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GESTÃO DO FLUXO DE CAIXA E TESOURARIA AULA 1 Prof.a Kessyane Novaes Horbucz 2 CONVERSA INICIAL Iniciaremos nossos estudos da disciplina de Gestão de Fluxo de Caixa e Tesouraria. O interesse pelos estudos referentes ao fluxo de caixa é recente, um dos principais estudiosos da área em nosso país – Carlos Alexandre Sá – estuda esse tema há 25 anos, e, para o autor, a gestão de tesouraria é o instrumento mais importante para uma boa elaboração de projetos financeiros (Sá, 2012). Ao longo de nossas aulas, trataremos diversos aspectos importantes, que cercam as decisões financeiras baseadas no fluxo de caixa e tesouraria. A princípio, é importante que você compreenda conceitos básicos da administração financeira, suas funções e responsabilidades, pois, a partir disso, conseguirá ter uma visão mais clara do espaço que a tesouraria ocupa dentro da administração financeira. Objetivo desse tema é torná-lo um conhecedor da estrutura da administração financeira e de todos os aspectos essenciais de sua gestão. CONTEXTUALIZANDO Atualmente, a área de finanças não vislumbra seus estudos apenas em técnicas clássicas de gestão financeira, o mundo evoluiu e o comportamento financeiro também. No cenário atual, existe uma procura por profissionais financeiros “tomadores de decisão”, ou seja, aqueles que têm a competência e a habilidade em mensurar resultados e deles extrair indicadores capazes de informar a saúde financeira de uma organização e, a partir dessas exposições, direcionar suas decisões muito bem planejadas e embasadas por suas análises. Infelizmente, nem sempre o gestor financeiro dispõe de recursos suficientes para tais análises, e os motivos para isso são variados, indo desde falta de capacitação do próprio gestor e da equipe, que desconhecem os instrumentos necessários para uma correta análise financeira da organização, até os conflitos que muitas vezes envolvem o conselho administrativo da organização, com o gestor financeiro, desse modo, prejudicando a simetria de informações financeiras que podem garantir a solvência da organização. Enfim, todos sabem da importância da gestão financeira em transformar os resultados em números, porém, poucos reconhecem que ela é capaz de eliminar incertezas e gerar riqueza. 3 Pesquise O que é administração financeira? Quais são os problemas mais comuns da administração financeira? Qual é a importância do gestor financeiro? Quais são as principais áreas de decisões em administração financeira? TEMA 1 - A FUNÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA A função financeira de uma empresa está intimamente ligada à tomada de decisão de investimento e/ou financiamento. Segundo Sanvicente (1987, p. 15), “uma das possíveis maneiras de se caracterizar a função financeira de uma empresa é categorizar as áreas que exigem tomadas de decisões pelos executivos responsáveis”. Essa classificação pode ocorrer de acordo com as áreas de decisões de investimentos, financiamento e aquelas relacionadas às tarefas de obtenção de recursos financeiros e suas devidas análises. Quando falamos de investimento, focamos nas melhores alternativas de aplicação dos ativos obtidos pela empresa, já em relação ao financiamento, as decisões são voltadas para o menor custo de endividamento analisando os prazos e as taxas de juros, ou seja, o olhar atento deverá ser para o passivo da empresa. Com isso, é importante saber que no investimento a busca é pela melhor rentabilidade e, no financiamento, o propósito é o menor endividamento. Investimentos são atividades executadas em decorrência das aplicações de recursos. As atividades de investimento costumam ser classificadas no Balanço Patrimonial, na conta de investimentos, por exemplo: compras de máquinas e equipamento, aplicações financeiras de curto e longo prazo. Sanvicente (1987, p. 15) complementa ao afirmar que investimento “consiste num conjunto de decisões visando dar à empresa a estrutura ideal em termos de ativos (fixos e correntes) para que os objetivos da empresa, como um todo, sejam atingidos”. É importante esclarecer que o objetivo, como já citado, é a obtenção do maior resultado, ou seja, de um maior retorno, sem deixar de lado o risco que os proprietários da empresa estão dispostos a correr. Segundo Sanvicente (1987), para se ter essa rentabilidade, alguns projetos são postos como alternativas de investimentos. Por exemplo: Compra de uma nova máquina Substituição de um equipamento por outro 4 Campanha publicitária Instalação de sistema de controle de produção e estoque por computador Compra de patente sobre processo de produção ou direito ao uso de marcas comerciais Construção de uma nova fábrica Abertura de uma linha de produtos e serviços Lançamento de um novo produto Decisões entre alugar e comprar Dentre outros, esses são alguns exemplos caracterizados como investimento que podem proporcionar à empresa retorno a curto e longo prazo. Porém, para se conseguir investir, muitas empresas optam por financiar os ativos. Nesse sentido, o financiamento reflete as decisões tomadas diante das atividades operacionais e de investimentos. “As contas de financiamento costumam ser classificadas no passivo financeiro (circulante ou ELP-Exigível a Longo Prazo) e no Patrimônio Líquido. Exemplos: captação de empréstimos bancários, integralização de capital da empresa, etc.”, ou seja, o que se deseja fazer é definir e alcançar uma estrutura ideal em termos de fontes de recursos, dada a composição dos investimentos. (Sanvicente, 1987, p. 16) Porém, investimentos e financiamentos não devem ser realizados de qualquer maneira, é necessário um bom planejamento e controle financeiro para que, ao longo do tempo, a empresa não encontre dificuldades financeiras. Para Gitman (2010), o ponto central da administração financeira é o planejamento, pois é quando se avaliam as necessidades presentes e futuras de numerário, os diferentes departamentos em função das possibilidades de gerar entradas de recursos, as fontes disponíveis de capital e seus custos, as alternativas de levantamento de fundos externos, dentre outros problemas. No entanto, é fundamental que o planejamento seja complementado pelo controle. Os resultados obtidos devem ser confrontados com as projeções efetuadas durante a fase do planejamento. Por exemplo, o volume real de vendas está de acordo com o nível previsto para o período? Caso não esteja, como a empresa poderá saldar suas dívidas com os fornecedores? Caso o volume de vendas corresponda ao previsto, o pagamento de contas pelos clientes estará correndo na proporção prevista? Os custos de produção estão sendo mantidos dento dos limites estabelecidos? A empresa está acumulando estoque, superior ao volume de vendas? Esses são exemplos de questionamentos que 5 surgem. Em cada um dos casos o efeito poderá ser o desequilíbrio dos planos financeiros formulados no início do período. A única maneira de restaurar o equilíbrio entre a entrada e saída de fundos consiste na implantação de um controle de despesas e receitas mais adequado com a realidade organizacional. (Lopes, 2010, p. 22) No tema seguinte, retomaremos essas questões ao compreender o papel do gerente financeiro na empresa. TEMA 2 – O PAPEL DE GERENTE FINANCEIRO As atividades desenvolvidas pelo gestor financeiro possuem em sua essência as atividades básicas da administração que estão relacionadas ao planejamento, à organização, à direção e ao controle. O que difere nesse caso é que o gestor financeiro irá voltar seus esforços para a análise, o planejamento e o controle financeiro, que consiste em medir e tomar decisões estratégicas com base em relatórios financeiros com o intuito de melhorar os indicadores de uma organização. Cabe ao gestorfinanceiro também as decisões de investimento que consistem em analisar a melhor relação entre risco e retorno com o intuito de alavancar suas operações; já as decisões de financiamento mobilizam o gestor no que se refere à melhor e menos custosa captação de recursos financeiros. Gitman (2010) afirma que o gerente financeiro é aquele que “gerencia ativamente os assuntos financeiros de qualquer tipo de organização financeira e não financeira, privada ou pública, grande ou pequena, com ou sem fins lucrativos”. Para isso, o gerente financeiro deve: realizar o planejamento financeiro; organizar o conjunto de informações necessárias; analisar os relatórios elaborados; direcionar os recursos financeiros de acordo com a necessidade da empresa; tomar decisões; reduzir os custos; maximizar os lucros. Além disso, o gerente financeiro concede créditos a clientes; avalia propostas que envolvam grandes gastos e captação de fundos para financiar as operações da empresa (Gitman, 2010). 