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MANUAL IPM - ATUALIZADO

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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
MANUAL DO 
INQUÉRITO 
POLICIAL MILITAR
Belo Horizonte
2005
Direitos exclusivos da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG)
Reprodução proibida.
2.ª Edição 
Tiragem: exemplares
ADMINISTRAÇÃO 
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação da PMMG 
Rua Diabase, 320 - Bairro Prado 
Belo Horizonte/MG 
CEP 30.410-440
Tel.: (0xx31) 2123-9513
Fax: (0xx31) 2123-9512
E-MAIL: cpp@pmmg.mg.gov.br
mailto:cep@pmmg.mg.gov.br
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
COMANDO GERAL
RESOLUÇÃO N.º 3.234, DE 29 DE NOVEMBRO DE 1995
“Aprova as modificações do Manual do 
Inquérito Policial Militar, para terceira 
edição”
O Coronel PM Comandante-Geral da Polícia Militar do Estado de 
Minas Gerais, no uso de suas atribuições previstas no inciso XI do artigo 
6.º do R-100, aprovado pelo Decreto n.º 18.445, de 15Abr77,
RESOLVE:
Art. 1.º - Ficam aprovadas as modificações do “Manual de 
Inquérito Policial Militar” a que se refere a Resolução n.º 775, de 22 de 
maio de 1980, com as modificações introduzidas pela Resolução nº 1490 
de 23Dez85, para terceira edição.
Art. 2.º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua 
publicação.
QCG em Belo Horizonte 29 de novembro de 1995.
(a) NELSON FERNANDO CORDEIRO, CORONEL PM
COMANDANTE-GERAL
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
COMANDO GERAL
RESOLUÇÃO N.º 3508, DE 07 DE OUTUBRO DE 1999
Torna sem efeito as modificações introduzidas no 
Manual de Inquérito Policial Militar pela 
Resolução n.º 3.502, de l9Jun 99, particularmente 
no item 10, do Capítulo VI, relacionado à 
desistência ao direito de representação, nos termos 
do art. 88, da Lei Federal n.º 9.099, de 26Set95.
O COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR DE 
MINAS GERAIS, no uso da competência que lhe é atribuída pelo art. 
6.º, inciso XI, do R-100, aprovado pelo Decreto n.º 18.445, de 15Abr77, à 
vista do contido no art. 1.º da Lei Federal n.º 9.839, de 27Set99,
RESOLVE:
Art. 1.º - Ficam sem efeito, a partir do dia 28Set99, data de 
publicação e vigência da Lei Federal n.º 9.839, de 23Set99, as 
modificações introduzidas pelo item 10, do Capítulo VI. do Manual do 
Inquérito Policial Militar (IPM), relativas à aplicação do art. 88, da Lei 
Federal n.º 9.099, de 26Set95, relacionada à desistência ao direito de 
representação.
Art. 2.º - Os atos porventura praticados antes da vigência da Lei 
n.º 9.839/99 são válidos, em virtude do princípio da irretroatividade da 
lei penal previsto no art. 5.º, XL, da Constituição Federal.
Art. 3.º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua 
publicação.
Art. 4.º - Revogam-se as disposições em contrário.
Belo Horizonte, 07 de outubro de 1999.
(a) MAURO LÚCIO GONTIJO, CORONEL PM
COMANDANTE-GERAL
RESOLUÇÃO N.º 3.502, DE 19 DE AGOSTO DE 1999
“Aprova modificações do Manual do Inquérito 
Policial Militar, para quarta edição.”
O COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR DE 
MINAS GERAIS, no uso da competência que lhe é atribuída pelo art. 
6.º, inciso XI, do R-100, aprovado pelo Decreto n.º 18.445, de 15Abr77.
RESOLVE:
Art. 1.º - Ficam aprovadas as modificações do “Manual do 
Inquérito Policial Militar” a que se refere a Resolução n.º 775, de 22 de 
maio de 1980, com as modificações introduzidas pelas Resoluções n.º 
1.490, de 23Dez85 e n.º 3.234, de 29Nov95.
Art. 2.º- Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. 
Art. 3.º - Revogam-se as disposições em contrário.
Belo Horizonte, 19 de agosto de 1999.
MAURO LÚCIO GONTIJO, CORONEL PM
COMANDANTE-GERAL
RESOLUÇÃO N.º 3.682, DE 08 DE OUTUBRO 2002.
Torna sem efeito as modificações introduzidas no Manual 
de Inquérito Policial Militar pela Resolução n.º 3.502, de 
19Jun99, particularmente nos itens 08 e 09, do Capítulo 
VI, relacionado à confecção do Termo de 
Comparecimento Espontâneo (TCE) e conseqüente 
instauração de Inquérito Policial Militar (IPM), como 
forma de elidir a privação, através do Auto de Prisão em 
Flagrante (APF), nas hipóteses de crime militar praticado 
em serviço e alcançado pelas hipóteses excludentes de 
ilicitude presentes no Código Penal Militar (CPM).
O COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR DE 
MINAS GERAIS, no uso da competência que lhe é atribuída pelo artigo 
6º, inciso XI, do R-100, aprovado pelo Decreto n.º 18.445, de 15abr77, à 
vista da controvérsia em torno da confecção do Termo de 
Comparecimento Espontâneo como forma de elidir a prisão em flagrante 
do militar, nas hipóteses de crime militar praticado em serviço e sob o 
apanágio das excludentes de ilicitude, previstas no Código Penal Militar, 
considerando que a elaboração do Termo de Comparecimento 
Espontâneo pressupõe a efetiva apresentação do autor do fato criminoso 
de autoria ignorada; 
considerando que a apresentação espontânea, conforme sua 
previsão no ordenamento processual militar, não resguarda amparo para 
os crimes militares praticados em serviço, ainda que sob o apanágio das 
excludentes de ilicitude;
 considerando que a manutenção da orientação administrativa em 
vigor, conforme manifestações da Justiça Militar de 1ª instância e da 
representação ministerial com atuação naquele Foro especializado, pode 
gerar cominação de penalidades,
RESOLVE:
Art. 1º - Ficam sem efeito, a partir da data de publicação e 
vigência desta Resolução, a confecção do Termo de Comparecimento 
Espontâneo e a conseqüente instauração de Inquérito Policial Militar, 
conforme orientações da Resolução n. º 3.502, de 19Ago99 (publicada no 
BGPM n.º 061, de 24Ago99), que modificou o Manual de IPM, 
especialmente com a inserção dos itens 08 e 09, do Capítulo VI.
Art. 2.º - Em função do art. 1.º desta Resolução, fica revigorada a 
Instrução n.º 01/96-EMPM, 07Jun96 (publicada no BGPM n.º 046, de 
18Jun96), que dispõe sobre a obrigatoriedade da lavratura de Auto de 
Prisão em Flagrante (APF), quando presentes todos os elementos 
previstos no Código de Processo Penal Militar (CPPM).
Art. 3º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º - Revogam-se as disposições em contrário.
Belo Horizonte, 08 de outubro de 2002.
(a) ÁLVARO ANTÔNIO NICOLAU, CORONEL PM
COMANDANTE-GERAL
RESOLUÇÃO N.º 3060, DE 26 DE ABRIL DE 1994
Acrescenta dispositivo ao Manual de IPM,aprovado 
pela Resolução n.º 775, de 22 de maio de 1980, com 
alterações da Resolução n.º 1490, de 23 de setembro de 
1984.
O CORONEL PM COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA 
MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, no uso da atribuição 
que lhe confere o art. 6.º, inciso XI, do R-100, aprovado pelo Decreto n.º 
18.445, de 15 de abril de 1977,
RESOLVE:
Art. 1.º - Fica acrescido ao Manual de Inquérito Policial Militar, 
em seu capítulo VI, o Modelo n.º 69 e as respectivas considerações, 
anexos à esta Resolução, constituindo-se a Certidão dos Diretos 
Constitucionais.
Art. 2.º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação 
e revoga as disposições em contrário.
QCG, em Belo Horizonte, 26 de abril de 1994.
(a) MÁRIO LÚCIO CALÇADO, CORONEL PM
COMANDANTE – GERAL
APRESENTAÇÃO
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS
EXMO SR. CORONEL PM COMANDANTE GERAL
1 A comissão in-fine assinada, designada por ato publicado em 
BGPM, n.º 132, de 12 de Junho de 1979, tem a súbita honra de submeter 
à esclarecida apreciação de V. Exa. o anteprojeto de um “Manual de 
Inquérito Policial-Militar.”
2 No início, pretendia-se, a exemplo das obras existentes, elaborar 
um manual que contivesse tão somente o formulário das peças mais 
usuais de um inquérito, acompanhadas de legislação e orientações 
específicas. Contudo, no decurso das pesquisas, discussões e 
entrechoques de idéias, entendeu-se que, produzindo-se um trabalho para 
a estante profissional de nosso oficial, não poderíamos ser tão simplistas. 
Deveríamos ir mais além, porquanto o oficial que preside uma 
investigação não dirigeuma mera atividade mecânica, ao contrário, 
desenvolve um esforço de inteligência que exige lastro intelectual, 
entendimento de causas e efeitos em diversos campos do conhecimento 
humano, tirocínio avançado, capacidade criativa e outros atributos 
inerentes ao homem de formação superior.
Dentro da linha traçada, carreou-se para o bojo do anteprojeto, 
além dos formulários, legislação e explicações orientativas, uma dose 
substanciosa de doutrina e jurisprudência, que, não obstante 
reconhecendo que o Direito é um campo vasto e ilimitado, servirá de 
facho de luz para que o oficial se aprofunde em seus estudos e pesquisas 
nesse ângulo de nessa complexa profissão.
Por conseguinte, estrutura-se o anteprojeto em cinco partes, que 
comentaremos sucintamente nos parágrafos subsequentes:
PRIMEIRA PARTE: DOUTRINA
SEGUNDA PARTE: LEGISLAÇÃO
TERCEIRA PARTE: TERMOS TÉCNICO-JURÍDICOS
QUARTA PARTE: FORMULÁRIOS
QUINTA PARTE: JURISPRUDÊNCIA
7
3 A parte de “Doutrina” estrutura-se em três capítulos básicos, 
complementado por pareceres emitidos por ilustrados juristas militares 
no Tribunal de Justiça Militar Estadual e no Tribunal de Justiça do 
Estado do Rio de Janeiro.
