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Caderno de Sociologia - PJF

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SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 1 
 
 
 
 
CADERNO 
DE 
SOCIOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
CADERNO 1 e 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 2 
Cultura 
 
 
Cultura no senso comum 
Quem nunca ouviu falar algum dia “Fulano de Tal não têm cultura”?! No senso comum a cultura 
ganha um significado diferente. 
O significado de cultura no senso comum costuma vir atrelado a uma ideia de conhecimento, 
conhecimento esse que se adquire por meio de condições sociais. Por exemplo, “Fulano de Tal é tão culto! 
Estudou no exterior e fala cinco línguas diferentes”. Ao modo que tudo que é mais popular se torna menos 
significante nesse sentido, por exemplo, “Fulano de Tal não tem cultura, ele ouve funk”. Quando utilizamos 
essa forma de definição, estamos nos referindo a pessoas que não tiveram acesso a determinadas 
informações e saberes durante sua vida, e acabando por classificar esses conhecimentos ou saberes 
entre mais ou menos “sofisticados”. 
Sob essa óptica, cultura se torna um termo para classificar os indivíduos, as pessoas com as 
mesmas afinidades ou até grupos inteiros, de modo generalizante. Cultura se torna sinônimo de um 
projeto de civilidade. 
A sociologia entra a partir daqui para refutar esse sentido preconceituoso de se tratar a cultura. Aos 
olhos da sociologia cultura é tudo aquilo que vêm da criação humana, como por exemplo, ideias, 
costumes, leis, crenças e até as vestimentas. A cultura é todo esse apanhado de conhecimento 
proveniente do convívio social, por tanto, só os seres humanos possuem cultura, e não existe um ser 
humano sequer que não tenha cultura. 
 
Diferentes visões sobre o que é cultura 
 
Cultura é um termo de origem latina e que tem ligação com o verbo “cultivar”, no sentido de ser 
um meio de se buscar o crescimento – daí, por exemplo, a palavra agricultura. Essa ideia de se “buscar o 
crescimento” em termos de formação intelectual do homem, desejada como a mais ampla que se pudesse 
alcançar, foi utilizada de maneira usual a partir do Iluminismo, na Europa do século XVIII. “Cultura 
compreendia, então, tudo aquilo que um indivíduo deveria adquirir para se tornar uma pessoa moral e 
intelectual, no sentido mais pleno possível” (SIMÕES; GIUMBELLI, 2010, p.188). Daí, afirmarmos que 
alguns “têm mais cultura” do que outros, em razão do seu acesso a essa “formação intelectual mais 
ampla”, que pode incluir não somente a educação formal, adquirida nas escolas, como também, como um 
aperfeiçoamento posterior desse saber – e acessível a um número bem menor de pessoas –, o gosto 
“refinado” pelas artes plásticas, pela literatura, pela música clássica. 
Voltando mais ainda no tempo histórico, podemos dizer que o ato do ser humano de transformar a 
natureza pode ser entendido como uma primeira definição de cultura. Afinal, os homens e as mulheres 
são diferentes dos animais, pois eles são “inventores do mundo”. Isto significa dizer que os seres humanos 
são os únicos que não se submeteram totalmente à natureza, mas sim a transformam. Cultura, portanto, 
pode ser definida por oposição à natureza. Assim, o ser humano, ao contrário dos animais, não vive de 
acordo com seus instintos, mas sim a partir da sua capacidade de pensar a realidade que o cerca e de 
construir significados. Estes são realizações culturais, que se transformam em símbolos. Os símbolos são 
representações dos homens sobre a sua realidade, e não estão presentes em todas as sociedades da 
mesma forma, variando de acordo com o tempo histórico e com o espaço físico e geográfico. Essa é outra 
forma de definir cultura, ou seja, como uma representação da realidade ou da ação dos indivíduos. 
A representação da realidade acontece muitas vezes por meio dos símbolos. O termo símbolo tem 
sua origem no grego (sýmbolon), que designa um elemento representativo que está no lugar de algo que 
tanto pode ser um objeto como um conceito ou ideia. 
O símbolo é um elemento essencial na comunicação e nas culturas, e é difundido no cotidiano 
pelas mais variadas formas da realidade e do saber humanos. Alguns símbolos são reconhecidos 
internacionalmente e outros, só em um determinado grupo ou contexto religioso, cultural etc... 
Podemos resumir símbolo como alguma coisa que representa algo para alguém, e ele será um dos 
elementos centrais das culturas. Por meio dos símbolos, os indivíduos representam a realidade em que 
vivem e formam a sua cultura, cultivam e inventam formas de se relacionar uns com os outros, formam 
uma visão sobre o mundo. Portanto, diferentemente do senso comum, a cultura como forma de 
representar a realidade existe em todos os lugares e indivíduos, não havendo, portanto, pessoas que têm 
e pessoas que não têm cultura. Todos nós temos uma cultura, que se expressa em símbolos – as formas 
de se vestir, as formas de falar, as formas religiosas, as formas artísticas etc. 
 SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 3 
 
