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FILHOS DE DEPENDENTES QUÍMICOS

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INSTITUTO PEDAGÓGICO DE MINAS GERAIS
DENISE REGIA KIS FERNANDES
FILHOS DE DEPENDENTES QUÍMICOS
VOTORANTIM - SP
2020
DENISE REGIA KIS FERNANDES
FILHOS DE DEPENDENTES QUÍMICOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao INSTITUTO PEDAGÓGICO DE MINAS GERAIS como pré-requisito para obtenção do título de especialista em Psicologia do Aconselhamento Familiar.
VOTORANTIM - SP
2020
2
FERNANDES, Denise Régia Kis. Filhos de Dependentes Químicos. Votorantim-SP. Instituto Pedagógico de Minas Gerais, 2020. Especialização em Psicologia do Aconselhamento Familiar. 
Citação
"O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade."  Karl Mannhein
"Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles". Provérbios 22:6 - Bíblia Sagrada
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	4
2.	DESENVOLVIMENTO	5
2. TÍTULO 1	5
2.2	Subtítulo 2	5
2.3.1 Subtítulo 3	5
3.	CONCLUSÃO	6
4.	REFERÊNCIAS	7
INTRODUÇÃO
Através dos tempos, descobriu-se que a criança, muito mais do que se pensava, tem seus próprios sentimentos e conhecimentos pré-adquiridos até mesmo quando ainda está informe, dentro do útero de sua mãe. Ele responde e corresponde às reações de sua mãe ao que acontece à sua volta. Pode perceber quando uma pessoa está zangada ou feliz, percebe quando está quente ou frio (tem até soluços ainda no ventre), reconhece pessoas por sua voz...
Com toda essa comunicação adquirida, é muito importante que saibamos que o seu comportamento pós nascimento poderá ser resultado de todo um contexto gestacional. Sentir-se amada (ou não), simplesmente pela maneira como a mãe se comporta em relação ao mundo. 
Vamos nos deter às crianças que foram geradas em ambientes onde o uso de drogas lícitas ou ilícitas fizeram parte do ambiente gestacional. A dependência química tem uma grande tendência de afetar a família como um todo. Os filhos de dependentes químicos tem risco bastante aumentado para o desenvolvimento de dependência química ou transtornos psiquiátricos, quando comparados com outras crianças. 
Para o desenvolvimento desta monografia, usei de entrevistas e enquetes virtuais onde a identidade pôde ser preservada. Através das narrativas dos entrevistados e vivências em Ongs, apresentaremos, da melhor forma possível, casos reais que tiveram ou não êxito com as ferramentas utilizadas para seu tratamento. Através de leituras que fizemos, tentaremos contextualizar tais vivências à Luz da psicanálise, para amadurecimento de nosso aprendizado através do curso.
7
DESENVOLVIMENTO
2. RISCOS 
Infelizmente, se a mãe é usuária e faz uso de alguma substância durante a gravidez, o feto, ainda na barriga da sua mãe, já se torna um dependente químico. Isso pode comprometer toda vida da criança, incluindo seu futuro. As consequências do uso de substâncias químicas na gravidez e amamentação para a criança são devastadoras. 
Apesar de ser considerada uma droga lícita, o álcool pode interferir muito no desenvolvimento do feto, caso a mãe faça uso do mesmo durante a gestação. Dentre os riscos que se corre, o bebê pode desenvolver a Síndrome do Alcoolismo Fetal. Interfere diretamente na formação do sistema nervoso central da criança, podendo provocar retardo no crescimento ou prejuízos no desenvolvimento cognitivo e comportamental. 
Já o uso de substâncias mais "pesadas" pode causar dependência e crises de abstinência logo após o nascimento. Estes desenvolvem alguns sintomas como: agitação, irritação, dificuldades para se relacionar com outras pessoas, dificuldades para desenvolver a fala, choro intenso e deficiência cognitiva, entre outros. E o pior de tudo é que esses bebês ainda correm o risco de serem abandonados logo após o nascimento, o que provoca um problema social ainda maior. 
