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APOSTILA_Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares_CFS 2020

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PROCEDIMENTOS 
INVESTIGATÓRIOS NAS 
CORPORAÇÕES 
MILITARES 
CFS PMPE 2020 
 
Organizador: Major PM Demétrios Wagner CAVALCANTI da Silva 
2 
 
APRESENTAÇÃO 
 
A disciplina visa apresentar ao futuro novo Sargento da PMPE, os instrumentos investigativos 
que são utilizados para desvendar as acusações reveladas em desfavor de militares. Por se tratar de uma 
disciplina prática, que deve fomentar em sala de aula a produção documental assistida, na qual o aluno é 
convidado a experimentar a produção documental em seu próprio caderno, sob o diligente 
acompanhamento do instrutor em sala de aula. A partir das dificuldades detectadas em sala de aula, será 
possível de maneira simples e didática compreender cada instrumento apresentado, delimitando com 
exatidão mínima a maneira e os objetivos de cada um deles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
Sumário 
Sumário .............................................................................................................................................. 3 
1. Entendendo nosso conteúdo programático ............................................................................. 4 
2. Sistema Integrado de Gestão de Processos Administrativos Disciplinares ( SIGPAD) ............. 6 
3. Como fazer uma Investigação Preliminar ................................................................................. 7 
4. Como fazer uma Sindicância .................................................................................................. 10 
5. Como fazer um IPM ................................................................................................................ 14 
5.1 Entendendo o que é um IPM ................................................................................................ 14 
5.2 O que é crime militar? .......................................................................................................... 17 
5.3 Qual o prazo do IPM? ........................................................................................................... 18 
5.4 Quem pode ser encarregado? .............................................................................................. 18 
5.5 Quem pode ser escrivão? ..................................................................................................... 18 
5.6 Como organizar os documentos do IPM? ............................................................................ 19 
5.7 Qual o período para se fazer os depoimentos? ................................................................... 19 
5.8 Sempre que uma sindicância encerrar indicando um crime, temos que indicar a abertura 
de IPM? ....................................................................................................................................... 19 
6. Auto de Prisão em Flagrante Delito........................................................................................ 21 
7. Instruções Provisórias de Deserção ........................................................................................ 21 
7.1 O que é deserção? ................................................................................................................ 21 
7.2 O que é e qual é prescrição para o crime de deserção? ...................................................... 22 
7.3 Qual a sequencia de documentos? ...................................................................................... 23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Auto de 
Prisão em 
Flagrante 
Delito 
Militar 
( APFDM) 
 
Inquérito 
Policial 
Militar 
 
( IPM) 
 
Instrução 
Provisória 
de 
Deserção 
( IPD ) 
 
Sindicância 
Administ. 
Disciplinar 
 
 
( SAD) 
 
Investigação 
Preliminar 
 
 
( Inv.Prel.) 
PROCEDIMENTOS INVESTIGATÓRIOS NAS CORPORAÇÕES MILITARES ( PICM) 
1. Entendendo nosso conteúdo programático 
 
A disciplina Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares 
e destina-se a capacitar o futuro Sargento (PM/BM) a desenvolver as atividades de 
escrivão de procedimentos de Polícia Judiciária Militar e de Procedimentos e Processos 
Administrativos Disciplinares. 
Nossa disciplina é composta de CINCO pilares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quanto a natureza, todos os instrumentos acima são ADMINISTRATIVOS, 
entretanto quanto a aplicação sofrem divergências. 
Quanto a aplicação esses instrumentos podem ser: 
Polícia Judiciária Militar 
( Preparatório para a Ação Criminal) 
Meramente administrativos 
APFDM 
IPM 
IPD 
SAD 
Investigação Preliminar 
Quanto aos procedimentos de Polícia Judiciária Militar, advertimos que todos 
estes necessariamente devem ser encerrados nas mãos do Juiz Militar. Apenas ele é 
autoridade suficiente para determinar que se arquive ou que se proceda uma Ação, em 
ambos os casos após a manifestação do Ministério Público. A sanção, se aplicada, poderá 
levar o imputado ao CREED onde cumprirá prisão (criminal) que não se confunde com a 
prisão administrativa. Podemos assim dizer que essas peças são administrativas mas de 
aplicação criminal. 
5 
 
Já nos instrumentos meramente administrativos, é a própria administração 
quem julga seu encerramento. Assim é o comandante quem diz por exemplo, ao término 
de uma sindicância se o militar imputado será punido ou mesmo se o procedimento 
deverá ser arquivado. 
Quanto ao caráter processual, apenas a sindicância deve ser entendida como 
Processo. Isso porque apenas ela é capaz de ao término, gerar uma repercussão jurídica 
palpável para o imputado. Todos os demais instrumentos são procedimentos. Isso quer 
dizer que o IPM não é capaz de levar um militar ao CREED, entretanto poderá ser a peça 
fundamental de uma ação penal que culminará com a ordem do juiz para que se recolha 
preso o militar. 
Coube a Oscar Bulow, em sua célebre obra “Teoria das Exceções 
Processuais”, estabelecer entre nós a diferença entre procedimento e processo. Vejamos: 
 
