra fetiche é dada pela óptica de Marx que situa o 
fetichismo como o encantamento com mercadorias e objetos em que estes 
são dotados de significados imanentes que obscurecem o trabalho histórico 
espoliativo que fora acionado para sua fabricação. Em ambas as versões, há 
o deslocamento do desejo e uma forte ênfase na visualidade como 
provocadora do fetiche (Jaguaribe, 2007, p. 188). 
 
Além disso, um dos fundamentos principais da teoria da história e das 
categorias de tempo e de construção do conhecimento de Walter Benjamin é a 
contraposição ao conceito de progresso, visto dentro de uma teleologia, a qual está 
fadado o desenvolvimento tecnológico da humanidade. Benjamin denuncia já em 
sua época que o progresso da ciência não é sinônimo de desenvolvimento da 
humanidade, mas “ele o seria se, com o crescimento dos conteúdos de verdade 
acumulados, aumentasse igualmente a participação dos seres humanos nestes 
conhecimentos” (2009, p. 522-523). Benjamim desenvolve tal reflexão em diversos 
 
 
textos, mas, principalmente, no O anjo da História, ao fazer uma análise de uma 
imagem de Paul Klee, o Angelus Novus. 
 
Há um quadro de Klee intitulado Angelus Novus. Representa um anjo que 
parece preparar-se para se afastar de qualquer coisa que olha fixamente. 
Tem os olhos esbugalhados, a boca escancarada e as asas abertas. O anjo 
da história deve ter esse aspecto. Voltou o rosto para o passado. A cadeia de 
fatos que aparece diante dos nossos olhos é para ele uma catástrofe sem fim, 
que incessantemente acumula ruínas sobre ruínas e lhas lança aos pés. Ele 
gostaria de parar para acordar os mortos e reconstituir, a partir dos seus 
fragmentos, aquilo que foi destruído. Mas do paraíso sopra um vendaval que 
se enrodilha nas suas asas, e que é tão forte que o anjo já não as consegue 
fechar. Esse vendaval arrasta-o imparavelmente para o futuro, a que ele volta 
as costas, enquanto o monte de ruínas à sua frente cresce até o céu. Aquilo a 
que chamamos o progresso é este vendaval (Benjamim, 2013 , p. 14). 
 
Em outras palavras, podemos dizer que a visão de Benjamin diante do futuro 
da humanidade é aterradora, pois os eventos atuais tornam isso claro: a falta de 
água em vários países do mundo, a destruição constante do planeta devido a 
insaciável marcha do progresso do capitalismo tardio, a evidente desigualdade 
social, o modo de produção serializado e uniformizador, a violência contras as 
minorias, inclusive professores. Os avisos não são de ontem, eles já foram 
declarados há quase um século atrás. 
A ideia de progresso atacada por Benjamin, e que deixa o Anjo da História 
estupefato se assemelha aos encantamentos tecnológicos atuais que encobrem e, 
por vezes impedem uma leitura histórica, social, política, e cultural, a qual o filósofo 
alemão convoca a reflexão e ao combate. Pensar o desenvolvimento técnico e 
tecnológico como sinônimos e garantias de progresso, principalmente em termos de 
democracia e justiça dos bens sociais, políticos, culturais, econômicos entre outros, 
é uma ilusão, ou, para usar um termo do próprio Benjamin, uma fantasmagoria. 
Por outro lado, a Aufklärung defendida por Kant (1980) agora se tornou um 
modo de esclarecimento às avessas, no qual a mediocridade se faz patrona da 
 
 
verdade. O medíocre se tornou o porta-voz do mundo. A fórmula mais verdadeira 
que resume tal assertiva está na inversão da frase cartesiana que vai do “penso, 
logo existo” para um “consumo, logo existo”. 
É evidente que se está fazendo uma inferência indutiva à ideia cartesiana, 
mas de qualquer modo, a expressão ainda assim é portadora de sentido. 
Quais serão as ruínas que ficarão depois de nós? À essa pergunta, muitas respostas 
podem ser dadas, porém um dos problemas mais evidentes que constatamos é a 
falta de uma compreensão mais clara das consequências futuras das ações atuais, 
que Hans Jonas (1995/2006) defende em seu livro O Princípio Responsabilidade, 
ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Na linha de estudos inaugurada 
por Kant (1980), que visa despertar a importância de imperativos categóricos para a 
ação, Jonas depõe a favor de uma reconfiguração da ação humana que não paira 
mais no agente singular, mas que atinge prioritariamente a coletividade. Se o viés 
kantiano estava tomado por um modo de agir que preconizava uma ação do “si para 
o outro”, tomado por um telos universal visando o ontem para o hoje, Jonas declara 
que as ações humanas precisam ter como fim a coletividade pensando o hoje para o 
futuro. Como afirmam Claúdia Battestin e Gomercindo Ghiggi (2010, p. 71). 
 