Se permanecer com seus pais, ainda existe a chance da negligência e do abandono. Chamamos tais crianças de órfãs de pais vivos. Um dependente químico é incapaz de cuidar de si próprio. O que dirá de uma criança totalmente dependente? A tendência é não se responsabilizar pelo filho, privando-o de muitos direitos como saúde, educação, afeto, segurança... 
Existem sérios riscos de abuso sexual infantil, pré-púbere ou até mesmo na fase da adolescência. 
Quando a criança chega à adolescência nesse ambiente desestruturado, sua vida é completamente afetada, podendo desenvolver diversos desvios psíquicos, como: depressão, distúrbios alimentares, compulsões, insegurança, frustração, vergonha, entre outros. 
Devemos nos lembrar que todo desenvolvimento humano é um processo. Todo processo tem suas etapas e, infelizmente, algumas crianças são forçadas a pular etapas ou, até mesmo, permanecer nelas sem quaisquer incentivos para amadurecer ou superá-las. 
2.2 Casos reais
Não encontramos muitos materiais que poderiam ser lidos sobre o assunto em pauta. Por isso, vamos trazer ao nosso trabalho casos vivenciados e narrados por pessoas na condição proposta. 
Em relação aos problemas físico-emocionais, encontramos a baixa auto-estima, dificuldades sociais, auto mutilação, abuso físico e sexual. 
Vamos nos deter às crianças que foram geradas em ambientes onde há uso de drogas lícitas ou ilícitas. Nos lares onde há violência familiar, existe, também, o maior índice de consumo de drogas e álcool. Infelizmente, também, são pessoas que mais vivenciam problemas com a polícia. 
O crescimento de uma criança é uma construção que terá como agente influenciador, principalmente, circunstâncias que a cercam. 
Trazendo casos reais, vamos começar apresentando R., uma menina que chegou no abrigo com HIV positivo, dois braços quebrados e duas pernas quebradas com apenas dez meses de idade. Seu pai a agrediu por não aguentar seu choro. Desde tão pequena exposta aos mais diversos tipos de tratamentos emocionais ruins. A princípio, se encolhia toda quando íamos pegá-la no colo. Seu mecanismo de defesa era tentar não ter contato físico. Ela começou a crescer bastante agressiva e calada. Com o tempo, nós a forçamos a receber carinho pegando-a no colo, fazendo cafuné, elogiando mesmo quando ela errava, dizendo que ela poderia melhorar e que logo iria fazer o certo. Quando deixamos de atendê-la, ela tinha três anos, mas já se relacionava com outras crianças, conseguia dar e receber carinho. Só não aceitava ordens. Ela gostava muito de controlar as brincadeiras, os brinquedos e as atividades. 
Apresentaremos, agora, uma família cujo pai é alcoólatra e a mãe é muito boa dona de casa, não se envolve nem com álcool, nem com qualquer tipo de entorpecente.
Relataremos, aqui, uma experiência real de família, mostrando diferentes tipos de reações em um mesmo ambiente.
Esse casal teve três filhos homens. O mais velho vivenciou a maior parte dos problemas das brigas dos pais, da embriaguez, das surras que o pai dava na mãe e etc. Apesar de sua condição ambiental não lhe ser muito favorável, cresceu um rapaz muito carinhoso. Com o tempo percebeu-se um narcisismo muito grande, sentimentos de insegurança e problemas em seus relacionamentos interpessoais. Vemos aqui, a exposição a dois tipos de ambientes diferentes que fez a construção emocional: o lado que a mãe conseguiu passar de amor, carinho e persistência, fez dele uma pessoa honesta e carinhosa. Já o lado agressivo do pai o fez se sentir inseguro em outros tipos de relacionamento. Não consegue ter segurança ou permanecer com alguém por muito tempo.
