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Artigo Científico Caatinga XIX ENG

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O bioma Caatinga sob diferentes 
perspectivas brasileiras a partir de um 
olhar catarinense 
 
Eduardo S. Heusser¹ 
Fernanda H. Stein² 
Isaac E. Neckel³ 
 
¹ Graduado em Licenciatura Plena em Geografia, Especialista em 
Metodologia de Ensino de Geografia, Mestrando em Geografia na UFSC, Professor 
de Geografia de Ensino Fundamental e Médio, UNIDAVI, Rio do Sul-SC 
² Estudante de Ensino Médio, UNIDAVI, Rio do Sul-SC 
³ Estudante de Ensino Médio, UNIDAVI, Rio do Sul-SC 
¹ eduardo.geografia@unidavi.edu.br 
² fernanda.stein@unidavi.edu.br 
³ isaac.neckel@unidavi.edu.br 
 
Resumo: No Brasil, tornou-se comum o uso de expressivos veículos de 
informação para formação de opinião e construção de conceitos sobre 
assuntos socioambientais relevantes. Porém, diversos veículos de 
comunicação, não raro, fazem somente a divulgação superficial dos fatos 
ocorridos em alguma região, não mostrando, de fato, seu total potencial. 
Exemplo que se encaixa em tais padrões é a Caatinga, bioma brasileiro muito 
singular, situado no nordeste do país. Um dos aspectos mais marcantes é sua 
vegetação, majoritariamente xerófila, ligada à baixos índices pluviométricos. 
Neste trabalho, tem-se como principal questão o nível de conhecimento 
científico por parte dos brasileiros sobre este curioso bioma, desconsiderando 
conclusões precipitadas e de senso comum. Nasce assim, o estudo sobre as 
diversas perspectivas brasileiras de teor científico acerca do bioma Caatinga, 
sob a ótica de um olhar catarinense. O objetivo geral deste trabalho é analisar 
por meio de uma revisão bibliográfica como o bioma Caatinga é pesquisado 
por alguns brasileiros nas diferentes regiões brasileiras para então verificar 
algumas de suas fragilidades expressadas tanto nos estudos quanto nas 
políticas públicas pertinentes. Os objetivos específicos são: mostrar diferentes 
estudos sobre o bioma Caatinga; perceber como estes estão contribuindo para 
a efetivação de uma governança ambiental em seu território; destacar a 
necessidade de todos os brasileiros se interessarem pelas questões ambientais, 
atreladas não só ao bioma Caatinga, mas também à conservação de todos os 
biomas, dada a ampla degradação ambiental em nosso país. Este estudo de 
natureza qualitativa, classificado como uma pesquisa exploratória, é realizado 
 
 
 
 
por estudantes e professores do Ensino Médio de uma escola particular da 
Região Sul do Brasil. Consiste em um recorte das atividades de um grupo de 
pesquisa intitulado Grupo Estudantil em Iniciação Científica - GEIC, 
cadastrado no CNPq. A investigação ocorre semanalmente, a partir da busca 
de artigos científicos, dissertações e teses em repositórios universitários e 
sites de busca acadêmica. Faz-se a leitura de tais pesquisas, desenvolvendo 
um trabalho de correlação conceitual entre elas, percebendo principalmente a 
ênfase dada pelas questões de degradação e conservação ambientais. Quanto 
aos resultados, partindo da investigação realizada até o momento, percebe-se 
evidentemente o grande nível de influência da proximidade geográfica à área 
do bioma Caatinga nos autores das pesquisas investigadas. As Regiões Sul, 
Sudeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil possuem menor índice de pesquisas 
científicas relacionadas à Caatinga, ao passo que tais pesquisas são realizadas 
em maior escala por pesquisadores dos Estados da Região Nordeste. Desta 
forma, estima-se que a mesma tendência se aplique aos outros biomas 
brasileiros, como por exemplo, o bioma dos Pampas. Em suma, percebe-se a 
partir de um olhar catarinense que o teor de algumas pesquisas analisadas 
destaca o quanto é acentuado o desmatamento da Caatinga, o que está 
gerando processos de desertificação, alterando a biota, microclima e solo. 
Trata-se de pesquisas para desenvolver técnicas que informem a situação dos 
recursos naturais, e caminhos para recuperação e aproveitamento sustentável 
do bioma, bem como destacam o alto nível de degradação do mesmo, devido 
ao alto nível de antropização. Nota-se a grande diminuição do índice de 
biodiversidade da Caatinga nas últimas décadas, podendo isso estar ou não 
relacionado aos baixos índices pluviométricos. Pode-se concluir que a 
governança ambiental é pouco desenvolvida e ainda um tanto ineficiente em 
parte do território que compreende geograficamente o bioma Caatinga. 
 
