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TCC A valoração do depoimento da vítima nos crimes contra a dignidade sexual

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Valoração da palavra da vítima nos crimes contra a dignidade sexual1 
 
Wanessa Cesário Vasconcelos2 
Cristiano Freitas Souza3 
 
Resumo: A produção probatória é primordial para a obtenção da efetividade da prestação 
jurisdicional, sendo indispensável que o operador do direito, ao concretizar a tutela pleiteada 
na ação, utilize de meios adequados e eficazes. Desse modo, é essencial especificar 
determinados mecanismos que irão construir o convencimento do julgador e estudar sua 
efetividade de acordo com a aplicação em alguns tipos penais. Nesse sentido, é atribuída 
maior ênfase à palavra da vítima no processo penal, sobretudo, quando se trata de crime 
contra a dignidade sexual. Com isso, o presente artigo teve como finalidade analisar o valor 
do depoimento do ofendido, de forma específica, em delitos desta natureza, especialmente 
quando este for único e principal meio de prova constante nos autos, para que a verdade real 
seja alcançada, sem que se atinja nenhum direito fundamental do acusado ou mesmo permita 
que um culpado não seja punido, para então, garantir a promoção e efetivação da justiça 
criminal. Para tanto, o método utilizado pautou-se em pesquisa bibliográfica, consubstanciado 
em uma metodologia dialética e histórica, garantindo como resultado a conclusão de que a 
partir de uma análise da coerência entre os elementos contidos nos autos e o depoimento do 
ofendido, assim como a minúcia do julgador em perceber possíveis referências é possível 
valorar a palavra da vítima. 
 
Palavras-chave: Depoimento da vítima. Prova penal. Crimes sexuais. Valor probante. 
 
Valuing the victim's word in crimes against sexual dignity 
 
Abstract: The evidential production is essential to obtain the effectiveness of the judicial 
provision, being essential that the operator of the law, when implementing the protection 
sought in the action, uses appropriate and effective means. Thus, it is essential to specify 
certain means that will build the judge's conviction and study its effectiveness according to 
the application in some criminal types. In this sense, greater emphasis is placed on the 
victim's word in the criminal process, especially when the case in question is his declaration 
of a crime against sexual dignity. Thus, the purpose of this article is to study the 
indispensability of valuing the testimony of the victim in a special way in crimes of this 
nature, especially when this is the only and main means of constant evidence in the records, 
so that the real truth is reached without reaching no fundamental right of the accused while 
not discrediting the victim's word to society, to then guarantee the promotion and 
effectiveness of criminal justice. To this end, the method used was based on bibliographic 
research, based on a dialectical and historical methodology, guaranteeing as a result the 
conclusion that from an analysis of the coherence between the elements contained in the 
records and the testimony of the victim, as well as the detail of the judge in perceiving 
possible references it is possible to value the victim's word and thus, reach the real truth. 
 
Keywords: Victim testimony. Criminal proof. Sexual crimes. Proving valu. 
 
1 Artigo Científico apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel no Curso de Direito 
do Centro Universitário Brasília de Goiás (UniBrasília), São Luís de Montes Belos, Goiás, Brasil. 
2 Discente do Curso de Direito do Centro Universitário Brasília de Goiás (UniBrasília), Goiás, Brasil. 
3 Orientador de Trabalho de Conclusão de Curso de Direito do Centro Universitário Brasília de Goiás 
(UniBrasília), Goiás, Brasil. 
2 
 
1. Introdução 
 
O Estado-juiz, ao decidir as diversas demandas judiciais que são levadas a sua análise, 
deverá fazê-lo com suporte probatório que culmine com a produção de justiça e pacificação 
social. O instituto das provas no processo penal demonstra-se de suma relevância, uma vez 
que é através delas que o magistrado irá decidir, portanto, elas devem se aproximar ao 
máximo da verdade dos fatos. Com isto, mostra-se imprescindível a exposição de 
determinados meios que contribuem para a convicção do julgador, a fim de que este chegue à 
verdade real no processo. 
Nota-se a incidência de vários crimes que acometem o cenário brasileiro e que sua 
repressão demanda necessidade de aperfeiçoamento contínuo do sistema de persecução penal. 
Contudo, alguns fatores demonstram a ineficácia da legislação, como exemplo, o descaso para 
com a efetividade do sistema penitenciário e nas aplicações de penalidades para infratores, 
como o caso da superlotação carcerária e do alto índice de regressões de detentos. 
Segundo dados atualizados pelo Levantamento Nacional de Informações 
Penitenciárias (INFOPEN), o Brasil possui uma população carcerária de 773.151 pessoas 
privadas de liberdade, o que põe em síntese a dificuldade do Estado em subsidiar o controle 
da criminalidade. 
Contudo, conforme evolução da sociedade, é necessário a adequação dos valores e 
costumes para com as normas penais, a fim de que, as leis sejam criadas com o intuito de 
combater delitos que realmente ofendam bens indispensáveis à sociedade, e para que o juiz 
possa aplicar a lei ao caso concreto, de acordo com as necessidades sociais de pacificação, 
fazendo valer o preceito de que as normas jurídicas têm por essência a coletividade e a 
preservação da ordem. 
Neste sentido, o tema abordado, qual seja, a valoração da palavra da vítima nos crimes 
contra a dignidade sexual, verificou como problemática a necessidade de aperfeiçoamento das 
provas na seara penal, tendo como objetivo estudar a busca pela efetivação da tutela judicial, 
no que se refere à adequação dos meios de prova à conclusão do processo, para assim, 
alcançar a verdade real e dar garantia a integridade física e psicológica dos envolvidos, 
especificadamente em crimes contra a dignidade sexual, haja vista, ser um delito que em sua 
maioria ocorre na clandestinidade, em locais ermos e na ausência de testemunhas, e 
consequentemente, sem deixar vestígios, restando como único meio de prova, o depoimento 
da vítima. 
3 
 
