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Artigo Pós-graduação 1

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7
RIO TURIAÇU NO SÉCULO 21: BELEZAS NATURAIS E UMA PROBLEMÁTICA AMBIENTAL CONTEMPORÂNEA.
 Beneilton de Jesus Silva *
RESUMO
Busca aprimorar de forma contextualizada o termo educação ambiental à realidade da sociedade helenense e comunidades ribeirinhas que retiram das águas do rio Turiaçu e seus afluentes sua alimentação e sustento econômico. Para tanto, aborda de forma sintética e impactante a relação do homem com a natureza desde a era neolítica à contemporaneidade. Enfatiza a origem, o paisagismo local, fauna, flora e variedades de peixes encontrados ao longo do curso do rio Turiaçu, bem como, discute os principais problemas ambientais pertinentes aos recursos hídricos enfrentados na atualidade pelos habitantes do município de Santa Helena, fruto do uso irracional de mananciais e reservas fluviais locais. Toma por base a pesquisa bibliográfica e informal e se dispõe a refletir com criticidade a problemática ambiental local, suas causas, impactos e possíveis resoluções. 
Palavras-chave: Meio ambiente. Rio Turiaçu. Biodiversidade. Problemática ambiental.
ABSTRAC
Search to perfect and it forms structure the term environmental education to the reality of the society helenense and riverine communities that remove of the waters of the river Turiaçu and your tributaries feeding and economical support. For so much, it approaches of synthetic form and impact the man's relationship with the nature since the neolithic era to the contemporary. It emphasizes the origin, the local landscape, fauna, flora and varieties of fish found along the course of the river Turiaçu, as well as, it discusses the principal pertinent environmental problems to the resources hydrics faced at the present time by the inhabitants of the municipal district of Santa Helena, fruit of the irrational use of springs and local fluvial reservations. It takes for base the bibliographical and informal research and it is disposed to contemplate with critical the problem environmental place, your causes, impacts and possible resolutions. 
Word-key: Environment. river Turiaçu. Biodiversity. Environmental problem.
____________________________
* Beneilton de Jesus Silva, aluno do Curso de Especialização Latu Sensu em História Social do Instituto Daniel de La Touche. e-mail: professorbeneilton@hotmail.com
1. INTRODUÇÃO
A problemática ambiental constitui neste último século um importante e abrangente campo de estudo e pesquisa aos profissionais de todas as áreas, uma vez que o mundo, vítima da mentalidade primitiva do homem racional contemporâneo, enfrenta de norte a sul, a devastação de florestas nativas, bacias hidrográficas e demais espaços ambientais ricos em biodiversidade. 
Diante dessa realidade, este trabalho procura estabelecer um elo entre as relações do homem e meio ambiente desde o período neolítico aos dias atuais. Aborda ainda a origem e importância do rio Turiaçu para o ecossistema da baixada ocidental maranhense, bem como, suas paisagens naturais, fauna e flora locais e ainda enumera parte das variedades de peixes existentes em seu leito e respectivos afluentes. Outro ponto importante deste enunciado baseia-se na listagem dos principais problemas ambientais vivenciados pelos moradores da sede do município de Santa Helena e comunidades ribeirinhas que habitam as margens do rio Turiaçu, como a pesca predatória, desmatamento da mata ciliar objetivando a propagação de roças e criação de gado comum e finalmente a retirada de seixo e areia junto ao leito dos rios e áreas lacustres como produto de venda junto a estabelecimentos ligados ao setor de infraestrutura e construção civil. 
Os assuntos aqui abordados foram selecionados e delimitados através de pesquisa junto a livros, artigos, revistas e outros periódicos de autores e organizações renomadas no que diz respeito à educação ambiental.
As informações hora disponibilizadas se traduzem em uma contribuição, visando aumentar o nível de consciência e responsabilidade do homem no seu relacionamento diário com o espaço ambiental, buscando de maneira responsável despertar as comunidades ribeirinhas, sindicatos da pesca e da lavoura, órgãos administrativos municipais e sociedade em geral sobre a criação e aprovação de leis municipais que possam direcionar sua aplicabilidade à proteção, preservação e revitalização do rio Turiaçu e seus afluentes.
Assim, a problemática ambiental que nos cerca deve ser alvo de constante debate pelas escolas integrantes do sistema de ensino local, já que, recai sobre si a responsabilidade instransponível de orientar, educar e preparar o indivíduo para o mundo que o rodeia, de modo que o mesmo compartilhe com os membros da sociedade que o ampara suas experiências e aprendizado, construídos ao longo todo o processo ensino-aprendizagem.
