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PROFª. EMILLY ALBUQUERQUE – PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS 4 – PODERES ADMINISTRATIVOS Os Poderes Administrativos são inerentes à Administração Pública e possuem caráter instrumental, ou seja, são instrumentos de trabalho essenciais para que a Administração possa desempenhar as suas funções atendendo o interesse público. Os poderes são verdadeiros poderes-deveres, pois a Administração não apenas pode como tem a obrigação de exercê-los. A ordem jurídica confere aos agentes públicos certas prerrogativas para que estes, em nome do Estado, persigam a consecução dos fins públicos. Essas prerrogativas são outorgadas por lei, exigem a observância dos princípios administrativos e destinam-se a atingir o fim maior da Administração Pública: a satisfação do interesse público. Essas prerrogativas consubstanciam os chamados “Poderes do Administrador Público”. Por outro lado, a lei impõe ao administrador público alguns deveres específicos e peculiares para que, ao agir em nome do Estado e em benefício do interesse público, execute bem a sua missão. São os chamados Deveres Administrativos. Os poderes e deveres do administrados público são atribuídos à autoridade para que ela possa remover, por ato próprio, as resistências particulares à satisfação do interesse público. Essa é a ideia: conceder à administração pública certas prerrogativas para a melhor satisfação dos interesses públicos. 4.1 Deveres do Administrador Público: - Poder-dever de agir: Enquanto no direito privado o poder de agir é uma mera faculdade, no Direito Administrativo é uma imposição, um dever de agir, para o agente público. - Dever de eficiência: Mostra-se presente na necessidade de tornar cada vez mais qualitativa a atividade administrativa, no intuito de se imprimir à atuação do administrador público maior celeridade, perfeição, coordenação, técnica, controle, etc. É um dever imposto a todos os níveis da administração pública. Como prova desta postura adotada pela CF, que elevou este dever ao status de princípio constitucional, o princípio da eficiência, pode-se citar a possibilidade de perda do cargo do servidor público estável em razão de insuficiência de desempenho; o estabelecimento, como condição de aquisição de estabilidade, de avaliação especial de desempenho. - Dever de probidade: Exige que o administrador público, no desempenho de suas atividades, atue sempre em consonância com os princípios da moralidade e honestidade administrativas. - Dever de prestar contas: Decorre da função do administrador público, como gestor de bens e interesses alheios, da coletividade. A regra é universal: “quem gere dinheiro público ou administra bens ou interesses da comunidade, deve prestar contas ao órgão competente para a fiscalização”. 4.2 Classificação dos Poderes: a) Poder Vinculado ou Regrado: Não consiste exatamente num PODER, e sim em um DEVER. É o Poder que tem a Administração Pública de praticar certos atos "sem qualquer margem de liberdade". A lei encarrega-se de prescrever, com detalhes, se, quando e como a Administração deve agir, determinando os elementos e requisitos necessários. Ex : A prática de ato (portaria) de aposentadoria de servidor público. b) Poder Discricionário: É aquele pelo qual a Administração Pública de modo explícito ou implícito, pratica atos administrativos com liberdade de escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo. Possui como limites a razoabilidade e a proporcionalidade no momento da tomada de decisões pelo agentes público. A discricionariedade é a liberdade de escolha dentro de limites permitidos em lei, não se confunde com arbitrariedade que é ação contrária ou excedente da lei. Ex : Autorização para porte de arma; Exoneração de um ocupante de cargo em comissão. Ressaltamos que mesmo na prática de um ato discricionário há exercício do poder vinculado, devido à obrigatoriedade de cumprimento do princípio da legalidade, previsto constitucionalmente. c) Poder Hierárquico: É aquele pelo qual a Administração distribui e escalona as funções de seus órgãos, ordena e rever a atuação de seus agentes, estabelece a relação de subordinação entre os servidores públicos de seu quadro de pessoal. No seu exercício dão-se ordens, fiscaliza-se, delega-se e avoca- se. Ressaltamos que não há hierarquia no Judiciário e no Legislativo em relação às suas funções próprias, pois hierarquia é caráter privativo da função administrativa, como elemento básico da organização e da ordenação dos serviços administrativos. Desse modo, apenas se esses Poderes estiverem desempenhando função atípica ou imprópria relacionado a atividade administrativa, haverá hierarquia. d) Poder Disciplinar: É aquele através do qual a lei permite a Administração Pública aplicar penalidades às infrações funcionais de seus servidores e demais pessoas ligadas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração. A aplicação da punição por parte do superior hierárquico é um poder- dever, se não o fizer incorrerá em crime contra Administração Pública (Código Penal, art. 320). Ex: Aplicação de pena de suspensão ao servidor público. É um poder sempre motivado, aplicável pela Administração Pública nos seguintes casos: punir internamente as infrações funcionais de seus servidores; PROFª. EMILLY ALBUQUERQUE – PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS punir infrações administrativas cometidas por particulares ligados à Administração Pública por vínculo específico, como por exemplo, os licitantes e contratantes. Poder disciplinar não se confunde com Poder Hierárquico. No Poder hierárquico a administração pública distribui e escalona as funções de seus órgãos e de seus servidores. No Poder disciplinar ela responsabiliza os seus servidores pelas faltas cometidas. e) Poder regulamentar ou Normativo: É aquele inerente aos Chefes dos Poderes Executivos (Presidente, Governadores e Prefeitos) para expedir decretos e regulamentos para complementar, explicitar (detalhar) a lei visando sua fiel execução. Consiste na edição de atos gerais e abstratos destinados a dar fiel cumprimento à lei. Não inova o direito, apenas o complementa, afinal, quem inova é o Poder Legislativo, através de sua função típica. A CF/88 dispõe que : “Art. 84 - Compete privativamente ao Presidente da República: IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução”; Além dos Decretos Regulamentares, a EC nº 32/2001 determinou a criação do Decreto Autônomo, editado diretamente a partir do texto constitucional, sem base em lei, sem estar regulamentando qualquer lei. É ato primário e inova o direito. Trata-se portanto de uma exceção ao poder regulamentar. 4.3 Poder de Polícia Poder de Polícia, para a doutrina majoritária, é o poder conferido à Administração Pública para condicionar, restringir, frenar o exercício de direitos e atividades dos particulares em nome dos interesses da coletividade. O poder de polícia não recai sobre o próprio indivíduo. Ele recai sobre os bens, direitos, interesses e atividades desse indivíduo, desde que as restrições se justifiquem, porque previstas em prol do interesse coletivo e pautadas pelo princípio da proporcionalidade/razoabilidade, e desde que estejam de acordo com os limites constitucionais e legais. Segundo o art. 78 do Código Tributário Nacional: “Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando o disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público...” Em suma, o Poder de Polícia se dá através do qual a Administração Pública tem a faculdade de condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício do interesse público. A extensãodo Poder de Polícia - A extensão é bastante ampla, porque o interesse público é amplo. As entidades meramente administrativas dotadas de personalidade jurídica de direito público (autarquias e fundações autárquicas) podem exercer poder de polícia, inclusive aplicar sanções administrativas, desde que recebam da lei tais competências. Segundo o CTN “Interesse público é aquele concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, `a tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais” (Código Tributário Nacional, art. 78 segunda parte). 4.3.1 Limites do Poder de Polícia Necessidade – a medida de polícia só deve ser adotada para evitar ameaças reais ou prováveis de perturbações ao interesse público. qualquer conduta além da necessidade será passível de aplicação de penalidade ao servidor responsável. Proporcionalidade/razoabilidade – é a relação entre a limitação ao direito individual e o prejuízo a ser evitado. Eficácia – a medida deve ser adequada para impedir o dano a interesse público. Para ser eficaz a Administração não precisa recorrer ao Poder Judiciário para executar as suas decisões, é o que se chama de auto-executoriedade. 