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W BA 07 60 _V 1. 1 SISTEMAS SUPERVISÓRIOS 2 Nathalia dos Santos Silva Nolepa Paulo Broniera Junior São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2022 SISTEMAS SUPERVISÓRIOS 1ª edição 3 2022 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Head de Platos Soluções Educacionais S.A Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Alessandra Cristina Fahl Ana Carolina Gulelmo Staut Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Coordenador «Coordenador» Revisor «Revisor» Editorial Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Márcia Regina Silva Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ Sobrenome, Nome do Autor Nome da Disciplina / Autor_material__Principal, Autor_material__Secundário, – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2022. XX p. ISBN XXX-XX-XXXXX-XX-X 1. Normas regulamentadoras. 2. NR. 3. Legislação. I. Título. II. Título. III. Título. CDD XXX.XX _____________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB: 010289/O F897l © 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. https://www.platosedu.com.br/ 4 SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________ 05 Evolução dos sistemas de automação ________________________ 06 Arquiteturas de Sistema SCADA ______________________________ 28 Dispositivos integradores para sistemas de supervisão ______ 46 Sistemas SCADA: Exemplos de software e aplicações ________ 64 Recursos e Ferramentas dos Sistemas SCADA. _______________ 82 Interfaces Humano Computador - IHC ______________________ 100 Projeto de um Sistema Supervisório _________________________ 118 SISTEMAS SUPERVISÓRIOS 5 Apresentação da disciplina Caro aluno, um aspecto imprescindível diante do mercado cada vez mais competitivo é a automação de processos, que está intimamente relacionada com a necessidade de se produzir mais utilizando menos recursos. Aplicando os conceitos apresentados nesta disciplina, você será capaz de entender e implementar sistemas de supervisão em processos industriais e assim contribuir de forma direta para evolução e modernização das plantas industriais. Esta disciplina está dividida em 7 seções que têm por objetivo apresentar os sistemas supervisórios de uma maneira que facilite a compreensão e que promova o conhecimento. A disciplina inicia apresentando os conceitos da evolução dos sistemas de automação e instrumentação virtual. Em seguida, apresenta as arquiteturas de sistemas SCADA, continuando com o estudo de quatro grandes temas, a começar pelas interfaces homem-máquina em sistemas supervisórios, conceitos e exemplos de software para SCADA, acionadores e ergonomia de IHC. Por fim, desenvolveremos o projeto completo de um sistema de supervisão de processos. O conteúdo abordado nesta disciplina irá contribuir de forma direta com a sua formação profissional, aluno, capaz de aplicar um sistema supervisão em ambiente industrial. Os conceitos apresentados aqui não são aplicáveis apenas na área de automação e controle, mas também no dia a dia do profissional, lembrando que os sistemas de supervisão possuem características multidisciplinares. Bons Estudos! 6 Evolução dos sistemas de automação Autoria: Nathalia dos Santos Silva Nolepa Objetivos • Conhecer os conceitos de instrumentação e sistemas supervisórios. • Compreender as características de operações em tempo real. • Compreender como é realizado o controle de processos em sistemas supervisórios. 7 1. Evolução dos sistemas de automação A humanidade vem confeccionando e adaptando ferramentas para melhorar e facilitar suas atividades desde os tempos mais remotos que se tem registro, por exemplo, com o uso de rodas d’água e moinhos. À elaboração e construção de sistemas e processos que, por meio de uma fonte de energia, potencializam ou ainda substituem parcial ou totalmente as atividades manuais, dá-se o nome de automação. A automação revolucionou os processos produtivos na indústria e atualmente também está presente nas atividades agrícolas, residenciais, comerciais, de entretenimento e em outras áreas no nosso dia a dia, cada vez mais naturalizada. Ribeiro (2001) exemplifica que o conceito de automação varia com o ambiente e a experiência da pessoa envolvida, como a máquina de lavar para uma dona de casa, o caixa eletrônico para um cliente ao sacar dinheiro, ou mesmo um robô para um funcionário de uma indústria automobilística. A evolução da tecnologia permitiu a evolução dos sistemas de automação, entretanto, nem sempre foi assim, aliás, é uma ideia incompleta considerar somente a automação moderna, ou ainda que automação é sinônimo somente de tecnologia de ponta, já que as primeiras formas de automação eram realizadas por máquinas a vapor ou máquinas de calcular que operavam por válvulas elétricas (ROSÁRIO, 2009). Ao passo que a criação dos transistores e a evolução na fabrição de circuitos integrados permitiram a produção de computadores com grande capacidade de processamento e tamanho reduzido, como os diversos dispositivos eletroeletrônicos presentes na atualidade, também fez com que os sistemas de automação aprimorassem o trabalho na 8 indústria, ganhando em qualidade, rapidez, estabilidade, continuidade, controle e gestão da produção. Atualmente, a automação é realizada com a combinação de hardware e software, por meio de sensores e atuadores mecânicos, elétricos e eletrônicos, microprocessadores, microcontroladores e sistemas que integram os diversos setores da indústria por meio de comunicação em rede. Rosário (2009) reforça a diferença entre os conceitos de automatização e automação: enquanto a automatização remete a movimentos automáticos, repetitivos e mecânicos, produzindo ações cegas e sem correção, a automação procura se parecer mais com o comportamento humano, que a partir de informações sensoriais recebidas é capaz de pensar e executar ações apropriadas. Para Saber Mais Algumas pessoas enxergam a automação como uma ameaça aos trabalhadores da indústria. É certo que existem questões culturais e sociais a serem consideradas e que este assunto poderia gerar um outro livro, mas o ponto interessante a ser levantado sobre a substituição de algumas atividades humanas por máquinas é o papel do trabalhador nesse processo. Muitos profissionais, principalmente na indústria, lidam diariamente com sérios riscos à saúde física e psíquica, seja por ambientes inóspitos, insalubres, com risco de contaminação, acidentes ou desconforto sob ruídos e temperaturas extremas. Nestes casos, as atividades podem ser desempenhadas e/ou auxiliadas por estruturas robóticas, diminuindo ou eliminando o risco ao trabalhador. Ou ainda, os robôs podem atuar em funções antes impossíveis de 9 serem realizadas por humanos. Neste cenário, os postos de trabalho necessitarão de profissionais capazes de interagir com as máquinas, seja na manutenção, reparo, programação, melhoria ou mesmo na tomada de decisões. Por isso, é tão necessário o conhecimento técnico nas áreas de automação e informática, para o treinamento dos profissionais da área. Na automação industrial, as ações executadas no ambiente de produção em geral seguem determinados passos: • Os sensores posicionados em pontosespecíficos na fábrica fazem constantemente a leitura de dados de interesse; • Um computador com software específico recebe estes dados, compara com valores de referência e efetua cálculos matemáticos para decidir sobre possíveis correções; • Os dispositivos controladores e atuadores são acionados a fim de adotar a execução mais apropriada para o momento, conduzindo a produção para um objetivo ótimo (ROSÁRIO, 2009) O mesmo autor sugeriu a classificação da automação em 3 classes, segundo a necessidade e critérios de programação da produção: 10 Figura 1 – Comparativo entre tipos de automação Fonte: elaborada pela autora, com base nos conceitos de Rosário (2005). Independente do tipo de automação, o que é comum nesse contexto é a importância de acompanhar e controlar as ações e atividades como um todo no chão de fábrica e, para isto, existem os Sistemas Supervisórios, que, como seu próprio nome revela, é responsável por supervisionar os diversos acontecimentos simultâneos nos processos produtivos. As plantas industriais e sua complexidade de processos levou à necessidade da criação de funções de monitoramento, alarme e intertravamento. A presença de processos discretos e de batelada, por possuírem muitas ações de ligar/desligar e controle sequencial, são as principais aplicações da automação (RIBEIRO, 2001). Os sistemas supervisórios podem atuar em níveis de direitos, podendo ser somente para supervisão ou visualização dos detalhes em tempo real da planta industrial como também podem controlar parcial ou totalmente os equipamentos do chão de fábrica. 11 Um esquema de como atuam os sistemas supervisórios pode ser acompanhado na Figura 2. Figura 2 – Sistemas supervisórios: automação no controle de processos Fonte: elaborada pela autora. Neste material de estudo serão abordados os conceitos de instrumentação, as necessidades intrínsecas das atividades de produção em tempo real e os desafios técnicos para um ambiente industrial automatizado, supervisionado e controlado. 1.1 Instrumentação virtual versus sistemas supervisórios Na era da informação, alguns dados são considerados muito valiosos, principalmente porque podem gerar análises sobre produção, máquinas, produtividade, rendimento, gastos em insumos, entre outros. Não obstante, nos processos produtivos há exigências e padrões a serem seguidos para fabricar produtos e atingir níveis de conformidade 12 e qualidade, como um determinado tempo de fermentação ou uma temperatura recomendada, por exemplo. A ciência que trata das técnicas de medição, exibição, registro e controle de variáveis de processos é a Instrumentação. No ambiente industrial, torna-se indispensável medir, controlar e manter constante variáveis como temperatura, pressão, vazão, pH, condutividade, velocidade, umidade ou nível. A instrumentação é indispensável na automação, pois ela é o elo entre o que ocorre no chão de fábrica e a lógica de controle que tomará as decisões no processo. Historicamente, o primeiro termo usado foi o de controle automático de processo, a partir de instrumentos com as funções de medir, transmitir, comparar e atuar no processo, para se conseguir um produto desejado com pequena ou nenhuma ajuda humana (RIBEIRO, 2001). Nesta linha de observação, tratamento e ação de resposta em relação aos componentes da planta industrial estão a Instrumentação Virtual e os Sistemas Supervisórios. 1.1.1 Instrumentação Virtual Os instrumentos são caracterizados de acordo com sua função: a. Indicador: mostra a variável1 em uma escala graduada; b. Registrador: armazena e mostra a variável e sua evolução ao longo do tempo; c. Transmissor: transmite o valor da variável na sua unidade de medida; d. Transdutor: transmite o valor da variável em outra unidade de medida; 1 A variável representa o valor (em determinada unidade de grandeza) que foi mensurado pelo equipamento, por exemplo: 25 °C. 13 e. Controlador: compara a variável com um valor de referência e responde com um sinal de saída para manter a variável no intervalo desejado; f. Elemento final de controle: Atua conforme o sinal de correção recebido. Para cada grandeza de interesse a ser mensurada existem os instrumentos de medição descritos, essencialmente físicos. A evolução e melhoria dos equipamentos de medição e dos computadores pessoais resultaram na Instrumentação Virtual, que consiste em um computador desenvolvido com software e hardware voltados para desempenhar as funções dos instrumentos tradicionais. Como seu propósito era ser um sistema de modelagem e prototipagem (ROSARIO, 2009), é uma ferramenta popular nas universidades, entretanto essa tecnologia ainda não é aplicada em larga escala nos ambientes industriais. Sua principal vantagem é permitir computação de alto desempenho, visualização das variáveis, interação por interface gráfica e manipulação de dados via software, desde a aquisição de dados aos cálculos estatísticos e visualização de espectro de potência. Pode representar uma única grandeza ou um conjunto delas e, dependendo do software utilizado, consegue representar o funcionamento de um sistema com diversas grandezas a serem mensuradas, tal como é um processo real. A Figura 3 apresenta um instrumento de medição tradicional e um equipamento de instrumentação virtual. 14 Figura 3 – Comparativo entre instrumento de medição tradicional e instrumento virtual Fonte: 1. Shutterstock.com. 2. © ELETRONIC DESIGN, 2019 A Instrumentação virtual tem sido uma alternativa viável e precisa para engenheiros e pesquisadores, pois possui robustez e precisão, e por apresentar sua interface em software possibilita um maior conjunto de atuação sem a necessidade da aquisição de novo instrumento de medição, já que alguns modelos possuem um hardware com custo otimizado que pode ter sua ação customizada de acordo com a necessidade a partir das alterações no software. 1.1.2 Sistemas Supervisórios Os sistemas supervisórios são sistemas digitais de monitoração e operação da planta que gerenciam variáveis de processo. Estas são atualizadas continuamente e podem ser guardadas em bancos de dados locais ou remotos para fins de registro histórico (MORAES; CASTRUCCI, 2007). 15 Uma das características destes sistemas é permitir a interação e o controle visual das variáveis, e um componente deste aspecto é a Interface Homem-Máquina (IHM), um monitor que permite o controle do sistema de automação pelos operadores da linha de produção, inclusive por isso ela é implementada para ser de fácil entendimento. O tamanho da tela e as formas de apresentar os dados variam conforme o fabricante e o sistema desenvolvido. O sistema SCADA (Supervisory Control and Data Acquisiton) foi desenvolvido para implementações que demandam grande quantidades de dados de entradas e saídas e são muito utilizados na indústria. Esse sistema tem como base um computador comum, e dentre suas funções se destacam a configuração de alarmes e eventos, emissão de relatórios (MORAES e CASTRUCCI, 2007). Este sistema pode ser conectado à internet para transferência de dados, o que facilita a gestão dos dados por parte de outros setores da empresa. Em algumas implementações é adotado que os dados sejam acessados por meio de navegadores, o que simplifica o acesso já que dispensa a instalação de módulos adicionais no cliente. Sistemas supervisórios de menor porte já são implementados por meio dos softwares de instrumentação virtual, e a tendência é que os recursos dos sistemas de instrumentação virtual cheguem para competir com sistemas supervisórios como o SCADA. A vantagem da instrumentação virtual é que ela foi projetada para ter maior portabilidade e interoperabilidade, que significa, respectivamente, a capacidade de ser transferida de uma máquina para outra, garantindo sua plena execução e a sua capacidade de interação com outros sistemas e equipamentos. A Figura 4 mostra como é a tela de um sistema de supervisão. 16Figura 4 – Tela de um sistema de supervisão Fonte: Shutterstock.com. Independente de receberem os dados por instrumentos tradicionais ou instrumentos virtuais, a utilização de sistemas supervisórios é indispensável nas indústrias que querem controlar seus processos, ele foi desenvolvido especificamente para atender às demandas de medição das variáveis durante todo o processo produtivo no chão de fábrica. 1.2 Operação em tempo real Sistemas de tempo real são ditos aqueles que precisam prestar serviços e entregar seus resultados em um tempo hábil (LIU, 2000), sendo chamados de hard aqueles programados para situações que exigem tempo de resposta quase instantâneo a cada evento, dada a quantidade de processos que podem depender das informações manipuladas naquele evento, principalmente quando envolvem situações críticas, prejuízos financeiros ou risco à população. 17 Pode-se descrever como uma aplicação de sistema de tempo real de grande porte o controle de tráfego aéreo ou sistemas de defesa militar, por outro lado, a aplicação de sistema de tempo real de pequeno porte seriam eletroeletrônicos portáteis, televisores, videogames e eletrodomésticos, e de médio porte seriam sistemas de logística, manufatura, controle de processos químicos, térmicos, entre outros. Liu (2000) também exemplifica que sistemas de tempo real normalmente não são notados quando funcionam bem. Quando não funcionam, na prática, aquela informação retardatária não tem mais valor, pois após o intervalo de tempo para uma nova requisição só a informação mais recente é a considerada. Sistemas supervisórios estão constantemente fazendo a aquisição de dezenas, centenas de sinais de entrada em curto intervalo de tempo, após a leitura precisam efetuar cálculos com base nos valores de referência para realizar suas principais entregas: apresentação em tela da variação dos valores, emissão de alarmes e avisos e tomadas de decisão, e todas essas atividades têm um tempo de latência determinado. Dependendo das características do tempo de latência tolerado, trata-se de um sistema de tempo real. Considere um tanque controlado para manter em um intervalo seguro suas variáveis de temperatura, pressão e nível, e que são realizadas medições constantemente a fim de acionar ações de correção. Neste contexto existem dois desafios frequentes nos sistemas de tempo real: fazer a aquisição dos dados em uma frequência de amostragem satisfatória e controlar as requisições concorrentes, já que pode ocorrer de vários agentes necessitarem ler ou escrever em uma mesma variável ao mesmo tempo. Este é um cenário crítico na área da automação e também ocorre em outros sistemas de computação, um evento pode estar alterando o valor de uma variável na memória enquanto outro evento está solicitando 18 uma requisição de leitura para essa a mesma variável. A solução já conhecida para isto é o controle de acesso à memória, uma estratégia de segurança chamada de Exclusão Mútua. A Exclusão Mútua é implementada para cuidar de regiões críticas da memória, ou seja, um um recurso computacional quando ela está a ponto de acessá-lo; o fato deve ser sinalizado com um flag adequado, sempre que este ocorre é preciso verificar se há alguma outra tarefa na mesma região e, em caso afirmativo, utilizar uma regra de prioridades. Dependendo da regra de prioridades utilizada pode ocorrer situações de deadlock2 (MORAES e CASTRUCCI, 2007). Para estes dois desafios já existem soluções discutidas nos livros e implementadas pelos engenheiros, direcionadas conforme o porte da aplicação de tempo real. Embora ambos tenham necessidades similares em relação ao tempo de resposta que o sistema computadorizado deve apresentar e o controle de concorrência, o porte do sistema varia em relação à criticidade do processo e/ou à quantidade de tarefas e recursos concorrentes. Em muitos programas comerciais há concorrência, no sentido de que muitos usuários pedem serviço simultaneamente e não aceitam esperar; o problema, usualmente, resolve-se com suficientes velocidades de processamento e número de terminais. Diz-se que tais programas são de tempo real. Em automação, a corretude e a velocidade da informação são características essenciais para uma operação satisfatória: por exemplo, um programa de controle que lê medidas oriundas de um processo físico e as coloca num buffer, para salvar as informações no sistema. O maior desafio neste aspecto é que a frequência em que é realizada a 2 Situações em que os recursos ficam com seus status como “ocupado”, pois os processos que os acessam estão dependendo de outros recursos e a atividade fica parada de tal forma que só o encerramento de um ou mais processos faz com que o sistema volte a operar. 