Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Abstract - O estabelecimento da norma IEC 61850 para redes de comunicação e sistemas em subestações elétricas possibilita a aplicação de dispositivos inteligentes baseados em comunicação ponto a ponto de alta velocidade, com medidas distribuídas, controle, proteção e soluções baseadas em amostras de valores analógicos. Esse trabalho mostra aspectos da implementação da norma e o processo de validação dos dispositivos e sistemas baseados na IEC61850. Index Terms — Comunicação, Subestação, Testes, Interoperabilidade, Protocolo, IEC61850. I. INTRODUÇÃO tecnologia utilizada nos sistemas de proteção está tornando-se mais e mais complexa com a utilização de dispositivos numéricos microprocessados [1]. Esse dispositivo, agora denominado Dispositivo Eletrônico Inteligente (IED - Intelligent Electronic Device) ou Sistema Eletrônico Inteligente (IES - Intelligent Electronic System), têm incorporado novas funcionalidades, tais como: • Execução de funções de proteção e controle • Alta velocidade nos dispositivos de comunicação; • Utilização da rede local com funções distribuídas; • Capacidade para aquisição de dados e medição; • Controle de algoritmos para eliminar rapidamente a falta. A figura 1 mostra uma representação da evolução das tecnologias empregadas na fabricação dos IEDs. Fig 1: Evolução das tecnologias na fabricação de IEDs. O desenvolvimento e a implantação dos dispositivos baseados na IEC 61850 e dos sistemas de automação da M. E de C. Paulino é Gerente Técnico da Adimarco Representações e Serviços Ltda, Rio de Janeiro, Brasil (e-mail: marcelo@adimarco.com.br). subestação elétrica necessitam de uma nova geração de dispositivos de teste e métodos especiais para o ensaio funcional dos diferentes componentes do sistema [2]. Este trabalho discute em detalhes os requisitos para o teste de IEDs utilizados em sistemas de automação de subestações complexas baseadas na IEC 61850. Os métodos de teste necessitam corresponder à hierarquia funcional do sistema de automação da subestação. Três níveis de teste são descritos: • Teste de elementos funcionais; • Teste de integração ou interoperabilidade; • Teste de Sistema O propósito do teste do elemento funcional é determinar se o elemento testado tem o comportamento esperado sob diferentes condições de teste reais. Os elementos funcionais no teste do sistema são considerados unidades, ou seja, os menores componentes do sistema que tem interface visível e comportamento definido. Do ponto de vista do teste nós podemos dizer que a unidade é a menor parte que se pode testar de qualquer sistema. Teste de integração é usado para detectar qualquer problema potencial de interoperabilidade entre os elementos funcionais e/ou subfunções que são integradas na função ou em sistemas. Isto não testa somente o desempenho do sistema, mas também observa as trocas entre os diferentes componentes sendo integrados no sistema. Testes de sistema olham o desempenho completo do sistema sob um ponto de vista de um observador externo. II. A NORMA IEC 61850 EM SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO DE SUBESTAÇÃO A. Limitações Existentes nos Protocolos Nas últimas décadas, muitos protocolos de comunicação são usados em subestações. Alguns desses protocolos são mostrados como exemplo na Figura 2. Alguns protocolos são concebidos para aplicações específicas ou configurações de instalações únicas. Isto limitava o uso de produtos multiusuários. Outros são estruturados utilizando-se padrões ou normas internacionais, mas também são ajustados às necessidades de instalações locais. Isto vale muito pouco quanto buscamos um protocolo que possa abranger todas as necessidades do SAS. Isto implica em um alto custo de engenharia, pois cada protocolo tem sua própria estrutura de representação de dados e implementação com diferentes níveis de funcionalidade. Aspectos da Implementação e Validação de Sistemas Baseados na IEC 61850 M. E. de C. Paulino, Member, IEEE A 2 Fig 2: Protocolos usados antes da IEC61850 [2]. A busca da interoperabilidade entre dois dispositivos de fabricantes diferentes resulta em um enorme gasto para integração de aplicações. B. As Necessidades do Mercado O mercado global necessita de um padrão também global, que reúna diversas filosofias a fim de atender as diferentes aplicações existentes. Esse padrão deve prever a existência de uma mistura de dispositivos, com comunicação