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Parasitologia: Bloco I Entomologia/Protozologia Felipe Carvalho Aula 1: Introdução à Parasitologia Todos os seres vivos dependem das condições físicas, químicas e climáticas do meio ambiente e em grau variado, de outros seres vivos, que por sua vez também dependem destas condições e estabelecem um ecossistema. O ecossistema, por sua vez, é a unidade funcional de base em ecologia ou um ambiente natural onde há um estreito relacionamento entre as várias espécies de animais, vegetais, microrganismos e também minerais. A ecologia, por sua vez, é o estudo das relações ecológicas dos seres vivos entre si e o meio ambiente. Relações ecológicas • SIMBIOSE: do grego significa “vivendo junto” e é caracterizada como toda associação interespecífica (entre duas espécies diferentes) na qual existe um grau variado de dependência recíproca. Em alguns casos chega a tal ponto que nenhuma das duas espécies consegue viver isolada da outra. • FORÉSIA OU FORESE: É uma associação interespecífica na qual o indivíduo de uma espécie transporta o indivíduo de outra espécie, sem se prejudicarem. Ex: abelha e o pólen → polinização; veiculação de ovos de Dermatobia hominis por moscas do gênero Fannia. • COMENSALISMO: interação trófica indireta, significa “comer junto”. Ex: Candida albicans. A Candida albicans é um fungo e é um habitante comensal da nossa pele ou das mucosas, fazendo parte da microbiota (pele, mucosa oral, mucosa oro-genital e mucosa gástrica). Eventualmente, podem ser transformar e deixar de serem comensais e causarão danos teciduais (candidíase) na pele ou na mucosa. • MUTUALISMO: interação trófica direta, onde os 2 indivíduos alimentam um ao outro em que ambos são beneficiados. Ex: Líquens Os líquens são o resultado de mutualismo entre algas ou cianobactérias e fungos filamentosos, onde esses fornecem proteção e capturam/reservam água e minerais do substrato enquanto as algas fornecem os carboidratos. • EXPLORAÇÃO: interação trófica direta, onde ocorre dano para algum dos indivíduos. A parasitologia é a ciência que estuda o parasitismo. Esse por sua vez, corresponde à associação entre seres vivos onde existe unilateralidade de benefícios, mas que tende para o equilíbrio. É toda relação ecológica desenvolvida entre indivíduos de espécies diferentes, em que se observa além de associação íntima e duradoura, uma dependência metabólica de grau variado. Exemplos: Sacculina sp. e o caranguejo; Ophyocordyceps unilateralis e a formiga (zumbi); Toxoplasma gondii O Toxoplasma gondii infecta todo tipo de célula nucleada, trata-se de um parasita intracelular obrigatório e seu hospedeiro definitivo é o gato pois é onde ocorre a fase sexuada do parasita. O gato elimina nas suas fezes cistos do parasita que podem ser ingeridos por roedores ou outros animais, desenvolvendo-se cistos teciduais. Os cistos também podem vir a contaminar alimentos/água e animais (porcos e cabras) que podem ser ingeridos pelo ser humano. Esse parasita está presente no mundo todo e possui caráter oportunista, principalmente em imunocomprometidos. Apresenta diferentes formas evolutivas: taquizoítas, bradizoítas e cistos. → Taquizoítas: forma evolutiva que causa a infecção; dividem-se rapidamente e são capazes de afetar tecidos (cérebro, retina) e cruzar a BHE e transplacentária (comprometendo seriamente a gestação). Durante a infecção, o Toxoplasma gondii é capaz de modificar o comportamento do hospedeiro: √ camundongo perde o medo de cheiro da urina do gato; √ alto índice de humanos mortos em acidentes automotivos (convulsão); √ alto índice de suícido entre infectados; Logo, a intimidade do parasitismo se manifesta pelo contato permanente que muitas vezes ocorre em nível histológico e observa-se diferentes graus de dependência metabólica, como: incapacidade de produzir determinadas substâncias, perda de informação genética, etc. Além disso, um dos organismos passa a ser o meio ecológico do outro ou seu habitat. • Hábitat: é onde o parasito vive (órgão ou região no hospedeiro onde tem predileção). → Tubo digestivo protozoários (amebas;Giardia; etc.); helmintos ou vermes → Mucosas/Epitélio protozoários (amebas;Giardia; Trichomonas); fungos → Órgãos internos (pulmão, fígado, cérebro, etc) protozoários; fungos; helmintos ou vermes → Sistema fagocítico mononuclear fungos; protozoários (Leishmania; Trypanosoma) → Sangue, linfa e líquidos intersticiais fungos; protozoários; helmintos ou vermes • Hospedeiro: organismo que alberga o parasito e passa a constituir o habitat do parasito. → Definitivo: é o que apresenta o parasito em fase adulta ou em fase de atividade sexual. → Intermediário: é o que apresenta o parasito em fases imaturas ou fase assexuada. O parasito então, pode causar danos ao hospedeiro, ocasionando uma infecção/doença. Neste caso, o parasito causador da infecção/doença é o agente etiológico daquela infecção/doença, também chamada de parasitose. Ex: O Toxoplasma gondii é o agente etiológico da toxoplasmose; o Plasmodium falciparum é o agente etiológico da malária e etc. Existem várias maneiras de estabelecer o contato do hospedeiro com o parasito e ter início de uma infecção: → Ingestão (ex: água e alimentos contaminados com cistos, formas trofozoítas, ovos, larvas, etc) → Inalação (ex: esporos de fungos) → Penetração (ex: mucosas, descontinuidades da pele ou mesmo através da pele íntegra) → Inoculação (ex: vetor ou fômites) • Vetor: é um artrópode, molusco ou outro veículo transmissor de um parasito. → Biológico: é quando, além de ser transmitido, o parasito também se reproduz ou se desenvolve no vetor → Mecânico: é quando só ocorre a transmissão do parasito (não se reproduz e nem desenvolve no vetor) → Inanimado ou Fômite: quando o parasito é transportado por objetos, tais como lenços, seringas, espéculos, talheres, etc. Modalidades de Parasitismo • Nível de exigência do parasito em relação ao seu(s) hospedeiro(s) → Parasito Obrigatório: em condições naturais não consegue se desenvolver na ausência do hospedeiro (Ex: protozoários e helmintos) → Parasito Facultativo: habitualmente livres, podem se implantar em outros seres vivos e tornarem-se parasitas/patógenos, não dependem do hospedeiro. (Ex: fungos) • Número de hospedeiros necessários para completar o ciclo evolutivo → Parasito Monoxênico: só possui hospedeiro definitivo. → Parasito Heteroxênico: possui hospedeiro definitivo e intermediário. • Localização habitual → Parasito Cavitário: encontrado em cavidades naturais do organismo e lúmen de órgãos como os intestinos (grosso e delgado). → Parasito Tecidual: encontrado no sangue, líquor, linfa, líquidos intersticiais e diferentes tecidos. → Parasito Superficial: encontrado na superfície da pele, unhas e cabelos. Ciclo Biológico O desenvolvimento de um parasito se inicia na instalação no hospedeiro e obedece um programa regular de acontecimentos (ciclo biológico). Também envolve a passagem (transmissão) do parasito de um hospedeiro para outro hospedeiro e o seu desenvolvimento neste último. Desse modo, conhecer o ciclo biológico do parasito permite que não só se entenda a sua biologia e sua(s) relação(ões) com o(s) hospedeiro(s) e, consequentemente, a sua patogenicidade como também fornece uma visão de pontos de prevenção, tratamento e controle das parasitoses (profilaxia). • Patogenicidade: é a habilidade/capacidade do agente etiológico (parasito) em provocar lesões/danos e doença/infecção. • Patogenia: mecanismo pelo qual um parasito causa lesões/danos e doença/infecção • Profilaxia: é o conjunto de medidas que visão a prevenção, controle ou erradicação das lesões/danos e doenças/infecções causadas pelos parasitos. Relação Parasita-Hospedeiro Viva aonde viver, esteja onde estiver, o homem sempre está exposto às infecções parasitárias em maior grau. Porém a severidadeda doença causada pelas parasitoses depende de vários fatores que se relacionam, tais como: √ a(s) espécie(s) do(s) parasito(s) √ a carga parasitária √ a idade do hospedeiro √ o estado nutricional e imunológico do hospedeiro • Fatores que predispõem à infecção grave por parasitos INERENTES AO HOSPEDEIRO INERENTES AO PARASITO Idade do hospedeiro Estado nutricional Espécie/Estirpe Fatores imunológicos Infecções múltiplas Fatores sócio-econômicos Carga parasitária Sexo e fatores genéticos Localizações ectópicas* Doenças intercorrentes Re-exposição *Local ou tecido onde o parasito ta causando infecção. Toxoplasmose: 1/3 da população infectada. Micoses (fungos): 300 milhões infectados/ano e 3 milhões de mortes/ano Aula 2: Introdução à Entomologia Médica: Insetos e Doenças Entomologia Médica é o estudo dos insetos de importância médica. Existem insetos que causam parasitoses em humanos e são chamados de ectoparasitos e tem insetos que transmitem um agente patogênico a humanos que são chamados vetores. Os insetos fazem parte do Reino Animalia, Filo Arthropoda e Classe Insecta. São animais que tem o corpo dividido em cabeça, tórax e abdômen; possuem duas antenas (um par) e três pares de patas. Além disso, eles possuem internamente vários sistemas como sistema digestivo, nervoso e etc. Além disso, esses insetos tem um sistema de defesa, um sistema que na maior parte das vezes, torna eles refratários a agentes patogênicos. *Em laranja é o sistema excretor. • Vetor: é todo ser vivo capaz de transmitir um agente patogênico, de maneira ativa ou passiva, do reservatório até um hospedeiro potencial. Eles se dividem em mecânicos e biológicos. → Mecânico: são insetos que transportam agentes patogênicos em sua superfície ou trato gastrointestinal, sem que haja multiplicação ou diferenciação desses