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Terapias Alternativas em Estética e Cosmética Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Nathália Ruder Borçari Revisão Textual: Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos Introdução às Terapias Complementares e Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa • Introdução; • O Início da Medicina Tradicional Chinesa – A Teoria do YIN YANG; • A Teoria dos Cinco Movimentos; • As Substâncias Vitais; • Os Fatores Patogênicos; • Órgãos e Vísceras e seus Respectivos Meridianos na Medicina Tradicional Chinesa; • A MTC e a Estética. • Introduzir o conceito de terapias complementares e os princípios fundamentais da Medi- cina Tradicional Chinesa; • Proporcionar conhecimento apropriado da Medicina Tradicional Chinesa, principalmente na perspectiva da estética. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Introdução às Terapias Complementares e Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Introdução às Terapias Complementares e Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa Introdução Atualmente, o universo do bem-estar, saúde e beleza vem mobilizando muitas pessoas a procurarem os profissionais, como os esteticistas, em busca de uma pele mais sadia, jovem e revigorada. Neste contexto, as terapias complementares têm sido muito acionadas como recursos complementares ao tratamento convencional. Sendo assim, é necessário compreender o que o próprio nome terapias com- plementares significa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), elas cor- respondem a um amplo conjunto de práticas de saúde que não fazem parte da tra- dição do país e não estão integradas no sistema de cuidado de saúde (OMS, 2005). Porém, em 2006, seguindo as orientações da OMS, o Ministério da Saúde (MS) aprovou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) e, atualmente, oferece 29 terapias complementares (MS, 2006) no Sistema Único de Saúde (SUS): a medicina tradicional chinesa (MTC)/ acupuntura, homeopatia, fito- terapia, antroposofia, termalismo, arteterapia, medicina ayurverda, biodança, dança circular, meditação, musicoterapia, naturopatia, osteopatia, quiropraxia, reflexotera- pia, reiki, shantala, terapia comunitária integrativa, yoga, apiterapia, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia (argiloterapia), hipno- terapia, imposição da mãos, ozonioterapia e terapia de florais (MS, 2018). Importante! Em 1980 o Brasil reconheceu as práticas complementares, mas somente em 2006 elas foram aprovadas e implementadas no SUS, e em 2018 foram incluídas 10 novas terapias (apiterapia, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia (argiloterapia), hipnoterapia, imposição da mãos, ozonioterapia e terapia de florais) das 29 empregadas atualmente. Você Sabia? A implementação dessas terapias, inicialmente, teve como maior objetivo a pro- moção da saúde e a prevenção de doenças, mas vem atingindo maiores proporções, tendo o seu emprego ampliado para outras áreas, como a estética e cosmética. É neste contexto que nasce a disciplina de Terapias Complementares na Estética e Cosmética, estimulando a aprendizagem de novas abordagens do cuidado dentro do universo da beleza. Uma das terapias mais utilizadas diz respeito à Medicina Tradicional Chinesa (MTC), um sistema médico integral, originado há milhares de anos na China. Esta medicina compreende um conjunto de terapias que abordam o estado energético do indivíduo a partir de fundamentos bem particulares. 