convencional via cabeamento rígido e com a utilização da rede Ethernet. Essas necessidades são decorrentes da busca pela redução de custos tanto pela competição exigida pelo mercado como pelo desenvolvimento de novas funcionalidades apresentadas pelos fornecedores de IED e sistemas de automação. Tem como resultado direto a redução de custos diretos em investimentos e na operação dos sistemas de automação. Impacta diretamente também na manutenção dos componentes desse sistema. Finalmente, podemos dizer que a utilização de um padrão aberto possibilita a salva guarda dos investimentos realizados, onde o proprietário não necessitará proceder um retrofit completo ou adicionar novos dispositivos apenas para realizar a integração da instalação existente com dispositivos futuros. C. O Estabelecimento da IEC 61850 A padronização dos protocolos de comunicação em Sistemas digitais de Automação de Subestações – SAS – resultou na IEC 61850 quanto IEC e EPRI, junto com fabricantes de sistemas e proprietários de instalações, concordaram em ter uma única normalização. Essa normalização foi baseada em modelo de aplicação comum de funcionalidades de um sistema de automação, definindo o padrão de interface. Ela adotou os princípios estabelecidos pelo UCA 2.0, tais como objeto orientado, TCP/IP e o perfil Ethernet. Desde o final da década de 90 vários trabalhos e demonstrações mostraram a interoperabilidade do sistema operando com redes de comunicação [3] [4]. Isto possibilitou que as concessionárias de energia que utilizam o UCA 2.0 começassem a migração para o IEC 61850. A IEC 61850 define caminhos para o intercambio de dados entre IEDs que pode ser usado de diferentes formas no controle distribuído e aplicações de proteção. Esses caminhos introduzem um novo conceito que requer uma abordagem e tecnologia diferente para serem aplicados aos componentes individuais do SAS. A norma está dividida em 14 partes, reunidas em 10 capítulos, onde deixa de lado o uso do relé multifuncional como um elemento único e utiliza o conceito funcional para modelar o sistema e sua comunicação. Com o novo modelo de dados e a utilização da comunicação via rede, a IEC 61850 realiza a separação das aplicações em três níveis hierárquicos: • Nível de estação: definido pela parte 8-1 da norma, com o mapeamento das camadas de comunicação (TCP/IP), mensagens GOOSE/GSSE (link) e sincronização de tempo (SNTP). • Nível de vão: definido pelo modelo de dados e aplicação das funções do sistema (capítulo 7) • Nível de processo: definido pelo capítulo 9 da norma, com os valores analógicos de tensão e corrente amostrados trafegando pela rede (9-2) e mensagens GOOSE/GSSE (9-1), também com a realização de sincronização de tempo (SNTP). Fig 3:Representação dos barramentos de estação e processo na Subestação [5] Vale ressaltar que esta separação ocorre somente para os níveis hierárquicos. Na instalação tem-se apenas um link físico onde trafegarão as informações dos barramentos de estação, vão e processo para uma implementação completa da IEC 61850, conforme mostra a figura 4. Fig 4: Barramento de rede único na Subestação. 3 As mensagens que trafegam pela rede são classificadas como mensagens de comunicação vertical, isto é, aquelas realizadas entre diferentes níveis hierárquicos, ou mensagens de comunicação horizontais, que ocorrem dentro do mesmo nível. A arquitetura lógicaimplementada pela IEC61850 impõe um fluxo de dados com mensagens transferidas no modo cliente-servidor, diferente do modo mestre-escravo utilizado em outros protocolos. Pode-se haver múltiplos clientes. Neste caso o cliente é quem controla a troca de dados, podendo ser qualquer IED associado à lógica de proteção e controle em funcionamento. As figuras 5 e 6 mostram os modos de transmissão de dados mestre-escravo e cliente- servidor, respectivamente. Fig 5: Modo de comunicação mestre-escravo Fig 6: Modo de comunicação cliente-servidor Esta arquitetura lógica é implementada através da definição dos serviços, ou seja, a forma de como transferir esses dados pela rede. Isto é possível com a abordagem de comunicação orientada ao objeto que define como é realizado o endereçamento de dados. Tanto os serviços quanto os objetos são definidos pelos capítulos 7, 8 e 9 da norma. A configuração da comunicação de toda subestação é definida pelo capítulo 6 da norma IEC 61850. É utilizada para definir a SCL – Linguagem de Configuração de Subestação. Esta