6 Corroborando, Sanvicente (1987) afirma que “o gerente financeiro deve se preocupar com a obtenção dos recursos monetários para que a empresa desenvolva suas atividades e expanda a sua escala de operações, além da análise da maneira em que os recursos obtidos são utilizados pelos diversos setores e nas várias áreas de atuação da empresa.” Diante dos diversos cenários econômicos que as empresas enfrentam, os gerentes financeiros estão cada vez mais envolvidos com o desenvolvimento e a implementação de estratégias empresariais que têm como objetivo o crescimento da empresa e sua melhoria frente ao mercado (Gitman, 2010). Para encarar esse cenário diversificado e manter vantagem competitiva, o gerente financeiro conta com uma equipe técnica de profissionais especializados em tesouraria e controladoria. Essas funções serão tratadas nas próximas sessões com mais profundidade. Porém, quando há algum problema entre dois atores envolvidos no processo de gestão financeira, o que ocorre? Como resolver esse caso? Essas questões serão abordadas na sessão seguinte, em que trataremos o problema de agência. TEMA 3 – O PROBLEMA DE AGÊNCIA Imagine a seguinte situação: O gestor financeiro decide que para reduzir as despesas da empresa é necessário enxugar a folha de pagamento extinguindo alguns cargos, porém, ao fazer isso, ele terá de demitir alguns familiares do proprietário da empresa que ocupam esses cargos, ou seja, uma situação complicada e que gera um problema de agência. Mas, afinal, o que é um problema de agência? É o conflito de interesses que envolve dois atores, o principal e o agente. O principal geralmente é o acionista ou proprietário da empresa, é ele quem delega as decisões ao agente. Já o agente pode ser o gestor ou administrador da empresa e cabe a ele buscar a maximização dos lucros da organização, porém, nem sempre os objetivos do agente vão ao encontro do caminho traçado pelo principal, gerando uma situação desagradável para essa relação, o que pode comprometer a simetria de informações da empresa. O problema de agência faz com que os administradores das empresas coloquem seus objetivos pessoais à frente dos corporativos. Além disso, para atingir seus objetivos, as empresas precisam tomar decisões, mas os proprietários nem sempre têm conhecimento das várias atividades das organizações, principalmente, em virtude da concorrência acirrada nos diversos mercados. Para isso, os 7 administradores acabam gerindo a empresa através do conselho de administração e optam por contratar profissionais de mercado, experientes nas áreas específicas para gerir os negócios das atividades. (Gitman, 2010) Para evitar esse tipo de problema, Gitman (2010) destaca alguns pontos importantes, como as forças de mercado e os custos de agência. Uma força de mercado encontra-se nos grandes acionistas, que exercem uma grande pressão sobre a administração para que apresente um desempenho adequado, comunicando suas preocupações ao conselho administrativo (Gitman, 2010). Outra força de mercado se encontra na ameaça de tomada de controle por outra empresa que acredite poder aumentar o valor do negócio por meio da reestruturação de sua administração, de suas operações e da sua estrutura de capital. A ameaça constante de tomada do controle tende a motivar os administradores para que ajam segundo os interesses dos proprietários da empresa (Gitman, 2010). Já os custos de agência “mantêm uma estrutura de governança corporativa capaz de monitorar o comportamento dos administradores, evitar práticas administrativas desonestas e oferecer-lhes incentivos financeiros para maximizar o preço da ação.” (Gitman, 2010). Uma maneira mais comum de reestruturar a remuneração dos administradores de acordo com a maximização do preço da ação, ou seja, proporcionar incentivos para que ajam segundo os interesses dos proprietários é o plano de remuneração, que, segundo Gitman (2010), podem ser de dois tipos: de incentivo e de desempenho. Os planos de incentivo têm como função atrelar a remuneração dos administradores ao preço da ação, ou seja, por meio das opções da compra de ações. Essas opções fazem com que eles comprem ações da empresa ao preço de mercado estabelecido no momento da outorga (ato de consentir, dar, atribuir, transmitir, conceder, autorizar outra pessoa a praticar atos em seu nome). Se os preços do mercado subirem, serão recompensados com a possibilidade de revender suas ações a um preço de mercado mais elevado (Gitman, 2010). Já os planos de desempenho atrelam a remuneração dos administradores a medidas como o “lucro por ação” (LPA). Esses planos usam ações por desempenho, ou seja, recebem em troca da consecução de metas de desempenho estabelecidas. Outro plano de desempenho se dá por conta da 8 bonificação em dinheiro, que nada mais é do que “um pagamento em dinheiro atrelado à consecução de determinadas metas de desempenho.” (Gitman, 2010). Após apresentados os problemas de agência, estudaremos como são estabelecidos os papais das funções financeiras, como o tesoureiro e o controller. TEMA 4 – ORGANIZAÇÃO DA FUNÇÃO FINANCEIRA Sabemos que a administração financeira são os esforços dispendidos no planejamento, na organização, no controle e na direção das finanças de uma organização; sabemos também que o gestor financeiro é quem exerce todas essas ações tomando as decisões necessárias para obter a maximização de riqueza da organização, e ele conta com o apoio de outros profissionais para isso, mas quem são esses profissionais? Geralmente importantes, temos esses dois atores como fornecedores de informações financeiras necessárias para a tomada de decisão do gestor, sendo eles o tesoureiro e o controller. A seguir, na Figura 1, é apresentada a estrutura organizacional financeira. Figura 1 – Estrutura típica da função financeira de uma empresa Fonte: Sanvicente, 1987. Como visto na figura anterior, o tesoureiro é o “homem do caixa”, ou seja, é responsável pela liquidez da empresa e administra todo o fluxo de recursos Diretor Financeiro Tesoureiro Caixa e bancos Contas a receber Contas a pagar Relações bancárias Preparação do orçamento de caixa Controller Contabilidade geral e de custos Elaboração de orçamentos e controle orçamentário Auditoria interna Preparação de relatórios financeiros internos 9 financeiros dela; já o controller possui um viés para a contabilidade e se preocupa com a auditoria e o acompanhamento dos lançamentos financeiros. “A área do tesoureiro está mais voltada para atividades que compreendem o uso de dinheiro, a sua manipulação e a posse real de fundos, enquanto o controller preocupa-se com os controles e osfluxos de informações dentro da empresa. A primeira área tem contato com o público e a segunda possui tarefas quase exclusivamente voltadas para dentro da empresa”. (Sanvicente, 1987). Sanvicente (1987) ainda afirma que o tesoureiro está mais preocupado com os aspectos de obtenção de fundos, ao passo que o controller dedica-se à análise da eficiência relativa com que os recursos obtidos são aplicados pela empresa. Como visto, a administração financeira é repleta de elementos essenciais, os quais, quando não bem geridos, podem acarretar inúmeros problemas organizacionais que, muitas vezes, não podem ser revertidos. Para compreender melhor essa questão, na sessão seguinte, abordaremos os principais problemas de administração financeira que as empresas podem encontrar. TEMA 5 – OS PROBLEMAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Observamos que a administração financeira se pauta em dados confiáveis e no acompanhamento constante por seus agentes. Porém, quando não é dada a devida atenção ao planejamento ou há falhas, omissões nas informações prestadas, isso pode causar um prejuízo enorme para a organização. Nenhuma empresa pode desconhecer suas movimentações financeiras, ou seja, não saber se está tendo lucro ou prejuízo, não conhecer as informações adequadas de saldo de caixa, estoques, contas a pagar e receber, despesas, preço de venda, pró-labores, valor patrimonial da empresa, capital de giro, ciclo financeiro e ciclo operacional. Grande parte dessas informações é trabalhada por meio de uma ferramenta financeira essencial para o acompanhamento das entradas e saídas de caixa, a qual se chama fluxo de caixa. Com o fluxo de caixa, é possível evitar prever o comportamento do caixa e evitar surpresas. Como vimos, a função financeira compreende os esforços dispensados, objetivando a formulação de um esquema que seja adequado à maximização dos retornos (lucro) aos proprietários das ações ou cotas da empresa, 10 proporcionando a liquidez dela perante seus credores. A premissa está assentada no equilíbrio entre rentabilidade (lucro) e liquidez. (Gitman 2010) Alguns elementos são primordiais para detectar problemas de administração financeira, e, segundo Sanvicente (1987), são eles: Mercado o Mercado Comprador Preço, prazo, e outras condições de venda Manutenção e ampliação da quota da empresa no mercado Efeitos da concorrência Vendas cíclicas ou de época o Mercado Fornecedor Preços, prazos e outras condições de compra Compras cíclicas ou de época Necessidade de importação Aplicação do Capital o Renovação e ampliação de máquinas, equipamentos e instalações o Manutenção de estoques e produção em andamento o Concessão de crédito a clientes; vendas a prazo o Adiantamento a fornecedores Capital de terceiros o Limites para compra a prazo o Limites para operações bancárias o Custo do capital de terceiros o Financiamentos especiais Capital Próprio o Capitalização de lucros o Distribuição de lucros o Destinação das reservas e provisões o Entrada de capital novo Expansão o Expansão em pequena escala o Expansão em grande escala A percepção desses e de outros problemas só será possível às empresas que mantêm adequado sistema de processamento e análise de dados, 11 determinando as diversas situações de solvência, liquidez e rentabilidade. A maioria das empresas concentra suas atenções apenas no propósito de obter recursos, para cobrir a falta de numerário, não se preocupando com os meios que ocasionaram essa deficiência. Causas mais comuns da falta de numerário: Expansão descontrolada das vendas, implicando maior volume de compras e de gastos. Ampliação dos prazos de vendas, para a conquista de mercados. Diferenças acentuadas na velocidade dos ciclos de pagamentos e de recebimentos, em função dos prazos de compra e de vendas. Insuficiência do capital próprio e utilização do capital alheio em proporções excessivas. Baixa velocidade na rotação dos estoques e nos processos de produção. Necessidade de compras de vultos de caráter cíclico ou para reserva, exigindo maiores disponibilidades. Distribuição de lucros, além das possibilidades de caixa. Imobilização excessiva, diminuindo o capital circulante ou utilizando capital de terceiros. As empresas financeiramente equilibradas apresentam as seguintes características: Há permanente equilíbrio entre os recursos e os encargos financeiros. O capital próprio tende a aumentar em relação ao capital alheio. A rentabilidade do capital é satisfatória, não prejudicando as vendas forçadas para a obtenção de numerário, nem pesadas parcelas de juros. Há tendência para aumentar a rotatividade dos estoques, cujo valor não se eleva na mesma proporção em que cresce o valor das vendas, e maior frequência de vendas para um número cada vez maior de produtos. Há tendência para estabilizar-se o prazo médio de recebimento das vendas. Não há imobilização excessiva de capital, nem ela é insuficiente para o volume necessário de produção. Não há falta de mercadoria para atendimento das vendas. 