19 leitura não pode ser maior que a frequência de entrada no buffer, sob pena de ocorrer perda grave da informação. As situações mais críticas em relação ao tempo de resposta fazem com que esses sistemas sejam conhecidos como programas de tempo real hard, como é discutido por Moraes e Castrucci (2007). Assimile O conceito de deadlock é muito comum em sistemas de computação e uma forma de visualizá-lo está ilustrada na Figura 5: um cruzamento de 4 vias, totalmente bloqueado, pois os carros avançaram na área de cruzamento, impedindo a passagem da via concorrente. No contexto da computação, um processo está ocupando o recurso que outro processo está aguardando, existem mais de 2 processos paralisados e os recursos disputados entre eles são os mesmos. Figura 5 – Demonstração de Deadlock Fonte: Resende (2017) 20 2. Controle de processos em sistemas supervisórios O controle de processos é a principal função dos sistemas supervisórios, o que envolve as variáveis do processo, tais como temperatura, pressão, umidade, etc., e envolve também os estágios que compõem o processo. Todo processo possui um fluxo de material, energia ou ambos, e em geral esse fluxo de material ou energia é manipulado sob o comando de um controlador cujo objetivo é manter a variável do processo em um valor desejado. Este valor é chamado de ponto de ajuste (set point). Por exemplo, um controlador de nível de um tanque manipula a vazão do líquido que entra no tanque, um controlador de pressão manipula a vazão de gás na entrada da esfera e um controlador de temperatura manipula a vazão de vapor da serpentina que passa no interior do vaso. (RIBEIRO, 2001, p.307) Na indústria existem dois modelos de processo de produção: contínuo e por batelada, e estes dois modelos são áreas em que a automação industrial tem sido aplicada. Por isso é importante conhecer os dois modelos, suas características e adversidades para a automação e o controle de processos. O processo contínuo é uma forma de produção em que o set point do insumo ou da matéria-prima é a variável de disparo para o próximo estágio, por exemplo: um tanque de água atingindo determinado nível aciona uma válvula para direcionar o líquido para outro tanque, ou um gás que atingiu a pressão determinada e, assim, regula o liga/desliga de um trocador de calor. A cada ponto de ajuste, o sistema tem uma reação determinada, passando para o próximo estágio até o fim do processo produtivo. Alguns sistemas operam em malha aberta e outros em malha fechada, este último também chamado de realimentado. O controle de malha 21 aberta basicamente não tem um feedback de correção, tem-se somente a medição da variável de controle e, se necessária, a correção é feita de forma manual. Já o sistema de malha fechada consegue comparar a saída do sistema naquele intervalo de tempo com a saída esperada e, de acordo com a diferença entre o real e o esperado, é tomada a ação de controle. Um sistema supervisório para controle de processos pode atuar em um sistema de malha fechada por meio das ações de controle (OGATA, 2003). As ações de controle podem ser binárias (liga/desliga), proporcional, derivativo e integrativo, que são modalidades clássicasde teoria do controle. Neste aspecto, o controle contínuo é considerado menos complexo, já que estas técnicas tradicionais de controle são aplicáveis e produzem resultados satisfatórios. O outro modelo de processo é por batelada, e neste modelo, além dos pontos de set point, existem intervalos de tempo que devem ser programados. O processo batelada é aquele em que as funções de transferência de material ou processamento de material são cíclicas com resultados repetitíveis. O processo batelada faz um produto em quantidades finitas (RIBEIRO, 2001). Uma analogia interessante para um processo de batelada é uma receita culinária, pois tem uma ordem pré-definida em que os ingredientes devem ser misturados, o tempo que a mistura será agitada, posteriormente o tempo que a mistura irá “descansar”, ao aquecer pode-se propor um intervalo de tempo definido e então o produto estaria pronto. Por ser um processo a ser automatizado, deve-se ter sensores capazes de reconhecer os níveis dos ingredientes, a temperatura das misturas, os temporizadores, os acionadores e os mecanismos de segurança. 22 Uma característica de um processo de batelada é a dependência do tempo. Os produtos da batelada são feitos em uma unidade de processo, transferidos para outra unidade, requerendo a partida ou parada destas unidades de processo. O produto de uma unidade pode ser totalmente diferente do produto de outra unidade, mesmo que requeiram o mesmo equipamento. O controle do processo de batelada está relacionado, portanto, com estados transitórios de controle, bem como estados de regime permanente no processo. Neste aspecto, o processo de batelada é diferente do processo contínuo, que trata exclusivamente de valores em regime. (RIBEIRO, 2001, p. 331) Se você já teve contato com disciplinas de programação em microcontroladores ou CLPs (Controle Lógico Programável), você consegue distinguir como seria a programação nos modelos de controle contínuo ou por batelada. Se você não se deparou com esses temas ao longo da sua formação é válido pesquisar sobre diagrama de blocos e lógica, já que é basicamente isso que define como o sistema irá operar. Neste material você foi apresentado a alguns conceitos essenciais de sistemas supervisórios, como a evolução dos sistemas de automação, já que sistemas supervisórios são os sistemas mais utilizados para automação de processos na indústria. Você também conheceu as características de um sistema de instrumentação virtual e por que ele pode ser muito utilizado em conjunto com os sistemas supervisórios. E, por último e não menos importante, você compreendeu como funciona a produção por batelada, muito presente nas indústrias e consequentemente um processo a ser automatizado. As especificações de um sistema supervisório dependem do conhecimento detalhado do processo a ser controlado, dos equipamentos no chão de fábrica, das características dos materiais manipulados e das necessidades e requisitos em geral para entrega satisfatória da produção da indústria em questão. É um assunto vasto em sua aplicação e com muitas oportunidades de melhoria para os profissionais da área. 23 Teoria em prática Você é um engenheiro de Controle e Automação e está sendo convidado por uma indústria de produtos alimentícios derivados de leite para explicar o funcionamento dos sistemas supervisórios. No seu dia a dia, uma das atividades mais importantes é manter os produtos lácteos refrigerados a uma temperatura adequada e controlar o volume de produção. Seu desafio é explicar para os gestores da empresa como um sistema supervisório auxiliaria estes e outros processos da fábrica. Verificação de leitura 1. A humanidade sempre buscou diminuir o esforço necessário para desempenhar as atividades necessárias para sua subsistência por meio de ferramentas e fazeres diferentes. Neste aspecto surgiu a automação e suas inovações. Assinale a alternativa que apresenta exemplos de automação na ordem em que foram criados. a. Roda, pistão e sensor de luminosidade. b. Roldana, cardan, termistor. c. Roda d’agua, caixa eletrônico, braço robótico. d. Tear, máquina a vapor, acelerômetro. e. Drone, esteira separadora, smartphone. 2. A instrumentação virtual tem sido uma alternativa viável e precisa para engenheiros e pesquisadores, 24 pois possui robustez e precisão. Pode representar uma única grandeza ou um conjunto delas e, dependendo do software utilizado, consegue representar o funcionamento de um sistema com diversas grandezas a serem mensuradas, tal como é um processo real. Sobre a instrumentação virtual, assinale a alternativa correta: a. A instrumentação virtual é assim chamada porque os dados são fictícios b. A instrumentação virtual utiliza um hardware com múltiplos sensores controlados e acessados por software. c. Um sistema supervisório pode emular um instrumento virtual de medição. d. Um instrumento virtual de medição é mais popular que que um instrumento tradicional de medição pela portabilidade e interoperabilidade que o software oferece. e. É muito comum encontrar instrumentação virtual no chão de fábrica. 3. Ao aprofundar os estudos sobre automação e observar o quanto esse conceito evoluiu ao longo dos anos, deparamo-nos com dois conceitos frequentemente utilizados como similares: automação e automatização. Sobre esse tema, analise as asserções a seguir: I–A automatização de um processo produz um trabalho mais elaborado e inteligente do que poderia ser obtido se fosse usada somente a automação do processo. Porque 25 II–A automação é a substituição do trabalho humano repetitivo e determinado por um sistema mecanizado ou eletrônico que sempre reproduz a mesma atividade, independente dos acontecimentos do processo. a. As duas asserções estão corretas, e a segunda é uma justificativa da primeira. b. As duas asserções estão corretas, porém a segunda não é uma justificativa da primeira. c. A primeira asserção está correta, porém a segunda asserção está incorreta. d. A primeira asserção está incorreta, e a segunda asserção está correta. e. As duas asserções estão incorretas. Referências Bibliográficas © ELETRONIC DESIGN. Industrial Automation, todos os direitos reservados. Disponível em: https://www.electronicdesign.com/industrial-automation/new- labview-2018-and-more-unveiled-ni-week. Acesso em: 17 set. 2019. MORAES, C.C.; CASTRUCCI, P.L. Engenharia de Automação Industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007. 506p. OGATA, K. Engenharia de controle moderno. 4. ed. São Paulo: PRENTICE HALL, 2003. 800p. RIBEIRO, M. A. Fundamentos da Automação. Salvador: Tek Treinamento & Consultoria, 2001. ROSARIO, J. M. Automação Industrial. São Paulo: Baraúna, 2009. REZENDE, D. SQL Server – Como gerar um histórico de deadlocks para análise de falhas em rotinas, 2017. Disponível em: https://www.dirceuresende.com/blog/sql- server-como-gerar-um-monitoramento-de-historico-de-deadlocks-para-analise-de- falhas-em-rotinas/. Acesso em: 27 set. 2019. https://www.electronicdesign.com/industrial-automation/new-labview-2018-and-more-unveiled-ni-week https://www.electronicdesign.com/industrial-automation/new-labview-2018-and-more-unveiled-ni-week https://www.dirceuresende.com/blog/sql-server-como-gerar-um-monitoramento-de-historico-de-deadlocks-para-analise-de-falhas-em-rotinas/ https://www.dirceuresende.com/blog/sql-server-como-gerar-um-monitoramento-de-historico-de-deadlocks-para-analise-de-falhas-em-rotinas/ https://www.dirceuresende.com/blog/sql-server-como-gerar-um-monitoramento-de-historico-de-deadlocks-para-analise-de-falhas-em-rotinas/ 26 Gabarito Questão 1 – Resposta: C Resolução: a) Roda, pistão e sensor de luminosidade – nenhum deles é uma ferramenta de automação. b) Roldana, cardan, termistor – nenhum deles é uma ferramenta de automação. c) Roda d’agua, caixa eletrônico, braço robótico – sistemas de automação por meio de energia mecânica e elétrica, substituem a atividade humana por meio de seu mecanismo de funcionamento.d) Tear, máquina a vapor, acelerômetro – somente o tear e a máquina a vapor substituem a atividade humana, o acelerômetro é um sensor somente. e) Drone, esteira separadora, smartphone – o drone autônomo é um exemplo de automação, a esteira separadora também, entretanto o smartphone não substitui o trabalho humano. Questão 2 – Resposta: B Resolução: A instrumentação virtual mede dados verdadeiros por meio de um hardware com diversos sensores controlados por software. Embora tenha características desejáveis para um software, como portabilidade e interoperabilidade, ainda não é largamente utilizada na indústria. O mais usado ainda é o instrumento de medição tradicional. 27 Questão 3–Resposta: E Resolução: Na verdade, a automação vem ganhando uma conotação mais inteligente ao longo dos anos pela presença de cálculos matemáticos e tomada de decisão, ao contrário da automatização, que é um processo essencialmente repetitivo. 28 Arquiteturas de Sistema SCADA Autoria: Nathalia dos Santos Silva Nolepa Objetivos • Conhecer as características de arquiteturas distintas em sistemas supervisórios. • Compreender como operar e gerenciar processos de forma local e remota. • Conhecer as possibilidades de simulação de processos em sistemas supervisórios. 29 1. Arquiteturas de Sistema SCADA Para que os dados dos processos executados no chão de fábrica possam ser visualizados de forma intuitiva e dinâmica existem os sistemas supervisórios. Os projetistas e engenheiros combinam tecnologias e conhecimento dos modelos de produção para criar um sistema capaz de interagir com as atividades fabris e fornecer aos responsáveis pelos indicadores as informações necessárias para uma maior qualidade no processo produtivo. O sistema supervisório é composto por sistemas de automação que operam em diferentes níveis, com diferentes acessos, privilégios e autonomia, e podem ser implementados em diferentes arquiteturas. Para o usuário final, a visão é da IHM (Interface Humano-Máquina), dos relatórios exportados ou dos dados nas telas de navegadores e smartphones, entretanto existem diversas camadas de comunicação nos níveis inferiores para fornecer essa visão de alto nível. Neste material, você conhecerá mais sobre cada arquitetura, sua estrutura de comunicação e como organizam funções específicas nos sistemas supervisórios. Serão abordadas as arquiteturas de controladores: Singleloop e Multloop, a rede de comunicação FieldBus, os Controles Lógico – Programáveis (CLP) e o Controle Digital Direto (DDC). O conceito de arquitetura está presente nas áreas de computação, engenharia e outras, com o mesmo propósito: descrever como os sistemas são constituídos, suas comunicações internas e externas e suas funções, se possível sendo feito um esquema gráfico para tais descrições. Em um primeiro momento é importante compreender como é a arquitetura dos níveis de automação, como em todo esquema em camadas respeita-se uma hierarquia, onde a camada de cima solicita 30 serviços às camadas inferiores e, por sua vez, todas as camadas prestam serviço e respondem às camadas de cima. A arquitetura da automação é representada pela Figura 1. Figura 1 – Automação em níveis Fonte: elaborada pela autora, adaptado de Moraes; Castrucci (2007). As estações de trabalho e os computadores, principalmente presentes nos níveis 2 e 3, costumam ter interfaces amigáveis para os operadores, em geral, apresentam imagens, gráficos e números, e são conectados a redes industriais. Moraes e Castrucci (2007) apresentam como estas camadas são organizadas em termos de equipamentos conectados em rede, apresentados na Figura 2: 31 Figura 2 – Equipamentos conectados em rede Fonte: adaptada de © Siemens SIMATIC PCS 7 2019, todos os direitos reservados. Disponível em: https://www.automation.siemens.com/bilddb/index. aspx?gridview=view2&objkey=G_PCS7_XX_00648&showdetail=true&view=Search. Acesso em: 27 set. 2019. Para entender melhor como ocorrem as trocas de informações nos sistemas supervisórios é importante conhecer sua arquitetura, bem como as características das estruturas que os compõem. Os próximos conceitos abordam o início dos sistemas de controle, os principais componentes físicos e organizacionais dos sistemas supervisórios e como é feito o gerenciamento dos processos pelo sistema. 1.1 Controle digital direto (DDC) O Controle Digital Direto (DDC) foi um diferencial no controle de processos por computador, isso porque surgiu para substituir alguns 32 componentes analógicos dos sistemas de controle por unidades digitais. O computador calcula valores dos parâmetros de entrada com valores desejados e esses valores são aplicados por uma conexão direta com o processo, daí sua nomenclatura (GROOVER, 2011). O DDC atua em conjunto com sensores, transdutores, amplificadores e atuadores, substituindo os controladores analógicos, mostradores e comparadores. Para sua operação são necessários conversores analógicos-digitais e conversores digitais-analógicos. Dentre as vantagens que o DDC agregou aos sistemas de controle, destacam-se (GROOVER, 2011): • Mais opções de controle, quando comparado ao analógico; • Integração e otimização de várias malhas; • Possibilidade de editar os programas de controle; • Juntamente com a evolução da tecnologia, teve o tamanho dos dispositivos minimizado; • Permitiu sistemas de controle distribuídos. O DDC representa um nível mais baixo de controle quando comparado à tecnologia dos sistemas supervisórios, entretanto, foi essencial para o funcionamento e implementação dos sistemas de automação atuais. 1.2 CLP Os CLPs (Controle Lógico Programáveis) surgiram nos anos de 1970, e desde então são essenciais para compor o conceito de automação industrial e de controle de processos. Sua evolução se deu em termos de conexão, confiabilidade, robustez e preço, e é uma tecnologia ainda presente de forma massiva na indústria (MORAES; CASTRUCCI, 2007). 