patógenos. Ex: moscas, formigas e baratas são vetores mecânicos para diversos patógenos, como vírus, bactérias, protozoários e helmintos. Mecanismo de contaminação: 1) Regurgitação 2) Dispersão em seus apêndices 3) Eliminação nas fezes → Biológico: funcionam como abrigo biológico onde ocorre a replicação e diferenciação do agente patogênico para a forma infectiva, a qual é capaz de infectar um novo hospedeiro. Os patógenos que eles transmitem podem ser vírus, bactérias, protozoários e helmintos. Mecanismo de transmissão: √ Fluxo salivar – Vírus (Aedes – Zika, Dengue, Chikungunya, Febre Amarela), Plasmodium; √ Excreção pelas fezes – T.cruzi (Triatomíneos); √ Regurgitação – Leishmania (Flebótomos) e Y.pestis (Pulgas); √ Rompimento do aparelho bucal – Microfilárias. Fatores determinantes para incidência de doenças transmitidas por vetores Essas doenças necessariamente precisam de um vetor, de um hospedeiro e do agente etiológico. Então existem fatores desses três agentes que são determinantes para incidência dessas doenças, por exemplo, fatores do hospedeiro (genética, idade, sexo, imunidade); do agente (genética, patogenicidade, virulência); do vetor (idade e competência transmissão). Além disso, para que essas doenças aconteçam também tem os fatores ambientais que são importantes e determinam também essa incidência (umidade, pluviosidade e temperatura). Então esses insetos que atuam como vetores biológicos eles precisam se alimentar de sangue, sendo chamados de hematófagos. A hematofagia surgiu ao longo da evolução de uma forma independente, através de diversas adaptações. Esses insetos, portanto, passaram-se a se alimentar de sangue pois é uma fonte riquíssima de nutrientes, utilizando-os para crescer e se reproduzir. Existem dois ciclos de vida dos insetos: Holometábolo e Hemimetábolo. → Holometábolo: “metábolo” é metamorforse e “holo” é completo, ou seja, ciclo de metamorfose completa, onde o inseto emerge do ovo uma larva, depois vira uma pupa e em seguida um inseto adulto que é completamente diferente. Então ele tem ciclos de vida bem marcados e diferentes. Os flebótomos e mosquitos para se reproduzirem precisam se alimentar de sangue. → Hemimetábolo: possui metamorfose incompleta, onde o inseto emerge do ovo em forma de uma miniatura do inseto adulto, se alimenta, faz a muda (troca do exoesqueleto) e cresce, passando de um estágio para o outro. Os triatomíneos fazem parte deste ciclo de vida, então toda vez que eles precisam passar de um estágio para o outro, eles precisam se alimentar de sangue, assim como para reprodução. Adaptações à hematofagia • Morfológicas – aparelho bucal do tipo picador, órgãos sensoriais • Comportamentais – modo de alimentação (Hematofagismo); Antropofilia; Endofilia → Antropofilia: preferência por seres humanos sobre outros animais como fonte alimentar (diferente de zoofilia que é o inverso) → Endofilia: preferência por habitats humanos, especialmente no interior da residência (diferente de exofilia, onde esses insetos vivem no ambiente silvestre) • Fisiológicas – secreção de substâncias pela glândula salivar e compartimentalização do sistema digestivo Os insetos desenvolveram hábito hematofágico mas ao mesmo tempo os hospedeiros também desenvolveram mecanismos de defesa para impedir que esses insetos se alimentassem. Em contrapartida, ao longo da evolução eles passaram a produzir na sua saliva moléculas com propriedades anti-agregadoras plaquetárias, anticoagulantes e vasodilatadoras, além de anestésicas para permitir o maior aporte de sangue no local da picada e fazer com que esse inseto se alimentasse no menor espaço de tempo. Esses insetos possuem um mecanismo de defesa, onde a primeira barreira formada para impedir a entrada de patógenos é o exoesqueleto rígido de quitina. Outras barreiras incluem, a cutícula, tecidos e a matriz peritrófica. Além disso, possui órgãos imunes capazes de gerar respostas de imunidade celular (hemócitos), imunidade sistêmica (corpo gorduroso), imunidade epitelial local (glândula salivar e intestino). • Competência vetorial: habilidade intrínseca do inseto de permitir o desenvolvimento e propagar o patógeno (envolve genética, microbiota, sistema imune). Então um inseto que tem competência de transmitir o patógeno, ele permite todo o ciclo do mesmo. Aula 3: Amebas Amoeba ou ameba é um gênero de protozoários do grupo dos rizópodes ou sarcodíneos. Organismos unicelulares, eucariotos que possui pseudópodes que auxiliam na locomoção e aquisição de alimentos. São microaerófilas (não possuem mitocôndria e podem vive com baixas quantidades de O2) A reprodução ocorre por divisão binária Pleomórficos (várias formas) Muito móveis. Movimentam-se através de pseudópodes Características gerais Habitats: possuem diferentes habitats → Vida livre: vários gêneros e espécies. → Parasito: Entamoeba histolytica (causa amebíase) → Comensais: E. coli, E. díspar, E. hartmanni, E. gingivalis, Endolimax nana e Iodamoeba butschlii → Vida livre eventualmente parasitos: Achanthamoeba, Naegleria • Gênero Entamoeba Apresenta núcleo esférico, vesiculoso (com vesículas), membrana delgada revestida internamente por grânulos cromáticos que quando no centro formam o cariossomo. Entamoeba gengivalis Trofozoítos medem cerca de 10 a 35 micrômetros de diâmetro (só foram encontrados nessa forma) Não se conhece forma cística. Possui ectoplasma claro, endoplasma granuloso, vacúolos alimentares contendo restos celulares, bactérias e hemácias O núcleo é aproximadamente esférico, membrana nuclear com grânulos de cromatina situados muito próximos uns dos outros, cariossoma central. Presente em cerca de 80% da população. É uma ameba parasita da cavidade bucal do homem, cão e gato. Encontrada na boca entre as bolsas gengivais e perto da base dos dentes (entre dentes e gengivas) Transmissão: direta de uma pessoa para outraatravés do beijo, ou pelo compartilhamento de utensílios de cozinha Trofozoítos de E.gengivalis mostrando vacúolos digestivos Causa halitose, dor de dente Frequente nos abscessos bucais Relacionada a doença periodontal É encontrada em 95% das pessoas com doença periodontal e em 50% das pessoas com gengivas saudáveis. O substrato para nutrição da E. gingivalis é composto de leucócitos, células epiteliais, bactérias e outros protozoários. A presença dessa Entamoeba se correlaciona com maus hábitos de higiene bucal gerando um baixo pH bucal, aumentando a quantidade delas com a idade também. Diagnóstico: a identificação de E. gingivalis é geralmente feita pela descoberta de trofozoítos em raspagens das gengivas e dentes; trofozoítos podem ser vistos ingerindo glóbulos brancos e núcleos de células epiteliais. Entamoebas encontradas no intestino de humanos MORFOLOGIA • Trofozoíto: pleomórficos, muito móveis e seu habitat é o intestino. • Cisto: formas de resistência (30 dias em água; 12 dias em fezes frescas; 24h em pães e bolos; 20h em laticínios). (Essas formas que são liberadas para o meio ambiente, podendo sobreviver longos períodos de tempo fora do hospedeiro) As Entamoebas de interesse médico encontradas no intestino de humanos podem ser distribuídas em grupos de acordo com o número de núcleos que apresentam na sua forma cística madura (orientação do diagnóstico nos exames parasitológicos). E. díspar / E. histolytica Microscopicamente os trofozoítos ou cistos entre as duas espécies não são diferenciados (são praticamente iguais) Estudos sorológicos demonstraram que apenas a E. histolytica é responsável pelos quadros amebianos invasivos com geração de anticorpos específicos (amebíase). E. histolytica → Apresenta diversos graus de virulência, invasiva; → Causa amebíase: diarreia e morte. → Apresenta diversas formas clínicas; E. díspar (comensal – não causa mal ao hospedeiro) → Pode causar erosões na mucosa intestinal, sem invasão; → Maior parte dos casos assintomáticos e colite não disentérica. → Corresponde a maioria das infecções → Estudos recentes mostraram sua presença em lesões intestinais e no fígado Para distinguir essas duas amebas, é preciso de estudos sorológicos ou PCR. Transmissão: mãos sujas, alimentos contaminados com cistos eliminados nas fezes (manipuladores de alimentos, cistos sobrevivem no intestino de moscas e baratas, contaminação de águas e plantações). → fecal-oral Ocorre mais raramente na transmissão sexual devido a contato oral-anal. Falta de saneamento básico = infecção fecal-oral Amebíase (Entamoeba histolytica) • Distribuição geográfica mundial (maior prevalência em regiões tropicais e subtropicais – baixas condições sociais e sanitárias: 50% infecção) • No mundo, 40 a 50 milhões de pessoas são infectadas anualmente, ocorrendo a maioria das infecções nos países em desenvolvimento. Anualmente 100 mil óbitos. • Algumas profissões são mais atingidas (trabalhadores de esgotos, etc.) • No Brasil, a incidência dessa doença é em até 11% da população (19% Norte, 11% Centro-Oeste, 6,5% Sul e Sudeste) Transmissão: mãos sujas, alimentos contaminados com cistos eliminados nas fezes (manipuladores de alimentos, cistos sobrevivem no intestino de moscas e baratas, contaminação de águas e plantações). → fecal-oral. Ocorre mais raramente na transmissão sexual devido a contato oral-anal. Falta de saneamento básico = infecção fecal-oral No intestino delgado, cada cisto tem 4 núcleos dará origem a 4 trofozoítos e estes por divisão binária dão origem a mais 4 trofozoítos, totalizando 8 trofozoítos que irão migrar para colonizar o intestino grosso. Durante essa migração trofozoítica, eles fagocitam bactérias presentes na flora intestinal (importantes para definir se a amebíase é invasiva ou não invasiva). A partir daí eles vão se