Buscar

Propósito da Educação- Transmitir ou Despertar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Propósito da Educação: 
Transmitir ou despertar? 
 
Um dos grandes desafios da humanidade sempre foi sua capacidade de passar 
conhecimento para as gerações futuras. O processo de desenvolvimento humano de 
experimentação, descoberta, crítica e conclusão através do empirismo traz consigo a 
capacidade de relativisar, dependo do observador, as inúmeras experiências que nos cercam. 
Seja nos primeiros momentos onde o feto toma ciência de sua existência, do corpo de sua 
mãe, dos limites de seu espaço atual, até o nascimento onde o processo se repete inúmeras 
vezes trazendo consigo uma nova perspectiva. O observador que traz consigo uma nova gama 
de conhecimentos prossegue avançando em sua capacidade cognitiva a medida que vive e 
revive as experiências que estão formando sua visão do mundo. Assim como as aves de rapina 
que nutrem seus filhotes e após chegarem no tamanho ideal os desafiam a tomar um passo a 
frente ensinando-os a voar, a humanidade vem nutrindo seus rebentos com toda gama de 
conhecimento que se julga importante. 
O conhecimento registrado e transmitido através de estruturas que possuem uma 
construção temporal, espacial, cultural e filosófica, recebecem influências destas construções 
moldando novas gerações. Um tema recorrente através da história é a preocupação em julgar 
quais destes conhecimentos são importantes para a construção do ser influênciados pelas 
questões filosóficas mais antigas; Quem sou? Qual a minha finalidade? As questões 
apresentadas, por menos proximidade aparente ter com a educação, tem sido uma força que 
influencia os povos através da história e suas respectivas respostas para estas perguntas. A 
preocupação em preparar o indivíduo para assumir seu lugar em meio a sociedade sofreu 
influência do modo de vida e das estruturas que caracterizavam estas sociedades.Ao analisar a 
educação na antiguidade clássica, por exemplo, observamos como essas questões influênciam 
as respostas obtidas em recortes temporais e espacias distintos. 
A preocupação Ateniense com as quetões da polis pode ser observada no recorte de 
conhecimento a ser transmitito através de sua educação. Seu ensino voltado para a 
preparação do indivíduo como um cidadão da polis é caracterizado em sua preparação para 
participação a Ágora através de aulas de retórica em sua Educação Elementar. O “Quem sou?” 
Ateniense foi designado por aquela sociedade como “um cidadão da pollis”. O “Qual é a minha 
finalidade?” era contribuir como um indivíduo versado na politica, nas práticas culturais, com 
um ofício e com um corpo atlético. De mesmo modo, sua contemporânea Esparta encontrou 
respostas diferentes para estas mesmas questões. Sua prática de ensino voltada a servir 
Esparta traz consigo mudanças significativas de como o indivíduo deve ser preparado. O Eu, 
era o mesmo de Atenas, todavia a visão de como deveria um cidadão servir a sua pollis era 
distinta pois a finalidade havia mudado. Em Esparta um cidadão era um soldado. Um indivíduo 
militarizado que servia como um braço armado em seus exercitos despindo-se da 
individalidade por propósito maior. Sua estrutura educacional voltava-se então para a 
formação deste ser comum ao “estado” que excluia de suas bases pedagógicas demais 
conhecimentos. Com base nestas caracteristicas vemos a influência direta da sociedade na 
formação do indivíduo utilizando-se da educação como uma “ferramenta estatal”. 
Esta “ferramenta” não deixou de ser utilizada após o período clássico. Através da 
história passando pela “evangelização racional” do indivíduo na Idade Média, pelo padrão 
educacional pelo exemplo na formação do caráter na Idade Moderna, até as críticas 
contemporâneas aos modelos vigentes a educação vem sendo utilizada como diretriz para 
incutir no indivíduo a respostas para as perguntas basilares. Ora, se em todo processo, sendo 
ele visto como uma troca, uma direção ou uma obrigação as finalidades são as mesmas, qual a 
finalidade então da educação? Disciplinar? Receber conhecimento? Preparar para a vida sendo 
que está vida está inserida em um contexto temporal, espacial, cultural e filosófico? Como 
podemos apresentar um modelo dito como “crítico” se ao analizarmos com cuidado vemos 
que o indivíduo que está sendo “preparado” continua recebendo respostas ao invés de 
encontra-las? Será realmente este o único caminho? Creio que não. 
Como podemos então libertar o individuo das respostas que nós recebemos? Se a 
educação em seu cerne é a transmissão das respostas que obtivemos através de nosso olhar 
empírico sobre o mundo, o conhecimento é o conjunto de perguntas e respostas obtiditas 
através das eras. Apesar da estranheza é possível separar o conhecimento (como conjunto de 
respostas) do “Conhecimento Próprio” que determina ao indivíduo como um ser, encontrar as 
respostas referênte a quem ele é e como deseja viver. Ninguém é mais capaz de dizer quais 
sãos os anseios e o que lhes traz felicidade do que o próprio indivíduo. Proponho aqui então 
uma reflexão simples, porém profunda, de que respostas transmitiremos adiante para as 
novas gerações. Devemos transmitir o conhecimento para a geração futura que nos trouxe até 
aqui. Este conhecimento que chamaremos de Básico deve abranger toda sorte de informação 
ciêntifica que o insira dentro do contexto temporal. Essa gama de saberes disciplinares tem a 
finalidade de capacitar o indivíduo a compreender o tempo em que vive. O educador assume 
então o papel de transmissor deste saber, o aluno de receptor desta ferramenta chamada 
conhecimento a fim de despertar sua capacidade cognitva de buscar em si e por si próprio as 
respostas das questões fundamentais. Deste modo a educação deixará de ser uma fábrica de 
respostas uniformes e passará a ser “a luz da sabedoria que o guia para fora da caverna”. Uma 
relação onde se produza no indivíduo perguntas para que ele tenha a vontade de encontrar as 
respostas que desejar. Todo indivíduo tem em si uma direção que deve seguir. Aprender a 
observar através do ruído gerado pela comunicação entre Mestre e Aluno é o caminho para 
verdadeiramente despertar o indivíduo. A pergunta é a direção, a pesquisa, o caminho e a 
resposta é o fragmento que irá compor como ser.

Outros materiais