Palavras-chave: Conservação; Degradação; Governança. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
No Brasil, tornou-se comum o uso de expressivos veículos de 
informação para formação de opinião e construção de conceitos 
sobre assuntos socioambientais relevantes. Porém, diversos 
veículos de comunicação, não raro, fazem somente a divulgação 
superficial dos fatos ocorridos em alguma região, não 
mostrando, de fato, seu total potencial. Exemplo que se encaixa 
em tais padrões é a Caatinga. 
Neste trabalho, tem-se como principal questão o nível de 
 
 
 
 
conhecimento científico por parte dos brasileiros sobre este 
curioso bioma, desconsiderando conclusões precipitadas e de 
senso comum. Nasce assim, o estudo sobre as diversas 
perspectivas brasileiras de teor científico acerca do bioma 
Caatinga, sob a ótica de um olhar catarinense. 
O objetivo geral deste trabalho é analisar por meio de uma 
revisão bibliográfica como o bioma Caatinga é pesquisado por 
alguns brasileiros nas diferentes regiões brasileiras para então 
verificar algumas de suas fragilidades expressadas tanto nos 
estudos quanto nas políticas públicas pertinentes. 
Os objetivos específicos são: mostrar diferentes estudos sobre 
o bioma Caatinga; perceber como estes estão contribuindo para 
a efetivação de uma governança ambiental em seu território; 
destacar a necessidade de todos os brasileiros se interessarem 
pelas questões ambientais, atreladas não só ao bioma Caatinga, 
mas também à conservação de todos os biomas, dada a ampla 
degradação ambiental em nosso país. 
 
2. OS BIOMAS BRASILEIROS: CARACTERÍSTICAS 
GERAIS E LOCALIZAÇÃO 
 
 Os biomas brasileiros são ambientes sensacionais de serem 
estudados e compreendidos. Infelizmente, nos deparamos com 
um desconhecimento muito grande acerca desta temática, 
descaso este em escala nacional. Notadamente, antes de 
discutirmos questões de cunho da pesquisa ambiental, é 
importante que façamos uma breve discussão do que está 
envolvido no conceito de bioma. Segundo Coutinho (2006, p. 1), 
podemos inferir que: 
 
O termo fitofisionomia foi proposto praticamente 
ao mesmo tempo que o termo formação. O termo 
bioma, proposto mais tarde, apenas adicionou a 
fauna à uniformidade fitofisionômica e climática, 
características desta unidade biológica. Várias 
modificações conceituais foram apresentadas por 
diversos autores, ao longo do tempo, 
 
 
 
 
acrescentando outros fatores ambientais ao 
conceito original, como o solo, por exemplo. 
Walter (1986) propôs um conceito 
essencialmente ecológico, considerando bioma 
como uma área de ambiente uniforme, 
pertencente a um zonobioma, o qual é definido 
de acordo com a zona climática em que se 
encontra. Este conceito considera ainda outros 
fatores ambientais ecologicamente importantes, 
como altitude e solo, distinguindo, então, 
orobiomas e pedobiomas. Um outro fator a ser 
considerado seria o fogo natural (pirobiomas). 
Bioma e domínio morfoclimático e 
fitogeográfico não são sinônimos, uma vez que 
este último não apresenta necessariamente um 
ambiente uniforme. O bioma de savana tropical é 
constituído por um complexo de fitofisionomias, 
um complexo de formações, representando um 
gradiente de biomas ecologicamente 
relacionados, razão suficiente para considerar 
este complexo como uma unidade biológica. 
 
