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Artigo Educação Inclusiva

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OS NÚMEROS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL 
 
Patrícia Lima Novaes Aguiar 
Simone Soares Aroeira Teixeira 
 
RESUMO 
A demanda educacional no Brasil está em franca expansão, especialmente, a da educação inclusiva. 
No entanto, ainda há desafios persistentes na busca pelo oferecimento do serviço nas redes pública e 
privada brasileiras. Este artigo tem o objetivo de apresentar os números da inclusão educacional, além 
de apresentar a importância da inclusão no que tange o acesso à educação ao portador de 
necessidades especiais. Por fim, costura a infraestrutura às metas do governo no que diz respeito ao 
tema. Tal pesquisa traz, para o debate em andamento, ainda, uma visão crítica sobre possíveis 
soluções a médio e longo prazo para acelerar o processo de acolhimento do estudante com 
necessidades especiais. 
Palavras-chave: Inclusão; Números da educação especial. 
 
ABSTRACT 
Educational demand in Brazil is booming, especially that of inclusive education. However, there are still 
persistent challenges in the search for offering the service in Brazilian public and private networks. This 
article aims to present the numbers of educational inclusion, in addition to presenting the importance of 
inclusion with regard to access to education for people with special needs. Finally, it tailors the 
infrastructure to the government's goals with regard to the theme. Such research also brings, for the 
ongoing debate, a critical view on possible solutions in the medium and long term to accelerate the 
process of welcoming students with special needs. 
Keywords: Inclusion; Special education numbers. 
 
INTRODUÇÃO 
Cresce a cada ano a presença de crianças especiais nas escolas brasileiras. 
De forma rápida, a demanda tem aumentado e impulsionado (ou obrigado) as escolas 
a agirem de maneira a atenderem os estudantes. Inclusive, datas comemorativas 
também estão sendo promulgadas, de maneira a dar luz à lembrança das crianças e 
adolescentes especiais. E com isso, a preocupação com o processo educacional na 
comunidade nacional e internacional também surge. A exemplo, é celebrado no dia 
21 de março o Dia Internacional da Síndrome de Down, o qual busca conscientizar a 
sociedade sobre a importância do respeito e da inclusão. 
Hoje, a presença nos colégios regulares de alunos com síndrome de Down e 
outras necessidades especiais não só é uma realidade, como o número de crianças 
atendidas pela educação especial tem aumentado a cada ano. Os desafios persistem, 
mas, a cada ano, esse apelo ganha mais força nas escolas. 
O presente trabalho tem como finalidade apresentar e analisar os dados da 
educação especial no Brasil à luz das metas brasileiras e lançará reflexões críticas 
acerca dessa nova demanda que se apresenta ao país. 
Nessa perspectiva, é relevante pontuar aqueles que provêm informações 
acerca das metas nacionais e também dos números do Censo Escolar realizado todos 
os anos no país. São inúmeros os documentos, oriundos de demandas dos sistemas 
de ensinos e sociedade em geral, úteis para auxiliar e subsidiar as discussões, ações 
e o controle social das políticas públicas voltadas à inclusão escolar das pessoas com 
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação, 
entre outros. 
O Censo Escolar, promovido pelo Instituto de Pesquisas Anísio Teixeira (INEP), 
é uma pesquisa estatística que tem por objetivo oferecer um diagnóstico sobre a 
educação básica brasileira. Coordenado pelo Inep, é realizado em regime de 
colaboração entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. A pesquisa 
é declaratória, de abrangência nacional e coleta informações de todas as escolas 
públicas e privadas, suas respectivas turmas, gestores, profissionais escolares e 
alunos de todas as etapas e modalidades de ensino: ensino regular, educação 
especial, EJA e educação profissional. (INEP, 2019) 
 Nessa perspectiva, é relevante pontuar aqueles que provêm informações 
acerca das metas nacionais e também dos números do Censo Escolar realizado todos 
os anos no país. São essas duas frentes objeto de estudo neste artigo científico. 
 
CARACTERIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E META 4 DO PNE (PLANO 
NACIONAL DE EDUCAÇÃO – LEI Nº 13.005/2014) 
 
 O Plano Nacional de Educação – PNE, aprovado pela lei Nº 13.005/2014, 
correspondente ao decênio 2014-2024, com base no inciso III, do parágrafo 1º, do Art. 
8º, estabelece metas e estratégias para a efetivação do sistema educacional inclusivo 
em todos os níveis, etapas e modalidades, atendendo aos objetivos da Política 
Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC, 2008). 
 De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva – MEC/2008, considera-se público alvo da educação especial: 
pessoas com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas 
habilidades/superdotação. Conforme conceito instituído no âmbito da Convenção 
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – ONU/2006 e definições do Decreto 
n° 5296/2004, o Censo Escolar/INEP considera estudantes com deficiência aqueles 
que têm impedimentos de longo prazo, de natureza física, intelectual ou sensorial, os 
quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e 
efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, 
apresentando a seguinte classificação: 
Deficiência intelectual – definida por alterações significativas, tanto no 
desenvolvimento intelectual como na conduta adaptativa, na forma expressa 
em habilidades práticas, sociais e conceituais; 
 
Deficiência múltipla – definida pela associação, de dois ou mais tipos de 
deficiência (intelectual/visual/auditiva/física); 
 
Deficiência auditiva – consiste na perda bilateral, parcial ou total, de 41 dB ou 
mais, aferida por audiograma nas frequências de 500 Hz, 1.000 Hz, 2.000 Hz 
e 3.000 Hz; 
 
Surdez – perda auditiva acima de 71 dB, aferida por audiograma nas 
frequências de 500 Hz, 1.000 Hz, 2.000 Hz e 3.000 Hz; 
 
Baixa visão - acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor 
correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual 
em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a ocorrência simultânea de 
quaisquer das condições anteriores. 
 
Cegueira – acuidade visual igual ou menor que 0,05 no menor olho, com a 
melhor correção óptica; ausência total de visão até a perda da percepção 
luminosa; 
 
Surdocegueira – trata-se de deficiência única, caracterizada pela deficiência 
auditiva e visual concomitante. Essa condição apresenta outras dificuldades 
além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez; 
 
Deficiência física – definida pela alteração completa ou parcial de um ou mais 
segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função 
física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, 
monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, 
hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência do membro, paralisia cerebral, 
nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as 
deformidades estéticas e as que não produzem dificuldades para o 
desempenho das funções; e 
 
Transtornos globais do desenvolvimento - prejuízo no desenvolvimento da 
interação social e da comunicação; pode haver atraso ou ausência do 
desenvolvimento da linguagem; naqueles que a possuem, pode haver uso 
estereotipado e repetitivo ou uma linguagem idiossincrática; repertório restrito 
de interesses e atividades; interesse por rotinas e rituais não funcionais. 
Manifesta-se antes dos 3 anos de idade. Prejuízo no funcionamento ou atraso 
em pelo menos uma das três áreas: interação social; linguagem para a 
comunicação social; jogos simbólicos ou imaginativos. 
 
O Censo Escolar/INEP define como estudantes com Altas 
habilidades/superdotação aqueles que demonstram potencial elevado em qualquer 
uma das seguintes áreas, isoladasou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, 
psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na 
aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse. 
 
As pessoas com algum tipo de transtorno global do desenvolvimento são 
consideradas com deficiência, conforme a lei nº 12.764/2012, que enquadra as 
pessoas com transtorno do espectro autista como pessoas com deficiência. 
 
“(...) Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos 
da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes 
para sua consecução. 
§ 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do 
espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na 
forma dos seguintes incisos I ou II: 
I - deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e 
da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de 
comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência 
de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações 
apropriadas ao seu nível de desenvolvimento; 
II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e 
atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais 
estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva 
aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses 
restritos e fixos. 
§ 2º A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa 
com deficiência, para todos os efeitos legais.” (BRASIL, 2012). 
 