multiplicar e voltarão a “encistar” (parede cística formada por proteínas de quitina) podendo ser liberados nas fezes. (Permanecem viáveis durante cerca de 20 dias). O que determina se a infecção será assintomática ou sintomática? Dependendo de qual seja o hospedeiro, vários fatores tanto do hospedeiro como da cepa do parasita vão induzir o processo de virulência do trofozoíto que vai ativar um processo de invasão da mucosa do intestino levando o trofozoíto para corrente sanguínea. Como intestino é irrigado pela veia porta, eles podem chegar ao fígado podendo então causar um abscesso que é chamado de amebíase extra intestinal (pode ser também na pleura, pulmão, cérebro, pele e em outros locais). Porém, somente 10% das pessoas infectadas vão apresentar essa forma extra intestinal da doença. Interação Parasito-Hospedeiro Os trofozoítos expressam em sua superfície uma lectina (proteína que interage com açúcares presentes nas células epiteliais do intestino do hospedeiro - glicocálix). Após ela se ligar a unidades Gal/GalNAc do hospedeiro, existe uma ativação de tirosinas-quinases da família da Ras que irá induzir o processo de virulência do trofozoíto. Esse trofozoíto secreta cisteínas proteases, colagenases, fosfolipases e glicosidades que serão responsáveis por degradar o muco presente no sistema digestivo do hospedeiro. Além disso, vai liberar peptídeos formadores de poros que serão responsáveis pela lesão do epitélio do intestino. Existem os fatores decorrentes do parasita (em azul); fatores decorrentes dos hospedeiros (em verde) e o mais recente é a microbiota intestinal (em vermelho). A espessura do muco irá influenciar se o trofozoíto irá interagir ou não com a célula epitelial do hospedeiro. Existem indivíduos que possuem mutação nesse gene que codifica esse muco, havendo uma menor espessura, sendo esses indivíduos sintomáticos. O pH intestinal irá influenciar (quanto mais ácido maior a virulência). Mulheres e pessoas com idades de 20-60 anos são mais afetadas. Além de deficiências imunológicas (deficiência de IgA no epitélio da mucosa intestinal) A microbiota vem sendo estudada e é bastante importante, uma vez que dependendo de quais bactérias forem encontradas no intestino, pode-se ter uma virulência maior ou menor do intestino. Desse modo, a presença de uma microbiota anaeróbica (E. coli, C. perfringens e A. aerogenes – podem ser fagocitadas pelo trofozoíto), facilitando a amebíase sintomática. A microbiota auxilia na espessura do muco. Esses são os fatores que podem ser responsáveis pela virulência do parasito, ou seja, se ele é capaz de atravessar a mucosa do intestinal atingindo a corrente sanguínea e consequentemente outros órgãos. Indivíduos que preenchem esses requisitos existe uma chance maior de serem sintomáticos e terem maiores complicações (chegada dos trofozoítos no sangue). • Trogocitose: processo pelo qual o trofozoíto fagocita parte da membrana da célula do hospedeiro. Uma espécie de “mordida” na célula. Esse processo é responsável pela lesão do muco e invasão do trofozoíto nos outros órgãos extra intestinais. As amebas conseguem escapar do nosso sistema imunológico através do processo trogocitose. Esse processo é capaz de levar as moléculas da membrana da célula hospedeira para a membrana do trofozoíto, fazendo com que “engane” o sistema imune com as nossas próprias moléculas (parte da membrana vai para o vacúolo do parasita e a outra parte será levada para a membrana do trofozoíto). Patogenia Após o paciente ingerir os cistos da E. histolytica, o tempo de incubação pode variar de 7 dias até 4 meses até que apareçam os sintomas. Podem apresentar uma forma assintomática ou forma sintomática que pode se dividir em formas intestinais e formas extra intestinais. Classificação clínica - Formas assintomáticas - Formas sintomáticas Intestinal: colite não disentérica e colite disentérica Ameboma Apendicite amebiana Extra intestinal: hepática, pulmonar,cerebral, pele, genital, esplênica O intestino é irrigado pela veia porta e poderá levar os trofozoítos para o fígado. Geralmente ocorre no lobo direito do fígado que quando extravasa pode levar a um abcesso pulmonar. Caso seja no lobo esquerdo, pode atingir o pericárdio sendo fatal. O abcesso hepático pode ter diferentes formas, porém a principal é um ameboma. Após o rompimento do abcesso hepático, podemos ter a forma pulmonar, abcesso esplênico e cerebral. Além disso, pode haver extravasamento do intestino, levando a uma amebíase cutânea (fístula de infecção cutânea perianal). Manifestações clínicas da amebíase: Disenteria: a forma clínica mais encontrada. É uma doença aguda infecciosa, específica, e irá acontecer devido a lesões inflamatórias e ulcerativas das porções inferiores do intestino. Manifesta-se com diarreia intensa, cólicas, febre, geralmente com eliminação de sangue e muco. A presença de sangue nas fezes é um determinante da Amebíase Amebíase hepática • Invasão dos vasos sanguíneos leva as amebas ao fígado (22% dos casos) • Altos títulos de anticorpos (IgG) E. histolytica ao se implantar no fígado humano formam-se inicialmente lesões pequenas que se estendem e unem-se constituindo focos de necroso Manifestações clínicas: - Dor, febre e hepatomegalia, anorexia, perda de peso - Altos títulos de anticorpos (uma forma de dignóstico) - Icterícia = mau prognóstico A ruptura do abcesso pode ocasionar a liberação das amebas atingindo: pulmão (8% dos casos), cérebro (1,2% dos casos) Abcesso pulmonar É a complicação mais comum do abcesso hepático e apresentam como sintomas: tosse, dispneia, dor torácica e calafrios. Diagnóstico Amebíase intestinal - Dor abdominal e desinteria - Exame de fezes: Fezes diarreicas, presença de trofozoítas hematófagos de E. histolytica Fezes não diarreicas, presença de cistos. Diferenciação das cepas patogênicas (E. histolytica) e não- patogênicas (Entamoeba coli). O diagnóstico é feito conhecendo-se a história do paciente, sinais clínicos, observação dos parasitas e a presença de sangue oculto, ambos nas fezes. Pode ser complementado fazendo-se a sorologia (análise de anticorpos para os trofozoítas) e PCR. Abcesso hepático amebiano - Dor abdominal: a dor abdominal é presente em 90~93% dos pacientes. - Exame de fezes: Menos de 30% dos pacientes tem amebíase intestinal concomitante Teste positivo para heme, pobreza de neutrófilos e a presença de trofozoítas hematófagos de E. histolytica As cepas patogênicas e não-patogênicas (E.dispar) da E. histolytica não podem ser diferenciadas morfologicamente e requerem testes sorológicos. - Testes sorológicos O antígeno da galactose lectina está presente no sangue de 75% dos indivíduos com abcesso hepático amebiano Resposta de anticorpos antiamébicos IgG no sangue De acordo com o teste laboratorial, se for observado o abcesso ou a presença positiva de anticorpos, irá realizar quimioterapia e cirurgia. Se o sorológico for negativo, mas o raio X for positivo, é necessário fazer uma aspiração para observação dos parasitas nos órgãos infectados. Se a aspiração for positiva, será encaminhado para quimioterapia/cirurgia. Se não for observado os parasitas, o paciente poderá ter outra doença (abcesso piogênico, neoplasia e etc). Tratamento Esses nitroimidazólicos, principalmente o metronidazol, ele é pouco absorvido e tem baixa ligação a proteínas plasmáticas. Isso permite que ele adquira uma boa concentração em todos os tecidos afetados pelos parasitas. Apesar disso, ele é bastante tóxico, causando diversos efeitos colaterais. Isso ocorre pois ele não é seletivo para as amebas, uma vez que ao entrar na célula do hospedeiro, o seu grupo nitro leva a liberação de compostos tóxicos e radicais livres que atuam no DNA da célula, inativando-o e impedindo a síntese enzimática das bactérias. Desse modo ele atinge tanto a ameba quanto a célula hospedeira, levando a toxicidade. AMEBAS DE VIDA LIVRE DE IMPORTÂNCIA MÉDICA • Naegleria fowleri • Acanthamoeba spp Naegleria fowleri • Protozoário, unicelular e eucarioto • Encontrada no solo de águas mornas, lagos, rios e piscinas não tratadas • Cresce melhor em altas temperaturas (46ºC).Tanto os trofozoítos como os cistos podem sobreviver de minutos a horas nas temperaturas (50º~65ºC) com os cistos sendo mais resistentes a essas temperaturas. • Entra pelo sistema olfatório enquanto a pessoa nada ou mergulha, se instalando no cérebro e medula espinhal. • Causa MAP (fatal): Meningoencefalite Amebiana Primária, inflamação das meninges, destruição do tecido cerebral, morte. Conhecida como “Brain eating ameba” Ciclo Biológico Sintomas - Sinais e sintomas da meningite: dores de cabeça, febre, náuseas, vômitos e enrijecimento do pescoço; - Níveis elevados de contagem de leucócitos periféricos, principalmente leucócitos polimorfonucleares; - LCR turvo com leucócitos, hiperproteinose, baixo nível de glicose e ausência de bactérias e fungos; - Agravamento rápido da doença Tonturas, alucinações e morte em 3 a 7 dias Diagnóstico A infecção por Naegleria fowleri pode ser diagnosticada em laboratório pela detecção de: • Naegleria fowleri no líquido cefalorraquiadiano (LCR); • Biópsia ou espécimes de tecido • DNA de Naegleria fowleri no LCR Não há tratamento efetivo. • Gênero Acanthamoeba Espécies: A. castellani, A. culbertisonii, A. polyphaga, A. astronyxis Acanthamoeba spp • Encontrada na água e solo: águas mornas, lagos, rios, esgotos, mares Em pacientes imunocomprometidos, causa Encefalite amebiana granulomatosa e sepse. Em pacientes saudáveis, contamina lentes de contato aderindo à córnea causando inflamação epitelial e necrose. Além disso, causa ceratite. Possui duas formas de desenvolvimento: trofozoítos e