Cultura e o significado antropológico 
 
No sentido antropológico, cultura é um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e 
deve ser classificado. 
A Antropologia é uma Ciência Social que nasceu no século XIX, como um projeto de ciência que 
consistia em reconhecer, conhecer e compreender a diversidade das manifestações culturais dos povos 
no tempo e no espaço. A Antropologia nos permitiu descobrir que aquilo que pensávamos ser natural em 
nós mesmos é, na verdade, cultural, ou seja, ficamos perplexos e conscientes de que o menor de nossos 
comportamentos (gestos, mímicas, posturas, reações afetivas) não tem realmente nada de natural. Enfim, 
a Antropologia nos diz que o conhecimento de nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento 
de outras culturas; e devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre tantas 
outras, mas não a única. 
Para entendermos melhor o significado antropológico de cultura, vamos nos reportar ao 
antropólogo brasileiro Roberto DaMatta que elaborou uma síntese de algumas dessas definições. 
Segundo ele, cultura “é um mapa, um receituário, um código, através do qual, as pessoas de um dado 
grupo pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmas” (DaMATTA, 1986, p. 123). Em 
outras palavras, a cultura é o “cimento” que dá unidade a certo grupo de pessoas que divide os 
mesmos usos e costumes, os mesmos valores. Deste ponto de vista, portanto, podemos dizer que tudo o 
que faz parte do mundo humano é cultura. Concretamente, podemos falar de culturas, ao invés de 
cultura, no singular. 
Assim, referimo-nos a uma cultura indígena, com seus modos de vestir, dormir, caminhar, se 
relacionar etc., como a uma cultura chinesa, japonesa, francesa, cigana, nordestina... Enfim, quando 
estudamos e identificamos traços de comportamentos, personalidades, simbologias comuns, atitudes 
comuns em determinados grupos, comunidades ou nações, podemos dizer que há uma cultura específica 
desses indivíduos que compõem grupos, comunidades ou nações. 
 
 
Resumindo: 
• No decorrer da História, os instintos originais do homem foram secundarizados pela cultura; 
• A cultura é produzida pelo homem em qualquer meio geográfico; 
• A cultura permitiu que o homem se adaptasse ao meio, como também que este se adaptasse ao próprio 
homem e suas necessidades; 
• A herança cultural prevalece sobre a herança genética do homem, pois este aprende hábitos e costumes 
através da sua cultura; 
• A cultura é acumulada socialmente a partir da experiência histórica vivida pelas gerações anteriores; 
• A cultura estabelece regras que determinam como o mundo pode e deve ser classificado; 
• A cultura condiciona o comportamento humano e pode servir como justificativa para todas as suas 
ações; 
• A cultura dá unidade a grupos de pessoas que compartilham os meus usos, costumes evalores; 
• Uma cultura se modifica (e modifica) no contato com outra cultura. 
 