8 9 As principais terapias que compõem a MTC são acupuntura, moxabustão, au- riculoterapia, ventosaterapia, guasha, fitoterapia, dietoterapia e práticas corporais, como Tai Chi Chuan, Qi Gong e Lian Gong - algumas delas serão abordadas du- rante esta disciplina. Para compreender melhor esta medicina, eu e você vamos embarcar em uma viagem de volta ao passado, milhares e milhares de anos atrás, mais precisamente na China. O Início da Medicina Tradicional Chinesa – A Teoria do YIN YANG Milhares de anos atrás, os chineses, a partir da contemplação dos fenômenos da natureza, fizeram diversas observações que orientam a prática da medicina tra- dicional chinesa. YIN YANG Figura 1 Fonte: SIONNEAU, 2014 Ao observar os efeitos dos raios solares sob uma montanha, os chineses per- ceberam que de um lado havia a claridade, mas do outro a sombra (Figura 1). A ideia de um lado luminoso e outro sombrio gerou a Teoria do Yin Yang, como duas forças opostas que constituem todos os fenômenos da natureza (SIONNEAU, 2014). Dessa maneira, o Yin e o Yang se caracterizam como duas forças, duas polari- dades opostas que se complementam, são os constituintes fundamentais de todas as coisas e fenômenos do nosso universo. É na oposição dessas duas forças em união que está a origem do movimento, do nascimento, desenvolvimento e morte de todos os seres humanos e fenômenos da natureza (SIONNEAU, 2014). 9 UNIDADE Introdução às Terapias Complementares e Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa Um símbolo muito conhecido e que represen- ta a interação entre o Yin e o Yang é o Diagra- ma de Tái Jí (Figura 2). A partir do diagrama, é possível fazer algumas considerações sobre o Yin e o Yang: • a interação das duas forças gera os movi- mentos e transformações do universo; • o Yin e o Yang estão em movimento permanente; • eles são inseparáveis, interdependentes e in- divisíveis, ou seja, não existe Yin sem Yang; Figura 2 – Diagrama de Tái Jí Fonte: Pixabay • o máximo da força Yin se transforma em Yang, enquanto que o máximo da for- ça Yang se transforma em Yin. Tal fenômeno é conhecido como transmutação; • o Yin está associado à terra, à escuridão, à lua, ao frio, à água, à umidade, à calma, ao feminino; • o Yang está associado ao céu, à luz, ao sol, ao calor, ao fogo, à secura, à agi- tação, ao masculino (SIONNEAU, 2014). Já entendemos que, na MTC, o equilíbrio entre o Yin e o Yang é sinônimo de boa saúde, portanto uma desarmonia entre essas duas forças pode causar dese- quilíbrios por plenitude, ou seja, excesso do Yin ou do Yang. Por outro lado, essa desarmonia também pode causar desequilíbrios por deficiência, isto é, falta do Yin ou do Yang (SIONNEAU, 2014).Dessa maneira, muitos dos tratamentos na MTC se relacionam a tratar a plenitude ou a deficiência dessas duas forças. A partir da Teoria do Yin Yang, uma das teorias que orientam a medicina tradicional chinesa, e considerando que são duas forças opostas, os chineses puderam caracterizar os fenômenos da natureza. Tabela 1 Yin Yang Terra Céu Interior Exterior Noite Dia Água Fogo Pesado Leve Baixo Alto Repouso Movimento Amargo Doce Fraco Forte Ex pl or Fonte: Auteroche e Navailh, 1992; Sionneau, 2014 10 11 A Teoria dos Cinco Movimentos A segunda teoria, mas não menos importante, é chamada de Teoria dos 5 mo- vimentos, a qual considera que o universo é formado pelo movimento e a trans- formação dos 5 elementos representados por: fogo, terra, metal, água e madeira (AUTEROCHE e NAVAILH, 1992). A medicina chinesa classifica os fenômenos conforme a natureza, função e forma deles, e os liga a um dos cinco elementos (AUTEROCHE e NAVAILH, 1992), ou seja, cinco qualidades universais que caracterizam objetos e fenômenos. Resumidamente, são cinco etapas do ciclo de desenvolvimento do Yin e Yang (SIONNEAU, 2014). Os chineses, há milhares de anos, observaram que as cinzas da queima do fogo enriquecem a terra; a terra fornece os minerais, os metais e as rochas; é na profun- didade dos metais e das rochas que estão as nascentes dos rios, fornecendo a água; a água nutre os vegetais e o solo, gerando as madeiras das árvores; a madeira, por sua vez, é