33 O CLP possui um processador que opera lendo sinais de entrada e executando programas de controle a cada determinado intervalo de tempo. Cada programa gravado no hardware executa uma série de tarefas de leitura, cálculo, escrita e acionamento, e cada ciclo de execução tendo sua execução repetida continuamente. Suas entradas chegam ao seu processamento digitalizadas e suas ações também são executadas em intervalos discretos de tempo. Neste aspecto temporal deve-se considerar o compromisso complexidade x confiabilidade, tanto na definição do intervalo de tempo de leitura dos dados quanto no tempo total de execução do algoritmo. Isso quer dizer que o programa não pode executar um número de leituras menor do que o necessário para garantir a qualidade do processo, porém uma superestimativa de leitura deixaria o processo lento e carregada desnecessariamente. Da mesma forma, a quantidade de operações que são realizadas a cada ciclo não pode ser tão grande para não comprometer o processo, ou seja, todas as operações executadas pelo programa antes de iniciar uma nova leitura dos sinais de entrada para repetir o ciclo de execução (SILVA, 2016). As operações de leitura também são chamadas de varredura ou scan e, em geral, compreendem as atividades de energização dos circuitos correspondentes, limpeza da memória de dados, e a partir daí a leitura das entradas e registro dos dados na memória. A interface do CLP possui constantemente informação das entradas, já que está conectada aos instrumentos de medição, entretanto, os sinais são copiados para a memória somente durante as operações de leitura, com periodicidade conforme a necessidade e complexidade da aplicação, e quando copiada para a memória, essa informação é utilizada como uma variável ao longo da execução do programa (SILVA, 2016). 34 De acordo com a lógica adotada, o programa terá ações sobre sobre a planta, essas ações são as informações de saída, resultantes dos cálculos, e então copiadas da memória de saída paraa interface de saída, resultando em gráficos e relatórios (SILVA, 2016). Um exemplo de como as entradas e seus valores são apresentados na IHM é apresentado na Figura 3. Figura 3 – IHM da Siemens Fonte: © Siemens SIPLUS HMI TP1500 Comfort 2019, todos os direitos reservados. Disponível em: https://www.automation.siemens.com/bilddb/index. aspx?gridview=view2&objkey=P_ST70_XX_08350&showdetail=true&view=Search. Acesso em: 27 set. 2019. Os fabricantes de CLP diferenciam seus modelos pelas características de sua arquitetura, tais como a quantidade de entradas e saídas, o conjunto de instrução, sua capacidade de processamento, portas de comunicação, capacidade de interoperabilidade, IHM e outros. Um exemplo de um CLP, de fabricação da Siemens, é apresentado na Figura 4. 35 Figura 4 – CLP Logo da Siemens Fonte: © Siemens LOGO CMK 2000 2019, todos os direitos reservados. Disponível em: https://www.automation.siemens.com/bilddb/index.aspx?gridview=view2&objkey=P_ST70_ XX_07449&showdetail=true&view=Search. Acesso em: 27 set. 2019. Independente das características que os diferenciam, o que é comum aos CLPs é que eles seguem a norma IEC (International Electrotechnical Commission) 61131, que diz respeito a uma padronização global para linguagens de programas de controle industrial, voltada especialmente para sistemas de automação industrial e aplicações de TI (Tecnologia da Informação) na Indústria. A norma prevê que os CLPs podem ser programados por meio de 5 modos: lista de instrução, texto estruturado, diagrama de blocos, diagrama ladder e sequencial gráfico de função, e como todos os modos têm características de programação, tem-se a presença de variáveis, tipos de dados, funções e sintaxes a serem respeitadas. Dependendo do tamanho da planta, os sistemas supervisórios atuam com mais de um CLP, eles ficam na camada mais próxima ao processo, efetuando suas operações de leitura, tomada de decisão, controle liga/ desliga ou proporcional, e escrita. 36 Os CLPs enviam as informações para o sistema supervisório, para que este possa mostrar o processo de forma visual como, por exemplo: nível do tanque, temperatura do reservatório, estado aberto ou fechado de uma válvula. O CLP depende da rede industrial para sua comunicação, tanto com os sistemas supervisórios quanto para com os sensores e atuadores. As redes industriais têm finalidade de integrar todas ou parte das informações presentes em uma indústria, dependendo da arquitetura em que os sistemas foram implementados, como nos modelos singleloop e multloop, detalhados adiante. 1.3 Singleloop e Multloop Assim como o CLP, os controladores singleloops e multloops estão no nível da máquina na hierarquia de automação. Esse nível inclui atuadores, sensores e outros componentes de hardware incluídos. Os dispositivos são combinados em loops individuais de controle, por exemplo, na malha de controle por realimentação para um eixo de uma máquina CNC ou uma articulação de um robô industrial (GROOVER, 2011). Para plantas de uma única malha, de pequeno ou médio porte, consideradas de fácil controle, são utilizados controladores chamados singleloop, que em geral são controladores de tamanho reduzido, com baixo custo (RIBEIRO, 2001). Esses controladores também são chamados de single station, o termo loop faz referência à malha. Controladores singleloops possuem características de fabricação que seguem a evolução tecnológica e as normas de qualidade da mesma forma que controladores mais robustos e complexos. Operações populares como controle de temperatura são facilmente mantidas controladas por meio de controladores do tipo singleloop, podendo ser assistido por um sistema supervisório ou não. 37 Já as plantas que apresentam duas ou mais malhas são consideradas mais complexas para serem controladas, muitas vezes operam de maneira concorrente e as ações resultantes dependem das análises de mais sensores. Nestes casos são utilizados controladores mult loops. Assimile Como o controle do processo consiste em varrer os dados da planta de maneira contínua, em um loop constante, por isso o controlador que cuida de uma única malha é chamado de singleloop. De maneira complementar, quando é necessário controlar múltiplas plantas, têm-se um aumento na complexidade do processo de leitura de dados, alterando a arquitetura do sistema para funcionar em modo multloop. 1.4 Fieldbus As informações dos processos executados em campo são transferidas e compartilhadas entre os dispositivos de automação por meio de redes industriais. Para compor um sistema supervisório é necessário que se tenha os recursos capazes de ler dados da planta e compartilhar esses dados com computadores em todos os níveis operacionais e gerenciais da empresa. Os protocolos de redes industriais possuem variação quanto ao tipo da rede e sua respectiva aplicação. Tendem a ser robustos, podendo suportar mais de 2000 dispositivos conectados, dependendo de suas configurações. 38 Para conectar os sensores e atuadores, no primeiro nível de interação com a planta é utilizado um barramento de entrada e saída, que por sua vez é conectado ao barramento de rede local, ao CLP e às estações de trabalho dos outros níveis. Para utilização em sistemas de controle de processos, especificamente dispositivos mais complexos, são utilizadas redes Profibus PA, HART e Foundation Fieldbus. Como o Fieldbus não é de propriedade de um único fabricante, e sim de uma organização não lucrativa que trata de sua normalização, esta é uma tecnologia com melhor interoperabilidade, permitindo a conexão de dispositivos de outros fornecedores da mesma rede do Fieldbus. A tecnologia do Fieldbus é totalmente digital, opera em série e de forma bidirecional. Ela aproveita o modelo analógico 4-20mA, a infraestrutura de fiação padronizada e sua alimentação se dá por um único par de fios. Foi desenvolvida para operar em ambientes hostis e garantir as medições e o controle das variáveis, local ou remotamente, de maneira automática e sem intervenção humana. Essas características tornam essa tecnologia viável e largamente utilizada nas novas implementações de redes. Para a transmissão e o recebimento de dados é utilizado o conceito Produtor/Consumidor, de maneira que vários consumidores podem acessar os dados de um mesmo produtor, otimizando o fluxo de informação e o tráfego na rede. O Fieldbus permite análise de tendências, otimiza processos, relatórios de manutenção preventiva e de gestão de ativos. Além disso, possui autodiagnóstico para reduzir o tempo de inatividade e melhorar a segurança das instalações, notificando rapidamente os setores de manutenção sobre ações corretivas (SELEME, 2013). 39 Para Saber Mais As redes de comunicações industriais têm suas características conforme seus fabricantes determinam, isso se deve ao fato de que anteriormente pouco se falava em interoperabilidade. Você pode reparar isso em outras áreas, como padrão de redes celulares, que tinham várias tecnologias diferentes evoluindo simultaneamente até que os fabricantes se decidiram por seguir um padrão único. Da mesma forma, uma tendência na área de redes industriais é a evolução de protocolos como Fieldbus, que garantem seu funcionamento juntamente com protocolos de fabricantes já existentes no mesmo padrão de redes. 1.5 Operar, gerenciar e simular processos Operar e gerenciar processos de forma local e remota é uma realidade para as indústrias que adotam sistemas supervisórios, desde de que seja uma supervisão de caráter não-crítico (MORAES; CASTRUCCI, 2007). Os sistemas supervisórios devem também estar conectados à Ethernet, considerando todos os aspectos de segurança para tal. Disponibilizar módulos do sistema supervisório, com os devidos direitos de acesso à internet, significa permitir que os colaboradores acessem as informações por meio de navegadores, como o Google Chrome, dentro ou fora do ambiente do chão de fábrica. A grande vantagemé permitir que qualquer dispositivo conectado à internet, seja um computador ou um smartphone, tenha acesso à planta de controle das variáveis do processo. Isso impacta de maneira positiva nas atividades de gestão das empresas, como tomada de decisão, sendo uma vantagem competitiva (MORAES; CASTRUCCI, 2007). 40 Os desenvolvedores do sistema supervisório devem considerar, além dos aspectos de segurança e conectividade, a interface amigável para o usuário e as taxas de transferência de dados, já que os controladores da planta costumam ter uma quantidade muito grande de dados e poderia ser inviável transmitir todo o volume para os dispositivos externos. Um exemplo de interface de sistemas supervisórios é apresentado na Figura 5. Figura 4 – Tela de um Sistema Supervisório Fonte: © Siemens Customized Panel PC 2019, todos os direitos reservados. Disponível em: https://www.automation.siemens.com/bilddb/index.aspx?gridview=view2&objkey=P_ST80_ XX_01810&showdetail=true&view=Search. Acesso em: 27 set. 2019. Outra funcionalidade dos sistemas supervisórios é a simulação, assim como outras áreas de projetos e engenharia, ela auxilia uma melhor visualização e entendimento do processo antes da implementação de todo o sistema, já que um sistema supervisório integrado aos 41 dispositivos e à planta demanda um processo de desenvolvimento com tempo considerável. Simular processos em sistemas supervisórios envolve simular os processos da planta e simular o comportamento e comunicação dos equipamentos que irão controlar a planta. Para a simulação dos processos da planta existem técnicas já utilizadas na indústria, como Redes de Petri, que inclusive possuem simuladores computadorizados. Já para a simulação da integração dos componentes dos sistemas supervisórios existem softwares, como o TIA Portal (Totally Integrated Automation Portal), da Siemens, que exibe configurações sobre os dispositivos da Siemens, as configurações de rede e simula o comportamento dos CLPs. Neste material você conheceu os conceitos envolvendo arquitetura de sistemas supervisórios, o que diferencia modelos singleloop de multloop e as características da comunicação por Fieldbus. Esta é uma área que está em constante evolução, sua tendência para os próximos anos é incorporar mais conectividade, como Internet das coisas e Indústria 4.0. Teoria em prática Você é o engenheiro e está sendo entrevistado para a área de automação de uma indústria de beneficiamento de sementes. Seu desafio como profissional é elaborar um projeto de sistemas supervisórios que atenda ao seguinte processo: Carregar o silo, manter temperatura e umidade do silo em níveis considerados adequados, descarregar quando solicitado. 42 Seu projeto visa dar a dimensão dos componentes necessários, para isso você deve responder às seguintes perguntas: • Como seria a tela ideal para descrever graficamente o processo? • Como seria o controlador da planta: singleloop ou multloop? • Quais seriam os sensores conectados ao CLP? E os atuadores? Verificação de leitura 1. Conhecer a arquitetura de um sistema faz com que se conheça as principais características de operação do sistema, bem como suas estruturas internas. Adotar um modelo singleloop ou multloop impacta diretamente na arquitetura do sistema de automação. Sobre o conceito de singleloop, assinale a alternativa correta: a. É um microcontrolador que controla uma única planta. b. É um sistema supervisório que controla uma única planta. c. É uma rede industrial de um único ponto. d. É um sensor que monitora uma única variável. e. É um sistema supervisório que controla um único microcontrolador. 2. Com o avanço da tecnologia, o setor industrial passou a ter seus processos controlados, e nesse aspecto, 43 sistemas de automação contam com os sistemas supervisórios, isso se deve ao fato de eles possuirem características desejáveis para sistemas computacionais industriais. Assinale a alternativa que apresenta uma informação INCORRETA sobre os sistemas supervisórios: a. Conseguem interagir com um ou mais CLPs. b. Seus programas não dependem da leitura dos dados. c. Apresentam interface gráfica. d. Permitem visualizações e/ou ações por parte do usuário. e. Podem exportar informações para internet, permitindo visualizações por qualquer parte do mundo; 3. As redes industriais são indispensáveis no que tange à controle de processos por meio de sistemas supervisórios, porque são responsáveis por interligar todos os componentes do sistema de automação. Sobre o conceito de redes industriais atuando para controle de processos, julgue os itens a seguir como verdadeiro ou falso: ( ) Os fabricantes de equipamentos de automação são responsáveis por todos os protocolos de redes industriais. ( ) As redes industriais são analógicas porque os sensores medem dados analógicos. ( ) Redes industriais utilizam o mesmo barramento para sinais de entrada/saída e comunicação com a web. ( ) O protocolo Fieldbus possui interoperabilidade com outros protocolos de redes industriais. 44 a. F – F – V – F. b. V – F – V – V. c. V – F – F – V. d. F – F – V – V. e. F – F – F – V. Referências Bibliográficas ABNT. Norma IEC 61131-3:2013. Disponível em: https://www.abntcatalogo.com.br/ norma.aspx?ID=195941. Acesso em: 24 set. 2019. GROOVER, M. P. Automação Industrial e Sistemas de Manufatura. São Paulo: Pearson, 2011. PETRUZELLA, F. D. Controladores Lógicos Programáveis. 4. ed. Santana: AMGH Editora Ltda, 2014. MORAES, C. C.; CASTRUCCI, P. L. Engenharia de Automação Industrial. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. RIBEIRO, M. A. Fundamentos da Automação. Salvador: Tek Treinamento & Consultoria, 2001. SELEME, R.; SELEME, R. B. Automação da produção: uma abordagem gerencial. Curitiba: Editora Intersaberes, 2013. SILVA, E. A. Introdução às linguagens de programação para CLP. São Paulo: Blucher, 2016. © Siemens Customized Panel PC 2019, todos os direitos reservados. Disponível em: https://www.automation.siemens.com/bilddb/index. aspx?gridview=view2&objkey=P_ST80_XX_01810&showdetail=true&view=Search. Acesso em: 27 set. 2019. © Siemens LOGO CMK 2000 2019, todos os direitos reservados. Disponível em: https://www.automation.siemens.com/bilddb/index. aspx?gridview=view2&objkey=P_ST70_XX_07449&showdetail=true&view=Search. Acesso em: 27 set. 2019. © Siemens SIMATIC PCS 7 2019, todos os direitos reservados. Disponível em: https:// www.automation.siemens.com/bilddb/index.aspx?gridview=view2&objkey=G_PCS7_ XX_00648&showdetail=true&view=Search. Acesso em: 27 set. 2019. © Siemens SIPLUS HMI TP1500 Comfort 2019, todos os direitos reservados. Disponível em: https://www.automation.siemens.com/bilddb/index. aspx?gridview=view2&objkey=P_ST70_XX_08350&showdetail=true&view=Search. Acesso em: 27 set. 2019. 45 Gabarito Questão 1 – Resposta: A Resolução: Singleloop é um microcontrolador destinado ao controle de uma única malha, daí o termo loop. Quando há mais de uma malha é necessário multiloop, e o sistema supervisório controla esses microcontroladores. Questão 2 – Resposta: B Resolução: Os sistemas supervisórios dependem totalmente das leituras da planta, embora indiretamente, já que na maioria das vezes é o CLP ou o microcontrolador que vai fazer a leitura. O CLP vai mostrar os dados dessa leitura. Questão 3–Resposta: E Resolução: No caso do Fieldbus, o responsável é uma organização e não os fabricantes. Embora os sensores meçam dados analógicos, as redes industriais são digitais. Redes industriais utilizam barramentos distintos para sinais de entrada/saída e comunicação com a web, até por segurança. O protocolo Fieldbus possui interoperabilidade com outros protocolos de redes industriais. 46 Dispositivos integradores para sistemas de supervisão Autoria: Paulo Broniera Junior Objetivos • Compreender os conceitos fundamentais integradores para sistemas supervisórios. • Compreender sobre terminologias, integradores e componentes utilizados nos sistemassupervisórios. • Distinguir os componentes presentes em integradores para sistemas supervisórios. 47 1. Introdução No setor industrial, a automação de processos está intimamente relacionada com a necessidade de se produzir mais utilizando menos recursos, um aspecto imprescindível diante de um mercado cada vez mais competitivo (CAPELLI, 2008). Os sistemas de automação são constituídos basicamente por sensores, transdutores, atuadores, controladores e sistemas de supervisão, os quais demandam o emprego de tecnologias recentes. Sensores detectam condições presentes no ambiente, transdutores convertem grandezas físicas em sinais de tensão ou corrente para que possam ser interpretadas pelo sistema. Atuadores são dispositivos que recebem os sinais do controle a fim de modificar a variável de saída. Controladores são os elementos que possuem embarcado a técnica de controle responsável pelo comportamento correto do processo o qual está empregado. Os sistemas de supervisão são responsáveis por comunicar controladores, hardware de aquisição dedicado e sensores inteligentes com o usuário, permitindo a atuação, aquisição, armazenamento, bem como a análise e supervisão do processo. De acordo com Moraes e Castrucci (2003), dentre os componentes que compõem os sistemas supervisórios, pode-se destacar os elementos integradores, os quais são responsáveis por integrar os requisitos de hardware e software que compõem a aplicação de supervisão de um processo. Assim, serão estudados nesta seção os conceitos sobre os elementos integradores compostos por tecnologias como interfaces homem-máquina por meio de sistemas de supervisão, drivers de comunicação e topologias de implementação de sistemas de supervisão e aquisição de dados do tipo SCADA (do inglês Supervisory Control and Data Acquisition). 