no período moderno, o imperativo categórico kantiano foi mantido como 
sendo exemplar por muito tempo, tendo a pretensão de negar tudo que fosse 
extra-humano. Kant formulou seu imperativo com o seguinte propósito: ‘Age 
apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que 
ela se torne lei universal’ (Kant, 1980, p. 129) . Ou seja, age de tal maneira 
que o princípio de tua ação se transforme numa lei universal. O imperativo de 
Kant é um caso extremo da ética da intenção, obedecendo à ação individual, 
válido no plano individual. Este imperativo dirige-se ao imediato e só requer a 
consistência do ato consigo mesmo. 
 
Em contraponto ao princípio kantiano,Battestin e Ghiggi (2010) defendem 
que Jonas avança ao apontar o papel da responsabilidade que todos os seres 
 
 
humanos devem ter diante do mundo e da importância da reflexão acerca das 
próprias ações. 
 
O Princípio Responsabilidade, além de ser considerado um princípio ético, 
proporciona uma perspectiva de diálogo crítico em plena era tecnológica. 
Jonas entende que, “sob o signo da tecnologia, a ética tem a ver com ações 
de um alcance causal que carece de precedentes [...]. tudo isso coloca a 
responsabilidade no centro da ética” (Jonas, 1995, p. 16-17). Hans Jonas 
formulou um novo e característico imperativo categórico, relacionado a um 
novo tipo de ação humana: “Age de tal forma que os efeitos de tua ação 
sejam compatíveis com a permanência de uma vida humana autêntica sobre 
a terra” (Jonas, 1995 , p.40). O imperativo proposto por Hans Jonas é de 
ordem racional para um agir coletivo como um bem público e não individual ( 
Battestin, Ghiggi, 2010, p. 71). 
 
Essa inversão do telos da ação humana apontada por Jonas pode ser 
considerada como um novo meio para se refletir as consequências do consumismo 
e da ação devastadora do desejo ilimitado, isto é, Jonas critica as ações humanas 
que estão direcionadas apenas para o uso desmedido dos recursos do planeta. Sua 
visão diante do futuro não é nada promissora, tal como Benjamim aponta. Contudo, 
apesar dos avisos já ouvidos, é fundamental a reflexão de que o papel do ser 
humano diante da vida como um todo é repensar o que se almeja com aquilo que se 
deseja. Dito de outro modo, o ser humano precisa saber equilibrar as suas ações e 
as suas consequências. Como afirma Jonas: 
 
[...] Trata-se de saber se, sem restabelecer a categoria do sagrado, destruída 
de cabo a rabo pelo Aufklärung ( Iluminismo) científico, é possível ter uma 
ética que possa controlar os poderes extremos que hoje possuímos e que nos 
vemos obrigados a seguir conquistando e exercendo. [...] Mas uma religião 
inexistente não pode desobrigar a ética de sua tarefa; da religião pode-se 
dizer que ela existe ou não existe como fato que influencia a ação humana, 
mas no caso da ética é preciso dizer que ela tem que existir. Ela tem de 
existir porque os homens agem, e a ética existe para ordenar suas ações e 
 
 
regular seu poder de agir. Sua existência é tanto mais necessária, portanto, 
quanto maiores forem os poderes de agir que ela tem de regular. (Jonas, 
2006, p. 65-66). 
 
Em outras palavras, sabe-se que há um universo de políticas que tentam 
retomar o cuidado com o humano e com o planeta, porém, nem sempre essas 
políticas levam em consideração o viés ético e, por isso, logo são abafadas ou 
esquecidas. Como Jonas afirma, o viés religioso é facultativo, mas o aspecto ético é 
o mais importante na avaliação das ações humanas, pois todo ser humano age. Agir 
eticamente (como função por excelência da atividade filosófica) é a principal 
prerrogativa para a educação e para a política, porém, sempre é o aspecto mais 
olvidado. A responsabilidade humana deve ser mensurada pela ética pois do ponto 
de vista tecnológico, nos parece, que o primeiro ponto que impede o seu suposto 
progresso é a sua voz. É preciso rever as implicações do progresso pelo olhar crítico 
da ética filosófica. 
Porém, tudo isso pode aparentar ser apenas uma elucubração, pois o 
denominado biopoder, afirmado por Foucault e presente em muitos pensadores 
atuais, tornou a vida humana escrava de um exercício de poder que esquadrinha e 
monitora constantemente a vida humana, inclusive, no que se refere à sexualidade 
como “fonte da própria vida”. 
 