Desta maneira, após o estudo da busca pela verdade real no fomento da justiça, 
buscou-se compreender como a sociedade e o sistema de justiça criminal atende o ofendido 
em delitos desta natureza e de que forma a persecução penal destes crimes contribuem para o 
alcance do direito e do devido processo legal. Em derradeiro, expõe-se a discussão sobre o 
valor probatório dado a palavra da vítima nos crimes contra a dignidade sexual, bem como as 
consequências na justiça penal. 
Neste seguimento, Aury Lopes Jr. (2020) evidencia a respeito da valoração das provas 
no sentido de que a convicção do julgador deve ser baseada na dúvida como um hábito, e o 
livre convencimento deve demarcar a decisão de acordo com as normas constitucionais, 
evitando juízos inverossímeis. 
Por sua vez, os estudos de Greco (2017) enfatizam que, em se tratando do 
contraditório construído em juízo entre as partes, o magistrado deverá desenvolver a 
sensibilidade de apurar e contrapor o depoimento de ambas as partes, para que a credibilidade, 
ou a falta desta, decida, seja uma sentença condenatória ou absolutória. 
Em síntese, Aranha (2004) expõe a importância de se analisar de forma especial os 
elementos contidos nos autos que irão valorar o depoimento do ofendido, tais como, idade, 
estado mental, forma com que presta depoimento, relacionamento entre as partes, histórico de 
conflitos desta natureza, motivações, entre outros. 
Realizou-se, então, uma apuração crítica, na tentativa de estabelecer um estudo que 
analisará a presença de qualquer forma de crise institucional do judiciário no que tange ao 
tratamento destes casos, incentivando a reflexão e o debate sobre as questões que gerenciam 
os crimes contra a dignidade sexual,a produção de provas, o grau de veracidade encontrado 
no depoimento do ofendido e como estes fatores irão interferir na completude do processo, 
como forma de concretizar mudanças na esfera social e, mormente, judicial. 
Deste modo, o presente artigo embasou-se nos métodos dialético e histórico, em 
conjunto com a análise de pesquisa bibliográfica através de doutrinas jurídicas, jurisprudência 
e artigos científicos para então, alcançar uma maior elucidação acerca da valoração da palavra 
da vítima nos crimes contra a dignidade sexual. 
 
2. Do sistema probatório: da busca pela verdade real na promoção da justiça criminal 
 
A elaboração do sistema probatório no processo penal brasileiro se funda a partir de 
uma historicidade envolvendo o direito e a reconstrução da verdade, no qual sofreu muitas 
alterações ao longo do tempo. São três os sistemas que buscam estudar o sistema de 
4 
 
apreciação das provas, quais sejam: da íntima convicção; da prova tarifada e; do livre 
convencimento motivado. 
O sistema da íntima convicção permite ao juiz ter a liberdade de valorar a prova, até 
mesmo as ausentes nos autos, sem que seja necessário fundamentar sua decisão com as razões 
que justificaram a sua conclusão. Em regra, o ordenamento pátrio brasileiro não adota este 
método, entretanto, nota-se intrínseco a sua prática nos julgamentos do Tribunal do Júri, em 
que os jurados do Conselho de Sentença não precisam fundamentar a sua decisão e julgam de 
acordo com sua íntima convicção, assim como preceitua o art. 5º, inciso XXXVIII, 
Constituição Federal de 1988 (CF/88). 
Consubstanciado na soberania dos vereditos, é que a lei delega a supremacia dos 
jurados e o poder de julgar livremente sem respaldo em normas jurídicas, seguindo um 
critério predefinido de normas ou analise as provas, podendo até mesmo decidir contra ela. 
Por sua vez, o sistema da prova tarifada, também conhecido como sistema da certeza 
moral do legislador ou da prova legal, “trabalha com a ideia de que determinados meios de 
prova têm valor probatório fixado em abstrato pelo legislador, cabendo ao magistrado tão 
somente apreciar o conjunto probatório e lhe atribuir o valor conforme estabelecido pela lei” 
(LIMA, 2020, p. 680). Sendo assim, a cada prova é dado determinado peso preestabelecido na 
legislação. 
Neste sistema, a confissão é considerada a prova de maior valor perante as demais, 
sendo irrefutável e suficiente para fundamentar a decisão do juiz. Também não é adotado no 
processo penal brasileiro, entretanto, encontram-se resquícios da sua prática, como por 
exemplo, no art. 158 do Código de Processo Penal (CPP), “quando a infração deixar vestígios 
será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a 
confissão do acusado”. Desta maneira, verifica-se uma tarifação de prova prevista pela lei 
processual penal em detrimento de outra. 
Agindo de forma intermediária aos dois sistemas anteriores, é que se concretizou no 
processo penal brasileiro o sistema do livre convencimento motivado ou da persuasão 
racional. “Por tal sistema, o juiz é livre na formação de seu convencimento, não estando 
comprometido por qualquer critério de valoração previa da prova, podendo optar livremente 
por aquela que lhe parecer mais convincente” (OLIVEIRA, 2016, p. 342). 
A partir deste, o legislador tem a liberdade de expressar sua vontade consoante às 
provas contidas nos autos, assim como versa o artigo 155 do Código de Processo Penal, na 
qual expõe no sentido de que o julgador formará seu entendimento pela livre apreciação 
probatória produzida em contraditório judicial, sendo vedada a fundamentação unicamente em 
5 
 
elementos informativos extraídos na investigação, com ressalvas às provas cautelares, não 
repetíveis e antecipadas. 
Ainda que não haja uma norma a respeito da valoração probatória e que o julgador tem 
a liberdade de considerar de acordo com a sua convicção, este deverá fundamentar sua 
decisão, demonstrando suas razões embasadas nas provas contidas nos autos, sendo assim, o 
livre convencimento do magistrado não é ilimitado. 
Para que haja efetivação da justiça criminal no processo penal, os parâmetros que 
regem a produção probatória se baseiam em princípios fundamentais para sua estruturação. 
Dentre eles, o princípio da comunhão da prova estabelece que, depois de vinculada aos autos, 
esta não pertence somente a parte que a ofereceu e sim aos sujeitos processuais, podendo ser 
utilizada por todos. Neste sentido, Avena (2020) exemplifica que, durante o processo, a partir 
do momento em que as testemunhas são arroladas, se tornam meio de prova de ambas as 
partes. 
Em se tratando dos princípios essenciais para o alcance da verdade real no processo é 
que se estrutura o princípio da oralidade, no qual dispõe que, sempre que possível, as provas 
devem ser apresentadas de forma oral, na presença do juiz, afim de que este participe dos atos 
de obtenção das provas, sendo assim, a palavra falada em audiência tende a ser mais valiosa 
do que depoimentos escritos nos autos. 
É preciso salientar que é de elevada importância que as questões relacionadas ao 
processo penal sejam, em regra, realizadas publicamente, para garantir a confiabilidade e 
acesso no que se refere à administração da justiça criminal, entretanto, há exceções 
pertinentes aos processos que tramitam com segredo de justiça. 
É cediço que, para haver o devido processo legal, o sistema probatório deve ser 
pautado pelo princípio do contraditório, o qual remete que toda prova produzida por uma das 
partes deve-se possibilitar a realização de uma contraprova pela outra, o que irá conceder ao 
processo uma linguagem de debate e contraposição de fatos, bem como a prerrogativa de 
participação e reação do polo adverso. 
Neste sentido, Lima (2020, p. 55) entende que: 
 