Procedimento Processo 
Procedimento é um ato processual que 
reunido a outros semelhantes poderão compor 
um processo. 
O meio, o instrumento através do qual 
se obtém a prestação jurisdicional, o 
caminho formado por atos processuais ( = 
procedimentos) que obedecem uma regra e 
que vão culminar em uma sentença. 
Veja abaixo uma breve noção pra que serve cada um desses procedimentos: 
a) Inquérito Policial Militar ( IPM): Serve para apurar crimes militares. Não pode ser 
interrompida. Assim, uma vez que o Comandante opte instaurar o IPM, só o Juiz poderá 
determinar seu arquivamento. 
b) Auto de Prisão em Flagrante Delito Militar ( APFDM): Esse instrumento é utilizado 
apenas para a hipótese de se flagrar um crime militar. Nesse caso, pode o encarregado 
determinar o recolhimento precário do militar ao CREED na condição de “preso em 
flagrante” e remeter ao Juiz Militar que decidirá pela permanência ou não nessa condição 
e seu julgamento. 
c) Instrução Provisória de Deserção: Seu objetivo é específico e só pode ser usado em 
caso de Deserção, dispensando a necessidade de IPM ou qualquer outro instrumento. 
Uma vez lavrado, seu principal documento – o Termo de Deserção publicado em BI e 
subscrito pelo comandante e mais duas testemunhas - servirá como uma permanente 
ordem de prisão para que quando o militar desaparecido for encontrado ou se apresentar 
seja recolhido ao CREED. 
d) Sindicância Administrativa: Sua finalidade é apurar a infração disciplinar. Ao 
término dela o Comandante decidirá pelo seu arquivamento ou mesmo para que se puna o 
militar mas neste caso nos limites previstos no CDME. Atualmente, por força do art. 14 
da Portaria do Comando Geral nº 248, de 16JAN2019, publicada no SUNOR 004 de 
24JAN2019, Manual de Polícia Judiciária Militar, a Sindicância se exaurir todos os 
elementos de prova que possam existir em torno dos fatos apurados, poderá substituir um 
IPM. 
6 
 
e) Investigação Preliminar: É uma peçapreliminar. Ou seja, serve para recolher 
elementos informativos para uma Sindicância ou mesmo um Conselho de Disciplina, 
Processo de Licenciamento ou Conselho de Justificação. Também pode ser usada antes de 
um IPM. Mas cuidado! A Investigação Preliminar só deve ser utilizada quando houver 
dúvidas quanto ao IMPUTADO ou CONDUTA a ser apurada. Quando o imputado e a 
conduta já é conhecida desde o início, a peça a ser utilizada é o IPM (se for crime) ou a 
Sindicância (Se for apenas uma transgressão). 
 
Antes de navegar sobre cada procedimento é importante conhecer o que é o 
SIGPAD – Sistema Integrado de Gestão de Processos Administrativos Disciplinares da 
SDS-PE, gerido pela Corregedoria Geral da SDS e disponibilizado para todas as 
operativas. 
 
2. Sistema Integrado de Gestão de Processos Administrativos 
Disciplinares ( SIGPAD) 
 
Visando unificar em uma única plataforma os dados relativos aos Processos e 
procedimentos Administrativos Disciplinares, Procedimentos de Polícia Judiciária 
relativos a servidores e militares da SDS-PE e Procedimentos de Polícia Judiciária 
Militar, foi criado em 30/11/2015 o Sistema Integrado de Gestão de Processos 
Administrativos Disciplinares ( SIGPAD). 
O sistema, concebido para ser acessível a partir de qualquer conexão de 
internet através de qualquer computador, tablet ou mesmo smartfone, estabelece uma 
numeração única de procedimento (NUP) para os seguintes processos e procedimentos: 
 IPM; 
 APFDM; 
 IPD; 
 Sindicâncias; 
 Investigação Preliminar; 
 Conselho de Justificação; 
 Conselho de Disciplina; 
 Processos de Licenciamento; 
 Inquéritos Policiais instaurados em Delegacias em desfavor de militares ou 
policiais civis. 
Os dados são relativos a todos os servidores dos órgãos operativos da SDS-
PE, e fornecem aos gestores relatórios por tipo de transgressão disciplinar mais cometida, 
períodos ou até mesmo a busca por nome de imputados, o que impede o choque de 
procedimentos concorrentes em locais distintos sobre um mesmo fato. Além disso, de 
Recife a Petrolina, todos os procedimentos de que trata passam a compor um meio físico 
e um virtual o que garante a eternidade do procedimento já que está livre dos efeitos do 
tempo ou mesmo de acidentes ou perda. 
Como escrivão, você deve 
constar na capa e nos 
principais documentos do 
Procedimento Investigatório, 
o seu NUP. Verifique a rotina 
na sua Unidade para 
identificar quem é o 
responsável por esse 
“tombamento” 
7 
 
Outro benefício do SIGPAD é a redução drástica do custo com meios 
logísticos (papel, impressão, etc) e de pessoal, pois todos os procedimentos são 
digitalizados em formato pdf e disponibilizados para todos os setores integrantes do 
controle disciplinar. Assim, por exemplo, se o Diretor da DINTER-2 que está em 
Petrolina quiser saber sobre uma Sindicância que está em trâmite no 8º BPM – Serra 
Talhada basta ele entrar no sistema e observar as informações de seu interesse 
dispensando assim, além do trabalho de imprimir documentos, o custo de uso de gente e 
combustível para atravessar 350 km. Acrescente-se aí o tempo que também seria 
dispensado para uma informação que qualquer operador terá na hora. 
O sistema está disponibilizado na página da SDS, veja: 
 
 
 
De acordo com a Portaria CG nº 672, de 30/11/2015, cada OME deverá 
dispor de um USUÁRIO, responsável por alimentar inicialmente o sistema que no 
momento alimenta apenas os documentos de instauração (Portaria) e decisão (Relatório 
e Solução). O sistema conta ainda com uma equipe de TÉCNICOS de rede e banco de 
dados que dão todo o suporte aos usuários do SIGPAD. 
Como maneira de dar maior suporte aos usuários e confiabilidade, com 
arrimo no art. 2º, II, a Corregedoria planeja anualmente realizar inspeções a fim de 
confrontar os dados lançados aqueles que constam nos procedimentos físicos. 
 