 A partir disso, o Brasil é regionalizado em seis biomas, sendo 
eles: Pampas, Mata Atlântica, Pantanal, Cerrado, Amazônia e 
Caatinga. Podemos verificar essa organização do Brasil do 
ponto de vista biogeográfico na figura 1. 
Figura 1. Biomas do Brasil.(IBGE, 2018) 
 
 
 
 
 
3. O BIOMA CAATINGA SOB ANÁLISE BRASILEIRA 
 
A Caatinga é um bioma brasileiro muito singular, situado 
quase totalmente no nordeste do país. Um dos aspectos mais 
marcantes é sua vegetação, majoritariamente xerófila, ligada à 
baixos índices pluviométricos. De acordo com Velloso, Sampaio 
e Pareyn (2002, p. 1): 
 
O bioma Caatinga é o mais negligenciado dos 
biomas brasileiros, nos mais diversos aspectos, 
embora sempre tenha sido um dos mais 
ameaçados devido às centenas de anos de uso 
inadequado e insustentável dos solos e recursos 
naturais. Apenas recentemente houve um 
despertar de diversos setores governamentais e 
não-governamentais para a grave situação em 
que se encontra este bioma, pois além da grande 
necessidade de conservação dos seus sistemas 
naturais, ainda existe uma séria insuficiência de 
conhecimento científico. 
 
 Diante desta ótica partimos nosso estudo. Começamos com 
uma perspectiva nacional, por região geográfica do Brasil 
(figura 2). Por fim, esclarecemos nossa percepção catarinense, a 
cerca de 3000 km de distância do bioma Caatinga. 
 
 
 
 
Figura 2. Regiões Geográficas do Brasil. (IBGE, 2018) 
 
3.1 O BIOMA CAATINGA SOB A PERSPECTIVA 
DA REGIÃO NORDESTE 
 
 A Região Nordeste possui extrema importância tratando 
de assuntos referentes à pesquisa e exploração intelectual, visto 
que o bioma Caatinga localiza-se, em sua maior parte, em tal 
região. A pesquisa realizada nos repositórios das Universidades 
Federais do Maranhão (UFMA), Bahia (UFBA), Ceará (UFC) e 
Paraíba (UFPB) mostraram mais pesquisas relativas ao social, 
econômico e governança. Esta região possui o maior número de 
pesquisas realizadas sobre o bioma Caatinga, fato comprovado 
pela presença de mais de 750 (setecentos e cinquenta) textos 
específicos ou relacionados ao bioma, localizados somente no 
repositório da Universidade Federal da Paraíba. 
 Nota-se disseminação das informações apresentadas nas 
pesquisas realizadas na Região Nordeste perante informações 
trazidas por jornais, como a ocultação de problemas 
relacionados à “solução da seca”, tal como a integração do Rio 
São Francisco. A monografia de André dos Santos Souza (2014) 
“Status da vegetação de Caatinga após a implantação das obras 
de integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas 
do Nordeste Setentrional” nos mostra os impactos causados pela 
integração do Rio São Francisco, que, segundo Souza (2014, p. 
13) se mostram como impasses já esperados, como a redução da 
fitodiversidade local. 
 Outra monografia que acaba por desmistificar tabus 
relacionados a vegetação da Caatinga é a “Importância relativa 
de plantas medicinais no semiárido da Paraíba 
(Nordeste/Brasil)” de Priscilla Clementino Coutinho (2014, p. 
8), onde retira das plantas xerófilas da Caatinga o papel 
exclusivo de extração de água e aponta o importante uso dessas 
plantas para teor medicinal, em sua maioria, para o tratamento 
de transtornos no sistema respiratório, digestivo, etc. Também 
faz referência ao uso majoritário de espécies de plantas 
 
 
 
 
ameaçadas de extinção do bioma Caatinga. 
 
