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DDeenntteess iinncclluussooss.. EExxooddoonnttiiaa Dentes inclusos são aqueles que, ao chegar a época de erupção, não irrompem, podendo manter ou não comunicação com a cavidade bucal. Dentre todos os dentes, os que se apresentam inclusos com maior frequência são: → Terceiros molares inferiores e superiores; → Caninos superiores; → Pré-molares inferiores e superiores; → Segundos molares inferiores e superiores. ↳ Indicação para exodontia: → Periodontite associada ao dente adjacente, → Pericoronarite, → Cáries dentárias, → Necessidades ortodônticas (insuficiência do comprimento do arco dentário e, ocasionalmente, apinhamento dos incisivos inferiores e obstáculos para o tratamento ortodôntico), → Prevenção de cistos e tumores odontogênicos, evitar reabsorção radicular do dente adjacente, → Dentes sob prótese dental (antes da confecção de uma prótese removível ou fixa, o cirurgião-dentista deve ter certeza de que não há dente incluso na região edêntula que receberá a peça) → Prevenção de fratura mandibular (terceiro molar impactado apresenta uma área de baixa resistência à fratura na mandíbula). ↪ Contra-indicação: → Extremos de idade, Crianças e idosos possuem contraindicação relativa para a remoção de dentes retidos. No caso de pacientes jovens, os dentes retidos, por vezes, ainda não apresentaram formação radicular adequada para sua remoção e, por isso, caso não haja nenhuma complicação associada, a indicação é aguardar a formação de pelo menos 1/3 de raiz dentária. No caso de pacientes idosos, se não houver nenhuma complicação gerada pela presença do dente retido, a conduta mais apropriada é proservarmos. O risco cirúrgico é aumentado, a cicatrização pode ser reduzida (pela presença de outras comorbidades) e há maior chance de ocorrer interação medicamentosa ou complicações transcirúrgicas. → Condição médica → Lesão às estruturas adjacentes. ↳ Complicações associadas a não remoção de um dente incluso: ↪ Mecânicas: Reabsorção radicular do dente adjacente, que pode ter como consequência alterações no alinhamento e no nivelamento do arco dentário. ↪ Infecciosas: Pericoronarite aguda e crônica. ↪ Tumorais: Desenvolvimento de cistos e neoplasias. ↪ Neurológicas: Variam de acordo com o grau de envolvimento nervoso e sua sintomatologia. PROTOCOLO CIRÚRGICO: ↪ Incisão: A dificuldade da remoção de um dente incluso depende de sua acessibilidade. No caso de dentes totalmente retidos, o melhor acesso se dá através da incisão em L aberto. Já para os terceiros molares erupcionados ou parcialmente inclusos, podemos utilizar a incisão envelope, que está, Terceiro molar parcialmente incluso Incisão em envelope Terceiro molar retido. Incisão em L aberto em geral, associada a complicações menores e tende a cicatrizar de maneira mais rápida e com menos dor do que o retalho em L aberto. (Entretanto, se notarmos alguma dificuldade de visualização durante o transcirúrgico, podemos tornar a incisão envelope em uma L aberto, basta abrirmos uma relaxante na mesial do segundo molar.) ↪ Descolamento mucoperiostal: Esta manobra é feita através do rebatimento do retalho gerado pela incisão. As fibras e o periósteo devem ser totalmente descolados para que haja exposição adequada do sítio cirúrgico. ↪ Ostectomia É a remoção do osso ao redor do dente retido realizada normalmente com brocas. A quantidade de osso que deve ser removida varia com a profundidade da retenção, morfologia das raízes e angulação do dente. → Primeiramente, iniciamos com a remoção do osso na face oclusal do dente, com o objetivo de expor a coroa dentária. → Logo após, o osso cortical de toda face vestibular deve removido (de mesial a distal) e esta remoção deve ser estendida até visualizarmos a junção amelocementária. → Após o rebaixamento desta parede vestibular, iremos introduzir a broca entre o osso cortical e o dente (como na segunda figura ao lado) para criarmos uma “canaleta”. Isso promove acesso para as alavancas com o objetivo de obter pontos de apoio e trajeto para a saída do dente. → Por fim, a remoção do osso na face mesial é essencial para garantirmos um adequado ponto de apoio à alavanca. → Além da parede mesial e vestibular, durante a remoção cirúrgica de terceiros molares inferiores, deveram estar atentos à região distal. → Se no transcirúrgico observarmos resistência na luxação, devemos conferir se a parede distal (mais próxima ao ramo mandibular) não está impossibilitando a remoção dentária. → Se notarmos presença de tecido ósseo nesta região, o mesmo deverá ser removido. Incisão em envelope. Incisão em L aberto Ainda no caso de terceiros molares inferiores, é recomendável não remover qualquer osso da parede lingual, em virtude da probabilidade de dano ao nervo lingual. Para dentes superiores, a ostectomia é menos comum que nos dentes inferiores, assim como é menos comum em dentes parcialmente inclusos do que em inclusos. Por isso, após o descolamento mucoperiostal, se a coroa dentária já estiver