Cultura Erudita e Cultura Popular 
 
Ao analisar o “Renascimento”, movimento cultural surgido no norte da Itália, nos séculos XIV e XV, 
percebemos que ele estava ligado a uma determinada parcela da população da Europa: a burguesia. A 
burguesia era formada por comerciantes que tinham como objetivo principal o lucro, através do comércio 
de especiarias vindas do oriente. Esse segmento da sociedade conquistou não apenas novos espaços 
sociais e econômicos, mas também procurou resgatar ou fazer renascer antigos conhecimentos da cultura 
greco- romana. Daí o nome Renascimento. Desde a sua origem, a burguesia preocupou-se com a 
transmissão desse conhecimento a seus pares. A partir daí, então, foram surgindo instituições como as 
universidades, as academias e as ordens profissionais (advogados, médicos, engenheiros e outros). Com 
o passar dos séculos e com o processo de escolarização, a cultura dessa elite burguesa tomou corpo, 
desenvolveu-se com base em técnicas racionalistas e científicas. Surgiu assim a cultura erudita. Essa 
cultura “erudita”, ou “superior”, também designada de “elite”, foi se distanciando da cultura, da maioria 
da população, pois era feita pela e para a burguesia. Por isso, ao pensarmos em cultura erudita, 
imediatamente concluímos que seus produtores fazem, parte de uma elite política, econômica e cultural 
que pode ter acesso ao saber associado à escrita, aos livros, ao estudo. 
 SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 4 
A cultura popular, por sua vez, mais próxima do senso comum e mais identificada com ele, é 
produzida e consumida pela própria população, sem necessitar de técnicas racionalizadas e científicas. É 
uma cultura em geral transmitida oralmente, registrando as tradições e os costumes de um 
determinado grupo social. Da mesma forma que a cultura erudita, a cultura popular alcança formas 
artísticas expressivas e significativas. Vale ressaltar que, ao afirmar que os produtores da cultura erudita 
fazem parte de uma elite não significa dizer que essa cultura seja homogênea, é impossível definir cultura 
erudita, porque não podem ser homogeneizados os elementos culturais produzidos por intelectuais, 
fazendeiros, empresários, burocratas, etc. porém, é igualmente impossível definir cultura popular, dada às 
populações culturais diferenciadas de camponeses, operários, classe média baixa, etc. 
 
Indústria Cultural 
 
A partir do final do século XX, a industrialização em larga escala atingiu, também, os elementos da 
cultura erudita (pertencente a uma elite que pode ter acesso ao saber associado à escrita, aos livros, ao 
estudo) e da cultura popular (aquela de senso comum produzida e consumida pela própria população, sem 
necessidade de técnicas racionalizadas e científicas, transmitida oralmente, registrando as tradições e os 
costumes de um determinado grupo social). O incessante desenvolvimento da tecnologia, tornando-a cada 
vez mais sofisticada, principalmente nos meios de comunicação de massa (p.ex. cinema, rádio, televisão), 
passou a atingir um grande número de pessoas, dando origem à “cultura de massa”. Ao contrário das 
culturas erudita e popular, a cultura de massa não está ligada a nenhum grupo social específico, pois é 
transmitida de maneira industrializada, para um público generalizado, de diferentes camadas 
socioeconômicas. 
O que temos, então, é a formação de um enorme mercado de consumidores em potencial, 
atraídos pelos produtos oferecidos pela indústria cultural. Esse mercado constitui o que chamamos de 
“sociedade de consumo”. Em "Dialética do Iluminismo", texto clássico escrito em 1947 por Adorno e 
Horkheimer, pertencentes à Escola de Frankfurt, define-se indústria cultural como um sistema político e 
econômico que tem por finalidade produzir bens de cultura (p.ex. filmes, livros, música popular) como 
mercadorias e como estratégia de controle social. Desta maneira, filmes e músicas de quaisquer gêneros 
são vendidos não como bens artísticos ou culturais, mas como produtos de consumo e, por consequência, 
ao invés de contribuírem para formação de cidadãos críticos, manteriam as pessoas "alienadas" da 
realidade. Em outras palavras, “Indústria cultural” é o termo empregado para designar o modo de fazer 
cultura a partir da lógica da produção industrial que possui padrões que se repetem com a intenção de 
formar uma estética ou percepção comum voltada para o consumismo, a arte passa a ser produzida 
visando o lucro. 
Com a industrialização dos elementos da cultura erudita e da popular, o produto cultural irá se 
apresentar de uma forma esteticamente nova e diferente. Podemos tomar como exemplo a gravação de 
uma sinfonia de Beethoven executada com o auxílio de sintetizadores e outros aparelhos de alta 
tecnologia, cujo ritmo e som diferentes quase original uma nova obra. A indústria cultural, utilizando-se dos 
meios de comunicação de massa, primeiramente lança seu produto em grande quantidade (tiragens de 
milhões de discos, por exemplo) e depois induz as pessoas a consumirem esse produto, apelando para 
outras razões além de seu valor artístico. A cultura de massa, ao divulgar através dos meios de 
comunicação produtos culturais de diferentes origens (erudita ou popular), possibilita o seu conhecimento 
por diferentes camadas sociais, criando também um campo estético próprio e atraente voltado para o 
consumo generalizado da sociedade. 
 
