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AULA 05_22092020

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http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=opera+de+paris&source=images&cd=&cad=rja&docid=7KoHFTDBkvNIjM&tbnid=rtiGOdS6GK_l9M:&ved=0CAUQjRw&url=http://adm.operamundi.com.br/conteudo/historia/26391/hoje+na+historia+1875+-+opera+de+paris+e+inaugurada+com+sua+primeira+apresentacao.shtml&ei=Jv-AUdrDO5Cy8QSg7YGAAg&bvm=bv.45921128,d.eWU&psig=AFQjCNH2cYGiWZMZ5W-3O4I9EvyaQM6o8A&ust=1367494762162420
 “Nenhum outro século, na história 
da civilização ocidental, desenvolveu 
uma atividade construtiva tão 
intensa como o século XIX, e ao 
mesmo tempo produziu um número 
tão reduzido de arquitetos criativos. 
Não acreditamos que isto se deva à 
falta de talento, mas, antes, estamos 
propensos a crer que a sociedade 
gradualmente tenha aniquilado todo 
impulso criativo com o veneno de 
seu próprio gosto reinante”. 
(S. Giedion)
 Enquanto a técnica das construções aperfeiçoa-se 
com grande rapidez ao longo do século XIX, “a 
cultura artística tradicional entre em sua crise 
definitiva”;
 A polêmica entre os estilos 
neoclássico e neogótico – os estilos 
predominantes do movimento 
historicista na segunda metade do 
século XIX - realmente não tinha 
como ser resolvida com a vitória de 
um ou de outro programa.
 Dessa forma, os arquitetos continuaram, por um 
bom tempo, trabalhando tanto com esses dois 
estilos, como também com todos aqueles que 
marcaram a história da arquitetura: o românico, o 
bizantino, o egípcio, o renascentista etc. 
Academia de Belas Artes da 
Pensilvânia (1871-1876)
 Daí surge e difunde-se a posição que foi chamada de 
“ecletismo”, de certa forma uma consequência 
natural da direção que vinha tomando o movimento 
historicista (e respectivos revivals);
 O termo ecletismo, em resumo, é usado para 
descrever a combinação de diferentes estilos 
históricos aplicados em uma mesma obra sem com 
isso produzir um novo estilo
(pelo menos na opinião da 
maioria dos críticos e 
historiadores...).
 Em outras palavras: “o Ecletismo poderia ser 
compreendido como uma liberdade de escolha 
sobre o que se considerava melhor ou positivo, 
abandonando dogmas como aqueles cânones 
estabelecidos pelo repertório neoclássico”. 
(Mendes, 2011)
Ópera de Paris (1875), de 
Charles Garnier
http://vignette4.wikia.nocookie.net/lunarchronicles/im
ages/1/11/Opera_Garnier.jpg/revision/latest?cb=201
51025140951
 Para muitos arquitetos ecléticos, 
portanto, formou-se não apenas a 
“convicção de que era possível 
escolher entre elementos extraídos das 
antiguidades e concentrar o melhor 
deles” em seus projetos para 
chegarem à beleza e/ou perfeição, 
como também a noção de que essa 
postura fosse comparável às próprias 
experiências criativas do passado (que, 
muito pelo contrário, baseavam-se na 
busca pelo novo e pela constante 
renovação). 
 Os defensores do ecletismo (muitos dos quais 
simplesmente reproduziam a opinião pública), por 
sua vez, louvavam principalmente a sua “liberdade”; 
 L. Avray: “Longe de merecer a censura de sacrificar-
se à moda, jamais a arte se expressou com maior 
independência, e isso será a honra de nossa época, 
que acolhe todos os estilos, todos os gêneros e 
todas as maneiras, posto que, sendo a edificação 
artística mais completa e mais difundida, aprecia-se 
melhor a beleza de todas as obras e de todos os 
estilos (...). Hoje (...) não existe mais moda nas 
artes”.
 Com o passar do tempo, porém, o termo “ecletismo” 
passou a ser usado com um sentido pejorativo, como 
sinônimo de “falta de personalidade e originalidade”.