4.3.2 Segmentos do Poder de Polícia O Poder de Polícia subdivide-se em administrativo e judiciário. Desse modo, Polícia Administrativa é aquela que incide sobre bens, serviços e atividades do Estado. Exemplos: Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal, Vigilância Sanitária, Polícia de Costumes etc. Vejamos um quadro, a título de exemplificação: POLÍCIA ADMINISTRATI VA FUNÇÃO Vigilância Sanitária Vigilância à proteção da saúde pública Pesos e medidas Destinada à fiscalização dos padrões de medida, em defesa da economia popular Edilícia Relativa às edificações Trânsito Para garantia da segurança e ordem nas vias e rodovias Florestal Destinada a defesa da flora Caça e Pesca Vocacionada à proteção da fauna terrestre e aquática Por Polícia Judiciária entende-se aquela que incide sobre pessoas, de modo a coagi-las a praticar qualquer ato contrário à lei. Exemplos: Polícia Federal, Polícia Civil etc. 4.3.3 Características ou atributos do Poder de Polícia a) Discricionariedade: Em regra, o ordenamento jurídico permite um juízo de conveniência e oportunidade na prática de atos decorrentes do poder de polícia, porém, PROFª. EMILLY ALBUQUERQUE – PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS em alguns casos, a discricionariedade não se aplica, a exemplo da licença para dirigir veículo automotor, pois, preenchidos os requisitos legais, não é permitido à autoridade a sua não-expedição. b) Auto-executoriedade: Consiste no poder que possuem os atos administrativos de serem executados materialmente pela própria administração, independentemente de manifestação do Poder Judiciário. Ressalte-se que nem toda atuação de polícia administrativa pode ser autoexecutória. Exemplo: cobrança de multas, quando resistida pelo particular. A cobrança forçada será feita por ação judicial de execução. - Exigibilidade: Toma decisões criando obrigações sem precisar ir previamente ao Poder Judiciário. Aqui aparecem os meios indiretos de coerção, tal como a aplicação da multa. - Executoriedade: Permite a administração executar diretamente a sua decisão sem precisar do Poder Judiciário. Aqui aparece os meios diretos de coerção, podendo ser utilizado a força. Exemplos: dissolução de uma passeata; demolição de um prédio que ameaça desabar. c) Coercibilidade ou Imperatividade: A coercibilidade consiste na possibilidade de as medidas adotadas pela Administração serem impostas coativamente ao administrado, mediante o emprego da força, caso o particular resista ao ato de polícia. Também pode estar ausente no ato de polícia. Exemplos: atos preventivos de polícia administrativa. 4.4 Uso e abuso de Poder Ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, ultrapassa os limites de suas atribuições ou se desvia das finalidades administrativas. Para o jurista Gustavo Barchet, dize-se que há uso do poder quando o agente público, ao exercer suas funções, o faz de forma regular, em conformidade com as leis e princípios administrativos que regem a sua atuação. Figura oposta é o abuso de poder, vício que, uma vez verificado no ato, seja ele omissivo ou comissivo, leva à nulidade. O emprego do poder público, de forma desproporcional, sem amparo da lei, sem utilidade pública, evidentemente será ilícito, nulo, devendo assim ser declarado pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário. O abuso de poder é gênero, que comporta suas espécies ou causas: - Excesso de Poder (vício de competência) - Ação do agente público fora dos limites de sua competência, invadindo a competência de outros agentes ou praticando atividades que a lei não lhe conferiu. O agente atua fora de sua competência. Ex.: Decreto Regulamentador expedido por um secretário de Estado. - Desvio de Poder (vício de finalidade) – Ação do agente público, embora dentro de sua competência, afastada do interesse público, praticando atos por motivos ou com fins diversos daqueles estabelecidos na lei. Também chamado de Desvio de Finalidade. Ex.: Ato para beneficiar a si próprio, um amigo ou parente; remoção “ex officio” de um servidor como forma de punição. O fim mediato almejado por todo ato administrativo é o interesse público e qualquer ato praticado pelo agente público com outra finalidade será nulo. Todo abuso de poder caracteriza uma ilegalidade, mas nem toda ilegalidade decorre de conduta abusiva. A conseqüência do abuso de poder é a invalidação do ato. Tal invalidação pode ser intentada na própria esfera administrativa, ou, junto ao Poder Judiciário. Além disso, o agente que atuar com abuso de poder poderá, conforme o caso, ter sua conduta tipificada também como ilícito penal. 4.5 Modalidades de exercício do Poder de Polícia - Preventivo: O Poder de Polícia estabelece normas que limitam ou condicionam a utilização de bens (públicos ou privados) ou o exercício de atividades privadas que afetem a coletividade. O alvará divide-se em licença (ato vinculado e definitivo) e autorização (ato discricionário e precário, passível de revogação). - Repressivo: Aplicação de sanções administrativas, como consequência da prática de infrações a normas de polícia pelos particulares a ela sujeitos. Verificada a infração, lavra-se o auto. QUESTÕES 01. (Analista Judiciário – Execução de Mandados – TRT/19ª Região) - A ocorrência de desvio de finalidade manifesta-se quando o ato administrativo é praticado (A) com objetivo diverso daquele explicitado na motivação, ou previsto na lei. (B) sem observância dos requisitos de legalidade quanto à matéria de mérito. (C) a despeito de terem sido verificados inexistentes os fatos que ensejaram sua edição. (D) de modo que seu resultado importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo. (E) sem a observância das regras aplicáveis de competência, ou com excesso de poder. 02. (Analista Judiciário – Execução de Mandados – TRF 4ª região/2010) - No que se refere aos poderes administrativos, é certo que (A) não há hierarquia nos Poderes Judiciário e Legislativo, tanto nas funções constitucionais, como nas administrativas. (B) o termo polícia judiciária tem o mesmo significado de polícia administrativa. (C) o poder disciplinar confunde-se com o poder hierárquico. (D) o poder discricionário não se confunde com a arbitrariedade. PROFª. EMILLY ALBUQUERQUE – PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS (E) o poder será vinculado quando o Administrador pode optar dentro de um juízo de conveniênciae oportunidade. 03. (Analista Judiciário – Execução de Mandados – TRT 21ª Região/2008) - O decreto I. será autônomo quando produza efeitos gerais e discipline matéria não regulamentada em lei. II. inominado é ato normativo originário quando comparado à lei. III. que produzir efeitos gerais será regulamentar, quando expedido nos termos da Constituição Federal, para fiel execução da lei. IV. somente poderá ser considerado ato administrativo propriamente dito quando tiver efeito concreto, enquanto que o decreto geral é ato normativo. V. é a forma de que se revestem os atos individuais ou gerais emanados dos chefes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Está correto APENAS o que se afirma em (A) I, II e III. (B) I, II e IV. (C) I, III e IV. (D) II, III e V. (E) III, IV e V. 04. (Analista Judiciário –Área Judiciária – TRE Acre/2010) - A fim de explicar o modo de execução de uma lei, o Chefe do Poder Executivo deve expedir (A) uma resolução, que é ato administrativo do poder normativo ao qual os administrados devem obediência e que não depende de aprovação de outro órgão. (B) um projeto de lei sobre a matéria, que é manifestação expressa da legitimidade de seu poder-dever de iniciativa legislativa. (C) uma circular, que é ato administrativo interno e geral baseado no poder hierárquico e que explica o necessário para a aplicação da lei. (D) um decreto, que é ato administrativo geral e normativo e manifestação expressa de seu poder regulamentar. (E) uma instrução normativa, que é ordem escrita, geral, oriunda do poder disciplinar e determinadora do modo pelo qual a lei será aplicada. 05. (Analista Judiciário – Área Judiciária –TRE BA/2008) - O poder hierárquico (A) permite a avaliação subjetiva da legalidade de ordens emanadas do superior. (B) determina o cumprimento de todas as ordens expressas emanadas do superior. (C) impõe o cumprimento de ordem superior, salvo se manifestamente ilegal. (D) confunde-se com o poder disciplinar, do qual é decorrência. (E) aplica-se também às funções próprias do Poder Judiciário e do Poder Legislativo. 06. (Analista Judiciário – Área Judiciária –TRE BA/2008) - A revisão dos atos subordinados configura uma das faculdades do poder (A) discricionário. (B) de polícia. (C) disciplinar. (D) hierárquico. (E) regulamentar. 07. (Analista Judiciário – Área Judiciária –TRE Ceará/2002) - É exemplo de atividade própria do poder de polícia, entendido como polícia administrativa, (A) a aplicação de multa contratual, em contrato administrativo, pela Administração ao particular contratado. (B) a restrição imposta, por agentes administrativos, à realização de uma passeata nas vias públicas. (C) o policiamento ostensivo realizado nas ruas pela polícia militar. (D) a atividade investigativa realizada pela polícia civil em um inquérito policial. (E) a prisão em flagrante de um criminoso por qualquer do povo. 08. (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRF 5ª Região / 2006) - NÃO é consequência do poder hierárquico de uma autoridade administrativa federal, o poder de (A) dar ordens aos seus subordinados. (B) rever atos praticados por seus subordinados. (C) resolver conflitos de competências entre seus subordinados. (D) delegar competência para seus subordinados editarem atos de caráter normativo. (E) aplicar penalidades aos seus subordinados, observadas as garantias processuais. 09. (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRE CE/2002) - É exemplo de exercício do poder hierárquico da Administração a (A) aplicação de uma multa de trânsito. (B) aplicação de uma sanção contratual pela Administração em um contrato Administrativo. (C) revogação de um ato administrativo pela autoridade superior ao agente administrativo que o praticou. (D) anulação de um ato administrativo pelo Poder Judiciário. (E) anulação de um ato administrativo pelo próprio agente que o praticou. 