 
 Apesar de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também 
apresentar caracterizações, assim como o Censo Escolar, ao portador de 
necessidades especiais, é para o segundo que vislumbramos a melhor informação 
sobre o tema aqui abordado. 
 Nesse sentido, analisaremos a meta 4, do PNE com o olhar voltado para os 
números do Censo. A eles, é interessante notar a colocação para construir os 
primeiros entendimentos acerca do tema e a que ponto o país chegou nos últimos 
anos. Vamos à definição da meta 4 do Plano Nacional de Educação: 
 
“Universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com 
eficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou 
superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento 
educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, 
com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos 
multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou 
conveniados” (BRASIL, 2014; NOVAESCOLA, 2015) 
 
Atualmente o censo Escolar MEC/INEP é a única fonte oficial que identifica 
pessoas com altas habilidades/superdotação, uma vez que tais características são 
próprias daqueles que demonstram potencial elevado em uma ou mais áreas de 
conhecimento ao longo do processo de escolarização. 
Com base nos dados do INEP, em 2014 o índice de acesso do público-alvo da 
educação especial à educação básica, de 4 a 17 anos, é de 51,80%. Para atingir o 
previsto na meta 4, mantendo-se o ritmo de crescimento da inclusão escolar 
apresentado nos últimos anos, em 2024, os sistemas de ensino atingiriam 92,40%, 
conforme demonstra a projeção a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em suma, constata-se plena exequibilidade da meta 4. Para tanto faz-se 
necessária a intensificação do ritmo de crescimento do acesso por meio da 
implementação do conjunto das estratégias definidas no PNE para a garantia da oferta 
do Atendimento Educacional Especializado e dos demais recursos, serviços e 
estratégias para a promoção da acessibilidade, de forma articulada entre os entes 
federados. 
Tais estratégias, inclusive, estão inseridas na meta 4. Entre elas: 
 
“4.1) contabilizar, para fins do repasse do Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais 
da Educação - FUNDEB, as matrículas dos (as) estudantes da educação 
regular da rede pública que recebam atendimento educacional 
especializado complementar e suplementar, sem prejuízo do cômputo 
dessas matrículas na educação básica regular, e as matrículas efetivadas, 
conforme o censo escolar mais atualizado, na educação especial oferecida 
em instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins 
lucrativos, conveniadas com o poder público e com atuação exclusiva na 
modalidade, nos termos da Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007; 
(...) 
4.3) implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos multifuncionais e 
fomentar a formação continuada de professores e professoras para o 
atendimento educacional especializado nas escolas urbanas, do campo, 
indígenas e de comunidades quilombolas; 
4.4) garantir atendimento educacional especializado em salas de recursos 
multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou 
conveniados, nas formas complementar e suplementar, a todos (as) 
alunos (as) com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e 
altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de 
educação básica, conforme necessidade identificada por meio de 
avaliação, ouvidos a família e o aluno; 
4.5) estimular a criação de centros multidisciplinares de apoio, pesquisa e 
assessoria, articulados com instituições acadêmicas e integrados por 
profissionais das áreas de saúde, assistência social, pedagogia e 
psicologia, para apoiar o trabalho dos (as) professores da educação básica 
com os (as) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do 
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação;” (NOVAESCOLA, 
2015) 
 
 
Nesse contexto, destaca-se a importância do acompanhamento da meta 4 por 
meio de indicador de acesso ao ensino regular da população com deficiência, 
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, na faixa 
etária de 4 a 17 anos. 
Entre as medidas, a principal ação é conduzir o mapeio municipal com a 
presença de outros agentes, como a pasta da Assistência Social. Assim, o processo 
de construção do projeto de inclusão dá início, conduzindo os estudantes com 
necessidades especiais à escola. 
Após essa atitude, abre-se a possibilidade de recebimento de verbas 
governamentais, a saber, do FUNDEB, com vistas a garantir o amparo ao público-alvo 
a partir de estratégias destacadas no PNE presentes na meta 4. 
DADOS COMPARATIVOS DO ACESSO À EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL 
DOS ÚLTIMOS CINCO ANOS 
 