possibilita facilmente a especificação da relação da comunicação entre as unidades que compõe o SAS. Um dos principais objetivos do formato da SCL é a uniformização da nomenclatura utilizada através de um modelo único de descrição de dados, criando um vocabulário comum. Essa modelagem é essencial para integração de aplicações, pois diferenças de modelo implica no uso de dispositivos para tradução e, inevitavelmente, falha de comunicação em um primeiro momento [2]. Para alcançar os objetivos descritos, o novo padrão utiliza a abordagem orientada a objeto e subdividem as funções em objetos denominados nós lógicos que se comunicam entre si. Nó lógico é um grupamento funcional de dados. É também a menor parte de uma função ou subfunção que pode intercambiar dados com outros objetos. Cada Nó Lógico possui seu próprio conjunto de dados. Os dados são compartilhados entre os nós lógicos segundo regras que são chamadas serviços. Os nós lógicos são agrupados em dispositivos lógicos (funções) – Logical Devices, LD – os quais estão contidos em dispositivos físicos – Servidores – (IEDs). Em resumo, a norma IEC61850 faz a decomposição funcional usada para entender a lógica da relação entre componentes de funções distribuídas sendo que esta é apresentada como Nós Lógicos que descreve funções, subfunções e interface funcional. Para a comunicação é estabelecido o fluxo de dados para entendimento da interface que suporta a troca de informação entre componentes de funções distribuídas e traz os requisitos de desempenho. Torna-se possível a modelagem da informação que define a sintaxe e a semântica abstrata da troca de informação e estão presentes como classes de objeto e tipos, atributos, métodos de objetos abstratos (serviços) e suas relações. Isto cria a hierarquia do modelo de dados, conforme mostra a figura 7 a seguir. Fig 7: Hierarquia do modelo de dados. Esta abordagem do modelo utiliza: • Comunicação orientada ao objeto organiza os dados por função para simplificar as aplicações distribuídas • Modelos de objeto padronizados que permite a interoperabilidade de aplicações • Auto-descrição dos dados que permite validação de informações em tempo real 4 As informações de controle incluem as mensagens GOOSE, sigla derivada de Generic Object Oriented Substation Event, ou seja, um Objeto Genérico Orientado pelo Evento de Subestação. Trata-se de um dos métodos para comunicação em tempo real entre os IEDs e contém o relatório assíncrono das mensagens dos IEDs de proteção e o status dos elementos lógicos para outro ponto. Todo IED pode enviar e receber mensagens GOOSE utilizando os modos editor e assinante (respectivamente publisher e subscriber), mas somente aqueles IEDs registrados para receber uma mensagem GOOSE agirão no status que ela contém. O IED que envia (publica ou edita) uma mensagem é chamado de IED assinante. Essa mensagem de comunicação não depende de um sinal de confirmação, sendo, porém, repetida várias vezes para aumentar sua confiabilidade [5]. A distribuição das informações na rede é feita através do modo unicast ou multicast, o que significa que um único ou múltiplos IEDs podem receber a mensagem e utilizá-la ou não, conforme estabelecido na lógica implementada. Isto substitui a sólida fiação elétrica da troca do sinal de controle entre IEDs para interligação e propósitos de proteção, permitindo mensagens de alta velocidade e confiabilidade na rede da subestação. Adicionalmente à possibilidade das mensagens de comando e controle serem enviadas e recebidas via rede LAN, têm-se os valores analógicos transmitidos nesta rede são um dos grandes diferenciais em uma aplicação típica com protocolos de comunicação e a IEC61850 [6]. III. V ALIDAÇÃO DE DISPOSITIVOS BASEADOS NA IEC 61850 Com o propósito de definir corretamente os métodos para o teste de sistemas da automação da subestação complexos baseados no protocolo IEC 61850 é importante definir corretamente o conceito de sistema e considerar que métodos existentes para o teste do sistema são conhecidos. Sistemas complexos não são específicos dos sistemas elétricos de potência, pois existem em outros campos como indústria, comunicações, computação, etc. O desenvolvimento de software deve ser considerado no desenvolvimento de sistemas complexos que trocam informações entre diferentes módulos funcionais. Modernos sistemas de automação de subestações são complexos softwares de aplicações distribuídas baseados na troca