3. Como fazer uma Investigação Preliminar 
 
Atualmente quem regula esse procedimento na PMPE é o Provimento 
Correcional nº 15, publicado no Boletim geral da SDS-PE nº 218, de 14NOV2019. 
De acordo com o art. 8º dessa Portaria, qualquer militar, desde soldado, 
pode ser o ENCARREGADO de Investigação Preliminar. 
Como dissemos anteriormente, a Investigação Preliminar deve ser utilizada 
sempre que pairar GRAVES DÚVIDAS acerca do: 
IMPUTADO ou CONDUTA A APURAR 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
8 
 
Ao dizer dúvidas sobre o imputado, queremos dizer que não existe desde o 
início das investigações, um nome de um Militar que seja o alvo da denúncia. Tão logo 
se chegue a esse nome (o que não pode ser confundido com certeza dele ser 
necessariamente o “culpado”), deve-se parar a Investigação Preliminar para converter o 
procedimento em IPM (se crime militar) ou Sindicância (se transgressão), este último 
que assegurará que o militar acusado possa socorrer-se de meios de defesa. 
Já quando dizemos dúvida sobre a conduta, indicamos que não há nos 
documentos a indicação concreta de qual é a acusação que pesa sobre o militar. Não 
confundamos entretanto “não saber a conduta” com “não saber as circunstancias dessa 
conduta”. Se a dúvida for sobre as circunstâncias, não há que se falar em Investigação 
Preliminar mas sim em IPM (se crime militar) ou Sindicância (Se transgressão 
disciplinar), conforme o caso. 
A instauração da Investigação Preliminar é feita por mero despacho. 
Já o prazo é de 30 (trinta) dias. 
Vejamos o que mais diz a norma: 
 
PROVIMENTO nº 15/19 
(...) 
Art. 6º Caberá ao encarregado da Investigação Preliminar, de ofício, 
promover todas as diligências necessárias, bem como proceder à 
juntada de documentos úteis ao esclarecimento do fato, devendo 
concluir o referido procedimento por meio de relatório, opinando 
pelo arquivamento, pela instauração de Procedimento Administrativo 
Disciplinar, Inquérito Policial, Ação de Improbidade Administrativa ou 
outro procedimento cuja instauração seja cabível e pertinente, face 
ao que for apurado no decurso da Investigação Preliminar. 
§ 1º As diligências necessárias devem abranger a coleta e juntada de 
todas as informações relativas ao fato e ao imputado, dentre as 
quais, cópias de boletim de ocorrência ou equivalente, exames 
periciais, inquéritos policiais, processos disciplinares e judiciais em 
andamento ou concluídos, dentre outros, se houver. 
§ 2º O relatório da Investigação Preliminar, conforme modelo 
constante no Anexo Único, deverá apresentar: 
I – Preliminar de análise prescricional acerca da pretensão punitiva 
do Estado, embasando na legislação aplicável; 
II - exposição do fato investigado, indicando o resumo do ocorrido, 
contendo data, hora e local, identificação completa dos envolvidos, 
diligências efetuadas e documentos obtidos; 
III – fundamentação, a qual deverá conter a correlação entre o fato e 
os envolvidos, bem como evidenciar a existência ou não de justa 
causa para a instauração de qualquer dos procedimentos indicados 
no caput deste artigo; 
IV – conclusão, de forma fundamentada e de acordo com a legislação 
disciplinar vigente cabível ao caso, opinando pelo arquivamento ou 
por qualquer espécie de procedimento indicada no caput deste 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
9 
 
artigo, face ao que for apurado no decurso da Investigação 
Preliminar, submetendo os autos à autoridade instauradora. 
 
É importante destacar o caráter sumário do procedimento. Ao dizer sumário, 
entenda-se que a peça deve abster-se de formalismo exagerado, razão pela qual não 
requer atos cartoriais. 
A organização do documento deve seguir o padrão abaixo: 
 
 
 
. 
 
 
 
 
 
 
 
REGRAS CARTORIAIS ELEMENTARES 
 
 
1º) Elaborada a capa, o primeiro documento que deve ser visto é aquele que dá origem 
ao procedimento. No caso da Investigação Preliminar, é o Despacho da autoridade, 
seguido dos anexos. 
2º) Todas as folhas devem ser numeradas no alto, no cantodireito, pelo escrivão e 
rubricadas. 
3º) A capa se conta mas não se numera. 
4º) O verso das folhas deve ser sempre riscadas ou carimbadas com a palavra “em 
branco”. Se for um risco, esse risco deve ser dado em diagonal da direita/acima para a 
esquerda/abaixo e ao centro do risco deve haver a rubrica de quem riscou. Se a opção 
for o carimbo, esse substituirá o risco e deve ser aposto no centro da folha. 
5º) Os volumes devem conter até 200 ( duzentas ) folhas. Havendo necessidade de ter 
mais folhas, deve-se abrir novos volumes tantos quantos necessários. 
6º) Se o termo de depoimento ou qualquer outro documento tiver mais de uma folha, 
o(s) subscrevente(s) deve(m) assina-se a última e rubricar as demais. 
 
 
 
 
 
Relatório 
 
 
 
Ofícios 
 
 
 
Ofícios 
 
 
 
Ofícios 
 
 
 
Documentos 
Iniciais 
 
 
CAPA 
 
 
DESPACHO 
conclusivo 
(Cmt) 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
10 
 
4. Como fazer uma Sindicância 
 
A Sindicância não é um mero procedimento, muito menos preparatório. É 
um processo pois tem o poder de alterar a condição jurídica do seu destinatário (militar 
solto para militar preso). 
“[...] Este é meio sumário de elucidação de irregularidades no serviço público 
para subsequente instauração de processo e punição ao infrator. Ademais, a 
sindicância tem sido desvirtuada e promovida como instrumento de punição 
de pequenas faltas de servidores, caso em que deverá haver oportunidade de 
defesa para validade da sanção aplicada. (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito 
Administrativo Brasileiro. 21ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 1996. p. 
602)” 
 
No idioma de origem, os elementos componentes da palavra sindicância, de 
origem grega, são o prefixo syn (junto, com, juntamente com) e dic 
(mostrar, fazer ver, pôr em evidência), ligando-se este segundo elemento ao 
verbo deiknymi, cuja acepção é mostrar, fazer, ver. Assim, sindicância 
significa, em português, à letra, a operação cuja finalidade é trazer à tona, 
fazer ver, revelar ou mostrar algo, que se acha oculto. (DI PIETRO, Maria 
Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2005 pág. 
559) 
 
Assim, aqui devem ser colocados como princípios de primeira ordem, a 
tutela da: 
 Ampla Defesa 
 Contraditório 
 Devido Processo Legal 
 Vedação do Bis In Idem 
 Proibição de uso de provas ilícitas 
Para ser titular da Sindicância, o militar precisa ter no mínimo o Curso de 
Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS/PM). Doutra banda, em não ostentando o citado 
curso, poderá figurar mas como escrivão. 
As regras de Sindicância estão na Instrução Normativa nº 002, de 2017, que 
dentre outros institui: 
 