 Os números da educação especial nos últimos 5 anos atestam o avanço na 
inclusão dos estudantes público-alvo. A análise comparativa a seguir é baseada nos 
dados fornecidos pelo Censo Escolar promovido pelo MEC nos últimos anos. 
 Entender esses números significa enxergar a demanda existente e os desafios 
a serem rompidos na missão de incluir as pessoas com necessidades especiais no 
processo de universalização do conhecimento. 
 O primeiro indicador a ser analisado é o quantitativo de matrículas na rede 
pública, pois ele serve como base para o cálculo dos coeficientes de distribuição dos 
recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de 
Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Para fins de distribuição dos 
recursos do Fundeb, são consideradas exclusivamente as matrículas presenciais das 
escolas públicas das redes municipais e estaduais, urbanas e rurais, em tempo parcial 
e integral. 
 
Fonte: Censo Escolar MEC/INEP. 
 
No período, o total de matrículas (em verde) cresce, com pequenas quedas em 
2007 e 2009. Verifica-se que o total é ampliado pelo aumento substancial das 
matrículas de alunos em classes comuns (vermelho), tendo em vista que as matrículas 
em classes especiais ou escolas especializadas (azul) diminuem de forma significativa 
a partir de 2008, ano de inflexão das matrículas de espaços exclusivos para comuns. 
Tabela 1 – Proporção das matrículas de estudantes público-alvo da educação especial (Brasil) 
ANO 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 
CEE59% 54% 53% 46% 40% 31% 26% 24% 23% 21% 19,3% 18% 15,9% 14,1% 12,8% 
CC 41% 46% 47% 54% 61% 69% 74% 76% 77% 79% 80,7% 82% 84,1% 85,9% 87,2% 
 
Fonte: INEP (2015) e Observatório do Plano Nacional de Educação. CEE – Classe ou Escola Especial. CC – 
Classe Comum. 
 
Nota-se, a partir da Tabela 1, a tendência em o estudante portador de 
necessidades especiais sendo inserido em classes comuns (CC). Tal fenômeno está 
em franco crescimento desde 2005. O oposto ocorre com classes ou escola especial 
– há diminuição delas desde 2005. 
Para a continuidade dos avanços obtidos, destaca-se a política pública de 
financiamento estabelecida no âmbito do FUNDEB, instituída pelo Decreto nº 
6.571/2008, que, a partir de 2010, contabiliza duas vezes a matrícula dos estudantes 
público-alvo da educação especial: as matrículas em classe comuns do ensino regular 
e no atendimento educacional especializado, de forma respectiva. 
A partir das diferentes estratégias para o cumprimento da meta estabelecida, o 
PNE (2011-2020) procurou atender a necessidade de: implantação de salas de 
recursos multifuncionais nas escolas comuns para a ampliação da oferta do 
atendimento educacional especializado aos estudantes da rede pública de ensino; 
fomento à formação continuada de professores para o atendimento educacional 
especializado e práticas educacionais inclusivas; articulação entre o ensino regular e 
o atendimento educacional especializado, realizado em salas de recursos 
multifuncionais ou em instituições especializadas; acompanhamento do acesso e 
permanência na escola dos beneficiários do Benefício de Prestação Continuada – 
BPC por meio de ação intersetorial; investimento na adequação arquitetônica dos 
prédios escolares para a acessibilidade nas escolas públicas; garantia de transporte 
acessível; disponibilização de material didático acessível; e educação bilíngue Língua 
Portuguesa/Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS nas escolas. 
Sendo assim, a meta de universalização do acesso dos alunos público-alvo da 
educação especial ao ensino regular tem viabilidade em razão das condições 
favoráveis criadas a partir da implantação de políticas de educação na área inclusiva, 
do financiamento da educação especial incrementado pelo FUNDEB e das 
orientações pedagógicas disseminadas nos sistemas de ensino com a publicação das 
Diretrizes Operacionais para a Oferta do Atendimento Educacional Especializado na 
Educação Básica (Resolução CNE/CEB nº4/2009), que transformam a concepção e 
a organização da gestão escolar e das práticas pedagógicas, contemplando o seu 
desenvolvimento inclusivo. 
Infelizmente, muitas escolas ainda possuem dificuldades em receber (precisam 
ser contempladas) com os benefícios do governo devido às matrículas de alunos 
público-alvo, por exemplo o de Salas de Recursos Multifuncionais. 
Essa dificuldade atrasa as metas do PNE, contudo, tais dados carecem de 
maior profundidade, isto é, detalhes que expliquem o fenômeno. Contudo, não deve 
ser desconsiderado. A esse respeito, analisar a presença dos benefícios nas regiões 
e estados brasileiros é interessante para iniciar essa compreensão. Abaixo, na figura 
1, visualiza-se os dados das Salas de Recursos Multifuncionais. 
 