3.2 O BIOMA CAATINGA SOB A PERSPECTIVA 
DA REGIÃO NORTE 
 
A Região Norte do Brasil, apesar da sua proximidade 
física com o bioma Caatinga, apresenta poucas pesquisas 
científicas relacionadas a esse bioma. As buscas bibliográficas 
feitas em todos os repositórios das Universidades Federais dos 
estados da Região Norte retornaram poucos resultados sobre o 
bioma Caatinga. 
Quanto aos assuntos relacionados ao bioma Caatinga, as 
poucas pesquisas que existem nos repositórios mencionados 
tratam, geralmente, de aspectos biológicos, como a fauna e flora 
da Caatinga. Usaremos como exemplo a dissertação de mestrado 
de Francílio da Silva Rodrigues (2007), do Programa de Pós-
Graduação em Zoologia, da Universidade Federal do Pará 
(UFPA). 
Em sua dissertação, sob o título “Taxocenose de 
serpentes (squamata, serpentes) em uma área de transição 
Cerrado-Caatinga no município de Castelo do Piauí, Piauí, 
Brasil”, Rodrigues (2007) relata que fez um inventário da fauna 
de serpentes da área de transição entre Cerrado e Caatinga no 
Município de Castelo do Piauí. Foram realizadas seis expedições 
entre Outubro de 2005 e Julho de 2006, em fitofisionomias de 
Cerrado Rupestre, Cerrado Aberto e Mata Secundária de 
Cerrado Típico, que totalizaram 120 dias de trabalho de campo. 
 
3.3 O BIOMA CAATINGA SOB A PERSPECTIVA 
DA REGIÃO SUDESTE 
 
Foram realizadas pesquisas nos repositórios das 
Universidades Federais de São Paulo (UNIFESP), Minas Gerais 
(UFMG), Rio de Janeiro (UFRJ), Espírito Santo (UFES) e a 
Universidade de São Paulo (USP). Repositórios de 
Universidades como UNIFESP e UFMG não apresentam 
 
 
 
 
resultados ao realizar pesquisas contendo como palavra-chave 
“Caatinga”, ao passo que universidades como UFRJ possui, em 
sua média, 20 (vinte) produções textuais variadas que 
identificam-se como pesquisas específicas sobre o bioma 
Caatinga ou fazem relação ao mesmo. Nota-se o mesmo padrão 
na UFES, onde tal pesquisa resulta em, aproximadamente, 140 
(cento e quarenta) textos, sejam eles específicos ou não. 
“Nordeste: um imaginário corroborado pelo jornal O 
Globo”, monografia de André Luiz de Aguiar Freitas (2006) 
mostra-se como um destaque ao estudar como a identidade da 
Região Nordeste fora formada e como seus aspectos gerais são 
visualizados pela população das cidades que possuem nível 
influente de circulação deste jornal (que, em sua maioria, 
utilizam informações obtidas através de mídias de comunicação 
para formação de opinião). Segundo Freitas (2006), o jornal O 
Globo acaba por abordar a Região Nordeste através de 
diferentes maneiras, que se moldam com função da criação de 
uma hipérbole recorrendo a estereótipos. 
 
3.4 O BIOMA CAATINGA SOB A PERSPECTIVA 
DA REGIÃO CENTRO-OESTE 
 
A Região Centro-Oeste do Brasil apresenta poucas pesquisas 
científicas relacionadas ao bioma Caatinga. As buscas 
bibliográficas feitas em todos os repositórios das Universidades 
Federais dos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, 
Goiás e do Distrito Federal retornaram poucos resultados sobre 
o bioma Caatinga. 
Quanto aos assuntos relacionados ao bioma Caatinga, as 
poucas pesquisas que existem nos repositórios mencionados 
tratam, geralmente, de aspectos biológicos, como a fauna e flora 
da Caatinga, aspecto similar ao que acontece na Região Norte do 
Brasil. Usaremos como exemplo a dissertação de mestrado de 
Márcia Rodrigues de Moura Fernandes (2015), do Programa de 
Pós-Graduação em Ciências Florestais, da Universidade de 
Brasília (UnB). 
 