Art. 23 A SAD, espécie do gênero Processo Administrativo Disciplinar 
(PAD), de natureza militar, é o processo formal de rito sumário com 
possibilidade de aplicação de pena disciplinar militar, é conduzida por 01 
(um) Militar estadual, da ativa, com prazo de 30 dias para sua instrução, 
prorrogável por até igual período, cuja finalidade é a apuração das infrações 
disciplinares militares e sua autoria, desde que o fato não seja grave de modo 
a suscitar a instauração de Conselho de Justificação, o Conselho de 
Disciplina ou o Processo de Licenciamento ex officio a Bem da Disciplina, 
conforme o caso. 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
11 
 
Nesse dispositivo, note que o legislador também estabeleceu o prazo. 
 
 
(...) 
 
Art. 26 Cabe ainda ao Sindicante: 
I – confeccionar a capa da Sindicância com os dados exigidos no SIGPAD. 
II – iniciar os autos com a Portaria de instauração e o termo de juntada dos 
demais documentos relativos ao fato a ser apurado; 
III – nomear, se necessário, escrivão através de termo próprio; 
IV – após, promover a citação do Sindicado, devendo nela constar: 
a) cópia da Portaria instauradora; 
b) informação que o Sindicado poderá indicar, no prazo da defesa prévia, até 
03 testemunhas, e do rol de até 03 testemunhas arroladas pelo Sindicante, das 
respectivas datas, locais e horários das audiências, de acompanhar todos os 
atos processuais, de nomear defensor, de requerer produção ou juntada de 
provas e vistas aos autos; 
c) ciência de que lhe é facultado apresentar defesa prévia, no prazo máximo 
de 5 (cinco) dias úteis, contados a partir da data do recebimento da citação; e 
d) a notificação disciplinar, na qual contém a acusação em desfavor do 
militar Sindicado, formulada pelo Sindicante com fundamento na 
documentação que deu origem à SAD. 
V – realizar as oitivas do ofendido e a inquirição das testemunhas arroladas 
pelo Sindicante e as arroladas pela defesa, preferencialmente nesta ordem; 
VI – juntar ou determinar ao escrivão, quando houver, a juntada dos 
documentos recebidos, excetuando-se aqueles em duplicidade, os quais 
deverão ser processados em apenso aos autos, em ordem cronológica de 
produção e/ou recebimento; 
VII – realizar, de ofício ou a pedido, a produção de todas as provas admitidas 
em direito que entender pertinentes ao fato em apuração; 
VIII – proceder à qualificação e ao interrogatório do Sindicado; 
IX – findo interrogatório, intimar o Sindicado, na própria audiência, para no 
prazo de 05 dias, apresentar as alegações finais, podendo, se desejar, fazê-las 
oralmente na própria audiência de interrogatório; 
X – encerrar a apuração com um relatório objetivo de caráter opinativo; e 
XI – remeter, mediante despacho, os autos à autoridade competente, a quem 
caberá a solução. 
§1º As folhas dos autos devem ser numeradas e rubricadas pela autoridade 
Sindicante, ou pelo escrivão, quando houver, no canto superior direito, sendo 
contada a capa, mas a numeração será posta a partir da segunda folha, 
devendo cada volume conter no máximo 200 folhas. 
§2º Quando da intimação mencionada no inciso IX, do art. 26, deste 
Provimento, o Sindicante, além dos fatos que motivaram o início do feito, 
informará ao Sindicado eventuais fatos revelados durante a instrução 
processual em seu desfavor, caso não tenha sido, por tais fatos, instaurado um 
novo processo. 
§ 3º A Notificação Disciplinar, elaborada pelo Sindicante, deverá conter os 
dados exigidos no SIGPAD, dentre outros, dos imputados, a menção do 
SIGEPE da documentação que deu origem ao processo e a narrativa do fato 
que deve ser apurado nos autos, sem prejuízo da apuração de tudo quanto 
mais for revelado durante a instrução processual 
 
O art. 25, §2º, diz ainda que “A autoridade Sindicante será Oficial, 
Aspirante a Oficial, Subtenente ou Sargento com Curso de Aperfeiçoamento de 
Sargento (CAS), respeitada, em todo caso, a precedência hierárquica em relação ao 
Sindicado.” 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
12 
 
Acerca da Sindicância, destacamos ainda: 
 
