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1 Proteômica Estratégias de Purificação e Análises de Proteínas O isolamento ou purificação de uma proteína é uma etapa que precede os estudos de suas características físico-químicas, de sua estrutura 3D e a compreensão de suas propriedades biológicas. Inicialmente, a estratégia de purificação de uma proteína é empírica, ou seja, baseada em tentativa-erro, e deve ser desenhada para cada proteína individualmente. Não há como prever quais métodos serão os mais eficientes para se purificar uma proteína pela primeira vez. Purificação 2 Métodos baseados em características físico-químicas das biomoléculas: 1. Tamanho – Massa – Densidade (ex: centrifuação, diálise, gel-filtração) 2. Carga elétrica (ex: cromatografia de troca iônica, eletroforese) 3. Solubilidade ou hidrofobicidade (ex: cromatografia, fase reversa) Métodos baseados em afinidade biológica, que exploram a interação entre duas moléculas: 4. Cromatografia de afinidade Métodos de Isolamento de Proteínas Os métodos de separação de biomoléculas são agrupados em duas categorias: ORGANELAS LisossomosLisossomos MitocôndriaMitocôndria GolgiGolgi NúcleoNúcleo SOBRENADANTE F 1 F 2 F 3 F 4 F 2 .1 F 2 .2 F 2 .3 F 2 .3.1 F 2 .3.2 . . . . . . F 2. 3.N Precipitação com Sal/Solvente Precipitação com Sal/Solvente Cromatografia Troca Iônica Cromatografia Troca Iônica (pH ou resina diferente) F 2 .3.N.X 1 Proteína apenas (0.001g) - 0.1 a 0.5% total Gel Filtração MATERIAL BIOLÓGICO DE PARTIDA: (100g) O fluxograma ao lado representa a “marcha” de purificação de uma proteína, mostrando as etapas sucessivas, cada uma consistindo de método, que levam ao isolamento de uma proteína presente numa mistura complexa. Observe a quantidade de proteínas (100g) presente no material inicial e quanto da proteína purificada se obtém no final (0,001g). Esses números são típicos para a purificação da maioria das proteínas, em especial enzimas. Em cada etapa, a proteína de interesse é separada das demais com base em uma propriedade diferente. Consequente- mente, as proteínas ainda misturadas com aquela que está sendo isolada são cada vez mais semelhantes em suas características físico-químicas, exigindo métodos cada mais sensíveis, capazes de explorar pequenas diferenças, para se chegar à proteína pura. 3 • Medida da atividade biológica - particular para cada proteína - deve ser quantitativa, para estimar quanto da proteína de interesse há em cada fração. • Medidas do conteúdo proteico (diversos) - absorbância de luz UV de 280 nm - métodos colorimétricos (ex: Lowry, Bradford, BCA, etc) Além dos métodos de purificação, análises complementares devem ser feitas ao longo da purificação, para verificar se o processo de separação está sendo eficiente. A medida da atividade biológica da proteína de interesse e do conteúdo de proteínas de cada fração resultante do processo de separação devem ser feitas a cada passo. Assim, apenas a fração que contém a proteína de interesse, marcada com um círculo vermelho no fluxograma, é submetida à próxima etapa de purificação. ORGANELAS LisossomosLisossomos MitocôndriaMitocôndria GolgiGolgi NúcleoNúcleo SOBRENADANTE F 1 F 2 F 3 F 4 F 2 .1 F 2 .2 F 2 .3 F 2 .3.1 F 2 .3.2 . . . . . . F 2. 3.N Precipitação com Sal/Solvente Precipitação com Sal/Solvente Cromatografia Troca Iônica Cromatografia Troca Iônica (pH ou resina diferente) F 2 .3.N.X 1 Proteína apenas (0.001g) - 0.1 a 0.5% total Gel Filtração MATERIAL BIOLÓGICO DE PARTIDA: (100g) Para iniciar a purificação, inicialmente é necessário extrair a proteína de interesse para um meio líquido, exceto se ela já estiver naturalmente presente em um meio líquido (sangue, suor, água do mar, meio de cultura, seiva de planta, etc). tecidos células Homogeneização (para romper tecidos e células) por pressão (prensa francesa) liquefação (Potter) Homogenado ou Extrato bruto Material de partida Material na fonte por ultra-som com detergente Vários métodos são possíveis para transformar células, órgãos, tecidos em um homogenado, ou extrato bruto, como mostra a figura. 