12 Como visto, uma organização sem planejamento e controle pode enfrentar diversos problemas financeiros no decorrer do tempo. São fatores como esses que devem fazer parte do dia a dia do administrador financeiro para que, em conjunto com a equipe financeira, gestores e demais atores organizacionais possam estabelecer metas e objetivos que não interfiram na vida financeira da empresa. Saiba Mais Para ser um bom gestor financeiro, primeiramente é preciso praticar com as finanças domésticas. Assim, assista ao vídeo e reflita se o planejamento pessoal está sendo realizado: https://www.youtube.com/watch?v=eonwa39mnL4 TROCANDO IDEIAS Após apresentados os principais pontos a respeito da Administração Financeira, chegou a hora de cada aluno contribuir com seu entendimento a partir de tudo que foi abordado nesta rota, além de apresentar possíveis dúvidas e questionamentos que surgiram durante os estudos. Dessa forma, assista ao vídeo seguinte e compartilhe com os colegas os questionamentos sugeridos: https://www.youtube.com/watch?v=GA6STBvKlGE Analisando o vídeo e o que foi abordado durante o curso, qual a importância da gestão financeira? O que é um planejamento financeiro? O que deve ser levado em consideração para efetuar um bom planejamento financeiro? Quais as informações mais importantes? Como enfrentar uma crise caso a empresa esteja endividada? Quais são os meios que podem ser utilizados para realizar um bom controle financeiro? Qual a importância da análise do planejamento financeiro ao longo do tempo? Posso levar aspectos do planejamento financeiro para a vida financeira pessoal? Caso seja possível, como posso fazer? https://www.youtube.com/watch?v=eonwa39mnL4 https://www.youtube.com/watch?v=GA6STBvKlGE 13 NA PRÁTICA Assista ao vídeo e responda aos seguintes questionamentos: https://www.youtube.com/watch?v=GA6STBvKlGE 1) Qual é a importância do planejamento financeiro? 2) Como é elaborado o planejamento financeiro? E o que deve ser feito após a elaboração do planejamento? 3) O que é reserva e qual sua importância, tanto na vida pessoal como na empresa? SÍNTESE Para Gitman (2010), “A administração financeira compreende a função dupla de planejamento e controle”. Constitui importante instrumento do processo de formulação das políticas operacionais da empresa. Na execução de suas tarefas, o administrador financeiro utiliza como ponto de partida os demonstrativos elaborados pelo contador ou contadores da empresa. O diagnóstico resultante da análise desses demonstrativos deverá procurar revelar as razões,favoráveis ou não, do desempenho passado da empresa. Enquanto o balanço fornece uma visão dos recursos (ativos) e compromissos (passivos) da empresa, os demonstrativos de lucros e perdas indicam a rentabilidade das operações de exercícios passados. À análise do desempenho passado da empresa segue-se a interpretação de sua situação atual. A principal questão, neste caso, é a seguinte: qual a situação atual da companhia e como se compara com as demais empresas de tamanho equivalente, na mesma indústria e operando no mesmo mercado? Essa interpretação é, simultaneamente, absoluta e relativa. É absoluta no sentido de procurar determinar a solidez, ou não, da atual posição financeira da empresa. A interpretação destina-se também a mostrar sob que aspectos a empresa pode ser comparada, em termos favoráveis ou desfavoráveis, a suas concorrentes, bem como em que medida isso ocorre. O principal aspecto da administração financeira é a formulação da estratégia da empresa, determinando-se o uso mais adequado dos fundos à disposição da empresa no momento e procedendo-se à escolha da fonte mais apropriada de recursos adicionais de que o empreendimento necessitará no futuro. A análise e a https://www.youtube.com/watch?v=GA6STBvKlGE 14 interpretação dos demonstrativos financeiros constituem as bases da formulação dos planos futuros da empresa. Ocasionalmente, uma empresa poderá considerar a necessidade de aumentar suas instalações físicas de operação, ou seja, edifícios, máquinas e equipamentos. No caso de máquinas e equipamentos, o administrador financeiro trabalhará com projetos de investimento cuja vida útil estimada é de três a dez ou mais anos. São investimentos que envolvem financiamento a médio prazo. (Sanvicente, 1987). A análise efetuada pelo administrador financeiro serve ainda como valiosíssimo meio de comunicação entre os vários departamentos. Proporciona um denominador comum (moeda) e um padrão uniforme de medida (custo dos fundos e rendimento). Além disso, a análise financeira fornece à alta administração um instrumento de avaliação de desempenhos passados e dos planos futuros. Depreende-se que a administração financeira é uma área de suma importância para a sobrevivência de uma organização, pois, sem se atentar para as finanças, torna-se impossível tomar decisões assertivas e que não prejudiquem as condições financeiras da organização. Denota-se que algumas figuras dão apoio necessário ao gestor, fornecendo informações pertinentes para uma melhor análise dos relatórios e indicadores financeiros, no entanto, muitas vezes essas relações nem sempre são harmoniosas, podendo desencadear conflitos de interesses, o que é capaz de influenciar negativamente na rentabilidade da empresa. Então, cabe à gestão financeira acompanhar e avaliar a movimentação financeira da empresa, objetivando sempre maximizar a riqueza da organização. REFERÊNCIAS GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2010. LOPES, A. S. A contribuição da controladoria na tomada de decisão do administrador financeiro. Rio de Janeiro: IAVM, 2010. SÁ, C. A. Fluxo de Caixa: a visão da tesouraria e da controladoria. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 15 SANVICENTE, A. Z. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1987. SELEME, L. D. B. Finanças sem complicações. Curitiba: Intersaberes, 2012. DISCIPLINA: GESTÃO DO FLUXO DE CAIXA E TESOURARIA AULA 2 Prof.a Kessyane Novaes Horbucz 2 CONVERSA INICIAL Olá, querido aluno, dando sequência ao estudo da disciplina de Gestão de Fluxo de Caixa e Tesouraria, a atividade mais importante dentro da administração financeira é a tomada de decisão, pois de nada vale elaborar extensos relatórios, gráficos complexos e calcular vários tipos de indicadores financeiros sem a competência de analisar todos esses elementos e avaliar qual a melhor decisão para sua empresa. Dessa maneira, a dinâmica da decisão financeira se pauta em dois propósitos: o de investimento (onde, como, quanto e quando irei aplicar os recursos?) E o de financiamento (quanto, até quando necessito de recursos?), dois grandes propósitos decisórios de uma empresa que são integrados às variáveis de risco, ao retorno e aos custos das operações financeiras. O objetivo principal é ampliar o conhecimento com foco na tomada de decisão, apresentando termos técnicos e algumas ferramentas que são importantes para esse processo decisório CONTEXTUALIZANDO As decisões financeiras de empresas inseridas em economias em desenvolvimento requerem uma reflexão mais crítica de seus aspectos conflitantes, exigindo uma adaptação à realidade dos negócios. O processo de tomada de decisões reflete a essência do conceito de administração. Para Assaf Neto (2007), administrar é decidir, e a continuidade de qualquer negócio depende da qualidade das decisões tomadas por seus administradores nos vários níveis organizacionais. E essas decisões, por sua vez, são tomadas com os dados e as informações viabilizados pela contabilidade, levantados pelo comportamento do mercado e desempenho interno da empresa. No entanto, esse processo decisório é essencial ao sucesso de toda empresa, e vem assumindo complexidade e risco cada vez maiores na economia brasileira. Desequilíbrios nas taxas de juros, desajustes de mercado, ausência de poupança a longo prazo, intervenções frequentes nas regras da economia, entre outros aspectos vêm exigindo uma capacidade mais analítica e questionadora das unidades decisórias. (Assaf Neto, 2007) Conceitos financeiros consagrados em outros ambientes costumam encontrar enormes dificuldades de adaptação em nossa realidade empresarial, 3 demandando um conjunto de ajustes e reflexões nem sempre seguidos pelo mercado. PESQUISE Como podemos realizar uma boa administração financeira? Quais são os elementos que constituem as decisões financeiras? Como