Meios de Comunicação de Massa – Instrumentos de Poder 
 
Vivemos em uma era interligada em que pessoas de todo o planeta participam de uma única ordem 
informacional uma situação que é, em grande parte, resultado do alcance internacional das comunicações 
modernas. As transformações na mídia ou nas comunicações de massa contribuem radicalmente na 
alteração da vida das pessoas e suas relações no meio sociocultural. 
Quando se fala em mídia de massa ou comunicação de massa está se referindo a uma ampla 
variedade de formas de meios de comunicação que abrange um volume de audiência enorme e que 
envolve milhões de pessoas em toda uma sociedade moderna e globalizada como a nossa. São meios de 
comunicação de massa: a televisão, os jornais, o cinema, as revistas, o rádio, a publicidade, vídeos 
games, CDs, internet, celulares e etc. 
A mídia de massa não pode mais ser vista como um simples meio de entretenimento, como se 
fosse algo que não interferisse na vida das pessoas; as comunicações de massa são instrumentos de 
 SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 5 
informação que influencia em nossa forma de pensar e agir, atingindo o comportamento individual, social, 
cultural e institucional; como o caso da alteração de valores sociais dos jovens, as banalidades de 
questões sociais (pobreza, desemprego, violência, corrupção) e a opinião pública (posicionamento 
reflexivo e prático das pessoas em determinadas situações específicas sobre questões socioeconômicas, 
política-jurídico e cultural-ideológica). 
Os donos dos meios de comunicação de massa são os novos donos de um poder moderno e 
tecnológico, pois eles têm em suas mãos instrumentos que podem influenciar, controlar, manipular ou 
interferir nas estruturas sociais, seja nas instituições sociais, econômicas ou políticas; a mídia de massa 
têm dono, são grupos de pessoas que vivem de lucro, logo suas empresas estão a serviço de seus 
interesses, que com certeza não é o da sociedade como um todo. Os meios de comunicação de massa se 
relacionam intimamente com o capitalismo. A mídia exerce seu poder de uma forma ideológica, 
camuflando suas intenções através da exposição de marketing sistematicamente e intensivamente visando 
incutir na cabeça das pessoas perspectivas alheias aos seus próprios interesses. Isso acontece, por 
exemplo, na veiculaçãode comerciais, novelas, filmes, desenhos, programas, séries, telejornais ou jornais 
escritos, revistas, rádios e etc. (PIERRE BOURDIEU). 
 