[...] A partir do século XVI, a ‘colocação do sexo em discurso’, em vez de 
sofrer um processo de restrição, foi ao contrário, submetida a um mecanismo 
de crescente incitação; que as técnicas de poder exercidas sobre o sexo não 
obedeceram a um princípio de seleção rigorosa mas, ao contrário, de 
disseminação e implantação das sexualidades polimorfas e que a vontade de 
saber não se detém diante de um tabu irrevogável, mas se obstinou – sem 
dúvida através de muitos erros – em se constituir uma ciência da sexualidade 
(Foucault, 1988 , p. 17-18). 
 
 
 
Sendo assim, vê-se com evidência que o controle sobre a vida não se 
redunda apenas a fiscalizar as ações e as intenções humanas, mas acima de tudo, 
as formas de perpetuação da própria vida. Entre o permitido e o proibido, entre os 
“sim” e os “não”, temos limitações e cerceamentos que configuram uma práxis de 
monitoramento da vida. Uma moral, que se tornou mais coercitiva do que a própria 
lei. Um saber que engendra uma maneira de visualizar a própria existência como 
algo que deve ser objeto de estudo científico. Um discurso que tenta amplificar a teia 
de poder e vigilância sobre as pessoas. 
Se, de um lado, temos a ideia foucaultiana de um controle sobre a vida que 
perpassa o aparato sociopolítico, temos pelo viés frankfurtiano, uma visão de 
reificação do ser humano, que não se vê nos objetos produzidos e que, por isso 
mesmo, são fantasmagóricos, providos de vida própria e detentores de um poder 
que ultrapassa o óbvio. É a total redução do sujeito a um objeto, que por um lado, é 
manipulado pelo sistema político e que, por outro, é manipulado pelas coisas. 
Assim afirma Nádia Paulo Ferreira (2010 , p. 426): 
 
[...] Não basta produzir mercadorias, é preciso gerar demandas. Da sigla do 
objeto, se extraem as imagens em torno das quais se constrói o discurso da 
publicidade. A função da marca é introduzir o objeto numa rede de 
associações significantes, fazendo com que se individualize e adquira 
significações que o tornem desejável. Só assim o objeto se torna sustentáculo 
da promessa de um gozo-a-mais. Tratase de uma estratégia que se constrói 
a partir do que é próprio da estrutura de um ser submetido às leis da 
linguagem. Se uma das faces da castração é o não haver da relação sexual, 
logo, o que se vende é o que não há para ser comprado. Mas se não há, é 
por isto mesmo que os objetos são apresentados como fetiches para tomar o 
lugar de um parceiro humano e gerar relações de dependência que venham 
substituir os laços entre os homens. 
 
Até aqui o nosso intento foi o de demonstrar a importância do pensamento 
hodierno acerca da vida humana ou, melhor, nosso intento foi o de apresentar de 
que maneira a vida humana foi mensurada, controlada e manipulada pelos modos 
 
 
de consumo e de vivência em sociedade. A partir desse entendimento, podemos 
compreender que a vida humana passou a ser objetivada e reificada, isto é, a vida 
humana reduzida a res. Essa res, a qual o ser humano se transformou agora é 
colocada em evidência no mundo político e no mundo educacional, principalmente 
se o fenômeno for analisado pela maximização da sujeição da própria noção de 
identidade: o que significa ser professor, por exemplo? Como vimos no ano de 2015, 
especificamente, em 29 de abril, professores do Estado do Paraná foram 
escorraçados e violentados pela ação truculenta da Polícia Militar por ordem do 
governador Beto Richa, que por se sentir ameaçado “pela voz” dos professores que 
reivindicavam seus direitos trabalhistas e se manifestavam contrários à sua ação 
ditatorial de “subsumir” com o instituto previdenciário. Esse ato desferido contra 
pessoas que assumiram o papel de educadores e comunicadores da educação 
demonstra que a violência atinge a todos aqueles que buscam sair ou não aceitar 
uma condição de reificação. O Angelus Novus apontado por Benjamim ainda 
sobrevoa os nossos campos que se assemelham, mesmo que metaforicamente, aos 
campos de concentração nazistas. Um chefe de Estado que age, desse modo, 
contra os seus professores apenas sublinha com veemência o seu autoritarismo e a 
noção de que todos devem obedecer a uma única lógica bem antiga mas sempre 
nova: diante do poder, só se deve obedecer. A valorização da identidade e da 
diversidade dos papeis

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