cistos. A forma de trofozoítos apresenta acantopódeos que são projeções da membrana plasmática e os cistos variam de forma, podendo ser poligonais ou ovais com uma parede cística dupla: interna (poros) e a externa (ondulada). Ciclo Biológico O cisto vive no fundo de rios, lagos ou mares e se transformam em trofozoítos. Mediante a quantidade de nutrientes, esses trofozoítos irão se dividir por mitose. Quando a pessoa entra em contato, ela pode se contaminar de várias maneiras: através das narinas (trato respiratório), através da pele (imperfeições) e pelos olhos. Os dois primeiros podem levar esse trofozoíto ou o cisto a infectarem o cérebro pelo sangue (via hematogênica → diferente da Naegleria que é via bulbofatória), gerando a Encefalite amebiana granulomatosa. No olho também pode ser infectado levando a ceratite. Em pacientes com imunodepressão, podemos ter a Encefalite amebiana granulomatosa, que começa com sinais de meningite como dores de cabeça, febre, náuseas, vômitos e enrijecimento do pescoço e morte. Essa infecção também pode levar a sepse (uma infecção disseminada que ocorre quando as amebas entram no sangue e se espalham por pulmões, pele, sinos nasais, cérebro e fígado). Há a possibilidade de acantamebíase cutânea com lesões nodulares que progridem para úlceras. Em relação a infecção ocular (ceratites), caso não haja uma boa desinfecção das lentes oculares após contaminação pelos trofozoítos, crescerão bactérias que servirão de alimento para esses parasitas. Eles então irão se multiplicar e causar uma infecção ocular. Através de seus mecanismos de virulência (serino e cisteíno-proteases) gerarão a lesão/morte celular, fagocitose e apoptose das células da córnea. Dor, vermelhidão da conjuntiva, sensibilidade à luz, visão embaçada. Infiltrado anelar na córnea → perfuração da córnea → cegueira Diagnóstico Procura-se os trofozoítos e os cistos no LCR em pessoas com meningoencefalites. Suspeita de meningoencefaliteamebiana primária pela história de natação em agua corrente. Fazer exame direto do LCR, pois pode revelar os trofozoítos amebianos móveis. Ensaios imuno-histoquímicos, cultura de ameba e PCR do LCR e/ou biopsia cerebral estão disponíveis nos laboratórios de referência especializados. A ceratite é necessário fazer um exame direto pela raspagem da córnea (pode ter cistos), ou também pode ser através de cultura ou PCR desse material. Tratamento Não existe um tratamento específico, é utilizado Anfotericina B e Rifampicina. Pode ser utilizado algum azol (fluconazol, voriconazol ou cetoconazol) e a Azitromicina. São utilizados compostos antifúngicos ou bactericidas que são utilizados no controle da Acanthamoeba. (+ completo no slide) Prevenção • Higiene das lentes de contato e não usar lentes de contatos quando for nadar Aula 4: Giardíase Giardia é um gênero de protozoários do grupo dos sarcodíneos, da classe Zoomastigophora: organismos unicelulares, eucariotos que se locomovem com auxílio de flagelos. São da ordem Diplomonadida, que apresentam dois núcleos e simetria bilateral. Parasitam o intestino delgado. É conhecida como Giardia lambia, G. duodenalis ou G. intestinalis e é o parasita intestinal humano mais comum em todo o mundo. Cães, gatos, bovinos, ovinos e uma variedade de animais selvagens podem agir como reservatórios da infecção humana para esta doença. Por habitar/contaminar animais além dos seres humanos, é uma zoonose. Recentemente estudos moleculares mostraram a presença de diversos tipos de giárdias, entretanto somente o grupo A (G. duodenalis) e o grupo B (G. entérica) infectam os humanos. É uma doença que atinge o mundo inteiro e atinge principalmente países em desenvolvimento (20~30%). Sua transmissão é fecal-oral e a população mais atingida são as crianças, idosos, presidiários e indivíduos imunocomprometidos. Possuem duas formas de desenvolvimento: os cistos e os trofozoítos. Os trofozoítos é a forma que irá causar as manifestações clínicas pois está presente no duodeno aderida à mucosa. Seu metabolismo é anaeróbico, porém podem viver com baixas concentrações de O2 (aerotoloerante). Por não possuir mitocôndria, seu metabolismo provém da glicólise de carboidratos, através da via glicolítica. Os axóstilos servem para dar sustentabilidade ao protozoário e o disco ventral será a organela pela qual a giárdia se adere à mucosa do intestino. Os cistos possuem uma grossa parede cística e com 2 a 4 núcleos. Essa parede permite que os cistos resistam longos períodos de tempo fora do hospedeiro. As proteínas da parede cística servirão para análise de antígenos nas fezes (determinar a presença dos parasitas). Ciclo biológico Quando ocorre o desencistamento, são liberados 2 trofozoítos. Estes possuem uma placa de sucção (disco suctorial) capaz de se aderir à mucosa intestinal. Uma vez aderido, começa a reprodução assexuada em grande escala, alterando as funções de transporte de água e nutrientes do intestino. A medida que progridem no intestino, se transformam em cistos e são eliminados junto com as fezes. Como a função do intestino é absorção de alimentos, essa atividade fica comprometida, levando a sua diminuição. Os alimentos então, serão processados pela giárdia e pelas outras bactérias da microbiota intestinal, levando a uma diarreia com gases. Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=a2-DnXDZTZI Sintomas da Giardíase Aguda: diarreia (processo inflamatório), gases, azia (não digestão dos alimentos), dor abdominal, perda de peso, fezes amareladas (presença de alimentos nas fezes) e esteatorréia (lipídeos nas fezes). Em 50% dos indivíduos, a infecção é autolimitante (pode se curar sozinho). 5 a 15% dos pacientes são assintomáticos e liberam cistos nas fezes por até 6 meses. São sintomas comuns a infecções bacterianas e virais. https://www.youtube.com/watch?v=a2-DnXDZTZI Essa interação vai depender da cepa do parasita como visto a cima, e este parasita vai liberar fatores de virulência, entre eles proteases (catepsina) que irão romper a IL-8 (citocina que atrai neutrófilos para o combate da giardia) impedindo a ação dos neutrófilos. Além disso, diminuem a quantidade de arginina, diminuindo a produção de radicais livres (principalmente de NO que também levaria a destruição do parasita). Ocorrerá também a troca de proteínas de superfície, enganando o sistema imune. Desse modo, o processo inflamatório irá se estabelecer pela adesão e liberação das proteases que irá levar a diminuição das microvilosidades e morte por apoptose dos enterócitos, gerando má absorção dos nutrientes e água e também a perda da barreira epitelial, com perda de água e Cl-, aumentando a diarreia. Esse processo inflamatório pode contribuir para uma doença crônica que pode persistir mesmo na ausência do parasita. Giardíase Crônica • Sintomas duram anos; • Episódios de diarreia contínuos, intermitentes ou esporádicos; • Em crianças: comprometimento da absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis (A,D,E e K), vitamina B12, ferro (anemia), xilose e lactose; Desenvolvimento cognitivo e físico prejudicado. • Facilmente confundível com outras doenças crônicas do intestino, como: doença de Crohn; doença celíaca; síndrome do intestino irritável; anafilaxia alimentar crônica e intolerância à lactose. O maior impacto da Giardíase é no crescimento e na cognição das crianças. Está entre as causas da desnutrição de 20% das crianças do mundo. Transmissão: mãos sujas, alimentos contaminados com cistos eliminados nas fezes (manipuladores de alimentos, cistos sobrevivem no intestino de moscas e baratas, contaminação de águas e plantações). → fecal-oral. Contamina os rios e cursos d’água do interior, mas as áreas urbanas também estão sob risco significativo. Fezes compostas = cistos Fezes líquidas = cistos e trofozoítos Antígeno nas fezes = procura a proteína da parede cística Esses fármacos são pobremente absorvidos, fazendo com que tenha uma quantidade suficiente no TGI matando os trofozoítos. Eles liberam nitritos, levando a liberação de EROS que irão interferir no DNA do trofozoíto Albendazol é um anti-helmintico que é utilizado somente na giardíase. O resto pode utilizar metronidazol. Utilizar 400 mg por 5 dias. Aula 5: Tricomoníase A Trichomonas vaginalis é um protozoário de caráter monoxênico, poliformo e também é o agente etiológico da Tricomoníase que tem uma importância médica muito grande pois se trata de uma infecção sexual transmissível (IST). Ela está envolvida em infecções e coinfecções com indivíduos que apresentam o vírus da AIDS, herpes e HPV. Está envolvida direta ou indiretamente no desenvolvimento de tumores no cérvix uterino e dessa forma o aprofundamento das pesquisas e do conhecimento acerca do parasito, é importante para controlar essa doença. As Trichomonas podem infectar tanto homens como mulheres, entretanto a maior parte das mulheres que apresentam sintomas (sintomáticas), do contrário dos homens. Alguns pesquisadores levantam a hipótese que os homens atuam mais como vetores do que hospedeiros definitivos. Células que descamam do epitélio, assim como leucócitos, uma vez destacadas desse epitélio, as Trichomonas podem ficar arredondadas e assumir outros formatos, sendo necessário uma maior experiência para a identificação dos esfregaços. Taxonomia: Ordem: Trichomonadida / Família: Trichomonadidae / Gênero: Trichomonas • Gênero Trichomonas Espécies que infectam humanos: • Trichomonas vaginalis • Trichomonas tenax (cavidade bucal de humanos e símios) • Trichomonas hominis (não patogênico – trato GI) Outras espécies de importância econômica: • Tritrichomonas foetus: aborto em gados e infecção prepucial em touros • Tritrichomonasgallinarum: intestino e fígado de aves (perus, frangos, galinha d’Angola). Trichomonas tenax Pode infectar a cavidade bucal e é transmissível pela saliva. O T. tenax agrava o desequilíbrio da microbiota bacteriana bucal, podendo até afetar o osso. A higiene bucal é importantíssima para o controle da microbiota bacteriana, mas sobretudo para infecções parasitárias que levam ao comprometimento da saúde bucal. Trichomonas vaginalis • Prozoário flagelado anaeróbico facultativo monoxênico Se desenvolve muito bem em ambientes com baixo teor de O2 Monoxênico: um único hospedeiro (o ser humano) Trato geniturinário de homens e mulheres Aspectos celulares dos trofozoítos de T. vaginalis • Em meio de cultura ou no epitélio do trato urogenital, mas não aderido, adquire a conformação de piriforme. • As organelas possuem localização prevista e a região anterior é aquela que o flagelo se torna livre. • O flagelo recorrente (posterior) se mantém parcialmente preso à membrana plasmática • No eixo, possui o axóstilo que fornece sustentação e se exterioriza e é importante para cariocinese. • Aparelho parabasal dá sustentação ao Complexo de Golgi Além disso, existem organelas esféricas espalhadas pelo corpo do protozoário conhecidas como hidrogenossomos. Evolutivamente possuem uma certa similaridade com as mitocôndrias. A enzima piruvato ferredoxina óxido redutase é muito importante para o metabolismo do piruvato. • Glicose (do meio) → Piruvato → Acetato + ATP e H2. A formação de H2 é o que responde pelas secreções bolhosas em casos mais críticos nas infecções do trato vaginal. São alvos dos fármacos atualmente disponíveis para o tratamento da tricomoníase. Metabolismo O parasita é altamente dependente de íons Fe2+ que regulam a transcrição do RNA mensageiro por apresentar regiões que respondem a presença de Fe2+ e consequentemente na tradução de proteínas. É também cofator da piruvato ferredoxina óxido- redutase. A presença de Fe2+ é tão importante que em cultivos axênicos feitos em laboratório comparando a suplementação do meio com e sem Fe2+, no meio em que a depleção de Fe2+ o parasito não cresce. O que acontece é uma parada no ciclo celular e uma possível formação de um pseudocisto. O Fe2+ pode ser captado pela hemólise das hemácias, pois existem enzimas que são dependentes dele, agindo como um cofator para atividade delas. O metabolismo de poliaminas é essencial nesses protozoários, pois no ambiente em que eles proliferam e colonizam há baixa abundância de reservas energéticas de carboidratos, então eles fazem o metabolismo baseado nas aminas captadas no ambiente extracelular. Isso implica também na morte celular do epitélio, por que eles captam espermina e liberam putrescina, que é tóxica para as células epiteliais, favorecendo a apoptose dessas células. • Célula poliamorfa e formadora de pseudópodes: o protozoário possui uma plasticidade grande. Em um dado momento, em presença do tecido epitelial de seres humanos, há uma completa transformação do citoesqueleto celular para se adaptar ao epitélio humano, assumindo uma forma ameboide que possuem inclusive pseudópodes. Esses, aderem ao epitélio, sendo importante para a captação de nutrientes, infecção e colonização do epitélio. Em dado momento, é comum ocorrer uma agregação de vários Trichomonas, importante para evasão do sistema imune. Quando as condições ambientes do trato geniturinário não forem adequadas, o protozoário assume uma forma pseudocística (arredondamento da célula, encurtamento e desaparecimento dos flagelos). Essa forma não é a de um cisto verdadeiro e sim resultado de um estresse ambiental e uma forma de sobrevivência. O cisto verdadeiro corresponde aos cistos de ameba e giárdia, que fazem parte do ciclo infeccioso dos protozoários pois estão envolvidos em formas infecções. Morfologia Ameboide quando aderido ao epitélio vaginal Antes mesmo do contato (citoaderência), existe a secreção de uma glicoproteína chamada CDF que está envolvida na descamação do epitélio (comum de ser visualizado nas secreções oriundas do processo de infecção). A T. vaginalis faz uso de diversos mecanismos para se estabelecer no hospedeiro. Uma outra questão é a expressão de diversas adesinas que contribuem para o reconhecimento entre a célula o epitélio vaginal. Além disso, ela apresenta uma lipoglicana, também contribuindo para adesão. Ocorre também a secreção de cisteíno, serino proteases, metaloproteinases que possuem um papel inicial de quebrar proteínas de membrana do epitélio para abrir espaço para colonização da Trichomonas em regiões mais profundas do tecido alcançando, inclusive, a matriz extracelular (ME). Nesse sentido, há a G3PDH que está expressa na membrana do protozoário e faz parte do metabolismo energético da glicose. Ela reconhece e se liga à laminina e fibronectina da ME, ou seja, quando o parasito alcançou regiões mais profundas do tecido, causando infecções mais severas e cronificadas. Os Exossomos são vesículas muito pequenas que são secretadas para atuar na regulação da infecção, sendo nesse caso, acontece um aumento da expressão de moléculas de adesão no epitélio vaginal favorecendo a citoaderência do parasito. A secreção de DNAses favorece a evasão do sistema imune. Patogênese Outro desafio das Trichomonas é se estabelecer dentro do epitélio vaginal diante da microbiota da vagina chamada de Lactobacilli. Essas bactérias são importantes na saúde do local e no controle das células, pois produzem ácido lático e regulam o pH natural da vagina (3.8-4.4 – ácido). Com decorrência do seu metabolismo, essas bactérias produzem H2O2 que contribui para uma auto-regulação da densidade celular. A presença de fosfatase ácida é um marcador de organelas que indica que houve a fagocitose dos Lactobacilli. 1. Desaparecimento de cílios e microvilosidades: implica em problemas sérios de saúde para o indivíduo 2. Aumento dos espaços intercelulares: com a secreção de diversas proteases, há o aumento dos espaços intercelulares, cronificando o processo de infecção e estabelecimento do protozoário no hospedeiro. As cisteínas-proteases (CP30 com adesão e passagem pelo epitélio) e as serino-proteases (TvROM1) agem nessas células do epitélio, prejudicando e levando a morte celular. Essa morte celular beneficia as Trichomonas pois elas podem usufruir dos restos celulares e os nutrientes para o próprio metabolismo. Além disso, essas cisteinas-proteases são capazes de inativar os anticorpos presentes na mucosa (IgA e IgM e até mesmo os anticorpos desenvolvidos na imunidade adquirida), amortecendo o impacto do sistema imunológico. Trogocitose e Fagocitose: um dos mecanismos usados pelas Trichomonas além da fagocitose é a trogocitose. Ainda pouco descrito, mas a célula ao invés de fagocitar, ela arranca pedaços e vai comendo aos poucos, gerando respostas intracelulares que levam a morte celular das células trogocitadas pelo protozoário. Desorganização do complexo juncional: esse complexo juncional é importante para manter a integridade do epitélio vaginal. Quando o epitélio está infectado por Trichomonas, há uma redução drástica da expressão e localização dessas proteínas ocludinas nas células, ou seja, abrem-se espaços intercelulares → Trichomonas está cada vez mais penetrando no tecido. Mecanismos de Patogenicidade A) Citoaderência - Formato periforme: infecção recém estabelecida - Formato pleomorfo ameboide – citoaderência estabelecida • Formação de agregados celulares: Os agregados celulares são interessantes porque eles contribuem para diminuir a ação das células do sistema fagocítico mononuclear e a eliminação dessas Trichomonas do hospedeiro, fazendo com que elas possam ser mais resistentes ao ataque do sistema imune. B) Efeitos citotóxicos Como consequênciada citoaderência, secreção de proteases, inclusive da trogocitose e fagocitose, há diversos efeitos citotóxicos que levam a apoptose ou a necrose dessas células. Além disso, devido ao ataque maçiço de proteases e do remodelamento do epitélio para tentar recuperar a integridade, das co-infecções com o vírus HPV, é possível estabelecer uma associação com o desenvolvimento do câncer do cérvice uterino em mulheres que apresentam Tricomoníase. Além disso, pode gerar complicações mais severas, como a inflamação pélvica, levar grávidas a partes precoces ou abortos. A criança pode pegar a doença pelo parto vaginal (contato com a secreção vaginal da mãe, podendo internalizar o protozoário). C) Presença de simbiontes – indução de citocinas C.1. TTV – Trichomonas vaginalis vírus: RNA de dupla fita. 4 tipos (pode haver simbiose com mais de um tipo) Aumento de citocinas pró-inflamatórias Produzem P270 – cepas mais virulentas e resistentes aos anti-parasitários C.2. Mycoplasma hominis: aumenta a taxa de prolifação de T. vaginalis e produção de ATP aumento de citocinas pró-inflamatórias C.3. Mycoplasma giredii: isolada junto a secreções de mulheres positivas para T. vaginalis Simbiose (?) Como resultado desses processos, ocorre necrose dessas células, havendo um reaproveitamento de açúcares, aminoácidos, proteínas, bases nitrogenadas e estoques de Fe2+. Ainda pode induzir a apoptose celular (formação de bolinhas blebbing, ocorrendo um descolamento da membrana plasmática ao citoesqueleto de actina que fica ajacente a membrana celular). Apoptose é uma “morte silenciosa”, não gerando processo inflamatório, porém segue sendo eliminada por células do sistema fagocítico mononuclear. Independentemente de ser apoptose ou necrose, ocorrerá um processo inflamatório. Mecanismos de patogenicidade – conexão imunidade do hospedeiro e evasão do sistema imune As Trichomonas quando aderidas ao epitélio vaginal e apresentarem