o combustível para a queima do fogo (SIONNEAU, 2014). FOGO TERRA METALÁGUA MADEIRA Figura 3 – Os cinco movimentos Fonte: Adaptado Wikimedia Commons Este movimento entre os elementos é conhecido como Ciclo de Geração, uma vez que um elemento gera o elemento seguinte; portanto, o fogo gera a terra, que gera o metal, que gera a água, que gera a madeira, que gera o fogo. Quando este ci- clo está funcionando, o nosso organismo está em perfeita harmonia, porém quan- do há alguma modificação desse ciclo, as doenças aparecem (SIONNEAU, 2014). A partir da teoria dos cinco movimentos, foi estabelecida a relação dos diversos fenômenos, objetos e ações na natureza, bem como a constituição do corpo huma- no (órgãos e vísceras e o estado fisiológico ou patológico do organismo). 11 UNIDADE Introdução às Terapias Complementares e Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa Tabela 2 – Os cinco movimentos e suas relações Fogo Terra Metal Água Madeira Órgãos Coração Baço Pulmão Rim Fígado Vísceras Intestino delgado Estômago Intestino Grosso Bexiga Vesícula Biliar Tecido/ Estrutura Vasos Sanguíneos Músculos Pele/ Pelos Ossos/ Cabelo Tendões/ Ligamentos Sentidos Língua/ Fala Boca/ Paladar Nariz/ Olfato Orelha/Audição Olhos/ Visão Emoções Alegria Pensamento Tristeza Medo Raiva Clima Calor Umidade Secura Frio Vento Sabores Amargo Doce Picante Salgado Rançoso Cores Vermelho Amarelo Branco Preto Verde Fonte: AUTEROCHE e NAVAILH, 1992; SIONNEAU, 2014 Importante! Agora que você foi apresentado(a) aos cinco movimentos e às suas características, va- mos pensar no que é possível fazer com tanta informação importante? Imaginemos que uma pessoa manifesta problemas de pele, nariz ressecado e pensamentos tristes, em qual elemento ela se encaixaria? Isso mesmo, se você pensou no elemento METAL. Na presença dessas características, o órgão pulmão e a víscera intestino grosso po- dem estar em desarmonia e um possível tratamento desses órgãos será necessário. Agora você, de qual elemento se aproxima mais? Faça este teste! Trocando ideias... As Substâncias Vitais Um aspecto fundamental na MTC são as substâncias vitais, que nada mais são do que os materiais básicos do organismo. São eles a essência (Jing), a energia (Qi), o sangue (Xue), os líquidos corporais (Jin Ye) e a mente (Shen), que veremos a seguir (AUTEROCHE e NAVAILH, 1992; MACIOCIA, 1996; SIONNEAU, 2014). A primeira substância que será abordada é a essência, também conhecida como Jing, um componente comum de todos os seres vivos e que, nos seres humanos, está armazenada no rim. Ela pode ser classificada em dois tipos: a essência inata, ou celestial, e a essência adquirida (SIONNEAU, 2014). A essência inata é aquela que vem dos nossos pais, transmitida no momento da concepção, portanto ela é limitada em quantidade e não é renovável, é a nossa reserva mais preciosa, uma vez que de sua qualidade e quantidade depende nossa saúde, vitalidade e longevidade (SIONNEAU, 2014). Se a relacionarmos com a medicina ocidental, ela se compara às características genéticas doadas pelo nosso pai e pela nossa mãe, que podem ir sofrendo mutações dependendo dos nossos hábitos e qualidade de vida. 12 São materiais básicos do organismo 13 Já a essência adquirida, o próprio nome já diz, refere-se ao que é adquirido ao longo da vida, responsável por manter as atividades fisiológicas. Então tá, se ela é adquirida, como fazemos para obtê-la? É simples, essa essência é mantida através da essência que vem dos alimentos e do ar, que, a partir de algumas transforma- ções, formam a nossa essência adquirida (SIONNEAU, 2014). Levando tudo isso em consideração, é de extrema importância ter uma alimenta- ção adequada, pois alimentos pobres em nutrientes e industrializados não possuem quase nada de essência, além de prezar pela qualidade do ar que