de informações sobre a rede local da subestação. Pode-se também identificar similaridades significativas entre o teste de complexas ferramentas de software e sistemas de automação de subestações. A IEC 61850 define o sistema como “O sistema lógico é a união de todas as aplicações-funções de comunicação executando alguma tarefa completa como “gerenciamento da subestação”, via nós lógicos. O sistema físico é composto por todos dispositivos que hospedam estas funções e a rede de interconexão física de comunicação. O limite do sistema é dado pelas interfaces lógicas ou físicas. Dentro do escopo da série IEC 61850, ´sistema´ sempre se refere ao Sistema de Automação de Subestação (SAS), a menos que anotado de outra maneira” [7]. Isto não está muito longe da definição abstrata de um sistema como um grupo de elementos de interação, inter- relacionados ou independentes, formando um todo complexo. Cada componente do sistema interage ou se relaciona com pelo menos outro componente/elemento. Qualquer objeto que não tenha relação com outro elemento qualquer do sistema não é obviamente um componente deste sistema. Testes de dispositivos e sistemas de automação de subestação baseados na IEC 61850 requerem um bom entendimento da norma e das características funcionais do sistema testado, tais como: • As condições nas quais os elementos estarão operando • A funcionalidade do sistema • A hierarquia do sistema • Os dispositivos utilizados • A arquitetura de comunicação • Os princípios de operação ou algoritmos utilizado • Os princípios do sistema de teste • A funcionalidade das ferramentas de teste Os testes devem ser realizados o mais próximo possível das condições reais de operação para qual o dispositivo ou sistema sob teste foi projetado. O teste de conformidade realiza a verificação dos canais de comunicação do IED de acordo com IEC61850-10. O resultado do teste de conformidade é uma declaração da capacidade do IED em realizar a comunicação definida pela norma, assegurando que a IEC 61850 com todos seus modelos e serviços sejam executados corretamente. Os IEDs submetidos a testes de interoperabilidade e testes funcionais são considerados conformes. A interoperabilidade ou capacidade de operar em diferentes funções do sistema entre IEDs de diferentes fabricantes se tornou uma necessidade imprescindível para esses dispositivosobterem sucesso. Assim o teste de interoperabilidade atesta a habilidade de o IED operar em um sistema com diversos dispositivos de diferentes fabricantes. O objetivo do teste de um elemento funcional é determinar se o elemento testado tem o comportamento esperado sob diferentes condições de testes reais, enquanto os testes de sistema olham o desempenho completo do sistema sob um ponto de vista de um observador externo. Os elementos funcionais no teste do sistema são considerados unidades, ou seja, os menores componentes do sistema que tem interface visível e comportamento definido. A. Testes de Conformidade A Norma IEC 61850, em sua Parte 10, estabelece os procedimentos e as ferramentas para os testes de conformidade a serem realizados em um IED ou em um SAS. O objetivo do teste da conformidade é assegurar que a IEC 61850 com todos seus modelos e serviços sejam executados corretamente. Isto melhora as possibilidades para a interoperabilidade entre os dispositivos individuais integrados no sistema, fornecendo o máximo de confiança ao cliente de 5 que o dispositivo interoperará com outros dispositivos certificados, além de realizar um teste de tipo da interface de comunicação de um SAS. O Teste de Conformidade deve incluir o seguinte: • Documentação e controle de versão, conforme IEC 61850 Parte 4, contendo: − Arquivo PICS – (Protocol Implementation Conformance Statement), que corresponde ao resumo das possibilidades de comunicação do IED ou SAS a ser testado. − Arquivo MICS – (Model Implementation Conformance Statement), que detalha o padrão dos elementos do objeto de dados suportado pelo IED ou SAS a ser testado. − Arquivo PIXIT – (Protocol Implementation eXtra Information for Testing), que contém informações específicas relativas ao IED ou SAS a ser testado e que estão fora do escopo da norma. • Configuração (SCL), conforme IEC 61850 Parte 6 • Modelo de objeto de dados, conforme IEC 61850 Partes 7-3 e 7-4. • Serviços de comunicação, conforme IEC 61850 Partes 7-2, 8-1, 9-1 e 9-2 A figura 8 mostra o processo do teste de conformidade definido pela