ocorrem as relações empresas x mercado? TEMA 1 – A DINÂMICA DAS DECISÕES FINANCEIRAS Como vimos, administrar é um processo de tomada de decisões. Segundo Ross (2002), a continuidade das organizações depende da decisão correta e esta deve ser feita baseada em dados e informações, sejam elas fornecidas pela contabilidade e outros setores da empresa, ou pelo ambiente no qual a empresa está inserida. Fatores como desequilíbrios nas taxas de juros, desajustes de mercado, inflação, riscos financeiros e mudanças no mercado tornam esse processo de decisão algo nada fácil. A dinâmica das decisões financeiras envolve: planejamento financeiro – necessidades de expansão, desajustes futuros e rentabilidade sobre os investimentos; controle financeiro – análise e correção de desvios entre previsto e realizado; administração de ativos – melhor estrutura dos investimentos em termos de risco e retorno; administração de passivos – gerenciamento de composição de financiamento. O foco principal se dá por conta das decisões de investimento e das decisões de financiamento. Retomando, investimentos são atividades executadas em decorrência das aplicações de recursos. As atividades de investimento costumam ser classificadas no Balanço Patrimonial, na conta de investimentos, por exemplo: compras de máquinas e equipamento, aplicações financeiras de curto e longo prazo. Já o financiamento reflete as decisões tomadas diante das atividades operacionais e de investimentos. As contas de financiamento costumam ser classificadas no passivo financeiro (circulante ou ELP) e no Patrimônio Líquido. Exemplos: captação de empréstimos bancários, integralização de capital da 4 empresa, etc., ou seja, “o que se deseja fazer é definir e alcançar uma estrutura ideal em termos de fontes de recursos, dada acomposição dos investimentos” (Sanvicente, 1987, p. 16). Decisão de investimento, também chamado de administração da estrutura de ativos, constitui a etapa em que o administrador financeiro determina a combinação e os tipos de ativos que fazem parte do Balanço Patrimonial da empresa. Essa atividade está relacionada ao lado esquerdo do Balanço. A composição refere-se ao montante de recursos aplicados em Ativos Circulantes e em Ativos Permanentes (fixos). Depois que a composição estiver definida, o administrador financeiro deve fixar e tentar manter níveis ótimos para cada tipo de Ativo Circulante. (Ross, 2002) De acordo com Pereira Filho (2014), o gestor deverá também decidir quais são os melhores Ativos Permanentes a adquirir e saber quando os ativos existentes se tornarão obsoletos e precisarão ser modificados, substituídos ou liquidados. A determinação da melhor estrutura de ativo para a empresa não é uma tarefa simples; requer o conhecimento das operações passadas e futuras das empresas e a compreensão dos objetivos que deverão ser alcançados a longo prazo. Existem várias técnicas para avaliação dessas decisões, como a Taxa Média de Retorno, Payback (Prazo de Retorno), Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR). É na administração da estrutura dos ativos que o gestor deve fazer os seguintes questionamentos: onde, como, quanto e por quanto tempo irei aplicar meus recursos? Já a decisão de investimento ou administração da estrutura do passivo relaciona-se com o lado direito do Balanço Patrimonial da empresa e envolve as fontes de recursos. Conforme Gitman (2010), dois enfoques sustentam essa atividade do administrador financeiro: A decisão de qual a composição mais apropriada entre financiamento a curto e a longo prazo a ser estabelecida, o que é bastante importante, pois afeta tanto a lucratividade da empresa como sua liquidez global. O juízo de quais fontes individuais de financiamento, a curto ou a longo prazo, são as melhores, em dado momento. Algumas decisões dessa natureza exigem uma análise profunda das alternativas disponíveis, de seus custos e de suas implicações a longo prazo. O Custo Médio Ponderado de Capital é uma medida eficaz para esse tipo de decisão. 5 As questões que o gestor deve fazer na administração da estrutura do passivo se pauta em: como, quanto, por quais taxas e com quem irei financiar os meus recursos? Porém, como saber se o investimento e o financiamento realizados darão o meu retorno esperado? Qual ou quais os riscos que podem ocorrer? Veremos essas questões no tema a seguir. TEMA 2 – RISCO X RETORNO Para compreender melhor essa aula, vamos conceituar risco e retorno. Risco é a volatilidade de retornos associado a um determinado ativo. Como normalmente estamos preocupados com a possibilidade de um prejuízo, tentamos medir com precisão a volatilidade do retorno que pode causar esse prejuízo. No entanto, volatilidade, segundo o dicionário, é a qualidade do que sofre constantes mudanças; característica do que é volátil, do que não é firme, daquilo que muda constantemente ou se vaporiza. Em finanças, entendemos como uma oscilação entre os valores dos ativos. Por exemplo, se você realiza uma aplicação de renda fixa que promete juros de R$ 50 daqui a 30 dias, não está correndo risco de volatilidade do retorno. O resultado possível é um só. Não existe volatilidade de retorno associada à sua aplicação. Imagine agora que o gerente do banco lhe oferece uma aplicação que promete juros no intervalo de R$ 0 a R$ 100. Ou seja, você pode ganhar qualquer valor entre R$0 e R$ 100. Esse investimento é mais arriscado em virtude da elevada volatilidade de retorno. Volatilidade de retornos aqui significa que você pode ganhar qualquer valor entre R$ 0 e R$ 100. Em suma, o risco pode ser definido como uma medida de incerteza associada aos retornos esperados de investimento. Já o retorno é a expectativa de uma rentabilidade, ou seja, quanto irei ganhar ao investir em determinado ativo. Dessa maneira, devemos ficar atento a alguns tipos de risco e tentar ao máximo prevê-los e nos prepararmos para eles. Seguem os principais tipos de riscos, conforme Pereira Filho (2014). 6 Risco de mercado – é associado às variações de rentabilidade dos ativos decorrendo das condições da economia, que podem fazer os juros, o câmbio e os preços das ações variarem, influenciando seu investimento. Um exemplo é quando são expostas notícias sobre empresas de capital aberto, pois, se essa notícia for negativa, automaticamente os preços das ações reduzem. Risco de crédito – esse risco ocorre quando há o chamado popularmente de “calote”, ou seja, quando não há o pagamento da parte devedora para a parte credora, o que vai fazer com o que o credor não receba o esperado, e os impactos dessa ação podem chegar a uma falência. Risco de liquidez – está relacionado com a facilidade de você negociar um ativo, ou seja, o quanto você conseguirá transformar um ativo em dinheiro o mais rápido possível. No entanto, às vezes você precisa ceder e reduzir o valor solicitado para fechar a negociação, sendo essa perda computada como risco de liquidez. Risco legal – são questões legais que podem ocasionar algum transtorno para uma ou mais partes da relação. Podem existir cláusulas jurídicas que impeçam ou dificultem o exercício dos direitos nele estabelecidos, permitindo ao devedor ou tomador não honrar as obrigações assumidas. Risco operacional – quando há a possibilidade de ocorrerem falhas e poderão ser provenientes de problemas nos equipamentos, falhas humanas má administração, fraudes, entre outros. Além disso, de acordo com Sanvicente (2012), existem riscos que envolve a área empresarial, sendo eles: Risco econômico – também denominado de risco empresarial, está relacionado às eventualidades que afetam o resultado de uma empresa, ou seja, a possibilidade de a empresa não atingir os resultados esperados. Risco financeiro – é resultado da instabilidade do resultado, ocorre quando uma empresa não possui a capacidade de honrar seus compromissos financeiros no prazo acordado. Na prática, encontramos no mercado diversos ativos e, com isso, há de se esperar que os riscos sejam também diferentes, dessa maneira, quanto maior for o risco de um investimento, maior deverá ser o seu retorno esperado. 7 TEMA 3 – RELAÇÃO COM OS MERCADOS Empresas bem-sucedidas têm uma necessidade constante de fundos. Um dos principais atores envolvidos nesse processo de canalização de fundos são as instituições financeiras. As instituições financeiras, conforme Gitman (2010), agem como intermediários, canalizando as poupanças de pessoas físicas, empresas e órgãos governamentais para empréstimos e investimentos. Muitas instituições financeiras remuneram direta ou indiretamente seus depositantes com juros sobre os recursos depositados, e outras prestam serviços em troca de tarifas. A poupança que os clientes individuais depositam nas instituições financeiras fornece grande parte dos recursos de que dispõem. Esses clientes não apenas proporcionam recursos às instituições financeiras, como também os demandam dela sob a forma de empréstimo. No entanto, as pessoas físicas são ofertantes líquidos para as instituições financeiras: poupam mais do que tomam emprestado. (Gitman, 2010) No caso das empresas que depositam seus recursos nas instituições financeiras, elas também tomam empréstimos, porém são demandantes líquidos de fundos: tomam mais dinheiro do que poupam. (Gitman, 2010) Em resumo, todo o processo descrito até agora pode ser dito da seguinte forma: as relações financeiras são estabelecidas sempre que um agente econômico é capaz de transferir o comando de recursos financeiros para terceiros contra o reconhecimento de uma obrigação (dívida, expressaem um contrato ou título) e seus serviços por parte do beneficiário. A mais simples forma de relação financeira é o crédito: um agente empresta dinheiro a outro, por um prazo determinado, e é remunerado pelo pagamento de juros futuro. (Carvalho, 2015) Nesse processo, existem dois agentes principais: os agentes superavitários (credores) e os agentes deficitários (devedores). Segundo Gitman (2010), os agentes superavitários, também chamados de poupadores, veem-se às voltas com excesso de renda corrente sobre seus gastos planejados e, portanto, demandam formas de acumulação de riqueza. 