Os estímulos atribuídos a esse menino desde a barriga da mãe foram positivos e negativos. Viveu durante um período em um patamar de guerra entre os pais. Sua construção emocional foi dualista. A visão de si mesmo se tornou uma confusão de sentimentos. Uma guerra declarada contra si mesmo.
Quando bebê, o ser humano é o único animal que depende totalmente do outro para se desenvolver.
Ainda que uma gravidez seja desejada, o serzinho dentro da barriga da mulher já tem sua condição emocional sendo formada através das reações de sua mãe. Todos os estímulos que ela recebe (positivos ou negativos)são transmitidos para o bebê. 
A família que é construída dentro de um ambiente estável, investe de maneira equilibrada para a chegada desse bebê. Nosso objetivo é colocar essa construção através de famílias não funcionais, onde as crianças são expostas aos mais diversos tipos de reações na gravidez e depois dela.
Já na barriga da mãe o feto começa a desenvolver seus mecanismos de defesa. o feto capta sensações, percepções, sentimentos, pensamentos tanto positivos quanto negativos durante a vida intrauterina e posterior ao parto e isso, certamente, terá um peso na formação do futuro ser, em sua personalidade e até mesmo em suas futuras patologias, ou seja, futuros diagnósticos de doenças.
Uma criança cuja mãe é dependente química e que fez uso durante a gravidez terá uma criança que, provavelmente, terá crises de abstinência logo após o parto. As reações da criança poderão ter manifestações clínicas que variam de tremores leves e irritabilidade à febre, perda de peso excessiva e convulsões. Os sinais geralmente se desenvolvem nos primeiros dias após o nascimento.
Cada criança tem suas fases de desenvolvimento. Essas fases devem ser atravessadas de maneira regular para apresentar uma boa construção emocional. A falta de experiência que deveria acontecer pode apontar consequências de problemas no futuro.
Um dos casos mais severos de L. que chegou para nós com dificuldades de desenvolvimento foram sendo descobertos no decorrer dos dias e das conversas que mantínhamos com familiares. Filha de casal de usuários, e neta de alcoólatras, a menina se tornou completamente passiva ao que acontecia ao seu redor. 
Se colocássemos ela sentada, ali permanecia até que a tirássemos do lugar. Se fosse deitada, ali permanecia. Segundo informações, ela era mantida em um quarto o dia inteiro. Não trocavam, alimentavam quando queriam, mantinham ela deitada para não dar trabalho e ela ficava exposta às cenas de consumo de drogas, violência, etc. 
L. já ia completar dois anos e não conseguia ficar em pé ou balbuciar pequenas palavras. Não comia com talheres, apenas com as mãos. Não permitia que ninguém a alimentasse. E, se conversássemos com ela, ela apenas sorria. Parecia que tinha medo de fazer algo errado e que nos desagradasse. 
Levamos ao pediatra e não havia nada físico que impedisse seu desenvolvimento. Começamos com pequenos estímulos durante os banhos, onde procurávamos colocar perto dela brinquedos que ela gostasse para que ela se movimentasse até eles. Depois passamos para o chão, onde caminhávamos ainda apoiando a pequena segurando em suas mãos. Ela tremia de medo quando a soltávamos. 
Depois as trocas de talheres (com imagens infantis), até que se adequasse a algum. Muitas idas ao espelho... Construindo sua identidade, falávamos como ela era linda. Deixávamos brincar com escovas, batons e outras coisas para se enfeitar. Depois de um ano L. já andava, falava pouco, mas já conseguia rir alto. Ainda muito passiva, já não ficava mais tanto tempo parada, esperando que alguém mandasse ela fazer as coisas ou se propusesse a fazer por ela. Não colocava nada na boca. Sempre que pegava algo, olhava para nós, esperando aprovação. Fingíamos não ver para que ela sentisse segurança em suas próprias decisões. 