Por força do princípio ora em análise, a palavra prova só pode ser usada para 
se referir aos elementos de convicção produzidos, em regra, no curso do 
processo judicial, e, por conseguinte, com a necessária participação dialética 
das partes, sob o manto do contraditório e da ampla defesa. Essa estrutura 
dialética da produção da prova, que se caracteriza pela possibilidade de 
indagar e de verificar os contrários, funciona como eficiente mecanismo para 
a busca da verdade. De fato, as opiniões contrapostas das partes adversas 
6 
 
ampliam os limites da cognição do magistrado sobre os fatos relevantes para 
a decisão da demanda e diminuem a possibilidade de erros. 
 
Com isso, o respeito ao princípio do contraditório na fase probatória é essencial para a 
obtenção da certeza sobre o crime e a formação do convencimento do magistrado, tendo em 
vista que a exposição oral aproxima a ‘verdade’ das partes ao magistrado. 
A busca pela verdade absoluta no processo penal é uma tarefa difícil, podendo se 
tornar impossível, pois nem sempre será exequível estampar um patamar de certeza suficiente 
para confirmar que o acontecido em tempo passado ocorreu exatamente como demonstrado 
nos autos pelas partes. 
A respeito do princípio da verdade real, Machado (apud PIRES, 2018, p. 22), afirma 
que: 
 
Os juízos verdadeiros estão ligados com o chamado princípio da “verdade 
real”, dispondo que os fatos do processo não poderão ser presumidos para 
acarretar na condenação de alguém, mas sim a comprovação de fatos 
concretos que remontam a história, sem espaços para raciocínios e 
presunções imaginárias do homem. 
 
Desse modo, a busca pela obtenção da verdade no processo não é absoluta, mas está 
relacionada à proximidade dos fatos verificados e que serão reconstituídos a partir das demais 
provas e outros elementos no decurso da ação. Busca-se, então, a proximidade de como os 
fatos aconteceram na realidade, que contribuirá para uma decisão mais justa. 
Segundo Lopes Jr. (2020, p.570), “a decisão judicial não é a revelação da verdade 
(material, processual, divinaetc.), mas um ato de convencimento formado em contraditório e 
a partir do respeito às regras do devido processo”. Com isso, expõe-se que a verdade parte de 
uma incerteza. Assim, através do contraditório, o juiz irá formar a sua convicção de acordo 
com as regras do devido processo legal, no qual o conjunto probatório poderá contribuir para 
o alcance da verdade. 
Ainda, na percepção deste autor, na adequação da verdade real na persecução penal, 
cabe às partes a função de convencimento do magistrado, logo, estas não têm o dever de 
expor uma verdade propriamente dita, mas a que ela acredita ser verídica. Com isto, este 
sistema atribui à sentença uma demonstração de convencimento sobrepondo o significado de 
‘verdade real’. 
Considera-se que os meios de prova são um dos instrumentos que levarão o julgador à 
conclusão da sua certeza processual, deste modo, não há hierarquia de uma prova sobre a 
7 
 
outra e o juiz irá valorar de acordo com sua íntima convicção, entretanto, faz-se necessário 
este estudo, haja vista que o depoimento do ofendido não terá a mesma valoração do que uma 
prova testemunhal, por exemplo. 
Embasado na ideia da busca pela certeza na persecução penal, é que o julgador 
exercerá o livre convencimento motivado, para adequar a razão à justiça criminal. Contudo, 
restringe-se o estudo para a forma e peso que será processado o depoimento da vítima, sendo 
esta, diretamente interessada no resultado do que se acredita ser a verdade real. 
 
3. Da persecução penal nos delitos contra a dignidade sexual 
 
Vive-se em uma sociedade em que, geralmente, o sexo feminino é visto com 
submissão em diferentes áreas, nas quais as mulheres lutam pelo direito de igualdade. 
Contudo, este cenário se agrava quando estas são vítimas de crimes contra a dignidade sexual. 
Como estes delitos são em grande parte cometidos na clandestinidade e na ausência de 
testemunhas, não permitem um lastro probatório sólido, dependendo assim, primordialmente, 
da palavra da vítima, como meio de prova. Ocorre que, seu depoimento muitas vezes é 
valorado pela sociedade de acordo com sua vida pregressa, que relacionam o comportamento 
e histórico do indivíduo com a possibilidade dela ter sido vítima ou não de violência sexual, 
com isto, é comum que a comunidade interrogue sobre qual roupa a mulher estava usando no 
momento em que foi abusada, se estava alcoolizada, motivos por estar em determinado local e 
horário, etc. Práticas como estas se enraizaram na cultura machista e misógina da sociedade 
que entende ser a mulher responsável por evitar o crime sexual e outros muitos atos violentos. 
Ainda que haja avanços em relação à garantia aos direitos das mulheres, estas 
formações dos estereótipos de gênero não ocorrem somente no meio informal, haja vista que, 
as vertentes deste pensamento se estendem à atuação do sistema da justiça criminal. 
À vista disso, o operador do sistema penal atua com base nos ideais patriarcais e 
retrógrados, julgando a vítima violentada antes mesmo de acolhê-la processualmente. Assim, 
ocorre no processo penal, uma inversão do ônus da prova. 
Andrade (2016, p.99) entende que: 
 
Tem sido reiteradamente posto de relevo como as demandas femininas são 
submetidas a uma intensa "hermenêutica da suspeita", do constrangimento e 
da humilhação ao longo do inquérito policial e do processo penal que 
vasculha a moralidade da vítima (para ver se é ou não uma vítima 
apropriada), sua resistência (para ver se é ou não uma vítima inocente), 
8 
 
reticente a condenar somente pelo exclusivo testemunho da mulher (dúvidas 
acerca da sua credibilidade). 
 