8 São demandantes de ativos financeiros e ofertantes de poupança financeira – recursos para uso imediato de terceiros. Já os agentes deficitários, tomadores, pretendem gastar mais que sua renda corrente, demandando financiamento de seus gastos excedentes. Trocam parte de sua renda futura pela antecipação de recursos financeiros. Esses agentes são demandantes de poupança financeira e emitem obrigações, um passivo financeiro a ser saldado no futuro. (Gitman, 2010) Vistos esses conceitos, no Brasil, quem são os atores do sistema financeiro nacional? Conforme Ferreira (2014), o Sistema Financeiro Nacional (SFN) é um conjunto de instituições financeiras e instrumentos financeiros que tem como objetivo regulamentar, fiscalizar e executar as operações relacionadas à gestão da moeda e do crédito. O SFN possui uma estrutura padrão dividida em dois subsistemas. Subsistema Normativo: capaz de regular e fiscalizar o mercado financeiro. Os órgãos e instituições especiais que o compõem são: Conselho Monetário Nacional (CMN); Banco Central (BACEN); Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC); Comissão de Valores Mobiliários (CVM); Superintendência de Seguros Privados (SUSEP); Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Caixa Econômica Federal (CEF); Banco do Brasil (BB). Subsistema Operativo: sistema composto por todas as instituições que trabalham na intermediação financeira e na realização da transferência de recursos entre fornecedores e tomadores de recursos por meio de regras bem definidas. Compõem esse subsistema: Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE); Cooperativas de Crédito; Bancos de Investimentos; Sociedades Corretoras; Sociedades de Crédito Imobiliário; 9 Bancos Cooperativos etc. Fonte: Elaborado pela autora, 2016. O sistema financeiro nacional é constituído por várias instituições e órgãos que zelam pelo bom funcionamento das operações financeiras, viabilizando o trânsito de recursos financeiros entre empresas e investidores. (Ferreira, 2014) Dessa maneira, seu principal objetivo é o de estabelecer uma ligação entre os agentes do mercado financeiro influenciando na maior eficiência nas operações. TEMA 4 – RELAÇÃO COM A CONTABILIDADE Como vimos na aula anterior, as atividades de finanças (tesoureiro) e contabilidade (controller) são intimamente relacionadas e, via de regra, sobrepõem-se. Na verdade, muitas vezes é difícil diferenciar a administração financeira da contabilidade. No entanto, em empresas de pequeno porte, o controller com frequência executa a função financeira e, nas maiores, muitos controllers estão diretamente envolvidos com diversas atividades financeiras. Existem, porém, duas diferenças 10 básicas entre finanças e contabilidade: ênfase nos fluxos de caixa e a tomada de decisões. (Gitman, 2010) No que diz respeito à ênfase nos fluxos de caixa, Gitman (2010) afirma que a função principal dos controllers é desenvolver e relatar dados para mensurar o desempenho da empresa, avaliar situações financeiras, atender aos requisitos dos reguladores de títulos e apresentar relatórios, além de registrar e pagar impostos. Usando determinados princípios padronizados e geralmente aceitos, os controllers preparam demonstrações financeiras que reconhecem as receitas no momento da venda e as despesas no momento em que são incorridas, abordagem conhecida como regime de competências. Já o administrador financeiro enfatiza os fluxos de caixa, as entradas e saídas de dinheiro. Ele mantém a empresa solvente, planejando os fluxos de caixa necessários para que ela honre suas obrigações e adquira os ativos necessários para realizar suas metas, o chamado regime de caixa. O administrador financeiro aplica esse regime de caixa para reconhecer as receitas e despesas apenas quando das entradas e saídas efetivas de caixa. Independentemente de seus lucros ou prejuízos, cada empresa precisa ter fluxo de caixa suficiente para atender as suas obrigações à medida que se tornem devidas. (Gitman, 2010) A segunda grande diferença entre finanças e contabilidade tem a ver com a tomada de decisões. Os controllers dedicam maior parte dos seus esforços para coletar e apresentar os dados financeiros. Já os administradores financeiros, por sua vez, avaliam as demonstrações contábeis, desenvolvem mais dados e tomam decisões a partir da análise marginal resultante. É claro que isso não quer dizer que os controllers jamais tomem decisões, ou que os administradores financeiros jamais coletem dados. Apenas que o foco principal de suas atividades é bastante diferente. (Gitman, 2010) Como já vimos, além do envolvimento constante com a análise e o planejamento financeiros, o administrador financeiro também toma decisões de investimento e de financiamento. Segundo Gitman (2010), as decisões de investimento determinam as combinações e os tipos de ativos que a empresa possui. Já as decisões de financiamento determinam a combinação e os tipos de financiamento usados. Para compreender melhor, observe a figura a seguir, em que é apresentado um balanço patrimonial. Vale ressaltar que as decisões são 11 efetivamente tomadas com base nos efeitos do fluxo de caixa sobre o valor geral da empresa. Balanço patrimonial Ativo circulante Passivo circulante Ativo não circulante Dívidas de longo prazo e patrimônio líquido Após compreendida essa relação das finanças com a contabilidade, vamos partir para o último tema, o qual trata do disponível, que são os recursos financeiros que se encontram à disposição imediata da entidade. TEMA 5 – O DISPONÍVEL O disponível compõe o grupo dos ativos circulantes, ou seja, são os recursos financeiros disponíveis para a empresa, os quais, geralmente, ela deixa sob a guarda de instituições financeiras. O ativo faz parte das contas patrimoniais e compreende o conjunto de bens e direitos da organização, possuindo valores econômicos e podendo ser convertido em dinheiro. É parte positiva da posição patrimonial e identifica onde os recursos foram aplicados, além de representar os benefícios presentes e futuros da empresa. A finalidade de uma empresa é o lucro, e o ativo é a aplicação de bens e direitos de modo a produzir lucro. Para que algo seja considerado um ativo, é necessário que ele cumpra quatro requisitos: constituir bem ou direito para a empresa, ser de propriedade, posse ou controle da sociedade, ser mensurável monetariamente e trazer benefícios (ou expectativa de benefícios) para a Tomada de decisões de investimento Tomada de decisões de financiamento 12 empresa. O dinheiro é o ativo por excelência, pois é o meio de troca da economia e sua liquidez é plena. As contas desse grupo não se encerram com a apuração do resultado do exercício e podem ser debitadas ou creditadas, sendo o saldo sempre devedor (com exceção das contas redutoras do ativo). Conforme Athar (2005), o ativo se divide em duas partes: ativo circulante e ativo não circulante. Ativo Circulante: contempla o grupo de contas do ativo com maior liquidez. São contas que estão constantemente em giro, movimento, circulação. Nesse grupo, são registradosos bens e direitos que a empresa consegue transformar em dinheiro até o final do exercício seguinte, ou seja, no curto prazo. Por exemplo, uma empresa cujo exercício social encerre em 31 de dezembro, ao realizar o encerramento do exercício de 31 de dezembro de 2015, deverá classificar no curto prazo (ativo circulante) todos os valores realizáveis até 31 de dezembro de 2016. Após compreendido o ativo circulante, voltamos ao disponível, que pertence a esse grupo de ativos. O disponível compreende valores existentes em caixa e bancos, assim como as aplicações de curtíssimo prazo e liquidez absoluta. Significa o que está disponível para a empresa, podendo ser utilizado a qualquer momento e para qualquer fim. As contas desse grupo estão a todo instante sendo movimentadas (entra e sai dinheiro). São exemplos de disponível: caixa – dinheiro em espécie na empresa; conta em banco – nessa conta são registrados os recursos depositados em contas-correntes de livre movimentação. As contas de livre movimentação são as contas bancárias cujo saldo pode ser sacado imediatamente pelo cliente, no todo ou em parte. aplicações financeiras – a curto prazo, representam os investimentos efetuados pela empresa em títulos de liquidação imediata (que sejam prontamente conversíveis em dinheiro). Ou seja, são investimentos por um curto período, pois, assim que a empresa necessitar do dinheiro, ela pode se desfazer da aplicação e usá-lo. São feitas pelas entidades com o objetivo de obter recursos financeiros, normalmente sendo realizadas junto a estabelecimentos bancários (as empresas em geral efetuam essas aplicações http://www.socontabilidade.com.br/conteudo/BP_ativo8.php http://www.socontabilidade.com.br/conteudo/BP_ativo8.php 13 por obter boas taxas remuneratórias, por excesso de recursos monetários, por obrigações contratuais ou por falta de opção de negócios). Depósitos bancários à vista – para cheques e/ou transferências que entrarão na conta da