exposta, poderemos iniciar a luxação dentária sem a realização de ostectomia. Ainda, quando falamos em remoção de terceiros molares superiores, outro ponto que se destaca é que, com frequência, a parede vestibular da maxila é mais delgada e seu tecido ósseo é menos compacto, permitindo a remoção do mesmo apenas com um descolador de periósteo. Entretanto, devemos sempre ter à disposição motor e broca cirúrgica, em caso de necessidade, como na figura abaixo.. ↪ Odontosecção: É o procedimento a partir do qual o dente é seccionado. Tem a finalidade de diminuir o volume e a resistência do dente, facilitando sua remoção. É utilizada, principalmente, quando já realizamos muita ostectomia e o dente ainda não foi removido, quando temos dilaceração radicular ou quando o nervo está entre as duas raízes dentárias. Esta manobra irá reduzir a quantidade de remoção de tecido ósseo, prevenindo fraturas indesejadas. → Realiza-se o procedimento com uma broca troncocônica (ex: 701, 702, 703, Zekrya®) → O dente é dividido em ¾ em direção à face lingual (a broca não deve ser usada para seccionar completamente o dente de lado a lado, na direção lingual, porque assim poderemos causar lesão ao nervo lingual. → Após criada a caneta, uma alavanca reta é inserida neste espaço e rotacionada para dividir o dente. ODONTOSSECÇÃO EM DENTES COM RETENÇÃO MESIAL OU VERTICAL. → Realiza-se o seccionamento mesiodistal. Primeiramente, a metade distal é removida e, após, é possível realizar a remoção da porção mesial. ODONTOSSECÇÃO EM DENTES COM RETENÇÃO HORIZONTAL. → Depois da adequada remoção de osso (em toda porção vestibular da coroa, porção vestibular da parede distal da coroa e terço cervical radicular), → O dente é seccionado por divisão da coroa do dente das raízes na linha cervical. → A coroa do dente é removida e as raízes são deslocadas com uma alavanca para dentro do espaço antes ocupado pela coroa. → Se as raízes de um terceiro molar são divergentes, elas podem necessitar de seccionamento nas duas porções para que sejam removidas individualmente. ODONTOSSECÇÃO EM DENTES COM RETENÇÃO DISTAL. É o dente mais difícil de remover. → Depois que osso suficiente é removido dos lados vestíbulo-oclusal e distal do dente, a coroa é seccionada das raízes. → Se as raízes estão fusionadas, uma alavanca pode ser usada para elevar o dente no espaço previamente ocupado pela coroa. → Se as raízes são divergentes, elas em geral são seccionadas em dois pedaços e individualmente removidas. ↪ Cuidados com a ferida operatória: Logo que o dente é removido, o cirurgião-dentista deve prestar muita atenção na remoção de resíduos ósseos ou dentários do interior do alvéolo. A melhor maneira de fazer isto é a revisãomecânica da cavidade e da área abaixo do retalho com cureta periapical. Lima para osso pode ser usada com a finalidade de regularizar qualquer aresta óssea. Uma pinça hemostática mosquito pode ser utilizada para remover remanescentes do folículo dentário (que deverá ser encaminhado para exame histopatológico). Finalmente, o local deverá ser irrigado por inteiro com soro fisiológico ou água destilada estéril, cerca de 30 a 50ml da solução. ↪ Sutura: Por fim, o retalho é reposicionado e suturado. Lembrando sempre de iniciar a sutura pela papila (1), seguindo para a relaxante (2) e finalizando na área alveolar (3). No caso de retalho em envelope, suturamos primeiramente a papila e, logo após, o alvéolo dentário. ● Fatores relacionados à dificuldade do procedimento Antes de terminarmos, alguns fatores devem ser considerados na avaliação de cada caso visando à determinação do grau de dificuldade do procedimento, conforme explicado abaixo: 1. Profundidade da retenção e o tipo de tecido que recobre o dente Quando o dente está totalmente envolvido por osso, geralmente é mais difícil de removê-lo do que quando a retenção é em tecido mole. A retenção com inclinação para mesial é geralmente a mais fácil de remover. A retenção horizontal geralmente requer a remoção de mais osso e o dente O dente mais difícil de ser removido é aquele retido com inclinação distal, pois esta exige maior remoção óssea devido ao fato do dente estar voltado para o ramo mandibular. 2. Idade do paciente Quando dois pacientes têm a mesma profundidade de retenção, é provável que no paciente em idade avançada, a cirurgia seja mais difícil do que no paciente jovem. No paciente jovem, as raízes estão geralmente com formação incompleta. Com frequência, há um amplo espaço pericoronário formado pelo folículo do dente, que propicia maior acesso para a remoção do dente sem necessidade de ostectomia. Em contrapartida, nos paciente mais velhos, as raízes estão totalmente formadas, o que requer maior remoção de osso, além de estarem mais próximas do canal alveolar inferior (no caso das retenções mandibulares). O folículo pericoronário pode sofrer degeneração com a idade e há um aumento na densidade/diminuição da elasticidade óssea, o que resulta na maior necessidade de realização de ostectomia.