Identidade 
 
A identidade é um conceito importante que devemos entender. Todas as pessoas se identificam 
com alguma coisa e, também, recorrentemente usamos essa palavra em nosso cotidiano. Mas, para as 
ciências sociais o que ela significa? 
Vamos pensar nos seguintes termos: o que define um povo, apesar disto compor sua cultura, não é 
uma mera demarcação territorial ou sua língua, mas, todo um conjunto de características – sociais, 
políticas e culturais – que o fazem um grupo indenitário, se diferenciado, assim, de outros grupos. 
Logo, o que faz um determinado povo se diferenciar de outro é justamente a identidade. Portanto, a 
identidade: 
Propicia a sensação de pertencimento, fazendo com que cada indivíduo dívida a sociedade em 
dois grupos: nós e eles. Os que são como eu e os que não são. Desse modo, sabemos quem somos por 
sabermos que não somos o outro. A identidade, portanto, é definida pela diferença, estabelecida por uma 
marcação simbólica relativa a outras identidades (ARAUJO, 2012). 
A identidade está internalizada em nós. Assim, muitas vezes, suas características passam 
despercebidas, a ponto de indivíduos perceberem que fazem parte de um grupo somente quando são 
postos à frente de um outro grupo indenitário. 
Na modernidade, a consolidação de grandes identidades coletivas foi uma marca importante, 
principalmente aquelas originadas pelas condições de existência, como as identidades de classe ou 
nacionais. Entretanto, nas últimas décadas, as transformações sociais ocorridas em todas as sociedades 
modificaram os elementos constituintes das identidades. Nesse contexto, identidades são construídas em 
relação a demandas específicas de diferentes grupos, definidos com base em critérios como etnia, gênero 
etc. 
Para a Antropologia, a identidade ela não é inata, sendo a mesma construída. Ela é construída, 
justamente, por intermédio de nossas relações sociais, crenças e costumes. Logo, no próprio indivíduo 
várias identidades podem ter espaço. Por exemplo, uma pessoa pode se identificar como “homem”, 
“católico” e “de esquerda”. Todas essas formas de enxergar o mundo, são identidades. As identidades, 
para a antropologia, não devem ser hierarquizadas, umas como mais evoluídas do que outras. 
Continuando, a identidade não deve ser apenas uma questão de uso de objetos. Por exemplo, se 
identificar enquanto “índio” não deve ser interpretada como uma questão de usar arco, flecha e pintar o 
rosto. Ser “índio” é muito mais do que isso. Para os antropólogos, a temática tange a um modo de ser e 
não um modo de aparecer. Ou seja, o índio não deixa de ser índio por não usar coisas ligadas a tradição, 
e muito menos deixa de ser por usar coisas advindas de outras culturas. Nós, brasileiros, por exemplo, 
usamos uma série de coisas de outras culturas e não deixamos, ainda, de ser brasileiros. Eduardo 
Viveiros de Castro (2006), ilustra bem a questão: 
A identidade designava para nós um certo modo de devir, algo essencialmente invisível, mas nem 
por isso menos eficaz: um movimento infinitesimal incessante de diferenciação, não um estado massivo de 
“diferença” interiorizada e estabilizada, isto é, uma identidade. (Um dia seria bom os antropólogos pararem 
de chamar identidade de diferença e vice-versa.) A nossa luta, portanto, era conceitual: nosso problema 
era fazer com que o “ainda” do juízo de senso comum “esse pessoal ainda é índio” (ou “não é mais”) não 
significasse um estado transitório ou uma etapa a ser vencida. A ideia é a de que os índios “ainda” não 
tinham sido vencidos, nem jamais o seriam. Eles jamais acabariam de ser índios, “ainda que”... Ou 
 SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 6 
justamente porque. Em suma, a ideia era que “índio” não podia ser visto como uma etapa na marcha 
ascensional até o invejável estado de “branco” ou “civilizado” (VIVEIROS DE CASTRO, 2006). 
Isto é, a questão da identidade é uma questão múltipla. Novas identidades estão sempre com a 
possibilidade de surgir, devido ao contato entre as culturas. Contudo, as “antigas” identidades também 
estão presentes no espaço. Cabe somente ao indivíduo perceber e pensar como se situar perante a este 
fator. 
 
Ideologia 
 
O estudo das ideias produzidas em uma sociedade aparece nos escritos de Marx como uma 
problematização da noção de consciência. Marx procurou demonstrar que ideias, representações da 
realidade, pensamentos e conceitos não são frutos espontâneos da consciência humana, os reflexos 
ideológicos das relações sociais (dadas pelas relações de produção de bens materiais) concretas entre 
seres humanos. Sob esse ponto de vista, só é possível entender as ideias dominantes em cada período 
histórico com análise das relações concretas entre os indivíduos, como as relações de poder e dominação 
entre senhores e escravos, reis e súditos, patrões e empregados. 
Por meio da ideologia, os interesses da classe dominante se transformam nos interesses de toda a 
coletividade e constituem a ideologia de uma época. Foi assim que, com o triunfo do liberalismo no século 
XIX, defendeu- se a bandeira da liberdade, mesmo que tal liberdade seja desfrutada apenas por uma 
pequena parcela da população, aqueles que não são submetidos à exploração. 
 Para Marx, as ideologias seriam representações do mundo, elaboradas pelas classes dominantes, 
que visam à manutenção e à reprodução das relações de dominação. Outros teóricos abordaram a 
questão da ideologia de forma diferente. O filósofo e político italiano Antônio Gramsci, por exemplo, afirma 
que as classes dominadas também possuem sua própria ideologia, já que ideologia seria sinônimo de 
visão de mundo de um grupo ou classe social. 
 
Teorias antropológicas culturais 
Ao longo da história da cultura na antropologia, surgem diversas teorias para explicar-la, teorias 
como: 
 
Evolucionista: De acordo com a teoria evolucionista da humanidade, a história do homem seguiu, desde 
sempre, um mesmo caminho, linear e progressivo. 
Para os evolucionistas o mundo se divide entre “primitivos” e “civilizados”. Onde a sociedade segue 
leis gerais de evolução humana, ou seja, uma única cultura, dividida em estágios. Analisando algumas 
condições entendidas como universais, pode-se traçar o caminho realizado pelo homem desde seus 
primórdios até os dias de hoje, evidenciando uma diferença temporal entre aqueles que ainda não 
possuíam determinados estágios desenvolvidos. 
 
