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Matérias-primas na indústria de alimentos Prof. Ítalo Abreu Lima, D.Sc. Barreiras – BA 2016 Matéria-prima alimentar toda substância de origem vegetal ou animal, em estado bruto, que, para ser utilizada como alimento, precise sofrer tratamento e/ou transformação de natureza física, química ou biológica. (BRASIL, 1969) As matérias-primas utilizadas na produção de alimentos podem ser classificadas quanto à origem como: • Animal • Vegetal • Mineral • Sintética Maior fonte da indústria de alimentos Menor aplicação industrial Importante função Ex: água e sal marinho Ex: aditivos ou coadjuvantes de tecnologia As matérias-primas de origem vegetal podem ser extraídas ou cultivadas e classificadas como grãos alimentícios, frutas, hortaliças, plantas aromáticas e especiarias, entre outras. Matérias-primas de origem vegetal • Grãos alimentícios Os grãos podem ser definidos como os frutos das gramíneas (cariopses de cereais) e as sementes de leguminosas armazenados secos e utilizados na alimentação humana e/ou animal. Os grãos podem ser divididos em dois grandes grupos: • Cereais (Arroz, Trigo, Milho, Aveia, Centeio, Cevada, Sorgo) • Leguminosas (Feijão, Soja, Amendoim, Tremoço, Lentilha) • Frutas Na definição botânica, fruto é o produto do desenvolvimento das flores de angiospermas. Para a tecnologia de alimentos, no entanto, a definição que se aplica é a comercial. Do ponto de vista comercial, a fruta pode derivar de várias estruturas de uma planta. As frutas podem ser classificadas, segundo a região de origem, como de clima temperado, subtropical e tropical. Frutas de clima subtropical • Abacate • Azeitona • Kiwi • Laranja • Lima • Limão • Mandarina • Tangerina Frutas de clima tropical • Abacaxi • Banana • Caju • Carambola • Mamão • Manga • Maracujá • Hortaliças As hortaliças podem ser derivadas de uma grande variedade de estruturas de plantas e não representam um grupo botânico específico. As hortaliças podem ser divididas em três grupos principais. Grupo 3 • Flores (couve-flor) • Caules (palmito) • Folhas (alface, repolho) Grupo 1 • Sementes (feijão-verde) • Vagens (ervilha-torta) Grupo 2 • Bulbos (cebola, alho) • Raízes tuberosas (rabanete, batata-doce, mandioca, cenoura, beterraba, nabo) • Tubérculos (inhame, batata) • Plantas aromáticas e especiarias Neste grupo, estão incluídos os vegetais utilizados principalmente como aromatizantes e condimentos dos alimentos preparados, como, por exemplo, açafrão, cúrcuma, louro, mostarda, baunilha, canela, cravo, gengibre, entre outros. Matérias-primas de origem animal A carne pode ser definida como tecidos animais adequados para utilização como alimento. As espécies mais consumidas de carne provêm de bovinos, ovinos, suínos, caprinos e aves. Desses animais, são utilizados ainda miúdos, gorduras, óleos e sangue. • Carnes O leite pode ser definido como o produto integral, não alterado nem adulterado e sem colostro, procedente da ordenha higiênica de fêmeas domésticas saudáveis e bem alimentadas. • Leite A maior parte do leite produzido provém de vacas, mas também podem ser usadas ovelhas, cabras e búfalas. Os pescados compreendem os peixes, crustáceos, moluscos, alguns mamíferos e anfíbios. • Pescados Os ovos são matérias-primas que consistem em estruturas reprodutivas, não fecundadas, das fêmeas de aves e répteis. Segundo a legislação brasileira, considera-se simplesmente ovo aquele ovo de galinha em casca, sendo os demais tipos acompanhados da indicação da espécie de que procedem (p.ex., ovo de codorna). • Ovos (BRASIL, 1990). Entende-se por mel o produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas, a partir do néctar das flores (mel floral), ou de exsudados das plantas ou de excreções de insetos sugadores de partes vivas de plantas (melato), que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas próprias, armazenam e deixam madurar nos favos da colmeia. O mel é composto principalmente por açúcares (frutose, glicose, sacarose), contendo também pequenas quantidades de proteínas, sais minerais, ácidos orgânicos e substâncias aromáticas. • Mel O valor da indústria de alimentos está na sua função de, através dos processos físicos, químicos e biológicos, transformar matérias- primas em produtos que supram as necessidades humanas e de longa vida de prateleira. Industrialização de Alimentos Mudanças