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http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=opera+de+paris&source=images&cd=&cad=rja&docid=7KoHFTDBkvNIjM&tbnid=rtiGOdS6GK_l9M:&ved=0CAUQjRw&url=http://adm.operamundi.com.br/conteudo/historia/26391/hoje+na+historia+1875+-+opera+de+paris+e+inaugurada+com+sua+primeira+apresentacao.shtml&ei=Jv-AUdrDO5Cy8QSg7YGAAg&bvm=bv.45921128,d.eWU&psig=AFQjCNH2cYGiWZMZ5W-3O4I9EvyaQM6o8A&ust=1367494762162420 “Nenhum outro século, na história da civilização ocidental, desenvolveu uma atividade construtiva tão intensa como o século XIX, e ao mesmo tempo produziu um número tão reduzido de arquitetos criativos. Não acreditamos que isto se deva à falta de talento, mas, antes, estamos propensos a crer que a sociedade gradualmente tenha aniquilado todo impulso criativo com o veneno de seu próprio gosto reinante”. (S. Giedion) Enquanto a técnica das construções aperfeiçoa-se com grande rapidez ao longo do século XIX, “a cultura artística tradicional entre em sua crise definitiva”; A polêmica entre os estilos neoclássico e neogótico – os estilos predominantes do movimento historicista na segunda metade do século XIX - realmente não tinha como ser resolvida com a vitória de um ou de outro programa. Dessa forma, os arquitetos continuaram, por um bom tempo, trabalhando tanto com esses dois estilos, como também com todos aqueles que marcaram a história da arquitetura: o românico, o bizantino, o egípcio, o renascentista etc. Academia de Belas Artes da Pensilvânia (1871-1876) Daí surge e difunde-se a posição que foi chamada de “ecletismo”, de certa forma uma consequência natural da direção que vinha tomando o movimento historicista (e respectivos revivals); O termo ecletismo, em resumo, é usado para descrever a combinação de diferentes estilos históricos aplicados em uma mesma obra sem com isso produzir um novo estilo (pelo menos na opinião da maioria dos críticos e historiadores...). Em outras palavras: “o Ecletismo poderia ser compreendido como uma liberdade de escolha sobre o que se considerava melhor ou positivo, abandonando dogmas como aqueles cânones estabelecidos pelo repertório neoclássico”. (Mendes, 2011) Ópera de Paris (1875), de Charles Garnier http://vignette4.wikia.nocookie.net/lunarchronicles/im ages/1/11/Opera_Garnier.jpg/revision/latest?cb=201 51025140951 Para muitos arquitetos ecléticos, portanto, formou-se não apenas a “convicção de que era possível escolher entre elementos extraídos das antiguidades e concentrar o melhor deles” em seus projetos para chegarem à beleza e/ou perfeição, como também a noção de que essa postura fosse comparável às próprias experiências criativas do passado (que, muito pelo contrário, baseavam-se na busca pelo novo e pela constante renovação). Os defensores do ecletismo (muitos dos quais simplesmente reproduziam a opinião pública), por sua vez, louvavam principalmente a sua “liberdade”; L. Avray: “Longe de merecer a censura de sacrificar- se à moda, jamais a arte se expressou com maior independência, e isso será a honra de nossa época, que acolhe todos os estilos, todos os gêneros e todas as maneiras, posto que, sendo a edificação artística mais completa e mais difundida, aprecia-se melhor a beleza de todas as obras e de todos os estilos (...). Hoje (...) não existe mais moda nas artes”. Com o passar do tempo, porém, o termo “ecletismo” passou a ser usado com um sentido pejorativo, como sinônimo de “falta de personalidade e originalidade”. Palácio de Justiça de Bruxelas (1866-1883), de Joseph Poelaert Farmers and Drovers Bank (1892) – Kansas (EUA) Castello Cova (Milão) - 1910 Praça da Sé (Salvador): chalet dos Carris (demolido na década de 1940) Salvador: IGHBa e Avenida Sete (década de 1930) Salvador: Avenida Sete / ladeira de São Bento (década de 1930) Salvador: Câmara Municipal (década de 1940) Rua Chile (Salvador) – início do século XXI “Devido à sua aparente liberdade de composição e às incontáveis possibilidades de incorporar aos projetos e espaços resultantes peças produzidas em série pela Revolução Industrial em seu ápice, o Ecletismo tornou-se o estilo preferido pela burguesia em ascensão, adquirindo, não raramente, um comportamento kitsch”. (Mendes, 2011) Kitsch: “...é um substantivo (...) que descreve uma coisa com mau gosto, no âmbito da estética. É um conteúdo criado para apelar ao gosto popular. Sendo uma coisa com pouca qualidade, muitas vezes a obra kitsch é sentimentalista ou sensacionalista. Verskitchen, a palavra em alemão que origina este termo, designa a fraude de imitar as obras de arte”. (www.significados.com.br) “Devido à sua multiplicidade de referências, há muita dificuldade em organizar um modelo de classificação para o Ecletismo, coexistindo diversas proposições teóricas”; (Mendes, 2011) Porém, de acordo com Luciano Patteta, algumas tendências merecem destaque especial, dentre elas: (1) os pastiches compositivos ; (2) o ecletismo de catálogo e (3) a arquitetura de ferro. Na opinião do arquiteto italiano Luciano Patetta, porém, enquanto lamentavam a falta de um estilo arquitetônico próprio para o século XIX, os críticos do ecletismo não perceberam que, na verdade, “o século XIX já encontrara o “próprio estilo” e que este era o Ecletismo; Em sua opinião, o Ecletismo “era a cultura arquitetônica própria de uma classe burguesa que dava primazia ao conforto, amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condições de vida), amava as novidades, mas rebaixava a produção artística e arquitetônica ao nível da moda e do gosto”. Por outro lado, foram os mesmos burgueses que exigiram (e obtiveram) uma série de melhorias nas instalações de suas residências, novas disposições internas de suas casas, novas tipologias para diferentes edificações (hotéis, lojas, escritórios, teatros, bancos, bolsas de valores) etc. Henry van de Velde (escritório de Julius Meier-Graefe), c.1900 L. Patetta: Porém, “a burguesia não soube renunciar a colocar nas fachadas das próprias casas, ao longo das ruas, as mesmas ordens arquitetônicas (...) reservadas aos edifícios públicos: procurou, portanto, a monumentalidade”. Palacete residencial em Bucareste - Romênia (séc. XIX) Palacete residencial no Tartaristão ( Rússia) - séc. XIX) Palácio Buttigieg-Francia, em Malta (final do séc. XIX) Desde o século passado (século XX), contudo, a imagem ruim do ecletismo começou a ser alterada, com o termo, aos poucos, perdendo o seu caráter negativo; De uma maneira geral, o termo “ecletismo” é usado hoje em dia para apontar fases ou “fenômenos sincréticos” em diferentes culturas, independente do período. Residência em Buenos Aires (séc. XIX) “Devido à sua multiplicidade de referências, há muita dificuldade em organizar um modelo de classificação para o Ecletismo, coexistindo diversas proposições teóricas”; (Mendes, 2011) Porém, de acordo com Luciano Patteta, algumas tendências merecem destaque especial, dentre elas: (1) os pastiches compositivos ; (2) o ecletismo de catálogo e (3) a arquitetura de ferro. Pastiches compositivos : a acumulação progressiva de ornamentos, criando “soluções estilísticas” que ignoravam inteiramente as leis de composição das academias. Esta, por sinal, foi a tendência preferida pela burguesia urbana. Colégio Estadual Amaro Cavalcanti (RJ), de 1874 https://wpguiadearquitetura.files.wordpress .com/2016/03/colc3a9gio-amaro- cavalcanti.jpg?w=1000 Ecletismo de catálogo: “...uma popularização dos produtos manufaturados, aplicado nas crescentes metrópoles de forma nem sempre ordenada, mas extremamente atrativa para um público ávido por novidades. Ornatos, gradis, esquadrias eram oferecidos em quantidade e variedade, possibilitando, mesmo em conjuntos arquitetônicos urbanos, uma variedade inimaginável de combinações”. (Mendes, 2011) Ecletismo de catálogo: Um dos melhores exemplosno Brasil é o conjunto conhecido por “Casas Casadas”, localizado na Rua das Laranjeiras (RJ), bairro do mesmo nome, composto por seis casas assobradas, erguidas entre 1874 e 1885 pelo comerciante português Antônio de Oliveira Leal. http://static.panoramio.com/photos/origin al/20911094.jpg Casas Casadas (RJ), de 1880 Casas Casadas (RJ), de 1880 Casas Casadas (RJ), de 1880 A arquitetura de ferro: “Em princípio, foi utilizada, preferencialmente, em equipamentos urbanos (quiosques, coretos, bancos, postes), galpões, estações ferroviárias e fábricas, mas posteriormente integrou-se às construções, com muita elegância, nas fachadas e interiores, atuando como elemento funcional-decorativo, componente indissociável das edificações da Belle Époque da virada do século XIX para XX”. (Mendes, 2011) “A Belle Époque é normalmente compreendida como um momento na trajetória histórica francesa que teve seu início no final do século XIX, mais ou menos por volta de 1880, e se estendeu até a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914. Mas, na verdade, não é possível demarcar tão rigorosamente seus limites, uma vez que ela é mais um estado espiritual do que algo mais preciso e concreto”. (www.infoescola.com.br) Rio de Janeiro (Av. Rio Branco), início do séc. XXht tp :/ /f o ru m .j o g o s .u o l. c o m .b r/ p o s te m -a q u i- fo to s -d o -b ra s il- a n ti g o -b e lle -e p o q u e - m e lh o r- e p o c a _ t_ 3 1 3 9 6 7 9 h tt p :/ /f o ru m .j o g o s .u o l. c o m .b r/ p o s te m -a q u i- fo to s -d o -b ra s il- a n ti g o -b e lle - e p o q u e -m e lh o r- e p o c a _ t_ 3 1 3 9 6 7 9 São Paulo, início do séc. XX A partir do século XX, contudo, a imagem ruim do ecletismo começou a ser alterada, com o termo, aos poucos, perdendo o seu caráter negativo; De uma maneira geral, o termo “ecletismo” é usado hoje em dia para apontar fases ou “fenômenos sincréticos” em diferentes culturas, independente do período. Residência em Buenos Aires (séc. XIX) Apesar disso, a prática do ecletismo não deixa de ser “acompanhada por uma consciência culpada” (especialmente a consciência daqueles arquitetos mais reflexivos...) e por uma crítica severa; T. Gauthier: “Gostaria de ter sido ladrão; é uma filosofia eclética”. Casa Levine (Tel Aviv, Israel), de 1924 http://israeltours.files.wordpress.com/2010/12/levine-house-tel-aviv.jpg É curioso notar que quase todos os arquitetos ecléticos inicialmente protestaram “contra a reprodução de estilos passados”, manifestando o desejo de “interpretá-los e elaborá-los livremente”; De acordo com Benevolo, a “consciência pesada” faria com que muitos deles, insatisfeitos com as imitações que faziam na época, procurassem novas formas de expressão, pesquisando novas combinações possíveis, muitas vezes recorrendo a estilos e/ou períodos menos conhecidos da história da arte. Os resultados, porém... Palácio Nacional da Pena (Sintra, Portugal) – projeto de reforma (1839-1847) do Barão de Eschwege para o Rei Consorte D. Fernando II Palácio Nacional da Pena – neste projeto, misturam-se “motivos” mouriscos, góticos, manuelinos e até mesmo de castelos da Baviera Palácio Nacional da Pena (Sintra) Palácio Nacional da Pena (Sintra) Palácio