48 Para Saber Mais A indústria 4.0 é basicamente a informatização da manufatura. Assim, é necessário o controle total do processo industrial, como, por exemplo, a quantidade e qualidade dos produtos produzidos e a predição de possíveis problemas de máquinas e equipamentos. Para que isso seja possível é necessária a utilização de sistemas que monitoram e disponibilibilizam os dados das referidas tarefas e necessidades em um banco de dados, script ou dashboard. 2. Interface Homem-Máquina via sistemas de supervisão As Interfaces Homem-Máquina (IHM) são aplicações que obtivam a integração entre homens e máquinas, dispositivos que proporcionam a supervisão de processos, bem como a atuação, caso necessário, no processo por meio de botoeira, telas, painéis luminosos, entre outros recursos. Assim, pode-se obter uma forma de visualização simplificada do processo industrial ou de uma máquina em específico, proporcionando a tomadas de decisões, em termos de operação, de forma mais rápida e precisa. Dentre as IHM disponíveis para a aplicação, destacam-se as que são integradas em sistemas de supervisão, em especial os sistemas SCADA. Nestes casos, além da IHM, é possível integrar a comunicação entre um computador e uma rede de automação, disponibilizando ferramentas padronizadas dedicadas à contrução do ambiente de interface entre o operador e o processo. A Figura 1 Ilustra um diagrama de um processo integrado a um sistema SCADA. 49 Figura 1 – Sistema integrado IHM/SCADA Descrição da Figura 1: O princípio de funcionamento das IHM em sistemas SCADA se dá por meio da aquisição de dados dos dispositivos de segunda camada do processo (Controladores). A IHM lê as medidas dos controladores plotando os valores em gráficos e quadros, bem como envia a parametrização de ganhos e setpoints para os controladores, que, por sua vez, realizam os cálculos e atuam no processo. Aliadas à funcionalidade de supervisão, as IHM/SCADA oferecem visualização do processo de forma amigável ao operador, além de 50 disponibilizar telas e botões de intervenção direta no processo, caso necessário. As IHM/SCADA podem ser desenvolvidas utilizando programação de alto nível, basta o desenvolvedor clicar, arrastar telas e criar tags de comunicação entre o ambiente virtual e componentes reais disponíveis. A Figura 2 mostra um exemplo de IHM/SCADA. Figura 2 – Tela IHM/SCADA Fonte: elaborada pelo autor com https://www.antaresacoplamentos.com.br/wp-content/ webp-express/webp-images/uploads/2021/09/motor-eletrico-720x720.jpg.webp No exemplo da Figura 2, a comunicação entre a IHM/SCADA e o controlador foi realizada utilizando o Protocolo Modbus RTU. Por mais que o foco do estudo seja a IHM/SCADA, para que esta aplicação referida aconteça são necessários dispositivos de 3 níveis diferentes da automação, a saber: i) Sensor de corrente (entrada do controlador). ii) Contator para seccionamento da partida direta do motor (Entrada do controlador) III) controlador. IV) Sistema SCADA. No sistema SCADA pode-se desenvolver interfaces simples com apenas alguns botões, conforme ilustrado na Figura 2, como interfaces mais 51 elaboradas com gráficos, histórico e réplicas virtuais dos componentes utilizados no processo. A Figura 3 mostra uma interface completa quando comparada com a da Figura 1. Figura 3 – Tela IHM/SCADA completa Fonte: elaborada pelo autor. Na IHM apresentada na Figura 3 foram utilizados recursos virtuais para representar componentes reais do processo industrial. Deste modo, o operador pode saber o que está acontecendo fisicamente com o processo sem a necessside de inspeção visual. As principais vantagens de se utilizar um sistema IHM/SCADA são: • Linguagem de programação de alto nível; • Torna a automação mais eficaz e direta; • Interface amigável com o operador; • Possibilita a integração entre os sistemas de automação. Já a desvantagem de utilizar um sistema de supervisão fica por conta da necessidade de mão de obra capacitada para desenvolver as telas de interface IHM. 52 A integração entre os sistemas SCADA e outros dispositivos de níveis diferentes de automação se dá por meio de protocolos de comunicação dos tipos OPC e DDE, que serão apresentados nas seções a seguir. 3. Componentes físicos de integração de um sistema de supervisão Os componentes físicos de um sistema SCADA são representados por sensores, atuadores, controladores, estações remotas de aquisição e controle, sistema de monitoração central (SCADA) e as redes de comunicação industrial que são regidas por protocolos de comunicação conforme apresentado pela figura 4. Figura 4 – Componentes Fisicos de um sistema SCADA Fonte: elaborda pelo autor. 53 Os protocolos de comunicação são um dos elementos mais importantes da automação industrial, por meio destes é possível comunicar diversos dispositivos em diferentes níveis da automação industrial, implementando assim uma automação de processos rápida e eficaz. De acordo com Albuquerque e Alexandria (2009), os referidos protocolos utilizam como meio físico de transmissão os padõres USB, RS232, RS485, RS422 e ethernet, sendo que os padrões RS485 e 422 podem transmitir dados a uma distância de 1200 metros. Entre os padrões citados, o mais difundido para rede local é a ethernet, que pode transmitir dados até 100 metros de distância. 3.1. Protocolo OPC O protocolo OPC (OLE for Process Control) realiza a integração entre diferentes tipos de sistemas SCADA, com diferentes tipos de CLP (Controlador Lógico Programável) e outros dispositivos de diferentes camadas da automação. O Servidor OPC disponibiliza dados em tempo real de sensores do processo (vazão, nível, outros), sinais de comando (acelar, freiar, start, stop), atualização de comunicação e performance do sistema. Foi construído com base nos modelos de componentes da Microsoft (COM – Componet Object Model), sendo uma maneira eficaz de interface de processos alternativa às tradicionais, chamadas de processo. A figura 5 ilustra o diagrama de aplicação do protocolo OPC na manufatura (ALBUQUERQUE E ALEXANDRIA, 2009). 54 Figura 5 – Integração protocolo OPC Fonte:elaborada pelo autor. O padrão OPC é constituído de comunicações periódicas ou por exceção. Cada interação pode ter milhares de dados, fato este que o torna eficiente. Entretatanto, não resolve problemas de nomes globais, deve ser informado exatamente em que servidor uma dada variável pode ser encontrada. O Servidor OPC é considerado um objeto COM. As principais características na aplicação cliente é: • Gerenciamento de grupos: gerar, copiar, ativar ou desativar apagar grupos; • Navegar em tags existentes; • Visualizar atributos; • Selecionar linguagem de comuncação; • Associar mensagens; 55 • Status do funcionamento do servidor. No Servidor OPC, o grupo de dados forma maneiras convenientes para a aplicação ajustar os dados. Grupo a grupo pode obter taxas de leitura específicas, ou seja, periódica ou por exceção. A interface de grupo permite as seguintes ações para a aplicação cliente (ALBUQUERQUE; ALEXANDRIA, 2009). • Incluir ou excluir itens do grupo; • Ajustar a taxa de amostragem do dado; • Ler ou escrever dados; • Verificar por meio de assinatura dados do grupo por exceção. As verificações de dados podem ser realizadas por meio da leitura periódica, leitura assíncrona e por exceção. As leituras do tipo cíclica e assíncrona operam sobre subconjuntos de um grupo e a por exceção leva aos clientes itens do grupo que mudam de valor. 3.2. Protocolo DDE/NETDDE O protocolo DDE (Dynamic Data Exchange) é baseado na técnica cliente/ servidor, veloz e seguro, no qual permite a integração de dados entre aplicações por meio de mensagens do Windows. As aplicações cliente/ servidor podem ser programadas para verificar dados com apenas um comando. No caso de envio de mensagens entre máquinas remotas é utilizado um mecanismo homólogo, chamado NETDDE (Network Dynamic Data Exchange) (ALBUQUERQUE; ALEXANDRIA, 2009). A aplicação DDE, por meio da rede NETDDE, utiliza hierarquias de nomes parecidos ao DDE, entretanto, no caso dos nomes do serviço foram ajustados para o servidor DDE. Utiliza protocolo NetBIOS, que trafega pelo meio físico TCP/IP, permitindo assim o NETDDE acessar a internet. 56 Assimile Ao estudar sobre sistemas de supervisão é importe verificar que os sistemas SCADA não são dedicados apenas para realizar aplicações de Interface Homem-Máquina, mas sim aplicações de alto nével, como controle em malha fechada, aquisição e tratamento dos dados. Para isto, nota-se a importância dos protocolos de comunicação utilizados na integração do sistema com componentes de níveis hierárquicos diferentes. 4. Topologia de implementação nos sistemas supervisórios As aplicações com sistemas SCADA têm apresentado resultados relevantes na estrutura de gestão de empresas. Estas ferramentas executam as funções de supervisão, operação e controle dos processos industriais e são caracterizadas por realizar a aquisição de sinais (dados) do processo, tornar os dados disponíveis de forma visual, processar os dados sinalizando eventos e alarmes, bem como ser tolerante a falhas (ALBUQUERQUE; THOMAZINI, 2004). Se a empresa decide implementar um sistema SCADA em seu processo é necessário seguir técnicas (topologias e metodologias) que permitam a integração de toda as bases da hierarquia do processo produtivo. Segundo Albuquerque e Alexandria (2009), na maioria das vezes, é levado em conta apenas metodologias para o projeto da IHM, entretanto, existem outras etapas que abrangem desde a arquitetura do sistema supervisório até os ensaios finais do sistema como um todo. As etapas que compõem o projeto de um sistema supervisório são: 57 • Conhecimento do processo industrial a ser implementado; • Levantamento das variáveis; • Dimensionamento do banco de dados; • Projeto dos alarmes; • Planejamento da hierarquia de navegação entre as telas da IHM; • Projeto das Telas; • Gráficos de tendências na Telas; • Projeto do sistema de segurança; • Escolha da plataforma de trabalho (Windows ou Linux). Segundo Moraes e Castrucci (2003), além da metodologia citada acima é necessário verificar o planejamento de hardware e software, bem como os testes operacionais do sistema. Cábus et al. (2004) definem 5 etapas que devem compor o planejamento de um sistema SCADA: • Projeto da arquitetura do sistema, ou seja, MTUs (Maximum Transmission Unit) e dispositivo de controle, tio de rede, distâncias, número de E/S, protocolos, drivers, etc. • Escolha da RTU necessárias, comunicações, dispositivos IHM, bem como a aquisição do pacote do software SCADA apropriado à topologia dos sistemas do processo. • Instalação do equipamento de comunicação e MTU. • Programação, tanto dos equipamentos de comunicação quanto dos equipamentos IHM e software SCADA. 58 Uma estrura melhor de projeto, quando comparada às duas acima citadas, é descrita por ALBUQUERQUE; THOMAZINI (2004), cujo o projeto do sistema requer várias etapas e provavelmente exige vários testes por parte do projetista. O principal benefício dessa técnica é obtido através da análise a partir do nível empresarial, de tal forma que os padrões corporativos possam ser desenvolvidos. Teoria em prática Os softwares para sistemas supervisórios estão disponíveis em pacotes comerciais ou proprietários com um custo muito alto, fato este que muitas vezes inviabiliza sua utilização para automação de sistemas. Entretanto, no final da década de 1990 surgiram as primeiras iniciativas em software livre com algumas funcionalidades de SCADA. Pesquise e reflita sobre softwares livres que possam ser aplicados na implementação de sistemas SCADA e que não impactem no funcionamento pleno do processo. Verificação de leitura 1. Com base nos conhecimentos sobre o protocolo de comunicação OPC, analise os itens a seguir: I–O padrão OPC é constituído de comunicações periódicas ou por exceção. Cada interação pode ter milhares de dados, fato este que o torna eficiente. Entretatanto, não resolve problemas de nomes globais, deve ser informado exatamente em que servidor uma dada variável pode ser encontrada. 59 II–As verificações de dados podem ser realizadas por meio da leitura periódica, leitura assíncrona e por exceção. As leituras do tipo cíclica e assíncrona operam sobre subconjuntos de um grupo e a por exceção leva aos clientes itens do grupo que mudam de valor. III–O Servidor OPC é considerado um objeto COM. Com base na análise dos itens acima, assinale a alternativa correta: a. Somente o Item I está correto. b. Somente os itens I e II estão corretos. c. Somente os itens II e III estão corretos. d. Somente os itens I e III estão corretos. e. Os itens I, II e III estão corretos. 2. Com relação aos conhecimentos sobre IHMs e sistemas supervisórios, analise os itens a seguir, classificando-os como verdadeiro e falso. I–As IHM/SCADA podem ser desenvolvidas utilizando programação de alto nível, basta o desenvolvedor clicar, arrastar telas e criar tags de comunicação entre o ambiente virtual e componentes reais disponíveis. II–As IHM são aplicações que obtivam a integração entre homens e máquinas, dispositivos que proporcionam a supervisão de processos, bem como a atuação, caso necessário, no processo por meio de botoeira, telas, painéis luminosos, entre outros recursos. III–O princípio de funcionamento das IHM em sistemas SCADA se dá por meio da aquisição de dados dos dispositivos de segunda camada do processo (Controladores). A IHM lê as medidas dos controladores plotando os valores em gráficos e quadros, bem como 60 envia a parametrização de ganhos e setpoints para os controladores, que, por sua vez, realizam os cálculos e atuam no processo. Marque a alternativa que classifica os itens I, II e III respectivamente de forma correta. a. V; V; F. b. F; F; F. c. F; V; F. d. V; V; V. e. F; F; V. 3. 3. Um sistema automatizado tem por objetivo produzir mais utilizando menos recursos. Assim, vários elementos são empregados em um sistema automatizado. Com base nos conhecimentos sobre os elementosde automação industrial, analise os itens a seguir: I–Os elementos sensores são responsáveis por monitorar o processo e emitir sinais para o controlador, que serão analisados e calculados para que possam realizar a devida correção do sistema. II–Interface Homem-Máquina (IHM) são dispositivos que visam fazer a interação entre homens e máquinas, elementos por meio dos quais podemos supervisionar o funcionamento do sistema e até aplicar ações, caso necessário. III–Os atuadores atuam no sistema de forma física, sendo responsáveis pela operação final, que consiste em transformar sinais elétricos, pneumáticos e hidráulicos em uma outra grandeza física, geralmente mecânica, que 61 acionará ou compensará o distúrbio sofrido ou causado pelo elemento controlado. Com base na análise dos itens acima, assinale a alternativa correta. a. Somente o item I está correto. b. Os itens I, II e III estão corretos. c. Somente os itens II e III estão corretos. d. Somente os itens I e II estão corretos. e. Somente o item III está correto. Referências Bibliográficas ALBUQUERQUE, Pedro U. B. de; ALEXANDRIA, Auzuir Ripardo de. Redes industriais: aplicações em sistemas digitais de controle distribuído protocolos industriais, aplicações SCADA. 2. ed. São Paulo: Ensino Profissional, 2009. 258 p ALBUQUERQUE, Pedro Urbano Braga de; THOMAZINI, Daniel. Engenharia de Automação Industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007. BOYER, Stuart A. SCADA: supervisory control and data acquisition. 3. ed. Research Triangle Park, NC: ISA, 2004. 219 p. ALVES, José Luiz Loureiro. Instrumentação, Controle e Automação de Processos. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda., 2017 CABÚS, J. R.; NAVARRETE, D. G.; PORRAS, R. P. Sistemas SCADA. Miniproyecto Automatización Industrial. Especialidad (Electrónica Industrial). Escola Politècnica Superior d’ Enginyeria de Vilanova i La Geltrú. Universitat Politécnica de Catalunya. 2004. CAPELLI, Alexandre. Automação industrial: controle do movimento e processos contínuos. 2 ed. São Paulo: Érica, 2008. MORAES, Cícero Couto de; CASTRUCCI, Plínio de Lauro. Engenharia de automação industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC: 2010 62 Gabarito Questão 1 – Resposta: E Resolução: O padrão OPC é constituído de comunicações periódicas ou por exceção. Cada interação pode ter milhares de dados, fato este que o torna eficiente. Entretanto, não resolve problemas de nomes globais, deve ser informado exatamente em que servidor uma dada variável pode ser encontrada. As verificações de dados podem ser realizadas por meio da leitura periódica, leitura assíncrona e por exceção. As leituras do tipo cíclica e assíncrona operam sobre subconjuntos de um grupo e a por exceção leva aos clientes itens do grupo que mudam de valor. O Servidor OPC é considerado um objeto COM. Questão 2 – Resposta: D Resolução: (V) As IHM/SCADA podem ser desenvolvidas utilizando programação de alto nível, basta o desenvolvedor clicar, arrastar telas e criar tags de comunicação entre o ambiente virtual e componentes reais disponíveis. (V) As IHM são aplicações que obtivam a integração entre homens e máquinas, dispositivos que proporcionam a supervisão de processos, bem como a atuação, caso necessário, no processo por meio de botoeira, telas, painéis luminosos, entre outros recursos. (V) O princípio de funcionamento das IHM em sistemas SCADA se dá por meio da aquisição de dados dos dispositivos de segunda camada do processo (Controladores). A IHM lê as medidas dos controladores plotando os valores em gráficos e quadros, bem como envia a parametrização de ganhos e setpoints para os controladores, que, por sua vez, realizam os cálculos e atuam no processo. 63 Questão 3 – Resposta: B Resolução: Os elementos sensores são responsáveis por monitorar o processo e emitir sinais para o controlador, que serão analisados e calculados para que possam realizar a devida correção do sistema. As Interface Homem-Máquina (IHM) são dispositivos que visam fazer a interação entre homens e máquinas, elementos por meio dos quais podemos supervisionar o funcionamento do sistema e até aplicar ações, caso necessário. Os atuadores atuam no sistema de forma física, sendo responsáveis pela operação final, que consiste em transformar sinais elétricos, pneumáticos e hidráulicos em uma outra grandeza física, geralmente mecânica, que acionará ou compensará o distúrbio sofrido ou causado pelo elemento controlado. 