respiramos, já que o ar impuro também não nos confere essência adequada. Uma vez que não obti- vermos essência adquirida, a partir da boa alimentação e do ar puro, gastaremos a nossa essência inata, lembrando que ela é limitada e não renovável, o que poderá levar a problemas de saúde e afetar a vitalidade e longevidade com o passar do tempo. A segunda substância vital na MTC é a energia, conhecida como Qi, que tem como principais pro- priedades o movimento e a transformação, permi- tindo que o mundo esteja em mudança constante (SIONNEAU, 2014). A energia é a raiz do ser hu- mano, que representa um estado constante de flu- xo e que pode assumir diversos lugares e funções (MACIOCIA, 1996). A energia localizada dentro do organismo humano é conhecida como Qi nutritivo, ou Ying Qi, que tem como objetivo nutrir o nosso organismo, nossos órgãos e vís- ceras. Já o Qi defensivo, ou Wei Qi, se localiza no exterior, na nossa pele, e tem como propriedade proteger o nosso organismo dos fatores patogênicos (MACIOCIA, 1996). A terceira substância vital na MTC é o Jin Ye ou líquidos corporais, que provêm da transfor- mação dos alimentos que ingerimos e dizem res- peito a todas as substâncias fisiológicas líquidas presentes no nosso organismo, como os sucos digestivos, as lágrimas, a saliva, a urina, o suor (SIONNEAU, 2014). Os líquidos corporais têm como função umi- dificar e nutrir os órgãos, os vasos, a pele e as articulações, ser parte constituinte do sangue, enriquecer a nossa essência (Jing) e manter o equilíbrio do Yin e do Yang (MACIOCIA, 1996; SIONNEAU, 2014). Figura 4 – Ideograma Jing Fonte: Wikimedia Commons Figura 5 – Ideograma Qi Fonte: Wikimedia Commons 13 essencia adquirida é adquirido ao longo da vida, responsável por manter as atividades fisiológicas. vem dos alimentos e do ar. se nao tivermos uma alimentacao boa e ar puro, gastaremos nossa essencia inata , que podera levar a problemas de saude e afetar a vitalidade e longevidade com o passar do tempo UNIDADE Introdução às Terapias Complementares e Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa Figura 6 – Ideograma Jin Ye Fonte: Wikimedia Commons A quarta substância abordada é o sangue, ou Xue, que circula através dos vasos sanguíneos por todo o organismo para nutrir os órgãos, vísceras, a pele, os membros e as articulações, além de equili- brar o Yin e o Yang. Ele é originário da transforma- ção da essência dos alimentos (MACIOCIA, 1996; SIONNEAU, 2014). O sangue é governado pelo coração, armazena- do pelo fígado e controlado pelo baço (MACIOCIA, 1996); portanto, síndromes (doenças) relacionadas com o sangue podem estar relacionadas com esses órgãos, tornando-ospossíveis alvos de tratamento na MTC. A última substância vital da MTC abordada é a mente, ou Shen, que se estrutura no momento em que a essência do pai se une à essência da mãe. Na MTC, se a mente não se fixa ao embrião, um aborto espontâneo acontece, uma vez que está na origem da vida (SIONNEAU, 2014). Essa relação entre a essência e a mente nos mos- tra como é importante preservar e cuidar da essên- cia para que ela possa nutrir a mente. É a mente que anima a vida psíquica e física do indivíduo (SIONNEAU, 2014). Na MTC, os distúrbios psíquicos conhecidos na medicina ocidental, como, por exemplo, depressão e ansiedade, estão relacionados com alterações na mente e, portanto, serão um dos alvos de tratamento. Os Fatores Patogênicos Um dos aspectos mais importantes na MTC é saber identificar o que está cau- sando a desarmonia no indivíduo e isso pode ser detectado de algumas maneiras. Segundo Maciocia (1996), a causa da desarmonia pode ser observada a partir do Figura 7 – Ideograma Xue Fonte: SIONNEEAU, 2014 Figura 8 – Ideograma Shen Fonte: Wikimedia Commons 14 15 conhecimento a respeito dos hábitos alimentares, estilo de vida, prática de