 
 
 
Esta referida pesquisa aborda o tema “Dinâmica do uso e 
cobertura da terra e aptidão para o manejo florestal na região 
semiárida do Estado de Sergipe”. Nela, Fernandes (2015, p. 5) 
infere que: 
 
A degradação do Bioma Caatinga no estado de 
Sergipe ocorreu de forma mais acelerada nas 
duas últimas décadas, devido principalmente à 
exploração de madeira nativa e à conversão 
desse tipo de vegetação em pastagens. Apesar da 
grande pressão antrópica sobre aquele Bioma, as 
informações sobre o desmatamento e a sua 
aptidão da Caatinga para o manejo florestal são 
muito escassas. Assim, o presente estudo buscou 
entender melhor a dinâmica do uso e cobertura 
da terra ocorrida nas últimas décadas (1992 a 
2013) na região semiárida no estado de Sergipe, 
bem como os efeitos do desmatamento sobre a 
fragmentação florestal na área de estudo. 
 
3.5 O BIOMA CAATINGA SOB A PERSPECTIVA 
DA REGIÃO SUL 
 
Com base no portal de busca: Biblioteca Digital 
Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), faz-se de suma 
importância destacar a existência de 6 (seis) instituições da 
Região Sul do Brasil de ensino e pesquisa que possuem, no total 
21 (vinte e um), teses e/ou dissertações que fazem menção ao 
nome em busca: o biomaCaatinga. Em sua maioria, fazem 
alusão a temas específicos, como análises de solo ou de 
espécies. 
Dentro destas, no estado do Rio Grande do Sul, estão as 
Universidades Federais de Santa Maria (UFSM), Pelotas 
(UFPel) e do Rio Grande do Sul (UFRGS). Já no estado de 
Santa Catarina, encontra-se apenas a Universidade Federal de 
Santa Catarina (UFSC) e no Paraná, a Universidade Tecnológica 
Federal do Paraná (UTFPR) e a Universidade Estadual do Oeste 
do Paraná (UNIOESTE). 
 
 
 
 
Contudo, o destaque, dentro da Região Sul, deve-se ao 
artigo publicado na revista do Instituto Humanitas Unisinos, 
encontrado dentro do suporte de pesquisa do instituto: 
“Caatinga: um bioma exclusivamente brasileiro... e o mais 
frágil”, que trata do bioma como algo singular em relação ao 
mundo, tendo em vista de que, segundo Thamiris Magalhães 
(2012, p. 12), em entrevista com Lúcia Helena Piedade Kiill, “a 
Caatinga pode ser caracterizada como um complexo vegetal rico 
em espécies lenhosas e herbáceas”. Em entrevista com Haroldo 
Schistek, Magalhães (2012, p. 6) relata que “a ciência, 
identificando sua fauna e flora, nos mostra que não existe uma 
Caatinga só, mas muitas formas, criadas pela interação de seus 
seres vivos com o conjunto edafoclimático local”, sendo assim, 
responsável por “fenômenos”, como o que acontece “após um 
episódio de chuva na Caatinga seca, em poucos dias surge uma 
vegetação exuberante, sugerindo uma verdadeira ressurreição da 
vegetação, como se fosse uma página acinzentada que, quando 
virada, dá lugar ao verde com várias tonalidades mescladas com 
o amarelo e branco e outras cores das flores do referido bioma” 
(MAGALHÃES, 2012, p. 17), o que possibilita uma nova visão 
do bioma em relação aos tão conhecidos estereótipos que o 
cercam, os quais o impossibilitam de muitos avanços em termos 
educacionais e políticos, já que, até “A educação escolar 
tradicional tem contribuído muito para espalhar uma imagem de 
inviabilidade econômica, feiura e morte” (MAGALHÃES, 2012, 
p. 6). 
Este artigo faz menção também a principal ameaça do 
bioma, que segundo Magalhães (2012), é o caminho econômico, 
dado como equivocado, que o Brasil tem seguido nos últimos 
anos. Sendo responsável pelo desejo irreparável de construírem 
usinas nucleares, hidrelétricas, áreas irrigadas, entre outros no 
bioma, o que poderá agravar ainda mais a situação da Caatinga, 
a qual já encontra-se desmatada em torno de 46%, segundo o 
Ministério do Meio Ambiente – MMA. Além disso, Magalhães 
(2012, p. 10) ressalta que “cerca de 60% das áreas susceptíveis à 
desertificação no país estão na Caatinga”. Estas áreas, as quais 
 