3.1) O primeiro capítulo procura situar, no seu parágrafo inicial, o 
exato entendimento do que seja Polícia Judiciária Militar no âmbito da 
nossa Corporação.
3.2) Denominamos capítulo segundo, a transcrição que fizemos 
de um estudo doutrinário editado em 1978 sob o título “CRIME 
MILITAR” (Editora Rio, de autoria do Jurista Álvaro da Costa Mayrink). 
Em verdade, a Comissão poderia ter tentado adaptar o estudo ou 
condensá-lo, ou desenvolver um estudo próprio. Entretanto, preferimos 
ser coerentes e realistas: encontrávamo-nos diante de um trabalho 
intelectual sério e profundo; a melhor política seria aproveitá-lo 
integralmente.
3.3) Avançando o enfoque teórico-doutrinário, o capítulo terceiro 
discorre sobre o Inquérito Policial-Militar. Conceitua-o. Posiciona-o na 
exata medida de seu valor perante o judiciário. Evidencia-o nos seus 
matizes vivos de instrumento de investigação criminal.
O capítulo preocupa-se em oferecer ao oficial a verdadeira 
dimensão e natureza do encargo que se lhe atribui quando é designado 
para presidir um IPM. O oficial não pode ser encarado como um mero 
ajuntador de peás ou copiador de formulários, ou transcrevedor de 
relatos, papel esse mais compatível ao escrivão. O oficial é a inteligência 
que inquire, perquire e indaga, que sabe penetrar e rebuscar os meandros 
do evento obscuro para encontrar a luz que haverá de clareá-lo em todas 
as suas nuances.
Concluindo-o, damos ênfase aos atos probatórios, transcrevendo, 
à guisa de comentários doutrinários, o trabalho da lavra de eminente 
jurista publicado na Revista do Superior Tribunal Militar, ano IV, n.º 4, 
1978.
3.4) Coroando a primeira parte, transcrevemos, face ao seu 
indiscutível valor, dois estudos de eminentes juristas do Tribunal da 
Justiça Militar de Minas Gerais e do Tribunal de Justiça do Estado do Rio 
de Janeiro.
3.4.1 O primeiro estudo pertence ao insige Juiz do Tribunal de 
8
Justiça Militar - Dr. Luiz Marcelo Inacarato - datado de 16Dez75, 
versando sobre o momentoso problema da aplicabilidade da Lei Penal 
Militar no que tange às Polícias Militares. Não obstante a evolução 
constitucional e jurisprudencial de 1975 a esta data, julgamos que a 
fundamentação desenvolvida pelo estudioso jurista continua atual e deve 
ser difundida a todos os Oficiais.
3.4.2 O estudo seguinte é um parecer da lavra do Dr. Oswaldo 
Carvalho Monteiro, ilustre Procurador da Justiça Militar Estadual, que 
reforça a tese consagrada, a partir da Emenda Constitucional n.º 7, de 
13Abr77, de competência do foro militar para os crimes praticados por 
elementos da Polícia Militar.
3.4.3 A segunda parte cuida da legislação processual. É apenas 
indicativa. Transcreve os principais tópicos do CPPM relativos ao 
Inquérito Policial Militar e à Prisão em Flagrante. Da a indicação dos 
dispositivos de maior interesse ao Encarregado da investigação. Contudo, 
é bom que se frise, não pretende substituir o uso dos Códigos (CPM e 
CPPM) que devem continuar sendo uma das obras mais manuseadas na 
Biblioteca Profissional de Oficial.
3.4.4 Na terceira parte, a Comissão coletou os termos técnico-
jurídicos mais usuais no desenvolvimento da investigação e elaboração 
do IPM ou na lavratura do APF. Evidentemente, dentro do escopo de 
nosso trabalho, não pretendemos esgotar o assunto. O oficial consciente 
da profissão tem com isso apenas um ponto de referência. Poderá ampliar 
o seu acervo de conhecimentos recorrendo aos dicionários de termos 
técnicos-jurídicos.
3.4.5 A quarta parte abrange a série de formulários que retrata os 
aspectos formais do IPM e APF. Buscamos estabelecer um roteiro para o 
Encarregado e o Escrivão. Não sua elaboração, não inovamos. Sem 
embargo de algum aperfeiçoamento ou ajustamento à nossa realidade, 
servimo-nos dos formulários já existentes nas Forças Armadas e outras 
Polícias Militares, bem como de formas consagradas pela praxe policial.
Embora o anteprojeto tenha por objeto o IPM, achamos por bem 
inserir o formulário da “Prisão em Flagrante”, que já abordáramos nas 
partes relativas á legislação e termos técnicos.
As peças principais são precedidas de comentários orientativos 
sucintos, esclarecendo sobre aspectos essenciais das diligências a serem 
9
desenvolvidas. Outrossim, transcreveu-se na íntegra, o Decreto Estadual 
n.º 5.141, de 25Out56, que aprova o formulário de Quesitos para Exames 
Periciais.
3.4.6 A quinta e última parte do anteprojeto dedica-se à 
jurisprudência. A Comissão em trabalho de pesquisa, coletou o que existe 
de mais atual no entendimento do Supremo Tribunal Federal, do Superior 
Tribunal Militar e do Tribunal de Justiça Militar Estadual.
Reproduzimos, na íntegra, além das ementas e dos acórdãos, os 
votos dos julgamentos do HHCC n.º 55.962 e 56.049, do STF, que foram 
o ponto de referência da modificação do conteúdo da Súmula 297. O 
mesmo fizemos com relação ao Acórdão do Recurso Criminal n.º 5.198 
do STM, que traz grande luz a respeito da competência do foro militar 
estadual.
Atual e relevante é também a jurisprudência de nossa corte 
castrense.
3.4.7 Finalizando, a Comissão agradece a V. Exa. a confiança que 
lhe foi depositada Certamente, o trabalho possui limitações. A escassez 
de tempo, pois nenhum membro foi afastado de suas funções normais, 
como também, a maioria foi cometida de outros encargos paralelos, 
impediu-nos de realizar uma obra com maior conteúdo. Contudo, 
acreditamos que, difundida a obra, o seu uso critico pelos Oficiais, 
permitirá que, num futuro próximo, possa vir a lume um manual mais 
aperfeiçoado.
No ensejo, reafirmamos a V. Exa. as expressões de nosso 
profundo respeito e Consideração.
Belo Horizonte, 12 de maio de 1980
(a) Saint’ Clair Luiz do Nascimento, Cel PM
 Klinger Sobreira de Almeida, Ten-Cel PM 
 Vilmar Leal Arnaut, Ten-Cel PM
 Roldão Raimundo Ferreira, Cap PM
 Éder Dupin Henriques, Prof. APM
1
CAPÍTULO I
O INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
1 CONCEITO, VALOR, DOUTRINA
Por analogia com o Inquérito Policial, dizemos que o Inquérito 
Policial-Militar é um conjunto de “diligências necessárias à verificação 
da existência de um crime, com todas as suas circunstâncias, para 
descobrimento de seus autores e cúmplices”. A conceituação de IPM é 
encontrada na própria lei processual militar, deve obedecer a uma 
sequência disciplinada, lógica e ordenada.1
O IPM é, na verdade, um instrumento de investigação policial.
O Encarregado do IPM é a autoridade que rastreia o delito, 
procura materializá-lo, penetra no emaranhado dos vestígios,busca 
provas e as interpreta e clareia, tendo sempre por objetivo final, apontar, 
de maneira insofismável e irretorquível, o autor ou autores na infração 
penal militar.2
1 Sobre a legalidade do inquérito, é conhecido o Acórdão do TJSP (RT409/7 1) segundo o qual 
ele é “um procedimento persedutório” de caráter administrativo e, como tal, por essa feição, não 
pode estar a salvo do controle de sua legalidade. Por meio dele é que são oferecidos os elementos 
que servem à formação da denúncia. Se ditos elementos não compõem um fato típico, ao menos 
em tese, não há como manter o constrangimento que dele decorre, sem o que o procedimento da 
autoridade administrativa deixaria de ser discricionário para ser arbitrário. Há que se levar em 
conta, entretanto, que o mero indiciamento em inquérito policial não constitui constrangimento 
ilegal a ser corrigido por intermédio de habeas corpus. (STF, RHC 56.019 - DJU l6Jun78, pág. 
4.394).
2 � “Esta é a razão essencial porque entendemos devem todos os Encarregados de IPM, na sua 
apuração, ter sempre em mente os requisitos da denúncia, previstos no art. 77 do CPPM, pois 
esses elementos serão necessários à propositura da ação penal e o MP só poderá oferecer denúncia 
se esta contiver todos eles, a saber:
a) designação do Juiz;
b) nome, idade, profissão e residência do acusado ou esclarecimentos pelos quais 
possa ser qualificado;
c) tempo e lugar do crime;
d) qualificação do ofendido ou designação da pessoa jurídica da instituição 
prejudicada;
e) exposição do fato criminoso;
f) razões de convicção ou presunção da delinquência;
g) classificação do crime;”
h) rol de testemunhas em número não superior a seis.”
“In Revista de Direito Militar”, pág. 113.
11
O IPM, então, como procedimento persecutório (de caráter 
administrativo) ou instrução provisória, é que dará origem ao processo 
criminal. Se bem elaborado, constituirá o instrumento valioso de que se 
servirá o Ministério Público - titular da pretensão punitiva do Estado, na 
jurisdição militar, para promover a ação penal e sustentá-la. Se as provas, 
mormente as perícias, contidas no bojo dos autos, foram produzidas com 
a observância das formalidades legais, terão caráter instrutório definitivo, 
pois não se repetirão em Juízo (Art. 9.º, parágrafo único, CPPM). Da 
mesma forma, os interrogatórios bem conduzidos, os depoimentos claros 
e eloquentes, os indícios bem retratados, poderão servir de elementos de 
convicção ao julgador.
É importante, então, que o Oficial, logo que for designado 
Encarregado, faça um planejamento de seu trabalho, lendo atentamente 
os documentos iniciais que lhe forem entregues e esquematizando a 
apuração, analisando:
a) o fato (como está colocado);
b) envolvidos (indiciados, vítimas, testemunhas);
c) conclusão inicial (em tese);
d) providências a serem tomadas (que comportarão o teor da 
portaria de abertura) imediata ou mediatamente, conforme decorrerem os 
trabalhos.
e) perícias, exames, autos de corpo de delito a serem 
requisitados, para que se comprove, materialmente, o fato objeto de 
apuração.