Determinismo (biológico, geográfico e racial): Esse conceito estabelece uma visão de que o homem 
está condicionado a seguir mecanismos biológicos, determinantes para a vida. 
No determinismo todos os fatores são dependentes de uma casualidade, ou seja, determinados por 
algo, ou seja, não há livre-arbítrio, são situações pré-determinadas e não há espaço para mudanças. 
Por exemplo, para os deterministas características físicas e psicológicas do ser humano eram 
condicionadas pela raça e nacionalidade que os colocam em determinadas classes. 
 
Difusionismo:Nessa teoria os difusionistas acreditavam que uma inovação tinha inicio em uma cultura 
específica, para a partir da ser difundida de várias maneiras para o restante dos povos, ou seja, ela tinha 
um ponto inicial e eram transmitidas através do deslocamento. 
 
Relativismo cultural:Franz Boas foi um antropólogo americano e um dos pioneiros e revolucionários da 
antropologia moderna. 
Boas critica os métodos anteriores existentes utilizados para estudar o surgimento da cultura 
(evolucionismo, determinismo, difusionismo). 
O evolucionismo por ser uma teoria etnocêntrica, que coloca os europeus no topo, onde tudo era 
comparado a eles. E já que cultura como vimos anteriormente é uma soma dos traços de determinada 
sociedade, entendemos que elas são únicas, por tanto não devem sercomparadas. 
 SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 7 
Ao determinismo por obviamente ser uma teoria racista e muito fácil de ser refutada, por exemplo, 
se pegar um bebê chinês e criar-lo na alemanha, com uma família alemã, independente de suas 
características físicas e biológicas, ela vai crescer de acordo com a cultura dessa família alemã. 
Ao difusionismo por não terem provas suficientes que sustentem essa teoria. 
A partir de então Boas Propõe o relativismo cultural . Que propõe o entendimento de determinados 
povos através deles mesmos, através de suas próprias crenças. Aqui já não há mais comparações. 
De acordo com a teoria de Boas, as culturas são únicas e estão em constante transformação, em 
um permanente estado de fluxo. 
 
Relativismo: Não há verdade absoluta. Propõe uma abordagem cultural e moral sem julgamentos pré-
concebidos. 
 
 
Exercícios 
 
1) O que significa cultura no sentido antropológico? 
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2) O que significa a afirmação “nossa sociedade é multicultural”? 
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3) Explique a importância da definição de cultura pela Sociologia, comparando-a com a definição do senso 
comum. 
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4) (ENEM, 2001) Os textos referem-se à integração do índio à chamada civilização brasileira. I - “Mais uma 
vez, nós, os povos indígenas, somos vítimas de um pensamento que separa e que tenta nos eliminar 
cultural, social e até fisicamente. A justificativa é a de que 
somos apenas 250 mil pessoas e o Brasil não pode suportar esse ônus. (...) É preciso congelar essas 
idéias colonizadoras, porque elas são irreais e hipócritas e também genocidas. (...) Nós, índios, queremos 
falar, mas queremos ser escutados na nossa língua, nos nossos costumes.” Marcos Terena, presidente do 
Comitê Intertribal Articulador dos Direitos Indígenas na ONU e fundador das Nações Indígenas, Folha de 
S. Paulo, 31 de agosto de 1994. 
 
II - “O Brasil não terá índios no final do século XXI (...) E por que isso? Pela razão muito simples que 
consiste no fato de o índio brasileiro não ser distinto das demais comunidades primitivas que existiram no 
mundo. A história não é outra coisa senão um processo civilizatório, que conduz o homem, por conta 
própria ou por difusão da cultura, a passar do paleolítico ao neolítico e do neolítico a um estágio 
civilizatório. ” Hélio Jaguaribe, cientista político, Folha de S. Paulo, 2 de setembro de 1994. 
 