64 Sistemas SCADA: Exemplos de software e aplicações Autoria: Paulo Broniera Junior Objetivos • Compreender os conceitos fundamentais dos softwares utilizados em sistemas SCADA. • Compreender sobre terminologias, tagnames e variáveis utilizadas em sistemas SCADA. • Distinguir os componentes presentes em sistemas supervisórios. 65 1. Introdução Os sistemas supervisórios são componentes fundamentais nos processos industriais, por meio destes é possível monitorar em tempo real as plantas industriais, bem como aquisitar, tratar e processar dados que são úteis na análise de falhas, produção e otimização do processo. São constituídos basicamente por elementos sensores, atuadores, controladores, redes de comunicação e Interface Homem-Máquina (IHM) (ALBUQUERQUE; THOMAZINI, 2004). As IHMs/SCADA (acrônimo para Supervisory Control and Data Acquisition) são desenvolvidas nos softwares dedicados para sistemas supervisórios, os quais estão disponíveis em pacotes comerciais ou proprietários com custo de assinatura, bem como em versões gratuitas disponibilizadas em alguns casos (MORAES; CASTRUCCI, 2003). A aquisição de dados, passo fundamental para a supervisão, é iniciada no nível das RTU (Remote Terminal Unit) ou Controladores Lógicos Programáveis (CLP), se os sinais aquisitados são enviados aos sistemas SCADA que implementam, tipicamente, banco de dados de forma distribuída, normalmente conhecida como banco de dados de tagname que possui dados dos pontos de Pontos de entrada e saída (I/O, Input/ Output). Nesta seção serão estudados os tipos de softwares para sistemas de supervisão, bem como as ferramentas que integram o projeto dos sistemas SCADA. 2. Softwares para sistemas de supervisão Os softwares de supervisão são considerados o ponto alto na utilização de sistemas SCADA, por meio deles são desenvolvidas as 66 telas de monitoramento e interface com o usuário (CAPELLI, 2008). São disponibilizados por grandes empresas do ramo de automação, das quais pode-se destacar: Siemens, Elipse, Smar, Wonderware, GE, Schneider entre outras. Para entendimento de softwares de supervisão serão detalhadas, a seguir, as principais características do software Elipse Scada. 2.1 Elipse A Elipse, empresa do ramo de automação, possui sede no Brasil e trabalha essencialmente com duas grandes versões de software para supervisão, a saber: • Elipse SCADA; • Elipse E3. O Elipse SCADA disponibiliza ambientes para o desenvolvimento e a execução de aplicações de IHM e sistemas SCADA para os mais variados tipos de processo. Possui comunicação com diversos tipos de equipamentos, possibilitando a aquisição de dados em tempo real, bem como a visualização dos sinais em telas e gráficos. O software disponibiliza recursos como botões, gráficos de tendência, animações, gaujes, bem como uma ampla biblioteca gráfica de desenhos, possibilitando a personalização para aplicações específicas. A Figura 1 apresenta uma aplicação desenvolvida no Elipse SCADA. 67 Figura 1 – Aplicação Elipse SCADA Fonte: elaborada pelo autor. Os pacotes do software podem ser escolhidos de acordo com o perfil de utilização. Entre eles,, pode-se destacar: I) Elipse View–Recomendado para interfaces de operação e acionamento. II) Elipse MMI–É uma versão de supervisão completa, com a inclusão de banco de dados proprietário. III) Elipse PRO–Versão completa do Elipse SCADA que possui todas as funcionalidades do MMI e permite enviar/receber dados em tempo real com outras estações. O ElipseSCADA possui mais 400 drivers em seus pacotes e possui condição de integração com qualquer base de dados, por meio das ferramentas ODBC (Open DataBase Connectivity) e DAO (Data Access Objects). Entre os bancos disponíveis, o software possui o SQL server, Microsoft Access, Oracle, Dbase, bem como a interface com sistemas corporativos como o SAP. 68 O software também disponibiliza 999 níveis de alarme que são programados, como qualquer lógica no Elipse, em uma linguagem própria conhecida como Elipse Basic, semelhante ao visual Basic. Para Saber Mais O Elipse SCADA pode ser encontrado em versões gratuitas para demostração, entretanto essas versões limitam a aplicação em 20 tags e duas horas de utilização. É uma ótima opção para aprender sobre sistemas de supervisão e integrar o software com dispositivos de automação, visto que as referidas versões não expiram. A versão E3 do Elipse é dedicada a operações em rede e aplicações que envolvem controle distribuído, disponibiliza ao projetista vários modelos de objetos, interface gráfica e requisitos avançados de conectividade. O E3 realiza coleta de dados em tempo real dos dispositivos de aquisição de sinais ou de controle. A conexão com esses equipamentos é realizada por meio dos padrões RS232, RS422 ou RS485, TCP/IP ou UDP/IP. Após a conexão física entre dispositivos de campo e software, entra em ação a verificação dos módulos de comunicação (Drivers), que são implantados por meio de protocolos de domínio público ou privado, podendo ser em formato exclusivo Elipse software ou no formato OPC (ALBUQUERQUE; ALEXANDRIA, 2009). Além do Elipse possuir um cliente OPC, o E3 opera como Servidor OPC, permitindo que qualquer cliente acesse todos os objetos em execução (I/O, tag, entre outros), bem como disponibilize para qualquer equipamento conectado ao E3. 69 O software E3 disponibiliza dois tipos de biblioteca ao desenvolvedor, a saber: • Galeria: contém mais de 3000 símbolos e gráficos; • ElipseX: é desenvolvida pelo próprio usuário, contendo desenhos, variáveis internas e lógicas de programação. A figura 2 Ilustra um exemplo dos componentes contidos na biblioteca Galeria. Figura 2 – Biblioteca Galeria do Elipse E3 Fonte: elaborada pelo autor. 70 As funcionalidades do E3 são disponibilizadas em módulos independentes a fim de processar atividades específicas que são controladas por um núcleo dedicado. O E3 possui quatro derivações: E3 Server, E3 Viewer, E3 admin e o E3 studio. Ainda existem outras versões do E3, as quais são destinadas a aplicações mais simples, denominadas de E3 IHM e E3 lite. O E3 IHM é utilizado como intercface local, com possibilidade de comunicação, entretanto, sem registro de dados em disco. As versões do software Elipse estão disponíveis no site do fabricante e são disponibilizadas nas modalidades Demo e Full. A versões Demo são limitadas em número de tags e tempo de utilização. Já as versões Full disponibilizam acesso ilimitado às bibliotecas e funcionalidades do software. Há dois modos de controle de cópia dos produtos Elipse, a saber: • Softkey; • Hardkey. A hardkey é um componente físico, parecido com um pendrive, que é conectado na porta USB do computador. Quando o software é executado, hardkey verifica quais produtos foram instalados no dispositivo. A principal característica da hardkey é a portabilidade, neste caso o equipamento não fica associado a um servidor; fato que é uma facilidade para os clientes e integradores que precisam de acesso a uma hardkey de forma rápida (CÁBUS et al., 2004). Assim, a Hardkey é indicada nos seguintes casos: • Quando a chave do produto precisa de portabilidade. • A máquina (computador) estiver em um ambiente suguro. 71 • Quando a chave do produto não pode ser associada a uma máquina. Ao contrário da Hardkey, a softkey é uma chave não portável. Apresenta um diferencial no mecanismo de segurança (processo de validação). Normalmente, esse processo acontece a cada 60 dias e pode ser realizado de forma automática ou manual (CÁBUS et al., 2004). A softkey é recomendada quando: • Quando a aplicação é instalada em ambientes virtualizados; • Quando os servidores não possuem uma porta USB; • A máquina (computador) não estiver em um ambiente seguro. 3. Tagname ou variáveis em um sistema supervisório Sistemas SCADA normalmente utilizam banco de dados de tagname, que possui informações (dados) dos pontos de I/O, bem como o endereçamento interno de memória dos equipamentos de controle. O tagname é, na verdade, uma alocação de memória da estação de supervisão que realiza o armazenamento de um valor de um conjunto denominado tipo (ALBUQUERQUE; THOMAZINI, 2004). O sistema é composto por dois conjuntos de variáveis: • Simples; • Primitivas. Os modos de tagnames (variáveis) primitivas fundamentais são representadas por: • Numéricas: Reais ou Inteiras; 72 • Discretas (bololeano, bool, lógica e bit); • Caractere (string ou mensagem). No software SCADA, as varáveis com valores incremenetados a partir da comunicação com outros programas são denominadas I/O (ALBUQUERQUE; THOMAZINI, 2004). A figura 3 Ilustra um exemplo de parametrização de um tagname. Figura 3 – Parametrização de um tagname Fonte: elaborada pelo autor. No diagrama da figura 3, o transmissor indicador de temperatura (TIT200), com range de 0 a 4 m, transmite o sinal para a entrada analógica para o dispositivo de controle. Considerando a utilização de todo range da entrada analógica, valor do TIT200 é guardado na memória imagem com range de 0 a 4095 (12 bits). Assim, no sistema de supervisão será ajustado um tagname com as seguintes características. • Nome: TIT200; • Tipo: I/O real; 73 • Range em unidade de engenharia (EU): 0 – 4 m; • Range de memória (RAW): 0 a 4095 (12 bits); • Endereço: EA1 (entrada analógica 1); • Limite e tipos de alarmes. Este tagname deverá ser associado a um driver de comunicação, normalmente, OPC ou DDE para sistema Windows. 3.1. Variáveis Simples 3.1.1 Váriaveis Analógicas As variáveis analógicas podem ser representadas pelos sinais análogicos de tempo contínuo e sinais analógicos de tempo discreto, sendo de entrada ou saída. Por meio dos conversores A/D e D/A, o controlador converte os sinais de entrada e saída respectivamente (ALBUQUERQUE; THOMAZINI, 2004). O sinal apresentado em uma entrada analógica é convertido em um valor digital quantizado em K bits. Onde K bits depende da resolução do conversor analógico digital do hardware de entrada. Exemplo: considere resolução de um conversor A/D igual a 16 bits, isso significa que a faixa dinâmica do módulo de entrada será convertida em 65536 valores que vão de 0 a 65535, ou seja, supondo que uma entrada de 4 a 20 mA, 4 corresponderá a 0 e 20 mA será representado por 65535. Este range deve ser relacionado com a faixa de medição em unidade de engenharia (ex: 0 a 3 m) para que o operador entenda o funcionamento do processo (ALVES, 2017). Em sistemas SCADA, tais variáveis ou tagname são definidas como reais ou inteiras. 74 3.1.2 Variável Discreta As variáveis discretas também são conhecidas como variáveis digitais, as quais correspondem 1 bit de informação e que podem assumir valores de 0 ou 1. Assim, podem ser listados alguns atributos: • Tag: nome da variável; • Texto: descrição suscinta da variável; • Descrição do estado: texto a ser associado aos estados da variável; • Endereço: endereço da variável na memória do CLP; • Valor: valor corrente da amostra. Alguns dispositivos conseguem definir valores agregados de variáveis discretas (bit strings), definir tipos e cores, bem como os textos para cada estado. 3.2. Variáveis Compostas Enquanto alguns sistemas têm apenas uma pequena quantidade de primitivas, outros possuem modos complexos formados pelo agregado de várias primitivas fundamentais (MORAES; CASTRUCCI, 2003). De um jeito ou de outro, cada sistema sempre tem uma maneira de ilustrar as entidades que correspondem àsentidades controladas na planta ou aos instrumentos da mesa de comando convencional. Assimile A ação de parametrização de um sistema supervisório inicia na definição de cada variável de processo na base 75 de dados. Assim, em todo o pocesso existem basicamente duas variáveis simples ou primitivas e algumas variáveis compostas formadas a partir destas. 4. Controle PID em sistemas supervisórios As técnicas de controle PID (Proporcional Integral Derivativo) possuem uma vasta aplicação na indústria. Este fato se dá devido a características já consolidadas, tais como baixo custo, versatilidade e robustez. Um sistema supervisório é capaz de operar dezenas de malhas de controle PID, que normalmente são implementadas em um nível abaixo dos sistemas SCADA, ou seja, nos CLPs (ALBUQUERQUE; ALEXANDRIA, 2009). O operador consegue inserir os ganhos dos controladores por meio da IHM/SCADA, bem como acompanhar o desempenho do sistema de controle por meio de gráficos de tendência que mostram em tempo real o valor de setpoint e de rastreamensto do controle. A figura 4 apresenta um exemplo de sistema supervisório dedicado ao controle de processos em malha fachada. 76 Figura 4– Exemplo de sistemas supervisórios para controle em malha fechada Fonte: elaborada pelo autor. A partir daí, as únicas possibilidades possíveis para o operador são de alterar os ganhos do processo e o valor desejado de controle. Deste modo, alguns atributos podem ser listados, a saber: • Tag: identificação da malha de controle; • Texto: descrição da malha; • Variável de entrada: iIdentificação da variável medida; • Ganhos do processo: KP; Ti; Td; • Tempo morto; • Modo automático ou manual; • Banda proposrcional. 77 Com esses atributos é possível comandar o controle de um sistema em malha fechada por meio de um sistema supervisório. Teoria em prática Os softwares para sistemas supervisórios estão disponíveis em pacotes comerciais ou proprietários com um custo muito alto. Outro fato a se discutir é a comunicação entre os sistemas SCADA e os dispositivos controladores CLPs, que normalmente também possuem custo elevado. Por esse motivo, pesquise e reflita sobre softwares livres que possam ser aplicados na implementação de sistemas SCADA e que comuniquem com hardware de baixo custo, como, por exemplo, microcotroladores. Verificação de leitura 1. Com base nos conhecimentos sobre softwares de supervisão, analise os itens a seguir: I - Os softwares de supervisão são considerados o ponto alto na utilização de sistemas SCADA, por meio deles são desenvolvidas as telas de monitoramento e interface com o usuário. II - O Elipse SCADA disponibiliza ambientes para o desenvolvimento e a execução de aplicações de IHM e sistemas SCADA para apenas dois tipos de processo. Possui comunicação com diversos tipos de equipamentos, possibilitando a aquisição de dados em tempo real, bem como a visualização dos sinais em telas e gráficos. 78 III–Os pacotes do software podem ser escolhidos de acordo com o perfil de utilização. Entre eles pode-se destacar: a) Elipse View–Recomendado para interfaces de operação e acionamento; b) Elipse MMI–É uma versão de supervisão completa, com a inclusão de banco de dados proprietário; c) Elipse PRO–Versão completa do Elipse SCADA que possui todas as funcionalidades do MMI e permite enviar/receber dados em tempo real com outras estações. Com base na análise dos itens acima, assinale a alternativa correta. a. Somente o Item I está correto. b. Os itens I, II e III estão corretos. c. Somente os itens II e III estão corretos. d. Somente os itens I e III estão corretos. e. Somente os itens I e II estão corretos. 2. Com base nos conhecimentos sobre variáveis analógicas, analise os itens a seguir classificando-os como verdadeiro ou falso. I–As variáveis analógicas podem ser representadas pelos sinais análogicos de tempo contínuo e sinais analógicos de tempo discreto, sendo de entrada ou saída. II–O sinal apresentado em uma entrada analógica é convertido em um valor digital quantizado em K bits. Onde K bits depende da resolução do conversor analógico digital do hardware de entrada. III–Se a resolução de um conversor A/D é igual a 16bits, isso significa que a faixa dinâmica do módulo de entrada será convertida em 32537 valores que vão de 0 a 32536, ou seja, supondo que uma entrada de 4 a 20mA, 4 corresponderá a 0 e 20mA será representado por 32536. 79 Marque a alternativa que classifica os itens I, II e III respectivamente, de forma correta. a. V; V; F. b. F; F; F. c. F; V; F. d. V; V; V. e. F; F; V. 3. Com base nos conhecimentos sobre as tagnames (variáveis) utilizadas em sistemas supervisórios, analise os itens a seguir. I–O tagname é, na verdade, uma alocação de memória da estação de supervisão que realiza o armazenamento de um valor de um conjunto denominado tipo. II–Os modos de tagnames (variáveis) primitivas fundamentais são representadas por: Numéricas: Reais ou Inteiras; Discretas (bololeano, bool, lógica e bit); Caracter (string ou mensagem). III–No software SCADA, as varáveis com valores incremenetados a partir da comunicação com outros programas são denominadas I/O. Com base na análise dos itens acima, assinale a alternativa correta. a. Somente o item I está correto. b. Somente os itens II e III estão corretos. c. Os itens I, II e III estão corretos. d. Somente os itens I e II estão corretos. e. Somente o item III está correto. 80 Referências Bibliográficas ALBUQUERQUE, Pedro U. B. de; ALEXANDRIA, Auzuir Ripardo de. Redes industriais: aplicações em sistemas digitais de controle distribuído protocolos industriais, aplicações SCADA. 2. ed. São Paulo: Ensino Profissional, 2009. 258 p ALBUQUERQUE, Pedro Urbano Braga de; THOMAZINI, Daniel. Engenharia de Automação Industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007. BOYER, Stuart A. SCADA: supervisory control and data acquisition. 3. ed. Research Triangle Park, NC: ISA, 2004. 219 p. ALVES, José Luiz Loureiro. Instrumentação, Controle e Automação de Processos. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda., 2017. CABÚS, J. R.; NAVARRETE, D. G.; PORRAS, R. P. Sistemas SCADA. Miniproyecto Automatización Industrial. Especialidad (Electrónica Industrial). Escola Politècnica Superior d’ Enginyeria de Vilanova i La Geltrú. Universitat Politécnica de Catalunya. 2004. CAPELLI, Alexandre. Automação industrial: controle do movimento e processos contínuos. 2. ed. São Paulo: Érica, 2008. MORAES, Cícero Couto de; CASTRUCCI, Plínio de Lauro. Engenharia de automação industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC: 2010. Gabarito Questão 1 – Resposta: D Os pacotes do software podem ser escolhidos de acordo com o perfil de utilização. Entre eles pode-se destacar: a) Elipse View– Recomendado para interfaces de operação e acionamento; b) Elipse MMI–É uma versão de supervisão completa, com a inclusão de banco de dados proprietário; c) Elipse PRO–Versão completa do Elipse SCADA, que possui todas as funcionalidades do MMI e permite enviar/receber dados em tempo real com outras estações. Questão 2 – Resposta: A Resolução: (V) As variáveis analógicas podem sim ser representadas pelos sinais análogicos de tempo contínuo e sinais analógicos de tempo discreto, sendo de entrada ou saída. 