Palácio de Justiça de Bruxelas (1866-1883), de Joseph Poelaert
Farmers and Drovers Bank (1892) – Kansas (EUA)
Castello Cova (Milão) - 1910
Praça da Sé (Salvador): chalet dos Carris (demolido na década de 1940)
Salvador: IGHBa e Avenida Sete (década de 1930)
Salvador: Avenida Sete / ladeira de São Bento (década de 1930)
Salvador: Câmara Municipal (década de 1940)
Rua Chile (Salvador) – início do século XXI
 “Devido à sua aparente liberdade de composição e 
às incontáveis possibilidades de incorporar aos 
projetos e espaços resultantes peças produzidas em 
série pela Revolução Industrial em seu ápice, o 
Ecletismo tornou-se o estilo preferido pela 
burguesia em ascensão, adquirindo, não raramente, 
um comportamento kitsch”. (Mendes, 2011)
Kitsch: “...é um substantivo (...) que descreve
uma coisa com mau gosto, no âmbito da estética.
É um conteúdo criado para apelar ao gosto
popular. Sendo uma coisa com pouca qualidade,
muitas vezes a obra kitsch é sentimentalista ou
sensacionalista. Verskitchen, a palavra em alemão
que origina este termo, designa a fraude de imitar
as obras de arte”. (www.significados.com.br)
 “Devido à sua multiplicidade de referências, há 
muita dificuldade em organizar um modelo de 
classificação para o Ecletismo, coexistindo 
diversas proposições teóricas”; (Mendes, 2011)
 Porém, de acordo com Luciano Patteta, algumas 
tendências merecem destaque especial, dentre 
elas: (1) os pastiches compositivos ; (2) o 
ecletismo de catálogo e (3) a arquitetura de 
ferro.
 Na opinião do arquiteto italiano Luciano Patetta, 
porém, enquanto lamentavam a falta de um estilo 
arquitetônico próprio para o século XIX, os críticos do 
ecletismo não perceberam que, na verdade, “o 
século XIX já encontrara o “próprio estilo” e que este 
era o Ecletismo;
 Em sua opinião, o Ecletismo “era a cultura 
arquitetônica própria de uma classe burguesa que 
dava primazia ao conforto, amava o progresso
(especialmente quando melhorava suas condições de 
vida), amava as novidades, mas rebaixava a produção 
artística e arquitetônica ao nível da moda e do 
gosto”.
 Por outro lado, foram os mesmos burgueses que 
exigiram (e obtiveram) uma série de melhorias nas 
instalações de suas residências, novas disposições 
internas de suas casas, novas tipologias para 
diferentes edificações (hotéis, lojas, escritórios, 
teatros, bancos, bolsas de valores) etc.
Henry van de Velde (escritório 
de Julius Meier-Graefe), c.1900
 L. Patetta: Porém, “a 
burguesia não soube 
renunciar a colocar nas 
fachadas das próprias casas, 
ao longo das ruas, as 
mesmas ordens 
arquitetônicas (...) 
reservadas aos edifícios 
públicos: procurou, 
portanto, a 
monumentalidade”. 
Palacete residencial em Bucareste - Romênia (séc. XIX)
Palacete residencial no Tartaristão ( Rússia) - séc. XIX)
Palácio Buttigieg-Francia, em Malta (final do séc. XIX)
 Desde o século passado (século XX), contudo, a 
imagem ruim do ecletismo começou a ser alterada, 
com o termo, aos poucos, perdendo o seu caráter 
negativo;
 De uma maneira geral, o termo “ecletismo” é usado 
hoje em dia para apontar fases ou “fenômenos 
sincréticos” em diferentes culturas, independente 
do período.
Residência em Buenos Aires 
(séc. XIX)
 “Devido à sua multiplicidade de referências, há 
muita dificuldade em organizar um modelo de 
classificação para o Ecletismo, coexistindo 
diversas proposições teóricas”; (Mendes, 2011)
 Porém, de acordo com Luciano Patteta, algumas 
tendências merecem destaque especial, dentre 
elas: (1) os pastiches compositivos ; (2) o 
ecletismo de catálogo e (3) a arquitetura de 
ferro.
 Pastiches compositivos : a acumulação progressiva 
de ornamentos, criando “soluções estilísticas” que 
ignoravam inteiramente as leis de composição das 
academias. Esta, por sinal, foi a tendência preferida 
pela burguesia urbana.
