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DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Tatiana Marcello 1. PODERES ADMINISTRATIVOS O Estado age por meio de seus agentes públicos, aos quais são conferidas prerrogativas diferenciadas, a serem utilizadas para o alcanças os seus fins: a satisfação dos interesses públicos. Esse conjunto de prerrogativas denomina-se Poderes Administrativos, ou seja, são instrumentos conferidos à Administração para o atendimento do interesse público. Por outro lado, por tutelarem interesses coletivos, são impostos aos agentes públicos alguns Deveres Administrativos. Há hipóteses e que os Poderes se convertem em verdadeiros Deveres, pois enquanto na esfera privada o Poder é mera faculdade daquele que o detém, na esfera pública representa um Dever do administrador para com os administrados. Segundo a doutrina, trata-se do chamado Poder-dever de agir, de forma que se o agente não agir, poderá responder por omissão. DEVERES DO ADMINISTRADOR PÚBLICO Dever de Probidade • O dever de probidade é considerado um dos mais importantes. Significa que a conduta do agente, além de estar pautada na Lei, deve ser honesta, respeitando a noção de moral administrativa e também da própria sociedade. • A própria Constituição faz referência à probidade no § 4º, art. 37: Os atos de improbidade importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. • Lei 8.429/92 (chamada Lei de Improbidade Administrativa) dispõe sobre atos de improbidade administrativa. Dever de Prestar Contas • O administrador faz a gestão de bens e interesses alheios (bens e interesses públicos), tendo, portanto, o dever de prestar contas do que realizou a toda coletividade. Esse dever abrange não apenas os agentes públicos, mas a todos que tenham sob sua responsabilidade dinheiros, bens, ou interesses públicos, independentemente de serem ou não administradores públicos. DEVERES Eficiência Prestação de contasProbidade • Segundo Hely Lopes Meirelles, a regra é universal, quem gere dinheiro público ou administra bens ou interesses da comunidade deve contas ao órgão competente para a fiscalização. Dever de Eficiência • A Eficiência foi elevada a à categoria de Princípio Constitucional de Administração Pública com a Emenda Constitucional 19/1998, impondo que cabe ao agente público realizar suas atribuições com presteza, celeridade, perfeição e rendimento funcional. • O administrador deve buscar, além da quantidade, a qualidade. PODERES ADMINISTRATIVOS Poderes Hierárquico Vinculado Polícia Regulamentar (normativo) Discricionário Disciplinar Poder Vinculado Também chamado de regrado, é o poder conferido pela lei à Administração para a prática de ato de sua competência, mas com pré-determinação dos elementos e requisitos necessários a sua formalização, ou seja, é aquele nos quais a liberdade de atuação do agente é mínima ou inexiste. Portanto, o poder vinculado difere-se do poder discricionário, pois neste há maior liberdade de atuação da Administração. Para alguns autores, a idéia de poder é contraditória nesse caso, já que o administrador está limitado a respeito dos elementos que compõem o ato (competência, finalidade, forma, motivo e objeto), não gozando de liberdade. Poder Discricionário É o poder conferido à Administração que, embora deva estar de acordo com a lei, confere uma maior liberdade ao Administrador, que poderá adotar uma ou outra conduta de acordo com a conveniência e oportunidade, ou seja, a Lei faculta ao administrador a possibilidade de escolher as entre as condutas possíveis, a qual deve estar de acordo com o melhor atendimento do interesse público. Não se pode confundir discricionariedade com arbitrariedade (ilegalidade) ou livre arbítrio (fazer o que bem entender), pois a Administração Pública, ao revés dos particulares de modo geral, só pode fazer aquilo que a Lei determina ou autoriza. Segundo José dos Santos Carvalho Filho, conveniência e oportunidade são os elementos nucleares do poder discricionário. A primeira indica em que condições vai se conduzir o agente; a segunda diz respeito ao momento em que a atividade deve ser produzida. Registre-se, que essa liberdade de escolha tem que se conformar com o fim colimado na lei. Poder Regulamentar (Normativo) É o poder conferido aos chefes do Executivo para editar decretos e regulamentos com a finalidade de permitir a efetiva implementação da Lei. Enquanto as Leis são criadas no âmbito do Poder Legislativo, a Administração Pública poderá criar esses decretos e regulamentos para complementá-las. Decretos e regulamentos não podem contrariar, alterar, modificar as disposições da Lei. Incumbe à Administração, então, complementar as Leis, criando os mecanismos para sua efetiva implementação (Ex.: Lei 8.112 x Decreto 5.707). CF, art.84. Compete