10. (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRT 5ª Região / 2008) - Ocorre desvio de finalidade na prática do ato administrativo, quando (A) o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou. (B) o ato for omisso em relação a formalidades indispensáveis à sua existência. (C) a matéria de fato que fundamenta o ato é juridicamente inadequada ao resultado obtido. (D) o agente pratica o ato visando a objetivo diverso do estabelecido na regra de competência. (E) o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo. 31/03/03 - 09:58 11. (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRT 5ª Região/2008) - Quando a Administração pode escolher entre duas ou mais opções, no caso concreto, segundo critérios de oportunidade e conveniência, pratica ato (A) discricionário. (B) vinculado. (C) arbitrário. (D) jurisdicional. (E) imperativo. 12. (Defensor Público – Maranhão/2008) - As limitações ao direito de propriedade decorrentes do poder de polícia da Administração PROFª. EMILLY ALBUQUERQUE – PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS (A) independem de lei, uma vez que compete à Administração definir as razões de interesse público ensejadoras de sua instituição. (B) dependem de um fundamento de interesse público e devem se restringir ao estritamente necessário ao seu atendimento. (C) são ilegais em razão do caráter absoluto do direito de propriedade. (D) podem ser instituídas por entidades privadas, que exerçam o poder de polícia por delegação. (E) independem de um fundamento de interesse público, pois subordinam-se às razões de conveniência e oportunidade do órgão competente. 13. (Procurador Judicial do Município de Recife/2006) - “Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público (...)”. A partir da definição constante do art. 78 do Código Tributário Nacional, é correto afirmar que o poder de polícia (A) é atividade estritamente vinculada, que não admite discricionariedade por parte da Administração. (B) compreende a faculdade de editar regulamentos disciplinadores dos direitos individuais, observados os limites legais. (C) pode ser objeto de delegação de competência, inclusive para entidades externas à Administração Pública. (D) restringe-se à prática de atos materiais pela Administração, condicionadores de direitos, tais como licenças e autorizações. (E) não pode ter por objeto direitos e liberdades individuais garantidos pela Constituição, que estão imunes à atuação do Poder Executivo. 14. (Procurador Judicial do Município de Recife/2008) - No exercício de seu poder normativo, o Presidente da República, por decreto, disciplina aspectos do funcionamento da Administração Pública federal, sem, com isso, importar aumento de despesas, extinguindo, aliás, cargos públicos ocupados por servidores cuja remuneração elevava os índices de despesa com pessoal para além dos limites fixados pela Lei de Responsabilidade Fiscal. O decreto em questão (A) violou o ordenamento constitucional, por disciplinar o funcionamento da Administração, o que é matéria de reserva legal. (B) violou o ordenamento constitucional, por extinguir os cargos em questão, o que contraria disposição expressa da Constituição Federal. (C) está de acordo com a Constituição, que prevê expressamente essa medida em defesa da responsabilidade fiscal. (D) está de acordo com a Constituição, ainda que não amparado expressamente por nenhum de seus dispositivos, pois se enquadra genericamente na competência do Presidente da República para editar decretos autônomos, que possuem eficácia imediata. (E) está de acordo com a Constituição, ainda que não amparado expressamente por nenhum de seus dispositivos, pois se enquadra genericamente na competência do Presidente da República para editar decretosautônomos, que devem ser aprovados pelo Congresso Nacional para produzir efeitos. 15. (Procurador Judicial do Município de Recife/2008) - Considere as relações jurídicas estabelecidas entre: I. O Presidente da Republica e o Prefeito de um Município. II. O Prefeito de um Município e um Secretário desse Município. III. O Prefeito de um Município e o Presidente de uma autarquia desse Município. Conforme a doutrina administrativista, há vínculos de hierarquia (A) nas relações mencionadas nos itens I, II e III. (B) apenas nas relações mencionadas nos itens I e II. (C) apenas nas relações mencionadas nos itens II e III. (D) apenas na relação mencionada no item II. (E) apenas na relação mencionada no item III. 16. (Juiz de Direito Substituto – TJ RN/2007) - De acordo com a Constituição Federal, configura hipótese de atuação do poder normativo do Poder Executivo, por decreto, independentemente de lei, a (A) criação de Ministérios. (B) extinção de cargos públicos vagos. (C) criação de cargos públicos. (D) fixação dos efetivos das Forças Armadas. (E) definição da organização administrativa dos Territórios. 17. (Procurador do Estado – 3ª Classe – Maranhão SET / 2005) - Considere um dispositivo constitucional que crie obrigação aos indivíduos, mas cuja aplicação dependa de disciplina legal. Suponha que ainda não exista lei a respeito dessa matéria. Numa situação hipotética, o Presidente da República, pretendendo ver aplicado tal dispositivo, formula consulta a parecerista que apresenta, entre outras, as seguintes conclusões: (i) o Presidente da República pode diretamente regulamentar a matéria por decreto, posto que o Direito brasileiro, com a Emenda Constitucional no 32/01, passou a acolher o regulamento autônomo; (ii) a competência do Presidente da República para expedir decretos regulamentares pode, como regra geral, ser delegada aos Ministros; (iii) os decretos regulamentares, por serem atos de competência privativa do Presidente da República, não são passíveis de controle pelo Poder Legislativo, submetendo-se apenas ao controle judicial de constitucionalidade. Das conclusões acima (A) apenas a (i) está de acordo com a Constituição Federal. (B) apenas a (ii) está de acordo com a Constituição Federal. (C) apenas a (iii) está de acordo com a Constituição Federal. (D) todas estão de acordo com a Constituição Federal. (E) nenhuma está de acordo com a Constituição Federal. 18. (Defensor Público – 1ª Classe – Maranhão Set/2006) - Determinada autoridade administrativa presencia a prática de um ato ilícito por parte de um cidadão, passível de sanção no âmbito administrativo. Sendo assim, tratando-se de autoridade competente, decide aplicar-lhe e executar diretamente a pena. Tal procedimento (A) é compatível com o ordenamento constitucional brasileiro, fundamentando-se na auto-executoriedade dos atos administrativos. PROFª. EMILLY ALBUQUERQUE – PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS (B) é compatível com o ordenamento constitucional brasileiro, fundamentando-se na auto-tutela dos atos administrativos. (C) é compatível com o ordenamento constitucional brasileiro, fundamentando-se na imperatividade dos atos administrativos. (D) é compatível com o ordenamento constitucional brasileiro, fundamentando-se na presunção de legalidade dos atos administrativos. (E) viola as disposições constitucionais acerca do devido processo legal, também aplicáveis no âmbito administrativo. 19. (Procurador do Estado – 3ª Classe – PGE Bahia – Novembro/2006) - Constitui manifestação do poder de polícia administrativa: (A) rescisão unilateral de contratos administrativos. (B) avocação de atribuições, desde que não sejam da competência exclusiva do órgão subordinado. (C) edição de atos visando a disciplinar a restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais. (D) expedição de atos normativos, com o objetivo de ordenar a atuação dos órgãos subordinados. (E) aplicação de sanções disciplinares. 20. (Assessor Jurídico – Tribunal de Contas do Piauí/2010) - O desvio de poder, em matéria de atos administrativos, configura vício relativo ao elemento (A) agente. (B) forma. (C) objeto. (D) motivo. (E))finalidade. 21. (Assessor Jurídico – Tribunal de Contas do Piauí/2010) - Determinada autoridade presencia a prática de um ilícito administrativo por um subordinado seu. Nesse caso, a aplicação da penalidade ao autor do ilícito (A) não depende de processo administrativo, incidindo a regra da "verdade sabida". (B) não depende de processo administrativo, incidindo o princípio da autotutela administrativa. (C) ainda assim depende de processo administrativo, no qual pode ser dispensada a manifestação do autor do ilícito, a critério da autoridade. (D) ainda assim depende de processo administrativo, no qual, porém, não será admitido recurso, incidindo a regra da "verdade sabida". (E) ainda assim depende de processo administrativo, no qual devem ser assegurados ao autor do ilícito o contraditório e a ampla defesa. 