Nacional da Pena (Sintra): o avô do Gollum? Palácio Nacional da Pena (Sintra): interiores http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=pal%C3%A1cio+nacional+da+pena&source=images&cd=&cad=rja&docid=unnelxviwlm8VM&tbnid=pv5jRsbZyA3KbM:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.viagens.org/2011/12/23/as-7-maravilhas-de-portugal-palacio-nacional-da-pena/&ei=pQuBUdz4IuHQ0gGFoYHQCQ&psig=AFQjCNHY5Mn8gzfIhZx2q69lxcP-GTAInA&ust=1367497792506526 Nesse período, portanto, iremos encontrar vários exemplos de “descontinuidade” na produção de arquitetos renomados (muitos deles bastante cultos e talentosos), alterando momentos de “uma pesquisa sincera sobre novos materiais” com projetos “ociosos de contaminação estilística ou (...) pastiches banais a fim de contentar o gosto dominante”. Halles Centrales (Mercado) de Paris (de Victor Baltard, um dos arquitetos da equipe de Haussmann) Halles Centrales de Paris, construídos por Haussmann (Victor Baltard) Igreja de St. Augustin (1860-1871), de Baltard, estrutura de ferro e pedra, com detalhes clássicos, românicos, góticos, bizantinos etc. Igreja de St. Augustin (1860-1871) em Paris, de Victor Baltard http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=saint+augustin+church+++baltard&source=images&cd=&cad=rja&docid=qvDb7tTbtToR_M&tbnid=vC1WHi-vbhWqiM:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.parisbestlodge.com/saintaugustinEN.html&ei=Pg2BUbuILMHD0QGtm4DACw&psig=AFQjCNGIutfO3GQQxS5R93aI0GKFOCAB_A&ust=1367498363622137 Igreja de St. Augustin (1860-1871) em Paris, de V. Baltard Benevolo: a figura de Victor Baltard, portanto, “exprime muito bem a desorientação da cultura da época, (...) aberta a novas experiências, mas destituída de coerência e incapaz de encontrar, dentre as múltiplas estradas abertas, um caminho a ser percorrido com firmeza”. Fórum de Lyon (obra de V. Baltard de 1847) Dá para acreditar que são obras do mesmo arquiteto (V. Baltard)? Dentre os arquitetos que, a partir de meados do século XIX, denunciam as contradições do ecletismo e procuram combatê-lo, um grupo em particular se destaca: os chamados racionalistas; Com um discurso avançado, muitas vezes lembrando o dos “mestres modernos” da década de 1920, os racionalistas defendem a aplicação dos estilos a partir de “razões objetivas, demonstráveis racionalmente”; Na posição de “chefe reconhecido da corrente racionalista” está – mais uma vez - o arquiteto francês Eugéne E. Viollet-le Duc (1814-1879). Detalhe: o discurso, porém, frequentemente não combina com a prática: em seus projetos, os racionalistas do século XIX também “não sabem como subtrair-se ao impasse do ecletismo” e acabam usando como referência justamente alguns estilos do passado (especialmente o gótico, que tem em Viollet-le-Duc um de seus mais ardorosos defensores). Desenho de Viollet-le-Duc Para Viollet-le-Duc, o gótico – “pela clareza do sistema de construção, pela economia das soluções, pela correspondência precisa entre os programas de distribuição” – deveria, portanto, ser apreciado de forma “científica” e racional. Desenho de Viollet-le-Duc Desenhos de Viollet-le-Duc Colunas metálicas em “V”, desenho de Viollet-le-Duc Maquete virtual (3D) baseada em desenho de Viollet-le-Duc A partir de 1852, Viollet-le-Duc inicia uma vigorosa campanha contra o ecletismo, sustentando que “a arquitetura deve estar baseada nas funções e no respeito dos materiais”; Suas críticas – e sua ligação com Napoleão III – levam à reforma da Academia (em 1863), procurando dotá- la de uma postura mais liberal, “atenuando” a sua orientação fortemente clássica. A Academia, porém, não aceita as novas regras e daí surge uma “violenta polêmica” com os racionalistas; Em 1867, esta disputa chega ao fim quando um novo decreto “restitui a Academia a sua posição de privilégio” ao mesmo tempo em que esta, por sua vez, propõe um novo regulamento; Esse regulamento, se por um lado trouxe de volta a “orientação tradicional dos estudos”, por outro manteve alguns dos ensinamentos exigidos pelos racionalistas. Além disso, em 1867 finalmente é definida a figura do arquiteto, instituindo-se um diploma que acabava com o “período de liberdade profissional” iniciado em 1793 com o fechamento da Academia de Arquitetura (que seria recriada em 1795, mas dentro do Institut, junto com as Belas Artes); O diploma, evidentemente, restituiu o antigo status dos arquitetos, mas ao mesmo tempo os “expõe (...) em campo aberto, forçando-os a um contato maior – e inevitável - com a realidade”. Ainda em resposta aos racionalistas, a Academia “dá o último passo” e formula um novoprograma de curso, desta vez “de modo tão largo e liberal” que acaba definitivamente com as polêmicas estilísticas; A partir deste momento, os estilos são considerados apenas escolhas que vão depender das circunstâncias, sem nenhum caráter de exclusividade. O ecletismo, nesse processo, “é interpretado não mais como uma posição de incerteza, mas como um propósito deliberado de não se fechar em qualquer formulação unilateral, de julgar caso por caso, objetiva e imparcialmente”. (Benevolo) Essa nova interpretação da Academia evitou, de fato, as polêmicas desnecessárias entre os defensores dos diferentes estilos; No entanto, ao remover do ensino todo o caráter de “tendência”, a Academia eliminou também o único ponto em que sua cultura aproximava-se da realidade construtiva: o “tradicional paralelismo entre os preceitos clássicos e os hábitos de construção”. Coluna = pilar Arquitrave = viga Ou seja, a liberdade de escolher o estilo – ou os estilos – forçará também os arquitetos a examinarem novas soluções estruturais - e estéticas - para seus projetos (além da simples solução arquitravada que associava-se tão facilmente ao estilo neoclássico)! Guaranty Building, de Louis Sullivan (1894) – Buffalo (NY) Julian Guadet (1834-1908), professor de Teoria da Arquitetura desde 1894 é o típico representante dessa última fase, período em que o novo espírito do curso de arquitetura pregava a eliminação de qualquer caráter de tendência; Guadet: “Felizmente, alguns valorosos artistas – nossos mestres – viram (...) que a independência não consiste em mudar de trajes, e nossa arte libertou-se pouco a pouco dessa paleontologia. Nem tudo foi igualmente feliz, mas os esforços em direção a essa finalidade foram fecundos, e hoje sabemos e proclamamos que a arte tem direito à liberdade, que somente a liberdade posse assegurar a vida, fecundidade e saúde”. No mesmo ano em que Guadet escreve estas palavras (1894), Henry Van de Velde (arquiteto, designer e pintor ligado ao movimento Art Nouveau) pronuncia sua primeira conferência em Bruxelas e Otto Wagner (1841-1918), em sua aula inaugural na Academia de Belas Artes de Viena, faz uma declaração em favor da “arquitetura moderna”. Móvel projetado por Henry Van de Velde Entre os alunos de Guadet destacamos Auguste Perret (1874-1954) – um dos maiores representantes da arquitetura em concreto armado - e Tony Garnier (1869-1948), urbanista “utópico”, autor do projeto de uma cidade industrial feita inteiramente em concreto armado. Prancha da “Cité Industrielle” de Garnier, publicada somente em 1917 Os artistas de vanguarda, por sua vez, “lançando mão dos mesmos princípios de Guadet, a liberdade individual e o primado da fantasia”, criam uma linguagem nova e independente