Colégio Estadual 
Amaro Cavalcanti 
(RJ), de 1874
https://wpguiadearquitetura.files.wordpress
.com/2016/03/colc3a9gio-amaro-
cavalcanti.jpg?w=1000
 Ecletismo de catálogo: “...uma popularização dos 
produtos manufaturados, aplicado nas crescentes 
metrópoles de forma nem sempre ordenada, mas 
extremamente atrativa para um público ávido por 
novidades. Ornatos, gradis, esquadrias eram 
oferecidos em quantidade e variedade, possibilitando, 
mesmo em conjuntos arquitetônicos urbanos, uma 
variedade inimaginável de combinações”. (Mendes, 
2011)
 Ecletismo de catálogo: Um dos melhores exemplosno Brasil é o conjunto conhecido por “Casas 
Casadas”, localizado na Rua das Laranjeiras (RJ), 
bairro do mesmo nome, composto por seis casas 
assobradas, erguidas entre 1874 e 1885 pelo 
comerciante português Antônio de Oliveira Leal.
http://static.panoramio.com/photos/origin
al/20911094.jpg
Casas Casadas 
(RJ), de 1880
Casas Casadas (RJ), de 1880
Casas Casadas (RJ), de 1880
 A arquitetura de ferro: “Em princípio, foi utilizada, 
preferencialmente, em equipamentos urbanos 
(quiosques, coretos, bancos, postes), galpões, 
estações ferroviárias e fábricas, mas posteriormente 
integrou-se às construções, com muita elegância, 
nas fachadas e interiores, atuando como elemento 
funcional-decorativo, componente indissociável das 
edificações da Belle Époque da virada do século XIX 
para XX”. (Mendes, 2011)
“A Belle Époque é normalmente compreendida como um momento na
trajetória histórica francesa que teve seu início no final do século XIX,
mais ou menos por volta de 1880, e se estendeu até a eclosão da Primeira
Guerra Mundial, em 1914. Mas, na verdade, não é possível demarcar tão
rigorosamente seus limites, uma vez que ela é mais um estado espiritual do
que algo mais preciso e concreto”. (www.infoescola.com.br)
Rio de Janeiro (Av. Rio Branco), início do séc. XXht
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São Paulo, início do séc. XX
 A partir do século XX, contudo, a imagem ruim do 
ecletismo começou a ser alterada, com o termo, aos 
poucos, perdendo o seu caráter negativo;
 De uma maneira geral, o termo “ecletismo” é usado 
hoje em dia para apontar fases ou “fenômenos 
sincréticos” em diferentes culturas, independente 
do período.
Residência em Buenos Aires 
(séc. XIX)
 Apesar disso, a prática do ecletismo não deixa de ser 
“acompanhada por uma consciência culpada” 
(especialmente a consciência daqueles arquitetos 
mais reflexivos...) e por uma crítica severa;
 T. Gauthier: “Gostaria de ter sido ladrão; é uma 
filosofia eclética”.
Casa Levine (Tel
Aviv, Israel), de 1924
http://israeltours.files.wordpress.com/2010/12/levine-house-tel-aviv.jpg
 É curioso notar que quase todos os arquitetos 
ecléticos inicialmente protestaram “contra a 
reprodução de estilos passados”, manifestando o 
desejo de “interpretá-los e elaborá-los livremente”; 
 De acordo com Benevolo, a “consciência pesada” 
faria com que muitos deles, insatisfeitos com as 
imitações que faziam na época, procurassem novas 
formas de expressão, pesquisando novas 
combinações possíveis, muitas vezes recorrendo a 
estilos e/ou períodos menos conhecidos da história 
da arte. Os resultados, porém...
Palácio Nacional da Pena (Sintra, Portugal) – projeto de reforma (1839-1847) do 
Barão de Eschwege para o Rei Consorte D. Fernando II
Palácio Nacional da Pena – neste projeto, misturam-se “motivos” 
mouriscos, góticos, manuelinos e até mesmo de castelos da Baviera
Palácio Nacional da Pena (Sintra)
Palácio Nacional da Pena (Sintra)
Palácio Nacional da Pena (Sintra): o avô do Gollum?