de padrões de consumo: •Comida “por quilo” •Segurança alimentar •Faixa etária •Preocupação ambiental Vantagens da Industrialização de alimentos: •Vida útil •Melhoria da qualidade organolética (sensorial) •Obtenção de sabores especiais •Produtos especializados (light e diet) •Expansão do mercado fora de época •Embalagens •Utilização dos subprodutos TIPOS DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS • Açúcares e similares: Sacarose (açúcar comum), frutose, glicose, xaropes, dextrinas, mel, melado, etc. • Bebidas : Alcoólicas (cerveja, vinho, uísque, cachaça, etc.) e não alcoólicas (águas, refrigerantes, sucos, chá, café, etc.) • Carnes e derivados: Carne bovina, suína, ovina, aves, embutidos, etc. • Cereais e derivados: Farinhas, massas, pães, bolos, cereais matinais, etc. • Congelados: Diversos produtos congelados não enquadrados nas demais categorias. • Frutas e derivados: Frutas em conserva, desidratadas, polpas congeladas, doces de fruta, geleias, etc. • Hortaliças e derivados: Hortaliças em conserva, congeladas, desidratadas, picles, etc. • Laticínios: Leites, iogurtes, queijos, etc. • Molhos e condimentos: Especiarias, molhos para salada, vinagre, mostardas, maioneses, etc. • Óleos e gorduras: Óleos vegetais, azeites, margarinas, etc. • Ovos e derivados: Ovo integral, pasteurizado, em pó, etc. • Pescados e outros produtos marinhos: Pescados, frutos do mar, algas, etc. • Produtos de confeitaria: Balas, bombons, chocolate, etc. • Sopas e caldos: Caldos, sopas desidratadas, concentradas, em lata. • Outros Ingredientes especiais: (amidos, pectina, aditivos diversos), sal, alimentos para bebês, demais categorias. FASES DE PROCESSAMENTO DOS PRODUTOS ALIMENTÍCIOS Principais fases de processamento dos produtos alimentícios 1. Fase de beneficiamento 2. Fase de elaboração 3. Fase de preservação e de conservação 4. Fase de armazenamento Principais fases Beneficiamento Elaboração conservação Armazenamento Colheita Transporte Limpeza classificação Seleção Descascamento Corte Moagem trituração Separação Extração Mistura Métodos físicos Métodos químicos Irradiação Ambiente Refrigerado congelado Atmosfera modificada 1. Fase de Beneficiamento Consiste na etapa de limpeza, separação de partes não comestíveis, higienização etc. Dependendo do fim a que se destina a matéria- prima. Nesta fase não há transformação da matéria- prima. 1. Fase de Beneficiamento Colheita Vegetais • I. maturidade •Tamanho •integridade Abate animais •Peso •Contaminantes ( leite) Limpeza • Remoção física de resíduos Armazenamento • Excedente • Granel/lotes • T/UR Classificação • Subdivisão por tamanho/ • granulometria • consumo fresco 1. Fase de Beneficiamento Seleção Qualidade organoléptica/química ou microbiológica • Cor/IM/defeitos • Contaminantes microbianos Destino: fresco ou manufatura 2. Fase de Elaboração É a fase de processamento propriamente dita, onde ocorre a transformação da matéria-prima. Nesta etapa acontece a aplicação das operações de natureza física, química e biológica que caracterizam as transformações dos produtos. 2. Fase de Elaboração: Descascamento e corte: Descascamento • Manual • Mecânico • Químico • térmico Redução de tamanho –corte • Cubetadoras • fatiadeiras Preparo de abóbora MP -Manual Torneadora múltipla, para processar minicenouras, batata e beterraba Equipamentos de descascar legumes Cubetadeira Principais processos tecnológicos utilizados na fase de elaboração: • Físicas: moagem, trituração,prensagem, calor e frio. • Químicas: extração, acidificação, aditivos e salga. • Físico-químico: refinação, emulsificação, caramelização e cristalização. •Biológicos: fermentação e maturação. Elaboração: Moagem Aumento da superfície de contato Facilitar extração, secagem, o branqueamento, a homogeneização • Moagem do trigo • Moagem da mostarda • Moagem do tomate Equipamentos de moagem: Moinho de martelo Moinho de pedras Elaboração : separação Tamisação: separação de sólidos por diferentes tamanhos Centrifugação: separação de líquidos de diferentes densidades. Ex: gordura do leite Filtração: separação de solido-liquido. Ex: borra de café Elaboração: Operações de extração Prensagem • Química: Emprego de solvente Ex: Extração de óleo de sementes Elaboração: Operações de mistura Mistura • Sobremesas em pó • Base para bolo Emulsionamento Homogeneização 3. Fase de Preservação e Conservação Esta etapa