dos modelos históricos que, efetivamente, consegue se opor aos estilos tradicionais: o denominado movimento Art Nouveau. Observação: o ecletismo evidentemente sobrevive ainda por muitas décadas, “mas destituído de toda sustentação interior, e é impelido para posições sempre mais retrógradas”. (Benevolo) Templo budista no Japão (1931-1934): construção eclética, com elementos das arquiteturas japonesa, indiana e européia Os princípios do Ecletismo “foram recebidos com entusiasmo no Brasil” e “com aceitação de grande parte da intelectualidade, permanecendo em discussão até as últimas décadas do Oitocentos”; (Mendes, 2011) Devemos lembrar que a intelectualidade brasileira era fortemente influenciada pelos conceitos e valores europeus e que o Ecletismo, de certa forma, era encarada como uma evolução natural do Romantismo... Além disso, foi neste período em que observou-se uma forte tendência de substituição da mão-de- obra escrava por trabalhadores assalariados, principalmente os estrangeiros; Esses imigrantes, chegando ao Brasil em números cada vez maiores, aliada à demanda contínua por produtos importados, ajudaram a mudar a forma de construir no país. http://arquiteteseusonho.blogspot.com.br/2 009/07/dia-do-colono-2507.html “Novos materiais, como o ferro e novas máquinas (...) alteravam o tempo de execução das edificações, situação emergencial devido ao aumento das populações urbanas”. (Mendes, 2011) Solar Amado Bahia (Ribeira, Salvador) http://maisdesalvador.blogspot .com.br/2012/04/solar-amado- bahia.html A partir da década de 1850, o Brasil começou a demandar uma série de novos programas arquitetônicos - estações ferroviárias, galpões de fábricas, vilas operárias, novos hospitais etc. - além da urgência em operacionalizar importantes obras públicas, especialmente ligadas ao abastecimento de água potável nas principais zonas urbanas. Construção da estação ferroviária de Salvador, inaugurada em 1861, na Calçada http://www.estacoesferroviarias.com.br/b a_monte%20azul/fotos/salvador8612.jpg E como também crescia, em número, a classe média brasileira, armou-se um “cenário propício para novidades, acessíveis a um número crescente de consumidores”; (Mendes, 2011) E assim, o Ecletismo “acabava por atender a essa demanda por novidades, pelos avanços tecnológicos, inclusive em relação ao gosto e à moda, possibilitando a reprodução de elementos antes só acessíveis à classe mais abastada”. (Mendes, 2011) Para a maioria dos novos clientes, o Ecletismo era perfeitamente aceitável, desde que os elementos ornamentais fossem extraídos “das melhores referências dos grandes mestres, de edificações significativas” ou ainda como forma de “concretização de desejos e aspirações adormecidas”. (Mendes, 2011) Palácio do Rio Branco (Salvador – BA) – 1919 http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=pal%C3%A1cio+do+rio+branco+salvador&source=images&cd=&cad=rja&docid=B17wnULTfinKOM&tbnid=Kf6DU_eFAaddjM:&ved=0CAUQjRw&url=http://eumundoafora.blogspot.com/2012/01/arquitetura-mista.html&ei=EUsNUayFK46C9QS53oHQDQ&bvm=bv.41867550,d.dmQ&psig=AFQjCNHuTT8Uui9uH9pPzeWuF4ulACxXTw&ust=1359912073338335 Teatro Municipal do Rio de Janeiro (1909) Palácio das Indústrias (SP) – 1911-1924 BENEVOLO, Leonardo. Historia da arquitetura moderna. São Paulo: Perspectiva, 1994. FABRIS, Annateresa. Ecletismo na arquitetura brasileira. São Paulo: EDUSP, 1987. GIEDION, Siegfried. Espaço, tempo e arquitetura: o desenvolvimento de uma nova tradição. São Paulo: Martins Fontes, 2004 PEVSNER, Nikolaus. Origens da arquitetura moderna e do design. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
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