Art. 29. Identificando o Sindicante, no decorrer do apuratório, indício de 
autoria e de materialidade e/ou elementos necessários à comprovação de 
transgressões disciplinares que ultrapassem os limites de aplicação de 
sanções por meio de Sindicância, ou de indícios de infrações penais, deverá, 
sob pena de responsabilidade, elaborar relatório sucinto e encaminhá-lo à 
autoridade competente visando à análise e deliberação quanto à instauração 
de Processo Administrativo Disciplinar Militar de rito ordinário, ou, 
conforme o caso, suscitar seu encaminhamento à autoridade competente para 
fins de instauração de inquérito policial, civil ou militar. 
Art. 30. A observância dos procedimentos estabelecidos nesta INSTRUÇÃO 
NORMATIVA não obsta a adoção de outras medidas necessárias, 
determinadas pela autoridade competente, visando à realização de diligências 
para esclarecimento do fato ou a renovação de atos que tenham sido 
realizados sem obedecer ao contraditório e a ampla defesa. 
Art. 31. O Sindicado ou seu defensor tem o direito de requerer, 
fundamentadamente, quando necessário ao exercíciodo direito de defesa, a 
reinquirição de testemunhas, a realização de perícias, a juntada de 
documentos novos pertinentes ao fato objeto da apuração, apresentação de 
quesitos em carta precatória ou perícia, desde que não se configurem 
procrastinatórias ou afrontem normas legais vigentes, obtenção de cópias dos 
autos, facultado o fornecimento digital, às expensas do requerente. 
§1º A autoridade Sindicante poderá indeferir, mediante decisão 
fundamentada, pedido do Sindicado quando o seu objeto for impertinente, 
desnecessário, protelatório ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos 
fatos. 
§2º O ato que dispensar a testemunha, devidamente intimada, deve ser 
registrada nos autos. 
§3º É facultado ao Sindicado realizar a autodefesa, bem como, em qualquer 
fase da Sindicância, constituir defensor para promover defesa técnica. 
§4º Se o Sindicado não promover a autodefesa, nem constituir defensor, a 
autoridade Sindicante nomeará defensor dativo, dentre os listados em relação 
publicada pelo respectivo Comando Geral da Corporação Militar Estadual. 
§5º Quando o Sindicado, regularmente intimado, deixar de apresentar as 
alegações finais, a autoridade Sindicante procederá de acordo com a norma 
prevista no §4º do art. 31, desta INSTRUÇÃO NORMATIVA, conforme o 
caso, a fim de que o defensor dativo as apresente. 
(...) 
Art. 35. Se no curso da Sindicância surgirem fatos novos relevantes conexos 
aos da apuração, devem, em princípio, ser apurados na própria Sindicância 
ou, considerando o andamento do processo, sua razoável duração e com vista 
a se evitar tumulto processual, extraídas cópias para a instauração de novo 
processo por deliberação da autoridade competente. §1º. A deliberação de 
que os fatos novos devam ser apurados no mesmo procedimento cabe à 
autoridade Sindicante, e será certificada nos autos, sendo informada ao 
Sindicado na primeira audiência seguinte desta ao imputado na primeira 
audiência seguinte à deliberação. § 2º Cabe à Autoridade instauradora, após a 
provocação do Sindicante, a deliberação de que os fatos novos conexos 
devem ser apurados por meio de nova Sindicância, considerando a 
conveniência processual, bem como o estágio da apuração. § 3º Das decisões 
previstas nos §§ 1º e 2º não cabe recurso. 
 
Em linhas gerais, vermos a seguir como se organiza uma Sindicância: 
 
 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
13 
 
É o documento oficial de acusação da Sindicância. É como se fosse 
a Denúncia no Processo Crime. Além disso, é nela que o Cmt 
designa o encarregado 
 
Opcional. 
 
É o documento que faz o acusado virar “sindicado” 
pois é nele que oficialmente toma ciência da 
acusação. 
 
Primeira oportunidade para o imputado dar 
sua primeira versão de defesa. É nele também 
que o sindicado indicará as testemunhas de 
seu interesse. 
 
 
A ordem desses 
documentos é cronológica 
de produção/chegada. Só 
devem ser juntados 
documentos “de fora” da 
SAD e isso após 
determinação de juntada 
do encarregado 
Segunda oportunidade para o imputado dar 
sua versão de defesa. Ele não é obrigado a 
depor nem dizer a verdade. 
Terceira oportunidade para o imputado dar sua 
versão de defesa. Não é admissível encerrar a SAD 
sem alegações finais. 
 
É o resumo de tudo que foi feito com uma opinião do que 
deve ser aplicado ao caso. Assinado pelo sindicante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Solução do 
Comandante 
 
 
 
Relatório 
 
 
 
Alegações 
Finais 
 
 
 
Interrogatório 
 
 
 
Documentos 
outros 
 
 
 
Ofícios 
 
 
 
Depoimentos 
 
Defesa 
Prévia 
 
 
Citação 
 
 
Designação 
de escrivão 
 
 
Portaria 
instauradora 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
14 
 
5. Como fazer um IPM 
5.1 Entendendo o que é um IPM 
 
Inquérito Policial Militar é um procedimento investigativo de Polícia 
Judiciária Militar que serve para identificar a ocorrência de um crime militar e seu 
provável autor. 
No Brasil subsistem dois tipos de Direito Penal: o comum e o militar. Antes 
de entender o que diferencia um do outro é importante perceber que se são duas 
espécies de Direito Penal, logo precisamos ter dois tipos de juízes ( o juiz comum e o 
juiz militar) e dois tipos de Autoridades de Polícia Judiciária: a comum, representada na 
figura do delegado de Polícia, e a militar, representada EXCLUSIVAMENTE nos 
Comandantes militares
1
. 
Assim podemos rapidamente compreender que se para a Polícia Judiciária 
[comum] compete, dentre outros, (a) apurar os crimes comuns, (b) requisitar os exames 
necessários ao complemento do inquérito policial, e (c) cumprir mandados de prisão 
expedidos pela Justiça [comum], compete a Autoridade de Polícia Judiciária Militar, 
dentre outros, (a) apurar os crimes militares, (b) requisitar os exames necessários ao 
complemento do inquérito policial militar, e (c) cumprir mandados de prisão expedidos 
pela Justiça militar. 
Só que há uma particularidade no sistema processual penal militar 
brasileiro. É que temos duas espécies de militares: os estaduais e os federais. Por isso 
que os elaboradores trataram de criar também duas justiças militares, uma federal e 
outra estadual. Veja abaixo como funcionam: 
 
 
1 Código de Processo Penal Militar. Art. 7º A polícia judiciária militar é exercida nos termos do art. 8º, 
pelas seguintes autoridades, conforme as respectivas jurisdições: ... h) pelos comandantes de forças, 
unidades ou navios; 
 
Supremo Tribunal Federal 
Vara da Justiça Militar 
Estadual ( JME) 
TJPE 
Superior Tribunal de Justiça Superior Tribunal Militar 
Auditorias Militares 
Julga crimes 
militares 
cometidos 
por 
Militares 
Estaduais. 
Julga crimes 
militares de 
interesse da 
Federação 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
15 
 
Voltando ao procedimento, o IPM tem caráter de instrução 
PROVISÓRIA
2
, PREPARATÓRIA
3
 e INFORMATIVA
4
, visando servir de semente 
para formar a convicção do Ministério Público com a finalidade da propositura ou não 
da Denúncia. 
Outro ponto a compreender, é que o IPM é um PROCEDIMENTO 
ESCRITO, SIGILOSO, OBRIGATÓRIO, INDISPONÍVEL, INQUISITIVO e de 
NATUREZA INFORMATIVA E INSTRUMENTAL. São características do IPM. 
Mas é preciso chamar a atenção quanto a alguns detalhes. 
Primeiramente é que, diferente de um procedimento meramente 
administrativo, o IPM não poderá NUNCA ser arquivado pelo Comandante. Ao término 
do procedimento o comandante deve conjugar o verbo indiciar, seja dizendo que o 
imputado naqueles autos será indiciado ou que não será indiciado. 
CPPM. Art. 24. A autoridade militar não poderá mandar arquivar autos de 
inquérito, embora conclusivo da inexistência de crime ou de inimputabilidade 
do indiciado. 
Outro detalhe é que, embora sigiloso, nunca se deve negar ao advogado a 
possibilidade de ter acesso aos autos. 
 