O inquérito não é, como se vê, documento de valor absoluto
Conforme ensinamento do Acórdão do TJM, nos autos de 
Apelação n.º 1.395 (BGPM 101, de 01Jun81), 
em que pese certa limitação de seu valor probatório, o IPM é peça 
importante no procedimento processual castrense, sendo dever 
indeclinável do Encarregado promover diligentemente, todo esforço e 
ensejar meios de inteligência para dar ao Ministério Público e aos 
Julgadores, os elementos básicos para fundamentada instauração do 
processo e, ao final, o julgamento isento.
Assim, desde o inicio cumpre advertir que qualquer condenável 
omissão poderá ensejar responsabilidade criminal do Encarregado, 
12
movível quando, em homicídios, abuso de autoridade ou violência 
arbitrária, praticados por policiais-militares, suspeita-se de parcialidade 
na investigação.
2 INVESTIGAÇÃO POLICIAL
2.1 Polícia Investigatória
É o exercício da investigação policial. Tem lugar antes e durante 
o inquérito. É através dela que o Oficial Encarregado do IPM aplicará sua 
habilidade pessoal, técnicas e outros conhecimentos adquiridos na vida 
profissional, objetivando apresentar o trabalho da melhor forma possível.
A polícia investigatória não possui regras rígidas, porém está 
presente em todas as ações executadas no inquérito, como na coleta de 
provas, na determinação de diligências para a localização de pessoas, 
armas, objetos, etc., na escolha de testemunhas, nas inquirições, etc.
O planejamento inicial e a condução criteriosa da polícia 
investigatória é que determinarão o sucesso ou fracasso na apuração do 
fato.
Todo oficial Encarregado de IPM deve explorar ao máximo a sua 
capacidade de investigação, não se descuidando de nenhum detalhe. 
Aliás, um detalhe à primeira vista insignificante poderá ser chave da 
questão.
Esta atividade, então, se reveste de tal importância que deve ser 
iniciada mesmo antes da instauração do inquérito, principalmente nos 
crimes que deixam vestígio, exatamente quando se planeja o trabalho.
E neste sentido que preceituam os artigos 10, § 2.º, e 12 do 
CPPM, quando estabelecem as providências a serem tomadas antes do 
inquérito.
O Oficial Encarregado, conforme a complexidade do caso, deve 
montar uma equipe de auxiliares investigadores ou se utilizar de outros 
artifícios para que os fatos possam vir ao seu conhecimento.
O IPM mal elaborado, mal conduzido e que não chega a definir a 
autoria com lastro de provas claras e inquestionáveis, é um mero 
amontoado de papéis sem valor, que, de forma alguma poderá servir de 
subsídio ao Ministério Público. 3
3 Sobre o IPM mal feito, o Tribunal de Justiça Militar já se pronunciou várias vezes 
13
O Encarregado do IPM exerce a arte da investigação criminal em 
toda a sua amplitude.4
Alguns estudiosos dizem que a feitura de um Inquérito comporta 
duas fases:
- Investigação policial (em consequência do planejamento inicial, 
empregar-se-ão técnicas variadas para definição das primeiras questões 
surgidas);
- Composição de Provas (em consequência dos dados levantados, 
quando a autoridade policial definirá seu ponto de vista a respeito do que 
foi apurado, mostrando O suporte em que se fundamenta).
4.2 Técnicas de Investigação Policial
A investigação, via de regra, desenvolve-se para a consecução de 
um triplo objetivo:
- identificar o autor ou autores do delito;
- trilhar e localizar o delinquente;
- provar a sua culpa.
Perseguindo essa meta, o Encarregado do IPM e equipe usarão os 
instrumentos abaixo, que contribuirão para levar adiante os objetivos 
traçados.
- Informação;
- Interrogação;
- Instrumentação.
Informação é trabalho de campo. É o conhecimento que o 
investigador reúne de outras pessoas. Ocorrido o delito, procura rastreá-
lo, conversa com pessoas ligadas ao fato ou ambiente do cenário 
delituoso. Com essas conversas, quase sempre discretas ou mesmo 
sobre dificuldade que isto causa, como, por exemplo, nos autos de apelação no 1.462 
onde se condena o protecionismo e na Apelação Criminal n0 1.592, onde se pretendeu 
mostrar, através de IPM, uma farsa de legítima defesa. Vide “Estudos de Direito Penal e 
Processual - Cap. V”. 
4 Essencial, também, é que o Encarregado do IPM conheça os princípios basilares do 
Direito Penal Militar e de seu enfoque, amplo, como direito disciplinar. In Revista de 
Estudos e Informação da Justiça Militar de Minas Gerais (pág. 24/25).
14
despretensiosas, poderá recolher subsídios valiosos que o levarão a um 
ou mais suspeitos. E de conhecimento em conhecimento formará um 
quadro amplo que lhe facilitará o esclarecimento do evento investigado.
Supondo, à guisa de exemplo, um furto de dinheiro no interior de 
um alojamento de recrutas. Noinício o delito está misterioso. O 
investigador, em conversas, levanta que os recrutas frequentam 
determinado bar nos dias de folga; nesse estabelecimento, em diálogos 
com outros fregueses, fica sabendo que um recruta suspeito está a gastar 
exageradamente, ou tinha débito e o saldou. Em suma, as informações 
vão se avolumando até formar um mosaico que defina precisamente um 
suspeito.
Não obstante a luz surgida, é bom atentar para a observação de 
um velho policial:
Descobrir o autor do crime é a fase mais simples da investigação, obter 
provas para manter a acusação na Justiça é muitas vezes uma tarefa 
complexa e isto se toma mais difícil, em face das exigências da própria 
Justiça sobre a espécie, Suficiência e maneira de apresentação das provas. 
Assim, uma investigação somente será considerada bem-sucedida se 
suficientes provas informativas, materiais e complementares forem 
apresentadas, o que vale dizer, as testemunhas inteligentemente 
entrevistadas, o acusado eficientemente interrogado, todos os demais 
vestígios devidamente apurados e elucidados, e o caso acuradamente e 
claramente relatado.5
Já o interrogatório inclui inquirição do indiciado (ou mesmo 
suspeito) e testemunhas. Exige habilidade, astúcia, inteligência, paciência 
e apurada técnica. Não é mero transcrever de relato.
Num simples manual informativo como este, pouco se poderia 
dizer sobre a “técnica de interrogatório” indispensável ao sucesso das 
investigações. O Oficial consciencioso de sua profissão deve ler livros 
especializados e, principalmente, obras sobre psicologia judiciária.
O interrogatório bem conduzido poderá levar ao esclarecimento 
total de um fato delituoso.
O interrogador deve conhecer e avaliar a personalidade do 
interrogado, considerar os aspectos tempo e local do interrogatório, a 
presença de outras pessoas, o preparo das perguntas-chaves, etc. O certo 
5 In Manual de organizações e Práticas Policiais – Antônio Dutra Ladeira.
15
é que “interrogar” é uma arte; desde que respeitada a dignidade da pessoa 
humana é licito ao interrogador usar estratagemas, como aproveitar o 
estado emocional do interrogado, motivá-lo com o trato bondoso e 
afável, valer-se da lisonja, utilizar perguntas capciosas, método indireto, 
subterfúgios e outros artifícios não ilegais.
Por último a instrumentação consiste no uso, pelo investigador, 
dos métodos e meios que a moderna tecnologia nos oferece.
Assim, no exemplo de furto já citado, o investigador poderá, 
através de peritos, fazer o levantamento do “local do crime”, 
identificando o “modus operandi”, colhendo impressões digitais e 
vestígios que poderão identificar o autor ou, futuramente, ligar o suspeito 
ao cenário do delito.
3 COMPOSIÇÃO DAS PROVAS
No enfoque técnico, a composição das provas constitui a segunda 
fase do Inquérito Policial Militar.6
Nesta fase, o Oficial Encarregado do Inquérito terá toda a 
atenção, esmero e cuidado para que o seu trabalho venha a constituir-se, 
efetivamente, no subsídio valioso à administração, ao Ministério Público 
e à Justiça.
Consoante o Código de Processo Penal Militar, são os gêneros de 
provas que o Encarregado do IPM deve carrear para os autos:
a) Apreensão dos instrumentos e de todos os objetos que tenham 
relação com o fato delituoso - Art. 12, letra “b”, Art. 13, letra “h”, Art. 
170 e 189 do CPPM;
b) Declarações do ofendido - Art. 13, letra “b” e Art. 311 do 
CPPM;
c) Depoimento das testemunhas - Art. 13, letra “d”, Art. 19 e §§, 
6 É de se ressaltar as três características básicas do IPM: sigiloso, escrito e inquisitivo. 
Quanto à primeira, o art. 16 do CPPM esclarece o assunto. O Sigilo é próprio do IPM. 
Não se adota no IPM o princípio da publicidade que mais se harmoniza com o processo 
e não com o inquérito. Quanto a ser escrito, vide o art. 21. Isto se faz para evitar 
problemas relacionados com a perda de tempo ou a necessidade em analisar ou até 
descobrir o que realmente está escrito. Quanto a última, este caráter assim se define 
porque as investigações são conduzidas pela autoridade da forma como melhor lhe 
convier, dentro dos limites da lei..
16
Art. 347 e 364 do CPPM;
d) Inquirição do Indiciado - Art. 13, letra “c”, Art. 19 e §§, Art. 
302 a 310 (no que for aplicável), do CPPM;
e) Reconhecimento de pessoas, coisas e objetos - Art. 13, letra 
“e”, Art. 368 a 370, do CPPM;
f) Acareação - Art. 13, letra “e”, Art. 365 a 367 do CPPM;
g) Exames de Corpo de Delito, outros exames e perícias em geral 
- Art. 13, letras “f” e “h”, Art. 314 a 346, Art. 371 a 381, do CPPM;
h) Indícios - Art. 382 a 383, do CPPM;
i) Reconstituição - Art. 13, parágrafo único, do CPPM;
j) Identificação do acusado, inclusive individual, datiloscópica 
-Art. 70 e 391, parágrafo único do CPPM.
l) Antecedentes criminais do Indiciado - Art. 391, do CPPM;
m) Extrato de fé-de-ofício ou dos assentamentos - Art. 391, do 
CPPM.