empresa a curto prazo. Em resumo, os recursos do disponível são utilizados para compra de bens do imobilizado, que podem ser vendidos eventualmente. As sobras de caixa são aplicadas temporariamente no mercado financeiro para maximizar os recursos financeiros, gerando receitas que são deduzidas das despesas geradas pelos financiamentos bancários de curto e longo prazos. (Hoji, 2001) Com isso, existe uma ferramenta – o fluxo de caixa – que exerce a função de acompanhar o saldo do disponível e a tesouraria, e, ao acompanhar essas movimentações, auxilia o gestor na tomada de decisão, inclusive no momento de transformar essa disponibilidade em reserva que irá compor o patrimônio líquido com a qual poderá contar posteriormente para a liquidação dos compromissos assumidos pela empresa. Leitura obrigatória Leia mais sobre o Sistema Financeiro Nacional no livro Finanças sem complicação, capítulo 5, páginas 173 a 211. Saiba mais Assista ao vídeo e reflita sobre as seguintes perguntas: https://www.youtube.com/watch?v=ON0uDIfcrLg Como é o nome do movimento de entrada e saída de dinheiro de uma empresa? Qual a relação do fluxo de caixa com o desempenho organizacional? Qual o papel do gestor financeiro? Quais as suas principais atividades? Qual a diferença entre o administrador financeiro e o contabilista? Quais os cuidados que o administrador financeiro deve ter em relação ao mercado? Quais os passos necessários para realizar um investimento e um financeiro? https://www.youtube.com/watch?v=ON0uDIfcrLg 14 Quais as habilidades do gestor financeiro? Quais as funções do gestor financeiro? TROCANDO IDEIAS Após apresentados os principais pontos a respeito da administração financeira, chegou a hora de dividir o seu entendimento a partir de tudo que foi abordado nesta rota, além de apresentar possíveis dúvidas e questionamentos que surgiram durante os estudos. Dessa forma, para iniciarmos as discussões, responda: Quais as duas principais atividades do administrador financeiro relacionado ao balanço patrimonial da empresa? NA PRÁTICA Conseguindo manter o equilíbrio financeiro pessoal (finanças domésticas), fica mais fácil desenvolver hábitos que irão contribuir, sempre que necessário, para tomar decisões financeiras, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional. Assista ao vídeo a seguir e identifique quais são os hábitos recomendados para se obter um bom equilíbrio financeiro. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=V3YUju6Pl3c FINALIZANDO Quando se aborda a tomada de decisão financeira dentro das organizações, é importante observar todos os setores da organização; um tomador de decisão necessita acompanhar todos os indicadores financeiros da empresa, delegando à sua equipe o monitoramento eficiente desses dados, sendo que uma omissão de dados ou algum dado lançado erroneamente modifica o cenário da organização. O controle deve ser constante, ou seja, uma rotina, pois, quanto mais controle houver em um curto espaço de tempo, menor será a dimensão dos problemas e mais fácil será saná-los rapidamente. Importa ao gestor financeiro decidir sobre as opções mais rentáveis de investimentos, sem se esquecer de observar os riscos dessas operações. https://www.youtube.com/watch?v=V3YUju6Pl3c 15 Também é função do gestor financeiro optar pelas melhores opções de financiamento, analisando taxas e prazos. Seria contraditório estudar finanças sem entender a importância do mercado e dos bancos dentro dessa relação. Dentro do Sistema Financeiro Nacional (SFN), deparamos com o mercado financeiro, que é constituído de intermediadores financeiros que compõem os mercados de crédito, monetário, de capitais e cambial. Em administração financeira, existe outra relação tão importante quanto a relação com os mercados, que é a relação com a contabilidade. Em muitos momentos, torna-se difícil distinguir as finanças da contabilidade, pois é comum que as atividades dessas duas áreas sejam desempenhadas pelo mesmo indivíduo, tal como um diretor financeiro, um controller e até mesmo um contador. No entanto, esse processo decisório essencial ao sucesso de toda empresa vem assumindo complexidade e risco cada vez maiores na economia brasileira. Desequilíbrios nas taxas de juros, desajustes de mercado, ausência de poupança a longo prazo, intervenções frequentes nas regras da economia, entre outros aspectos vêm exigindo uma capacidade mais analítica e questionadora. 16 REFERÊNCIAS ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. ATHAR, R. A. Introdução à contabilidade. São Paulo: Prentice Hall, 2005. CARVALHO, F. J. C. Economia monetária e financeira: teoria e política. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. FERREIRA, M. A. Sistema financeiro nacional: uma abordagem introdutória dos mecanismos das instituições financeiras. Curitiba: Intersaberes, 2014. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2010. MATERLANC, R. Avaliação de empresas: um guia para fusões & aquisições de valor. São Paulo: Prentice Hall, 2005. PEREIRA FILHO, V. Finanças. São Paulo: Pearson Education, 2014. ROSS, S. et al. Administração financeira: corporate finance. São Paulo: Atlas, 2002. SÁ, C. A. Fluxo de caixa: a visão da tesouraria e da controladoria. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006. SANVICENTE, A. Z. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1987. SELEME, L. D. B. Finanças sem complicações. Curitiba: Intersaberes, 2012. DISCIPLINA: GESTÃO DO FLUXO DE CAIXA E TESOURARIA AULA 3 Prof.ª Kessyane Novaes Horbucz 2 CONVERSA INICIAL Até o momento, foi apresentada, de uma maneira holística, a estrutura da gestão financeira, sendopossível entender a importância da tomada de decisão. Para isso, analisaram-se os riscos e retornos de tais opções de forma a compreender como a contabilidade e os mercados auxiliam nesse processo. Assim, a partir desta aula, adentraremos na disciplina: a Gestão de Tesouraria. Estudaremos a dinâmica da tesouraria, suas áreas de conexão, seu sistema, os controles necessários para manter a veracidade das informações, as vantagens e dificuldades em centralizar o caixa e como manter um relacionamento equilibrado com os bancos. Tem-se por objetivo expor as funções e atividades executadas pela tesouraria, enfatizando a importância de seguir processos com o aporte de sistemas alimentados pelas áreas de apoio. Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO A gestão de tesouraria passou a ser estudada há pouco tempo, pois, até então, não se dava grande importância ao tema. Com a evolução da gestão empresarial, observou-se que a capacidade de uma empresa gerar caixa era um dos mais importantes indicadores financeiros a serem analisados, obrigando a realização de uma gestão eficiente da tesouraria, uma vez que isso implica redução de custos em todas áreas da empresa, imprescindível à eficácia dos processos e produtos bancários. O termo “tesouraria” significa o local onde se guarda o tesouro, ou seja, é a área que exerce a guarda, a manutenção e a proteção de toda a riqueza de uma empresa. As principais atividades desempenhadas pela tesouraria são: contas a receber, contas a pagar, administração de fluxo de caixa, captação e aplicação 3 de recursos financeiros, não obstante, para que tudo isso funcione, faz-se necessária a interação de todas as áreas de uma empresa. Essa interação vai demandar um sistema bem elaborado e, para uma comunicação instantânea, exigirá um rigoroso controle interno, acompanhado de manuais de procedimentos e de planilhas agregadas de informações financeiras, as quais são primordiais nas tomadas de decisões, além de aliar as instituições financeiras com o intuito de manter as melhores negociações. PESQUISE Qual é a importância da gestão de tesouraria para as empresas? Por que se torna essencial criar mecanismos de controles internos na tesouraria? E os sistemas, em que contribuem? Por que se propõe ao tesoureiro manter vínculos com várias instituições financeiras? Quais vantagens são obtidas com a centralização de caixa? TEMA 1 – A GESTÃO DE TESOURARIA Dentro de uma empresa, todas as áreas são importantes e contribuem, com suas especificidades, para a sobrevivência das organizações. Na tesouraria, não é diferente, porém todas as outras áreas de uma empresa necessitam reportar à tesouraria quando se trata de recursos financeiros, ou seja, todo o disponível que gira por uma empresa obrigatoriamente passa pela tesouraria. No decorrer de nossas aulas, será possível compreender que a administração financeira é a disciplina responsável por avaliar as condições de investimento e financiamento das organizações, no entanto, existe um departamento dentro da administração financeira chamado de tesouraria, cuja função é controlar as receitas e as despesas das organizações, sendo responsável por alimentar o banco de dados, juntamente com o departamento de contabilidade. A tesouraria e a contabilidade são setores separados dentro da empresa, pois, enquanto a contabilidade é responsável por controlar o patrimônio total da empresa, registrando toda a movimentação dela, a 4 tesouraria trabalha com as finanças em espécie, administração do caixa, planejamento financeiro, conciliação bancária, captação de recursos, financiamento de curto prazo, ou seja, todo o fluxo monetário da empresa. Ambas as áreas são subordinadas à diretoria financeira, mas trabalham com regimes distintos, sendo o contador focado no regime de competência, enquanto o tesoureiro se foca no regime de caixa. Fonte: Sá. 2012. O regime de competência contempla registros e análises das movimentações