4 Sendo a proteína de interesse uma proteína de membrana, é necessário solubilizá-la. Para esse fim são utilizados detergentes, que dissolvem a membrana plasmática e formando complexos solúveis com as proteínas. Proteínas integrais da membrana detergente micelas Complexos não micelares Dependendo da concentração Detergentes podem ser iônicos e não iônicos Detergentes não iônicos Triton X-100 (polyoxyethylene (9,5) p-t-octylphenol) SDS Dodecil sulfato de sódio Cetab Cetyltrimethylammonium bromide Deoxicolato de sódio Detergentes iônicos Octilglicosídeo (octyl-b-D-glucopyranoside) sangue centrifugado: separação de plasma e células A centrifugação frequentemente é uma das primeiras etapas de purificação aplicado a um extrato bruto. Através do movimento de rotação do rotor da centrífuga, uma força centrífuga é aplicada à amostra, separando seus compo- nentes através de suas massas e/ou densidade, conforme a técnica. Através de sucessivas etapas de centrifução com velocidades (rotações por minuto, rpm) crescentes, pode- se obter diferentes frações de um homogenado de células ou tecidos. centrifugação diferencial homogenado células intactas pedaços de membrana núcleos mitocôndrias lisossomos ribossomos fração citoplasmática A centrífuga Câmara blindada Amostra sedimentando refrigeração vácuo rotor ângulo fixo 5 R$ 3.000 US$ 70,000 Centrífuga Clínica Ultracentrífuga Força centrífuga 1,200g por 15 minutos separa plasma de células sanguíneas 200,000 g por 24 horas para separar organelas menores ou complexos proteicos (necessitam vácuo para evitar atrito do ar, além de refrigeração) Relação entre o raio do rotor, velocidade angular (rpm) e a força centrífuga (g) Preço aproximado Existem centrífugas para diferentes tipos de aplicações, dependendo da força centrífuga que são capazes de gerar. Centrifugação em gradiente de densidade Solucões de sacarose com densidades diferentss são colocadas no tubo, uma sobre a outra Amostra é colocada no topo do gradiente 5% sacarose 20% sacarose centrifugação Baixa densidade Média densidade Alta densidade A centrifugação em um meio com gradiente de densidade melhora a eficiência da separação. As partículas se deslocarão através do gradiente até encontrarem uma região com densidade equivalente a sua, quando param de se mover, formando “bandas”. Gradientes podem ser utilizados para separar diferentes tipos de células, organelas, ácidos nucléicos, complexos proteicos, etc. Gradiente separação de: Ficoll-Hypaque leucócitos Sacarose mitocôndrias Cloreto de césio ácidos nucléicos 6 REPRESENTAÇÃO DA SUPERFÍCIE DE UMA PROTEÍNA. AS ÁREAS VERMELHAS REPRESENTAM RESÍDUOS COM CARGAS NEGATIVAS, AS ÁREAS EM AZUL REPRESENTAM RESÍDUOS COM CARGA POSITIVA. QUANDO AS PROTEÍNAS SE ENOVELAM, OS RESÍDUOS HIDROFÓBICOS TENDEM A FICAR NO SEU INTERIOR. ENTRETANTO, SEMPRE FICAM "PATCHES“ HIDROFÓBICOS EXPOSTOS NA SUPERFÍCIE. Solventes miscíveis com a água diminuem a constante dielétrica do meio e desorganizam a camada de solvatação das proteínas. Os mais utilizados são etanol e acetona. Proteínas também podem ser precipitadas com adição de solventes ao meio ou quando colocadas em meio com pH próximo ao seu ponto isoelétrico. Água Dimetilformamida Metanol Etanol Acetona Clorofórmio Benzeno 78.5 1.85 48.9 3.96 32.6 1.66 24.3 1.68 20.7 2.72 4.8 1.15 2.3 0.00 Solvente Constante Dielétrica Momento Dipolar Proteína P.I. Pepsina <1,0 Ovalbumina galinha 4,6 Albumina sérica humana 4,9 Tropomiosina 5,1 Insulina bovina 5,4 Fibrinogênio humano 5,8 Gama-globulina 6,6 Colágeno 6,6 Mioglobina equina 7,0 Hemoglobina humana 7,1 Ribonuclease A bovina 7,8 CitocromoC equino 10,6 Histona bovina 10,8 Lisozima, galinha 11,0 Salmina, salmão 12,1 Ponto Isoelétrico de algumas Proteínas Proteínas colocadas em meio com pH igual ao seu PI tendem a precipitar, pois tendo carga neutra, apresentam a camada de solvatação menos organizada. 