 
 
 
são classificadas (MAGALHÃES, 2012, p. 11) como “a 
degradação e fragmentação de ambientes naturais são 
consideradas como uma das principais causas de extinção, pois, 
além de reduzirem os habitats disponíveis para a fauna e flora 
locais, aumentam o grau de isolamento entre suas populações, o 
que pode acarretar perdas de variabilidade genética”. 
Acrescento ainda, que Magalhães (2012), trata da relação 
homem e bioma como algo muito antigo, sendo as modificações 
resultado das atividades humanas, onde Rodrigo Castro, também 
entrevistado por ela, propõe uma educação ambiental como 
intervenção a impasses como estes, oferecendo a Caatinga a 
valorização que ela necessita, a qual desvencilharia o bioma dos 
padrões sociais criados, como “um ambiente sem valor, atrelado 
a questões de escassez, de falta, sofrimento. [...] a ideia de que o 
bioma é sinônimo de sofrimento e de que nele é difícil 
sobreviver” (MAGALHÃES, 2012, p. 21). 
 
3.6 O BIOMA CAATINGA A PARTIR DE UM 
OLHAR CATARINENSE 
 
Quanto a análise catarinense, o destaque deve-se ao 
artigo intitulado “Valoração de danos a ecossistemas florestais 
naturais em perícias criminais ambientais no estado da Bahia”, o 
qual comenta a importância de, dentro das perícias, “a sociedade 
[...] conhecer qual é o impacto monetário ocasionado pelas 
atividades antrópicas ilícitas perniciosas ao meio ambiente” 
(KLOTZ, 2016, p. 11), sendo assim possível o entendimento de 
que os problemas destas atividades não se direcionam apenas ao 
bioma físico, mas ao econômico e político também. Klotz 
(2016), trata a chamada “pressão antrópica” como a responsável 
pelas mudanças na configuração original da Caatinga, a qual 
necessita de uma reconstituição, que segundo o Klotz (2016, p. 
43), afirma que “Conforme definição da Lei do SNUC (Lei nº 
9.985, de 18/07/2000), a restauração visa à restituição de um 
ecossistema degradado o mais próximo possível da sua condição 
original, ou seja, o processo de restauração tem por escopo a 
 
 
 
 
substituição da floresta degradada por uma com função 
ecológica equivalente, ainda que em época futura”. 
 
4. METODOLOGIA 
 
Este estudo de natureza qualitativa, classificado como uma 
pesquisa exploratória, é realizado por estudantes e professores 
do Ensino Médio de uma escola particular da Região Sul do 
Brasil. Consiste em um recorte das atividades de um grupo de 
pesquisa intitulado Grupo Estudantil em Iniciação Científica - 
GEIC, cadastrado no CNPq. A investigação ocorre 
semanalmente, a partir da busca de artigos científicos, 
dissertações e teses em repositórios universitários e sites de 
busca acadêmica. Faz-se a leitura de tais pesquisas, 
desenvolvendo um trabalho de correlação conceitual entre elas, 
percebendo principalmente a ênfase dada pelas questões de 
degradação e conservação ambientais. 
 