financeiras de uma determinada empresa de acordo com o período em que elas deveriam ter sido concretizadas, independentemente do momento em que de fato ocorreram, ou seja, serão registradas na data e no mês exato da transação efetuada. Registro de receitas: O registro das receitas ocorre no período em que as transações com terceiros foram realizadas, independentemente de o pagamento ter sido efetivado no dia ou em data anterior/posterior, sendo assim, o reconhecimento da receita ocorre no dia em que foi firmado um contrato ou forte comprometimento em relação à compra ou à contratação do serviço. (Sá, 1998) 5 Por exemplo: Se foi acordado com o cliente o pagamento parcelado, o registro deverá ser realizado de acordo com as datas de vencimento, mesmo que o cliente não honre as datas acordadas. Registro de despesas: As despesas são registradas quando os valores que constam como ativos deixam de existir, podendo ser transferidos para terceiros ou pelo surgimento de um determinado passivo, que não corresponda a qualquer ativo antes registrado. (Sá, 1998) Por exemplo: uma despesa como um seguro deve ser reconhecida de acordo com seus períodos contábeis. Se tiver vigência de um ano, por exemplo, seu valor deverá ser reconhecido a cada mês durante esse período, independentemente de pagamento à vista ou a prazo. Já o regime de caixa, como o próprio nome diz, considera as negociações no momento em que há transação financeira. Aproveitando o exemplo utilizado, os pagamentos do cliente seriam registrados no ato do pagamento independentemente da data acordada, ou seja, caso ele atrasasse o pagamento, o registro da entrada de caixa seria realizado quando este honrasse efetivamente com o compromisso. Conforme Gitman (2010), o regime de caixa costuma ser o mais usado pelos gestores com a finalidade de avaliar a situação financeira de uma empresa, haja vista que ele está diretamente ligado ao fluxo de caixa. Quando se observa somente a movimentação financeira, é o regime de caixa que está sendo adotado, pois permite uma visualização exata do que se tem naquele momento, assemelhando-se a um extrato bancário. Fonte: Adaptado de Hoji, 2004. DRE 31/dez Vendas: R$................... 100.000,00 Custo: R$....................... 70.000,00 Lucro líquido: R$....... 30.000,00 Fluxo de Caixa 31/dez Entrada de caixa: R$............................0 Saída de caixa: R$............. 70.000,00 Fluxo de caixa líquido: (R$70.000,00) Visão do Tesoureiro Regime de Caixa Visão do Contador Regime de Competência https://blog.contaazul.com/o-que-e-fluxo-de-caixa/ 6 O contador detém como principal ferramenta de trabalho a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); enquanto a do tesoureiro é o Fluxo de Caixa, que tem grande importância na realização de suas análises e controle financeiro. Dessa maneira, cabe ao tesoureiro administrar a gestão da tesouraria, alinhando as informações fornecidas nas operações contas a pagar e contas a receber, com o objetivo de elaborar um fluxo de caixa eficiente. Fonte: Elaborado pela autora, 2016. O contas a receber repassa à tesouraria todas as informações sobre as receitas realizadas e previstas, ao passo que o contas a pagar transmite as informações sobre os pagamentos aos fornecedores, dados financeiros que alimentam o fluxo de caixa, o qual é controlado pela tesouraria. De acordo com Shan Anwar (2015), algumas barreiras limitam o trabalho da tesouraria, tais como: Falta de recursos – as tesourarias já têm funções enxutas em suas empresas. De acordo com uma pesquisa da AFP de 2014, 54% das tesourarias contam com menos de cinco funcionários em tempo integral. Dadas as atuais restrições de recursos, cobrar dos tesoureiros mais produtividade, exigirá o realinhamento dosrecursos existentes para a tesouraria. Falta de estrutura – uma abordagem holística da gestão de tesouraria requer uma estrutura para identificar as várias funções que precisam ser centralizadas, além de identificar funções e responsabilidades para a forma como elas devem ser gerenciadas. 7 Falta de dados – relacionados às limitações de sistema mencionadas acima. Para gerenciar essas funções de forma eficaz, as tesourarias precisam de dados consolidados. A empresa que consegue derrubar essas barreiras e implantar uma gestão de tesouraria eficiente garante a “saúde” financeira de seus negócios, estabelecendo-se com possibilidades de folga de capital de giro, saldos positivos de fluxo de caixa e ciclos alinhados. Saiba Mais: Inteire-se sobre o primeiro tema com a leitura do artigo a seguir, que aborda a importância da gestão da tesouraria, disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/19151/000734280.pdf TEMA 2 – FUNÇÕES E ATIVIDADES DE TESOURARIA As funções e atividades da tesouraria não se limitam apenas à salvaguarda de valores, para Hoji (2004, p. 144), a “finalidade básica da tesouraria é assegurar os recursos e os instrumentos financeiros necessários para a manutenção e viabilização dos negócios da empresa”. Dessa maneira, Hoji (2004) elenca as seguintes funções e atividades da tesouraria: Planejamento financeiro: Elaborar projeção do fluxo de caixa; analisar a estrutura de capital e propor alternativas de financiamento; estabelecer políticas de financiamento do capital de giro e de aplicação financeira. Administração do fluxo de caixa: Controlar os recursos disponíveis no caixa e em bancos; elaborar e analisar o fluxo de caixa realizado; fazer conciliação bancária; planejar e executar ações para suprir insuficiências de caixa; planejar e executar ações para maximizar http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/19151/000734280.pdf 8 as sobras de caixa; analisar alternativas de financiamento de capital de giro; analisar antecipações de recebimentos e pagamentos. Negociação e controle de aplicações financeiras: Analisar os aspectos legais e financeiros das aplicações; negociar e controlar as aplicações financeiras; conceder limite de crédito para instituições financeiras; controlar e analisar a rentabilidade das aplicações financeiras. Negociação e controle de empréstimos e financiamentos: Analisar os aspectos legais e financeiros das modalidades de empréstimos e dos financiamentos; negociar linhas de crédito com instituições financeiras; negociar e controlar empréstimos e financiamentos bancários; negociar e controlar operações de leasing; controlar e analisar os custos de empréstimos e financiamentos. Negociação e controle de garantias e seguros: Negociar linhas de crédito para fianças bancárias e seguros-garantia; controlar os instrumentos de garantia entregues a terceiros; negociar comissões de fianças bancárias e previsões; controlar e manter a guarda dos instrumentos de garantia recebidos de fornecedores. Administração de riscos de flutuação de preços e taxas: Avaliar a necessidade de fazer operações de hedge contra a flutuação de preços e taxas de juros e câmbio; analisar alternativas e custos de hedge; propor ao órgão competente à realização, ou não, de operações de hedge custos; negociar e controlar as operações de hedge. Hedge: são operações com a finalidade de proteção. A palavra hedge vem do inglês que significa cerca, ou seja, proteção. Operações de câmbio: Controlar operações financeiras em moeda estrangeira; registrar operações financeiras em moeda estrangeira no Banco Central; fazer fechamento de câmbio das operações de exportação e importação; negociar taxas de fechamento de câmbio; providenciar remessas de numerários ao exterior. Crédito e cobrança: Analisar os cadastros dos clientes para concessão de crédito; cobrar e receber as duplicatas nos respectivos vencimentos; cobrar e receber saques de exportação; controlar as 9 duplicatas em carteira e em cobrança bancária; controlar eventos financeiros contratuais; negociar novação de crédito. Contas a pagar: Estabelecer políticas de pagamentos; controlar adiantamentos a fornecedores; controlar abatimentos e devoluções de mercadorias; controlar cobranças bancárias e cobranças em carteira; liberar duplicatas para pagamento. Todas essas atividades contemplam a tesouraria, porém não significa que seja responsabilidade única e exclusivamente dela, pois tais funções podem ser compartilhadas com outras áreas de uma empresa. TEMA 3 – SISTEMA DE TESOURARIA Atualmente, a tecnologia possibilita uma otimização nas trocas de informações entre os setores de uma organização, proporcionando facilidade nas previsões, nos ajustes e nas análises dos dados registrados no sistema. Para Hoji (2004), o sistema de tesouraria compreende o registro dos fluxos financeiros da organização. Permite gerir contas-correntes, efetuar pagamentos e recebimentos, executar operações relacionadas com caixa e bancos. Todo sistema de tesouraria se centraliza no controle do fluxo de caixa, o qual é alimentado com as informações advindas do contas a pagar, contas a receber, previsão de fluxo de caixa, controle de financiamentos e controle de investimentos financeiros. 10 Fonte: Hoji, 2004. Com isso, todas as áreas da empresa passam a se comunicar com a tesouraria, fornecendo dados importantes para construção de instrumentos financeiros capazes de prever cenários futuros. A integração com a contabilidade eleva a eficiência da organização, sendo, assim, possível eliminar duplicidade de informações, tornando-as mais confiáveis, contribuindo para a melhoria da análise das decisões estratégicas, sem deixar de observar o processo de entradas e saídas de caixa efetuadas por cobranças e pagamentos. Por tudo isso, é fundamental ter na tesouraria um sistema que defina um alto padrão de trabalho, com os registros simultâneos das informações. A integração e a automatização de um sistema propiciam que esse mesmo sistema no qual se inserem as transações realize a contabilização e a analise referentes ao gerenciamento de riscos. 