Um outro caso que acompanhei muito pouco foi de A. Irritadíssimo com tudo. Com dez meses ele fechava suas mãozinhas e tremia até ficar vermelho quando algo o desagradava. 
Seu raciocínio lógico era muito superior aos dos demais. Não falava, mas acompanhava as musicas infantis de forma silábica. Com dez meses, conseguia arrastar a cadeira e cubos para formar uma escada e subir em algum lugar. Alinhava os brinquedos por cores ou por tamanho. Conseguia escolher as histórias que gostaria que lêssemos (dizia “ête”). 
Batia muito em outras crianças. 
Ele acabou mudando de endereço, então não houve continuidade para um diagnóstico ou tratamento. O que conseguimos foi fazer com que ele entendesse um pouco sobre carinho e sobre o “não machucar o coleguinha”. Sua mãe usou maconha durante a gravidez. A. estava na fase oral. Inclusive mordia muito. Mordia até a si mesmo.
2.3 Entrevistas
Um dos casos que mais me chamou a atenção foi de A., 18 anos. Pedimos para que ele narrasse sua experiência em conviver com pais usuários. Ele disse que começou a utilizar maconha aos 12 anos porque seus pais deixavam na geladeira ao alcance dele e eles nunca retrucaram com ele sobre isso. Daí passou para cocaína e eles também não reclamaram. Os pais são separados e moram em estados diferentes do Brasil. O relacionamento entre eles é bastante conturbado. Isso afetou muito o lado emocional de A., que não se sente amado pela mãe (até hoje) e que não quer seguir o exemplo do pai. Sugerimos muitas alternativas para que ele superasse e conseguisse olhar para si de outra maneira. Ele mencionou que não conseguia ir bem nos estudos por causa de seus problemas emocionais. Muitas vezes levou surras que o deixaram roxo e, para ninguém descobrir, sua mãe não o levava na escola por dias… No fim, ele conseguiu se envolver com esportes e manter seu equilíbrio. Hoje ele é lutador internacional de Muai Thai, já com premiações importantes. 
Outra narrativa que nos chamou a atenção (já na enquete) foi de uma mulher de 63 anos que disse que seu pai era alcoólatra e que ela tinha muita vergonha por causa disso. Caçoavam dela na escola e ela tinha que, muitas vezes, ir buscar seu pai caído na rua, para ajudá-lo a encontrar o caminho de casa. 
O caso dela também teve um final positivo, pois ela prometeu para si mesma que não seguiria os passos do pai. Esforçou-se ao máximo na escola e hoje é professora de Ciências em uma renomada escola da Zona Leste de São Paulo.
Esses são exemplos de superação, luta, persistência e resiliência. Infelizmente o que vemos na maioria das vezes é a repetição de casos. Filhos de dependentes se tornando tão dependentes quanto seus pais. 
Seja pelo álcool, cocaína, crack… O ambiente tem sido o maior agente influenciador dessas crianças. 
2.4 Passo a Passo
Qualquer mudança de comportamento que dure mais de um mês ou que interfira na manutenção da saúde e das necessidades básicas da criança deve ser motivo de alerta e deve despertar os pais a pedirem ajuda.  Uma criança que não se sente olhada pelos pais, que fica carente de amor e atenção e não se considerada em suas necessidades afetivas e emocionais pode vir a desenvolver um quadro depressivo. 
O tratamento indicado é diferente para cada fase da infância. Quando a criança ainda é muito pequena, dependemos mais dos pais e cuidadores (avós, tios, amigos) do que propriamente da criança, já que ela deverá ser orientada por pessoas que transmitam segurança. Através deles, também,  é possível gerar mudanças de ambientes hostis para ambientes agradáveis e seguros. Muitas vezes é necessário a observação da interação entre os pais e os bebês. 