Palácio Nacional da Pena (Sintra): interiores
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=pal%C3%A1cio+nacional+da+pena&source=images&cd=&cad=rja&docid=unnelxviwlm8VM&tbnid=pv5jRsbZyA3KbM:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.viagens.org/2011/12/23/as-7-maravilhas-de-portugal-palacio-nacional-da-pena/&ei=pQuBUdz4IuHQ0gGFoYHQCQ&psig=AFQjCNHY5Mn8gzfIhZx2q69lxcP-GTAInA&ust=1367497792506526
 Nesse período, portanto, iremos encontrar vários 
exemplos de “descontinuidade” na produção de 
arquitetos renomados (muitos deles bastante cultos 
e talentosos), alterando momentos de “uma 
pesquisa sincera sobre novos materiais” com 
projetos “ociosos de contaminação estilística ou (...) 
pastiches banais a fim de contentar o gosto 
dominante”.
Halles Centrales (Mercado) de 
Paris (de Victor Baltard, um 
dos arquitetos da equipe de 
Haussmann)
Halles Centrales de Paris, 
construídos por Haussmann 
(Victor Baltard)
Igreja de St. Augustin (1860-1871), de 
Baltard, estrutura de ferro e pedra, 
com detalhes clássicos, românicos, 
góticos, bizantinos etc. 
Igreja de St. Augustin (1860-1871) em Paris, de Victor Baltard
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=saint+augustin+church+++baltard&source=images&cd=&cad=rja&docid=qvDb7tTbtToR_M&tbnid=vC1WHi-vbhWqiM:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.parisbestlodge.com/saintaugustinEN.html&ei=Pg2BUbuILMHD0QGtm4DACw&psig=AFQjCNGIutfO3GQQxS5R93aI0GKFOCAB_A&ust=1367498363622137
Igreja de St. Augustin (1860-1871) em Paris, de V. Baltard
 Benevolo: a figura de Victor Baltard, portanto, 
“exprime muito bem a desorientação da cultura da 
época, (...) aberta a novas experiências, mas 
destituída de coerência e incapaz de encontrar, 
dentre as múltiplas estradas abertas, um caminho a 
ser percorrido com firmeza”.
Fórum de Lyon (obra de 
V. Baltard de 1847)
Dá para acreditar 
que são obras do 
mesmo arquiteto 
(V. Baltard)?
 Dentre os arquitetos que, a partir de meados do 
século XIX, denunciam as contradições do ecletismo 
e procuram combatê-lo, um grupo em particular se 
destaca: os chamados racionalistas;
 Com um discurso avançado, muitas vezes 
lembrando o dos “mestres modernos” da década 
de 1920, os racionalistas defendem a aplicação dos 
estilos a partir de “razões objetivas, demonstráveis 
racionalmente”;
 Na posição de “chefe reconhecido da corrente 
racionalista” está – mais uma vez - o arquiteto 
francês Eugéne E. Viollet-le Duc (1814-1879).
 Detalhe: o discurso, porém, 
frequentemente não combina 
com a prática: em seus projetos, 
os racionalistas do século XIX 
também “não sabem como 
subtrair-se ao impasse do 
ecletismo” e acabam usando 
como referência justamente 
alguns estilos do passado 
(especialmente o gótico, que tem 
em Viollet-le-Duc um de seus 
mais ardorosos defensores). 
Desenho de Viollet-le-Duc
 Para Viollet-le-Duc, o gótico –
“pela clareza do sistema de 
construção, pela economia das 
soluções, pela correspondência 
precisa entre os programas de 
distribuição” – deveria, portanto, 
ser apreciado de forma 
“científica” e racional. 
Desenho de Viollet-le-Duc
Desenhos de Viollet-le-Duc
Colunas metálicas em “V”, desenho de Viollet-le-Duc
Maquete virtual (3D) baseada em desenho de Viollet-le-Duc
 A partir de 1852, Viollet-le-Duc inicia 
uma vigorosa campanha contra o 
ecletismo, sustentando que “a 
arquitetura deve estar baseada nas 
funções e no respeito dos materiais”; 
 Suas críticas – e sua ligação com Napoleão III – levam 
à reforma da Academia (em 1863), procurando dotá-
la de uma postura mais liberal, “atenuando” a sua 
orientação fortemente clássica. 