4 DOS ATOS PROBATÓRIOS (COMENTÁRIOS DOUTRINÁRIOS)
4.1 Constituem atos probatórios, segundo regras do processo penal 
castrense:
a) Declaração do Indiciado (incluindo-se a confissão);
b) Declaração das testemunhas;
c) Depoimento das testemunhas;
d) Acareações;
e) Pendas e exames (nos crimes contra a pessoa, vide Art. 330 
do CPPM):
Exame de lesões corporais;
Exame de sanidade física;
Exame de sanidade mental;
Exame cadavérico (com ou sem exumação);
Exame de identificação de pessoas;
17
Exame de laboratórios;
Exame de instrumentos que tenham servido ao crime;
Reconhecimento de pessoas e coisas;
Documentos.
O ACD pode ser feito a qualquer hora do dia ou da noite, 
conforme o Art. 329 do CPPM.
Quanto à autópsia, deve se realizar 6 horas depois do óbito, salvo 
se houver evidências de morte - 334 (CPPM).
O sistema de prova, a serviço da justiça penal, tem variado 
através dos séculos: primitivamente foi o sistema étnico, em que a 
apreciação das provas era deixada empiricamente ao sabor das 
impressões e o flagrante delito era a forma típica do processo penal; veio, 
depois, o sistema religioso, em que era misticamente invocado o 
julgamento divino, e foi a época das Ordálias, dos duelos judiciários e 
dos juizes de Deus. Sucedeu-o o sistema legal, em que os meios e seus 
graus de valor eram fixados e aferidos de antemão pela Lei. 7
O sistema atual é o da íntima, livre convicção do juiz, afivelado à 
norma legal, consubstanciada no art. 297 do Código de Processo Penal 
Militar:
O Juiz formará convicção pela livre apreciação do conjunto das provas 
colhidas em juízo. Na consideração de cada prova, o Juiz deverá 
confrontá-la com as demais, verificando se entre elas há compatibilidade 
e concordância.
O atual Código de Processo Penal Militar enumerou-as e as 
prefixou a partir do art. 294.
Os meios de prova são admissíveis em juízo, todos eles, desde 
que não atentem contra a moral, a saúde, ou a segurança individual ou 
coletiva ou contra a hierarquia e a disciplina militares, eis o que emana 
do art. 295 do CPPM.
Compete o ônus da prova a quem alegar o fato, na determinação 
do art. 296 e sua inversão, se a lei presume o fato “juris tantum”. 
Exemplo: A Lei, no art. 350, presume verdadeira a declaração assinada. 
7 Walter Acosta - O Processo Penal - 8.ª Edição - 1971 - Pág. 221.
18
Fato contrário ao que está escrito deve ser objeto de prova de quem o 
alega:
Art. 296 - o ônus da prova compete a quem alegar o fato, mas o Juiz 
poderá, no curso da instrução criminal ou antes de proferir sentença, 
determinar, de oficio, as diligências para dirimir dúvida sobre ponto 
relevante. Realizada a diligência, sobre ela serão ouvidas as partes, para 
dizerem nos autos, dentro em quarenta e oito horas, contadas da intimação 
por despacho do Juiz.
§ 1.º - Inverte-se o ônus de prova se a lei presume o fato até provaem 
contrário.
Por último, numa demonstração de respeito a princípios da 
própria dignidade humana, o Código ressalta que nenhuma prova se 
exigirá seja produzida pelo cônjuge contra o outro, por descendente, 
ascendente ou irmãos, uns contra os outros.
4.2 Interrogatório
O policial-militar indiciado (provavelmente o acusado no 
processo criminal) será interrogado, competindo ao Encarregado, nos 
termos do art. 13 do CPPM. tomar-lhe as declarações. 8
Assim, tendo em vista o caráter inquisitivo do termo e do próprio 
inquérito, não há obrigatoriedade de defensor, que estará presente no 
processo (art. 306. § l.º, do CPPM). A presença do advogado, porém, não 
é proibida. Alguns autores até a defendem quando o inquérito é 
acompanhado pelo Ministério Público. Depende isto, entretanto, da 
permissão do Encarregado, que poderá autorizar que o advogado 
acompanhe o indiciado, não podendo, entretanto, fazer perguntas, já que 
nem mesmo no processo o advogado poderá fazê-lo.9
O interrogatório do acusado (no IPM, o indiciado) está previsto 
no art. 306 do CPPM.
8 O indiciado nos IPM, feitos por Oficiais de Polícia Militar somente podem ser 
policiais militares, já que o civil não é atualmente, sujeito ao foro na Justiça Militar 
Estadual. Somente em caso excepcionalíssimo de crime militar, objetivamente 
considerado (contra a PMMG, considera instituição militar), o civil seria indiciado, mas 
a Justiça Militar Estadual seria incompetente para seu julgamento. Se realmente houver 
crime militar, o julgamento seria perante a Justiça Militar Federal.
9 Sob o ângulo jurisprudencial, “o interrogatório” do acusado constitui meio de prova e 
também meio de defesa, este pessoalmente exercido por aquele. Por ser meio de defesa, 
o defensor técnico, constituído ou dativo, pode ser considerado dispensável, de acordo 
com as circunstâncias do fato concreto. (STF - RTJ 73/760).
19
Não é absolutamente necessário que o Encarregado faça todas as 
perguntas ali previstas mas não está impedido de fazer outras, ali não 
previstas
Deve ser esclarecido, entretanto, que se o indiciado negar a 
autoria, as perguntas do art. 306 deverão lhe ser formuladas. 
Quanto à confissão, há de se ter em mira que ela não é suficiente 
para comprovar a responsabilidade penal de uma pessoa, uma vez que o 
direito brasileiro não elege a confissão como prova absoluta. Portanto o 
Inquérito não tem por finalidade única a obtenção da confissão do 
indiciado e, ainda que esta seja feita, o encarregado deverá continuar a 
confissão do indiciado ou demonstrar sua invalidade, apontando outro 
indiciado ou, mesmo não conseguindo identificar o autor do crime.
À Justiça não interessa encontrar um culpado e sim sancionar o 
responsável pelo delito (Código de Processo Penal Militar).10
Assim, o interrogatório em juízo nada tem do ato pré-processual 
da audição do indiciado pelo encarregado do Inquérito Policial Militar 
(art. 13), pelo que não se pode ali ver a figura da confissão, que pode ser 
consequência ou não, do interrogatório e está demarcada no art. 307 do 
CPPM.
“Para que tenha o valor de prova, a confissão deve:
a) ser feita perante autoridade competente;
b) ser livre, espontânea e expressa;
c) versar sobre o fato principal;
d) ser verossímel;
e) ter compatibilidade e concordância com as demais provas do 
processo.
Sabidamente, a confissão é retratável; é divisível, pode ser 
tomada fora do interrogatório (artigos 309 e 310).
Indubitavelmente, a confissão sem arrimo em outras provas é uma 
confissão nua, sem suporte em veementes indícios com as cautelas 
10 Se forem vários os indiciados, um não deve ser interrogado na presença do outro. Esta 
é a regra do art. 189 do CPP que é válida para o IPM em razão do art. 304 c/c o art. 301 
do CPPM.
20
definidas no art. 382.11
4.3 Prova Testemunhal
O Vocábulo “testemunha” provém do latim TESTIMONIUM que 
quer dizer, na linguagem jurídica, a pessoa que atesta a veracidade de um 
ato, que presta esclarecimentos sobre fatos que lhe são perguntados, 
afirmando-os ou os negando.
Trata-se pois, a prova testemunhal de uma prova pessoal, 
inspirando-se a sua adoção na presunção de veracidade nas afirmações 
que cada qual prestar.12
Remarque-se que o valor probante do testemunho se atinge 
através de vários critérios de avaliação, sendo certo que, em juízo há de 
ser indagado o depoente, em respeito ao princípio que emana do art. 352 
do Código de Processo Penal Militar, que é mandamental quando ensina 
e recomenda, em primeiro lugar, que deve o indagado “relatar o que 
souber e que lhe for perguntado sobre os fatos que lhe foram narrados 
vale dizer que constarem na denúncia” não bastando que confirme 
aquilo que houver respondido quando, ouvido na fase do inquérito 
perante o encarregado (art. 13).
11 Há farta jurisprudência sobre o valor probante da confissão feita na fase policial (STF 
- Rec. Crim. 1.261, DJU de 02Abr76 e Rec. Crim. 1.352, RTJ 91/750). Sobre a validade 
da confissão do co-réu incriminando outro, ver o Acórdão do TJSP - RT 536/309, sendo 
que, de acordo com o STF, só é incidível a confissão quando se tratar de prova única 
(RTJ 46/273). Nos IPM realizados na Polícia Militar, considerando que em quase todos 
eles há multiplicidade de indiciados, devido a natureza da ação policial, quase sempre 
em grupo, estas circunstâncias devem ser consideradas com particular interesse.
12 Geralmente no IPM são ouvidos como testemunhas os próprios companheiros do(s) 
indiciado(s), o que deve ser evitado e somente feito se não houver pessoas civis, cujo 
depoimento, em algumas circunstâncias, pode ser dito como isento, imparcial, 
insuspeito afinal. Por outro lado, há um natural constrangimento de o subordinado depor 
contra o superior e vice-versa. Se são companheiros, o constrangimento será maior 
ainda. Com referência a depoimentos de policiais, chega a haver mesmo duas correntes 
jurisprudenciais que discutem o valor jurídico deste testemunho, sendo minoritária a 
que os considera naturalmente suspeitos de parcialidade. Outra advoga que seria um 
contrasenso o Estado credenciar pessoas para função repressiva e negar-lhes crédito 
quando dão conta de suas diligências. Por outro lado, segundo a ementa do Acórdão do 
TJM/MG - Processo 8.028 2.ª AJME: “Presume-se verdadeira a versão dada por 
policiais-militares, quando a ela não se opõe prova idônea. No confronto entre a palavra 
do PM e a do bandido, valoriza-se a autoridade” (BGPM 72 de 18Abr85).
21
Acentua o Código e a legislação em geral, da obrigatoriedade que 
todos têm em depor quando convocados ou requisitados, tal se vê no art. 
354, ressalvados os que não podem em relação a parentes em linha direta, 
à condição de matrimoniados e os irmãos e os do art. 355, do CPPM.13
Importante considerar-se o crédito que deve dar aos depoimentos 
como prova, que não é prevalente, entrando na composição dos 
elementos necessários à formação da convicção, observando-se o 
disposto no art. 297 do Código.
O Juiz formará convicção pela livre apreciação do conjunto das provas 
colhidas em juízo. Na consideração de cada prova, o Juiz deverá 
confrontá-la com as demais, verificando se entre elas há compatibilidade 
e concordância.