22. (Auditor – Tribunal de Contas do Estado de Sergipe) - Observe o que segue: I. Poder regrado é aquele que a lei confere à Administração Pública para a prática de ato de sua competência, mediante livre valoração quanto à conveniência. II. Poder discricionário é aquele que o Direito concede à Administração, de modo implícito, para a prática de atos administrativos com liberdade na escolha de sua qualidade, competência e finalidade. III. Poder vinculado é aquele que o Direito Positivo confere à Administração Pública para a prática de ato de sua competência, determinando os elementos e requisitos à sua formalização. IV. Poder discricionário é o que o Direito concede à Administração, de modo explicito ou implícito, para a prática de atos administrativos com liberdade de escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo. V. Poder vinculado consiste naquele concedido implicitamente pelo Direito à Administração, para a prática de atos administrativos mediante certo grau de liberdade quanto à conveniência e oportunidade. Em matéria de poderes administrativos, APENAS são corretas as assertivas (A) I e II (B) I e V (C) II e III (D))III e IV (E) IV e V 23. (Subprocurador – Tribunal de Contas do Estado de Sergipe – Janeiro/2009) - No exercício de seu poder regulamentar, cabe ao chefe do Poder Executivo federal (A) sancionar leis cujos projetos foram aprovados pelo Congresso Nacional. (B) decretar o estado de defesa e o estado de sítio. (C) celebrar tratados e convenções internacionais. (D) expedir decretos para a execução das leis. (E) decretar e executar a intervenção federal. 24. (Advogado – DESENBAHIA/2010) - A avocação de um ato decorre do poder (A) de polícia, quando houver motivos que levem o administrador público a limitar qualquer atividade privada ou estatal. (B) discricionário, podendo ser avocada qualquer atribuição, ainda que conferida a determinado órgão ou agente. (C) regulamentar, em que se substitui a competência inferior pela superior, com todas as consequências dessa substituição. (D) vinculado, mas que não desonera o inferior de toda a responsabilidade pelo ato avocado pelo superior. (E) hierárquico, não podendo ser avocada atribuição que a lei expressamente confere a determinado órgão ou agente. 28/11/02 - 25. (Advogado – DESENBAHIA) - O ato de polícia administrativa tem como características, dentre outras, (A) incidir nas pessoas e em todos os setores da sociedade. (B) submeter-se apenas ao controle judicial por ser sempre vinculado. (C) ser editado pela Administração Pública ou por quem lhe faça as vezes. (D) ser essencialmente repressivo, não cabendo em caráter preventivo. (E) comportar sanções desde que estejam previstas em decretos. 28/11/02 – 26. (Procurador do Estado do Rio Grande do Norte/2009) - A atividade do Estado consistenteem limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público é chamada de: (A) Poder hierárquico. (B) Poder de polícia. (C) Serviço público. (D) Atividade de fomento. (E) Poder regulamentar. 27. (Analista Judiciário – Jud - TRE-PE/2008) - No que tange aos poderes administrativos, é INCORRETO afirmar que PROFª. EMILLY ALBUQUERQUE – PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS (A) o conceito legal de poder de polícia encontra-se no Código Tributário Nacional, por ser o exercício desse poder um dos fatos geradores da taxa. (B) a principal diferença, embora não absoluta, entre as polícias administrativa e a judiciária está no caráter preventivo, de regra, da primeira e no repressivo da segunda. (C) os meios de atuação do poder de polícia são os atos normativos em geral e os atos administrativos e operações materiais de aplicação da lei ao caso concreto. (D) o poder de polícia é exercido pelo Estado nas áreas administrativa e judiciária, sendo que a polícia administrativa é privativa de corporações especializadas como a polícia civil e a militar. (E) são atributos do poder de polícia a discricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade, além do fato de corresponder a uma atividade negativa. 28. (Analista Judiciário – Jud - TRE-PE/2008) - O poder disciplinar na Administração Pública é cabível para (A) regulamentar lei ou ato normativo de forma independente ou autônoma, inovando a ordem jurídica por estabelecer normas ainda não disciplinadas em lei. (B) instaurar inquérito administrativo, processar e aplicar penalidades apenas aos servidores públicos que infringem os respectivos estatutos. (C) apurar infrações e aplicar penalidades aos servido- res públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa a exemplo das pessoas que com ela contratam. (D) investigar irregularidades e aplicar penas aos servi- dores públicos e particulares, mesmo aqueles não sujeitos à disciplina interna da Administração Pública. (E) limitar ou disciplinar direito, interesse ou liberdade, com o objetivo de regular a prática de ato ou abstenção de fato, em razão do interesse público. 29. (Analista Judiciário – Jud/Exec Mand – TRF 4ª R/2007) - No que tange aos poderes administrativos, considere as seguintes proposições: I. A prerrogativa de que dispõe o Executivo para ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo uma relação de subordinação, corresponde ao poder disciplinar. II. O poder regulamentar autoriza os Chefes dos Poderes Executivos a explicar a lei para sua correta e fiel execução. III. O poder de polícia autoriza a Administração a condicionar, frenar o uso e gozo de bens, atividade e direitos individuais, em prol da coletividade ou do próprio Estado. IV. A discricionariedade permite que o administrador público pratique o ato com liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade, conteúdo e forma. Estão corretas APENAS as afirmações (A) I e II. (B) I e III. (C) I, III e IV. (D) II e III. (E) II, III e IV. 30. (Procurador do Estado de São Paulo/2009) - As medidas de polícia administrativa (A) são marcadas pelo atributo da exigibilidade, que dispensa a Administração de recorrer ao Poder Judiciário para executá-las. (B) podem ser apenas implementadas mediante prévia autorização judicial, por não serem auto-executórias. (C) podem ser auto-executórias, de acordo com a decisão arbitrária da autoridade administrativa. (D) são auto-executórias, se necessárias para a defesa urgente do interesse público. (E) tipificam hipótese de indevida coação administrativa, quando auto-executadas pelo administrador sem autorização legal. 31. (Analista Judiciário – TRT AP – 2011) No que concerne aos poderes discricionário e vinculado, é correto afirmar que (A) o ato discricionário, quando autorizado pelo direito, é legal e válido; o ato arbitrário é sempre ilegítimo e inválido. (B) para a prática de ato vinculado, a autoridade pública não está adstrita à lei em todos os seus elementos formadores. (C) no ato discricionário, há liberdade de atuação quanto a todos os requisitos dos atos administrativos. (D) o ato discricionário, em qualquer hipótese, é imune à apreciação judicial. (E) a atividade discricionária, por implicar em liberdade ao administrador público, não se sujeita aos princípios gerais do Direito e aos preceitos da moralidade administrativa. 32. (Analista Judiciário – TRT AP – 2011) NÃO constitui objetivo do poder hierárquico o ato (ou a conduta) de (A) ordenar. (B) sancionar. (C) controlar. (D) coordenar. (E) corrigir. 33. (Analista Judiciário – TRT RN – 2011) Sobre o poder de polícia, considere: I. A diferença entre a polícia administrativa e a polícia judiciária se dá, dentre outros elementos, pela ocorrência ou não de ilícito penal. II. A Polícia Militar não atua na esfera da polícia administrativa, sendo corporação especializada. III. A polícia administrativa não envolve os atos de fiscalização. IV. A auto-executoriedade é um dos atributos do poder de polícia. Está correto o que se afirma APENAS em (A) I, II e III. (B) I e IV. (C) II, III e IV. (D) II e IV. 34. (Analista Judiciário – Direito – 2011) Sobre o controle administrativo da Administração Pública é INCORRETO afirmar que (A) o recurso hierárquico impróprio é dirigido para a mesma autoridade que expediu o ato recorrido. (B) o recurso hierárquico próprio é dirigido para a autoridade imediatamente superior, dentro do mesmo órgão em que o ato foi praticado. (C) a representação, em regra, é denúncia de irregularidade feita perante a própria Administração. (D) a revisão é recurso a que faz jus servidor público punido pela Administração, para reexame da decisão. (E) a expressão coisa julgada administrativa significa que a decisão se tornou irretratável pela própria Administração. PROFª. EMILLY ALBUQUERQUE – PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS GABARITO: 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 A D C D C D B D C D 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 A B B B D B E E C E 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 E D D E C B D C D D 31 32 33 34 A B D A 5 – ATOS ADMINISTRATIVOS 5.1 Conceito: É toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria. - Quem edita: a Administração Pública; - Como: debaixo de regras de Direito Público; - Para que: preservação dos interesses da coletividade. Celso Antônio Bandeira de Mello conceitua ato administrativo como toda “declaração do Estado, ou de quem lhe faças as vezes, no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei, a título de lhe dar cumprimento, sujeito a controle de legitimidade por órgão jurisdicional”. Para Hely Lopes Meirelles ato administrativo consiste em “toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”. Maria Sylvia Zanella Di Pietro entende o ato como uma “declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da Lei, sob regime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”. As regras que comandam a edição desses atos são de Direito Público, logo, não são as mesmas que comandam os atos dos particulares. As regras de Direito Público conferem atributos e requisitos de validade que não se estendem aos particulares. Os atos administrativospodem ser: típicos e atípicos; unilateral ou bilateral; vinculado e discricionário. Os atos típicos são aqueles praticados pela administração no uso de seus poderes estatais. Os atos atípicos, também chamados de ato da administração, são os que não envolvem esses poderes; sendo regidos pelo direito civil e comercial e pelas normas usuais de direito público. 