Figura 1 – Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais (Brasil). 
 
Fonte: MEC/SECADI, 2015. 
 
 Constata-se, por essa imagem, a baixa quantidade de escolas contempladas 
com as Salas Multifuncionais. Nesse sentido, é relevante destacar que o não-
recebimento de benefícios pode ter raízes no baixo mapeamento e ausência de 
políticas para inserção do estudante. Apesar de ser um universo ainda novo, a 
educação especial é realidade no mundo inteiro. Sendo assim, é crucial expandir a 
presença de recursos e padrões funcionais nas escolas brasileiras a fim de atingir de 
forma mais enfática a vida dos estudantes brasileiros. 
 
OS NÚMEROS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL DE 2014 A 2018 
 
Nos últimos cinco anos, de 2014 a 2018, o número de matrículas de estudantes 
com necessidades especiais cresceu 33,2% em todo o país, segundo dados do Censo 
Escolar divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
Anísio Teixeira (Inep) em janeiro de 2019. (INEP, 2019) 
De acordo com dados do Censo de 2019, ainda é pertinente destacar que na 
rede pública está o maior índice dos estudantes em classes comuns. Nessas escolas, 
97,3% dos alunos com necessidades educacionais especiais estavam nessas classes 
em 2018. Na rede particular, o percentual foi 51,8%. 
 Por lei, pelo Plano Nacional de Educação (PNE), o Brasil deve incluir todos os 
estudantes desde a tenra idade – dos 4 a 17 anos – na escola. Contudo, os estudantes 
com necessidades especiais – isso já é tendência pelos números da tabela 1 – devem 
ser matriculados preferencialmente em classes comuns. Com esse objetivo, o Brasil 
deve garantir toda a infraestrutura educacional inclusiva, salas de recursos 
multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou 
conveniados. 
Ainda segundo os dados do Censo, 38,6% das escolas públicas de ensino 
fundamental e 55,6% das privadas têm banheiros para pessoas com necessidades 
especiais. Além disso, também no ensino fundamental, 28% das escolas públicas e 
cerca de 45% das particulares têm espaços adequados para pessoas com 
necessidades especiais. 
No ensino médio, 60% das escolas públicas e 68,7% das escolas particulares 
dispõem de banheiro especial e 44,3% das públicas e cerca de 50% das escolas 
privadas têm dependências adequadas. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Os dados apresentados no decorrer deste trabalho dão fim por enfatizar a 
evolução da educação especial no Brasil no que diz respeito às políticas públicas 
amparadas no Plano Nacional de Educação (PNE). 
 O que ainda se vê são desafios na universalização do ensino ao público-alvo 
deste trabalho. Uma vez que existem dificuldades locacionais nas mais diversas áreas 
e regiões brasileiras, o cumprimento das medidas e metas passa por conduções mais 
flexíveis. 
Baptista (2011) afirma que o debate sobre o atendimento educacional 
especializado deveria, necessariamente, contemplar o contexto político educacional, 
no qual emergem proposições que se diferenciam das diretrizes históricas para a 
educação especial, e que a ênfase em uma forma de atendimento não deveria ser 
confundida com a defesa de um modelo único para o país. 
Assim sendo, flexionar é medida que se impõe. Em outros trabalhos (KASSAR; 
ARRUDA; BENATTI, 2007. REBELO; KASSAR, 2017) atesta-se a incompatibilidade 
das medidas com a real demanda do público-alvo. Visualiza-se, inclusive a alta 
quantidade de ações em contraste com a inutilização dos espaços. 
Afinal, não há de se esperar, em um país de território tão vasto e diverso a 
implementação de um modelo único e engessado de melhoria no atendimento e 
acesso à educação especial. É interessante, sim, garantir o acesso, sem, contudo, 
esquecer de gerir com responsabilidade os recursos públicos e privados. 
 
