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BILIRRUBINAS Profª. Regina Helena Pires A maior parte da bilirrubina (80-85%) provém da degeneração de hemácias velhas (cerca de 0,8% das hemácias são destruídas diariamente) em função do catabolismo da molécula de hemoglobina. O restante provém de outras proteínas hêmicas (citocromos e mioglobina). BILIRRUBINA Na circulação a hemoglobina dissocia- se nos dímeros α e , que são ligados à HAPTOGLOBINA de forma a preservar o ferro corpóreo e os depósitos proteicos. Assim, a haptoglobina “entrega” a hemoglobina à células do sistema retículo endotelial (macrófagos). BILIRRUBINA A) GRUPAMENTO HEME: Consiste de um átomo ferroso e um anel tetrapirrólico – PROTOFORFIRINA. Porção orgânica derivada de 8 resíduos de glicina e de succinil-CoA. BILIRRUBINA No citoplasma dos macrófagos, a hemoglobina é quebrada em globina (proteína) e heme. A globina é digerida em aminoácidos que serão reutilizados. O heme é cindido por ação da enzima heme-oxidase. Perde o ferro e a porfirina tem seu anel tetrapirrólico aberto a nível de uma das pontes de meteno, com liberação de uma molécula de monóxido de carbono (CO). É a única reação metabólica que produz CO. O pigmento que resulta é a biliverdina. BILIRRUBINA PERDA DO ÁTOMO FERRO: BILIRRUBINA c) CONVERSÃO DA BILIVERDINA EM BILIRRUBINA: A biliverdina sofre a ação da enzima biliverdina-redutase e passa a bilirrubina, um pigmento amarelo. A bilirrubina (na forma não-conjugada, ou indireta) é liberada pelas células do SRE e, sendo pouco hidrossolúvel, circula no plasma ligada à albumina. Esta variedade de bilirrubina é processada para eliminação no fígado. CICLO EXTRA-HEPÁTICO DA BILIRRUBINA MECANISMO DE TRANSPORTE DA BILIRRUBINA AO FÍGADO BILIRRUBINA O metabolismo hepático da bilirrubina envolve 3 fases: a) captação b) conjugação c) excreção A bilirrubina é removida da albumina na superfície sinusoidal dos hepatócitos por um sistema de alta capacidade. É um sistema de transporte facilitado que permite equilibrar a concentração de bilirrubina dentro e fora do hepatócito. Como a bilirrubina que entra é logo ligada a proteínas chamadas ligandinas, a concentração de bilirrubina livre no citoplasma é sempre baixa, de modo que o equilíbrio é favorável à entrada de mais bilirrubina. BILIRRUBINA a) CAPTAÇÃO: b) CONJUGAÇÃO NO HEPATÓCITO: A bilirrubina não conjugada é captada pelos hepatócitos, que adicionam 2 moléculas de ácido glicurônico à bilirrubina por molécula, catalizada pela enzima UDP-glicuronil- transferase, tornando-a hidrossolúvel. Esta forma, dita conjugada ou direta, é secretada ativamente pelos hepatócitos para o interior dos canalículos biliares existentes entre eles. É a forma encontrada na bile. BILIRRUBINA É um processo de transporte ativo com consumo energético, e o passo limitante de todo o processo. Ocorre a nível da membrana do hepatócito que constitui a parede dos canalículos biliares. Quando este processo está diminuído, a bilirrubina que continua sendo conjugada no citoplasma do hepatócito não pode ser excretada na bile e termina por passar para o sangue, um processo chamado regurgitação. Normalmente, toda bilirrubina excretada na bile está na forma conjugada. BILIRRUBINA c) SECREÇÃO: A ampola hepatopancreática, também chamada de ampola de Vater (Abraham Vater - 1684-1751), é formada pela união do ducto pancreático com o ducto colédoco (biliar comum). A ampola está especificamente localizada na papila maior do duodeno. Vários músculos controlam o fluxo de bile e de suco pancreático através da ampola: o esfíncter da ampola hepatopancreática controla a introdução da bile e das secreções pancreáticas no duodeno, assim como previne a entrada do conteúdo do duodeno na ampola. BILIRRUBINA No íleo e intestino grosso, os glicuronatos são removidos por enzimas bacterianas (b- glicuronidases), resultando em urobilinogênios, que são incolores. Estes são oxidados a compostos corados, estercobilinas, que dão cor às fezes. Parte do urobiligogênio reabsorvido nos intestinos (ciclo enterohepático) é excretado na urina (urobilina), dando-lhe coloração amarela. BILIRRUBINA DESTINO