5.2 Ato e Fato Administrativo Após a apresentação do conceito atribuído ao Ato Administrativo, faz-se necessário apresentar as diferenças do Ato e do Fato Administrativo. Sobre o assunto é preciso advertir que a doutrinadora Maria Sylvia Zanella Di Pietro diferencia fato administrativo de fato da administração, sendo que o primeiro ocorreria somente quando o fato produziria efeitos jurídicos, enquanto que o segundo, o contrário. Já os Atos da Administração possuem um conceito mais abrangente e representam todo e qualquer ato praticado no exercício da função administrativa. Nesse sentido, o ato administrativo é uma espécie de ato da administração, conforme segue: PROFª. EMILLY ALBUQUERQUE – PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS 5.3 Requisitos ou elementos do Ato Administrativo: Todo ato administrativo é formado por requisitos ou elementos. Prevalece o entendimento que os requisitos ou elementos do ato administrativo são: - Competência: Competência é o conjunto de atribuições das pessoas jurídicas, órgãos e agentes, fixados pelo direito positivo. Desse modo, nenhum ato pode ser realizado validamente sem que o agente disponha de poder legal para praticá-lo. É importante destacar que os poderes são conferidos aos agentes públicos na medida de suas atribuições e cada agente público possui poderes específicos definidos por lei. Assim, a competência decorre sempre da lei, não podendo o próprio órgão estabelecer, por si, suas atribuições. É também inderrogável, seja pela vontade da Administração ou por acordo com terceiros. Por fim, temos que esclarecer que a competência pode ser objeto de delegação (transferência de atribuições) ou de avocação (atrair atribuição de outrem), desde que não se trate de competência conferida a determinado órgão ou agente, com exclusividade, pela Lei. Destacamos ainda o disposto no art. 13 da Lei nº 9.784/99, que trata de matérias impossibilitadas de delegação: a edição de atos de caráter normativo; a decisão de recursos administrativos; as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. - Finalidade: É o objetivo do interesse público a atingir (sentido amplo). É o resultado, definido em lei, que o ato produzir (sentido restrito). Se o ato administrativo for praticado com outro objeto, que não seja o interesse público, o agente incidirá em desvio de poder, e o ato será considerado nulo. - Forma: É o meio pelo qual se exterioriza a vontade do agente. A Administração Pública exige a forma escrita e solene para seus atos, o que possui exceções, como na Lei de Processo Administrativo. Excepcionalmente, admitem-se formas não-escritas, como as verbais (ordens dadas pelo chefe ao seu subordinado), gestuais (guarda de trânsito gesticulando para automóveis seguirem no fluxo do trânsito), placas etc. - Motivo: É o pressuposto de fato e de direito que fundamenta o ato administrativo. A análise dos motivos mostra-se relevante para se constatar a aplicação do princípio da impessoalidade e da moralidade administrativa. A ausência de motivo em um ato ou mesmo a indicação de um motivo falso faz surgir o vício. Trata-se da Teoria dos Motivos Determinantes, em que a obrigatoriedade da existência dos motivos alegados é que determinam a prática do ato administrativo. Só é válido o ato, se os motivos acontecerem. Mesmo nos atos discricionários, onde o motivo é facultativo, se o agente decidir motivar, este deverá ser verdadeiro, sob pena de nulidade do ato. - Objeto: É o efeito jurídico imediato do ato administrativo, que cria, modifica ou extingue uma relação jurídica. Trata-se do resultado prático do ato e consiste na própria alteração no mundo jurídico a que o ato se propõe. OBS.: Diferenças entre Ato Jurídico e Ato Administrativo: O primeiro requisito do ato administrativo é a competência (equivalente ao agente capaz do Código Civil). O ato será inválido se for praticado por quem não tem legitimidade para tal. O segundo requisito do ato administrativo é o objeto. Para a Administração objeto lícito é aquele que a lei expressamente determina. Para o particular objeto lícito é todo aquele que a lei não proíbe. O terceiro requisito de validade é a forma. Para a Administração a forma é somente aquela expressamente prevista em lei. Para os particulares é a não proibida por lei. Geralmente a forma utilizada pela Administração é a escrita, existindo exceções. Exemplo: os apitos e gestos de um guarda de trânsito. PROFª. EMILLY ALBUQUERQUE – PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS 5.4 O silêncio do Ato Administrativo Uma questão interessante que merece ser analisada no tocante ao ato administrativo é a omissão da Administração Pública ou, o chamado silêncio administrativo. Essa omissão é verificada quando a administração deveria expressar uma pronuncia quando provocada por administrado, ou para fins de controle de outro órgão e, não o faz. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, o silêncio da administração não é um ato jurídico, mas quando produz efeitos jurídicos, pode ser um fato jurídico administrativo. 5.5 Atributos do Ato Administrativo: Não aparecem de forma gratuita, pois a Administração preserva os interesses da coletividade. - Presunção de legitimidade/veracidade: Todos os atos administrativos nascem com a presunção de legitimidade, ou seja, a presunção de que nasceram de acordo com as devidas normas legais. A presunção não é absoluta, admitindo prova em contrário (“juris tantum”). Até que essa prova apareça, os atos pressupõem-se legítimos e são de cumprimento obrigatório. Ex.: Execução de Dívida Ativa – cabe ao particular o ônus de provar que não deve ou que o valor está errado. Alguns doutrinadores utilizam a expressão presunção de legitimidade como sinônima de veracidade. Entretanto, outros fazem uma distinção sutil, tal como Maria Sylvia Zanella Di Pietro e Celso Antônio Bandeira de Mello: presunção de legitimidade diz respeito à conformidade do ato com a lei, enquanto que a veracidade diz respeito aos fatos. - Imperatividade: É o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua concordância. Ex.: Secretário de Saúde quando dita normas de higiene – decorre do exercício do Poder de Polícia – pode impor obrigação para o administrado. É o denominado poder extroverso da Administração. Destacamos que a qualidade da imperatividade do ato administrativo o distancia dos atos privados, vez que nesses, alguém só estará obrigado a fazer algo se concordar com essa determinação. Exceção a esta regra são os atos negociais, como a licença, a permissão e a autorização, que só podem ser praticados se existir um encontro de vontades entre particular e Administração. - Auto-executoriedade: Consiste na possibilidade que certos atos administrativos poderem ser postos em execução pela própria Administração, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário. A justificativa de existência desse atributo reside no Princípio da Separação dos Poderes (art. 2º da CF/88), autorizando o Poder Executivo (Administração Pública) a praticar suas ações sem precisar de manifestação ou autorização do Poder Judiciário. Ex.: para lavrar um auto de infração em uma discoteca tocando músicas acima do volume permitido, o fiscal não precisa de nenhuma autorização,nem mesmo judicial. Vale lembrar que o único controle que o Judiciário pode fazer dos atos da Administração é o controle de legalidade, ou seja, esse controle só pode existir quando o ato é ilícito. Observações: Para Marçal Justen Filho só deve ser aplicada em situações excepcionais e observados os princípios da legalidade e da proporcionalidade. Não há auto- executoriedade sem lei que a preveja, e mesmo assim a auto-executoriedade só deverá ser aplicada quando não existir outra alternativa menos lesiva. José dos Santos Carvalho Filho cita como exemplo do exercício da auto-executoriedade, a destruição de bens impróprios para o consumo público, a demolição de obra que apresenta risco iminente de desabamento. A vigente Constituição traça limites à executoriedade em seu art. 5º, LV, contudo mencionada restrição constitucional não suprime o atributo da auto-executoriedade do ato administrativo, até porque, sem ele, dificilmente poderia a Administração em certos momentos concluir seus projetos administrativos. - Tipicidade: É o atributo do ato administrativo que determina que o ato deve corresponder a uma das figuras definidas previamente pela lei, como aptas a produzir determinados resultados, sendo corolário, portanto, do princípio da legalidade. A sua função é impossibilitar que a Administração venha a praticar de atos inominados, representando, pois, uma garantia ao administrado, já que impede que a Administração pratique um ato unilateral e coercitivo sem a prévia previsão legal. Representa, também, a segurança de que o ato administrativo não pode ser totalmente discricionário, pois a lei define os limites em que a discricionariedade poderá ser exercida. Esses atributos só existem nos atos unilaterais, não sendo encontrados nos contratos. Obs.: Não confundir exigibilidade com tipicidade. A exigibilidade é um dos aspectos da auto-executorie- dade, referindo-se aos meios à disposição da Administração para fazer valer o seu "império", mas com a utilização, em todo caso, de meios indiretos de coerção. Em síntese, ao ultrapassar um sinal no vermelho, além da infração, em vermelho ficará a conta, em face da aplicação de multa pela Administração, enfim, a Administração pode aplicar diretamente a multa, visando ao seu reenquadramento às normas vigentes, sob pena de dissolução da sociedade. PROFª. EMILLY ALBUQUERQUE – PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS Todavia, observe que a multa não pode ser, via de regra, cobrada diretamente, ou seja, não possui EXECUTORIEDADE quanto à cobrança, dependendo da ajuda do Judiciário para a devida execução. A multa é exigível, mas não auto-executável. Mas, com certeza, empurra-nos ao cumprimento da obrigação imposta, pois, em determinados casos, não podemos sequer renovar a licença anual, existe forma mais "INDIRETA". Por sua vez, a tipicidade, atributo pertinente aos ATOS UNILATERAIS, diz respeito ao fato de para cada objetivo traçado pela Administração existe instrumento adequado para o seu alcance. Exemplo: se é demissão, faz-se por Decreto; se é nomeação de comissão de sindicância, faz- se por Portaria; se é desapropriação, faz-se por Decreto; se visa diligência a outros órgãos, faz-se Ofício; e assim em diante. Em suma, para cada finalidade, existe um instrumento próprio. Di Pietro, acertadamente, assevera que a tipicidade garante maior segurança jurídica aos administrados, atendendo ainda ao princípio da legalidade. 