privativamente ao Presidente da República: IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. Princípio da Simetria Constitucional: os Chefes de Executivos dos Estados e Municípios possuem a mesma prerrogativa. Outras autoridades, como os Ministros, podem editar atos normativos (CF, art. 87 Parágrafo único, II), bem como entidades (ex.: agências reguladoras). Poder Hierárquico A hierarquia é inerente ao Poder Executivo (organização interna). No âmbito do Poder Legislativo ou Judiciário, onde ocorra o desempenho de função administrativa (atividade atípica desses poderes), poderá haver hierarquia; porém, em relação às funções típicas exercidas pelos membros desses dois poderes (legislativa e jurisdicional) não há hierarquia entre seus membros (parlamentares e membros da magistratura). O poder hierárquico tem íntima relação com o poder disciplinar e objetiva ordenar, coordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas no âmbito interno da Administração. É através do poder hierárquico que a Administração escalona a função de seus órgãos, revê a atuação de seus agentes e estabelece a relação de subordinação entre seus servidores. Nas relações hierárquicas há vínculo de subordinação entre órgãos e agentes. Obs.: não há hierarquia entre administração direta e entidades da administração indireta! Poder Disciplinar O Poder Disciplinar é o exercido pela Administração para: APURAR INFRAÇÕES APLICAR PENALIDADES aos servidores e das demais pessoas que ficarem sujeitas à disciplina administrativa (ex.: empresas privadas contratadas para prestação serviços públicos; detentos de unidade prisional; alunos de escola pública). Decorre do escalonamento hierárquico: se ao superior é dado poder de fiscalizar os atos dos seus subordinados, por óbvio que, verificando o descumprimento de ordens ou normas, tenha a possibilidade de impor as devidas sanções previstas. Portanto, o Poder Disciplinar afeta a estrutura interna da Administração. Hely Lopes Meirelles conceitua o Poder Disciplinar como “faculdade de punir internamente as infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração.” Muito embora Hely se refira a poder como uma “faculdade”, importante salientar que a apuração da infração não se trata de uma decisão discricionária da autoridade, já que diante de uma irregularidade, o agente tem o poder-dever de agir, ou seja, é obrigado a apurar a conduta. Já em relação à penalidade a ser aplicada, em razão deadotarmos a chamada tipicidade aberta, há uma margem discricionária para que a Administração decida, de acordo com as circunstâncias, natureza ou gravidade de cada infração, a pena que irá aplicar, desde que observando o princípio da adequação punitiva (que seja aplicada uma pena adequada para a infração). Exemplificando, estabelece o art. 143 da Lei 8.112/90: A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover sua apuração imediata....”. Poder de Polícia O Código Tributário Nacional - CTN, conceitua Poder de Polícia, dispondo em seu art. 78 que: considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Poder de Polícia, portanto, é a atividade do Estado que limita os direitos individuais em benefício do interesse público, ou seja, é o mecanismo de frenagem de que dispõe a Administração Pública para conter os abusos do direito individual (Hely Lopes Meirelles). O interesse público está relacionado com a segurança, moral, saúde, meio ambiente, consumidor, propriedade, patrimônio cultural. Polícia Administrativa e Judiciária O poder de polícia do Estado pode ocorrer em duas áreas: na administrativa, feita pelos órgãos administrativos, atuando sobre as atividades do indivíduos (ex.: fiscalização da atividade de comércio); na judiciária, executada pelos órgãos de segurança, atuando sobre o indivíduo que poderia cometer algum ilícito penal (ex.: polícia civil de um estado). Competência para Exercício O critério para determinação de competência para o exercício do Poder de Polícia é o que diz respeito ao poder de regular a matéria. Hely Lopes Meirelles: os assuntos de interesse nacional ficam sujeitos à regulamentação e policiamento da União (CF, art. 22 e 24); as matérias de interesse regional sujeitam-se às normas e à polícia estadual (CF, art. 25, § 1º); os assuntos de interesse local subordinam-se aos regulamentos edilícios e ao policiamento administrativo municipal (CF, art. 32, § 1º). Ex.: Regulação de mercados de título e valores imobiliários (compete à União, então ela exerce o poder de polícia); Normas pertinentes a prevenção de incêndio (compete à esfera estadual, então ela inspeciona, vistoria, expede alvará...) polícia administrativa atividade preventiva polícia judiciária atividade repressiva Planejamento e controle de uso de solo urbano (compete ao município, então ele concede