81 (V) O Sinal apresentado em uma entrada analógica é convertido em um valor digital quantizado em K bits. Onde K bits depende da resolução do conversor analógico digital do hardware de entrada. (F) Na verdade, se a resolução de um conversor A/D é igual a 16bits, isso significa que a faixa dinâmica do módulo de entrada será convertida em 65536 valores, ou seja 2^16, que vão de 0 a 65535, ou seja, supondo que uma entrada de 4 a 20mA, 4 corresponderá a 0 e 20 mA será representado por 65535. Questão 3 – Resposta: C Resolução: Todos os itens são verdadeiros. 82 Recursos e Ferramentas dos Sistemas SCADA. Autoria: Paulo Broniera Junior Objetivos • Compreender os conceitos fundamentaisdos recursos disponibilizados nos sistemas SCADA. • Compreender sobre terminologias, características e ferramentas dos sistemas supervisórios. • Distinguir os componentes presentes em sistemas SCADA. 83 1. Introdução O setor industrial necessita centralizar as informações dos processos para obter o máximo de informação no menor tempo possível. Assim, os sistemas SCADA (do inglês, Supervisory Control and Data Acquisition) coletam os dados do processo por meio de dispositivos remotos, tratam esses dados e apresentam ao operador responsável pelo processo (ALBUQUERQUE; THOMAZINI, 2007). As condições do processo são apresentadas em interfaces de alto nível, informando o operador em tempo real, os indicativos do processo, bem como todos os eventos de importância da planta. Para desenvolvimento destas interfaces são utilizadas ferramentas virtuais nos softwares de supervisão, tais como botões, indicadores, alarmes, gráficos, etc. Todas essas ferramentas compõem as telas do sistema de supervisão, que normalmente são desenvolvidas em árvores, e possibilitam ler as condições do processo, bem como atuar em parametrizações de controle, material e operação das plantas industriais (ALBUQUERQUE; THOMAZINI, 2007). Nesta seção será estudado sobre os componentes virtuais que fazem parte das telas de interface, serão vistos os tipos de telas, indicadores, gráficos, alarmes, conceito de script e tipo de linguagem utilizada para o desenvolvimento de telas nos sistemas SCADA. 2. Componentes para desenvolvimento de um sistema supervisório Internamente, são constituídos de componentes virtuais que possibilitam maior flexibilidade e robustez na construção das telas de interfaces entre máquina e operador. As telas (sinóticos) disponibilizam 84 uma representação gráfica do processo em substituição aos painéis sinóticos tradicionais (MORAES; CASTRUCCI, 2010). Cada uma das telas ilustra uma aréa da planta de forma detalhada e podem ser divididas em: • Telas de visão geral; • Telas de grupo; • Telas de detalhe; • Telas de malhas; • Telas de tendências; • Telas de manutenção. Em certos processos, é recomendada a utilização de telas tipo plano infinito que apresentam, de forma global, o sistema distribuído geograficamente como, por exemplo, oleodutos, controle de tráfego, controle de subestações de trólebus e de energia. A referida técnica é conhecida como full-graphics e requer um custo computacional alto por parte das estações de trabalho, para executar as tarefas de zomm-in e zomm-out em tempo real (MORAES; CASTRUCCI, 2010). Para saber mais Normalmente as telas possuem uma parte fixa conhecida como máscara de fundo e campos dinâmicos atualizados sistematicamente. No modo gráfico, o desenho é constituído livremente por meio da junção de entidades geométricas como retas, elipses, círculos, texto, arcos, etc. 85 2.1 Elementos dinâmicos Os elementos dinâmicos são responsáveis por exibir o estado das variáveis do processo de forma dinâmica contida em uma janela que pode ser classificada em três tipos: • REPLACE: a janela sobreposta, após carregada, será removida da memória. • OVERLAY: depois de carregada, a janela sobreposta não é removida da memória. • POPUP: após carregada, mantém-se sobre as demais janelas, mesmo não sendo a principal. 2.1.1 Representação de variável analógica A variável analógica pode ser representada basicamente de seis formas distintas (MORAES; CASTRUCCI, 2010): 1. Texto: mostra o valor de engenharia da variável. A cor do texto pode ser utilizada para codificar o estado da variável, por exemplo: muito alta, alta, normal, baixa, muito baixa. 2. Barras verticais e horizontais: apresentam as varáveis em termos percentuais. Normalmente utilizada para elucidar o nível de enchimento de um tanque, silo, reator, carga de bateria, temperatura, etc. A figura 1 ilustra um exemplo de barras verticais sendo utilizada para representar variáveis analógicas. 86 Figura 1 – Barras Verticas aplicadas em variáveis analógicas Fonte: elaborada pelo autor. 3. Deslocamento vertical e horizontal: faz a operação de translação de um objeto no sinótico em função do valor de uma variável do processo. Os dados de 0 a 100% são ligados às posições extremas do percurso e o software realiza os cálculos de interpolações para valores intermediários. 4. Rotação: realiza o movimento de rotação de um determinado objeto, exemplo: rotação de um motor, forno rotativo de cimento, etc. 5. Tendência: apresenta o gráfico dos últimos valores da variável em função do tempo. 6. Mostradores circulares: são os dials e Gauges, que simulam os mostradores circulares convencionais. A figura 2 Ilustra um exemplo dial em sistemas supervisórios. 87 Figura 2 – Exemplo de dial Fonte: elaborada pelo autor. 2.1.2 Representação de variável discreta As variáveis discretas são representadas de três formas distintas, a saber (MORAES; CASTRUCCI, 2010): 1. Texto: a variável texto apresenta o status da variável, como, por exemplo, ventilando/parado, bateria/rede, On/Off. Para cada status pode-se definir a formatação do texto. 2. Associação à cor de um objeto: a cor do objeto pode mudar de acordo com o estado da variável ligada a ele. Na maioria das vezes é notado que a cor de um objeto seja em função do estado de um conjunto de variáveis, por exemplo, o estado de funcionamento de um equipamento pode ser codificado em dois bits, operação/ mantenção. 3. Associação a um par de objetos complementares: os dois objetos ocupam a mesma posição em uma tela. Quando o valor da 88 variável está em zero, o objeto representa chave aberta; quando está em 1, a chave é representada na posição fechada. Toda a comunicação entre o sistema supervisório e o Controlador Lógico Programavel (CLP) é de reponsabilidade dos drivers de comunicação, que são configurados de acordo com o perfil de aplicação. Quando o drive de comunicação falha, normalmente no lugar dos valores das variáveis aparecem pontos de interrogação. 2.1.3 Objetos Ativos Objetos ativos são aqueles que permitem alterar o estado pelo mouse ou toque na tela do sistema, como exemplo pode-se verificar as seguintes ações (MORAES; CASTRUCCI, 2010): 1. Alteração de qualquer atributo do objeto, por exemplo: ligar/ desligar, mudar modo de operação, forçar valor, etc. 2. Realizar a solicitação de mais informações sobre o objeto, por exemplo: relatório de ponto, ajuda, etc. 3. Mostrar ou reconhecer alarmes do objeto. 2.1.4 Operação Para realizar a operação de um equipamento, deve-se selecionar o mesmo na tela de supervisão e solicitar a abertura da janela de operação. A referida janela permite a realização de operações inerentes ao equipamento como ligar, desligar, lista de alarmes, diagnóstico, etc. A figura 3 apresenta um exemplo de janela de operação. 89 Figura 3 – Exemplo de janela de operação com objetos ativos Fonte: elaborada pelo autor. 2.1.4 Gerenciador de alarmes O módulo gerenciador de alarmes está presente em todos os sistemas supervisórios. Ele é responsável por receber os eventos do processo e os registra da seguinte forma (CABÚS et al., 2009): • Data e hora do evento; • Variável do evento; • Valor no momento do evento; 90 • Descrição do evento; • Data e hora da normalização do evento; • Estado do evento: alarmado, normalizado, reconhecido pelo operador. Devem ser estabelecidas regras para o disparo de alarmes. Quando este dispara, o operador é alertado por meio de um sinal sonoro. Assim, o operador do processo deve informar que está a par do problema, identificando o alarme mais recente ou todos os alarmes de forma simultânea (CABÚS et al., 2009). O alarme identificado por último é substituído na tela por outro alarme ainda não identificado. O estado de um alarme pode ser identificado conforme o quadro 1 Quadro 1 – Convensão para alarmes Cor da mensagem Significado Vermelho piscante Alarme não reconhecido Vermelho Alarme já reconhecido Amarelo Normalizadoe não reconhecido Verde Normalizado e reconhecido Fonte: elaborado pelo autor. Os eventos ocorridos podem ser armazenados e posteriormente consultados, podendo ser anotados em linhas, por exemplo, conforme mostrado a seguir: • Vibração do motor 2 acima do permitido • Correia da esteira 1 Desalinhada Normalmente os relatórios de alarmes são disponibilizados para impressão. 91 2.1.5 Botões de acionamento e seleção Botões que efetuam ações no CLP, tais como os de seleção e botões on/ off, têm sua dinâmica de estado baseada no valor reportado pelo CLP e não no valor enviado pelo supervisório. No caso de não haver sinal de campo que confirme a ação, pode-se utilizar informação que garanta no mínimo a chegada no CLP do sinal enviado pelo SCADA (CABÚS et al., 2009). A figura 4 apresenta os padrões de cores que são utilizados para as funcionalidades dos botões de seleção e acionamento. A figura 4 ilustra o padrão de cores quando o estado for representado por posição, assim é utilizada a cor preta para o texto, cor cinza para o preenchimento e cor branca para a borda. Também ilustra quando o estado é representado por cor de preenchimento e posição, na qual utiliza cor verde para representar ligado e cor vermelha para desligado. Figura 4 – Exemplo de janela de operação com os botões de acionamento e seleção Fonte: elaborada pelo autor. 92 3. Gráficos de tendência O gráfico de tendência é uma ferramenta essencial em várias aplicações de sistemas de supervisão. Por meio destes gráficos é possível analisar a dinâmica de variáveis, geralmente analógicas, do processo em tempo real, possibilitando a intervenção do operador caso necessário (CABÚS et al., 2009). A análise de tendência pode ser realizada de duas formas: a) tendência em tempo real; b) tendência histórica. 3.1. Tendência em tempo real A tendência real mostra um gráfico de uma variável, normalmente analógica, em função do tempo. Normalmente se utiliza de 1 a 8 penas. Para construção dos gráficos, o usuário deverá definir as seguintes configurações: • Qual variável deve ser plotada pelo sistema; • Quais variáveis devem ser exibidas simultaneamente em uma mesma tela; • Qual período de amostragem será utilizado. Os períodos de amostragem variam normalmente entre 80 ms a 1 hora e são escolhidos de acordo com a dinâmica do processo. Geralmente cada variável (pressão, temperatura, vazão) possui dinâmicas diferentes e consequentemente tempos de amostragem diferentes. O tempo total de armazenagem depende diretamente do período de amostragem selecionado. Para variáveis com dinâmica rápida, os dados devem ser armazenados em um buffer de tamanho B bytes. A figura 5 apresenta um exemplo de gráfico de tendência. 93 Figura 5 – Exemplo de gráfico de tendência Fonte: elaborada pelo autor. 3.2. Tendência histórica Quando se deseja realizar a aquisição e armazenamento dos dados por longos períodos (ex: 1 ano), recorre-se ao registro de tendência histórica. Esse tipo registro utiliza um período de amostragem maior quando comparado aos de tendência real. Assim, os valores amostrados podem ser: • Instantâneos da variável no instante da amostragem histórica; • Resultantes da compactação de amostras reais coletados em períodos anteriores; • Podem ser médias diárias/mensais ou acumulados diários/ mensais, dependendo da variável medida. A figura 6 ilustra um exemplo de gráfico de tendência histórica. Foram plotados o número de acionamentos diário de um sistema de exaustão no período de um mês. 94 Figura 6 – Exemplo de gráfico de tendência histórica Fonte: elaborada pelo autor. Em alguns sistemas, pode-se utilizar as telas de tendência em tempo real e histórica concatenadas em um único sistema de coordenadas. Nos registros históricos, deve-se utilizar um critério de esvaziamento para evitar que o espaço de armazenamento fique cheio. Assimile Para que as variáveis sejam devidamente registradas nas telas de tendência é necessário obedecer ao critério estabelecido para a aquisição e amostragem de sinais, ou seja, a frequência de amostragem deve ser no mínimo duas vezes maior do que a de funcionamento do processo. 4. Linguagem para definição de aplicações de usuário – SCRIPT Os SCRIPT permite ao programador desenvolver seus próprios programas relacionados à ocorrência de algum tipo de evento. Os 95 eventos podem ocorrer por diversos motivos e alguns softwares supervisórios possuem apenas parte destes eventos. Deste modo, a compreensão da natureza dos eventos possíveis tem mstrado alto grau de generalidade às ferramentas (CAPELLI, 2008). Entre as principais funções disponibilizadas pelas linguagens de scripts são: • Operadores, funções matemáticas e lógicas como mod, div, shr, shl; • Funções de manipulação de strings; • Comando condicional; • Acesso a variáveis do processo como campos de valores e campos de definição; • Criação de variáveis temporárias; • Dialógo com o usuário como exibição de janelas de mensagens e inserção de perguntas ao usuário; • Envio de comando remoto; • Carga de programa ou receita na memória do controlador; • Ativação de nova aplicação; • Impressão de telas e relatórios; • Inserção de comentários no programa. Com os recursos de script disponível, o usuário consegue personalizar as aplicações de acordo com o perfil do processo. 96 Teoria em prática Os sistemas SCADA são elementos fundamentais para o processo produtivo. Por meio destes sistemas é possível monitorar as condições em tempo real das variáveis envolvidas no processo, como exemplo o monitoramento de temperatura utilizando os gráficos de tendência. Como exposto nesta seção, o período de amostragem das variáveis monitoradas é configurado de acordo com a dinâmica das mesmas, tipicamente ajustada entre 80ms e 1 hora. Assim, com base no conhecimento sobre a teoria de amostragem de sinais, pesquise e reflita quais tipos de variáveis podem ser amostras em tempo real por meio dos gráficos de tendência. Verificação de leitura 1. Com base nos conhecimentos sobre as ferramentas utilizadas em softwares de supervisão, analise os itens a seguir: Internamente, os sistemas de supervisão são constituídos de componentes virtuais que possibilitam maior flexibilidade e robustez na construção das telas de interfaces entre máquina e operador. II - As telas (sinóticos) disponibilizam uma representação gráfica global do processo em substituição aos painéis sinóticos tradicionais. Cada tela ilustra uma aréa da planta (ou processo) de um certo nível de detalhe. III–As telas podem ser divididas em: telas de visão geral; telas de grupo; telas de detalhe; telas de malhas; telas de tendências; telas de manutenção. 97 Com base na análise dos itens acima, assinale a alternativa correta. a. Somente o Item I está correto. b. Somente os itens II e III estão corretos. c. Os itens I, II e III estão corretos. d. Somente os itens I e III estão corretos. e. Somente os itens I e II estão corretos. 2. Com base nos conhecimentos sobre os elementos dinâmicos, analise os itens a seguir, classificando-os como verdadeiro ou falso. ( ) No modo REPLACE: a janela sobreposta, após carregada, será removida da memória. ( ) No modo OVERLAY: depois de carregada, a janela sobreposta é removida da memória. ( ) POPUP: após carregada, mantém-se sobre as demais janelas, mesmo não sendo a principal. Marque a alternativa que classifica os itens I, II e III respectivamente, de forma correta. a. V; V; F. b. F; F; F. c. F; V; F. d. F; F; V. e. V; F; V. 3. Com base nos conhecimentos sobre a representação de variáveis analógicas em sistemas supervisórios, analise os itens a seguir. I – Na representação em forma de texto é apresentado o valor de engenharia da variável analógica. A cor do texto 98 pode ser utilizada para codificar o estado da variável, por exemplo: muito alta, alta, normal, baixa, muito baixa. II – No modo de exibição via barras verticais e horizontais são apresentadasas varáveis em termos percentuais. Normalmente utilizada para elucidar o nível de enchimento de um tanque, silo, reator, carga de bateria, temperatura, etc. III – No modo rotação é realizado o movimento de rotação de um determinado objeto, exemplo: pás de um ventilador, forno rotativo de cimento, etc. Com base na análise dos itens acima, assinale a alternativa correta: a. Somente o item I está correto. b. Somente os itens II e III estão corretos. c. Os itens I, II e III estão corretos. d. Somente os itens I e II estão corretos. e. Somente o item III está correto. Referências Bibliográficas ALBUQUERQUE, Pedro U. B. de; ALEXANDRIA, Auzuir Ripardo de. Redes industriais: aplicações em sistemas digitais de controle distribuído protocolos industriais, aplicações SCADA. 2. ed. São Paulo: Ensino Profissional, 2009. 258 p. ALBUQUERQUE, Pedro Urbano Braga de; THOMAZINI, Daniel. Engenharia de Automação Industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007. BOYER, Stuart A. SCADA: supervisory control and data acquisition. 3. ed. Research Triangle Park, NC: ISA, 2004. 219 p. ALVES, José Luiz Loureiro. Instrumentação, Controle e Automação de Processos. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda., 2017 CABÚS, J. R.; NAVARRETE, D. G.; PORRAS, R. P. Sistemas SCADA. Miniproyecto Automatización Industrial. Especialidad (Electrónica Industrial). Escola Politècnica 99 Superior d’ Enginyeria de Vilanova i La Geltrú. Universitat Politécnica de Catalunya. 2004. CAPELLI, Alexandre. Automação industrial: controle do movimento e processos contínuos. 