Segundo esta autora, sexismo machista dispensa a proteção devida ao ofendido, haja 
vista ser o sistema penal em sua maioria comandado por homens que foram civilizados sob a 
cultura patriarcal manchada por valores preconceituosos, opressores e desiguais. Salienta, 
também, sobre a seletividade com que opera o sistema para as mulheres tidas como cidadãs 
honestas e de respeito e que merecem a proteção jurídica e social, e que tem o reconhecimento 
da vitimização pelo sistema penal, diferentemente das mulheres fora do padrão imposto pela 
sociedade. 
Neste sentido, Andrade (2016), em seus estudos sobre a eficácia da persecução penal 
na proteção do sujeito passivo, relata ser infrutífera, pois, não previne novos casos, 
desconsidera o interesse da vítima e não auxilia na percepção da violência sexual 
propriamente dita e na gestão da adversidade em relação às questões de gênero. 
A dignidade sexual é bem jurídico tutelado pelos crimes tipificados nos Capítulos I e 
II, Título IV do Código Penal (CP) e está estreitamente relacionada a expressões pessoais da 
sexualidade e à liberdade do indivíduo para com o próprio corpo. Sua tutela decorre do 
princípio da dignidade da pessoa humana e resguarda que atos que intentam contra o bem 
jurídico da dignidade sexual necessitam absoluta proteção, haja vista que essas atividades vão 
além da busca pela satisfação de lascívia e alcançam níveis doentios, anormais e patológicos, 
causando sequelas marcantes que acompanharão a vítima por toda vida na esfera social, 
psíquica e física. Assim, o Estado exerce seu poder punitivo mediante criminalização de 
referidas condutas e sanções à violação da norma. 
A violência sexual e suas manifestações acompanham a sociedade conforme sua 
evolução, bem como evoluiu a titularidade da ação penal de crimes desta natureza. O sistema 
que regia o Código Penal de 1940 estabelecia que crimes de natureza sexual, eram 
caracterizados como crimes contra os costumes, os quais seriam de ação penal privada, sendo 
assim, a decisão de queixa e de início do processo cabia somente à vítima. Nos casos em que 
o ofendido não pudesse arcar com as despesas processuais, a ação penal seria pública 
condicionada à representação, e incondicionada nos crimes cometidos com abuso de poder ou 
quando o agressor tinha qualidade de tutor, padrasto ou curador. 
Por esta regra, levando-se em consideração o prazo decadencial de seis meses para o 
oferecimento da queixa-crime a partir do reconhecimento do autor, dificultava-se a 
9 
 
punibilidade do crime, pois o ofendido era obrigado a arcar com as despesas processuais e 
contratação de advogado. 
O Supremo Tribunal Federal, em 1984, instituiu a Súmula 608 e pacificou a decisão de 
que o crime de estupro, praticado mediante violência real, teria natureza de ação penal pública 
incondicionada. Fato este que mudou somente com o estabelecimento da Lei nº 12.015/2009, 
na qual a norma instituída seria que crimes contra a dignidade sexual procederiam sob ação 
penal pública condicionada à representação da vítima, exceto quanto esta fosse menor de 
dezoito anos ou vulnerável, sendo nestes casos procedida independente da manifestação de 
sua vontade. Esta regra permaneceu até o ano de 2018, em que a Lei nº 13.718/18 foi editada 
e tais crimes voltaram a ser prosseguidos mediante ação penal pública incondicionada para 
todos os casos. 
Contudo, a problemática acerca da representação nos crimes de maior gravidade e 
repercussão social está no fato de que delitos como estes lesionam sua intimidade e 
integridade moral, causando humilhação maior ao ofendido, que assim, encontra mais 
facilidade em superar o trauma do ocorrido do que prosseguir com a ação. Deste modo, a 
vítima de crimes contra dignidade sexual, que já teme pelo descrédito da valoração de seu 
depoimento, não tem o livre arbítrio de não representar a ação, então, além de desacreditada 
processualmente, pode ter sua intimidade violada independente de sua vontade. “Neste caso, o 
crime afeta tão profundamente a esfera íntima do indivíduo que a lei, a despeito da sua 
gravidade, respeita a vontade daquele, evitando, assim, que o strepitus judicii (escândalo do 
processo) se torne um mal maior para o ofendido do que a impunidade dos responsáveis” 
CAPEZ (2019, p. 703). Trata-se do fato deproteger a privacidade da vítima quando esta se 
sobrepõe ao interesse público. Por este motivo, na oportunidade de resguardar a intimidade do 
ofendido maior e capaz é que a titularidade da ação permaneceu tantos anos sendo 
condicionada a representação. 
Neste mesmo sentido, Nucci (2020, p.1208) sintetiza: 
 
Desse modo, o denominado “escândalo do processo” foi colocado em 
segundo plano. A pessoa sexualmente ofendida não pode mais abafar o caso, 
evitando especulações inconvenientes. Não andou bem o legislador ao 
padronizar a publicidade da ação penal. O ideal seria considerar casos 
violentos como ação pública incondicionada; casos sem violência, ação 
pública condicionada ou privada. 
 