Já na fase pré-escolar e escolar contamos com o apoio de educadores, que estejam conscientes para auxiliar na remissão de sintomas. É necessário um compromisso dos pais na assiduidade das terapias e a continuidade das orientações no lar. 
Quando da pré adolescência, o paciente já tem condições de repensar situações e tomar decisões com atitudes ativas e conscientes. O papel da família é tão importante quanto a dos pequenos, porém, ele poderá rever sua história e sentimentos, caminhando em direção da mudança desejada. 
Claro que é muito importante o apoio, fortalecimento e suporte para que tudo ocorra da melhor maneira possível. 
Em alguns casos é necessário que a criança seja encaminhada para um tratamento medicamentoso, para que possa alcançar maior êxito em sua recuperação. Isso quando há riscos para si ou para os que o cercam, e geralmente são indicados quando o diagnóstico aparece de formas mais severas que impedem a criança de realizar sua rotina normal. 
A prática de esportes tem tido bons resultados em casos de depressão, indisciplina e outras atitudes que nossos pequenos possam apresentar no decorrer de sua luta diária. Com os exercícios há liberaçãode endorfina, substância analgésica que estimula a sensação de bem-estar e que tem efeito calmante. 
O envolvimento com artes que envolvam movimentos expressam sentimentos incrivelmente escondidos. O importante é usar a criatividade para fornecer para essas crianças um bem-estar físico, mental e emocional. 
2.5 Alternativas
Temos poucas opções oferecidas por nossas políticas públicas. Os pais podem buscar ajuda em Postos de saúde que têm Assistentes Sociais e Psicólogos através do SUS (Sistema Único de Saúde) onde o tratamento é gratuito. Existem também os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) que trabalha não só a criança, mas toda a família. Existem ONGs que estão se especializando nessa direção e que oferecem boas alternativas gratuitas também para as crianças. 
Em São Paulo (Capital) encontramos o Projeto CUIDA (Centro Utilitário de Intervenção e Apoio a Filhos de Dependentes Químicos) que faz um excelente trabalho em comunidades. 
O CUIDA (Centro Utilitário de Intervenção e Apoio a Filhos de Dependentes Químicos) está instalado no Jardim Ângela, periferia de São Paulo, região com alto índice de desemprego, violência, consumo de substâncias tóxicas e tráfico de drogas. O alto índice de desemprego acaba por gerar subempregos e especialmente aumento do número de bares sem licença oficial, onde a pesquisa realizada na região constatou a existência de até quatro bares por quadra (Hinkly e Laranjeira, 2002).
Mais uma vez retomamos para que esse assunto possa gerar em nós mais do que compaixão, mais do que tristeza, mais do que mal estar, mas idéias e atitudes que nos desafiem a mudar o nosso entorno e fazer diferença, mesmo que nossas ações sejam como uma gota no oceano. Juntos, seremos muitas gotas oferecendo algo de melhor para essa minoria marginalizada e por muitos desprezada. 
CONCLUSÃO
Em famílias onde qualquer mudança nas relações é percebida como ameaçadora, é observada uma progressiva rigidez do esquema interacionais presente e da função de cada membro. Os papéis tornam-se cristalizados em interações estereotipadas, com a simultânea evitação de experiências e informações novas e diferenciadas, e a patologia do indivíduo passa a manter o sistema e o funcionamento familiar (Andolfi et al., 1984). Daí a necessidade de uma intervenção familiar de modo a facilitar um convívio mais saudável entre os seus membros.
A cura vem pela fala. No caso das crianças, elas podem nos falar através de brincadeiras, desenhos, pela movimentação de seu corpo, pelo seu olhar… Temos que ter sensibilidade e habilidade para lidar com tantas circunstâncias ruins e torná-las parte de crescimento resiliente na vida delas. Uma criança resiliente sabe lidar com os stresses, desafios e pressões emocionais. 
