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ANTROPOLOGIA AFRO-BRASILEIRA RESENHA DO CAPÍTULO “ESCRAVOS E ESCRAVIDÃO NO BRASIL” DOCENTE: GREILSON JOSÉ DISCENTE: BIANCA ESTEFANNY PEREIRA FEITOSA LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS São Luís, Maranhão, 29 de agosto de 2019 SOBRE OS ESCRAVOS E A ESCRAVIDÃO NO BRASIL O século XIX é o período que marca a história do Brasil Imperial no que diz respeito à escravidão de negros, tanto os nascidos no Brasil quanto os vindos dos navios negreiros. Analisando este capítulo, em primeiras linhas abordamos a questão de como e em quais condições viviam os negros escravos no Brasil ao serem arrancados de suas origens. Sendo escravos, estavam incondicionalmente submetidos a um ideal de propriedade perante seus senhores e até então, nada podiam fazer para mudar essa realidade. Sujeitos aos seus senhores, trabalhavam incessantemente nos engenhos e demais setores de produção a fim de atender as necessidades da sociedade. O desenvolvimento urbano e seu avanço se deram pelo alto investimento no grande negócio da época que era a própria mão de obra escrava/servil. “Por mais de trezentos anos a maior parte da riqueza produzida, consumida no Brasil ou exportada foi fruto da exploração do trabalho escravo.”. Tal negócio era tão valorizado a ponto de a população negra escrava no país ser superior à população europeia no Brasil, e tudo isso em consequência do tráfico de escravos que eram transportados através dos navios negreiros. O acesso à posse de escravos não estava limitada tão somente aos que possuíam uma determinada condição financeira elevada, também os que possuíam uma condição financeira mediana se davam ao luxo de investir em escravos, principalmente se tratando do pequeno produtor e comerciante, de modo que, ironicamente, “até ex-escravos possuíam escravos”, destaca o autor. Apesar das transformações institucionais promovidas pela elite após a independência do país em 1822, e, apesar de possuir uma constituição liberal e moderna para sua época, a escravidão foi mantida. Não era possível, até então, diante da mentalidade elitista da época, se desfazer de um sistema econômico como a escravidão e por isso, mesmo com o avanço e desenvolvimento urbano que se deu nesse período, a mentalidade escravista se manteve por longos períodos a medida que o mundo se desenvolvia e abandonara o sistema escravista que já se tornara arcaico em comparação ao avanço industrial que se dava em toda a Europa. Aqui se abre um parêntese importante: apesar da facilidade na obtenção de escravos, seu custo era muito alto e pouco valia a pena a depender da condição financeira do escravista. Era necessário manter a boa saúde dos escravos, e isso requereria uma dedicação especial por parte do seu senhor em torna-lo não só meramente um escravo, mas um criado. Estabelece-se, portanto, um sentimento paternalista, uma relação superior a de um senhor e escravo. A fim de evitar rebeldias e revoltas dos escravos, seus senhores os ‘beneficiavam’ com proteção familiar, melhores condições de trabalho, conforto em alguns aspectos da sua vida, tudo isso em troca de “humildade, obediência e fidelidade”, destaca o autor. Desse modo, tornou-se muito mais fácil a questão de domínio escravo. Por outro lado, com a modernização do mundo e a substituição do homem pela máquina em pleno século XIX (vide revolução industrial), a escravidão passa a ser abolida de maneira que se torna, então, muito mais fácil e prático pagar por horas de trabalho e produção do que manter um escravo. Vale lembrar que isso, no entanto, tem início na Europa com a Inglaterra e logo depois de muito tempo e pressão internacional se tornaria possível no Brasil Imperial (com a Lei Aurea), apesar de muita resistência por parte dos republicanos que eram pró-escravidão. Dentro desta mesma questão, as condições de vida em geral nunca foram favoráveis. Necessitou-se muitas vezes que o senhor de escravos se encontrasse em situação de ‘saia-justa’ tendo de lidar com rebelião de escravos insatisfeitos na maioria das vezes com a jornada de trabalho que era extremamente cansativa e exaustiva. Muitos escravos ou adoeciam ou até mesmo morriam devido ao excesso de trabalho pesado. Diversas leis foram criadas a fim de obrigar os senhores de escravos a garantir condições ‘mais humanas’ aos escravos, de modo a preservar sua vida, sua saúde. O passar do tempo levou os senhores de escravos a desenvolver uma relação diferenciada com os escravos, dando certos privilégios e gratificações como forma de incentivo pelos trabalhos feitos de acordo com as expectativas do patrão. Muitos recebiam pagamentos em dinheiro por trabalharem aos domingos, por exemplo, ou então trabalhavam em engenhos vizinhos a fim de garantir a própria subsistência e melhores condições de vida ou até mesmo garantir sua carta de alforria pelo bom trabalho desenvolvido. Enfim, com o desenvolvimento de uma relação mais temperada, houve entre senhores de escravos e escravos consenso para que o trabalho no campo tivesse maior produtividade de maneira que os escravos passaram a usufruir de uma melhor condição de vida. Apesar de grande parte dos escravos no geral estarem submetidos aos trabalhos rurais, havia também os escravos da cidade, ou o que chamavam de “escravos de ganho”, que nada mais eram do que escravos responsáveis pelos trabalhos nos centros urbanos, estes desfrutavam de uma liberdade maior e até mesmo uma condição de vida superior a de seus colegas, que estavam no meio rural. Eram escravos que exerciam funções básicas que não eram vistas com bons olhos pela população (pedreiros, carpinteiros, pintores, ferreiros, alfaiates, sapateiros e etc.), profissões as quais “serviam” para escravos e pobres. As cidades tiveram grande desenvolvimento em sua estrutura e cultura, mas tudo isso se deu graças ao uso da mão-de-obra escrava. Pode-se afirmar, sem medo de errar, que estes escravos de ganho eram de certa forma, privilegiados, devido às condições que seus senhores na cidade lhes garantiam para trabalhar, entretanto, essa liberdade era até certo ponto limitada, ante a vista da polícia que constantemente os vigiavam e os controlavam. Por fim, a fim de fortalecer os laços e unir seus irmãos, muitas redes de solidariedade foram formadas pelos próprios escravos, tanto no meio rural quanto na cidade. As redes de solidariedade além de fortalecer os laços entre os escravos visava discutir e traçar estratégias de sobrevivência ante o árduo trabalho escravo. Com essas reuniões ao final do dia de trabalho, os escravos se organizavam para realizar serviços extras para garantir uma melhor condição e qualidade de vida mediante serviços remunerados. Ajudavam também uns aos outros organizando entre si meios de juntar dinheiro em uma espécie de “poupança” a fim de socorrer quem estava em dificuldades financeiras ou quem pretendia comprar sua carta de alforria, tais organizações se chamavam “juntas”. “Os escravos que trabalhavam em grupo cuidavam uns dos outros e se ajudavam mutuamente para cumprir as exigências dos senhores ou dos clientes.”.
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