2. ed. São Paulo: Érica, 2008. MORAES, Cícero Couto de; CASTRUCCI, Plínio de Lauro. Engenharia de automação industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC: 2010. Gabarito Questão 1 – Resposta: C Resolução: Internamente, os sistemas de supervisão são constituídos de componentes virtuais que possibilitam maior flexibilidade e robustez na construção das telas de interfaces entre máquina e operador. As telas (sinóticos) disponibilizam uma representação gráfica global do processo em substituição aos painéis sinóticos tradicionais. Cada tela ilustra uma aréa da planta (ou processo) de um certo nível de detalhe. As telas podem ser divididas em: telas de visão geral; telas de grupo; telas de detalhe; telas de malhas; telas de tendências; telas de manutenção. Questão 2 – Resposta: E Resolução: A 1ª e 3ª afirmativas estão corretas. A 2ª afirmativa é falsa, pois o correto é que no modo OVERLAY, depois de carregada, a janela sobreposta não é removida da memória. Questão 3 – Resposta: C No modo de exibição via barras verticais e horizontais são apresentadas as varáveis em termos percentuais. Normalmente utilizada para elucidar o nível de enchimento de um tanque, silo, reator, carga de bateria, temperatura, etc. 100 Interfaces Humano Computador - IHC Autoria: Paulo Broniera Junior Objetivos • Compreender os conceitos fundamentais sobre IHC. • Compreender sobre terminologias, características e ferramentas da IHC. • Características Ergonômicas de IHC. 101 1. Introdução Uma das grandes contribuições de um sistema SCADA é a disponibilização dos dados do processo ao operador. Fato este que torna a necessidade da construção de uma interface amigável fundamental para operação e consolidação do sistema como um todo (ALBUQUERQUE; THOMAZINI, 2007). As Interações Humano-Computador (IHC) têm como premissa desenvolver sistemas usáveis, seguros e factíveis. Tais premissas podem ser resumidas em desenvolver ou melhorar a segurança, utilidade, efetividade e usabilidade de sistemas que incluem computadores. Durante o projeto de interface é necessário que se faça uma análise mais detalhada, como especificação de requisitos, módulo de qualidade e perfil dos usuários. Assim, a participação do usuário durante o processo de desenvolvimento da aplicação é de extrema importância, pois ajuda a diminuir os erros, bem como propicia a inclusão de quesitos como qualidade ergonômica (CYBIS et al., 2007). Nesta seção serão abordados os conceitos ergonomia, usabilidade de Interfaces Humano-Computador, bem como o modelo de componentes de IHC e técnicas de projeto de IHC. 2. Interfaces Humano Computador - IHC As IHC disponibilizam um conjunto de recursos no qual os operadores conseguem interagir com as máquinas, dispositivos e programas de computador (BENYON, 2005). São utilizadas para realizar a visualização simplificada de uma aplicação visando única e exclusivamente a interação entre homem e máquina. Normalmente é instalada no processo, podendo ser composto de tela, 102 painéis de botoeiras e visor, que facilita a interação do operador com a máquina a ser operada. Para saber mais As interfaces Homem-computador possuem característica multidisciplinar, ou seja, podem ser utilizadas em diversos campos da engenharia, por exemplo, nas áreas de engenharia biomédica, onde as IHC são aplicadas no monitoramento de patologias, exames e até mesmo em reabilitação de pacientes. 2.1 Ergonomia das interfaces humano-computador A ergonomia das IHC é dada pelo nível de usabilidade e acessibilidade entregue ao usuário. É definida como o estudo que quantifica a adequação do trabalho às características do ser humano. Para que isso seja possível, as características do operador frente às IHC precisam ser levadas em conta no momento do projeto (BENYON, 2005). Por exemplo, os olhos humanos tendem a se mover: • De uma imagem maior para uma menor; • De uma cor forte para uma mais fraca; • De uma imagem colorida para outra preta e branca; • De formas simétricas para formas assimétricas; • Objeto piscante para um objeto estático. 103 Com base no que foi exposto, ao construir uma tela deve-se levar em consideração os seguintes critérios (BENYON, 2005): • Dê preferência a telas grandes, de 20” ou superior; • O desenvolvimento da tela deve ser bem homogêneo: a quantidade de elementos por tela deve ser compatível com a capacidade humana de interpretá-los; • O desenvolvimento gráfico deve propiciar uma boa resolução com cores diferenciadas, gráficos dinâmicos e condições de inserção textual; • Não utilizar objetos grandes piscantes; • Recomenda-se uma coerência na forma de ilustrar as informações. A representação natural é a mais indicada. Por exemplo, preenchimento de tanques de caldeiras, rotação de uma máquina, etc.; • Dispositivos de chão de fábrica devem ser representados em sua forma e tamanhos exatos; • Os comandos para acionar e desacionar o sistema ou executar aplicações de controle devem ser factíveis e intuitivas; • Mensagens disponibilizadas devem ser claras e explícitas, principalmente as que informam erros e orientam procedimentos de emergência. 3. Projeto de IHC baseado nos aspectos ergonômicos O projeto de uma interface IHC é baseada em uma série de critérios ergonômicos tendo por base as experiências de operação de diversas 104 implementações levantadas em chão fabril, assim as principais dificuldades do operador de IHC são (ROCHA; BARANAUSKAS, 2003): • As ações do operador devem ser baseadas em uma abstração da planta real. • Transformar a interpretação dos dados em tomadas de decisões corretas. • Deve conhecer todas as áreas do processo sob seu controle, ou seja, não pode se tornar específico de uma única área. • Os erros e omissões do operador podem ter consequências maiores, o que gera uma maior pressão psicológica. • O operador é submetido a uma postura de trabalho fixa, o que leva o mesmo à fadiga. Com base nessas informações, o projetista deve levar em consideração as seguintes situações: I. Reduzir as possibilidades de equivoco por parte do operador, inclusive nos momentos de alta demanda operacional, o que gera um aumento de stress. Assim, devem ser representadas as entidades de processo de forma única, permitindo uma operação independente da estrutura física, sem surpresas para o operador. A Figura 1 ilustra o conceito de objeto virtual para essas entidades.Por mais que no ambiente da fábrica possua três IHM locais, o operador irá visualizar e atuar apenas na tela de supervisório geral. 105 Figura 1 – Representação das estruturas no chão de fábrica de forma virtual Fonte: elaborada pelo autor. II. Reduzir ao máximo situações de monotonia que geram desconcentração do operador. III. Não utilizar elementos piscantes ou similares que podem acarretar o cansaço do operador. IV. Evitar o excesso de informação nas telas. V. Reduzir consulta externa ao sistema. 3.1. Etapas de desenvolvimento da IHC Antes do desenvolvimento de uma IHC, bem como da escolha do sistema supervisório, é necessário efetuar um planejamento para que a escolha do mesmo atenda à necessidade da implementação. Segundo MORAES; Castrucci (2010), as etapas que compõem o planejamento e o desenvolvimento de uma IHC são: • Conhecimento do processo que será automatizado; • Levantamento de dados; 106 • Definição do banco de dados; • Definição dos alarmes; • Definição da hierarquia de navegação entre telas; • Desenvolvimento das telas; • Desenvolvimento dos gráficos de tendência nas telas; • Definição do sistema de segurança; • Padrão industrial de desenvolvimento; 3.1.1 Conhecimento do processo O primeiro passo a ser dado para o desenvolvimento de um IHC para o sistema de supervisão é o profundo conhecimento do processo. Faz-se necessária uma gama de informações vindo de fontes diferentes, como equipe técnica de manutenção, operadores, gerência, etc. (MORAES; CASTRUCCI, 2010). Em primeiro momento, deve-se conversar com os operadores e equipe técnica do sistema a ser automatizado para que sejam levantadas e documentadas quais serão as operações futuras da planta. Com a gerência e corpo administrativo devem ser levantadas informações para a realização do suporte e tomada de decisão. Todas as informações discutidas devem ser documentadas e registradas. De posse de todas as informações com as referidas equipes, recomenda-se a quebra e a identificação, por meio de nomes precisos, do processo em etapas. 3.1.2 Tomada e banco de dados Nesta etapa, faz-se o levantamento de dados essenciais que serão tratados no processo. Para que o sistema se torne conciso é necessário 107 definir o limite máximo de dados, principalmente em aplicações que envolvam redes de comunicação. Um elevado tráfego na comunicação prejudica o desempenho em termos de velocidade e integridade de informação (MORAES; CASTRUCCI, 2010). Em sistemas de médio e grande porte é utilizado um banco de dados para o tratamento das Tags que serão aplicadas no sistema de supervisão. Para o desenvolvimento do banco são necessárias as seguintes informações: • O diagrama do processo e de instrumentos da planta; • Endereçamento dos dados ou registradores do controlador; • Lista de alarmes; • Selecionar a classe de varredura; • Planejar um sistema de nomes das variáveis; • Utilizar pastas de arquivos para organizar variáveis; • Criar o banco de dados com as variáveis do processo. 3.1.3 Alarmes O primeiro passo para a configuração dos alarmes consiste nas definições e proposições pré-estabelecidas de operação, normalmente submetidas à aprovação dos responsáveis técnicos do processo (MORAES; CASTRUCCI, 2010), a saber: • Condições de acionamento dos alarmes; • Detalhamento das notificações aos operadores; • Tráfego de mensagens; 108 • Tomada de decisões; • Aviso ao operador para possíveis modificações do estado da planta; • Sinalização de objeto atingido; • Sinalização global do status da planta. Após as definições e aprovação dos alarmes, o projeto é submetido a uma filtragem das informações para identificar um possível número elevado de alarmes. Os critérios para filtragem são baseados no número de ocorrência dos sinais, nível de prioridade e otimização de tarefas. Parâmetros como o nível hierárquico dos colaboradores e distribuição estratégica dos alarmes devem ser estudados pelos responsáveis técnicos da planta. A hierarquização dos alarmes deve ser estudada de forma ampla, para isso recomenda-se a disponibilização de um questionário prévio para tentar diagnosticar pontos críticos no conjunto. 3.1.3 Hierarquia de navegação entre telas A navegação entre as telas, em níveis hierárquicos, refere-se a uma série de telas que entregam progressivamente detalhes do processo à medida que se navega entre a IHC (MORAES; CASTRUCCI, 2010). A organização da navegação é obrigatória para se ter um sistema claro e próximo da realidade, fazendo com que o operador abstraia das telas os fatos que ocorrem no processo real. Normalmente são construídas barras de navegação, com botões que apresentem ao usuário o conteúdo da tela a ser solicitada. A barra permite o acesso entre as telas do processo. A figura 2 Ilustra um exemplo de tela IHC. 109 Figura 2 – Exemplo de tela de IHC Fonte: elaborada pelo autor. No projeto das telas devem ser levadas em consideração a consistência e a clareza do entendido nas informações das IHC. Deve-se garantir a consistência na utilização de símbolos, cores e nome de botões. Deve-se utilizar símbolos que sejam facilmente reconhecidos. No desenvolvimento de uma tela é recomendado não sobrecarregar com muitas informações, devendo-se incluir um padrão com terminologia clara. É possível adquirir uma consistência entre as telas do sistema, para isso se deve seguir um padrão de inserção de informações sempre nas mesmas posições dentro de cada tela. Como sugestão, cada tela deve conter: • Títulos; • Nomes para as tags; • Botões de navegação de avanço e retorno para troca de telas. 110 3.1.4 Gráficos de tendências em IHC Os gráficos de tendência ilustram o comportamento das variáveis de processo ao longo do tempo. Essa modalidade de tela possui indicadores com diferentes cores para possibilitar a fácil comparação entre os dados. A figura 3 ilustra um exemplo de gráfico de tendência em uma IHC (MORAES; CASTRUCCI, 2010). Figura 3 – Gráfico de tendência em IHC Fonte: elaborado pelo autor. Os valores plotados no gráfico podem ser obtidos em tempo real, concatenados com o ciclo de scan dos controladores ou podem ser construídos com dados de um histórico arquivado. Assimile Todas as etapas do projeto de uma IHC são desenvolvidas pensando em aspectos ergonômicos. Visam exclusivamente 111 o bem-estar do operador, reduzindo de forma significativa as chances de erros humanos por parte do usuário. 4. Normas e conceitos de engenharia de softwares aplicados no projeto e validação das IHC Os sistemas IHC são desenvolvidos baseados nas premissas apresentadas na norma ABNT NBR ISO 9241-11 (ABNT, 2011) e validados por meio de técnicas de engenharia de softwares associados a técnicas de teste de softwares, normatizados pela Institute of Electral and Electronics Engineers através da norma IEEE610, de 1990, que é conhecida como uma compilação de padrões computacionais (ROCHA; BARANAUSKAS, 2003). 4.1 Norma ISSO 9241 A norma ABNT NBR ISO 9241 (ABNT, 2011) trata da usabilidade e disponibiliza ferramentas para identificar as informações necessárias a ser consideradas nas especificações ou avaliações de usabilidade de dispositivos de interação visual em notas de medidas de desempenho e satisfação do usuário (ROCHA; BARANAUSKAS, 2003). A orientação dada é sobre como descrever o contexto de utilização dos produtos (hardware, software ou serviços), bem como as medidas pertinentes de usabilidade de maneira clara. São abordados pela referida norma os princípios e técnicas gerais, em vez de requisitos para utilizar métodos específicos (ROCHA; BARANAUSKAS, 2003). 112 4.2 Terminologias Segundo Rocha e Baranauskas (2003), a IEEE 610.12 (H)-1990 trata do glossário padrão para terminologia de engenharia de software e estabelece que, para a avaliação da robustez de um software, é necessário conhecer as diferenças entre defeitos, erros e falhas. A figura 4 ilustra um resumo da diferença entre esses termos.Figura 4 – Comparativo entre os conceitos de defeito, erro e falha Fonte: elaborada pelo autor. O defeito é uma ação de inconsistência realizada ao tentar compreender uma determinada informação. O erro é uma manifestação de um defeito em um elemento de software. Diferença entre valor real e desejado. Por fim, a falha é um comportamento operacional do software diferente do esperado pelo usuário (CYBIS et al., 2007). Teoria em prática As interfaces Homem-Computador são aplicadas constantemente em sistemas de aquisição e supervisão de processos industriais, bem como podem ser encontradas em diversas aplicações comerciais. Com base nos conhecimentos adquiridos sobre interfaces IHC, elenque 113 pelo menos 4 aplicações que temos contato com as IHC diariamente. Verificação de leitura 1. 1. As interfaces Humano-computador possuem um conjunto de características no qual os operadores interagem com as máquinas, dispositivos, programas de computador ou alguma outra ferramenta complexa. Com base nos conhecimentos sobre as IHC, analise os itens abaixo: I–São utilizadas para realizar a visualização simplificada de uma aplicação visando única e exclusivamente a interação entre homem e máquina. II–Normalmente é instalada no processo, podendo ser composto de tela, painéis de botoeiras e visor, que facilita a interação do operador com a máquina a ser operada. III–O projeto de uma interface IHC é baseada em uma série de critérios ergonômicos, tendo por base as experiências de operação de diversas implementações levantadas em chão fabril. Após a análise dos itens, assinale a alternativa que os classifica corretamente. a. Somente o Item I está correto. b. Somente os itens II e III estão corretos. c. Somente os itens I e III estão corretos. d. Os itens I, II e III estão corretos. e. e) Somente os itens I e II estão corretos; 114 2. Com base nos conhecimentos sobre os aspectos ergonômicos de IHC, analise os itens a seguir, classificando-os como verdadeiro ou falso. ( ) Umas das principais dificuldades do operador de IHC é que suas ações devem ser baseadas em uma abstração da planta real. ( ) O projetista das IHC deve reduzir as possibilidades de equívoco por parte do operador, inclusive nos momentos de alta demanda operacional, o que gera um aumento de stress. ( ) Antes do desenvolvimento de uma IHC, bem como da escolha do sistema supervisório, é necessário efetuar um planejamento para que a escolha do mesmo atenda à necessidade da implementação. Marque a alternativa que classifica os itens, respectivamente, de forma correta. a. V; V; F. b. F; F; F. c. F; V; F. d. F; F; V. e. V; V; V. 3. Com base nos conhecimentos sobre projetos de IHC, analise os itens a seguir: I. O primeiro passo a ser dado para o desenvolvimento de um IHC para o sistema de supervisão é o profundo conhecimento do processo. II. Em sistemas de médio e grande porte é utilizado um banco de dados para o tratamento das tags que serão aplicadas no sistema de supervisão. III. O primeiro passo para a configuração dos alarmes consiste nas definições e proposições pré-estabelecidas 115 de operação, normalmente submetidas à aprovação dos responsáveis técnicos do processo. Após a análise dos itens, assinale a alternativa que os classifica corretamente. a. Somente o item I está correto. b. Somente os itens II e III estão corretos. c. Os itens I, II e III estão corretos. d. Somente os itens I e II estão corretos. e. Somente o item III está correto. Referências Bibliográficas ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 9241 – Requisitos ergonômicos para o trabalho com dispositivos de interação visual. Disponível em: https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=86090. Acesso em: 13 set. 2019. ALBUQUERQUE, P. U. B.; ALEXANDRIA, A. R. Redes industriais: aplicações em sistemas digitais de controle distribuído protocolos industriais, aplicações SCADA. 2. ed. São Paulo: Ensino Profissional, 2009. 258 p ALBUQUERQUE, P. U. B.; THOMAZINI, D. Engenharia de Automação Industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007. BOYER, Stuart A. BENYON, D. Interação Humano-Computador. 2. ed. São Paulo: Pearson. 2005. 442 p. CABÚS, J. R.; NAVARRETE, D. G.; PORRAS, R. P. Sistemas SCADA. Miniproyecto Automatización Industrial. Especialidad (Electrónica Industrial). Escola Politècnica Superior d’ Enginyeria de Vilanova i La Geltrú. Universitat Politécnica de Catalunya. 2004. CYBIS, W; BETIOL; A. H; FAUST, R. Ergonomia e Usabilidade: conhecimentos, métodos e aplicações. São Paulo: Novatec, 2007. 344 p. CAPELLI, A. Automação industrial: controle do movimento e processos contínuos. 2. ed. São Paulo: Érica, 2008. MORAES, C. C.; CASTRUCCI, P. L. Engenharia de automação industrial. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC: 2010 ROCHA, H. V; BARANAUSKAS, M. C. Design e Avaliação de Interfaces HumanoComputador. Campinas: NIED, 2003. 244 p. 116 BOYER, S. A. SCADA: supervisory control and data acquisition. 3 ed. Research Triangle Park, NC: ISA, 2004. 