simbiontes, irão realizar uma modulação na produção de citocinas inflamatórias pelo epitélio em que estão presentes. Ocorre também a secreção de um análogo de MIF, aumentando a secreção de citosinas pró- inflamatórias • A lipoglicana que medeia adesão através de galactina na membrana do hospedeiro, faz com que esse hospedeiro, como resposta, produza citocinas → IL-8 recruta neutrófilos (principais células de defesa nesse caso) • Os Exossomas modulam negativamente a produção de IL-8, tornando o indivíduo mais tolerante à presença do parasito • Ap65 que é secretada vai agir sobre as proteínas da própria membrana de T. vaginalis, mudando o perfil antigênico e consequentemente promove a evasão do sistema imune → maqueia o processo do sistema imune. O parasito faz trogocitose nos neutrófilos e vice-versa. No entanto, é necessário 5 neutrófilos por Trichomonas para amortecer o impacto do parasito nas células epiteliais. • Dentre os mecanismos de evasão, ela promove a lise celular de células T e B, freiando ambas as imunidades, diminuindo a resposta. • Ocorre a produção de DNase que agem sobre a netose dos neutrófilos → degrada as redes • Produção de cisteina-proteases → degradação de anticorpos e diminuição da resposta em cima das Trichomonas. Neutrófilos possuem receptores para anticorpos, caso eles não reconheçam os anticorpos já degradados, vai haver menos eventos de trogocitose/digestão do protozoário → favorece o estabelecimento. • Clumping que é o aglomerado de células que irá ajudar a sair da ação dos neutrófilos, aumentando a aderência nas células epiteliais • Secreção de exossomas que irão modular citocinas que irão reger a resposta imune → promove uma tolerância imunológica muito maior que esperada. • O sistema complemento entra em ação porém o protozoário secreta proteínas que inativam algumas vias/rotas de ativação das proteínas que compõem o complemento. Tricomoníase – infecção sexualmente transmissível O homem vem sendo apontado como o vetor da doença por serem assintomáticos e normalmente esses pacientes costumam ser notificados após confirmação na parceira sexual. As infecções geralmente são autolimitantes. Incubação: 3 a 28 dias (mulher) e 3 a 10 dias (homem) Sintomas: uretrite (ardência miccional, prurido, secreção leitosa/purulenta mais abundante pela manhã). Complicações: Prostatite, cistite, bexiga, vesícula seminal, balanopostite (especialmente nos homens não circuncisados). Na mulher.... Prevalência na idade sexual mais ativa e pode evoluir de um estado assintomático a agudo (intenso) Tropismo: exocérvice, porém pode ser endocérvice com secreção (menor grau; co-infecção com gonorreia, clamídia e herpes) Sintomas: Leucorréia esbranquiçada bolhosa (H2 – sintoma comum); Leucorreia amarelo-esverdeada fluida (é sugestivo de uma vaginite, mas não pode bater o martelo); ocorre aumento do pH vaginal de 3- 8~4,4 para 5-7,5 (não confundir com secreção purulenta de gonorreia, clamídia e herpes); observa-se um odor fétido (presença de putrescina) e mais intenso após o período menstrual; prurido, poliúria, cervicite, disúria, dispareunia (dor no sexo) e Colpitis macularis (cérvice com aspecto de morango – 2% dos casos) Complicações: infertilidade (dano às celulas cilidas da mucosa tubária ou fagocitose de sptz); câncer cervical (reparos frequentes) e de próstata e aumento o risco de contrair HIV ou de disseminar. Diagnóstico Clínico • Subjetivo e sujeito a erros (88% erros), pois o homem é pouco sintomático e procura menos o médico, a mulher que é sintomática, nem sempre apresenta todos os sintomas. Então isso tem uma variabilidade na intensidade dessa infecção pelo parasita. • Além disso, é necessário descartar a infecção por fungos e a vaginose bacteriana. Para isso, é necessário realizar exames das infecções vaginais. É o mais importante. O melhor diagnóstico é o da tabela a seguir: Diagnóstico Laboratorial Ainda não aconteceu a discriminação entre Vaginose e Tricomoníase, então pega-se a Zaragatoa (utilizada no exame a fresco) e coloca-se em meio TYM (cultura) com soro fetal bovino (SFB) a 37ºC por 24h. Após isso, é retirada uma alíquota e levada para observação no MO. Possui sensibilidade de 95% e é pouco usado no Brasil. No Brasil é muito complicado o diagnóstico da Tricomoníase, por questões de não ser adotado no SUS, questões relacionadas a infraestrutura, educação populacional e etc. O que ocorre é a utilização da Zaragatoa seguida por coloração por Giemsa ou Papanicolau. Em homens: Coleta da secreção da próstata (matinal); Presença no sêmen; Sedimentação da urina matinal (pouco sensível). • Ensaios por PCR: secreções vaginais, uretrais ou urina (homem); custo elevado; pouco utilizado no Brasil. • Exame antígeno-anticorpo: ELISA, hemaglutinação, fixação do complemento, imunofluorescência. Resposta variável. Não usados no Brasil na rotina. Tratamento Nitroimidazóis: formação de espécies reativas de nitrogênio e oxigênio Considerado um pró-fármaco. Secnidazol também é utilizado para giárdia e para amebas. • Tricomoníase no recém nascido: através do parto • Tricomoníase é rara na infância: pH vaginal não favorece a proliferação do protozoário. Se encontrada, deve-se suspeitar de abuso sexual. Profilaxia • Uso de preservativos; • Abstinência de relações sexuais; • Tratamento (simultâneo ainda que o outro parceiro não tenha apresentado sintomas); • Lavagem de roupas íntimas recém compradas; • Não frequentar piscinas caso esteja infectado ou banhos em banheira; • Não compartilhar toalhas Aula 6: Triatomíneos e a Doença de Chagas (focado parasita-vetor) Descoberta em 1909 pelo médico brasileiro Carlos Chagas, é causada pelo protozoário flageladoTrypanossoma cruzi. Essa doença é endêmica em cerca de 21 países da América Latina e estima-se que cerca de 6 milhões de pessoas estão infectadas na América Latina, onde cerca de 14 mil morrem por ano. Triatomíneos são insetos hematófagos da família Reduviidae que transmitem ao homem o Trypanossoma cruzi, agente etiológico da Doença de Chagas. • Filo: Arthropoda / Classe: Insecta / Ordem: Hemiptera / Família: Reduviidae / Sub-família: Triatominae/ Gênero: Rhodnius, Panstrongylus, Triatoma (3 gêneros de importância médica, ou seja, que possuem espécies competentes em transmitir o T. cruzi) Esses insetos possuem um ciclo hemimetábolo (metamorfose incompleta) e são estritamente hematófagos (só se alimentam de sangue), utilizando- o para a nutrição e o desenvolvimento. A ninfa 1 se alimenta, faz a muda e vai para o para a ninfa 2 e assim sucessivamente até o estágio adulto (macho ou fêmea). As diferenças entre o estágio adulto para ninfa são a presença de asas, o tamanho e o aparelho reprodutor maduro. Isso é importante pois existem determinadas características são importantes para transmissão da Doença de Chagas: as asas (poder de dispersão maior – ninfas não voam), além disso, todas as fases do ciclo de vida podem transmitir o T. cruzi, exceto a Ninfa 1 (primeiro ela se alimenta de uma pessoa infectada para se infectar e depois transmitir o protozoário). • Esses insetos realizam alimentações sanguíneas abundantes e ocasionais pois podem ficar longos períodos sem sofrer de desidratação. • São principalmente noturnos e se alimentam de sangue de mamíferos (incluindo os humanos), aves e répteis. • São encontrados em uma gama de configurações ambientas, geralmente próximos a fonte sanguínea. - Habitações humanas precárias - Ambientes ao ar livre (rochas, madeira, pilhas de escova, debaixo de casca, ninhos ou tocas de animais) • Principais espécies vetoras: Triatoma dimidiata, Triatoma infestans, Panstrongylus megistus, Triatoma brasiliensis e Rhodnius prolixus. Esses são os que possuem maior relevância epidemiológica. Transmissão São descritos 3 ciclos: silvestre, peridoméstico e doméstico No ciclo silvestre (1), ocorre a transmissão/manutenção do T. cruzi, onde esse parasito ele circula entre hospedeiros vertebrados, silvestres e insetos triatomíneos silvestres. Porém, algumas espécies de triatomíneos se adaptaram a viver no peridomicílio (2) e domicílio (3) onde eles se alimentam de sangue de animais que vivem nesses dois ambientes. No ambiente peridoméstico, esses insetos se alimentam de sangue de porcos, galinhas, cabras e cães, fazendo com que o parasita transite entre esses animais e os próprios triatomíneos, ocorrendo de eventualmente picar o homem, transmitindo o T. cruzi. Os insetos que fazem o ciclo doméstico se adaptaram a viver dentro do domicílio, permitindo que T. cruzi possa circular entre os humanos e os próprios. Em relação a preferência alimentar, existem dois conceitos: zoofilia que é a preferência por picar/se alimentar de animais, sem ser o ser humano e antropofilia é a preferência por picar humanos. Além disso, existe o termo endofilia x exofilia, onde o primeiro é relacionado aos insetos que colonizam as casas, invadindo as casas para picar humanos e o outro está relacionado com insetos que vivem em um ambiente silvestre. Os insetos que possuem uma maior relevância epidemiológica, como por exemplo, Rhodnius prolixus e o Triatoma infestans são vetores principais do T. cruzi pois são insetos que são extremamente antropofílicos e são endofílicos. Então os insetos de maior relevância são os insetos que fazem um ciclo peridoméstico e principalmente doméstico. Ciclo de vida do T. cruzi Esse parasita ele tem dois hospedeiros, com um ciclo de vida heteroxênico (hospedeiro vertebrado e invertebrado). Ao lado está representado ambos os ciclos. Ciclo de vida do T. cruzi dentro dos triatomíneos O ciclo de vida do parasito dentro dos triatomíneos começa quando o inseto se alimenta de uma pessoa infectada e adquire junto