IEC 61850-10. Fig 8: Processo do teste de conformidade definido pela IEC 61850-10 [7]. A parte 10 da IEC 61850 não comenta sobre as entidades de conformidade, mas essas entidades são qualificadas pelo UCA International Users Group. Os IEDs submetidos a testes de interoperabilidade e testes funcionais devem passar pelos teste de conformidade e serem declarados conformes a IEC 61850. B. Testes de Interoperabilidade A interoperabilidade é habilidade de IEDs de um ou vários fabricantes trabalharem em conjunto. Isto implica que os IEDs que compõem o sistema sob teste sejam capazes de exportar informação e usar a informação de outros IEDs para aplicar sua funcionalidade. O teste de interoperabilidade é usado para detectar qualquer problema potencial de interoperabilidade entre os elementos funcionais e/ou subfunções que são integradas no IED ou no sistema sob teste. Isto não testa somente a compatibilidade durante a operação dessas funções e a eficiência no aplicativo utilizado pelos fabricantes de IEDs do sistema, mas também observa as trocas de dados entre os diferentes componentes integrados no sistema. C. Testes Funcionais O teste funcional executa a verificação das características de IEDs ou Sistemas através de dispositivo capaz de simular as condições de teste correspondente aos dados técnicos de operação do sistema sob teste (SUT - System Under Test). O objetivo do teste funcional é determinar se o elemento testado tem o comportamento esperado sob diferentes condições de teste reais. Dependendo da complexidade do sistema, seus componentes podem ser elementos funcionais simples, subsistemas ou uma combinação dos dois. Um subsistema é definido como um conjunto de elementos, que é um sistema próprio, e também uma parte de todo o SUT. A hierarquia de sistemas complexos é mostrada na figura 9 com um diagrama UML. Pode ser visto que o sistema pode conter de 1 a muitas funções, que podem ter diversas camadas contendo de 1 a muitas subfunções e assim em diante – a subfunção pode conter de 1 a muitos elementos multifuncionais. Os elementos multifuncionais correspondem aos nós lógicos da IEC 61850. O dispositivo de teste conduz o teste por completo, no sistema de automatização de subestação integrado, em um subsistema ou em uma função distribuída. Seu objetivo é avaliar a conformidade do sistema com suas exigências requeridas. Fig. 9 Diagrama da hierarquia de sistema em UML [6]. De acordo com a hierarquia apresentada, o teste pode ser conduzido de dois modos: • O teste de aceitação em fábrica (FAT) tem por objetivo provar que o modelo de dados, os serviços de comunicação e o desempenho definido como padrão estão de acordo com a especificação de projeto. Neste caso o teste inicia primeiro com as 6 partes individuais do sistema – os elementos funcionais. Eles são então agrupados para formar subfunções ou funções, que estão em fila ligados dentro de funções mais complexas até que o sistema completo seja testado. • O teste de aceitação local (SAT) é a verificação de cada dado e pontos de controle, e da funcionalidade correta desses elementos dentro do Sistema de Automação de Subestação. Verifica ainda a funcionalidade do SAS e seu ambiente de operação na planta instalada. Esse teste é realizado com a parametrização e ajustes finais de operação do sistema testado. O SAT é uma pré-condição para a colocação em operação do sistema. Neste caso, seja em testes de comissionamento ou manutenção, é considerado que os elementos funcionais individuais estão operando corretamente, especialmente se não existem alarmes em nenhum dos IEDs que são incluídos no sistema de teste. Neste caso uma abordagem de sistema para o elemento funcional é indicada, desde que o interesse seja o desempenho completo das funções do sistema testadas e não no comportamento dos componentes do sistema. Isto significa que temos uma perspectiva externa do objeto sob teste para derivar os casos de teste e analisar os resultados. Testes funcionais de qualquer função ou subfunção necessitam que o programador do teste selecione o ajuste das entradas válidas ou inválidas e determine a saída esperada para cada condição de teste definidas no plano de teste. Isto irá servir para definir o critério de avaliação para determinar se o teste é APROVADO ou REPROVADO. IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS A norma IEC 61850 permite o desenvolvimento de comunicação ponto a ponto de alta velocidade utilizando