exercí- cios, bem como do histórico familiar, da infância e da vida adulta. Somente identificando o fator causador da desarmonia é que o tratamento den- tro da MTC terá sucesso e as melhores orientações ao paciente farão sentido. Por- tanto, para iniciarmos o diagnóstico, é fundamental saber se o fator causador, que vamos chamar de fator patogênico, é de causa interna, externa ou nem interna e nem externa (SIONNEAU, 2014). Os fatores patológicos de causa interna são as nossas sete emoções: raiva, alegria, tristeza, preocupação, mágoa, medo e terror. Alguma das emoções apresenta um efeito particular sobre o Qi, afetando um determinado sistema (MACIOCIA, 1996). Tabela 3 – As sete emoções e suas relações Emoção Órgão ou víscera relacionado Raiva Fígado Alegria Coração Tristeza Pulmão Preocupação Baço Mágoa Pulmão Medo Rim Choque Rim e Coração Fonte: MACIOCIA, 1996, p. 165 A MTC é muito procurada para tratar os problemas emocionais. Sendo assim, um dos recursos mais utilizados é o tratamento do órgão correspondente ao senti- mento afetado no paciente. Já os fatores patogênicos externos estão relacionados àqueles que, embora te- nham vindo do meio externo, entram no nosso corpo através dos nossos orifícios, como nariz e boca, além dos nossos poros da pele e pelos (MACIOCIA, 1996). Como futuros esteticistas, o emprego de terapias da MTC, desde que habilitados para isso, em conjunto aos conhecimentos específicos da área, como os tratamen- tos e limpezas de pele, pode impossibilitar a invasão desses fatores patogênicos externos, diminuindo as chances de acometimento de alguma doença. E quais são os fatores patogênicos externos? São o vento, o frio, o calor, a umidade, a secura e o fogo. As mudanças climáticas na MTC têm papel fundamental no surgimento das síndromes, uma vez que penetram e afetam o Zang (órgão), Fu (vísceras), o Qi (energia), o Xue (sangue) e o Jing Ye (líquidos corporais) (MACIOCIA, 1996; SIONNEAU, 2014). Além das causas internas e externas, na MTC há também os fatores patogênicos advindos de causas nem internas e nem externas, como a alimentação inadequa- da, excesso de trabalho e de exercícios físicos, traumas, parasitas, entre outros (MACIOCIA, 1996). 15 para identificar o que esta causando uma desarmo no paciente, temos que observar os hábitos alimentares, estilo de vida, pratica de exercícios físicos, histórico familiar, da infância e da vida adulta causa interna UNIDADE Introdução às Terapias Complementares e Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa Órgãos e Vísceras e seus Respectivos Meridianos na Medicina Tradicional Chinesa Na teoria dos 5 movimentos, você viu que para cada elemento há um órgão e víscera correspondente. Os problemas de saúde ou alterações no corpo humano se dão pelo excesso ou pela deficiência de energia (Qi), sangue (xue), Yin ou Yang em alguma dessas estruturas e, portanto, o tratamento se baseia na harmonia energé- tica dos seus canais correspondentes. Segundo Auteroche e Navailh (1992), para cada órgão, como o coração, baço, pulmão, rim, fígado e pericárdio (que não tem um elemento correspondente) e para cada víscera, como o intestino delgado, estômago, intestino grosso, bexiga, vesícu- la biliar e o triplo aquecedor (que também não tem um elemento correspondente), temos um canal/meridiano por onde a nossa energia (Qi) passa. Representação dos Meridianos (canais de energia) da MTC: https://goo.gl/9R4p1y Ex pl or Essas alterações na saúde são chamadas de Síndromes na MTC e os seus diag- nósticos diferem da nossa medicina ocidental, são muito complexos por necessita- rem não somente de anamnese e exame físico, mas também incluírem característi- cas da língua e pulso do paciente (AUTEROCHE e NAVAILH, 1992; MACIOCIA, 1996; SIONNEAU, 2014). Para cada síndrome, um conjunto diferente de pontos é escolhido