Em geral, demonstram capacidade de resolver problemas e de interagir adequadamente com outras pessoas, sendo disciplinadas e com senso de respeito pelo outro. A resiliência pode explicar como algumas crianças podem lidar com grandes obstáculos e dificuldades de vida, enquanto outras acabam por tornar-se vítimas de experiências ambientais (Haggertty et al., 1996; Goldsteim e Brooks, 2002).
Cabe-nos sentir esse desafio de nos tornarmos como que companheiros que podem oferecer condições para elas lidarem com desapontamentos, adversidades ou traumas, tornando-os como metas reais de superação em suas vidas. 
Claro que não poderíamos deixar de mencionar a falta de políticas públicas em oferecer condições e atividades para crianças e adolescentes, sendo uma ação preventiva ao uso de substâncias químicas. Uma organização desse tipo, poderá oferecer oficinas terapêuticas com cuidadores que almejam a inclusão de segurança e proteção em meio ao grande potencial de risco na vida das famílias disfuncionais. 
Alguns estudos têm reportado a necessidade de se trabalhar com os domínios do desenvolvimento das necessidades infantis, a capacidade da realização do cuidado familiar amplo e fatores ambientais e familiares que podem influenciar o desfecho na abordagem de filhos e de famílias de dependentes químicos (Kroll e Taylor, 2003). 
No desenvolvimento das necessidades infantis, encontram-se como pontos-chave a serem trabalhados: saúde, educação, desenvolvimento emocional e comportamental, identidade, relacionamentos familiares e sociais, apresentação social e habilidades de autopreservação. 
Na capacidade da realização do cuidado familiar, é necessário o fornecimento do cuidado básico em saúde, assegurar a proteção no lar, estimulação, afetividade, estabilidade, monitoramento e limites. Em relação aos fatores ambientais e familiares, têm destaque recursos comunitários, integração social familiar, atividade de trabalho com salário condizente com os gastos necessários para a manutenção da família, moradia e noção de funcionamento familiar. Ao verificar esse modelo, podemos perceber o quão distante ele está da realidade estudada, a necessidade de se levar em conta essas considerações na organização do serviço de modo a minimizá-las e daí a justificativa de ser uma população de risco.
Em resumo, o contexto onde uma criança em ambiente de risco se desenvolve é, no mínimo, tão problemático quanto o peso de fatores de risco especificamente infantis, bem como a estrutura de socialização. Daí, falar da necessidade de um olhar específico para os filhos de dependentes químicos, bem como da organização do serviço como uma alternativa para abordagem e assistência dessa população, principalmente em termos da precocidade da intervenção em bairros de periferia.
Referências bibliográficas
ANDOLFI, M.; ÂNGELO, C.; MENGHI, P.; NICOLO-CORIGLIANO, A.M. - Por trás da máscara familiar um novo enfoque em terapia de família. Artes Médicas, Porto Alegre,1984.
GOLDSTEIM, S.; BROOKS, R. - Raising Resilient Children: A Curriculum to Foster Strength, Hope, and Optimism in Children. Paul H. Brookes Publishing Co., Baltimore, Maryland, 2002.
HALPERN, S.C. - O abuso de substâncias psicoativas: repercussões no sistema familiar. Pens famílias 3: 120-5, 2002. 
KROLL, B.; TAYLOR, A. - Parental Substance Misuse and Child Welfare. Athenaeum Press, London, 2003.
HAGGERTTY, R.J.; SHERROD, L.R.; GARMEZY, N.; RUTTER, M. - Stress, Risk and Resilience in Children and Adolescents - Process, Mechanisms and Interventions. Cambridge University Press, United Kingdom, 1996. 
HINKLY, D.; LARANJEIRA, R. - Avaliação da densidade de pontos de vendas de álcool e sua relação com a violência. Rev Saúde Pub 36 (4): 455-61, 2002.
REVISTA GUIA DEPRESSÃO INFANTIL (ANO 1 - NÚMERO 1) EDITORA ON LINE.

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