2. UM BREVE HISTÓRICO: DA CAVERNA AO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO.
Segundo referenciais fornecidos pela História da humanidade, a relação homem x meio ambiente se estreitou há pelo menos 10.000 anos (período neolítico), quando os povos pré-históricos iniciaram novos modos de relacionamento com a natureza: passaram a interferir de forma ativa no ambiente, cultivando plantas, domesticando e criando animais, surgia então a agricultura e a domesticação da natureza. De simples nômade, o homem passa a edificar as primeiras sociedades agropastoris. 
As sociedades clássicas da antiguidade com destaque à memorável Grécia antiga tornaram divina a figura do meio ambiente através da sua personificação contada pela mitologia, sem falar do culto ao deus sol (natureza) apregoado pelas sociedades primitivas americanas: incas, maias e astecas. Seguindo tal raciocínio, vale mencionar as afirmativas de Fernando Antônio da C. Vieira em seu artigo meio ambiente e homem: um olhar marxista: 
Desde o início da história dos homens, o convívio com o meio ambiente marcou a própria capacidade de sobrevivência da espécie, na medida em que dependia dos produtos coletados e da caça. Esta percepção da dependência ao meio em que viviam se configurou na deificação do meio ambiente e na adoração da mãe-natureza. (VIEIRA, 2008)
No Medievo acontece uma nova ruptura entre homem x natureza, esta é inferiorizada, aquele se torna sujeito capaz de fazer cultura.
Com o advento do Iluminismo (Séc. XVIII / XIX), é rompida a antiga estrutura absolutista e religiosa medieval e a natureza se materializa racionalmente, o pensamento torna-se científico, o meio ambiente agora é palpável. 
Pela iluminação da razão e busca incessante do novo, é gerado o liberalismo e o seu triunfo econômico concebe as bases para o modo de produção capitalista de nossos dias. É exatamente a partir do Século XIX que o meio ambiente se transforma em simples mercadoria e o homem seu maior predador. 
Hoje, em meio aos grandes avanços e criações tecnológicas associadas às singulares descobertas científicas contempla-se uma dualidade de pensamento quanto à problemática do meio ambiente como nunca houve em momento algum da História da humanidade: de um lado o justificável desenvolvimento econômico para o progresso e enriquecimento das nações, de outro, o dever incondicional humano de proteger e preservar o meio em que vivemos possibilitando dessa forma a continuidade e qualidade de vida para os habitantes do planeta Terra. 
Diante desse dualismo idealista de desenvolvimento e sobrevivência, o Século XX foi marcado por grandes reuniões internacionais que tiveram como meta principal o debate sobre biodiversidade, novas tecnologias e impacto ambiental tão presente no mundo contemporâneo, prova disso, foram os muitos Tratados, Convenções e Conferências que desde 1972 em Estocolmo, passando por Toronto no Canadá em 1988 com a leitura do protocolo de Kyoto, e finalmente, chegando a Copenhagen-Dinamarca, líderes de vários países e classe científica reuniram-se para debater questões globais urgentes sobre mudanças climáticas e demais problemas ambientais. A partir de então, o planeta Terra vivencia uma sucessão de anos com elevadas temperaturas jamais atingidasdesde que iniciou tal registro.
 Sobre esse momento histórico mundial, vale lembrar as contundentes palavras de Paulo Henrique Martinez (2003): “Este cenário mundial de preocupações e tentativas de uma gestão mundial dos problemas ambientais e as iniciativas localizadas nacionalmente impulsionaram o ingresso das temáticas do meio ambiente nas universidades, inclusive brasileiras, com a criação de centros e núcleos de pesquisa, de disciplinas e programas de cursos de especialização e pós-graduação”. 
O Brasil, por sua vez, entra para o cenário das grandes Conferências Internacionais sobre mudanças climáticas e impacto ambiental na última década do Século XX com a realização da ECO-92[footnoteRef:1], tendo por sede a cidade do Rio de janeiro onde mais de 160 governos assinaram a Convenção Marco sobre Mudança Climática. O objetivo entre outros era discutir e evitar as interferências perigosas no sistema climático mundial resultante da ação do homem na natureza. [1: Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), realizada entre 3 (três) e 14 (quatorze) de junho de 1992 no Rio de Janeiro.