219 p. Gabarito Questão 1 – Resposta: D Resolução: São utilizadas para realizar a visualização simplificada de uma aplicação visando única e exclusivamente a interação entre homem e máquina. Normalmente é instalada no processo, podendo ser composta de tela, painéis de botoeiras e visor, que facilita a interação do operador com a máquina a ser operada. O projeto de uma interface IHC é baseada em uma série de critérios ergonômicos, tendo por base as experiências de operação de diversas implementações levantadas em chão fabril. Questão 2 – Resposta: E (V) Umas das principais dificuldades do operador de IHC é que suas ações devem ser baseadas em uma abstração da planta real. (V) O projetista das IHC deve reduzir as possibilidades de equívoco por parte do operador, inclusive nos momentos de alta demanda operacional, o que gera um aumento de stress. (V) Antes do desenvolvimento de uma IHC, bem como da escolha do sistema supervisório, é necessário efetuar um planejamento para que a escolha do mesmo atenda à necessidade da implementação. Questão 3 – Resposta: C Resolução: O primeiro passo a ser dado para o desenvolvimento de um IHC para o sistema de supervisão é o profundo 117 conhecimento do processo. Em sistemas de médio e grande porte é utilizado um banco de dados para o tratamento das tags que serão aplicadas no sistema de supervisão. O primeiro passo para a configuração dos alarmes consiste nas definições e proposições pré-estabelecidas de operação, normalmente submetidas à aprovação dos responsáveis técnicos do processo. 118 Projeto de um Sistema Supervisório Autoria: Paulo Broniera Junior Objetivos • Compreender os conceitos fundamentais sobre projetos SCADA. • Compreender as etapas de projeto para sistemas SCADA. • Conhecer um software dedicado à supervisão de processos. 119 1. Introdução A etapa mais importante de implementação de um sistema SCADA é a etapa de projeto. É realizada em partes para que sejam levantados os pontos que serão tratados no processo, normalmente em comum acordo com autoridades da planta, operadores e técnicos de manutenção (ALBUQUERQUE; THOMAZINI, 2007). O projeto abrange componentes de diversos níveis hierárquicos da automação, iniciando com sensores, evoluindo para os controladores e finalizando nos softwares de supervisão, aquisição e análise de dados (ALBUQUERQUE; THOMAZINI, 2007). Nesta seção estudaremos as etapas que compõem um projeto de supervisão e aquisição de dados por meio de um exemplo. Será realizada a supervisão de temperatura ambiente, utilizando um microcontrolador e o software Elipse SCADA. Serão tratados passo a passo a implementação e integração dos dispositivos. 2. Sistema SCADA para monitoramento de temperatura A primeira etapa de desenvolvimento de um sistema de supervisão é o conhecimento do processo, onde são levantados todos os elementos que irão fazer parte da implementação. Nesse sentido, a figura 1 ilustra o diagrama em blocos do sistema de supervisãopara temperatura ambiente que será desenvolvido nesta seção. 120 Figura 1 – Digrama do processo Fonte: elaborada pelo autor. Como parte do conhecimento do processo de leitura da temperatura, Figura 1, foram identificados na planta os seguintes componentes: • Sensor de temperatura LM35 (nível hierárquico 1 da automação); • Arduino Uno R3 (mível hierárquico 2 da automação); • Software Elipse SCADA (nível hierárquico 3 da automação). O sensor LM35 envia o valor de temperatura medido ao Arduino UNO (Configurado como controlador), que por sua vez pré-processa o sinal e envia, por meio do protocolo de comunicação modbus, ao sistema de supervisão. Para saber mais O arduino é uma plataforma de prototipagem eletrônica de hardware livre e de placa única, projetada normalmente 121 com um microcontrolador Atmel AVR, com periféricos de entradas analógicas e digitais embutidas. Pode ser utilizado em diversas aplicações, como em veículos de tração elétrica, controlador industrial, automação residencial, etc. (STEVAN; SERGIO, 2015). 2.1 Software Elipse e Drivers O Elipse SCADA disponibiliza ambientes para o desenvolvimento e a execução de aplicações de Interface Homem-Máquina (IHM) e sistemas SCADA para os mais variados tipos de processo. Possui comunicação com diversos tipos de equipamentos, possibilitando a aquisição de dados em tempo real, bem como a visualização dos sinais em telas e gráficos. O primeiro passo de um projeto SCADA é realizar a aquisição do software, drivers, etc. No projeto desta seção será utilizada a versão demo do Elipse SCADA, disponibilizada no site do fabricante. Com a versão demo do Elipse SCADA é possível realizar aplicações para validação de conceitos, disponibiliza 20 tags, um drive e duas horas de operação. Para acessar o download do Elipse é necessário criar uma conta sem custos. 2.1.1 Desenvolvimento da aplicação O desenvolvimento da aplicação é realizado em 3 passos distintos, a saber: • Upload do firmware do controlador; • Comunicação do controlador com o software; 122 • Desenvolvimento dos ambientes de monitoramento. O primeiro passo é realizar o upload do firmware no controlador, o quadro 1 apresenta o código utilizado como interface entre o controlador e a aplicação. Quadro 1 – Código de implementação do controlador 123 Fonte: elaborada pelo autor. Assimile Modbus é um protocolo de comunicação de dados utilizado em sistemas de automação industrial. Na aplicação https://pt.wikipedia.org/wiki/Protocolo_(ci%C3%AAncia_da_computa%C3%A7%C3%A3o) https://pt.wikipedia.org/wiki/Comunica%C3%A7%C3%A3o_de_dados https://pt.wikipedia.org/wiki/Automa%C3%A7%C3%A3o_industrial 124 envolvendo o arduino e o software Elipse SCADA, o referido protocolo é implementado por meio da biblioteca “SimpleModbusSlave.h”. Assim, na primeira vez que o código for verificado, deve-se realizar a inclusão da biblioteca no gerenciador de bibliotecas disponível na IDE do Arduino. Após o upload do firmware é o momento de estabelecer comunicação entre o controlador e o software de supervisão. Deve-se conectar o controlador na porta USB do computador com o software Elipse e iniciar uma nova aplicação. A figura 2 ilustra o início da conexão do arduino com o software Elipse Scada. Figura 2 – Nova aplicação no Elipse Fonte: elaborada pelo autor. Em seguida, deve-se habilitar a interface modBus entre o controlador e o software de supervisão clicando no botão “Organizer” >> “Drivers”>> “Novo”, conforme ilustrado na figura 3. Selecione o driver modbus.dll e click em fechar. 125 Figura 3 – Comunicação entre arduino e Elipse via modbus Fonte: elaborada pelo autor. Após o fechamento da janela de seleção do driver deve ser observada a descrição do driver selecionado, conforme a Figura 4. 126 Figura 4 – Janela de seleção do driver Fonte: elaborada pelo autor. Ainda com a janela “Organizer” aberta é o momento de criar as tags de trabalho, uma no caso desta aplicação. Acesse a sequência tag>>novo tag>> tag PLC. A figura 5 ilustra os passos de seleção de tag. 127 Figura 5 – Janela de seleção de tag Fonte: elaborada pelo autor. O tipo “tag PLC” codifica o envio do valor da variável criada no controlador para o CLP. Inicialmente, a tag criada é numerada pelo software (ex: 001, 002....00n), deve-se clicar na tag numerada para editá-la. A figura 6 ilustra um comparativo da janela organizer para configuração de tag. 128 Figura 5 – Janela de seleção de tag Fonte: elaborada pelo autor. Nesta etapa é configurada a tag de comunicação entre controlador e software de supervisão. No campo “nome” é colocado o mesmo nome de variável declarado no controlador, e na descrição é colocado um nome arbitrário pertinente à aplicação. É possível testar a conexão entre software e controlador no campo “teste conexão aqui”, pode-se observar na figura 6 que há um valor de temperatura igual a 22 ºC sendo mostrado na referida aba, bem com o status de leitura OK. 3. Desenvolvimento da tela de supervisão Nesta aplicação serão desenvolvidos três exemplos de mostradores de temperatura, a saber: • Display; • Gauje; • Gráfico de tendência. 129 3.1 Display O display permite a ilustração da variável de forma absoluta, pode ser comparado às telas dos multímetros digitais de campo. Para o desenvolvimento da aplicação no Elipse SCADA deve-se seguir a seguinte sequência, conforme figura 7, para o desenvolvimento do display: A) Clicar no botão display, B) Arrastar e desenhar display com o tamanho e posição desejado, C) Nomear o Display, D) Inserir título no display, E) Configurar Tag. Figura 7 – Janela de configuração de tag Fonte: elaborada pelo autor. 130 Na aba “moldura” é possível ajustar o tipo e tamanho de fonte, cor de fundo, etc. Com todas as configurações realizadas, basta pressionar a tecla F10 no computador e rodar a aplicação. A figura 8 ilustra um display rodando em aplicação. Figura 8 – Display na aplicação Elipse SCADA Fonte: elaborada pelo autor. 3.2 Gaujes As gaujes lembram os velocímetros analógicos utilizados em veículos e permitem visualizar a evolução da variável por meio de um ponteiro ou gráfico de barras A sequência de desenvolvimento no Elipse SCADA é similar ao da criação do display. A sequência de configuração é mostrada na Figura 9 e descrita a seguir: A) Clicar no botão gauje, B) Arrastar e desenhar a gauje com o tamanho e posição desejado, C) Nomear a gauje, D) Inserir título na gauje, E) Configurar Tag. 131 Figura 9 – Janela deconfiguração da gauje Fonte: elaborada pelo autor. Conforme nos displays, a aba “moldura” permite ajustar o tipo e tamanho de fonte, cor de fundo, etc. Com todas as configurações realizadas, basta pressionar a tecla F10 no computador e rodar a aplicação. A figura 9 ilustra uma auje rodando em aplicação. Figura 10 – Gauje na aplicação Elipse SCADA Fonte: elaborada pelo autor. 132 3.3 Gráfico de tendência Os gráficos de tendência são ótimas ferramentas para amostragem dos dados, por meio deles é possível verificar o comportamento de uma variável em um tempo determinado. A sequência a seguir, apresentada pela figura 9, descreve quais são os passos para desenvolver um gráfico de tendência em tempo real. São listados 5 passos, a saber: A) Clicar no botão gráfico de tendência, B) Arrastar e desenhar o gráfico com o tamanho e posição desejado, C) Nomear gráfico, D) Inserir título no gráfico, E) Configurar Tag. Para realizar o passo E é necessário ir à aba “pena”, clicar no desenho da pena na linha “pena de desenho” e selecionar a aba tag. Figura 11 – Sequência para criação de um gráfico de tendência no Elipse SCADA Fonte: elaborada pelo autor. 133 A figura 12 ilustra o gráfico de tendência rodando em aplicação. Figura 12 – Gráfico de tendência na aplicação Elipse SCADA Fonte: elaborada pelo autor. 3.4 Tela final de monitoramento Para a finalização do projeto da tela de supervisão, basta criar uma janela de texto, no botão “text”,e unir todos os elementos desenvolvidos individualmente na referida janela, conforme ilustrado na figura 13. Figura 13 – Unificação dos elementos para finalização da tela de supervisão Fonte: elaborada pelo autor. 134 Após a junção dos elementos na janela de texto, basta iniciar a aplicação no botão “rodar a aplicação” e realizar o monitoramento. A figura 14 ilustra a tela de monitoramento online. Figura 14 – Gauje na aplicação Elipse SCADA Fonte: elaborada pelo autor. Na aplicação da figura pode-se comparar as funcionalidades entre o display, gauje e gráfico de tendência. No caso da gauje e display a temperatura é plotada de forma instantânea e no gráfico é amostrada em um período de tempo que possibilita ver o comportamento, em instantes de tempo anteriores, da temperatura. Teoria em prática Na presente seção foi apresentado um sistema de supervisão para temperatura ambiente. Para isso foram desenvolvidas as comunicações entre hardware e software para amostragem de uma variável. Com base nos conhecimentos adquiridos até aqui, pesquise como implementar um número maior de variáveis 135 para monitoramento, bem com realizar um controle de temperatura em malha fechada em um processo industrial utilizando as técnicas discutidas nesta seção. Verificação de leitura Analise a figura 15. Figura 15: Esquemático do processo de temperatura Elipse ModBus Fonte: elaborada pelo autor. Com base na análise da figura acima, classifique os itens abaixo: I – Na figura 15 existem elementos de três níveis hierárquicos da automação. O LM35 é um sensor de temperatura, por isso é do nível 1. O arduino é um controlador, sendo classificado no nível 2 e, por fim, o Elipse é um software de supervisão e é classificado no nível 3. II–Na figura 15 existem elementos de três níveis hierárquicos da automação. O LM35 é um sensor de 136 temperatura, por isso é do nível 2. O arduino é um controlador, sendo classificado no nível 1 e, por fim, o Elipse é um software de supervisão e é classificado no nível 3. III–Na figura 15 existem elementos de três níveis hierárquicos da automação. O LM35 é um sensor de temperatura, por isso é do nível 3. O arduino é um controlador, sendo classificado no nível 1 e, por fim, o Elipse é um software de supervisão e é classificado no nível 2. Após a análise dos itens, assinale a alternativa que os classifica corretamente. a. a) Somente o Item I está correto. b. b) Somente os itens II e III estão corretos. c. c) Somente os itens I e III estão corretos. d. d) Os itens I, II e III estão corretos. e. e) Somente os itens I e II estão corretos. 2. Com base nos conhecimentos sobre sistemas supervisórios, analise a figura a seguir. Figura 16 – Elemento de sistemas supervisórios Fonte: elaborada pelo autor. Com base na analise da figura, classifique os itens abaixo corretamente. 137 I – O elemento da figura 16 é um display, pois plota o valor da variável de forma instantânea. II – O elemento da figura 16 é um gráfico de tendência, ilustra o valor da variável baseada em um histórico. III – O elemento da figura 16 é uma gauje e ilustra o valor da variável de forma instantânea baseada em um histórico. Após a análise dos itens, assinale a alternativa que os classifica corretamente. a. Somente o Item I está correto. b. Somente o item II está correto. c. Somente o item III está correto. d. Somente os itens I e II estão corretos. e. Somente os itens I e III estão corretos. 3. Com base nos conhecimentos sobre os gráficos de tendência, analise os itens a seguir; I–O primeiro passo a ser dado para o desenvolvimento de um IHM para o sistema de supervisão é o profundo conhecimento do processo. II–Em sistemas de médio e grande porte é utilizado um banco de dados para o tratamento das tags que serão aplicadas no sistema de supervisão. III–O primeiro passo para a configuração dos alarmes consiste nas definições e proposições pré-estabelecidas de operação, normalmente submetidas à aprovação dos responsáveis técnicos do processo. Após a análise dos itens, assinale a alternativa que os classifica corretamente. a. Somente o item I está correto. b. Somente os itens II e III estão corretos. 138 c. Os itens I, II e III estão corretos. d. Somente os itens I e II estão corretos. e. Somente o item III está correto. Referências Bibliográficas ALBUQUERQUE, Pedro U. B. de; ALEXANDRIA, Auzuir Ripardo de. Redes industriais: aplicações em sistemas digitais de controle distribuído protocolos industriais, aplicações SCADA. 2. ed. São Paulo: Ensino Profissional, 2009. 258 p. ALBUQUERQUE, Pedro Urbano Braga de; THOMAZINI, Daniel. Engenharia de Automação Industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007. BOYER, Stuart A. SCADA: supervisory control and data acquisition. 3,ed. Research Triangle Park, NC: ISA, 2004. 219 p. CABÚS, J.R.; NAVARRETE, D.G.; PORRAS, R.P. Sistemas SCADA. Miniproyecto Automatización Industrial. Especialidad (Electrónica Industrial). Escola Politècnica Superior d’ Enginyeria de Vilanova i La Geltrú. Universitat Politécnica de Catalunya. 2004. CAPELLI, Alexandre. Automação industrial: controle do movimento e processos contínuos. 2. ed. São Paulo: Érica, 2008. MORAES, Cícero Couto de; CASTRUCCI, Plínio de Lauro. Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. 2. ed. São Paulo: EDUSP, 2003. STEVAN Jr.; S. L.; SILVA, R. A. Automação e instrumentação industrial com o arduino: teoria e projetos. São Paulo: Erica, 2015. Gabarito Questão 1 – Resposta: A Resolução: Na figura 15 existem elementos de três níveis hierárquicos da automação. O LM35 é um sensor de temperatura, por isso é do nível 1. O arduino é um controlador, sendo classificado no nível 2 e, por fim, o Elipse é um software de supervisão e é classificado no nível 3. 139 Questão 2 – Resposta: C Resolução: O Elemento da figura 16 é uma gauje (as gaujes lembram os velocímetros analógicos utilizados em veículos e permitem visualizar a evolução da variável por meio de um ponteiro ou gráfico de barras) e ilustra o valor da variável de forma instantânea baseada em um histórico Questão 3 – Resposta: C Resolução: O primeiro passo a ser dado para o desenvolvimento de um IHC para o sistema de supervisão é o profundo conhecimento do processo. Em sistemas de médio e grande porte é utilizado um banco de dados para o tratamento das tags que serão aplicadas no sistema de supervisão. O primeiro passo para a configuração dos alarmes consiste nas definições e proposições pré-estabelecidas de operação, normalmente submetidas à aprovação dos responsáveis técnicos do processo. 140 Sumário Apresentação da disciplina Evolução dos sistemas de automação 1. Evolução dos sistemas de automação 2. Controle de processos em sistemas supervisórios Teoria em prática Verificação de leitura Referências Bibliográficas Gabarito Arquiteturas de Sistema SCADA Objetivos 1. Arquiteturas de Sistema SCADA Teoria em prática Verificação de leitura Referências Bibliográficas Gabarito Dispositivos integradores para sistemas de supervisão Objetivos 1. Introdução 2. Interface Homem-Máquina via sistemas de supervisão 3. Componentes físicos de integração de um sistema de supervisão 4. Topologia de implementação nos sistemas supervisórios Teoria em prática Verificação de leitura Referências Bibliográficas Gabarito Sistemas SCADA: Exemplos de software e aplicações Objetivos 1. Introdução 2. Softwares para sistemas de supervisão 3. Tagname ou variáveis em um sistema supervisório 4. Controle PID em sistemas supervisórios Teoria em prática Verificação de leitura Referências Bibliográficas Gabarito Recursos e Ferramentas dos Sistemas SCADA. Objetivos 1. Introdução 2. Componentes para desenvolvimento de um sistema supervisório 3. Gráficos de tendência 4. Linguagem para definição de aplicações de usuário - SCRIPT Teoria em prática Verificação de leitura Referências Bibliográficas Gabarito Interfaces Humano Computador - IHC Objetivos 1.Introdução 2. Interfaces Humano Computador - IHC 3. Projeto de IHC baseado nos aspectos ergonômicos 4. Normas e conceitos de engenharia de softwares aplicados no projeto e validação das IHC Teoria em prática Referências Bibliográficas Gabarito Projeto de um Sistema Supervisório Objetivos 1. Introdução 2. Sistema SCADA para monitoramento de temperatura 3. Desenvolvimento da tela de supervisão Teoria em prática Verificação de leitura Referências Bibliográficas Gabarito