licença, regula o funcionamento, aplica sanções...) Atributos ou Características Os atributos costumeiramente apontados pela doutrina no que se refere aos atos resultantes do exercício regular do poder de polícia são 3: discricionariedade (livre escolha de oportunidade e conveniência do que vai aplicar); auto-executoriedade (decidir e executar diretamente sua decisão sem a intervenção do Judiciário); coercibilidade (imposição coativa das medidas adotas pela Administração). Sanções decorrentes do Poder de Polícia As sanções são impostas pela própria Administração em procedimentos administrativos compatíveis com as exigências do interesse público, respeitando a legalidade da sanção e a sua proporcionalidade à infração. Exemplificando, podemos citar as seguintes sanções administrativas, em decorrência do exercício do Poder de Polícia: as multas, a interdição de atividades, demolição de construções irregulares, inutilização de gêneros, apreensão de objetos. Poder de polícia é delegável à pessoa jurídica de direito privado? Regra: NÃO Exceção: Atos Materiais Ciclos do Poder de Polícia: NO CO FI SA 1. Normatizar/Ordem (preceito legal): não cabe delegação. 2. Consentir (alvará, licença, autorização): cabe delegação. 3. Fiscalizar: cabe delegação. 4. Sancionar: não cabe delegação. Prazo prescricional das sanções decorrentes do Poder de Polícia Lei 9873/99 – Estabelece prazo de prescrição para o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal, direta e indireta, e dá outras providências. Art. 1º - Prescreve em 5 anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. Prescrição intercorrente - § 1o Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de 3 anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso. Quando constituir também ilícito penal - § 2o Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal. Uso e Abuso de Poder No Estado Democrático de Direito, a Administração Pública deve agir sempre dentro dos limites de suas atribuições, em consonância com o direito e a moral, com respeito aos direitos dos administrados. No entanto, se o administrador extrapolar os limites de suas competências ou se utilizar das suas atribuições para fins diversos do interesse público, teremos o chamado abuso de poder. O abuso de poder pode se manifestar de duas formas: Excesso de Poder – quando o gestor atua fora dos limites de suas competências, exercendo atribuições que não são de sua competência; Desvio de Poder – quando o gestor exerce suas competências, mas para alcançar finalidade diversa da definida em lei (vício de finalidade). LEGISLAÇÃO: PODERES DA ADMINISTRAÇÃO Constituição Federal (Art. 84, IV – Poder Regulamentar) Poder de Polícia - Código Tributário Nacional – Art. 78 Abuso de autoridade - Lei n. 4.898/65 Prazo Prescricional para sanções do poder de polícia - Lei n. 9.873/1999 - Estabelece prazo de prescrição para o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal, direta e indireta, e dá outras providências SÚMULAS: PODERES ADMINISTRATIVOS Súmula 312, STJ: No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração. Abuso de Poder Excesso de Poder Desvio de Poder Súmula 434, STJ: O pagamento da multa por infração de trânsito não inibe a discussão judicial do débito. Súmula 510, STJ: A liberação de veículo retido apenas por transporte irregular de passageiros não está condicionada ao pagamento de multas e despesas. Súmula 561, STJ: Os conselhos regionais de Farmácia possuem atribuição para fiscalizar e autuar as farmácias e drogarias quanto ao cumprimento da exigência de manter profissional legalmente habilitado (farmacêutico) durante todo o período de funcionamento dos respectivos estabelecimentos. 4. ATOS ADMINISTRATIVOS CONCEITO Segundo Hely Lopes Meirelles, ato administrativo é “toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”. Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro: “declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeito a controle pelo Poder Judiciário”. Em suma, é uma manifestação de vontade doEstado ou de quem lhe faça as vezes, que tem por finalidade o interesse público. Detalhes: A lei deve obedecer a CF, e o ato administrativo deve obedecer a lei (norma infra legal – está abaixo da lei). Ato Administrativo é ato secundário – decorre de um ato primário que é a lei (exceção: ato administrativo primário: art. 84, VI, “a” e “b”). Ato administrativo – manifestação de vontade unilateral. Fato Administrativo – acontecimento da vida com relevância para o direito administrativo (ex.: servidor atinge 75 anos de idade, tem que ser editado o (ato) de aposentadoria compulsória. Ato Político (ato do rei) – não é suscetível de controle judicial (Ex.: CF, art. 84, XII – compete privativamente ao presidente da república: conceder indulto/graça). Quem emite atos administrativos? Poder Executivo como função típica; Poder Judiciário como função atípica (ex.: conceder férias aos servidores); Poder Legislativo como função atípica (ex.: fazer um regimento interno); Particulares que façam as vezes de Estado (ex.: concessionária). REQUISITOS ou ELEMENTOS Segundo a corrente clássica, defendida por Hely Lopes Meirelles e mais aplicada em concursos públicos, os “requisitos” (também chamados de “elementos”) são trazidos pela Lei n. 4.717/65 (Lei de Ação Popular), art. 2º, segundo o qual, “são nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade. Portanto, os requisitos do ato administrativo são: COM FIN FOR MOB COMPETÊNCIA ----- (quem?)