REFERÊNCIAS 
BAPTISTA, C. R. Ação pedagógica e educação especial: a sala de recursos como 
prioridade na oferta de serviços especializados. Rev. Bras. Ed. Esp., v. 17, 2011, p.59-
76. Edição Especial. 
BRASIL, Lei nº 12.764 de 27 de dezembro de 2012. Política Nacional de Proteção dos 
Direitos da Pessoa com Transtornos do Espectro Autista. Presidência da República, Casa 
Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/lei/l12764.htm> . Acesso em: 20 out. 2014 
______. Informe Estatístico da Educação Básica: evolução Recente das Estatísticas 
da Educação Básica no Brasil - 1998. Brasília: MEC. INEP, 1998. 
 
______. Lei n° 11.494/2007. Regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento 
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB e dá 
outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2007b. 
 
______. Ofício CircularMEC/SEESP/GAB nº 05. Brasília: MEC. SEESP, 2004. 
 
______. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação 
Inclusiva. Brasília, DF: Secretaria de Educação Especial, 2008a. 
 
______. Portaria Normativa n° 13. Dispõe sobre a criação do Programa de Implantação 
de Salas de Recursos Multifuncionais. Brasília: MEC, 2007a. 
 
______. Relatório educação para todos 2000-2015. Versão preliminar. Junho 2014. 
Brasília: MEC, 2014. 
 
INEP. Cresce a cada ano o número de crianças atendidas pela educação especial no 
Brasil. 2019; Assessoria de Comunicação. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br > 
Acesso em 07 de dez. 2020. 
KASSAR, M. C. M.; ARRUDA, E. E.; SANTOS-BENATTI, M. Políticas de inclusão: o verso 
e o reverso de discursos e práticas. In: JESUS, D. M. (Org.). Inclusão, práticas 
pedagógicas e trajetórias de pesquisa. Porto Alegre: Mediação, 2007. p. 21-31. 
 
KASSAR, M. C. M.; REBELO, S. A. Escolarização dos alunos da educação especial na 
política de educação inclusiva no Brasil. In: JESUS, D. M. (Org.). Inclusão, práticas 
pedagógicas e trajetórias de pesquisa. Porto Alegre: Mediação, 2007. p. 21-31. 
 
NOVAESCOLA. PNE - Meta 4. Nova Escola, 01 jul. 2012. Opinião. Disponível em: < 
https://novaescola.org.br/conteudo/3000/pne-meta-4# > Acesso em: 06 dez. 2020. 
 
TOKARNIA, Mariana. Cresce o número de estudantes com necessidades especiais. Agencia 
Brasil, 31 jan. 2019. Opinião. Disponível em: 
https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2019-01/cresce-o-numero-de-estudantes-
com-necessidades-especiais Acesso em: 06 dez. 2019. 
 
 
 
http://portal.mec.gov.br/
https://novaescola.org.br/conteudo/3000/pne-meta-4
https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2019-01/cresce-o-numero-de-estudantes-com-necessidades-especiais
https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2019-01/cresce-o-numero-de-estudantes-com-necessidades-especiais

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