] 
	Apesar do esforço brasileiro vislumbrado desde a década de 70 com a criação de órgãos da administração pública dedicados ao planejamento, fiscalização e preservação, e recente inclusão da proposta de educação ambiental aos temas “transversais” através dos PCNS, é notório as dificuldades e os problemas gigantescos enfrentados pelo governo e sociedade brasileira no que tange à problemática ambiental nacional, principalmente no que diz respeito aos recursos hídricos alvo deste trabalho.
3. ORIGEM, PAISAGISMO E BIODIVERSIDADE.
O rio Turiaçu, nasce entre a articulação das Serras do Tiracambu e Desordem, região essa pertencente ao município de Zé Doca, nas proximidades da área indígena denominada Alto Turiaçu. De sua nascente até o lago Guariba é conhecido como Turi, desse marco até sua desembocadura na Baía de Turiaçu e consequentemente encontro com o Oceano Atlântico recebe o nome de Rio Turiaçu. Imponente pela própria natureza integra de forma secundária a Bacia do Pindaré e possui papel de grande destaque quanto à rede fluvial da Baixada Ocidental Maranhense. O rio Turiaçu, de sua nascente à foz, atravessa diversos municípios do Maranhão, são eles respectivamente: Zé Doca, Santa Luzia do Paruá, Nova Olinda, Araguanã, Pedro do Rosário, Presidente Sarney, Santa Helena, Turilândia, Serrano do Maranhão, Bacuri e Turiaçu. 
O rio Turiaçu possui ao longo do seu curso, vários afluentes, sendo o principal o rio Paruá, afluente este que no período da estiagem (verão), recebe dezenas de famílias de pescadores os quais acampam em moradias temporárias feitas de palha nas moitas existentes na beira do rio, com o objetivo de pescar, salgar e secar o peixe que mais tarde será vendido em arrobas. A importância e características relevantes de seus afluentes são claramente percebidas nos versos de poetas locais: 
O Rio Turi é tão lindo, que difícil contar, mormente quando subindo o afluente Paruá! 
Sucurijús gigantescas e jacarés colossais, milhões de peixes que habitam igarapés, pantanais; 
A garça branca que voa, a arariba que cheira, a siricora que corre por debaixo da faveira; 
Pescador que tarrafeia, cardume de tapiaca, enquanto o fogo fumaça, lá na moita da barraca; 
À tardinha, a passarada, na mais linda sinfonia, canta e gorjeia feliz, pelas belezas do dia. 
Canta alegre o sabiá, na mata sombria e fria, numa verdadeira festa, pelo começo do dia; 
Como que num paraíso, cheio de felicidade, aí tem tanta riqueza, junto de tanta humildade! (FRÓES, Antonio Torres, 1998).
Limitado pelo clima quente úmido próprio da Baixada Ocidental Maranhense, entre os meses de janeiro e julho ocorre o período chuvoso (inverno), período de inundação dos campos, época de maior navegabilidade, volume e profundidade do rio; por sua vez, de agosto a dezembro com o advento do verão, as águas baixam a níveis críticos então os campos outrora submersos reaparecem, trazendo consigo o capim marreca que serve de pasto para o gado comum e outros herbívoros que dele se alimentam.
Cercado por mitos e beleza singular, o rio Turiaçu ainda é o principal celeiro de sustentabilidade econômica para centenas de famílias que vivem da pesca e residem na sede do município de Santa Helena e demais povoados que margeiam seu leito: Curva grande, São Pedro, Rosário, São Joaquim da Linha, Guariramã, São Bento, Caboclo, Guariba etc. Dono de águas tranquilas, e cercado por uma exuberante mata ciliar e densos igapós que se estende ao longo de seu curso, o rio Turiaçu propicia a todos uma enorme variedade populacional de peixes outrora catalogados por Ferraz & Bacon (1987). 
A seguir, lista dos principais peixes, nome científico e família pertencente, dos quais a branquinha ou tapiaca, o piau e a traíra são os mais encontrados nas águas do rio Turiaçu e de seus afluentes.