7 Para remover o excesso de sal ou do solvente no precipitado, utiliza-se a diálise. -amostra é colocada dentro de um saco feito com uma membrana de celofane com poros tratados, que permite a passagem de moléculas até 10,000 d. - o saco contendo a amostra é imerso em um recipiente contendo o solvente que se deseja - excesso de sal ou de solvente se difunde para o solvente - após várias trocas de solvente, todo o excesso de sal/solvente terá sido retirado. Para obter as proteínas precipitadas em solução novamente, é necessário reverter as condições que levaram à precipitação. Membrana de celofane solvente solução a ser dialisada Aos precipitados obtidos com sal ou solvente, adiciona-se água. Ao precipitado obtido com variação de pH, retornar ao pH original. início final ∆t Que características devem ter as resina cromatográficas para possibilitar separações de moléculas baseadas em diferentes propriedades ? Cromatografia de permeação em gel ou gel-filtração: separação de moléculas pela massa molecular géis são porosos, funcionando como peneiras ou filtros Cromatografia de troca iônica: separação de moléculas pela carga elétrica géis apresentam grupos carregados positiva- ou negativamente Cromatografia de partição (fase reversa ou hidrofóbica): separação de moléculas pela solubilidade relativa em meio aquoso géis possuem carácter hidrofóbico Cromatografia de afinidade: separação de moléculas pela capacidade de interagir com um ligante géis possuem ligante específico ligado covalente à resina 8 Como se avalia se o processo de purificação de uma proteína foi eficiente ? Três parâmetros permitem avaliar a eficiência do processo de purificação de uma proteína: - Atividade específica (AE): é a razão entre a quantidade da proteína de interesse, medida através de sua atividade biológica, e a quantidade total de proteínas presentes em cada etapa de purificação. Esse índice aumenta ao longo da purificação. - Índice de purificação: indica quantas vezes em relação ao material de partida a proteína de interesse foi “concentrada”. Calcula-se como a razão entre as atividades específicas inicial (material de partida) e final (proteína pura). - Rendimento: indica quanto (em %) da proteína de interesse ativa presente no material de partida foi recuperado ao final da purificação. Um certo grau de perda é inerente do processo de purificação (em cada etapa só devem ser proces- sadas as frações mais ricas em atividade biológica, desprezando-se aquelas que apresentam pouca atividade). Também podem ocorrer perdas por desnaturação das proteínas devido às diferentes condições (pH, sais, etc) a que são submetidas nas diferentes etapas de purificação. Espera-se recuperar o máximo possível da proteína de interesse. 9 Existem vários métodos para se determinar a sequência de aminoácidos de uma proteína. Dois métodos atualmente mais utilizados: a) Método de Edman: reação do aminoácido N-terminal da proteína com fenil-isotiocianato . A proteína modificada é submetida a hidrólise ácida liberando o aminoácido N-terminal modificado, e este é identificado por cromatografia. Segue-se novo ciclo de reação com o próximo aminoácido na proteína, que se tornou o novo N-terminal. b) Espectrometria de massa: determinação das massas de fragmentos correspondendo a aminoácidos, retirados sequencialmente da proteína. Veremos mais sobre esse método na aula sobre eletroforese e proteômica. Método de Edman - sequenciamento de proteínas com PITC (fenil-isotiocianato) ciclo 1 ciclo 2 hidrólise com ácido trifluoroacético hidrólise ácida vai para novo ciclo análise cromatográfica (troca iônica ou fase reversa) (1) (2) (3) acoplamento acoplamento Cada ciclo de reação compreende 3 etapas: 1. Reação da proteína com PITC, que se acopla ao grupo amino NH2- livre do aminoácido 1 (no exemplo, uma lisina, K); 2. Hidrólise ácida da proteína conjugada com PITC libera a feniltiohidantoína (PTH) do aminoácido 1 e o restante da proteína, tornando o aminoácido 2 o novo resíduo N-terminal (no exemplo uma serina, S); 3. Análise cromatrográfica do PTH- aminoácido e novo ciclo de reação com o novo N-terminal da proteína. Sequenciadores automatizados fazem todas as etapas, com capacidade para realizar 30 ciclos por dia, a partir de 100-200 picomoles de proteína. 