5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
 
Quanto aos resultados, partindo da investigação realizada até 
o momento, percebe-se evidentemente o grande nível de 
influência da proximidade geográfica à área do bioma Caatinga 
nos autores das pesquisas investigadas. As Regiões Sul, Sudeste, 
Centro-Oeste e Norte do Brasil possuem menor índice de 
pesquisas científicas relacionadas à Caatinga, ao passo que tais 
pesquisas são realizadas em maior escala por pesquisadores dos 
Estados da Região Nordeste. 
Desta forma, estima-se que a mesma tendência se aplique aos 
outros biomas brasileiros, como por exemplo, o bioma dos 
Pampas. Em suma, percebe-se a partir de um olhar catarinense 
que o teor de algumas pesquisas analisadas destaca o quanto é 
acentuado o desmatamento da Caatinga, o que está gerando 
processos de desertificação, alterando a biota, microclima e solo. 
Trata-se de pesquisas para desenvolver técnicas que informem a 
situação dos recursos naturais, e caminhos para recuperação e 
 
 
 
 
aproveitamento sustentável do bioma, bem como destacam o 
alto nível de degradação do mesmo, devido ao alto nível de 
antropização. 
Nota-se a grande diminuição do índice de biodiversidade da 
Caatinga nas últimas décadas, podendo isso estar ou não 
relacionado aos baixos índices pluviométricos. 
 
6. CONCLUSÃO 
 
Pode-se concluir que a governança ambiental é pouco 
desenvolvida e ainda um tanto ineficiente em parte do território 
que compreende geograficamente o bioma Caatinga. 
Torna-se assim de suma importância destacar o quão 
acentuado está o grau de influência dos padrões sociais no 
bioma, tendo em vista de que, no Brasil, a valorização da 
Caatinga ainda caminha devagar. 
Preso aos rótulos de miséria e pobreza, o bioma necessita de 
campanhas, reformas, programas que visem reeducar a 
população (na qual os governantes também mantenham-se 
inseridos) em relação a todas as formações, especificidades, 
utilizações sustentáveis e a importância da reversão do processo 
de desertificação tão intenso nesta região. Fazendo assim com 
que a Caatinga seja devidamente valorizada e conhecida, afinal, 
é um bioma de características únicas e exclusivamente 
brasileiro, tornando-se assim um exemplo extremamente 
pertinente da biodiversidade e riqueza do Brasil. 
 
REFERÊNCIAS 
 
COUTINHO, Leopoldo Magno. O conceito de bioma. Acta 
Botanica Brasilica: Sociedade Botânica doBrasil, São Paulo, v. 
1, n. 20, p.13-23, jan. 2006. 
 
COUTINHO, Priscilla Clementino. Importância relativa de 
plantas medicinais no semiárido da Paraíba 
(Nordeste/Brasil). 2014. 59 f. TCC (Graduação) - Curso de 
 
 
 
 
Licenciatura em Ciências Biológicas, Universidade Federal da 
Paraíba, Areia, 2013. 
 
FERNANDES, Márcia Rodrigues de Moura. Dinâmica do uso 
e cobertura da terra e aptidão para o manejo florestal na 
região semiárida do estado de Sergipe - SE. 2015. 113 f. 
Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências Florestais, 
Engenharia Florestal, Universidade de Brasília, Brasília, 2015. 
 
FREITAS, André Luiz de Aguiar. Nordeste: um imaginário 
corroborado pelo Jornal O Globo. 2006. 47 f. TCC 
(Graduação) - Curso de Jornalismo, Centro de Filosofia e 
Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio 
de Janeiro, 2006. 
 
KLOTZ, Alexandre Otto. Valoração de danos a ecossistemas 
florestais naturais em perícias criminais ambientais no 
estado da Bahia. 2016. 141 f. Dissertação (Mestrado) - Curso 
de Perícias Criminais Ambientais, Centro de Ciências 
Biológicas, Universidade Federal de Santa Catarina, 
Florianópolis, 2016. 
 
MAGALHÃES, Thamiris. Caatinga: um bioma 
exclusivamente brasileiro... e o mais frágil. Ihu On-line, São 
Leopoldo, v. 12, n. 389, p.6-17, 23 abr. 2012. Semanal. 
Disponível em: 
<http://www.ihuonline.unisinos.br/media/pdf/IHUOnlineEdicao
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RODRIGUES, Francílio da Silva. Taxocenose de serpentes 
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