Tabela 1 
	NOME COMUM
	NOME CIENTÍFICO
	FAMÍLIA
	Bagre 
Bodo 
Branquinha ou tapiaca
Cara
Carrau
Cascudo
Courimatá 
Jeju 
Liro
Mandi 
Mandube 
Mussum 
Piranha-vermelha 
Pirapema
Piau (syn. Araçu) 
Surubim 
Tainha
Traíra 
	Rhambdia sp
Plescostomus 
Anodus ou Curimata 
-
-
Plescostomus sp 
Prochilodus 
Hoplerythrinus 
Hoplerythrinus
Pimelodius clarius 
Ageneiosus brevifilis 
Symbranchus marmoratus
Serraselmus sp
Leporinus sp 
-
Pseudoplatystoma fasciatum
-
Hoplias malabaricus 
	Pimelodidae
Loricariidae
Characinidae
-
-
Loriidae
Characinidae
Characinidae
-
Pimelodidae
Auchenipteridae
-
-
Anostomidae
-
-
-
Characinidae
Fonte: Ferraz & Bacon (1987).
A flora que habita suas margens é exuberante e bastante diversificada podendo ser constatada a presença de vida em cada galho ou espaço de chão compreendido ao longo de seu curso. Dentre as árvores raras que o margeiam, a faveira é a que se apresenta com maior imponência, porém, comum mesmo é a presença do trapiazeiro, araribeira, quiririzeiro, ingazeira, gagaubeira, bacurizeiro e muitas outras espécies de planta que através de seus frutos, oferecem aos peixes, aves e demais herbívoros, abundante fonte de alimentação tanto na época da cheia quanto no verão. 
	O rio Turiaçu também é cortejado por uma rica fauna que se estende por todo o território da pré-amazonia maranhense. Assim como em outras regiões brasileiras, alguns desses animais encontram-se em processo de extinção como é o caso do macaco-prego, da guariba e da onça suçuarana. Estudos sobre a avifauna da Baixada Maranhense, realizados em meados da década de 80 pelos pesquisadores Paul Roth e Dereck Scott, revelam grande riqueza, tanto em número de espécies quanto em número de indivíduos, confirmado hoje, através de vários trabalhos científicos. 
Uma boa parte dos integrantes dessa avifauna pode ser verificada na descrição que segue:
Tabela 2 
	NOME COMUM
	NOME CIENTÍFICO
	FAMÍLIA
	Bico de brasa
Caititu
Capivara
Chico-preto 
Corujas
Guaribas
Guaxinim
Jaçanã
Japiaçoca
Jibóias
Juritis
Lagartos
Macaco
Macaco-prego
Paca
Papagaios
Pipiras
Preguiça
Raposa
Suçuarana ou onça parda
Sururina
Tamanduá
Veado
Xexéus
	Monosa mgrifons
Tayassu tajacu
Hydrochaerus sp
Volatinia sp 
Lophostrix sp 
Alouatta sp 
Procyon cancrivorus 
Porphyrula sp
Jacana jacana
Eunectes murinus
Leototila sp
Ameiva sp
Callitrix jaccus
Cabus apelia
Cuniculus paca 
Amazona
Tachyphonus sp
Bradypus sp
Dusicyon vetulos
Felis concolor
Crypturellus soui
Tamandua tetradactyla
Ozotecerus SP
Cacius ceia
	-
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Fonte: RADAM/BRASIL, 1974; PROSPEC, 1977; BRASIL, 1991; FERRAZ & BACON, 1987.
	
Embora cada vez mais rara, a caça ainda é praticada no Maranhão para o complemento alimentar do trabalhador rural e da pesca, principalmente em áreas onde não há grandes concentrações populacionais. São alvos para fins, espécies de mamíferos como tatu, paca, cutia, capivara, porco-do-mato e veados do tipo catingueiro e mateiro, assim como aves para o consumo como nambu, siricora, garça, socó-boi, marreca e outras que se alimentam de frutos espalhados pela mata de igapó, bem como, piabase pequenos moluscos encontrados em lagoas que cerceiam os vales e áreas às margens do rio Turiaçu. 
	
4. NOVO SÉCULO - PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS.
Desde épocas remotas, as margens dos rios e lagos da Baixada Ocidental Maranhense são habitadas por grupos aborígenes, hábeis caçadores, coletores e canoeiros, indivíduos que mantinham em seu cotidiano uma perfeita e harmoniosa relação entre si e o meio em que viviam. Segundo o Professor Maranhense Joan Botelho, atualmente os índios do Maranhão estão distribuídos em 16 áreas, com cerca de 20 mil indivíduos, pertencentes a 08 nações indígenas. A nascente do Rio Turiaçu por sua vez, está localizado nas proximidades da área indígena intitulada Alto Turiaçu, território este habitado por três povos indígenas: Guajajara, Ka’apor e Awa/Guajá. Sobre esse último grupo emprega-se a particular e impactante declaração:
Os índios Guajás são a única tribo nômade do Brasil. Vários fatores têm colocado em risco a sobrevivência desse povo. Com uma cultura bastante rudimentar, os Guajá habitam a Reserva Biológica do Gurupi e os vales dos rios Caru, Pindaré, Turiaçu e Gurupi, no estado do Maranhão. (LIMA, p.7).