com base em suas características. Veremos a seguir aquelas relacionadas com problemas e/ou tratamentos estéticos. A MTC e a Estética São muitos os motivos pelos quais as pessoas, principalmente as mulheres, pro- curam os serviços estéticos e, em meio a tantas novidades e tecnologias, as terapias complementares vêm se destacando pela sua capacidade não intervencionista, pela sensação de bem-estar e relaxamento, bem como pela eficiência devido aos ótimos resultados no que diz respeito à saúde, rejuvenescimento e recuperação da pele. Nós vimos neste capítulo que as síndromes na MTC estão relacionadas com 6 ór- gãos e 6 vísceras e que, para o tratamento das síndromes, devemos tratar os canais correspondentes a cada estrutura, além de outros meridianos, que embora não se relacionem diretamente com os órgãos e vísceras, desempenham diversas funções. 16 as alteracoes na saude sao chamadas de síndromes na MTC. para cada sindrome, um conjunto diferente de pontos é escolhido. 17 As diversas técnicas da MTC, como acupuntura, auriculoterapia, moxabustão, ventosaterapia e guasha, possibilitam o tratamento de muitas das síndromes na MTC que se relacionam com condições que incomodam as mulheres: apetite, mar- cas de expressão, cicatrizes, celulite (HLDG) e estrias, acne, calvície, gordura loca- lizada, retenção de líquidos e flacidez. No próximo módulo, veremos quais são os tratamentos mais convencionais na MTC na perspectiva da estética. Vamos continuar esta viagem juntos? O próximo carimbo no seu passaporte será para a terra “Acupuntura e Auricu- loterapia”. Aperte os cintos e boa viagem! E antes que me esqueça, que tal assistir a um vídeo enquanto sobrevoamos o território chi- nês até a nossa próxima parada? Acesse o link abaixo e veja mais a respeito de algumas técnicas da MTC: https://youtu.be/okFdXo2w9s4 Ex pl or 17 UNIDADE Introdução às Terapias Complementares e Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Palestra da Drª Sofia Santos. Estética com a Medicina Chinesa Vídeo. APPA MTC. 9º Congresso de Medicina Chinesa. https://youtu.be/I4gFBHEkFdo Leitura Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. https://goo.gl/oemP0U Medicina Oriental: Conheça Benefícios da Acupuntura para a Pele Matéria. EM TEMPO. Matéria publicada em 12 de agosto de 2018. https://goo.gl/rpppfk 18 19 Referências AUTEROCHE, B; Navailh, P. O diagnóstico na Medicina Chinesa. São Paulo: Organização Andrei Editora Ltda, 1992. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de implantação de serviços de práticas integrativas e complementares no SUS. Departamento de Atenção Básica. Bra- sília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível: <http://189.28.128.100/dab/docs/ portaldab/publicacoes/manual_implantacao_servicos_pics.pdf>. Acesso em: 08 nov. 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. PolíticaNacional de Práticas Integrativas e Comple- mentares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. Portaria nº 971, de 03 de maio de 2006. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/ prt0971_03_05_2006.html>. Acesso em: 08 nov. 2018. MACIOCIA, G. Os fundamentos da Medicina Chinesa: um texto abrangente para acupunturistas e fitoterapeutas. São Paulo: Roca, 1996. SIONNEAU, Philippe. A essência da Medicina Chinesa: retorno às origens. Livro 1. São Paulo: EBMC, 2014. WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO Centre for Health Development. WHO Global Atlas of Traditional, Complementary and Alternative Medicine. 2 v. 2005. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id =VO8K9h9GvaoC&oi=fnd&pg=PR7&dq=who+definition+of+complementary+an d+alternative+medicine&ots=C6f7pS9JZK&sig=BNWqKIvMlkrmgZGrdm15eV-fK 9k#v=onepage&q=complementary&f=false>. Acesso em: 08 nov. 2018. 19
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