10 Sequenciamento de novo de proteínas por espectrometria de massas Para sequenciar proteínas é preciso obter o espectro MS/MS de seus peptídeos. Isso significa 2 etapas de MS acopladas. Depois de fazer o MS da molécula inteira, esta é fragmentada dentro do aparelho por colisão com gases. Os fragmentos são então separados e analisados por MS. hélio ou argônio A ligação peptídica se quebra formando fragmentos típicos, como os íons b e y mostrados na figura acima, que terão massas diferentes de acordo com o radical R de cada aminoácido. Espectro MS/MS do peptídeo tríptico GLSDGEWQQVLNVWGK. AA Codes Mono. AA Codes Mono. Gly G 57.021464 Asp D 115.02694 Ala A 71.037114 Gln Q 128.05858 Ser S 87.032029 Lys K 128.09496 Pro P 97.052764 Glu E 129.04259 Val V 99.068414 Met M 131.04048 Thr T 101.04768 His H 137.05891 Cys C 103.00919 Phe F 147.06841 Leu L 113.08406 Arg R 156.10111 Ile I 113.08406 CMC 161.01467 Asn N 114.04293 Tyr Y 163.06333 - - - Trp W 186.07931 Analiza-se o espectro buscando diferenças de m/z equivalentes a um resíduo de aminoácido, que permitem conhecer a seqüência do peptídeos 11 Métodos imunoquímicos aplicados a proteínas � estrutura e propriedades de imunoglobulinas � anticorpos policlonais e monoclonais: produção e purificação � imunodiagnóstico: aglutinação X lise � imunoprecipitação: difusão em gel, imunoeletroforese � ELISA, Western blot � imunohistoquímica e imunofluorescência Anticorpos são imunoglobulinas. Cadeia H (pesada) – 50.000 d Cadeia L (leve) – 25.000 d Porção N-terminal das cadeias L e H ~ 120 aminoácidos variáveis restante da cadeia é constante Cadeia H Cadeia L Imunoglobulina classe Sub-classe γ1 κ ou λ IgG IgG1 γ2 κ ou λ IgG2 γ2 κ ou λ IgG3 γ4 κ ou λ IgG4 α1 κ ou λ IgA IgA1 α2 κ ou λ IgA2 µ κ ou λ IgM δ κ ou λ IgD ε κ ou λ IgE Função Estrutura anticorpo antígeno Complexo antígeno-anticorpo 12 Imunoprecipitação Complexos Antígeno- Anticorpo insolúveis - Precipitado é máximo na Zona de equivalência - Excesso de Ag ou de Ac Fazem complexos solúveis Recombinant Protein L Native Protein A Recombinant Protein A Recombinant Protein G Protein A/G Source Peptostreptococci Staphylococcus aureus Bacillus Streptococci Bacillus Molecular Weight 35,800 42,000 44,600 22,000 50,449 Number of Binding Sites for IgG 4 4 5 2 4 Albumin Binding Site no no no no no Optimal Binding pH 7.5 8.2 8.2 5 5-8.2 Binds to VLκ Fc Fc Fc Fc Proteínas bacterianas com afinidade por Imunoglobulinas - Servem como ligantes em matrix de afinidade - Servem como 2º.ligantes em testes imunoenzimáticos bead 13 Imunobeads: adsorção complexo Ag:Ac Ensaios Imunoenzimáticos ou ELISA + 1º.Ac + Ag placa Ag Ac 1º. Ac 2º. ES cor ELISA sandwich + 2º.Ac + S cor Padronização do ELISA Concentração do Ag ou Ac A b s (i n te n si d ad e d a co r) 14 Western blot Anticorpo secundário marcado com: - enzima - radioativo - fluorescente 15 1. Eletroforese: uma técnica de separação de baseada na migração de partículas carregadas sob a ação de um campo elétrico. 2. A eletroforese de proteínas é geralmente realizada em géis feitos de polímeros de acrilamida. 3. O gel de poliacrilamida atua como uma peneira molecular. A separação das proteínas é baseada na sua razão carga/massa.4. A eletroforese na presença de SDS separa as proteínas com base em seu peso molecular. Eletroforese 16 Eletroforese Eletroforese Sob Condições Não Desnaturantes 17 Eletroforese Sob Condições Desnaturantes (SDS-PAGE) • O SDS se liga a maoiria das proteínas de forma proporcional ao seu peso molecular. • A ligação do SDS à proteína confere a esta molécula um grande número de cargas negativas, tornando a carga intrínseca da proteína insignificante. • A conformação nativa da proteína é alterada pela ligação com o SDS. Eletroforese Sob Condições Desnaturantes (SDS-PAGE) 18 Após a eletroforese, as proteínas podem se visualizada por colaração com Comassie blue, que liga proteínas 19 • Isoletrofocalização é uma técnica de separação de proteínas com base em seu ponto isoelétrico. • Um gradiente de pH é estabelecido por uma mistura de anfólitos que se distribuem ao longo do gel. • Quando a mistura de proteínas é aplicada ao gel, cada proteína migra até atingir o pH que atinge seu pI. Isoletrofocalização Isoletrofocalização 20 Eletroforese Bidimensional Eletroforese Bidimensional 21 Eletroforese Bidimensional
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