* Autoridade competente pode ratificar o ato. FINALIDADE ----- (para quê) FORMA ----- (como?)* Ato pode ser refeito pela forma correta. MOTIVO ----- (por que?) OBJETO ----- (o que?) * Vícios que podem ser sanados, convalidando-se o ato. Lei 9784/99, Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. Competência (quem?) Lei n. 4.717/65, art. 2º, p. ú, “a” - a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou. O agente que pratica o ato deve ter poder legal para tal. Lei 9784/99, Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos. (mesmo quando se delega ou avoca, se trata de transferência de exercício daquela atribuição, mas não da competência). Delegação – regra é que posso delegar. Exceção: Não podem ser objeto de delegação (Lei 9784/99, art. 13): I - a edição de atos de caráter normativo; II - a decisão de recursos administrativos; III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. A delegação é subdelegável, se a autoridade competente não proibir. Se extrapolar a competência, ocorre o “excesso de poder” (ex.: tinha poder para aplicar suspensão, mas demitiu – a demissão não será válida por vício de competência). Obs.: O vício de competência pode ser convalidado, não sendo necessária anulação. Finalidade (para quê) Lei n. 4.717/65, art. 2º, p. ú, “e” - o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. É o objetivo do ato, que deve buscar o interesse público. Se não atender a finalidade, haverá “desvio de finalidade ou desvio de poder” (espécie de abuso de poder) tornando o ato inválido (ex.: sou eleito prefeito e meu primeiro ato é desapropriar imóvel do meu inimigo político; ex.: remoção de ofício como forma de punição). Obs.: desvio de finalidade é vício insanável; obriga a anulação. Forma (como?) Lei n. 4.717/65, art. 2º, p. ú, “b” - o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato; É o revestimento do ato, que tem que obedecer a forma prescrita em lei; Em regra, a forma é a escrita, mas excepcionalmente existem outras formas, como por exemplo, forma verbal, sinalização de trânsito, etc. Ex.: auto de infração sem assinatura; aplicação de penalidade ao servidor sem PAD. Obs.: O vício de forma pode ser convalidado, exceto se a lei estabelecer que determinada forma é essencial à validade do ato, caso este em que será nulo o ato (não podendo ser convalidado). Motivo (por que?) Lei n. 4.717/65, art. 2º, p. ú, “d” - a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; Situação de fato ou de direito que determina ou autoriza a realização do ato administrativo. Importante não confundir Motivo, que é um requisito do ato administrativo e deve estar presente em todo ato para que este tenha validade, com Motivação, que é a exposição dos fatos e fundamentos que levaram a realizar aquele ato, sendo que nem todo ato precisa ser motivado. Ou seja, motivação seria a exposição do motivo. Assim, pode-se afirmar que todo ato precisa ter um motivo, mas nem todo ato precisa ser motivado. Ex.: servidora ficou grávida e tenho que conceder licença gestante; o motivo do ato é a gravidez. Ex.: servidor praticou uma conduta que levou à pena de demissão; o motivo do ato é a infração. Obs.: o vício quanto ao motivo é insanável; obriga a anulação. Lei 9784/99, Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V - decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofício; VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Eis um momento oportuno para tratar da chamada Teoria dos Motivos Determinantes: significa que ao motivar um ato (seja ele vinculado ou discricionário), a Administração fica vinculada à existência e adequação daqueles motivos declarados como causa determinante do ato, podendo sofrer controle de legalidade/legitimidade pela própria Administração Pública ou pelo Poder Judiciário caso esses motivos não existam ou sejam inadequados. Isso ocorre mesmo em atos discricinários em que não precisariam de motivação, mas que se forem motivados vinculam a Administração. Ex.: para exonerar o servidor ocupante de cargo em comissão não é necessário motivação; entretanto, se a autoridade motivar, terá que