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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA ALUNA: RENATA RAMOS MATRÍCULA: 20171106685 RESUMO EXPANDIDO – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA INTRODUÇÃO Ao redor do mundo, medidas de isolamento social foram implementadas visando conter a rápida disseminação do novo coronavírus, haja vista o expressivo número de vítimas fatais gerados pela doença. A medida é essencial no combate a rápida propagação do vírus, entretanto, não é plausível ignorar dados de violência doméstica que vêm crescendo neste mesmo período. Em síntese, em meio à pandemia, uma dura realidade, mascarada em muitos lares, torna-se, agora, mais visível. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA A violência doméstica contra a mulher tem sido um problema cada vez mais em pauta nas discussões e preocupações da sociedade brasileira. Apesar de sabermos que tal violência não é um fenômeno exclusivamente contemporâneo, o que se percebe é que a visibilidade política e social desta problemática tem um caráter recente. Para a OMS, o Brasil ocupa a 5ª posição no ranking dos países que mais matam mulheres entre as 83 nações. Mais da metade de toda essa violência contra a mulher são cometidos por familiares, e um terço, por parceiros ou ex-parceiros. A violência doméstica e familiar contra a mulher caracteriza uma forma específica de violação dos direitos humanos. Essa violação é representada por qualquer ação ou omissão baseada no gênero que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, e tenha sido praticada no âmbito da unidade doméstica, no âmbito da família ou no âmbito de qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) não criou o crime de violência doméstica, mas, ao definir e especificar as diversas formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, permitiu uma tipificação mais eficiente dos crimes já previstos na legislação. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL NO AMBITO DA VIOÊNCIA DOMÉSTICA Princípio da Legalidade O princípio da legalidade é princípio básico do Direito no Brasil, previsto no artigo 5º, XXXIX da Constituição Federal, bem como no artigo 1º do Código Penal. Esse princípio estabelece que a fonte do Direito Penal será a Lei, portanto, visa proibir que crimes sejam criados por costume, analogia ou, ainda, determinar que não haja incriminações vagas, tendo em vista que de acordo com o princípio, a lei é a fonte do Direito Penal. A Lei Maria da Penha representou uma verdadeira guinada na história da impunidade e incorporou o avanço legislativo internacional e se transformou no principal instrumento legal de enfrentamento à violência doméstica contra a mulher no Brasil. Princípio da Lesividade O princípio da lesividade (também chamado de princípio da ofensividade) estabelece que só são passíveis de punição por parte do Estado as condutas que lesionem ou coloquem em perigo um bem jurídico penalmente tutelado. A criminalização deve ter o interesse legítimo de evitar lesão ou ameaça de lesão a bens jurídicos determináveis, concretos e relevantes pelo ordenamento jurídico, de modo que, não pode o Direito Penal, punir comportamento que a sociedade julga como incorreto ou imoral. Nesse sentido, sendo a vida humana e a integridade física bens jurídicos tutelados, e a violência doméstica ser uma lesão a direito fundamental, estando devidamente positivada, é plenamente passível de sanção penal. https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95552/lei-maria-da-penha-lei-11340-06 Princípio da Culpabilidade No princípio da culpabilidade, de forma rudimentar, não existe crime sem culpabilidade (Nullum crimen sine culpa). E o Direito Penal faculta um triplo sentido ao conceito de culpabilidade que são: fundamento da pena, o elemento de determinação ou medição da pena e o conceito contrário à responsabilidade objetiva. Determina a Lei Maria da Penha que todo o caso de violência doméstica é considerado crime. Portanto, deve ser verificado através de inquérito policial e ser encaminhado ao Ministério Público. Cabe aos Juizados Especializados de Violência Doméstica contra a Mulher julgar tais crimes. De tal modo, uma vez que a Lei Maria da