5.6 Discricionariedade e Vinculação Para melhor estudar o ato administrativo e suas conseqüências, principalmente ressaltando as diferenças entre os atos vinculados e os discricionários, parte-se da premissa de que o regime de direito público objetiva, em sua grande parte, impedir que o sujeito que atua no órgão público seja orientado para satisfação de suas vontades individuais, mas sim, que busque resultados favoráveis a toda coletividade. Desse modo, um ato administrativo pode se apresentar como discricionário ou vinculado, de acordo com a sua origem e extensão. Vejamos: a) Vinculado ou Regrado É aquele que o administrador não tem liberdade de escolha, estando a sua vontade adstrita exclusivamente à lei. Ex: concessão de aposentadoria quando preenchidos os requisitos legais. A lei determina os elementos e requisitos necessários à sua formalização, ou seja, já estabelece um único modo de agir pelo administrador diante do caso concreto. Com efeito, a lei regulou o ato de tal forma que não há espaços para juízos de conveniência e oportunidade. b) Discricionário A Administração concede ao administrador a liberdade de escolha de conveniência, oportunidade e conteúdo, possibilitando um juízo de valor que deve ser exercido dentro dos limites da lei e de forma que melhor atenda ao interesse público. Ex: permissão de uso de bem público (colocar mesas na calçada); exoneração de ocupantes de cargo comissionado. O poder discricionário é exercido sempre que a atividade administrativa resultar da opção, permitida pela lei, realizada pelo administrador; a discricionariedade não é absoluta, pois estará sempre vinculada ao fim que se destina. Não se confunde com a arbitrariedade, que é a ação contrária ou excedente da lei. O ato praticado com discricionariedade (motivo e forma) pode ser modificado pelo Judiciário? A justiça somente anula atos ilegais, não podendo revogar atos Inconvenientes ou inoportunos, mas formal e substancialmente legítimos. 5.7 Classificação dos Atos a) Quanto aos Destinatários: - Gerais: Destinam-se a uma parcela grande de sujeitos indeterminados e todos aqueles que se vêem abrangidos pelos seus preceitos. Exemplos: edital, regulamentos, instruções. - Individuais: Destina-se a uma pessoa em particular ou a um grupo de pessoas determinadas. Exemplos: demissão, exoneração e outorga de licença. b) Quanto ao Alcance: - Internos: Os destinatários são os órgãos e agentes da Administração, não se dirigindo a terceiros. Exemplos: circulares, portarias, instruções. - Externos: Alcançam os administrados de modo geral (só entram em vigor depois de publicados). Exemplos: Admissão, licença. c) Quanto ao objeto: - Império: Aquele que a Administração pratica no gozo de suas prerrogativas, em posição de supremacia perante o administrado. Exemplos: desapropriação, interdição, requisição. - Gestão: São os praticados pela Administração em situação de igualdade com os particulares, sem usar a sua supremacia. Exemplos: alienação e aquisição de bens, certidões. - Expediente: Aqueles praticados por agentes subalternos, consistentes em atos de rotina interna. Exemplo: protocolo. d) Quanto ao regramento: - Vinculado: Quando não há, para o agente, liberdade de escolham devendo este se sujeitar às determinações da lei. Exemplos: licença, pedido de aposentadoria. - Discricionário: Quando há liberdade de escolha (na lei) para o agente, no que diz respeito ao mérito (conveniência e oportunidade). Exemplo: autorização. e) Quanto à forma: - Simples: Produzido por um único órgão e decorrente de uma única manifestação de vontade. Podem ser simples singulares ou simples colegiais. Exemplo: despacho; exoneração de servidor ocupante de cargo em comissão; ato que altera o horário de atendimento da repartição pública, emitido por uma única pessoa; direção das Agências Reguladoras. - Composto: Produzido por um órgão, mas dependente da ratificação de outro órgão para se tornar exequível. PROFª. EMILLY ALBUQUERQUE – PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS Exemplo: dispensa de licitação; autorização; visto; homologação. - Complexo: Resultam da soma de vontade de 2 ou mais órgãos. Não deve ser confundido com procedimento administrativo. Exemplo: escolha em lista tríplice; a nomeação de Ministro do STF, feita pelo Presidente da República, após aprovação da maioria absolutado Senado. f) Quanto à apresentação - Ato válido: É aquele que está em total conformidade com o ordenamento jurídico. - Ato nulo: Nasce com vício insanável. - Ato inexistente: Possui apenas aparência de manifestação de vontade da Administração Pública, mas na verdade não se origina de um agente público, mas por alguém que se passa por tal condição. - Ato anulável: Contém vício sanável, podendo ser objeto de convalidação. - Ato perfeito: Seu processo de formação está concluído. - Ato eficaz: Já está disponível para a produção de seus efeitos próprios. A produção de efeitos não depende de evento posterior. - Ato pendente: É um ato perfeito, mas ineficaz, ou seja, está concluído (perfeito), mas ainda não pode produzir efeitos (ineficaz), porque depende de autorização, aprovação etc. - Ato exaurido (consumado): Já produziu todos os efeitos que poderia. Está finalizado. 5.8 Invalidação Dentre as várias formas de extinção dos atos administrativos duas se destacam especialmente: a) Anulação: Consiste na supressão do ato administrativo, com efeito retroativo (efeito ex tunc), por razões de legalidade e legitimidade. Pode ser examinado tanto pelo Poder Judiciário como pela Administração Pública. - Fundamento: Razões de ilegalidade, o ato é ilícito. - Legitimidade: Administração Pública e Poder Judiciário. - Efeitos: “Ex tunc”, a anulação retroage até a data de publicação, os efeitos são anulados e não se pode invocar direito adquirido. O efeito retroage para eliminar todos os efeitos por ele gerados. - Prazo: Estabelecido pela Lei 9784/99, é de 5 anos. É importante esse prazo para privilegiar o princípio da segurança das relações jurídicas. b) Revogação: É a extinção de um ato administrativo legal e perfeito, por razões de conveniência e oportunidade, pela Administração, no exercício do poder discricionário. O ato revogado conserva os efeitos produzidos durante o tempo em que se operou. A partir da data da revogação é que cessa a produção de efeitos do ato até então perfeito e legal. A revogação não pode atingir os direitos adquiridos, em razão de sua proteção constitucional. Não admite revogação: atos consumados; atos vinculados; atos que geraram direitos adquiridos; meros “atos administrativos” (que simplesmente declararam situação existente, como certidões e atestados). - Fundamento: Conveniência e oportunidade, o ato é lícito. - Legitimidade: Somente a Administração Pública. - Efeitos: “Ex nunc”, a revogação é válida daquele momento em diante; os efeitos anteriores serão mantidos e se pode invocar direito adquirido. - Prazo: Não há prazo, as razões podem ser alteradas a qualquer momento. Observações: A auto tutela, princípio não expresso do Direito Administrativo, vem do fato da Administração poder anular seus atos por razões de ilegalidade. Para o Poder Judiciário anular um ato ele deve ser provocado por terceiros. Estamos falando aqui de controle de legalidade. Pergunta: Pode existir direito adquirido em relação à anulação de ato? Resposta: Não, pois se trata de efeito “ex tunc”, retroagindo até quando o ato foi editado. Como eliminamos os efeitos do ato não se pode falar em direito adquirido. A Súmula 473 súmula do STF contempla anulações e revogações: Súmula 473 STF A administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornam ilegais porque deles não se originam direitos ou revogá-los por motivos de conveniência e oportunidade respeitados os direitos adquiridos e ressalvada em todos os casos a apreciação judicial. A Súmula inicialmente trata de anulação e na seqüência de revogação. O trecho final também é importante, garantindo que se direitos adquiridos de terceiros não forem respeitados o Judiciário poderá ser acionado. O artigo 5° inciso XXXV da CF diz: XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; Convalidação: convalidar é tornar válido o que inicialmente não era. Um ato editado inicialmente viciado que posteriormente tem seu vício sanado pode tornar-se válido. PROFª. EMILLY ALBUQUERQUE – PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS Pergunta: É possível a convalidação de atos administrativos? Resposta: O artigo 55 da Lei 9784/99 admite a convalidação dizendo que será possível se e somente se o vício inicialmente apresentado pelo ato puder ser corrigido. Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. c) Convalidação: Ocorre nos casos em que o ato apresenta-se viciado na sua origem, entretanto, o vício apresentado consiste em vício sanável, podendo ser validado pela Administração Pública. Quanto aos requisitos de validade dos atos administrativos, a convalidação é possível quando o vício for de: - Competência: basta modificar quem editou o ato; - Forma: o ato permanece o mesmo, bastando modificar sua forma; Os vícios nos requisitos de finalidade e objetivo não podem ser convalidados pois modificariam a estrutura do ato: - Vício de finalidade: não se pode falar em convalidação, já que a finalidade não seria pública; - Vício no objeto: se o objeto for alterado, o ato não é mais o mesmo e a convalidação não pode ocorrer. d) Cassação: É a extinção do ato quando o seu beneficiário deixa de cumprir os requisitos que deveria permanecer atendendo. e) Caducidade: Ocorre quando uma nova legislação impede a permanência da situação anteriormente consentida pelo poder público. Exemplo: Permissão consentida, mas que a lei impede o uso pelo particular. f) Contraposição: Um ato, emitido com fundamento em uma determinada competência, extingue outro ato, anterior, editado com base em competência diversa, ocorrendo a extinção porque os efeitos daqueles são opostos aos deste. Exemplo: exoneração, que tem efeitos contrapostos à nomeação. 5.9 Espécies de Atos A) ATOS NORMATIVOS: são aqueles que contêm um comando geral, visando à correta aplicação da lei. O objetivo imediato de tais atos é explicitar a norma legal a ser observada pela administração. Exemplos: Decretos, deliberações. - DECRETOS: são atos administrativos, da competência exclusiva dos Chefes do Executivo, destinados a prover situações gerais ou individuais, abstratamente previstas de modo expresso, explícito ou implícito, pela legislação. O decreto pode se enquadrar na categoria dos atos normativos (gerais), mas também pode ter caráter individual, quando for para especificar uma situação determinada, como ocorre com o decreto expropriatório. - INSTRUÇÃO NORMATIVA: são atos administrativos expedidos pelos Ministros de Estado para a execução de leis, decretos e regulamentos, mas são também utilizados por outros órgãos superiores para o mesmo fim. - REGIMENTOS: são atos administrativos normativos de atuação interna. Destinam-se a reger o funcionamento de órgãos colegiados e de corporações legislativas. Não obrigam os particulares em geral, atingindo unicamente as pessoas vinculadas à atividade regimental. - RESOLUÇÕES: são atos administrativos normativos expedidos pelas altas autoridades do Executivo (mas não pelo Chefe do Poder Executivo, que expede decretos) ou pelos presidentes de tribunais, órgãos legislativos e colegiados administrativos, para disciplinar matéria de sua competência específica. Não se deve confundir a resolução editada em sede administrativa com a resolução prevista no art. 59, VII da CF. Esta equivale, sob o aspecto formal, à lei, pois é compreendida no processo de elaboração das leis, previsto no Texto Constitucional. B) ATOS ORDINATÓRIOS: são atos que visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta funcionalde seus agentes. São provimentos, determinações ou esclarecimentos que se endereçam aos servidores públicos, a fim de orientá-los no desempenho de suas funções. Tais atos só atuam no âmbito interno das repartições e só alcançam os servidores hierarquizados à chefia que os expediu. Não obrigam os particulares, nem os funcionários submetidos a outras chefias. Não criam, normalmente, direitos ou obrigações para os administrados, mas geram deveres e prerrogativas para os agentes administrativos a que se dirigem. Assim, não podem disciplinar o comportamento de particulares por constituírem determinações internas. Exemplos: instruções e portarias. - INSTRUÇÕES: são ordens escritas e gerais a respeito do modo e da forma de execução de determinado serviço público, expedidas pelo superior hierárquico, com a finalidade de orientar os subalternos no desempenho das atribuições que lhes estão destinadas e assegurar a unidade de ação no organismo administrativo. As instruções não são utilizadas somente no âmbito interno; por vezes, são utilizadas para decisões de repercussão externa, sobretudo nos órgãos que tratam de assuntos financeiros e econômicos. Às circulares se aplica a mesma regra. - CIRCULARES: são ordens escritas, de caráter uniforme, expedidas a determinados funcionários ou agentes administrativos, incumbidos de certo serviço ou do desempenho de certas atribuições, em circunstâncias especiais. - PORTARIAS: são atos internos pelos quais os chefes de órgãos, repartições ou serviços expedem determinações gerais ou especiais a seus subordinados, ou designam servidores para funções e PROFª. EMILLY ALBUQUERQUE – PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS cargos secundários. Também dão início a sindicâncias e a processos administrativos. - AVISOS: são atos emanados dos Ministros de Estado a respeito de assuntos referentes aos respectivos ministérios. - ORDENS DE SERVIÇO: são determinações especiais dirigidas aos responsáveis por obras ou serviços públicos autorizando seu início, ou contendo imposições de caráter administrativo ou especificações técnicas sobre o modo de sua realização. - OFÍCIOS: são comunicações escritas que as autoridades fazem entre si, entre subalternos e superiores e entre a Administração e particulares, em caráter oficial. - DESPACHOS: são decisões que as autoridades executivas (ou legislativas e judiciárias, em função administrativa) proferem em papéis, requerimentos e processos sujeitos à sua apreciação. Despacho normativo é aquele que, embora proferido em caso individual, a autoridade competente determina que se aplique aos casos idênticos, passando a vigorar como norma interna da Administração para situações análogas subsequentes. C) ATOS NEGOCIAIS: são atos praticados contendo uma declaração de vontade do Poder Público, coincidente com a pretensão particular. Tais atos, embora unilaterais, encerram um conteúdo tipicamente negocial, de interesse recíproco da Administração e do administrado, mas não adentram na esfera contratual. São e continuam sendo atos administrativos (e não contratos administrativos), mas de uma categoria diferenciada dos demais, porque geram direitos e obrigações para as partes e as sujeitam aos pressupostos conceituais do ato, a que o particular se subordina incondicionalmente. Tais atos podem ser: 1) VINCULADOS: quando a lei estabelecer os requisitos para sua formação e se o interessado preencher as condições fixadas na lei, surgirá o direito à pretensão solicitada. 2) DISCRICIONÁRIOS: quando sua expedição ficar a critério da autoridade competente; 3) DEFINITIVOS: quando embasar-se num direito individual do requerente e não couber a revogação com base em critérios de conveniência e oportunidade por parte da Administração. 4) PRECÁRIOS: quando couber revogação por parte da Administração. Os atos negociais são específicos, só ocasionando efeitos jurídicos entre as partes, Administração e Administrado, impondo a ambos a observância das condições de execução, sob pena de cassação do ato. - LICENÇA: é o ato administrativo vinculado e definitivo, por meio do qual o Poder Público, verificando que o interessado atendeu a todas as exigências legais, possibilita o desempenho de determinada atividade, que não poderia ser realizada sem consentimento prévio da Administração, como, por exemplo, o exercício de uma profissão ou o direito de construir. A licença resulta de um direito subjetivo do administrado, razão pela qual a Administração não pode negá-la quando o requerente satisfaz a todos os requisitos legais para sua obtenção. O direito do requerente é anterior à licença, mas o desempenho da atividade somente se legitima se o Poder Público exprimir o seu consentimento favorável ao administrado. Por essa razão, o ato é de natureza declaratória. Quanto à licença para construir, doutrina e jurisprudência a têm considerado como mera faculdade de agir e, por conseguinte, suscetível de revogação enquanto não iniciada a obra licenciada, ressalvando-se ao prejudicado o direito à indenização pelos prejuízos causado. - AUTORIZAÇÃO: é o ato administrativo discricionário e precário pelo qual o Poder Público torna possível ao pretendente a realização de certa atividade ou utilização de determinados bens particulares ou públicos. Na autorização, assim como ocorre com a licença, o particular necessita do consentimento estatal para que possa realizar a atividade pretendida, na medida em que estará praticando conduta ilícita se não possuir anuência prévia da Administração. São exemplos: o uso especial de bem público, como ruas e praças, autorização para estacionamento de veículos particulares em terreno público, autorização para porte de armas. A autorização é ato constitutivo, uma vez que estará estabelecendo uma nova situação jurídica, sendo a licença ato declaratório, na media em que o Estado apenas reconhece um direito do particular de realizar a atividade. - PERMISSÃO: é o ato administrativo discricionário e precário, pelo qual o Poder Público faculta ao particular o uso especial de bens públicos, a título gratuito ou remunerado, visando ao interesse