CPPM. Art. 16. O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado pode permitir 
que dele tome conhecimento o advogado do indiciado. 
 
Logicamente o sigilo não se estende ao Ministério Público devido a previsão 
legal no Art. 15, III da Lei Complementar nº 40/80 (Lei de Organização do Ministério 
Público), nem ao judiciário. 
Ainda assim, é bom lembrar que o dispositivo do CPPM deve ser analisado 
em paralelo com outra Lei Federal, o Estatuto da OAB ( Lei nº 8.906/94), que diz: 
 
L8906/94. Art. 7º. São direitos do advogado: [...] XIV - examinar em 
qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de 
inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, 
podendo copiar peças e tomar apontamentos; 
 
Esta questão do sigilo foi julgada perante o Superior Tribunal Militar que 
entendeu o cabimento do sigilo tendo em vista o interesse público sobre o privado: 
 
NATUREZA SIGILOSA. ESTATUTO DO ADVOGADO. ACESSO 
IRRESTRITO AOS AUTOS.INTERESSE PÚBLICO. LITISCONSÓRCIO. 
Por natureza de procedimento administrativo de investigação inquisitorial, o 
 
2
 Pois a decisão em sede de IPM não é definitiva. A definitiva é aquela decidida em juízo. 
3
 Pois visa trazer elementos para preparar-se a Denúncia do MPPE. Este sim é o documento que dá início 
ao Processo Penal Militar. 
4
 Pois o MPPE não está adstrito ( obrigado) a seguir o mesmo entendimento da autoridade militar. 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
16 
 
Inquérito Policial Militar não está sujeito ao princípio do contraditório, 
especialmente quando a parte impetrante não figura como indiciada. O direito 
do advogado de examinar autos de inquéritos ou flagrante, findos ou em 
andamento (inciso XIV do Art. 7º da Lei 8.906/94, não abrange aqueles 
sujeitos a sigilo (inciso XIII do mesmo dispositivo legal), preponderando, na 
hipótese, o interesse público sobre o particular. Inviável a admissibilidade de 
advogado com litisconsorte na causa que patrocina, visando a ter acesso a 
peças do inquérito policial que corre em sigilo. Ordem denegada. Decisão 
unânime. STM: Proc: MS Num: 2006.01.000686-9 UF: Data da Publicação: 
12/01/2007. 
 
No Entendimento do Supremo Tribunal Federal: 
 
Ementa: I. Habeas corpus: inviabilidade: incidência da súmula 691 (“Não 
compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de “habeas corpus” 
impetrado contra decisão do Relator que, em “habeas corpus” requerido a 
Tribunal Superior indefere liminar”). II. Inquérito Policial: inoponibilidade 
ao advogado do indiciado do direito de vista dos autos do inquérito policial. 
1. Inaplicabilidade da garantia constitucional do contraditório e da ampla 
defesa do inquérito policial, que não é processo, porque não destinado a 
decidir litígio algum, ainda que na esfera administrativa, existência, não 
obstante, de direitos fundamentais do indiciado no curso do inquérito, entre 
os quais o de fazer-se assistir por advogado, o de não se incriminar e o de 
manter silêncio. 2. Do plexo de direitos dos quais é titular o indiciado – 
interessado primário no procedimento administrativo do inquérito policial -, é 
corolário e instrumento a prerrogativa do advogado de acesso aos autos 
respectivos, explicitamente outorgada pelo Estatuto do Advogado (L. 
8906/94, art.7º, XIV), da qual – ao contrário do que previu em hipóteses 
assemelhadas – não se excluíram os inquéritos que corre em sigilo: a irrestrita 
amplitude do preceito legal resolve em favor da prerrogativa do defensor o 
eventual conflito dela com os interesses do sigilo das investigações, de modo 
a fazer impertinente o apelo ao princípio da proporcionalidade. 3. A 
oponibilidade ao defensor constituído esvaziaria uma garantia constitucional 
do indiciado (CF, art. 5º, LXIII), que lhe assegura, quando preso, e pelo 
menos lhe faculta, quando solto, a assistência técnica do advogado, que este 
não lhe poderá prestar se lhe é sonegado o acesso aos autos do inquérito 
sobre o objeto do qual haja o investigado de prestar declarações. 4. O direito 
d indiciado, por seu advogado, tem por objeto as informações já introduzidas 
nos autos do inquérito, não as relativas àdecretação e às vicissitudes da 
execução de diligências em curso (cf. L9296, atinente às interceptações 
telefônicas, de possível extensão a outra diligências); dispõe, em 
conseqüência a autoridade policial de meiolegítimos para obviar 
inconvenientes que o conhecimento pelo indiciado e seu defensor dos autos 
do inquérito policial possa acarretar à eficácia do procedimento 
investigatório. 5. Habeas corpus de ofício deferido para que aos advogados 
constituídos pelo paciente se faculte a consulta aos autos do inquérito policial 
e a obtenção de cópias pertinentes com as ressalvas mencionadas. STF: HC 
90232 / AM – AMAZONAS, Relator Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, DJ 
02-03-2007. 
 