Penha afirma com eloquência os direitos fundamentais das mulheres, trouxe consigo a interpretação que trata o acusado como “coisa”, devendo agora o acusado ao mesmo tempo se defender e provar sua inocência. Toda pessoa tem o direito constitucional de ser presumido inocente. O princípio da culpabilidade é a segurança de uma pena justa, concordante à culpabilidade pessoal do autor do delito, diante das penas excedentes, e descomunal à gravidade do fato ou reprovação moral que o autor do mesmo esteja a merecer. UM PROBLEMA DA SOCIEDADE No Brasil, estima-se que cinco mulheres são espancadas a cada 2 minutos; o parceiro (marido, namorado ou ex) é o responsável por mais de 80% dos casos reportados, segundo a pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e Privado (FPA/Sesc, 2010). Apesar dos dados alarmantes, muitas vezes, essa gravidade não é devidamente reconhecida, graças a mecanismos históricos e culturais que geram e mantêm desigualdades entre homens e mulheres e alimentam um pacto de silêncio e conivência com estes crimes. A pesquisa de tolerância social à violência contra as mulheres (Ipea, 2014), demonstra que 63% dos entrevistados concordam, total ou parcialmente, https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95552/lei-maria-da-penha-lei-11340-06 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95552/lei-maria-da-penha-lei-11340-06 que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família”. E 89% concordam que “a roupa suja deve ser lavada em casa”, enquanto que 82% consideram que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”. Diversas leis e normas nacionais e internacionais, buscam lançar por terra a minimização desse tipo de crime, frisando que é urgente reconhecer que a violência doméstica e familiar contra mulheres e meninas é inaceitável e, alertando que os governos, organismos internacionais, empresas, instituições de ensino e pesquisa e a imprensa devem assumir um compromisso de não conivência com o problema. Esta é uma questão grave, que impede a realização do pleno potencial de trajetórias pessoais, vítima, famílias inteiras marcadas pela violência e, assim, limita o desenvolvimento global da sociedade. Dados do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento apontam que uma em cada cinco faltas ao trabalho no mundo é motivada por agressões ocorridas no espaço doméstico. Essas instituições calculam ainda que as mulheres em idade reprodutiva perdem até 16% dos anos de vida saudável como resultado dessa violência. REFERÊNCIAS: A Lei Maria da Penha e os direitos humanos da mulher no contexto internacional. Disponível em https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-79/a-lei-maria-da- penha-e-os-direitos-humanos-da-mulher-no-contexto-internacional/amp/. Acesso em 04/12/2020. O Sistema Internacional De Proteção Dos Direitos Humanos E A Lei Maria Da Penha. Disponível em https://rosemirtheodoro.jusbrasil.com.br/artigos/519461993/o-sistema- internacional-de-protecao-dos-direitos-humanos-e-a-lei-maria-da-penha. Acesso em 04/12/2020. Violência Doméstica no Brasil: desafios do isolamento. Disponível em https://www.politize.com.br/violencia-domestica-no-brasil/. Acesso em 04/12/2020. Lei Maria da Penha: uma análise crítica à luz da criminologia feminista. Disponível em https://www.scielo.br/pdf/sdeb/v43nspe4/0103-1104-sdeb-43-spe04- 0140.pdf. Acesso em 04/12/2020. https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-79/a-lei-maria-da-penha-e-os-direitos-humanos-da-mulher-no-contexto-internacional/amp/ https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-79/a-lei-maria-da-penha-e-os-direitos-humanos-da-mulher-no-contexto-internacional/amp/https://rosemirtheodoro.jusbrasil.com.br/artigos/519461993/o-sistema-internacional-de-protecao-dos-direitos-humanos-e-a-lei-maria-da-penha https://rosemirtheodoro.jusbrasil.com.br/artigos/519461993/o-sistema-internacional-de-protecao-dos-direitos-humanos-e-a-lei-maria-da-penha https://www.politize.com.br/violencia-domestica-no-brasil/ https://www.scielo.br/pdf/sdeb/v43nspe4/0103-1104-sdeb-43-spe04-0140.pdf https://www.scielo.br/pdf/sdeb/v43nspe4/0103-1104-sdeb-43-spe04-0140.pdf
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