 A Academia, porém, não aceita as novas regras e daí 
surge uma “violenta polêmica” com os racionalistas;
 Em 1867, esta disputa chega ao fim quando um novo 
decreto “restitui a Academia a sua posição de 
privilégio” ao mesmo tempo em que esta, por sua 
vez, propõe um novo regulamento;
 Esse regulamento, se por um lado trouxe de volta a 
“orientação tradicional dos estudos”, por outro 
manteve alguns dos ensinamentos exigidos pelos 
racionalistas.
 Além disso, em 1867 finalmente é definida a figura 
do arquiteto, instituindo-se um diploma que 
acabava com o “período de liberdade profissional” 
iniciado em 1793 com o fechamento da Academia 
de Arquitetura (que seria recriada em 1795, mas 
dentro do Institut, junto com as Belas Artes);
 O diploma, evidentemente, restituiu o antigo status
dos arquitetos, mas ao mesmo tempo os “expõe (...) 
em campo aberto, forçando-os a um contato maior 
– e inevitável - com a realidade”.
 Ainda em resposta aos racionalistas, a Academia 
“dá o último passo” e formula um novoprograma 
de curso, desta vez “de modo tão largo e liberal” 
que acaba definitivamente com as polêmicas 
estilísticas;
 A partir deste momento, os estilos 
são considerados apenas escolhas 
que vão depender das 
circunstâncias, sem nenhum caráter 
de exclusividade. 
 O ecletismo, nesse processo, “é interpretado não 
mais como uma posição de incerteza, mas como 
um propósito deliberado de não se fechar em 
qualquer formulação unilateral, de julgar caso por 
caso, objetiva e imparcialmente”. (Benevolo) 
 Essa nova interpretação da Academia evitou, de fato, 
as polêmicas desnecessárias entre os defensores dos 
diferentes estilos;
 No entanto, ao remover do ensino todo o caráter de 
“tendência”, a Academia eliminou também o único 
ponto em que sua cultura aproximava-se da 
realidade construtiva: o “tradicional paralelismo 
entre os preceitos clássicos e os hábitos de 
construção”.
Coluna = pilar
Arquitrave = viga
 Ou seja, a liberdade de 
escolher o estilo – ou os 
estilos – forçará também os 
arquitetos a examinarem 
novas soluções estruturais -
e estéticas - para seus 
projetos (além da simples 
solução arquitravada que 
associava-se tão facilmente 
ao estilo neoclássico)!
Guaranty Building, de Louis Sullivan
(1894) – Buffalo (NY)
 Julian Guadet (1834-1908), professor de Teoria da 
Arquitetura desde 1894 é o típico representante 
dessa última fase, período em que o novo espírito 
do curso de arquitetura pregava a eliminação de 
qualquer caráter de tendência;
 Guadet: “Felizmente, alguns valorosos artistas –
nossos mestres – viram (...) que a independência 
não consiste em mudar de trajes, e nossa arte 
libertou-se pouco a pouco dessa paleontologia. 
Nem tudo foi igualmente feliz, mas os esforços em 
direção a essa finalidade foram fecundos, e hoje 
sabemos e proclamamos que a arte tem direito à 
liberdade, que somente a liberdade posse assegurar 
a vida, fecundidade e saúde”. 
 No mesmo ano em que Guadet escreve estas 
palavras (1894), Henry Van de Velde (arquiteto, 
designer e pintor ligado ao movimento Art 
Nouveau) pronuncia sua primeira conferência em 
Bruxelas e Otto Wagner (1841-1918), em sua aula 
inaugural na Academia de Belas Artes de Viena, faz 
uma declaração em favor da “arquitetura moderna”.
Móvel projetado por 
Henry Van de Velde
 Entre os alunos de Guadet destacamos Auguste 
Perret (1874-1954) – um dos maiores 
representantes da arquitetura em concreto armado 
- e Tony Garnier (1869-1948), urbanista “utópico”, 
autor do projeto de uma cidade industrial feita 
inteiramente em concreto armado.
Prancha da “Cité Industrielle” 
de Garnier, publicada 
somente em 1917
 Os artistas de vanguarda, por sua 
vez, “lançando mão dos mesmos 
princípios de Guadet, a liberdade 
individual e o primado da fantasia”, 
criam uma linguagem nova e 
independente dos modelos 
históricos que, efetivamente, 
consegue se opor aos estilos 
tradicionais: o denominado 
movimento Art Nouveau.