Diante da decisão do STF percebe-se que o sigilo do IPM é relativo por ser 
restrito à prática das investigações, logo SEMPRE deverá o encarregado do IPM 
permitir o acesso do advogado do indiciado legalmente constituído aos autos do 
procedimento investigatório. 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
17 
 
5.2 O que é crime militar? 
 
A pergunta parece simples mas a resposta é bem complicada. 
Para responder é necessário socorrer-se do Código Penal Militar. Vejamos: 
 
Código Penal Militar. 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
I - os crimes de que trata este Código, QUANDO DEFINIDOS DE MODO DIVERSO 
NA LEI PENAL COMUM, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo 
disposição especial; 
 
II - os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando 
praticados. Exs: 
 
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma 
situação ou assemelhado; 
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à 
administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou 
civil; 
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza 
militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar 
contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; 
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, 
ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a 
administração militar, ou a ordem administrativa militar; 
 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
18 
 
III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as 
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, 
como os do inciso II, nos seguintes casos: 
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa 
militar; 
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou 
assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no 
exercício de função inerente ao seu cargo; 
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, 
observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; 
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de 
natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação 
da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para 
aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior. 
 
5.3 Qual o prazo do IPM? 
CPPM. Art 20. O inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se o 
indiciado estiver prêso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar 
a ordem de prisão; ou no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver 
sôlto, contados a partir da data em que se instaurar o inquérito. 
Prorrogação de prazo 
§ 1º Êste último prazo poderá ser prorrogado por mais vinte dias pela 
autoridade militar superior, desde que não estejam concluídos exames ou 
perícias já iniciados, ou haja necessidade de diligência, indispensáveis à 
elucidação do fato. O pedido de prorrogação deve ser feito em tempo 
oportuno, de modo a ser atendido antes da terminação do prazo 
 
5.4 Quem pode ser encarregado? 
CPPM. Art. 15. Será encarregado do inquérito, sempre que 
possível, Oficial de posto não inferior ao de capitão ou capitão-
tenente; e, em se tratando de infração penal contra a segurança 
nacional, sê-lo-á, sempre que possível, oficial superior, 
atendida, em cada caso, a sua hierarquia, se oficial o indiciado 
5.5 Quem pode ser escrivão? 
CPPM. Art. 11. A designação de escrivão para o inquérito 
caberá ao respectivo encarregado, se não tiver sido feita pela 
autoridade que lhe deu delegação para aquele fim, recaindo em 
segundoou primeiro-tenente, se o indiciado for oficial, e em 
sargento, subtenente ou suboficial, nos demais casos. 
Parágrafo único. O escrivão prestará compromisso de manter o 
sigilo do inquérito e de cumprir fielmente as determinações 
deste Código, no exercício da função. 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
19 
 
5.6 Como organizar os documentos do IPM? 
CPPM. Art. 21. Todas as peças do inquérito serão, por ordem 
cronológica, reunidas num só processado e dactilografadas, em 
espaço dois, com as folhas numeradas e rubricadas, pelo 
escrivão. 
Parágrafo único. De cada documento junto, a que precederá 
despacho do encarregado do inquérito, o escrivão lavrará o 
respectivo termo, mencionando a data. 
5.7 Qual o período para se fazer os depoimentos? 
CPPM. Art. 19. As testemunhas e o indiciado, exceto caso de 
urgência inadiável, que constará da respectiva assentada, 
devem ser ouvidos durante o dia, em período que medeie entre 
as sete e as dezoito horas. 
1º. O escrivão lavrará assentada do dia e hora do início das 
inquirições ou depoimentos; e, da mesma forma, do seu 
encerramento ou interrupções, no final daquele período. 
2º. A testemunha não será inquirida por mais de quatro horas 
consecutivas, sendo-lhe facultado o descanso de meia hora, 
sempre que tiver de prestar declarações além daquele termo. O 
depoimento que não ficar concluído às dezoito horas será 
encerrado, para prosseguir no dia seguinte, em hora 
determinada pelo encarregado do inquérito. 
 
5.8 Sempre que uma sindicância encerrar indicando um crime, 
temos que indicar a abertura de IPM? 
 
Não. Isso por força do art. 28, a, do CPPM. Vejamos: 
CPPM. Art.28. O inquérito poderá ser dispensado sem prejuízo de 
diligência, requisitado pelo Ministério Público: 
a) Quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou 
outras provas materiais; 
(...) 
 
Há uma grande confusão com o teor do art. 10,f, que diz que “O inquérito é 
iniciado mediante portaria (...) (f) quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição 
militar, resulte indício da existência de infração penal militar”. Isso não pode ser 
interpretado como se toda sindicância que resulte na constatação de crime deverá se 
instaurar IPM mas que o legislador permitiu ao aplicador que, se for necessário, instaure 
um IPM a partir de uma sindicância mas não indiscriminadamente de todas. 
 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
20 
 
F
a
t
o 
Esquema seqüencial dos atos de um IPM 
 
 
É o documento lavrado pelo encarregado e que retrata o objeto 
investigativo ( art. 10 do CPPM). 
Opcional. Nele o encarregado nomeia o escrivão e determina-
lhe que atue a portaria e demais documentos. 
Nele o escrivão compromete-se a cumprir suas atribuições. 
Vide art. 11 do CPPM. 
Cada vez que o escrivão cumprir ordens do 
encarregado 
É nele que o encarregado dá as ordens para serem 
cumpridas pelo escrivão. 
 
A finalidade dele é estabelecer a data em que 
o procedimento “retornou” as mãos do 
escrivão e foi cumprido. Esse é um dos 
documentos assinados pelo próprio 
escrivão. 
 
 
A ordem desses 
documentos é cronológica 
de produção/chegada. Só 
devem ser juntados 
documentos “de fora” do 
IPM e isso após 
determinação de juntada do 
encarregado 
Conforme dito anteriormente, sempre que 
for cumprida as ordens do encarregado, o 
escrivão deve fazer o termo de conclusão. 
Isso, se não houver novo despacho. 
Decisão final do Comandante que é a autoridade de 
Polícia Judiciária Militar originária. Bom ressaltar 
que ele não tem autoridade para determinar 
arquivamento de IPM. Ou indicia ou não indicia mas 
em ambos os casos remete para a JME. 
 