Pode-se afirmar, segundo os textos, que: 
 SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 8 
 
(A) tanto Terena quanto Jaguaribe propõem idéias inadequadas, pois o primeiro deseja a aculturação feita 
pela “civilização branca”, e o segundo, o confinamento de tribos. 
(B) Terena quer transformar o Brasil numa terra só de índios, pois pretende mudar até mesmo a língua do 
país, enquanto a ideia de Jaguaribe é anticonstitucional, pois fere o direito à identidade cultural dos índios. 
(C) Terena compreende que a melhor solução é que os brancos aprendam a língua tupi para entender 
melhor o que dizem os índios. Jaguaribe é de opinião que, até o final do século XXI, seja feita uma limpeza 
étnica no Brasil. 
(D) Terena defende que a sociedade brasileira deve respeitar a cultura dos índios e Jaguaribe acredita na 
inevitabilidade do processo de aculturação dos índios e de sua incorporação à sociedade brasileira. 
(E) Terena propõe que a integração indígena deve ser lenta, gradativa e progressiva, e Jaguaribe propõe 
que essa integração resulte de decisão autônoma das comunidades indígenas. 
 
5) (ENEM, 2010) Não é raro ouvirmos falar que o Brasil é o país das danças ou um país dançante. Essa 
nossa “fama” é bem pertinente, se levarmos em consideração a diversidade de manifestações rítmicas e 
expressivas existentes de Norte a Sul. Sem contar a imensa repercussão de nível internacional de 
algumas delas. Danças trazidas pelos africanos escravizados, danças relativas aos mais diversos rituais, 
danças trazidas pelos migrantes etc. Algumas preservam suas características e pouco se transformaram 
com o passar do tempo, como o forró, o maxixe, o xote, o frevo. Outras foram criadas e são recriadas a 
cada instante: inúmeras influências são incorporadas, e as danças transformam-se, multiplicam-se. Nos 
centros urbanos, existem danças como o funk, o hip hop, as danças de rua e de salão. É preciso deixar 
claro que não há jeito certo ou errado de dançar. Todos podem dançar, independentemente de biótipo, 
etnia ou habilidade, respeitandose as diferenciações de ritmos e estilos individuais. GASPARI, T. C. Dança 
e educação física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2008 (adaptado). 
 
Com base no texto, verifica-se que a dança, presente em todas as épocas, espaços geográficos e culturais 
é uma: 
(A) prática corporal que conserva inalteradas suas formas, independentemente das influências culturais da 
sociedade. 
(B) forma de expressão corporal baseada em gestos padronizados e realizada por quem tem habilidade 
para dançar. 
(C) manifestação rítmica e expressiva voltada para as apresentações artísticas, sem que haja 
preocupação com a linguagem corporal. 
(D) prática que traduz os costumes de determinado povo ou região e está restrita a este. 
(E) representação das manifestações, expressões, comunicações e características culturais de um povo. 
 
6) (ENEM, 2011) Em geral, os tupinambás ficam bem admirados ao ver os franceses e os outros dos 
países longínquos terem tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil. Houve uma vez um 
ancião da tribo que me fez esta pergunta: “Por que vindes vós outros, mairs e pêros (franceses e 
portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?” 
O viajante francês Jean de Loy (1534-1611) reproduz um diálogo travado, em 1557, com um ancião 
tupinambá o qual demonstra uma diferença entre a sociedade europeia e a indígena no sentido: 
(A) do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas culturais. 
(B) da preocupação com a preservação dos recursos ambientais. 
(C) do interesse de ambas em uma exploração comercial mais lucrativa do pau-brasil. 
(D) da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas. 
(E) da preocupação com o armazenamento de madeira para os períodos de inverno. 
 
7) (ENEM,2011) A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currículo dos estabelecimentos de ensino 
fundamental e médio, oficiais e particulares, a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-
Brasileira e determina que o conteúdo programático incluirá o estudo da História da África e dos africanos, 
a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, 
resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do 
Brasil, além de instituir, no calendário escolar, o dia 20 de novembro como data comemorativa do Dia da 
Consciência Negra. 
A referida lei representa um avanço não só para a educação nacional, mas também para a sociedade 
brasileira, porque: 
 SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 9 
(A) legitima o ensino das ciências humanas nas escolas. 
(B) divulga conhecimentos para a população afro-brasileira. 
(C) reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e sua cultura. 
(D) garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso à educação. 
(E) impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnico-racial do país. 
 
Referências: 
Sociologia hoje: volume único: ensino médio / Igor José de Renó Machado… [et al.]. – 1. ed. – São Paulo: 
Ática, 2013. 
 
Sociologia para jovens do século XXI, Luiz Fernandes de Oliveira e Ricardo Cesar Rocha da Costa. – 
3.ed. – Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2013. 
 
Sociologia em movimento– 1. ed. – São Paulo: Moderna, 2013.

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