consiste no combate às causas de deterioração e contaminação dos alimentos, que podem ser de natureza química e microbiológica. Apesar de serem lançadas mãos algumas vezes, de meios de conservação e de preservação, essa fase, por sua especificidade, é a de preservação e de conservação propriamente dita. Os processos utilizados nessa etapa visam especialmente à eliminação da flora normal inconveniente e da patogênica, assim como das enzimas produtoras de alterações. Consolidação da indústria de alimentos: os produtos tem maior tempo de vida útil. Ex: Pasteurização, salga, apertização, defumação e tec. 4. Fase de Armazenamento Consiste no combate às alterações dos alimentos, visando assim o prolongamento da vida útil do produto. Fatores que influenciam esta fase: temperatura ambiental, umidade, composição do ar atmosférico, imperfeição das embalagens, absorção de odores e ação de predadores. 1. Temperatura: Inconveniência à exposição deste a diferentes graus inadequados de calor ou de frio. Modificações de origem físico-biológicas que obrigam a aplicação obrigatória e prolongada de certas temperaturas. Fatores que influenciam a fase de Armazenamento: INFLUÊNCIA DO AUMENTO DA TEMPERATURA : À medida que a temperatura se eleva, a velocidade da atividade microrgânica e de certas enzimas se intensificam. Aplicação de menores graus de calor, adequado a cada tipo de produto; quanto mais fria a temperatura de armazenamento, mais difícil e demorada será a deterioração do produto. INFLUÊNCIA DA BAIXA TEMPERATURA Decresce o desenvolvimento de bactérias e de fungos, na razão direta do declínio de calor; também os insetos que atacam determinados alimentos não suportam temperaturas abaixo de 3 a 5 oC. 2. Umidade : Varia de produto para produto Manutenção do equilíbrio relativo de umidade (E.R.H.). E.R.H. – é a umidade contida no alimento, posto em contato com o ar atmosférico e umidades constantes até que alcance o equilíbrio, nesse ponto, o alimento apresenta um valor definido de umidade. A umidade livre é o excesso de umidade, acima dos limites do E.R.H., nos vários graus de temperatura e umidade. • Se a umidade atmosférica é maior do que o E.R.H. do produto armazenado, este absorverá água do ar. • Se a umidade do ar for menor que a umidade do E.R.H, o alimento perderá água, transferindo-o á atmosfera. No caso de frutas e verduras, por exemplo, pela facilidade com que se desidratam, o ideal seria armazená-las em local de alta umidade; entretanto, este grau de umidade favorece o crescimento de fungos no produto. 3. Composição do ar atmosférico É de grande importância para a conservação dos produtos alimentícios a composição do ar atmosférico do local de armazenamento. Certos produtos prolongam seu tempo de vida útil em atmosfera e com menor conteúdo de oxigênio e maior de anidrido carbônico. 4. Absorção de odores: Determinados produtos alimentícios podem absorver durante o seu armazenamento odores estranhos, de várias procedências, prejudicando-os em seu cheiro e sabor. Para prevenir essa ocorrência, procura-se evitar o armazenamento simultâneo de alimentos sensíveis aos odores, com os produtos e substâncias capazes de exalar cheiros inadequados. Evitar o armazenamento simultâneo de alimentos sensíveis a odor, com produtos que exalam cheiros inadequados, acondicionar bem os produtos (tampados). ABSORÇÃO DE ODORES Produtos de fácil absorção de odores • Leite e derivados • Alimentos gordurosos em geral • Ovo • Carnes ABSORÇÃO DE ODORES Agentes ou veículos odoríferos •Certos produtos cárneos •Peixes defumados •Algumas frutas •Alimentos e produtos deteriorados •Embalagens inadequadas •Inseticidas •Tintas •Rótulos e cintas adesivas •Gases do exterior •Material de construção 5. Insetos e roedores: Fiscalização constante e programas de controle de pragas. 5. Fase de Armazenamento Recomendação para um bom armazenamento: •Cuidado com instalações e equipamentos •Higiene •Giro de estoque •Abrigo de luz •Manuseio – estrado •Separar material de limpeza e produtos químicos de alimentos. Objetivos das fases de processamento de alimentos: •Reduzir o crescimento de microorganismos (m.os), através dos métodos de conservação •Prevenir intoxicações e infecções •Evitar perdas do produto •Melhorar a utilização ao longo do ano •Manter as características sensoriais e nutritivas
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