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LEONARDO TAMIÃO BELUZZO A ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS CÉLULAS LONDRINA - PARANÁ 2020 1. A ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS CÉLULAS 1.1. Como se deu a origem dos compostos orgânicos Em 1920 surgiu-se a primeira especulação de quando e como a vida surgiu na Terra. Tudo indica que a vida se formou há 3,8 bilhões de anos, ou seja, cerca de 750 milhões de anos após a Terra ser formada. Essa ideia defende que as condições primitivas da Terra estimularam a formação das primeiras moléculas orgânicas, sendo que estas eram simples. As condições atmosféricas onde estas moléculas se originaram eram completamente diferentes das atuais. Visto que havia baixas concentrações de gás oxigênio e abundância de outros gases como CO2, N2, H2, H2S, entre outros. Ou seja, havia um mar de abundantes variações de elementos químicos e compostos simples inorgânicos. Sendo assim, moléculas inorgânicas, em contato com a luz solar e descargas elétricas culminaram na síntese espontânea das primeiras moléculas orgânicas. Assim como demonstrado, pela primeira vez, por Stanley Miller, em 1950. Mas como isso aconteceu? A temperatura da superfície terrestre da época permitiu que o vapor da água, também presente na superfície, entrasse em contato com compostos como CH4, NH3 e H2 da atmosfera. Após isso, descargas elétricas, decorrentes das condições primitivas do planeta, permitiram que houvessem um ganho energético, garantindo a síntese destes compostos inorgânicos em orgânicos. Formando aminoácidos alanina e glicina, ureia, ácido lático, acético e fórmico. Após isso, devido à alta afinidade do átomo de carbono com si mesmo, garantiu a existência de ligações destes compostos orgânicos entre si, formando macromoléculas, que são ligações em cadeias (polímeros) destes compostos. Conhecidos como polissacarídeos ou proteínas. Em seguida, tivemos a formação dos primeiros ácidos nucleicos – o RNA. Compostos que, devido à sua composição e afinidade em manter sua estrutura e suas características, além de servirem de moldes para auto replicação (através do pareamento e afinidade de suas bases nitrogenadas), são capazes de originar novas cópias. 1.2. A origem das primeiras células Pelo que tudo indica, a origem da primeira célula se deu através da involução de um RNA auto replicante em uma membrana composta por fosfolipídios. O que, até nos dias de hoje, são componentes básicos e essenciais para as células, tanto eucarióticas quanto procarióticas. A principal característica destas membranas fosfolipídicas é o seu caráter anfifílico (ou anfipáticas). O que significa que parte de sua estrutura é solúvel em água (hidrofílica) e sua outra parte insolúvel (hidrofóbica). Sendo que a parte insolúvel corresponde aos hidrocarbonetos e a parte solúvel os grupos de fosfato. A principal função da membrana fosfolipídica não era apenas de envolver o RNA auto replicante como também garantir sua proteção. Visto que, quando colocada em contato com a água, agrega-se formando uma bicamada. Isso faz com que o meio exterior da célula se separe do meio interior. Nisso, o RNA já era capaz de codificar e sintetizar proteínas, ao qual se mantinham juntas com o mesmo envolvido pela membrana. 1.3. A origem do caráter heterotrófico das células Todas as células necessitam obter energia para a síntese de proteínas e para auto replicação. Até hoje, todas as células utilizam ATP (adenosina trifosfato) como fonte energética. No entanto, durante a fase anaeróbica da atmosfera terrestre, as células captavam energia através da quebra de moléculas orgânicas, transformando glicose, por exemplo, através do processo de fermentação, em ácido lático. Esse processo permitia haver um ganho energético liquido de ATP durante essa quebra, onde essa energia era usada para realizar as funções celulares. A adesão da glicose e outros compostos orgânicos como essência ao metabolismo celular permitiu que, no futuro, as células poderiam usar desta mesma fonte energética para realizar outras reações celulares. Garantindo, o caráter multifuncional e evolutivo das células. Acredita-se que a próxima etapa evolutiva, que tirou proveito deste mesmo meio para intensificar e aprimorar o ganho de ATP, foi a fotossíntese. O que, no futuro, garantiu à vida a independência de compostos orgânicos para a geração de energia. 