com o sangue, formas de ciclo de vida conhecidas como tripomastigotas sanguíneos (parasito chega junto com o sangue no TGI do inseto). O trajeto do parasito será do intestino anterior até o intestino posterior e em seguida o reto (transmissão fecal do inseto). A primeira coisa que acontece quando esses parasitas mudam de hospedeiro, eles precisam se diferenciar em uma nova forma de ciclo de vida que é a forma que sobrevive no hospedeiro vertebrado e que é diferente da forma que sobrevive no hospedeiro invertebrado. O parasito consegue fazer isso porque ele consegue reconhecer vários sinais (p. ex: o pH intestinal do inseto é diferente do pH sanguíneo do hospedeiro, a temperatura do hospedeiro invertebrado é menor do que a temperatura do hospedeiro vertebrado, a quantidade de nutrientes disponíveis, ocorre estresse osmótico e oxidativo) permitindo que o parasito entenda que ele mudou de hospedeiro e precisa se diferenciar. Dessa forma, ele se diferencia da forma tripomastigota sanguíneo para forma epimastigota que é a forma replicativa. Essa forma então, migra no intestino para região posterior e replica (nessa fase não existe somente epimastigota, mas também outra forma de ciclo de vida conhecida como esferomastigota que é uma forma de resistência – em ambientes não favoráveis aos parasitos). Uma vez no intestino posterior do inseto, ele migra para a ampola retal e nesse local ocorrem algumas mudanças (p. ex: a presença de urina e o PH) e o parasito se diferencia da forma epimastigota para forma tripomastigota metacíclica que a forma que é capaz de infectar o hospedeiro vertebrado. A forma tripomastigota metacíclica ela sai nas fezes do inseto, porém existe uma característica importante relacionado ao comportamento desse inseto. A transmissão ocorre porque algumas espécies possuem um comportamento de defecar quase que simultaneamente com a alimentação e é nesse momento (perto do local da picada) e que ocorre a transmissão. Isso ocorre pois no momento da picada do inseto, junto com a saliva, são secretadas moléculas que tem a capacidade de causar irritação local e coceira. Então o hospedeiro vertebrado coça o local da picada, carregando a forma do ciclo de vida presente nas fezes do inseto. Há outra forma de transmissão que é através das mucosas onde o hospedeiro coça o local e contamina suas mãos, podendo leva-las a qualquer região de mucosa. Interações entre T. cruzi e o triatomíneo Assim que o parasito chega no ambiente intestinal (tripomastigota sanguíneo), ele tem que lidar com uma série de “particularidades” no intestino do inseto chamadas de barreiras à infecção (p. ex: enzimas digestivas, temperatura, osmolaridade, pH, fatores nutricionias e algumas moléculas, como as lectinas, aglutininas, peptídeos antimicrobianos que são produzidos em resposta à infecção causada pelo parasito). Caso esse parasita vença essas barreiras, ele se diferencia para epimastigota, prolifera e migra através do epitélio intestinal. Uma etapa importante dessa migração é a adesão do parasita à membrana perimicrovilar (adesão se dá através de moléculas como glicoinositofosfolipídeo, proteínas e glicoproteínas), caso contrário a infecção não será estabelecida. Na sequência, esse parasito se desliga dessa membrana e migra para a região posterior do intestino e o reto. Na ampola retal, o parasita sofre metaciclogênese (epimastigota → tripomastigota metaciclíco) e infecta o novo hospedeiro vertebrado. Foram descritos vários constituintes do inseto são importantes, como por exemplo a secreção de hormônios (PTTH) que estimula a secreção de outro hormônio que é a ecdisona que causa a maturação da membrana perimicrovilar, proporcionando a ligação do parasito e o estabelecimento da infecção. • Adepleção da microbiota bacteriana nos insetos facilita o desenvolvimento do T. cruzi em R. prolixus. A bactéria Serratia marcescens é capaz de bloquear parte da infecção no R. prolixus por T. cruzi por se ligar a superfície desse parasito. O papel do triatomíneo na transmissão oral do T.cruzi A transmissão oral desse parasito ocorre através da ingestão de alimentos contendo o T. cruzi e vem aumentando a cada ano. Isso ocorre por conta da falta de higiene durante a colheita até a comercialização do alimento, através de duas formas: Fezes de insetos infectados em alimentos, ingredientes ou equipamentos; Insetos infectados ou triturados durante o processamento do alimento A maior parte de casos reportados são da ingestão de cana-de-açúcar e açaí contaminados. Controle O controle da doença de chagas é basicamente feito através do controle vetorial nas habitações humanas, através de melhoria das casas, pulverização de inseticidas e a utilização de mosquiteiros e telas. Além disso, boas práticas de higiene dos alimentos, aumento da testagem de doadores de órgãos, tecidos e células, utilizando protocolos de segurança padrão para prevenção e acidentes de laboratório. Aula 6.1: Trypanosoma cruzi e a Doença de Chagas (focado parasita-hospedeiro) Uma característica marcante da Doença de Chagas é que é a única doença onde primeiro se identificou o agente etiológico no inseto vetor para depois ser documentado o parasito no hospedeiro vertebrado. Trypanosoma cruzi O parasito T. cruzi possui flagelo e uma mitocôndria única alongada que termina em um cinetoplasto. O cinetoplasto é uma região específica da mitocôndria onde está concentrado o DNA mitocondrial e está próximo a bolsa flagelar, onde se inicia o flagelo. Seu formato e sua posição em relação ao núcleo são critérios utilizados para classificar as diferentes formas de desenvolvimento de T. cruzi (epimastigota, amastigota e tripomastigota). • Heteroxeno (parasitas que só completam o seu ciclo evolutivo passando pelo menos em dois hospedeiros) • Eurixeno (parasitas que podem viver em grande variedade de hospedeiros) • Presente no tubo digestivo de triatomíneos (hemípteros hematófagos), e no sangue e nos tecidos de diferentes mamíferos. • Multiplica-se por divisão binária Curiosidade: os triatomíneos também chamados de “barbeiros”, recebem esse nome pois preferem fazer o repasto sanguíneo na face das pessoas. Ciclo Biológico O número 1 corresponde ao inseto vetor barbeiro que contendo a forma infectiva (tripomastigota metacíclico), faz o repasto sanguíneo e defeca. Nesse material fecal, contém a forma infectiva que pode penetrar por vários motivos: a noite a pessoa se coça e ao se coçar carrega o material fecal para o local da picada ou para outra lesão no rosto; a pessoa pode levar a mão a boca ou até mesmo levar a mão ao olho. Caso a penetração seja no braço ou em qualquer lugar do corpo é chamado de chagoma de inoculação, caso seja levada até o globo ocular, é chamado de sinal de romana. O parasito ao penetrar o hospedeiro vertebrado consegue infectar qualquer tipo celular. Dentro dessas células, ele vai se diferenciar para uma forma aflagelada chamada amastigota e essa forma consegue se multiplicar no citoplasma da célula infectada. Com a proliferação dessa forma, se diferenciam em formas com flagelos e móveis, agora chamadas de tripomastígotas sanguíneos. Por terem um movimento e pela grande quantidade de parasitas no interior da célula, essa célula acaba rompendo (lise celular) e esses parasitas conseguem atingir a corrente sanguínea. Os tripomastígotas sanguíneos e os tripomastigotas metacíclicos conseguem infectar uma grande variedade de células ou eles também podem ser capturados por outros triatomíneos quando estes forem fazer o repasto sanguíneo. Resumo das formas: tripomastigota metacíclico (vetor) → amastigota (humano) → tripomastigota sanguíneo (humano) → epimastigota (vetor) → tripomastigota metacíclico (vetor) Formas do T.cruzi Tripomastigotas: possui forma alongada, com cinetoplasto localizado na região posterior ao núcleo e com flagelo emergindo da bolsa flagelar (não visível no M.O). Nessa forma o flagelo se adere ao longo do corpo do parasito tornando-se livre na região anterior e a parte aderida ao corpo do T. cruzi é chamada de flagelo recorrente ou membrana ondulante. É uma forma altamente infectante e pode ser encontrada no intestino do inseto vetor; sangue de indivíduos infectados, cultura de células infectadas. Amastigotas: são formas arredondadas, com cinetoplasto na região anterior ao núcleo e com flagelo curto (não visível ao M.O) que emerge da bolsa flagelar. É a forma que prolifera, podendo estar presente em diferentes tipos celulares e pode ser encontrada no interior de células de hospedeiros vertebrados e em cultivo axênico. Epimastigotas: são formas alongadas e com cinetoplasto anterior ao núcleo. O flagelo emerge da bolsa flagelar e percorre aderido à parte do corpo do parasito, tornando-se livre na região anterior. Pode ser encontrado no tubo digestivo do inseto vetor e cultivo axênico. Resumo: • Tripomastigotas sanguíneos: forma alongada, cinetoplasto posterior ao núcleo, flagelo forma membrana ondulante • Tripomastigotas metacíclicos: fezes e urina de triatomíneo (infecção vetorial) • Epimastigotas: triatomíneo, meios de cultura – forma alongada com cinetoplasto justanuclear e anterior ao núcleo • Amastigotas: intracelular (SMF, células musculares), arredondado ou oval, com flagelo que não se exterioriza OBS: A forma epimastigota (proliferativa no inseto vetor) não infecta o hospedeiro vertebrado. A infecção no hospedeiro vertebrado vai acontecer por tripomastigotas metacíclicos ou sanguíneos e por amastigotas. Um aglomerado de amastigotas é chamado de ninho de amastigostas. Mecanismos de transmissão • Vetorial: de maior importância epidemiológica. Forma infectiva: tripomastigota metacíclica • Transfusional (raro): importante