 
 
Solução 
 
 
 
Relatório 
 
 
 
Termo de 
conclusão 
 
 
 
Interrogatório 
 
 
 
Documentos 
outros 
 
 
 
Ofícios 
 
Recebimento 
 
Certidão 
 
Juntada 
 
 
 
 
Despacho 
 
 
 
Termo de 
conclusão 
 
 
 
Termo de 
compromisso 
 
 
Designação 
de escrivão 
 
 
Portaria 
instauradora 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
21 
 
6. Auto de Prisão em Flagrante Delito 
 
Não há grandes diferenças entre um IPM e um APFDM. Vejamos as 
principais: 
1) No APFDM o imputado esta em flagrante. De acordo com o CPM está em 
flagrante: 
Sujeição a flagrante delito 
Art. 244. Considera-se em flagrante delito aquele que: 
a) está cometendo o crime; 
b) acaba de cometê-lo; 
c) é perseguido logo após o fato delituoso em situação que faça acreditar ser 
ele o seu autor; 
d) é encontrado, logo depois, com instrumentos, objetos, material ou papéis 
que façam presumir a sua participação no fato delituoso. 
 
2) O Termo de depoimento é único. Corrido. 
3) Encerrado o procedimento é necessário informar a família, advogados, juiz 
militar, Comandante Geral e Corregedor Geral. 
 
 
7. Instruções Provisórias de Deserção 
7.1 O que é deserção? 
 
Quem responde a essa pergunta é o Código Penal Militar. Ele diz: 
CPM. Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, 
ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada. 
 
O crime de deserção tem sua origem atrelada aos campos de batalha, 
justificando sua dureza como meio de assegurar o extremo controle da tropa, portanto 
juridicamente ligado aos princípios da hierarquia e disciplina. Tanto é que o Código 
Penal Militar trouxe essa mesma conduta em duas situações distintas, sendo uma em 
tempo de paz, e outra em tempo de guerra, e nessa última hipótese o militar deve ser 
condenado a pena de morte. 
CPM. Art. 392. Desertar em presença do inimigo: 
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo. 
 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
22 
 
Esse é o conceito mais conhecido mas não é o único. Isso porque ainda 
temos os CASOS ASSIMILADOS, ou seja, não são deserção em sua essência mas o 
legislador preferiu dar o mesmo tratamento: 
CPM. Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que: 
I - não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de 
trânsito ou férias; 
II - deixa de se apresentar a autoridade competente, dentro do prazo de oito 
dias, contados daquele em que termina ou é cassada a licença ou agregação ou 
em que é declarado o estado de sítio ou de guerra; 
III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do prazo de oito 
dias; 
IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inatividade, criando ou 
simulando incapacidade. 
 
O legislador deu tratamento mais duro ainda quando se trata de deserção de 
Oficial, além de criar outras situações agravantes. 
 
7.2 O que é e qual é prescrição para o crime de deserção? 
 
Simplificando, podemos conceituar prescrição [penal] como sendo o prazo 
que o Estado tem para aplicar a pena em resposta a um crime. São poucas as figuras 
imprescritíveis e elas estão previstas na Constituição Federal. 
CF. Art. 5º, XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e 
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; 
CF. Art. 5º, XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de 
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o 
Estado Democrático; 
 
Assim, os demais crimes são prescritíveis. Para saber a prescrição de um 
crime é necessário observar o que diz a lei penal, no nosso caso, o Código Penal Militar. 
Vejamos: 
CPM. Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto no § 1º deste 
artigo, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao 
crime, verificando-se: 
I - em trinta anos, se a pena é de morte; 
II - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; 
III - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito e não excede a 
doze; 
IV - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatroe não excede a 
oito; 
V - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois e não excede a 
quatro; 
VI - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo 
superior, não excede a dois; 
VII - em dois anos, se o máximo da pena é inferior a um ano. 
 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
23 
 
No caso, vimos no art. 187 do Código Penal que o máximo da pena para o 
crime de Deserção é de 02 (dois) anos. Assim, confrontando com o artigo acima 
podemos concluir inicialmente que a prescrição para o crime de deserção é de 04 
(quatro) anos. 
Mas há uma coisa única no crime de deserção. É que nesse crime é 
necessário concorrer não uma, mas duas prescrições. Vejamos: 
Prescrição no caso de deserção 
Art. 132. No crime de deserção, embora decorrido o prazo da prescrição, esta 
só extingue a punibilidade quando o desertor atinge a idade de quarenta e cinco 
anos, e, se oficial, a de sessenta 
 
7.3 Qual a sequencia de documentos? 
 
 
Durante muito tempo e ainda hoje, alguns aplicam um tal conceito de em 
local incerto e não sabido, razão pela qual entendem como necessário realizar 
diligências para confirmar esse estado de perdido. Isso se deve porque o art. 456, §2º do 
CPPM dizia que 'o comandante da subunidade ou seu correspondente, em se tratando 
de militar, determinará, compulsoriamente, as necessárias diligências para a 
localização e retorno do ausente à sua unidade, mesmo sob prisão, se assim exigirem 
Procedimentos Investigatórios nas Corporações Militares – CFS 2020 
 
 
24 
 
as circunstâncias’. Mas atenção: Essa regra foi abolida desde 1991 a partir da Lei 
8.236 de 20/09/1991 
Por fim, alertamos que publicado o termo de deserção em BI esse 
documento servirá como um Mandado de Prisão em aberto. Assim, uma vez capturado 
o desertor não é necessário lavrar um APFDM. Basta encaminhá-lo ao CREED, após 
passar pelo IML, e oficiar ao Juiz Militar informando de sua captura. Outras 
providencias podem ser tomadas mas essas são triviais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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25 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
SILVA, Demétrios Wagner Cavalcanti da; GENUÍNO, Petrus Gomes. Código 
Disciplinar dos Militares Estaduais Comentado. Recife: Livro Rápido, 2018. 
 
GENUÍNO, Petrus Gomes; SILVA, Demétrios Wagner Cavalcanti da. Estatuto dos 
Militares Estaduais Anotado. Recife: Livro Rápido, 2018.

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