1.4. O início da fotossíntese Estima-se que o caráter fotossintético das células se desenvolveu há mais de 3 bilhões de anos. A função da fotossíntese, além de garantir energia para as células, é de captar energia da luz solar para promover a síntese de moléculas orgânicas, como a glicose, com essa energia. Sem depender da disposição de moléculas orgânicas que já estavam pré-sintetizadas pelo ambiente em que estas células se encontravam. No entanto, a fotossíntese primitiva era completamente diferente da que conhecemos hoje, o que faz com que reste apenas algumas bactérias que ainda utilizam a fotossíntese primitiva. Antes, diferente do modelo de fotossíntese mais abundante atualmente, a que utiliza luz solar, as células utilizavam elementos como H2S para transformar CO2 em compostos orgânicos. Em seguida, as células obtiveram a capacidade de usar H2O como doadores de elétrons e hidrogênio para a síntese de compostos orgânicos. O que garantiu, no futuro, como produto destas reações, a abundancia na atmosfera terrestre de O2, o que foi muito importante para a vida em evolução e para os seres vivos atuais. Com isso, devido à grande existência de gás oxigênio na atmosfera terrestre, novas formas de geração de energia se desenvolveu – o metabolismo oxidativo. Esse novo tipo de captação energia permitia que moléculas orgânicas, como a glicose, sofressem reações analíticas, sendo transformadas em CO2 e H2O. Nessa decomposição de moléculas orgânicas, havia um grande ganho de ATP, 36-38 moléculas de Adenosina Trifosfato. Diferente do metabolismo anaeróbio, que havia um rendimento de apenas 2 ATP. 1.5. Células procarióticas – as primeiras bactérias O primeiro modelo de células que se desenvolveu foram as procarióticas. Devido as condições ambientais em que as mesmas se encontravam, elas possuíam muita resistência a altas temperaturas e acidez. No entanto, atualmente predominam as que sobrevivem num ambiente semelhante ao nosso. Diferente dos organismos que as sucederam evolutivamente, os procariotos são considerados simples e incapazes de agrupar à outras células idênticas. Ou seja, são unicelulares. Porém, por mais que seja relativamente considera simples, esse tipo celular possui, em média, 2,5 milhões de pares de bases nitrogenadas – o que garante a codificação de até 5 mil tipos de proteínas diferentes. As bactérias procariontes são divididas em arqueobactérias (as pioneiras, mais simples e resistentes) e as eubactérias (mais recentes, um pouco mais complexas e habitam ambientes semelhantes aos atuais da Terra). As bactérias procariontes possuem a forma de um bastonete e sua estrutura essencial que a compõe são: parede celular, membrana plasmática, citoplasma, ribossomos e o DNA circular (nucleóide – que não é envolvido por um núcleo, ficando suspenso no citoplasma). 1.6. Células eucarióticas – os organismos multicelulares As principais características das células eucarióticas, que as diferem das procarióticas, é a presença de um núcleo com DNA linear, diversas organelas citoplasmáticas, citoesqueleto e um volume de aproximadamente mil vezes maior que os das procarióticas. Além disso, a variedade de organelas citoplasmáticas nesse tipo celular resulta num alto grau de diferentes atividades metabólicas. Em relação as funções que estas organelas exercem dentro das célulaspodemos citar que as responsáveis pelo metabolismo energético são as mitocôndrias e os cloroplastos. As mitocôndrias são responsáveis pelo metabolismo oxidativo, e representam o maior número de produção de ATP através da quebra de moléculas orgânicas; já os cloroplastos, presentes nas células vegetais, são essenciais para a fotossíntese celular – que transforma moléculas inorgânicas em orgânicas através da luz solar. Contudo, teoriza- se que estes dois tipos de organelas, no passado, eram organismos procariontes e se fixaram nas células eucariontes através de uma relação de simbiose. Visto que ambas possuem tamanhos de procariotos, possuem DNA próprio e reproduzem-se por divisão binária. Também temos os lisossomos e os peroxissomos, que é responsável pela decomposição de macromoléculas no interior da célula e pela oxidação de compostos, respectivamente. Já o retículo endoplasmático e o complexo de Golgi são responsáveis pelo transporte, secreção e incorporação de proteínas na célula, basicamente controlando o que entra e o que sai. Além disso, o complexo de Golgi realiza a síntese de lipídios e, nas células vegetais, de polissacarídeos que compõem a parede celular. O citoesqueleto realiza a função estrutural da célula, determinando seu formato, as posições das organelas no citoplasma e responsáveis pelas movimentas celulares, como a contração muscular. Além disso, os vacúolos, presentes nas células vegetais, controla a entrada de saída de água no interior da célula. Garantindo a atividade osmótica e a sobrevivência celular em meio seco ou muito úmidos CÉLULA ANIMAL CÉLULA VEGETAL REFERÊNCIAS COOPER, Geoffrey; HAUSMAN, Robert. A Célula: Uma abordagem molecular. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. DE ROBERTIS, Eduardo; HIB, José. Bases da biologia celular e molecular. 3 ed. Guanabara Koogan, 2006. MOROZIN, Dimas. A Origem da Vida e a Química Prébiótica. Londrina, v. 25, n. 1. UEL, 2004. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/semexatas/article/view/1555/1306. Acesso em: 29 mar de 2020.