O inquérito policial, conduzido pela polícia judiciária, será instaurado a fim de colher 
provas preliminares ou pré-constituídas, e apurar a autoria e prática de determinada infração 
10 
 
para então formar a convicção do representante do Ministério Público. Com isto, após o 
recebimento do inquérito ou das peças de informação, o parquet, notando existir prova de 
materialidade do fato que caracterize crime e indícios de autoria, deverá oferecer denúncia 
(ESTEFAM, 2019, p. 534). 
Na sequência, o juiz irá receber a denúncia, e citará o acusado para que no prazo de 
dez dias apresente a resposta à acusação por escrito. Diante disso, após a contestação do 
acusado, o juiz poderá anular o processo, absolver sumariamente o réu, de acordo com o art. 
397, Código de Processo Penal ou determinar audiência de instrução e julgamento. 
Na fase de instrução, serão colhidas todas as provas, respaldadas pelo princípio do 
contraditório e da ampla defesa, como o depoimento do ofendido, das testemunhas arroladas 
pela acusação e defesa, respectivamente, e por último se procede à inquirição do réu, assim 
como dispõe o art. 400 do CPP. 
 Ocorre que, da fase inquisitorial até o momento da oitiva de seu depoimento em juízo, 
a vítima passa por diversas interrogações em que precisa relatar o trauma e reviver a dor do 
ocorrido. Neste sentido, Carvalho e Lobato (2008), em seus estudos sobre a vitimização no 
processo penal discorrem que este processo se inicia na fase policial, em que o ofendido se 
depara com a falta de capacitação das autoridades para com este tipo de tratamento, 
aumentando assim o número de ocorrências de crimes sexuais e com isto, a falta do amparo 
necessário para sua proteção legal. Por conseguinte, a vitimização secundária ocorre durante 
as audiências, nos tribunais, onde a vítima fica na presença do seu agressor e durante o 
interrogatório precisa relatar e relembrar os momentos do delito, não sendo dada a ela a 
chance de permanecer em silêncio. 
Por fim, neste viés, Carvalho e Lobato (2008) expõem que a terceira fase da 
vitimização no processo penal ocorre no meio social em que vive e há a falta de amparo e 
receptividade não só por parte do Estado e órgãos públicos, mas de toda sociedade quando se 
tratam de crimes rotulados com estigma e tabu. 
Portanto, este tratamento dado ao ofendido nos crimes contra a dignidade sexual não 
auxilia na persecução penal e desacredita a vítima de expor o ocorrido, buscando por justiça, à 
vista disso, a pressão psicológica e social a qual é submetida durante o processo judicial 
ocasiona no detrimento da sua declaração em juízo. 
 
 
 
 
11 
 
3.1. Da tutela penal nos crimes contra a dignidade sexual 
 
Como disposto no art. 225 do Código Penal, todos os delitos contra a dignidade 
sexual, se procedem mediante ação penal pública incondicionada. O legislador buscou com a 
tipificação destes delitos, proteger a liberdade sexual da pessoa humana, considerando o 
direito à intimidade, à honra e à vida privada, podendo livremente escolher o indivíduo ao se 
relacionar sexualmente. 
Primeiramente, tipificado no título VI, está o crime de estupro previsto no art. 213, 
CP. Trata-se de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção 
carnal, ou a prática de outro ato libidinoso, este considerado qualquer contato que provoque a 
satisfação do prazer, como beijo lascivo, sexo oral ou anal. Este delito tem forma qualificada 
se for cometido contra vítima menor de dezoito e maior de quatorze anos de idade, quando da 
conduta do agente resultar lesão corporal grave ou quando desta resultar a morte da vítima. 
Antes da edição da Lei nº 12.015/2009, o crime de estupro só poderia ter como polo 
ativo pessoa do sexo masculino e do polo passivo, pessoa do sexo feminino. De acordo com a 
evolução dos valores sociais, o legislador teve a necessidade de resguardar a todos, 
independente do sexo. 
Previsto no art. 215, CP, tutela o delito de violação sexual mediante fraude. Para 
Rogério Sanches (2018, p. 508), este crime é considerado como estelionato sexual, que se 
caracteriza na conduta do agente que não faz o emprego de violência para praticar com a 
vítima ato de libidinagem, usando de fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre 
manifestação de sua vontade. Esta conduta se diferencia do estupro pela utilização do meio 
fraudulento para sua concretização. 
Disposto no art. 215-A está o crime de importunação sexual, novidade trazida pela Lei 
13.718/2018 que incrimina a prática do indivíduo que busca satisfazer sua lascívia ou a de 
terceiro mediante ato libidinoso, com ou sem contato físico, porém identificável, sem que haja 
o consentimento da vítima. 
Por sua vez, o crime de assédio sexual previsto no art. 216-A, tutela sobre a liberdade 
sexual do indivíduo. Consiste em constranger alguém com a finalidade de se favorecer 
sexualmente, assim, para que se enquadre neste tipo, o acusado necessariamente deve ter 
cargo superior hierárquico para com a vítima ou que tenha posição de ascendente, seja esta 
supremacia familiar, no âmbito de trabalho ou administrativo. 
Finalizando o estudo acerca dos crimes contra a liberdade sexual, tem-se o crime 
disposto no art. 216-B, que versa sobre o registro não autorizado da intimidade sexual. Este 
12 
 