da coletividade ou à prestação de serviços públicos. A permissão e a autorização também podem se confundir, uma vez que os dois atos podem ter por objeto a utilização de bens públicos. Na autorização, a utilização do bem público ocorre para o interesse privado (predominante) do particular, como, por exemplo, a autorização para colocação de mesas de bar na calçada. Por outro lado, na permissão, faculta-se a utilização privativa de bem público com finalidade de interesse público, a exemplo do que se dá com a utilização de praça para feira ou festa de uma igreja que visa à arrecadação de alimentos e verbas para pessoas necessitadas. - APROVAÇÃO: é o ato administrativo pelo qual o Poder Público verifica a legalidade e o mérito de outro ato ou de situações e realizações materiais de seus próprios órgãos, de outras entidades ou de particulares, dependentes de seu controle, e consente na sua execução ou manutenção. Pode ser prévia ou subsequente, discricionária consoante os termos em que é instituída, pois, em certos casos, limita-se à PROFª. EMILLY ALBUQUERQUE – PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS confrontação de requisitos específicos na norma legal e, noutros, estende-se à apreciação de oportunidade e conveniência. - ADMISSÃO: é ato administrativo vinculado, por meio do qual o Poder Público, verificando a satisfação de todos os requisitos legais pelo particular, defere-lhe determinada situação jurídica de seu exclusivo ou predominante interesse, como ocorre no ingresso aos estabelecimentos de ensino mediante concurso de habilitação. - VISTO: é ato administrativo pelo qual o Poder Público controla outro ato da própria administração ou do administrado, aferindosua legitimidade formal, para dar-lhe exequibilidade. Incide sempre sobre um ato anterior e não alcança seu conteúdo. É ato vinculado. - HOMOLOGAÇÃO: é ato administrativo de controle, pelo qual a autoridade superior examina a legalidade e a conveniência, ou somente aspectos de legalidade de ato anterior da própria Administração, de outra entidade ou de particular, para dar-lhe eficácia. Não admite alteração no ato controlado pela autoridade homologante, que apenas pode confirmá-lo ou rejeitá- lo, para que a irregularidade seja corrigida por quem a praticou. - DISPENSA: é o ato administrativo que exime o particular do cumprimento de determinada obrigação até então exigida por lei, como, por exemplo, a dispensa do serviço militar. É ato discricionário. - RENÚNCIA: é ato pelo qual o Poder Público extingue unilateralmente um crédito ou um direito próprio, liberando, definitivamente, a pessoa obrigada perante a Administração. A renúncia não admite condição e é irreversível, uma vez consumada. Tratando-se de renúncia por parte da Administração, há dependência, sempre, de lei autorizadora. - PROTOCOLO ADMINISTRATIVO: é o ato pelo qual o Poder Público acerta com o particular a realização de determinado empreendimento ou atividade ou a abstenção de certa conduta, no interesse recíproco da Administração e do administrado signatário do instrumento protocolar. Esse ato é vinculante para todos que o subscrevem, pois gera alterações e direitos entre as partes. D) ATOS ENUNCIATIVOS: são todos aqueles em que a Administração se limita a certificar ou a atestar fato, ou emitir uma opinião sobre determinado assunto, sem se vincular ao seu enunciado. Também chamados atos de pronúncia, certificam ou atestam uma situação existente, não contendo manifestação de vontade da Administração Pública. - CERTIDÕES: são cópias ou fotocópias fiéis e autenticadas de atos ou fatos constantes de processo, livro ou documento que se encontre em repartições públicas. Podem ser de inteiro teor, ou resumidas, desde que expressem fielmente o que se contém no original de onde foram extraídas. Em tais atos o Poder Público não manifesta sua vontade, limitando-se a trasladar para o documento a ser fornecido ao interessado o que consta de seus arquivos. - ATESTADOS: são atos pelos quais a Administração comprova um fato ou uma situação de que tenha conhecimento por seus órgãos competentes. Difere da certidão porque o atestado comprova um fato ou uma situação existente, mas não constante de livros, papéis ou documentos em poder da Administração. - PARECERES: são manifestações de órgãos técnicos sobre assuntos submetidos à sua consideração. Tem caráter meramente opinativo, salvo quando tiver caráter vinculante. - APOSTILAS: são atos enunciativos ou declaratórios de uma situação anterior criada por lei. Equivale à averbação. E) ATOS PUNITIVOS: constituem uma sanção imposta pela administração em relação àquele que infringe as disposições legais, sejam servidores ou particulares. Visam a punir e reprimir as infrações administrativas ou a conduta irregular de seus servidores ou dos particulares, perante a administração. Ex: multa, interdição, demolição e etc. QUESTÕES 01. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 21ª Região/2008) - Na matéria sobre os elementos do ato administrativo, pode-se dizer que (A) as competências são derrogáveis e não podem ser objeto de avocação. (B) basta apenas sua capacidade, seja o sujeito agente político ou pessoa pública. (C)) a competência decorre sempre da lei, mas no âmbito federal pode ser definida por decreto. (D) o objeto será sempre lícito e moral, mas cabível ou não, certo ou incerto. (E) a finalidade é o efeito jurídico imediato que o ato produz, o objeto é o efeito mediato. 02. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 21ª Região/2008) - Considere os seguintes atos administrativos: I. O Secretário de Estado aprova o procedimento licitatório. II. O Senado Federal decide a respeito da destituição do Procurador Geral da República. III. A Administração Municipal faculta a proprietário de terreno a construção de edifício. Esses atos referem-se, respectivamente, à (A) aprovação, homologação e concessão. (B)) homologação, aprovação e licença. (C) admissão, dispensa e permissão. (D) dispensa, homologação e autorização. (E) licença, dispensa e aprovação. 03. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 21ª Região/2008) - No que tange à anulação e à revogação dos atos administrativos, considere o que segue: I. A incompetência relativa do agente ou a incapacidade relativa do contratante são causas de anulação. II. O recurso ex officio interposto pela autoridade que houver praticado o ato pode resultar na revogação. III. Os vícios resultantes de erro, dolo, simulação ou fraude são causas de revogação. IV. O pedido de reconsideração feito pela parte pode resultar na revogação. V. O recurso voluntário, interposto pela parte a quem tiver prejudicado o ato, e a avocação, são causas de anulação. PROFª. EMILLY ALBUQUERQUE – PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS Está correto APENAS o que se afirma em (A)) I, II e IV. (B) I, II e V. (C) I, III e V. (D) II, III e IV. (E) III, IV e V. 04. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 24ª Região/2008) - O motivo, um dos requisitos do ato administrativo, pode ser conceituado como o (A) fim público último ao qual se subordina o ato da Administração, que é nulo na sua ausência. (B) objeto do ato, que deve coincidir sempre com a vontade da lei. (C) conteúdo intransferível e improrrogável que torna possível a ação do Administrador. (D)) pressuposto de fato e de direito em virtude do qual a Administração age. (E) revestimento imprescindível ao ato, visto que deixa visível sua finalidade para ser aferida pelos administrados. 05. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 24ª Região/2009) - O Prefeito Totonho Filho, cumprindo todas as formalidades, desapropriou um imóvel para construir uma escola no local. Esse ato administrativo pode ser classificado como ato (A) de expediente. (B) vinculado. (C) de gestão. (D) complexo. (E)) de império. 06. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 24ª Região/2009) - Uma resolução é um ato administrativo que pode ser classificado como (A) permissivo, podendo ser interno ou externo, quanto aos efeitos. (B) ordinatório e seus efeitos são internos à Administração. (C)) normativo, podendo ser interno ou externo, quanto aos efeitos. (D) enunciativo, podendo ser vinculado ou não, conforme a extensão de sua eficácia. (E) punitivo e seus efeitos podem ser a interdição de atividade ou a imposição de multa. 07. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRF 1ª Região) - No que tange a invalidação do ato administrativo é certo que (A)) à Administração cabe revogar ou anular o ato, e ao Judiciário somente anulá-lo. (B) ao Judiciário cabe revogar ou anular o ato, e à Administração somente anulá-lo. (C) cabe tanto à Administração como ao Judiciário revogar ou anular o ato. (D) à Administração cabe somente a revogação do ato, enquanto que ao Judiciário apenas sua anulação. (E) ao Judiciário cabe somente a revogação do ato, enquanto à Administração apenas sua anulação. 08. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 20ª Região/2007) - No Direito brasileiro, a anulação, pelo Poder Judiciário, de um ato administrativo discricionário praticado pelo Poder Executivo, (A) apenas é possível com a concordância da Administração. (B)) é possível, independentemente de quem a provoque ou da concordância da Administração. (C) não é possível. (D) apenas é possível por provocação da Administração. (E) apenas é possível por provocação do destinatário do ato. 09. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT
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