haver existência e adequação daquele motivo; assim, digamos que a exoneração foi motivada na falta de assiduidade do servidor; este poderá requerer a anulação do ato caso prove que era assíduo, ou seja, que os motivos ali expostos não eram verdadeiros ou adequados; algo que não seria possível ser contestado caso a autoridade não tivesse motivado (já que a lei não obriga a motivar nesse caso). Objeto (o que?) Lei n. 4.717/65, art. 2º, p. ú, “c” - a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo; É oconteúdo do ato, que tem por objeto a criação, modificação ou comprovação de situações concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas à ação do Poder Público. É aquilo que quero alcançar quando pratico o ato administrativo. Ex.: servidora ficou grávida e tenho que conceder licença gestante; o motivo do ato é a gravidez; o objeto do ato é a licença. Ex.: servidor praticou um ato que levou à aplicação de pena de suspensão; o motivo do ato é a infração; o objeto do ato é a pena de suspensão. Obs.: o vício do objeto (objeto ilegal) é insanável; obriga a anulação. Vistos todos os requisitos do ato administrativo, vamos tentar identificar cada um deles em um ato administrativo? Ex.: ato de demissão do servidor COMPETÊNCIA ----- (quem pode aplicar a pena de demissão?) FINALIDADE ----- (para quê? Interesse público corrigir) FORMA ----- (como? Através de um processo administrativo) MOTIVO ----- (por que? Praticou tal infração) OBJETO ----- (o que? demissão) ATRIBUTOS (PATI) Presunção de Legitimidade (veracidade/legalidade) - o ato é válido (e legítimo) e deve ser cumprido até que se prove o contrário (presunção relativa); presente em todos os atos. Autoexecutoriedade – o Estado pode executar seus atos sem precisar de manifestação prévia do Judiciário (ex.: apreensão de mercadoria, interdição de estabelecimento, aplicação de multa...); mas, posteriormente o Judiciário pode analisar legalidade do ato. Obs.: a Administração pode aplicar multa, mas para cobrar tem que ser no Judiciário. Tipicidade – respeito às finalidades especificadas em lei; ato não é lei, mas tem por base uma lei, então deve atender a figuras definidas previamente pela lei. Imperatividade – o ato cria unilateralmente obrigação ao particular; o Estado impõe coercitivamente (coercibilidade) o ato e tem que ser respeitado, concordando ou não. INVALIDAÇÃO/EXTINÇÃO (anulação e revogação) Lei 9.784/1999, art. 54: A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Súmula do STF 473 – A Administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Súmula do STF 346 - A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos. Anulação e revogação: decorrem do “Princípio da Autotutela”. Revogação - é a invalidação de ato legal e eficaz, que pode ser realizado apenas pela Administração, quando entender que o mesmo é inconveniente ou inoportuno (mérito), com efeitos não retroativos (ex nunc). Anulação é a invalidação de um ato ilegítimo, que poderá se dar pela Administração ou pelo Poder Judiciário (efeitos retroativos – ex tunc). Desses dispositivos conclui-se que, em relação aos atos, a Administração pode ANULAR ou REVOGAR, porém, o Poder Judiciário pode apenas ANULAR. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. •ANULAR quando ILEGAIS •REVOGAR quando INCONVENIENTES OU INOPORTUNOS ADMINISTRAÇÃO •ANULAR quando ILEGAISPODER JUDICIÁRIO O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em 5 anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé (princípio da segurança jurídica). O direito de revogar ato administrativo não tem limitação temporal. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis (vício de competência ou vício de forma) poderão ser convalidados pela própria Administração. Caducidade – ato se torna contrário a nova lei. Contraposição – ato se torna contrário a ato posterior (revogação tácita). CLASSIFICAÇÃO I - Quanto a liberdade de ação: a) Ato Vinculado (tem que fazer) – quando a lei estabelece os requisitos e condições de sua realização, não sobrando margem para liberdade do administrador, pois o ato somente será válido se obedecidas as imposições legais (ex.: licença para dirigir*, aposentadoria compulsória; lançamento tributário, anulação de ato ilegal, etc.). b) Ato Discricionário (pode fazer) – quando a Administração tem liberdade de escolha quanto ao seu destinatário, seu conteúdo, sua oportunidade e modo de realização (ex.: autorização; revogação de ato). SÚMULAS: ATOS ADMINISTRATIVOS Súmula 346, STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos. Súmula 473, STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. DIREITO ADM TATI MARCELLO DIREITO-ADM-TATI-MARCELLO Dever de Probidade Dever de Prestar Contas Dever de Eficiência Contra_Capa
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