tipo pune o agente que fotografar, produzir, filmar ou registrar conteúdo de ato sexual, nudez 
ou qualquer outro ato de caráter libidinoso que atinja a intimidade e privacidade da vítima, 
sem a sua autorização. 
Ao realizar uma análise dos dispositivos que punem os crimes sexuais contra 
vulneráveis, o art. 217-A pune o agente que tenha conjunção carnal ou outro ato libidinoso 
com pessoa menor a de quatorze anos de idade ou portadora de deficiência ou enfermidade 
mental que a incapacite de ter discernimento para a atividade, ou pessoa que, por outro 
motivo, não tenha condições de resistir à conduta do agente. Este crime é consumado mesmo 
se a vítima houver consentido o ato sexual. Para Nucci (2020, p. 1189). “o legislador, na área 
penal, continua retrógrado e incapaz de acompanhar as mudanças de comportamento reais na 
sociedade brasileira, inclusive no campo da definição de criança ou adolescente”. 
Em seguida, o art. 218 dispõe sobre a corrupção de menores, que consiste na mediação 
do menor vulnerável a fim de satisfazer a lascívia de outra pessoa. Este crime é tutelado para 
resguardar a dignidade sexual da vítima menor de quatorze anos. 
Exposto no art. 218-A está o delito que pune a prática de conjunção carnal, ou outro 
ato libidinoso, na presença de pessoa menor de quatorze, com intuito de satisfação da lascívia 
própria ou de terceiro. Em se tratando do art. 218-B, cabe a tutela do crime de favorecimento 
da prostituição ou de forma alheia que explore sexualmente criança, adolescente ou 
vulnerável, ou seja, sujeitar, sugerir, seduzir tais pessoas para a pratica de ato sexual ou 
facilitar a prostituição e a exploração sexual. 
Na sequência, o art. 218-C resguarda a dignidade da vítima no tocante a sua honra. 
Trata-se do crime de divulgar, oferecer, disponibilizar, trocar, vender ou expor à venda, 
publicar ou transmitir, por qualquer meio, fotografia, vídeos ou demaisregistros que 
contenham cena de estupro ou de estupro de vulnerável, com ou sem o seu consentimento, 
também é punida a apologia ou ato que induza a prática de mídia relacionada a pornografia. 
Segundo Nucci (2020), surgimento da tipificação deste crime se justifica de maneira 
em que se lastreia a divulgação de dados e mídias referentes ao sexo, nudez e pornografia para 
um grande público, causando constrangimento e humilhação à vítima. 
Deste modo, o Código Penal tutela a dignidade sexual, resguardando a liberdade, 
honra e intimidade no que tange a sexualidade da vítima. Assim, os crimes previstos nestas 
tipificações devem ser pautados por lastro probatório firme e coerente, haja vista serem os 
delitos de maior delicadeza no que se refere aos meios de prova. 
 
 
13 
 
4. Valoração da palavra da vítima e suas consequências no sistema de justiça criminal 
 
 Como estudado acima, não existe hierarquia de provas no processo penal brasileiro, 
assim, o magistrado irá analisar os fatos utilizando do seu livre convencimento motivado para 
fundamentar a decisão proferida e dar a cada uma delas um “peso” cabível na conclusão do 
processo. 
Contudo, há casos em que, devido à forma de ação do sujeito ativo, não deixam 
vestígios, assim como acontece nos crimes contra a dignidade sexual, por ser em sua maior 
parte cometidos na clandestinidade, sem a presença de testemunha e em locais escusos, pode 
ocorrer que a análise da relação probatória ficará restrita somente à palavra da vítima. 
 O presente tópico em questão estudará especificadamente os meios de provas 
admissíveis nos delitos sexuais e a sua obtenção, o fato de que, tanto a conjunção carnal, 
como a prática do ato libidinoso, tem um difícil e delicado procedimento de apuração. 
Neste viés, Avellar (2017) pondera que, em se tratando da conjunção carnal, que 
significa cópula entre pênis e vagina, no que se refere à perícia a ser feita no exame de corpo 
de delito no ato em questão, esta se mostra insuficiente para atestar a veracidade, por fatores 
como: o lastro temporal entre a conduta e o exame, o fato de que os vestígios de ferimentos 
também podem ser percebidos em relações sexuais consentidas, as técnicas utilizadas pelo 
perito, dentre outras razões. Assim, o fator temporal é de relevada consideração, haja vista 
que a vítima após ser violentada, diante de todo trauma psicológico e físico vivido, 
dificilmente se dirigirá diretamente à delegacia para fazer uma denúncia, ou buscará ajuda 
diversa imediatamente, pois se trata de uma exposição que afeta bruscamente o emocional do 
indivíduo. 
A outra finalidade é a execução do ato libidinoso, como conceitua Nucci (2020, p. 
1153), “qualquer contato que propicie a satisfação do prazer sexual, como, por exemplo, o 
sexo oral ou anal, ou o beijo lascivo”, este também possui uma grande dificuldade na 
produção probatória visto que, essas ações não deixam vestígios, assim, conclua-se que o 
magistrado se limitará, nestes casos, ao depoimento da vítima como meio de prova se não 
único, de maior relevância na ação penal. 
Neste sentido se faz o posicionamento do Supremo Tribunal de Justiça: 
 
A ausência de laudo pericial não tem o condão de afastar os delitos de 
estupro e atentado violento ao pudor, nos quais a palavra da vítima tem 
grande validade como prova, especialmente porque, na maior parte dos 
casos, esses delitos, por sua própria natureza, não contam com testemunhas e 
14 
 
sequer deixam vestígios” (HC-47.212/MT, rel. Min. Gilson Dipp, DJ 
13.03.2006) (REsp 40028/MA, 6.ª T., rel. Og Fernandes, 23.02.2010, v.u.). 
 
Desta forma, o depoimento da vítima terá uma consideração relevante quando este for 
principal elemento probatório consistente nos autos, todavia, o magistrado deve ater-se a 
possíveis armadilhas processuais, haja vista ser o ofendido parte inteiramente interessada no 
resultado da ação penal, tanto com a finalidade de beneficiar o acusado, nestes casos movida 
pelo medo, temor, pressões psicológicas, entre outros, quanto para prejudicar um indivíduo 
inocente com interesses próprios e com intuito de se vingar por motivos diversos. 
Neste sentido, por um lado não se pode afirmar a confiabilidade total do depoimento 
por uma possível contaminação negativa, e do outro, se torna inviável desacreditar 
integralmente a palavra da vítima e deixar com que esta fique desassistida processualmente 
diante de um suposto crime de estupro. 
Apesar de serem os crimes contra a dignidade sexual, complicado de se fabular devido 
seu estigma social negativo e retrógrado, além do fato da humilhação e constrangimento à que 
é submetida, a vítima não é obrigada a se comprometer com a verdade em seu depoimento, 
diferentemente das testemunhas, logo, quando movida por sentimentos de repulsa e aversão 
pelo sujeito passivo, a mesma pode desenvolver sua narrativa a fim de prejudicar terceiro lhe 
imputando uma falsa alegação de estupro. 
Deste modo, para Aury Lopes Jr. (2020), o judiciário já parte da proposição de que a 
vítima está sendo verdadeira em depoimento e não tem motivos para fantasiar o ocorrido e 
mentir em juízo, em consequência disso, toma-se como verídico aquilo que foi dito, e esse é o 
enfoque resultante das graves injustiças jurídicas que ocasionam nas condenações indevidas 
fundamentadas em depoimentos regados de inverdades, falsa memória, reconhecimento 
errôneo e outros erros que podem ser até mesmo de boa-fé. 
Se de um lado a cultura do estupro findada na sociedade brasileira reflete na forma 
com que todo o sistema de persecução penal recepciona e trata a vítima de crime sexual, 
deixando-a por vezes acuada e desacreditada, por outro, leva-se em consideração a 
possibilidade de uma falsa imputação do delito por motivo adverso. 
Consubstanciado na possibilidade de falsa alegação de crime contra dignidade sexual, 
é que se baseia a teoria criminalista da Síndrome da mulher de Potifar, esta demonstra a figura 
do indivíduo que imputa falsa conduta criminosa após ser renegada pelo amante. Tal conceito 
deriva da escritura bíblica do capítulo 39 do livro de Gênesis, em que é narrada a seguinte 
história: 
15 
 