Vale assinalar que o testemunho poderá ser o de terceiro, o do 
ofendido, o do acusado; e o do co-indiciado, ou o do co-acusado, isto é 
co-réu.
Nesta última hipótese, teríamos o testemunho do acusado sobre 
fato de outrem.
Devem assim ser apreciados os depoimentos, preliminarmente, 
quanto ao sujeito, isto é, em relação à personalidade de quem depõe, 
quanto à forma, na verificação de como foi prestado o depoimento, sob o 
parâmetro da lei, e, quanto ao conteúdo, que é o exame de seu próprio 
texto, do que nele se tenha de valor para permitir uma elucidação 
verdadeira,dele resultando uma verdade inconteste.14
13 O art. 352 do CPPM esclarece que a testemunha deve relatar “o que sabe ou tem razão 
de saber a respeito do fato delituoso narrado na denúncia e circunstâncias que com o 
mesmo tenham pertinência”. Tem pertinência com o fato tudo o que se relaciona com o 
processo, como se pode ver pelo que dispõe o art. 212 do CPP comum (o Juiz não 
poderá recusar as perguntas da parte, salvo se não tiverem relação com o processo). 
Tem relação com o processo tudo o que pode ser objeto de prova. In Revista do Direito 
Penal n.º 23, observação de Heleno Cláudio Fragoso em Notas sobre Processo Penal.
14 Nos IPM a prova testemunhal tem sido fartamente utilizada. A partir dessa colocação 
chega-se até a exageros como os das famosas testemunhas “por ouvir dizer”, que na 
advertência de Heleno Cláudio Fragoso - Jurisprudência Criminal - São Paulo, vol. 
/830, n.º 453, “somente em circunstâncias muito excepcionais podem proporcionar 
elementos seguros de convicção no julgador”. Há também as chamadas “testemunhas de 
canonização” que só sabem dizer das boas qualidades do indiciado. Há de se levar em 
conta que todo e qualquer testemunho pode ser útil, mas deve ser avaliado no contexto 
global do quadro probatório.
22
No tocante ao reconhecimento, como prova testemunhal, deve-se 
esclarecer que o reconhecimento não é meio ou elemento de prova, mas 
um ato instrutório informativo, destinado a robustecer o pressuposto e a 
avaliar a credibilidade de um elemento de prova. Na verdade, quer resulte 
positivo, quer negativo, ele por si nada pode provar com respeito aos 
fatos alegados. Prova é o testemunho; o reconhecimento é mero contraste 
da prova, é elemento para a avaliação dela e não elemento probatório.
Por outro lado, de acordo com o STF “o reconhecimento dos 
réus, em juízo, por testemunhas idôneas e insuspeitas, desmoraliza a 
negativa dos réus, que, a prevalecer, tornariam inexplicáveis os 
reconhecimentos feitos” (RTJ 88/371).
Quanto ao reconhecimento por fotografias, comumente utilizado, 
há certa tendência em se afirmar a precariedade desse instrumento de 
prova, que assumiria maior credibilidade, se obedecida a regra geral para 
o reconhecimento, previsto no artigo 368 e sgts do CPPM.
Deve-se alertar, portanto, que estas formalidades são, em certa 
medida. a própria garantia da viabilidade do reconhecimento como prova, 
pois através de seu cumprimento se dirime a margem de erro que estes 
instrumentos em geral apresentam.15
4.4 Provas Periciais
Dentre as provas, o CPPM, a partir do artigo 314, disciplina a 
elaboração das perícias e dos exames. Trata-se de capítulo 
importantíssimo e que deve ser objeto de bastante reflexão do 
Encarregado do IPM na realização de seu trabalho.
Perícias são, assim, os exames feitos por quem tenha habilitação 
técnica e compromisso legal, preexistentes quando se tratar de peritos já 
integrados no serviço público, ou, na ocasião, prestado perante o juízo ou 
a autoridade que preside o IPM com a finalidade de elucidar a justiça, 
tecnicamente, sobre a existência ou não de um fato, que pode configurar 
a prática de um crime.
A perícia pode ser formada como uma prova plena, prevalente 
sobre as outras. No entanto, deve ela, como as demais formar o quadro 
probatório, ou seja, harmonizar-se com as demais provas.
15 In Revista do Direito Penal, vol. 23, trabalho de Heleno Cláudio Fragoso sobre a 
admissibilidade da prova em processo penal.
23
O Professor ROBERTO LYRA acentua que:
A perícia auxilia o Juiz no conhecimento do fato e, como tal, não passível 
de avaliação técnico-processual. Ela não atua, porém, no convencimento. 
Do contrário, estaria cindida a função jurisdicional, por natureza 
indivisível.
Quando a infração for daquelas que deixam vestígios, torna-se 
obrigatória a perícia denominada “corpo de delito”, direto ou indireto, na 
observância do art. 328 do Código, que, nem só não poderá ser suprida 
pela confissão do acusado, como redundará, se não existente, em 
nulidade insanável, tal se vê no artigo 500 inciso IV, da norma processual 
em exame.
Geralmente, o Encarregado de IPM recebe, prontos, os laudos 
periciais, mormente, quando se trata de delitos contra pessoa. Tais laudos 
são oriundos do Setor Técnico especializado da Polícia Civil. Isto não 
significa, entretanto, que deva dar-se por satisfeito. Havendo necessidade 
de novos exames ou esclarecimentos estes devem ser requisitados.16
4.5 Prova Documental
Documento é todo objeto que representa, em si, reunida e fixada, 
a manifestação, por parte de uma pessoa, de um pensamento, de uma 
vontade, ou a enunciação de um fato próprio, ou a narração de um 
acontecimento.
O Código estatui da exibição em juízo do documento e sua 
juntada, com a audiência das partes, na redação do art. 379, que constitui 
formalidade essencial do processo, sob pena da nulidade decretada no art. 
500, inciso IV, do mesmo diploma, ditando, ainda sobre o momento da 
apresentação, isto é, até que os autos estejam conclusos para julgamento - 
art. 378, e da sua devolução, quando findado o feito, como determina o 
art. 381.
16 O art. 297 do CPPM dispõe categoricamente que o “Juiz formará convicção pela livre 
apreciação das provas colhidas em juízo” (g. n.). Tal assertiva confrontada com a 
conceituação de IPM, art. 90, reforça a característica do IPM como procedimento 
administrativo que serve de orientação para o titular da ação penal. Há de se levar em 
conta, porém, que os tribunais, embora por vezes hesitem, observam, em geral, os 
princípios que regulam o alcance e significação da prova colhida no inquérito. Quando 
se trata de perícias elas não são repetidas na fase processual (parágrafo único, art. 90, 
CPPM), sendo, pois, definitivas. Daí o cuidado redobrado do Encarregado do IPM.
24
Mas requerendo que bem se diga do documento como prova, que 
não está evidentemente na sua materialidade, ficamos, mais uma vez, 
com MALATESTA, que, dando os limites do valor probatório, na 
hipótese, assim sintetiza condicionando:
1.º - correspondência entre o que aparece escrito e o que se 
escreveu;
2.º - correspondência entre a pessoa que aparece a assinar, quer 
intervindo no ato, quer escrevendo-o e a pessoa que na realidade o 
assinou somente, ou assinou e escreveu;
3.º - correspondência entre o que acha escrito e o que do escrito 
resulta como existente, ter sucedido ou ter sido dito”. 17
Especial cuidado deverá ter o Encarregado quando se trate de 
cópias fotostáticas que devem ser autenticadas e legíveis.
Quanto ao valor dos documentos deve ser esclarecido que, 
enquanto os documentos públicos valem por si mesmos, os particulares 
necessitam ser autenticados “quer pela expressa declaração de seu(s) 
autor(es) quer pelo reconhecimento de letra e firma, pelo escrivão” 
(Espíndola Filho - CPP anotado - 1949 - III (171).
4.6 Prova Indiciária
Galdino Siqueira, sobre o indício, assim se define, citando outros 
autores:
Indício é o fato, circunstância acessória que se liga ao crime, e por onde 
se conclui, que o crime foi consumado, que um determinado indivíduo 
nele tomou parte, ou que há crime e que foi consumado de tal ou qual 
maneira. Assim, os indícios versam ou sobre o fato, ou sobre o agente ou 
sobre o modo do fato.
Para não confundir “indícios” com “presunções” nos reportamos a 
CARRARA, segundo o qual indícios são circunstâncias que nos revelam, 
pela conexão que guardam com o fato probando, a existência desse 
mesmo fato, ao passo que as presunções exprimem a própria persuação 
desta existência.
Da definição se consagra, pois, que o indicio pode conduzir à 
prova plena, através da dedução. No Acórdão 40.727 - diz o Ministro 
17 Malatesta - A lógica das provas em matéria criminal - pág. 604.
25
Lima Torres, que a “prova indiciária justifica apenaso oferecimento de 
denúncias”. Há preocupação de que, em juízo a prova se robusteça. Caso 
contrário, impor-se-á a absolvição. Para pronúncia, no processo penal 
comum, segundo o STF (RTJ 46-309) “os indícios devem ser suficientes, 
tanto da existência do crime quanto de que seja o réu o seu autor”.
Sob tal condicionamento, para que o indício seja prova, além do 
requisito de casualidade, impõe a lei que a circunstância conhecida 
coincida com a prova colhida no processo, direta ou indireta, porém 
necessariamente outra.
26
CAPÍTULO II
ASPECTOS TÍPICOS DO CÓDIGO DE 
PROCESSO PENAL MILITAR
Dr. José Raimundo Duarte
Juiz Auditor da 2.ª AJME
1 APRESENTAÇÃO
Sem nenhuma pretensão doutrinária, proponho-me, na medida do 
possível e de maneira singela e prática, trazer ao leitor da primeira revista 
editada pelo Tribunal de Justiça Militar do Estado de Minas Gerais, 
alguns aspectos típicos da legislação processual penal militar, a qual, em 
muitos pontos, difere substancialmente do Código de Processo Penal 
Brasileiro.
2 DO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
O inquérito policial militar, segundo o art. 9.º do CPPM, visa a 
apuração de fato, que, nos termos legais, configure crime militar, e de sua 
autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua é 
a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal. No 
decorrer das investigações, se positivada que a infração penal não tem a 
natureza militar, o seu encarregado comunicará o fato à autoridade 
policial competente, a quem fará apresentar o preso. A novidade no 
inquérito policial militar, a merecer relevo, está na previsão da custódia 
cautelar. 