Os primeiros habitantes desse território também eram conhecidos através da antiga expressão: Turiuara, Etnônimo Turiwara, cujo significado repousa em: “Os senhores do Turiaçu”. Com o avanço da colonização, muitos povos foram expulsos ou verdadeiramente dizimados pela bandeira do poder, fé e riqueza que corrói até o mais puro dos corações.
Fruto dos embates entre povos indígenas e colonizadores, a sociedade helenese em conjunto com as comunidades ribeirinhas que habitam e se utilizam do rio Turiaçu, colhem nesta primeira década do Século XXI resultados adversos e preocupantes na área ambiental, provenientes do mau uso do solo e das reservas fluviais locais. Como principais problemas ambientais na região observam-se: a pesca predatória; desmatamento da mata ciliar para o cultivo de roças e criação de pasto; escavações no solo às margens dos rios e lagos principalmente para abastecimento de olarias e da construção civil; lixo depositado às margens do rio.
4.1. Pesca predatória
	Embora prevaleça em nosso município a pesca artesanal com a utilização de instrumentos improvisados além do uso da tarrafa, malhadeira e rede de arrasto, ela é predatória, não respeitando sequer a época da desova dos peixes. Valendo-se da frágil fiscalização realizada pelo IBAMA e embora os milhares de pescadores cadastrados junto ao sindicato da pesca recebam o seguro desemprego na época da piracema, o rio Turiaçu, conhecido por seu rico pescado não só pela quantidade como também pela variedade de espécies já enfrenta a extinção de algumas espécies como o pirarucu e a redução gradativa no tamanho de vários peixes como o surubim e a pirapema. Um outro item não menos prejudicial é o uso de malhas cada vez menores as quais varrem tudo por onde passam, aprisionando o grande e o pequenino peixe que logo é morto causando certo desequilibro ao habitat a que pertence. Vale lembrar nesses casos o enunciado expresso nos Parâmetros curriculares Nacionais:
O desenvolvimento deve ser tal que garanta a proteção das funções e das diversidades pelos sistemas naturais do planeta, do qual temos absoluta dependência PCN (1998, p. 108).
 
4.2. Desmatamento da mata ciliar
Mata ciliar é a designação dada à vegetação que ocorre nas margens de rios e mananciais. O termo refere-se ao fato de que ela pode ser tomada como uma espécie de "cílio", que protege os cursos de água do assoreamento. Infelizmente, nas proximidades do município de Santa Helena ela foi completamente destruída. Uma vez sem os “cílios protetores” o solo das margens do rio fica exposto ao vento e a chuva desencadeando com maior rapidez o processo de assoreamento e consequentes erosões, com o passar do tempo o rio fica mais raso e suas margens mais alargadas devido à queda de suas barreiras antes protegidas pela mata ciliar. 
A caminho de diversos povoados pertencentes ao município de Santa Helena é comum visualizar pequenas roças e cercados com pastagem própria para o gado comum próximas ao leito do rio Turiaçu, uma prática condenável, levando em consideração que parte dessas áreas fica submersa boa parte do ano.
 
4.3. Escavação do solo para a retirada de argila, areia e seixo
Impulsionada pelo momento de crescimento no que se refere à construção civil, a cidade de Santa Helena se vê diante de um grande dilema de proporção alarmante. Seguindo-se os meses de agosto a dezembro ou período de estiagem, os campos outrora submersos, reaparecem e propiciam aos donos de olarias e empresários do ramo de materiais de construção um ambiente formidável para a retirada da argila, da areia e do seixo. Para isso, são escavados e alargados grandes buracos de onde será coletado o barro que servirá de matéria prima para a confecção de telhas e tijolos. Acontece que tais poços não são entulhados e além de deformarem a paisagem local, na época da cheia se tornam armadilhas traiçoeiras para pescadores e crianças que por ali passam. Por sua vez a retirada de areia é geralmente feita por carroceiros ou caçambeiros da própria região, já a pedra seixo é coletada a partir de seguimentos industriais com a utilização básica de dragas. 