 
1 José foi levado para o Egito, onde os ismaelitas o venderam a um egípcio 
chamado Potifar, um oficial que era o capitão da guarda do palácio. 
2 O SENHOR Deus estava com José. Ele morava na casa do seu dono e ia 
muito bem em tudo. 
3 O dono de José viu que o SENHOR estava com ele e o abençoava em tudo 
o que fazia. 
4 Assim, José ganhou a simpatia do seu dono, que o pôs como seu ajudante 
particular. Potifar deu a José a responsabilidade de cuidar da sua casa e 
tomar conta de tudo o que era seu. 
5 Dali em diante, por causa de José, o SENHOR abençoou o lar do egípcio e 
também tudo o que ele tinha em casa e no campo. 
6 Potifar entregou nas mãos de José tudo o que tinha e não se preocupava 
com nada, a não ser com a comida que comia. José era um belo tipo de 
homem e simpático. 
7 Algum tempo depois, a mulher do seu dono começou a cobiçar José. Um 
dia ela disse: — Venha, vamos para a cama. 
8 Ele recusou, dizendo assim: — Escute! O meu dono não precisa se 
preocupar com nada nesta casa, pois eu estou aqui. Ele me pôs como 
responsável por tudo o que tem. 
9 Nesta casa eu mando tanto quanto ele. Aqui eu posso ter o que quiser, 
menos a senhora, pois é mulher dele. Sendo assim, como poderia eu fazer 
uma coisa tão imoral e pecar contra Deus? 
10 Todos os dias ela insistia que ele fosse para a cama com ela, mas José não 
concordava e também evitava estar perto dela. 
11 Mas um dia, como de costume, ele entrou na casa para fazer o seu 
trabalho, e nenhum empregado estava ali. 
12 Então ela o agarrou pela capa e disse: — Venha, vamos para a cama. Mas 
ele escapou e correu para fora, deixando a capa nas mãos dela. 
13 Quando notou que, ao fugir, ele havia deixado a capa em suas mãos, 
14 a mulher chamou os empregados da casa e disse: — Vejam só! Estehebreu, que o meu marido trouxe para casa, está nos insultando. Ele entrou 
no meu quarto e quis ter relações comigo, mas eu gritei o mais alto que pude. 
15 Logo que comecei a gritar bem alto, ele fugiu, deixando a sua capa no 
meu quarto. 
16 Ela guardou a capa até que o dono de José voltou. 
17 Aí contou a mesma história, assim: — Esse escravo hebreu, que você 
trouxe para casa, entrou no meu quarto e quis abusar de mim. 
18 Mas eu gritei bem alto, e ele correu para fora, deixando a sua capa no 
meu quarto. 
19 Veja só de que jeito o seu escravo me tratou! Quando ouviu essa história, 
o dono de José ficou com muita raiva. 
20 Ele agarrou José e o pôs na cadeia onde ficavam os presos do rei. E José 
ficou ali. 
[...] 
 
Diante desta narrativa é que se construiu na esfera jurídica o mais antigo relato de 
falsa alegação do crime de estupro. Dito isso, a síndrome da mulher de Potifar descreve a ação 
da vítima que, após ser rejeitada, denuncia caluniosamente o indivíduo que a recusou com o 
propósito de obter vingança, instigada pelo sentimento de desprezo e abandono. 
https://bo.net.br/pt/ntlh/genesis/39/1/
https://bo.net.br/pt/ntlh/genesis/39/2/
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16 
 
Neste ínterim, Greco (2017) em seus estudos, relata que, nestes casos, o magistrado 
deve analisar e desenvolver uma sensibilidade para que a apuração dos fatos expostos em 
depoimento pela suposta vítima seja determinantemente condizente com a verdade, isto é, 
legitimar que a palavra contraposta à do agente acusado seja verossímil e assertiva, com isso, 
a falta de credibilidade da mesma irá ocasionar na absolvição do imputado, e se contrário for 
o viés da declaração, decidirá a condenação do indivíduo. 
Destarte, se compõe a problemática relativamente à palavra da vítima e sua valoração 
distinta no conjunto fático-probatório de processos de crimes contra a dignidade sexual, assim 
sendo, o depoimento deve estar dotado de credibilidade, coerência e qualidade, e pontos 
importantes no contexto devem ser analisados pelo julgador. 
Em um sistema probatório baseado no livre convencimento motivado do magistrado, 
este não está subordinado a uma valoração previamente definida, contudo, a análise da 
declaração se pautará na harmonia com demais elementos contidos, na necessidade, ou falta 
dela, de estar falando a verdade, bem como a firmeza de como é prestado. Condições neste 
sentido são aceitas pelos tribunais a fim de legitimar a sentença condenatória, como se faz o 
entendimento do Superior Tribunal de Justiça: 
 
1. O Tribunal local, ao analisar os elementos constantes nos autos, 
entendeu pela ratificação da decisão de primeira instância que condenou 
o ora agravante pelo crime de estupro de vulnerável em continuidade 
delitiva. 2. A pretensão de desconstituir o julgado por suposta 
contrariedade à lei federal, pugnando pela absolvição ou a readequação 
típica da conduta, não encontra campo na via eleita, dada a necessidade 
de revolvimento do material probante, o que é vedado a esta Corte 
Superior de Justiça, a teor do disposto na Súmula n. 7/STJ. 3. Este 
Sodalício há muito firmou jurisprudência no sentido de que, nos crimes 
contra a dignidade sexual, geralmente ocorrido na clandestinidade, a 
palavra da vítima adquire especial importância, desde que verossímil e 
coerente com os demais elementos de prova. 4. Agravo regimental 
improvido. (STJ - AgRg no REsp: 1695526 SP 2017/0231157-3, 
Relator: Ministro JORGE MUSSI, Data de Julgamento: 17/05/2018, T5 
- QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 04/06/2018). 
 