No curso das investigações o seu encarregado, se pelas 
circunstâncias, julgar necessário, poderá, nos crimes propriamente 
militares, decretar a prisão do indiciado pelo prazo de 30 dias, 
prorrogável por mais 20 dias, comunicando o fato ao MM Juiz-Auditor; 
nas demais circunstâncias, solicitará ao mesmo a decretação da prisão. A 
prisão provisória prevista no art. 18 do CPPM só se justifica na hipótese 
de o indiciado, solto, venha a dificultar ou tumultuar as investigações, 
sobretudo se tentar destruir provas ou exercer coação ou constrangimento 
sobre as testemunhas. O encarregado do Inquérito obrigatoriamente 
deverá comunicar à autoridade judiciária competente os fundamentos da 
prisão, podendo o juiz Auditor, se discordar da necessidade invocada, 
27
determinar o seu relaxamento, colocando o indiciado em liberdade.
O inquérito será encerrado com minucioso relatório do seu 
encarregado, no qual mencionará todas as diligências feitas e os 
resultados obtidos sobre o fato delituoso. Minucioso relatório não 
significa permitir ao encarregado adotar posição muitas vezes parciais e 
extremadas, assumindo, não raro, o papel de autêntico defensor, até com 
citações doutrinárias e jurisprudenciais para justificar a ação praticada 
pelo investigado. A posição do encarregado há de ser de isenção, até 
porque ao Representante do Ministério Público cabe a atribuição de 
capitular o crime, oferecer ou não a denúncia, conforme os elementos 
informadores contidos nos autos. Ao concluir o Inquérito a autoridade 
policial pode, se entender necessário, pedir a decretação da prisão 
preventiva do indiciado. Tal como na legislação comum não pode a 
autoridade policial mandar arquivar autos de inquérito, ainda que 
conclusivo pela inexistência de crime ou inimputabilidade.
3 DA AÇÃO PENAL E DE SEU EXERCÍCIO
Na legislação militar a ação penal é pública incondicionada. Só 
pode ser promovida por denúncia do Representante do Ministério 
Público. Inexiste ação privada. Mas qualquer pessoa, no exercício do 
direito de representação, poderá provocar a inciativa do Ministério 
Público, dando-lhes todas as informações sobre fato que constitua crime 
militar. A denúncia, segundo o mandamento do art. 30 do CPPM, deve 
ser apresentada sempre que houver prova do fato que, em tese, constitua 
crime e indícios suficientes de autoria. Mesmo na hipótese de 
comprovada excludente de criminalidade a denúncia tem de ser oferecida 
pelo Ministério Público.
Questão interessante e que merece destaque é a figura do 
assistente de acusação dentro da legislação militar. O art. 60 do CPPM 
permite ao ofendido, seu representante legal e seu sucessor habilitar-se a 
intervir no processo como assistentes do Ministério Público. O seu 
parágrafo único diz quem é representante legal e sucessor: 
para os efeitos deste artigo, considera-se representante legal o ascendente 
ou descendente, tutor ou curador do ofendido, se menor de dezoito anos 
ou incapaz; e sucessor, o seu ascendente, descendente, ou irmão, podendo 
qualquer deles, com exclusão dos demais, exercer o encargo, ou constituir 
advogado para esse fim, cm atenção à ordem estabelecida neste 
parágrafo, cabendo ao juiz a designação se entre eles não houver acordo.
28
O legislador, provavelmente e por omissão, excluiu o cônjuge do 
rol dos que podem intervir no processo como assistente de acusação. A 
lacuna, sem dúvida alguma, é injustificável porque o cônjuge tem 
legitimo interesse no deslinde do processo, por isso mesmo considero-a 
passível de correção pela analogia ao Código de Processo Penal comum. 
O assistente, admitida a habilitação, tem atuação bastante limitada. Não 
lhe é permitido arrolar testemunhas, nem requerer diligências ou 
expedição de cartas precatórias que retardem o curso do processo e nem 
mesmo interpor recursos. Assim, se o Representante do Ministério 
Público se conformar com a decisão prolatada pelo Conselho, nenhuma 
medida poderá tomar o assistente de acusação.
4 DAS PROVIDÊNCIAS QUE RECAEM SOBRE A PESSOA
No capítulo terceiro, o Código trata das providências que recaem 
sobre a pessoa, inciando-se pela prisão provisória. Em relação ao Código 
de Processo Penal Comum pouca diferença existe. Tanto nesta quanto 
naquela, a segregação provisória decorre ou da prisão em flagrante delito, 
prisão preventiva ou da prisão temporária. Esta pode ser decretada pelo 
Juiz Auditor ou pelo Conselho de Justiça, de oficio, a requerimento do 
Ministério Público ou mediante representação da autoridade encarregada 
do Inquérito Policial Militar, em qualquer fase do processo, desde que 
concorram os requisitos seguintes: prova do fato delituoso e indícios 
suficientes de autoria. Convém salientar que a competência do Juiz 
Auditor para a decretação da prisão preventiva restringe-se à fase de 
investigações e até antes do recebimento da denúncia. Após isso a 
competência é transferida para o Conselho de Justiça que deverá 
examinar a necessidade da prisão provisória. Evidentemente, nada 
impede que o Juiz Auditor, conduzido pela necessidade da medida, a 
decrete para posterior ratificação pelo Conselho.
No capítulo da Liberdade Provisória o Código de Processo Penal 
Militar prevê três hipóteses em que ela deve ou não ser concedida. Em 
primeiro lugar, livrar-se-á solto o indiciado ou acusado que houver 
cometido infração a que não for cominada pena privativa da liberdade. A 
legislação não contempla penas pecuniárias, mas prevê penas de reforma 
ou suspensão do posto que evidentemente não privam a liberdade.
O parágrafo único do art. 270 do CPPM estabelece que o 
indiciado ou acusado poderá livrar-se solto se: 
29
a) - a infração for culposa, salvo se compreendida entre as 
previstas no Livro I, TítuloI, da parte especial do Código 
Penal Militar. São os crimes contra a segurança externa do 
País (arts. 136 a 141): 
b) - se a infração for punida com pena de detenção não superior a 
dois anos, salvo as previstas nos arts. 157, 160, 161, 163, 164, 
173, 176, 177, 178, 187, 235, 299, 302 do CPM.Visando tutelar a hierarquia e a disciplina, esteios de qualquer 
organização militar, a lei vedou a concessão da liberdade provisória a 
praticamente todos os delitos propriamente militares. A restrição é 
plenamente justificável, pois não se compreende que militar, autuado em 
flagrante delito pela prática de violência contra Superior, por desrespeito 
a superior, por insubordinação, deserção, pederastia no interior do 
quartel, ou qualquer outro crime essencialmente militar, viesse 
beneficiar-se da liberdade provisória. o convívio com seus pares, sem 
uma decisão definitiva para a sua falta, não só afetaria a hierarquia como 
ainda poderia servir de estímulo a outras indisciplinas.
Ainda no campo da liberdade provisória encontra-se a 
menagem18, figura desconhecida na legislação comum. E concedida pelo 
Juiz nos crimes, cujo máximo da pena Privativa da liberdade não exceda 
quatro anos, tendo-se, porém, em conta a natureza do crime e os 
antecedentes do acusado. Somente será concedida depois de prévia 
audição do Ministério Público e de informações da autoridade 
responsável pelo comando da área a respeito de sua convivência. A 
menagem poderá ser intra ou extra muros, a critério da autoridade 
judiciária.
5 DO INÍCIO DO PROCESSO ORDINÁRIO
Basicamente, o Código de Processo Penal Militar só prevê um 
rito processual, exceto no caso de deserção de Oficial. O processo 
ordinário inicia-se com o recebimento da denúncia. O Juiz Auditor, ao 
receber a denúncia, convocará o Conselho Permanente de Justiça ou 
providenciará o sorteio do Conselho Especial, em se tratando de Oficial 
acusado. O Conselho Permanente é sorteado e instalado para a duração 
de três meses. Renova-se a cada trimestre. A sua competência é somente 
18 Segundo Loreira Neto (1992, p. 90/95) a menagem se constitui em uma espécie de 
prisão provisória fora do cárcere.
30
para os processos em que estejam envolvidas os praças, alcançando do 
soldado ao aspirante a oficial. Já o Conselho Especial, competente para 
julgar os oficiais do tenente ao tenente-coronel, é convocado para cada 
processo. A sua atuação encerra com o julgamento, só devendo ser 
reconvocado na hipótese de anulação do processo ou da sentença.
Recebida a denúncia o Juiz Auditor marcará dia e hora para 
interrogatória após a citação do acusado. Segue-se a audição das 
testemunhas numerárias ou indicadas pelo Representante do Ministério 
Público. A lei processual não admite a defesa prévia, a exemplo da 
legislação comum. Assim, a defesa poderá arrolar testemunhas, não 
excedente de três para cada acusado, em qualquer fase do processo, desde 
que não ultrapasse o prazo de cinco dias da oitiva da última testemunha 
do Ministério Público. Apresentado o rol pela defesa, o Juiz Auditor 
providenciará a audição das testemunhas e em seguida consigna às partes 
o prazo comum de cinco dias para requerimento de diligências. Se nada 
requererem, passa-se para a fase das alegações finais, podendo as partes 
apresentá-las por escrito ou reservar o plenário para produzi-las. Em 
seguida o Juiz proferirá o despacho saneador, podendo ordenar 
diligências para sanar qualquer nulidade ou suprir falta prejudicial ao 
esclarecimento da verdade. Considerando o processo devidamente 
preparado, designará dia e hora para julgamento, notificando-se as partes, 
inclusive o assistente, se houver, e requisitando o acusado preso à 
autoridade que o custodie. Aspecto peculiar da legislação militar é que 
todo e qualquer processo, desde uma simples lesão corporal - muitas 
vezes de natureza levíssima - a delitos de extrema gravidade, 
obrigatoriamente é levado a julgamento oral perante a unanimidade do 
Conselho. Ausente qualquer de seus membros o julgamento tem de ser 
adiado. Como se verifica, não obstante a celeridade da instrução criminal, 
o desate do processo, por vezes, fica seriamente prejudicado. Perde-se 
tempo valioso com um ritual quase semelhante ao do Tribunal do Júri. As 
partes dispõem do elástico período de três horas para a exposição de seus 
fundamentos, com a previsão de uma hora a mais, tanto para a acusação 
quanto para a defesa, no caso de réplica e tréplica. Seria desejável e até 
necessário que a lei processual militar, nesse passo, e sobretudo para uma 
melhor aplicação no âmbito estadual, sofresse alteração de modo a 
permitir ao Juiz Auditor decidir sozinho determinados processos, máxime 
os de menor importância, reservando à apreciação do Conselho os delitos 
31
que mais profundamente agredissem a sociedade. A alteração viria 
favorecer a própria justiça como um meio eficaz de acelerar o desfecho 
dos processos.