Assim como os tijolos, telhas e areia, a pedra seixo é vendida geralmente dentro do próprio município a preços variados conforme seu tamanho. Hoje, o impacto dessas atividades é claramente observado nas mudanças do curso do rio em alguns pontos e em contínuas inundações ocorridas em locais outrora planos e secos. 
5. CONCLUSÃO
Ao vislumbrar o princípio 1 da Declaração Universal do Meio Ambiente, da 1ª Conferência Mundial sobre meio ambiente da ONU: “O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequada em um meio, cuja qualidade lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar, e tem a solene obrigação de proteger e melhorar esse meio para as gerações futuras presentes”, dar-se conta que houve uma catastrófica regressão temporal desde as civilizações primitivas quanto à proteção, preservação e manutenção do meio mantenedor da vida e da interação. 
Diante desse cenário contrastante de belezas naturais, biodiversidade e devastação ambiental que vive o município de Santa Helena, nascem os seguintes questionamentos: A quem cabe a responsabilidade de proteger o espaço ecológico que nos cerca? Que decisões a serem tomadas podem minimizar tal degradação? Tais respostas podem nunca vir à tona se a sociedade que depende realmente desse ambiente continuar a ver os recursos naturais como inesgotáveis. 
Nesse intervalo, surge o papel da escola como mediadora na formação da criança frente ao meio pertencente. Assim, o processo educativo, ao mesmo tempo em que constrói a identidade do homem frente os desafios da vida, constrói também a realidade na qual ele depende para sobreviver. Ela propicia ao novo homem a instrumentalização necessária e transformadora capaz de mudar a realidade que o rodeia. 
Sob essa ótica, a inclusão da educação ambiental nas escolas do município de Santa Helena e cidades brasileiras poderia ser a base para a formação de uma geração crítica e responsável, capaz, ao seu tempo, de superar os traumas ecológicos vividos hoje. 
A realidade helenense não é muito diferente das demais cidades brasileiras e centros urbanos mundiais, o que está em jogo é a conservação e continuidade da biodiversidade, das reservas naturais de água doce em nosso planeta e o futuro de cerca de 6 bilhões e meio de seres humanos.
A educação ambiental é um dever de todos, e sua problemática constitui uma nova ordem mundial amparada por lei que se confunde com a própria existência humana, é uma realidade embrionária que determinará os próximos passos da humanidade.
REFERÊNCIAS
MOUSINHO, Patrícia. Glossário. In: Trigueiro, A. (Coord.) Meio ambiente no século 21. 
Rio de Janeiro: Sextante. 2003
BUENO, Silveira. Dicionário escolar Silveira Bueno. 2. Ed. São Paulo: Ediouro, 2000.
EDUCAÇÃO AMBIENTALNO BRASIL. Rio de Janeiro: Tv Escola, Ano XVIII, boletim 01, nov. 2008. 54 p.
BRASIL. 1991. Diagnóstico dos principais problemas ambientais do Estado do Maranhão. Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais do Estado do Maranhão – Programa Nacional de Meio Ambiente/Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Turismo do Ma. S. Luís, LITOGRAF. 194 pág.
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral: Volume único. 9. Ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 688 p. 
VIEIRA, Fernando Antonio da C. Meio ambiente e homem: um olhar marxista. História Agora. Rio de Janeiro. n. 6, p. 1-11, dezembro de 2008.
FERRAZ, G. C e BACON, P. R., 1987. Managing The Wetlands of Maranhão. In Seminário sobre desenvolvimento econômico e impacto ambiental em áreas do trópico úmido Brasileiro. A experiência da CVRD, Secretaria Especial do Meio Ambiente, IWRD e CVRD, Rio de Janeiro: 129 –158.
LIMA, Carlos de. Vida, Paixão e Morte da cidade de Alcântara – Maranhão. São Luis: Plano Editorial SECMA, 1998.
BOTELHO, Joan. Conhecendo e debatendo a história do Maranhão. 2. Ed. São Luis: Fort Com. Gráfica e Editora. 2008. 298 p.
FRÓES, Antonio Torres. Fontes de Inspiração. São Luis: Litrograf, 1998. p.66-69.
MARTINEZ, Paulo Henrique. História e Meio Ambiente: considerações sobre a formação continuada em pesquisa, ensino e aprendizagem. São Paulo, 2003. 
Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares / Secretaria de Educação Fundamental. Secretaria de Educação Especial. – Brasília: MEC 1998.

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