redes de comunicação. Essa comunicação está baseada em aplicações distribuídas e em transmissão simultânea (multicast) das mudanças de estado ou valores analógicos amostrados. Os requisitos para o teste de IEDs e sistemas baseados em comunicação ponto a ponto com IEC 61850 necessitam de diferentes abordagens e ferramentas de teste apropriadas. Essas ferramentas de teste devem estar preparadas para avaliar os componentes individuais do sistema, bem como para a avaliação do desempenho da operação conjunta das diferentes funções habilitadas no sistema testado. O teste da conformidade, definido pelo capítulo 10 da norma, assegura que a IEC 61850 com todos seus modelos e serviços sejam executados corretamente. Pressupõe que os IEDs ou sistemas submetidos a posteriores validações são conformes com a IEC 61850. Os métodos de teste necessitam corresponder à hierarquia funcional do sistema de automação da subestação. Três níveis de teste são descritos: • Teste de elementos funcionais - verifica as características de IEDs ou Sistemas através de dispositivo capaz de simular as condições de teste correspondente aos dados técnicos de operação do sistema testado. • Teste de integração ou interoperabilidade - detecta potenciais problemas de interoperabilidade entre os elementos funcionais e/ou subfunções que são integradasno IED ou no sistema sob teste; • Teste de Sistema – testam o desempenho completo do sistema sob um ponto de vista de um observador externo (por exemplo, Teste Ponta a Ponta). V. REFERÊNCIAS [1] M. E. C. Paulino, “Sistema Automatizado de Teste de Proteção Elétrica – OMICRON, Novas tecnologias para teste secundário em painéis de comando e proteção”, Adimarco – 2002. [2] M. E. C. Paulino, “Testes de IEDs Baseados na IEC 61850”, Anais do SBSE 2006 – Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos, - Campina Grande–PA, Brasil, 2006. [3] G.Wong, K. P. Brand, T. Rudolph, Interoperability Testing and Validation of IEC61850 Protective Relays. Anais do International Protection Testing Symposium 2004 – Omicron electronics GmbH 2004. [4] M. E. C. Paulino, M. Gutierrez, “Avanços Recentes em Testes de Relés Digitais Operando em Redes e Sistemas de Comunicação em Subestações Elétricas”. Anais do SENDI 2004 - XVI Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica – Brasília-DF, Brasil, 2004. [5] A. Cascaes, M. E. C. Paulino, R. T. S. Alexandre, L. Biondi, D. Cáceres, E. Silva, “Procedimento de Testes de Conformidade e Interoperabilidade à Luz da Norma IEC 61850 Aplicados a Subestações”, Anais do XIX SNPTEE – Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica – Rio de Janeiro-RJ, Brasil, 2007. [6] M. E. C. Paulino, A. Apostolov, “Testes de Sistemas de Automação de Subestação Complexos Baseados na IEC 61850”, Anais do SIMPASE 2007 – Simpósio de Automação de Sistemas Elétricos - Salvador–BA, Brasil, 2007. [7] IEC 61850 Communication Networks and Systems in Substations. [8] Technical Brochure Second Draft "Functional Testing of IEC 61850 Based Systems", CIGRE Study Committee B5 - Work Group B5.92 Functional Testing of IEC 61850 Based Systems, 2007. [9] M. E. C. Paulino, “Testes de Conformidade em Relés Multifuncionais Baseados na IEC 61850”, Anais do STPC 2005 – Seminário Técnico de Proteção e Controle – Rio de Janeiro-RJ, Brasil, 2005. VI. BIOGRAFIA Marcelo Paulino graduou-se como Engenheiro Eletricista na Escola Federal de Engenharia de Itajubá (EFEI). Possui larga experiência em engenharia de sistemas de potência, particularmente na área de Testes e Ensaios em Equipamentos Elétricos. Atualmente é gerente do Departamento Técnico da Adimarco Representações e Serviços LTDA, no Rio de Janeiro - Brasil. Atua no contato direto com clientes no fornecimento de equipamentos, pós-venda e treinamento. É instrutor certificado pela OMICRON eletronics Também responsável pela preparação, projeto e execução de prestação de serviço na área de teste de proteção e equipamentos de sistemas elétricos de Usinas e Subestações de 500/345/138/13,8 KV. Instrutor convidado do Curso de Especialização em Proteção de Sistemas Elétricos CEPSE (UNIFEI-SEL-FUPAI) em 2004. Atua como instrutor externo na Fundação de Pesquisa e Assessoramento a Indústria – FUPAI. Autor e co-autor de trabalhos técnicos em eventos no Brasil e no exterior. Membro do IEEE. Membro do CE B5 do Cigré-Brasil. Representante brasileiro na TF B5.92 - Functional testing of IEC61850 based systems. 7
Compartilhar