Mas, voltando ao procedimento a que estamos nos referindo, após 
os debates o Conselho de Justiça passa a decidir em sala secreta. O Juiz 
Auditor deve relatar o processo, confrontando as provas produzidas, 
analisando os fundamentos e os pedidos das partes. Ao final profere o seu 
voto, colhendo os dos demais Juizes, respeitando o critério de 
antiguidade do posto. Em seguida é redigido um extrato da decisão do 
Conselho que é lido na reabertura da sessão. O Juiz Auditor deverá 
prolatar a sentença no prazo de sete dias, ainda que tenha sido vencido na 
decisão. Neste caso, acompanhando a sentença, deverá trazer o voto 
escrito justificando os motivos de seu convencimento.
A respeito do julgamento, o que mais chama atenção, o que mais 
eloquentemente provoca frequentes vivos e acirrados debates é o fato de 
Conselho Permanente ou Especial poder, unilateralmente, por seu próprio 
alvedrio, desclassificar o delito capitulado na inicial.
Diz, in verbis, o art. 437 do CPPM: 
O Conselho de Justiça poderá: a) dar ao fato definição diversa da que constar 
na denúncia, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave, 
desde que aquela definição haja sido formulada pelo Ministério Público em 
alegações escritas e a outra parte tenha tido a oportunidade de respondê-lo.
O Superior Tribunal Militar, em alguns julgados, tem inquinado 
de nulidade tais desclassificações operadas pelos Conselhos de Justiça 
sem o prévio pronunciamento da acusação, por escrito, e a outra parte 
tenha tido a oportunidade de respondê-la. A matéria sobre ser 
controvertida não é pacífica e constantemente vem merecendo exame 
mais aprofundado de outros tribunais, particularmente do tribunal de 
Justiça Militar do Estado de Minas Gerais que, em reiterados julgados, 
tem admitido a desclassificação, mesmo sem a iniciativa escrita do 
Ministério Público, para beneficiar o acusado. Parece-nos que a exceção 
prevista à possibilidade de desclassificação refere-se tão somente aos 
casos em que a nova definição jurídica venha importar na aplicação de 
pena mais grave.
32
6 DOS RECURSOS
O Código de Processo Penal Militar admite os seguintes recursos: 
em sentido estrito, apelação, embargos, revisão, o recurso extraordinário, 
o agravo de instrumento contra o despacho de inadmissão do 
extraordinário e ainda o recurso ordinário para o Supremo Tribunal 
Federal das decisões denegatórias de Habeas Corpus. A peculiaridade 
está no que respeita aos embargos porque o art. 538 do CPPM prevê que 
tanto o Ministério Público quanto o réu poderão opor embargos de 
nulidade, infringentes do julgado e de declaração às decisões finais 
proferidas pelo Superior Tribunal Militar. Como se verifica, em 
comparação à legislação comum, houve evolução da legislação militar, 
ou que aquela não estendeu tal recurso também à acusação.
7 DA EXECUÇÃO DA SENTENÇA - DOS SEUS INCIDENTES
A execução da sentença, segundo o determinado pelo art. 588 do 
CPPM, compete ao Auditor da Auditoria por onde correu o processo, ou 
nos casos de competênciaoriginária do Superior Tribunal Militar, ao seu 
presidente. A Lei, como se vê, não prevê uma auditoria de execuções 
criminais. O Juiz Auditor que julga é o que executa a sua sentença.
No que concerne à Suspensão Condicional da Pena, o Código de 
Processo Penal Militar a contempla para a pena privativa da liberdade 
não excedente de dois anos e pelo prazo não inferior a dois anos e nem 
superior a seis anos. A particularidade está na restrição à concessão do 
beneficio em determinados casos. Veda-o aos delitos contra a segurança 
nacional, de aliciação ou aliciamento, de violência contra superior, oficial 
de serviço, sentinela, vigia ou plantão, de desrespeito a superior e 
desacato, de insubordinação, insubmissão ou de deserção e a outros 
tipicamente militares. Basicamente é a mesma restrição para a liberdade 
provisória como já tivemos oportunidade de demonstrar linhas atrás.
CONCLUSÃO - Procurei destacar, despido de qualquer 
preocupação doutrinária, que demandaria estudo mais aprofundado, e 
atento apenas à vivência do cotidiano, alguns dos vários aspectos da 
legislação processual militar, que diferenciam-na da legislação comum.
Trata-se de um Código com praticamente um rito processual.
É, entretanto, desejável e útil que venha ser mais simplificado, 
especialmente no processamento e julgamento de crimes apenados com 
33
sanções leves, possibilitando a agilização da Justiça Militar que, por sua 
natureza, deve primar pela celeridade, com economia de tempo e de 
recursos financeiros.
Realmente não se compreende, que processos como os relativos a 
crimes de lesão corporal leve, e até levíssima (inovação no Direito Penal 
Militar) tenham o mesmo rito daqueles referentes aos crimes dolosos 
contra a vida, todos semelhantes aos procedimentos do Tribunal do Júri, 
no processo comum.
As suas várias peculiaridades se justificam plenamente porque a 
intenção do legislador - e nem poderia ser outra - é a de tutelar e 
preservar a hierarquia e a disciplina que regem as instituições militares. E 
um instrumento moderno e útil à prática da Justiça Militar. Uma 
codificação abrangente, completa, e raríssimas vezes o seu aplicador 
sente necessidade de recorrer à legislação comum para suprir faltas ou 
omissões.
(Publicado na Revista de Estudos e Informações da Justiça Militar 
do Estado de Minas Gerais).
34
CAPÍTULO III
TERMOS TÉCNICOS E JURÍDICOS UTILIZADOS NO IPM/APF
ABERTURA - termo que se usa no início do processo a partir do 
segundo volume do IPM para indicação do mesmo19.
ACAREAÇÃO - confronto de duas pessoas em cujas declarações 
existem divergências a serem esclarecidas.
AOS COSTUMES - expressão usada na assentada de inquirição 
de testemunhas na qual se revela o grau de parentesco, afinidade ou 
interesse no caso, entre o depoente e o indiciado e vítima.
A ROGO - assinatura de terceiro que substitui a do declarante, 
quando este não sabe ou não pode assinar seu depoimento.
ARRESTO - apreensão e depósito de quaisquer bens pertencentes 
ao indiciado, visando garantir a execução da sentença que futuramente 
reconhecerá sua obrigação como devedor.
ASSENTADA - termo lavrado no início, interrupção e 
encerramento dos trabalhos de audição de pessoas no IPM.
AUTÓPSIA - exame médico feito no interior do cadáver, para 
descobrimento da causa da morte. O mesmo que NECRÓPSIA.
AUTO - peça escrita, de natureza judicial, constitutiva do 
processo que registra a narração minuciosa, formal e autêntica de 
determinações ordenadas pela autoridade competente.
AUTOS - conjunto de peças que formam o processado de um 
inquérito. 
AUTUAÇÃO - termo lavrado pelo escrivão para reunião da 
portaria e demais peças que a acompanham que deram origem ao 
inquérito (capa do IPM). 
AVALIAÇÃO - ato realizado por peritos com a finalidade de 
19 As conceituações aqui apresentadas são sintéticas, objetivando dar uma primeira 
situações especiais que ocorrem no processo militar. A definição mais concreta ou 
explicação mais detalhada poderá ser encontrada no Corpo do Manual.
35
apurar o valor da coisa destruída, deteriorada ou desaparecida que foi 
objeto da infração penal.
AVOCAÇÃO - chamamento a si da solução final do IPM, o que 
ocorre quando o Cmt não concorda com a conclusão apresentada.
BUSCA - procura ou pesquisa visando encontrar pessoal ou 
material que tenham relação de uma forma ou de outra com o fato 
delituoso.
CARTA PRECATÓPJA - documento que se remete a uma 
autoridade solicitando-lhe a audição de pessoa que se encontra em sua 
jurisdição.
CERTIDÃO - ato através do qual o escrivão dá conhecimento ao 
encarregado do inquérito do cumprimento ou não das determinações 
contidas no seu despacho. Serve também para assinalar a ocorrência de 
algum fato relevante, de interesses futuro dos autos.
CITAÇÃO - chamamento do réu a juízo para ver-se processar. 
Emana de ordem judicial. O réu não pode ser interrogado (no processo) 
sem antes ser citado. Há um caso de citação pela autoridade policial, 
quando esta desenvolve o processo sumário. Exemplo: Lei 4.611/65.
COMPROMISSO - juramento prestado pelo escrivão ou peritos 
de cumprirem fielmente as determinações do encarregado do inquérito e 
do CPPM e guardarem sigilo do que tiverem conhecimento. Ainda, 
juramento prestado pela testemunha de dizer a verdade em seu 
depoimento.
CONCLUSÃO - ato do qual o escrivão, após o término dos 
trabalhos oriundos do despacho, faz a entrega dos autos ao encarregado 
do inquérito20. 
CONDUTOR - agente que apresenta o conduzido à autoridade 
competente para ratificar a prisão e promover a lavratura do APF.
CORPO DE DELITO - conjunto de elementos sensíveis ao fato 
delituoso, constatados através de exames periciais, que visam 
20 Nos IPM observa-se que o excesso de formalismo tem prejudicado os trabalhos. 
Assim, esse novo Manual objetiva ser mais prático, racional, com eliminação de alguns 
dos termos privativos do Escrivão ou pequenos termos de movimento, como: 
“recebimento”, “conclusão”, “data”, “juntada”, “apensamento”, “certidão”.
36
materializar, tipificar e qualificar a infração.
CRIME MILITAR - ilícito penal praticado nas condições 
previstas nos artigos 9.º e 10 do CPM.
DELEGAÇÃO - atribuição de poderes de polícia judiciária 
militar para instauração de IPM, que poderá ser retomada, tornando-se 
insubsistente o ato que a outorgou, por razões legais ou administrativas.