11 TEMA 4 – CONTROLES INTERNOS DA TESOURARIA Sabemos que cabe ao contador contabilizar, e ao tesoureiro, pagar, mas as dinâmicas dos negócios modernos exigem que os relatórios gerenciais, provenientes dos registros contábeis, sejam emitidos a tempo de possibilitar aos administradores utilizar esses instrumentos na tomada de decisão. Nesse caso, a empresa precisaria criar mecanismos de controles internos que possibilitem a verificação da exatidão dos registros. Segundo Sá (1998, p. 106): O controle interno é formado pelo plano de organização e de todos os métodos e procedimentos adotados internamente pela empresa para proteger seus ativos, controlar a validade dos dados fornecidos pela contabilidade, ampliar a eficácia e assegurar a boa aplicação das instruções da direção. Por isso, é sugerido que as empresas elaborem manuais de controles internos, com intento de orientar a simetria de informações entre áreas; mesmo possuindo um sistema de tesouraria devidamente informatizado, é válido realçar a responsabilidade de todos os envolvidos no processo, caso seja necessário implantar auditorias internas e compliance. Compliance: estar em conformidade com leis e regulamentos externos e internos. Nesses manuais, devem constar as políticas de controle interno e seus comitês, as informações pertinentes ao monitoramento, as formas de comunicação e postura ética seguida pela organização, englobando os principais controles internos realizados. Os principais controles internos de tesouraria são: fluxo de caixa; disponibilidades; aplicaçõesfinanceiras; empréstimos e financiamentos; contas a receber e a pagar; 12 controle de talões de cheque; guarda e cobrança de cheques devolvidos dos clientes; tarifas bancárias; fundos fixos de caixa; títulos enviados para empresas de cobrança. Para Anwar (2015), os tesoureiros devem procurar eliminar, ou pelo menos padronizar, operações manuais, usando planilhas e consolidando vários processos que, historicamente, foram desempenhados no nível de negócio. Da mesma forma, a consolidação e a padronização de dados são peça central na equação da centralização. Uma solução integral de gestão de tesouraria é fundamental para possibilitar a transformação da centralização. Saiba Mais Segue um manual de tesouraria, como exemplo, para conhecimento do aluno. Disponível em: http://www3.eliteccvm.com.br/novo/upload/misc/file/fae4c5e4d80f3debed093d2 7e75b7ecd.pdf TEMA 5 – RELACIONAMENTO BANCÁRIO E CENTRALIZAÇÃO DE CAIXA Dificilmente uma instituição financeira realizará operações para um cliente sem que obtenha um spread significativo, ou seja, uma instituição financeira não está disposta a se descapitalizar para oferecer benefícios financeiros a seus clientes, pois existe uma relação de reciprocidade bancária e mercantil, o que difere de concessões e favorecimentos por parte das instituições financeiras. Spread: é a diferença entre o que os bancos pagam na captação de recursos e o que eles cobram ao conceder um empréstimo. Quando uma empresa concentra suas operações em uma instituição financeira, não terá opções de barganha, correndo o risco de mercado e financeiro, dessa maneira, o tesoureiro deverá analisar com cautela todas as http://www3.eliteccvm.com.br/novo/upload/misc/file/fae4c5e4d80f3debed093d27e75b7ecd.pdf http://www3.eliteccvm.com.br/novo/upload/misc/file/fae4c5e4d80f3debed093d27e75b7ecd.pdf 13 operações oferecidas pelos bancos e pesquisar taxas, limites e linhas de créditos para evitar custos desnecessários. Segundo Hoji (2004, p. 157): A empresa deve concentrar suas transações em menor número possível de instituições financeiras, o que não significa que deva manter distância de outras instituições desse tipo. A possibilidade de consultar maior número de instituições financeiras para determinadas operações traz vantagens significativas à empresa, pois nem todas são competitivas em todos os tipos de operações financeiras. Para Anwar (2015), a gestão de caixa centralizada também oferece algumas vantagens, pois a relação com os bancos pode ser otimizada em regiões e parceiros com os quais a empresa negocia. A administração centralizada dos pagamentos interbancários aumenta o controle sobre essas transações, principalmente com a redução de juros. Conforme exposto por Shan Anwar (2015), na plataforma de indicadores financeiros bloomberg, o modelo de tesouraria centralizado permite que os tesoureiros agreguem cada vez mais valor aos seus negócios e, por sua vez, tornem-se parceiros dos negócios subjacentes aos quais atendem. Em alguns casos, esse modelo pode até somar no resultado final. Por exemplo, a centralização de todos os aspectos da gestão de caixa na tesouraria permite que os tesoureiros otimizem seu perfil de financiamento. A centralização é um processo iterativo – uma jornada contínua. Onde quer que a organização esteja nessa jornada, ela pode aproveitar a oportunidade para refletir se suas operações foram otimizadas e estão em vigor, transformando-as de operações de negócios a parceiras de negócios. 14 Fonte: Bloomberg. Disponível em: <https://www.bloomberg.com.br/2015/08/06/tesouraria-centralizada-uma-justificativa-para-dar- a-tesouraria-ainda-mais-responsabilidades/>. A gestão de caixa centralizada pode oferecer eficiências semelhantes. A relação com os bancos precisa ser otimizada em regiões e parceiros com os quais a empresa negocia. A administração centralizada dos pagamentos interbancários aumenta o controle sobre essas transações, reduzindo juros e outras reivindicações contra a empresa. O financiamento interno é sempre mais barato do que o externo, de forma que a centralização do caixa na tesouraria permite à organização aproveitar fundos ocultos que podem estar disponíveis nas operações internas. (Anwar, 2015) Os obstáculos mais comuns à centralização do caixa são os custos tecnológicos que acabam limitando as operações de uma empresa. Segundo Anwar (2015), embora as atividades da tesouraria estejam vinculadas umas às outras, poucos sistemas oferecem a capacidade integral de conectar gestão de caixa e gestão de hedge, exigindo pontos ou interfaces de contato manual e manipulação de dados. Com isso, na maioria das vezes, os tesoureiros gerenciam suas tesourarias por meio de planilhas extensas e complexas, o que torna o processo demorado e frágil – suscetível a erros – pelo fato de a implantação de um novo sistema ser demorado e caro para a empresa. Saiba mais Assista ao vídeo a seguir que expõe resumidamente a vantagem da centralização de caixa. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=f3gMuhpLUPo https://www.youtube.com/watch?v=f3gMuhpLUPo 15 Leitura obrigatória Leia mais sobre a gestão de tesouraria no livro Finanças sem complicação, capítulo 1, páginas 21 a 33, disponível em: http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788582127681/pages /21 TROCANDO IDEIAS Nova lei anticorrupção no Brasil No fim de 2013, o Brasil aprovou uma nova lei anticorrupção, unindo-se a uma tendência internacional entre os países que buscam reprimir a corrupção. As novas regras, que preveem, por exemplo, multa de até 20% da receita anual, estão aumentando a demanda por especialistas em compliance mesmo em empresas de pequeno e médio porte, disse Leonardo Theon de Moraes, chefe de legislação corporativa e de falências da Theon de Moraes Britto Sociedade de Advogados. “Oito anos atrás ninguém falava em compliance”, disse Jae Kim, 47, sócio da TozziniFreire Advogados, que tem uma equipe de cerca de 30 advogados trabalhando em processos antitruste para clientes que incluem algumas das empresas citadas no escândalo. Agora, as investigações “geraram um grande movimento nos escritórios de advocacia”. Fonte: UOL. Disponível em: <http://economia.uol.com.br/noticias/bloomberg/2015/01/20/apos- escandalos-compliance-e-a-nova-palavra-de-ordem-no-brasil.htm>. Caro aluno, reflita sobre o texto acima e compartilhe com os colegas por que houve um aumento na demanda por especialistas em compliance? http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788582127681/pages/21 http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788582127681/pages/21 16 NA PRÁTICA Caso de centralização (Magazine Luiza) Disponível em <https://www.amcham.com.br/noticias/gestao/gestao- centralizada-de-recursos-no-magazine-luiza-gera-eficiencia-e-reduz- custos-3270.html>. Analisando o caso acima (Magazine Luiza), como você avalia esse novo modelo de negócio em que a empresa – Magazine Luiza – atua como fornecedor de recursos financeiros a seus fornecedores? FINALIZANDO Além de zelar pela riqueza da empresa, a tesouraria propicia a redução dos riscos financeira da empresa; utilizando métodos de organização e controle adequado, a tesouraria ganha cada vez mais espaço, tornando-se a protagonista na administração financeira ao traçar diretrizes de rentabilização de capital e redução de custos. REFERÊNCIAS AMCHAM BRASIL. Gestão centralizada de recursos no Magazine Luiza gera eficiência e reduz custos. Disponível em: <http://www.amcham.com.br/gestao-empresarial/noticias/gestao-centralizada- de-recursos-no-magazine-luiza-gera-eficiencia-e-reduz-custos-3270.html>. Acesso em: 17 ago. 2016. ANWAR, S. Tesouraria centralizada. Disponível em: <http://www.bloombe rg.com.br/2015/08/06/tesouraria-centralizada-uma-
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