nas áreas urbanas. Forma infectiva: tripomastigota sanguíneo • Congênita: importância relativa. Forma infectiva: tripomastigotas diferenciados a partir de ninhos de amastigotas na placenta • Acidental: inoculação por agulha ou contato com mucosa de material contendo tripomastigotas • Transplante de órgãos (raro): pode resultar em doença aguda grave. Forma infectiva: amastigotas • Oral: leite materno, alimentos contaminados com fezes de triatomíneos, canibalismo. Forma intectiva: tripomastigotas Infecção A infecção de um T. cruzi em uma célula nucleada pode ocorrer de duas maneiras: ativa ou passiva. A infecção passiva, ele pode infectar uma célula fagocítica (p. ex: macrófago) pois é fagocitado pelo mesmo. Na infecção ativa, o parasita força entrada em uma célula não fagocítica (p.ex: fibra muscular). Além disso, existem 3 mecanismos de infecção: o primeiro é o dependente de actina onde ocorre a expansão da membrana e formação de um vacúolo parasitóforo (os lisossomos se fundem com o vacúolo). Há também o dependente de lisossomos, em que os lisossomos são direcionados para membrana e acabam deixando a membrana mais debilitada, facilitando a penetração do T. cruzi. Existe também o independente de lisossomo que ocorre na célula através de invaginações da membrana e por um processo dependente de PIP3. Independentemente do mecanismo de invasão do T. cruzi, ele não pode e nem deve ficar dentro do vacúolo, sendo necessário sua saída para o citoplasma para que possa se diferenciar em amastigota e iniciar o processo de proliferação. Esse mecanismo de escape do vacúolo ocorre através da secreção de uma molécula por parte do parasito chamada Tc-Tox que é análoga ao fator 9 do sistema complemento. Essa molécula então, polimeriza na parede do vacúolo, formando poros e rompendo-o. Durante esse processo o parasitase diferencia em amastigota e quando chega ao citoplasma, Inicia seu processo de proliferação. Formas clínicas da doença de Chagas Quando sintomático na forma aguda, os sintomas são inespecíficos/comuns (p. ex: febre, dor de cabeça e enjoo) e hepatoesplenomegalia. Já na forma indeterminada, caso o indivíduo venha a imunossuprimir, ele pode voltar a forma aguda e apresentar parasitas no sangue e tecido. A maioria dos pacientes permanecem na fase indeterminada por décadas e uma pequena porcentagem pode evoluir para a forma crônica. A forma crônica é determinada pelo surgimento de evidências de comprometimento cardíaco e digestivo. Fase aguda: edema periorbital (1-2%) que é o Sinal de Romana, alta parasitemia e parasitismo tissular, miocardites/encefalites agudas. Pode ser sintomática (sendo mais grave em crianças), linfadenite, chagoma de inoculação, início da produção de anticorpos específicos (2ª semana após a infecção); Fase latente: pode durar décadas (vida inteira do indivíduo) – ausência de sinais/sintomas. Porém exames de PCR e sorológicos são positivos; Fase crônica: nenhum sinal aparente, baixa parasitemia e parasitismo tissular, diferentes formas; a forma crônica é caracterizada por um intenso infiltrado inflamatório que acaba por destruir as células musculares do coração e do aparelho digestório. Nessa fase ocorre intensa produção de anticorpos contra o parasito. Está relacionada com a insuficiência cardíaca (manifestação mais frequente), arritmia cardíaca, tromboembolismo venoso ou arterial e etc. A patologia da forma cardíaca ocorre porque o infiltrado inflamatório é tão intenso que acaba tendo a destruição das fibras cardíacas, havendo a substituição do tecido muscular por fibrose. Desse modo, a força contrátil do miocárdio acaba sendo comprometida. Além disso, ocorre a formação de trombos intracavitários, levando a fenômenos tromboembólicos e o comprometimento do SNA. Na forma digestiva, ela é caracterizada pelo megaesôfago e megacólon. Na primeira, o paciente a apresenta dificuldade de deglutição (disfagia), apresentando uma sensação de dor ao engolir alimentos e dor na boca do estômago (dor epigástrica ou epigastralgia), resultando em uma desnutrição. No caso do megacólon, ocorre uma distensão abdominal e uma obstrução intestinal mecânica causada pelo infiltrado inflamatório, impedindo a passagem do conteúdo intestinal, levando a constipação severa. Qual seria o motivo pela diferença no desenvolvimento da doença? São vários fatores ainda inconclusivos, como fatores genéticos do hospedeiro, virulência diferente entre várias cepas de T.cruzi em circulação, mimetismo molecular e cepas com diferente tropismo. Diagnóstico Clínico: sinais de porta de entrada (chagoma de inoculação/sinal de romana), febre, adenopatia, edema, hepatoesplenomegalia, taquicardia, alterações no ECG e Diagnóstico Laboratorial. Esse último é feito através: • Fase aguda: ↑ parasitemia, pesquisa de específicos IgM e IgG - Parasitológico: observação do parasito presente no sangue dos indivíduos infectados, através de testes parasitológicos diretos como exame de sangue a fresco, gota espessa, distensão sanguínea (corado pelo Giemsa), cultura, inoculação em camundongos, xenodiagnóstico. Além disso, o T. cruzi pode ser pesquisado pela técnica de Strout (microhematócrito). - Sorológico: RIFI (IgM na fase aguda), ELISA • Fase crônica: ↓ parasitemia, anticorpos específicos - Sorológico: essencialmente sorológico, deve ser realizado um teste de elevada sensibilidade em conjunto com outro de alta especificidade. Os testes ELISA, HAI (hemaglutinação indireta) e IFI (imunofluorescência indireta) são os indicados para determinar o diagnóstico. Todos os 3 testes buscam evidenciar a interação de anticorpos anti-T. cruzi. Está preconizado que a positividade dos pacientes é dependente da demonstração de dois testes positivos. Caso o resultado seja indeterminado, realizar os testes de confirmação (PCR e Western Blotting). A positividade em qualquer um desses testes indica o diagnóstico, pois esses testes são extremamente sensíveis. Tratamento O tratamento da Doença de Chagas está restrito a duas drogas heterocíclicas. De maneira geral, ambas as drogas possuem como mecanismo de ação a ação direta do radical nitroânion, geração de radicais livres de oxigênio, produção de moléculas reativas (nitroso e hidroxilamina) e inibição direta de enzimas. Essas drogas têm ação efetiva na fase aguda enquanto que na fase crônica, sua eficácia é pequena ou nenhuma. Desvantagens (Benznidazol): - efeitos colaterais - tratamento demorado - controle de cura necessária - já existem cepas de laboratório que são resistentes contra Benznidazol Desvantagens (Nifurtimox): - efeitos colaterais - anorexia - perda de peso - excitabilidade psíquica ou sonolência - manifestações digestivas como náuseas, vômitos e ocasionalmente cólicas intestinais Nas doses recomendadas, o Benznidazol é bem tolerado (mais em crianças que nos adultos), por isso é a droga de primeira escolha na Doença de Chagas no Brasil. Profilaxia - Melhoria das habitações rurais, higiene e limpeza - Combate ao barbeiro – inseticidas - Identificação e seleção de doadores de sangue - Controle da transmissão congênita Outro ponto também importante identificação de gestante chagásicas e triagem neonatal de recém-nascidos. A triagem é uma estratégia de saúde pública efetiva utilizada no mundo inteiro para o diagnóstico de doenças tratáveis quando detectados precocemente, quanto mais precoce for detectável menor vai ser o custo do tratamento e assim melhorando a vida dos pacientes. Além disso, precisa-se ter uma atenção das empresas que processam alguns alimentos como é o caso do açaí que precisa ser pasteurizado e a cana de açúcar que precisa ser higienizada corretamente para que na moagem, caso haja material fecal do barbeiro infectado, não se observe a presença do tripomastigota metacíclico. Pessoas que gostam de caçar e consomem carne silvestre, essas carnes precisam ser muito bem cozidas para evitar uma infecção através do consumo de formas amastigotas. INFECÇÃO PELA VIA ORAL • Quando ingerimos o T. cruzi, ele encontra diferentes portas de entrada (cavidade oral, esôfago, estômago e intestino). Porém se o parasita atinge o estômago, ele vai se deparar com um pH extremamente ácido. Entretanto, isso não será uma barreira para ele; a infecção pela via gástrica é favorecida pela presença de glicoproteínas presentes na superfície do parasita que estão relacionadas com adesão (mucinas presentes nas células epiteliais gástricas – gp82 e gp90) ou glicoproteínas relacionadas com a invasão (gp90). • A infecção oral não necessariamente precisa passar pelo estômago, o contato do parasita com as células da mucosa oral já estaria favorecendo a infecção. Isso não é problema para o T. cruzi, uma vez que ele pode infectar qualquer tipo de célula. • A infecção pela via oral, a parasitemia nos camundongos é muito maior quando comparado com os que foram infectados pela via gástrica. Além disso, uma infecção pela via oral leva a uma morte mais rápida/maior número de camundongos morrem quando comparados a via gástrica. • A transmissão oral em comparação com a vetorial clássica, apresenta uma mortalidade de 35% contra 10% com vários sinais clínicos que não foram relacionados a via vetorial clássica. T. cruzi no inseto T. cruzi no homem https://www.youtube.com/watch?v=4gzjFbvCahY https://www.youtube.com/watch?v=0N4eB1c2xI0 Aula 7: Flebotomíneos e as Leishmanioses As leishmanioses constituem um complexo de doenças que variam entre a Leishmaniose Visceral e a Leishmaniose Tegumentar (com diferentes manifestações clínicas entre cutêna sendo localizada, difusa e disseminada e a muco-cutânea. Elas são causadas por protozoários flagelados
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