DESPACHO - ato através do qual o encarregado do inquérito 
determina providências a serem tomadas pelo escrivão.
DETENÇÃO - recolhimento em local próprio, por tempo 
permitido por lei, que o encarregado do IPM pode impor ao indiciado 
policial-militar. Por se tratar de medida privativa de liberdade é 
instrumento que deve ser utilizado em último caso e com a devida 
comunicação ao MM Juiz Auditor.
DILIGÊNCIAS - ação levada a efeito para apuração do fato 
delituoso que motivou o inquérito; são os atos praticados visando a 
elucidação das circunstâncias, autoria e materialização da infração 
cometida.
ENCARREGADO - nome que se atribui ao oficial a quem se 
destinou a portaria para instauração do IPM.
ESCREVENTE - militar designado para executar os trabalhos de 
datilografia quando o escrivão designado para o inquérito não for 
datilógrafo. Trata-se de situação excepcional.
ESCRIVÃO - militar (primeiro ou segundo tenentes, subtenente 
ou sargento) designado para executar os trabalhos de datilografia e 
demais providências determinadas pelo encarregado do IPM, previstas no 
CPPM. É o responsável pela estética, formalização e guarda dos autos. 
Ao escrivão também pode ser dada missão de levantar subsídios, realizar 
diligências complementares, esclarecedoras, do que lavraráum 
respectivo termo, relatando os trabalhos.
EXAME - estudo, pesquisa, averiguação de um estado de coisa.
EXUMAÇÃO - ato de se proceder ao desenterramento de cadáver 
para nele se processar o exame cadavérico de necrópsia.
HOMOLOGAÇÃO - aprovação da solução (conclusão final) 
apresentada pelo Encarregado do IPM.
37
HORÁRIO DIURNO - tempo estabelecido por lei, compreendido 
entre as sete e dezoito horas para audição de pessoas.
IDONEIDADE - bom conceito social (moral e profissional), que 
torna uma pessoa digna de credibilidade.
IMPEDIMENTO - situação existente que obsta a participação de 
determinada pessoa inquérito.
INCOMUNICABILIDADE - proibição a um preso de se 
comunicar com outrem.
INDICIADO - pessoa sobre a qual pairam as acusações da prática 
ou mesmo indícios cometimento do fato delituoso. Nos IPM destinados à 
JME somente policiais-militares podem ser indiciados, visto que esta não 
tem competência para julgar civis.
INFORMANTE - testemunha da qual a lei não exige 
compromisso de dizer a verdade em seu depoimento.
INQUIRIÇÃO - tomada de depoimento de testemunhas.
INTERROGATÓRIO - audição do indiciado em juízo, também 
usado na fase do inquérito.
INTIMAÇÃO - ato de compelir alguém a comparecer perante o 
encarregado do Inquérito.
IPM - Inquérito Policial Militar - peça informativa elaborada por 
um Oficial com a finalidade de apurar uma infração de natureza militar, 
para oferecimento de elementos necessários à propositura da ação penal.
JUNTADA - ato através do qual o escrivão faz a anexação ao 
processo de documentos vindo ás mãos do encarregado do inquérito e 
que interessam ao IPM.
MINISTÉRIO PÚBLICO - titular da pretensão punitiva do 
Estado. Hoje não mais existe a terminologia Ministério Público Militar 
junto à JME.
NOMEAÇÃO - designação de pessoa para o exercício de 
determinada função no IP M, como escrivão, perito, etc.
NOTA DE CULPA - instrumento pelo qual se dá ao preso ciência 
dos motivos de sua prisão, bem como de seu condutor e testemunhas.
NOTIFICAÇÃO - ciência dada para prática de ato devido e 
futuro. Geralmente para comparecimento em local, data e horário 
38
determinados para a execução do ato. Em juízo a testemunha é 
notificada.
OFENDIDO - pessoa física ou jurídica atingida diretamente pelo 
ato delituoso. 
PERÍCIA - exame técnico procedido por perito, retratado através 
de laudo pericial.
PERITO - técnico designado para examinar e dar parecer sobre 
assunto de sua especialidade.
PORTARIA - documento através do qual autoridade designa e 
delega competência a um oficial para instaurar um IPM. Indica, também, 
no caso do IPM, a abertura dos trabalhos, na qual o Encarregado dá as 
primeiras ordens sobre a condução do trabalho. A primeira é a “Portaria 
de designação” a segunda é a “de instauração do IPM”.
PRAZO - período de tempo estipulado legalmente para 
determinado ato ou realização de um trabalho.
PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO - ato de prender o agente 
estando ele cometendo a infração penal, acabando de cometê-la, é 
perseguido logo após em situação que faça presumir ser ele o autor da 
infração ou encontrado logo após com instrumentos, armas, objetos ou 
papéis que autorizem aquela presunção.
PRISÃO PREVENTIVA - ato processual penal cautelar 
decretado pelo Juiz tanto na fase investigatória como processual.
PRORROGAÇÃO - dilatação do prazo anteriormente fixado, por 
circunstâncias imprevistas no decorrer do inquérito.
PROVAS -conjunto de elementos que promovem o 
convencimento da certeza da existência do fato e sua autoria.
QUALIFICAÇÃO - dados que individualizam uma pessoa, 
utilizado no início de cada tomada de declarações. Deve conter: nome 
completo, nacionalidade, naturalidade, idade, filiação, estado civil, 
profissão, residência, posto ou graduação e unidade em que serve, se 
militar.
QUESITOS - perguntas previstas em legislação para cada caso 
específico além de outras julgadas convenientes pelo encarregado do 
inquérito a serem feitas aos peritos.
39
RECEBIMENTO - ato praticado pelo escrivão todas as vezes que 
receber do encarregado os autos para providências.
RECONHECIMENTO - termo através do qual se procede a 
confirmação ou não da identificação de uma pessoa ou coisa.
RECONSTITUIÇÃO - reprodução simulada do fato delituoso na 
conformidade da lei.
RELATÓRIO - documento final do IPM, ou do APF no qual seu 
encarregado descreve minuciosamente o fato apurado e faz sua conclusão final, 
cujo nome é “solução, que poderá ser ou não homologada pelo Cmt da OPM. 
REINQUIRIÇÃO - ato de reperguntar a uma pessoa inquirida 
anteriormente, que deixou alguma coisa a ser esclarecida.
REMESSA - ato de entrega do inquérito, após o seu término, à 
autoridade delegante.
REQUISIÇÃO - pedido formulado pelo encarregado do IPM 
solicitando a uma autoridade o comparecimento de pessoas, fornecimento de 
documentos, materiais, ou ainda outras providências necessárias ao inquérito.
RESTITUIÇÃO - devolução do bem ao lesado ou a terceiro de boa fé 
feita pelo encarregado do inquérito, da qual se lavra o respectivo termo.
SEQÜESTRO - apreensão de bens em posse do indiciado ou de 
terceiro por serem produtos da infração penal ou adquiridos com 
proventos da mesma. 
SOLUÇÃO - conclusão final a que chega o encarregado do IPM 
na qual se manifesta sobre a existência ou não de crime, contravenção 
penal ou transgressão disciplinar e as providências a serem adotadas.
SUSPEIÇÃO - situação existente que compromete a 
imparcialidade do encarregado do IPM perante a justiça. Deve ser 
declarada por ele quando ocorrer a situação.
TEMPO DE INQUIRIÇÃO - período de tempo consecutivo de 
inquirição permitido por lei.
TERMO - documento que formaliza os atos praticados no curso 
do inquérito. 
TESTEMUNHA - pessoa chamada a depor no inquérito, por ser 
conhecedora do fato de uma forma qualquer.
40
CAPÍTULO IV
ROTEIRO DE UM INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
1. Um inquérito dificilmente será idêntico a outro em virtude das 
peculiaridade de cada caso. Assim, peças que nele aparecem podem não 
existir em outro e a ordem delas nem sempre é a mesma.
Com efeito, um IPM instaurado para apurar crime de homicídio 
acarretará providências diferentes daquele instaurado para apurar crime 
de furto, dever militar, administração militar.
2. Entretanto, existem peças que são comuns a todos os inquéritos 
policiais militares, consideradas essenciais e que não podem, sob pretexto 
algum, faltar.
São elas, na ordem em que geralmente aparecem no IPM:
AUTUAÇÃO
PORTARIA DE INSTAURAÇÃO E ORDENS DE SERVIÇO 
INICIAIS
NOMEAÇÃO DO ESCRIVÃO
TERMO DE COMPROMISSO DE ESCRIVÃO
PORTARIA DE DESIGNAÇÃO DO ENCARREGADO 
DESPACHO DO ENCARREGADO
CERTIDÃO DE CUMPRIMENTO DE DILIGÊNCIAS 
PRELIMINARES
TERMO DE PERGUNTAS AO OFENDIDO
TERMO DE PERGUNTAS AO INDICIADO 
ASSENTADA
TERMOS DE INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS 
PERÍCIAS OU EXAMES
CROQUIS
RELATÓRIO
SOLUÇÃO
REMESSA
HOMOLOGAÇÃO OU AVOCAÇÃO
41
3. PEÇAS QUE PODEM SURGIR NO IPM - além daquelas 
peças comuns e essenciais a todo IPM, existem outras que se relacionam 
diretamente com cada tipo de ato delituoso a ser apurado e diligências a 
serem empreendidas.
São elas:
AUTO DE AVALIAÇÃO
AUTO DE BUSCA E APREENSÃO
AUTO DE EXAME CADAVÉRICO
AUTO DE EXAME DE CORPO DE DELITO (Direto e Indireto)
AUTO DE EXAME DATILOSCÓPICO
AUTO DE EXAME DE EMBRIAGUEZ
AUTO DE EXAME PERICIAL (outras perícias)
AUTO DE EXAME DE SANIDADE
AUTO DE EXUMAÇÃO E NECROPSIA
AUTO DE PRISÃO (provisória)
AUTO DE RECONSTITUIÇÃO
CARTA PRECATÓRIA
TERMO DE ABERTURA
TERMO DE ACAREAÇÃO
TERMO DE COMPROMISSO DE PERITO
TERMO DE RECONHECIMENTO
TERMO DE RESTITUIÇÃO DE COISAS APREENDIDAS
SOLICITAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA
4. COMENTÁRIOS
Criticas a IPM, realizados por Oficiais que buscam mais o 
cumprimento de formalidades que a essência da investigação, levam a 
novas orientações.
As formalidades são relevantes

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