 Observação: o ecletismo evidentemente sobrevive 
ainda por muitas décadas, “mas destituído de toda 
sustentação interior, e é impelido para posições 
sempre mais retrógradas”. (Benevolo)
Templo budista no Japão 
(1931-1934): construção 
eclética, com elementos das 
arquiteturas japonesa, 
indiana e européia
 Os princípios do Ecletismo “foram recebidos com 
entusiasmo no Brasil” e “com aceitação de 
grande parte da intelectualidade, permanecendo 
em discussão até as últimas décadas do 
Oitocentos”; (Mendes, 2011)
 Devemos lembrar que a intelectualidade 
brasileira era fortemente influenciada pelos 
conceitos e valores europeus e que o Ecletismo, 
de certa forma, era encarada como uma 
evolução natural do Romantismo... 
 Além disso, foi neste período em que observou-se
uma forte tendência de substituição da mão-de-
obra escrava por trabalhadores assalariados,
principalmente os estrangeiros;
 Esses imigrantes, chegando ao Brasil em números
cada vez maiores, aliada à demanda contínua por
produtos importados, ajudaram a mudar a forma de
construir no país.
http://arquiteteseusonho.blogspot.com.br/2
009/07/dia-do-colono-2507.html
 “Novos materiais, como o ferro e novas máquinas 
(...) alteravam o tempo de execução das edificações, 
situação emergencial devido ao aumento das 
populações urbanas”. (Mendes, 2011)
Solar Amado Bahia 
(Ribeira, Salvador)
http://maisdesalvador.blogspot
.com.br/2012/04/solar-amado-
bahia.html
 A partir da década de 1850, o Brasil começou a 
demandar uma série de novos programas 
arquitetônicos - estações ferroviárias, galpões de 
fábricas, vilas operárias, novos hospitais etc. - além da 
urgência em operacionalizar importantes obras 
públicas, especialmente ligadas ao abastecimento de 
água potável nas principais zonas urbanas. 
Construção da estação 
ferroviária de Salvador, 
inaugurada em 1861, na 
Calçada
http://www.estacoesferroviarias.com.br/b
a_monte%20azul/fotos/salvador8612.jpg
 E como também crescia, em número, a classe
média brasileira, armou-se um “cenário propício
para novidades, acessíveis a um número
crescente de consumidores”; (Mendes, 2011)
 E assim, o Ecletismo “acabava por atender a essa
demanda por novidades, pelos avanços
tecnológicos, inclusive em relação ao gosto e à
moda, possibilitando a reprodução de elementos
antes só acessíveis à classe mais abastada”.
(Mendes, 2011)
 Para a maioria dos novos 
clientes, o Ecletismo era 
perfeitamente aceitável, desde 
que os elementos ornamentais 
fossem extraídos “das 
melhores referências dos 
grandes mestres, de 
edificações significativas” ou 
ainda como forma de 
“concretização de desejos e 
aspirações adormecidas”. 
(Mendes, 2011)
Palácio do Rio Branco (Salvador – BA) – 1919
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=pal%C3%A1cio+do+rio+branco+salvador&source=images&cd=&cad=rja&docid=B17wnULTfinKOM&tbnid=Kf6DU_eFAaddjM:&ved=0CAUQjRw&url=http://eumundoafora.blogspot.com/2012/01/arquitetura-mista.html&ei=EUsNUayFK46C9QS53oHQDQ&bvm=bv.41867550,d.dmQ&psig=AFQjCNHuTT8Uui9uH9pPzeWuF4ulACxXTw&ust=1359912073338335
Teatro Municipal do Rio de Janeiro (1909)
Palácio das Indústrias (SP) – 1911-1924 
BENEVOLO, Leonardo. Historia da arquitetura moderna. São 
Paulo: Perspectiva, 1994.
FABRIS, Annateresa. Ecletismo na arquitetura brasileira. São 
Paulo: EDUSP, 1987.
GIEDION, Siegfried. Espaço, tempo e arquitetura: o 
desenvolvimento de uma nova tradição. São Paulo: Martins Fontes, 
2004
PEVSNER, Nikolaus. Origens da arquitetura moderna e do 
design. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

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