Por certo, o posicionamento jurisprudencial do tribunal corrobora o fato de que a 
palavra da vítima será suficiente para provar a conduta delitiva e motivar condenações desde 
que esta esteja em conexão com demais dados juntados nos autos. O julgador analisará os 
antecedentes da vítima, dados informativos que enfraqueçam a valoração, como, depoimento 
controverso, instável e confuso, bem como, motivos, razões e circunstâncias que, baseado no 
caso em si, podem levar o ofendido a mentir em juízo. 
17 
 
Para Aranha (2004), é importante que se faça um estudo de acordo com a idade, 
formação moral e mental, assim como a maneira com que a vítima e o acusado prestam o 
depoimento. Também considera necessário tomar ciência de fatos externos que contribuem 
para a valoração, como o relacionamento das partes, histórico de conflitos, se há registros de 
situações desta natureza, para que assim seja verificado se há alguma razão escondida por trás 
da denúncia. 
Diante desse paradigma em que se encontra o valor probante do depoimento do 
ofendido, em consideração ao princípio do in dubio pro reo, que trata sobre a absolvição do 
acusado quando o lastro probante não for suficiente para formar o convencimento do juiz, 
enquanto não houver divergência em relação aos elementos e ao depoimento da vítima e não 
existam nos autos processuais causas que excluam a credibilidade das suas declarações, ou 
tenha validação a partir da corroboração com outros dados do processo, é possível que haja 
uma condenação contando como meio de prova, primordialmente, a palavra do ofendido. 
 
5. Conclusão 
 
A sociedade está em constante mutação de valores e culturas, com isso, as normas 
penais e processuais brasileiras devem acompanhar a sua evolução na medida em que se 
seguem. Assim, ao operador do direito resta a missão de aplicar a lei ao caso concreto, 
buscando a verdade real, que tem sido foco de críticas por doutrinadores, haja vista se tratar 
do alcance mais próximo da realidade possível. Assim, incumbe ao magistrado a efetivação 
do devido processo legal através do sistema do livre convencimento motivado, também 
conhecido como persuasão racional, no qual o magistrado irá valorar livremente a prova e os 
elementos contidos nos autos de acordo com a sua convicção, estando esta, submetida à 
fundamentação legal. Deste modo, o presente artigo apurou o estudo acerca da formação 
probatória construída nos processos que julgam crimes contra a dignidade sexual, bem como a 
persecução penal destes. 
Apesar de notória evolução conquistada em relação à desigualdade de gênero, as 
mulheres ainda enfrentam uma barreira no que tange o acolhimento de vítimas no cenário 
jurídico, em específico nos crimes contra a dignidade sexual. 
O sistema de justiça criminal está ocultamente enraizado por conceitos machistas e 
misóginos que buscam culpar a vítima pela conduta delitiva, usando de sua vida pregressa, 
comportamento social, modo de se portar, entre outros, para justificar o ato violento sofrido. 
18 
 
Isso faz com que o índice de denúncia por vítimas de crimes desta natureza seja cada vez 
menor, pois se sentirá acuada diante da hermenêutica de suspeita que é taxado sobre ela. 
 Ao ser analisado os meios de prova admitidos em direito, nota-se que é difícil a 
obtenção destes em crimes sexuais, haja vista serem delitos que, em sua maioria não deixam 
vestígios, são cometidos na clandestinidade, em locais ermos e longe de testemunhas, assim, a 
palavra da vítima adquiri relevante valor, por se tratar de principal, quiçá único, elemento 
componente no conjunto fático probatório. 
À vista disso, surge o paradigma acerca da confiabilidade do seudepoimento, a julgar 
por ser o ofendido o sujeito processual com maior interesse no resultado da sentença, sendo 
assim, por um lado o magistrado não poderá desacreditar totalmente a vítima e deixar com 
que fique desassistida processualmente e o suposto culpado saia impune, por outro, o julgador 
deve ater-se às armadilhas contidas nos autos, para assim não confiar por completo na 
declaração do ofendido e condenar injustamente o imputado. 
Sendo assim, conclui-se que, deve ser de grande sensibilidade a análise processual do 
depoimento da vítima em conjunto com os elementos contidos nos autos para que a verdade 
real seja uma certeza alcançada e assim, a valoração de forma especial desta declaração não 
afetará nenhuma garantia do acusado, desde que, tomada de maneira criteriosa e com enfoque 
na harmonia e coerência com que é prestado, para então alcançar a responsabilização, ou não, 
de forma justa e o sistema de justiça criminal não decaia em descrédito, não culpe inocentes 
nem mesmo deixe de punir culpados. 
 
6. Referências 
 
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Paulo: Saraiva, 2004. 
 
AVELLAR, Felipe Vieira. Indo além da mulher de Potifar: o valor da declaração do 
ofendido em crimes sexuais e a teoria do estupro fabricado. 2017. 38 f. Trabalho de 
Conclusão de Curso (Bacharel em Direito) – FGV Direito Rio. Rio de Janeiro, 2017. 
 
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Acesso em 13 Nov. 2020 
 
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19 
 
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VADE MECUM. Constituição Federal de 1988. Vade Mecum Saraiva/OAB concursos. 11. 
ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 8. 
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7244/habeas-corpus-hc-84010-sp-2007-0125240-2/inteiro-teor-100016583?ref=juris-tabs
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https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/595922910/agravo-regimental-no-recurso-especial-agrg-no-resp-1695526-sp-2017-0231157-3/inteiro-teor-595922920
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	1 José foi levado para o Egito, onde os ismaelitas o venderam a um egípcio chamado Potifar, um oficial que era o capitão da guarda do palácio.