FINAL DA BILIRRUBINA CICLO HEPÁTICO DA BILIRRUBINA Acompanhando os mecanismos envolvidos no metabolismo da bilirrubina, é possível correlacionar o aumento de seus níveis séricos com alterações de uma dessas etapas. Os níveis séricos da bilirrubina indireta são determinados pela velocidade de produção e pela velocidade de remoção dessa bilirrubina da circulação. Os distúrbios que alteram a capacidade de depuração do fígado estão ligados à captação e/ou conjugação hepática. Os níveis séricos da bilirrubina direta são determinados pela capacidade de excreção da bilirrubina pelo fígado ou seja, pela integridade fisiológica do hepatócito e da permeabilidade das vias biliares intra- e extra-hepáticas. INTERPRETAÇÃO DOS VALORES DE BILIRRUBINA É a pigmentação da pele, mucosa e esclera ocular pela bilirrubina, em conseqüência de hiperbilirrubinemia. A concentração de bilirrubina no soro é 0,5 a 1,0 mg%. A icterícia torna-se perceptível a partir de níveis de bilirrubinemia de 2 a 2,5 mg%. Classificação simples das icterícias: a) Icterícia pré-hepática ou hemolítica (predomina bilirrubina não- conjugada- indireta) b) Icterícia hepática ou por lesão hepatocelular e Icterícia pós-hepática ou colestática (onde predomina a bilirrubina conjugada- direta). PATOLOGIAS HEPÁTICAS ICTERÍCIA Ocorre principalmente por superprodução de bilirrubina na destruição excessiva de hemácias (hemólise). A quantidade de bilirrubina não- conjugada excede a capacidade do fígado de removê-la. A bilirrubina total fica entre 3-5 mg %, com forte predomínio da forma não- conjugada. Porém, há cerca de 15% ou menos de forma conjugada. O aumento da bilirrubina conjugada é explicado como uma insuficiência da secreção da mesma para os canalículos biliares. Como há muita bilirrubina não conjugada para ser processada, nem toda bilirrubina conjugada que se forma é secretada para a bile. Parte reflui para o sangue a partir dos próprios hepatócitos, aumentando os níveis séricos de bilirrubina conjugada (normalmente próximos de zero). HIPERBILIRRUBINEMIA PREDOMINABTEMENTE NÃO-CONJUGADA (INDIRETA) A) Por superprodução de bilirrubina HIPERBILIRRUBINEMIA PREDOMINABTEMENTE NÃO-CONJUGADA (INDIRETA) B) Por decréscimo da conjugação - Icterícia fisiológica do recém-nascido. Quase todo RN apresenta hiperbilirrubinemia não-conjugada entre o 2°. e 5°. dias, que geralmente não excede 5 mg%. O motivo é que a glicuronil-transferase (a enzima de conjugação) está ainda “imatura”. A enzima pode ser induzida pelo tratamento da mãe ou da criança com fenobarbital. A icterícia fisiológica não está presente ao nascimento porque a placenta retira a bilirrubina fetal e a transfere ao sangue materno. No prematuro, a icterícia fisiológica pode ser mais acentuada. Eritroblastose fetal (incompatibilidade para fator Rh) O nível de bilirribina não-conjugada pode atingir 20 mg% ou mais. Como a barreira hemoencefálica no RN, é ainda imatura, a bilirrubina pode atravessá-la e passar ao tecido nervoso, onde é tóxica, causando morte de neurônios. O tecido fica impregnado de bilirrubina, tomando cor amarela. A doença recebe o nome de kernicterus (kern em alemão significa núcleo) e causa crises convulsivas, sendo fatal ou deixando graves sequelas. HIPERBILIRRUBINEMIA PREDOMINABTEMENTE NÃO-CONJUGADA (INDIRETA) c) ERITROBLASTOSE FETAL / KERNICTERUS Usa-se fototerapia para evitar o kernicterus que consiste na forte iluminação da criança com luz branca ou azul, levando a foto- isomerização da bilirrubina não- conjugada a formas hidrossolúveis que podem ser eliminadas na bile sem necessidade de conjugação. HIPERBILIRRUBINEMIA PREDOMINABTEMENTE NÃO-CONJUGADA (INDIRETA) c)KERNICTERUS HIPERBILIRRUBINEMIA PREDOMINABTEMENTE NÃO-CONJUGADA (INDIRETA) Na síndrome de Gilbert pode haver uma deficiência de ligandina, (1 no diagrama) a proteína que se liga à bilirrubina e a transporta ao retículo endoplasmático para conjugação com a enzima UDPglucuronil transferase, resultando em decréscimo da conjugação (2 no diagrama) e consequentemente excreção insuficiente da bilirrubina na bile. d) SÍNDROME DE GILBERT Conjugação da bilirrubina com o ácido glicurônico é insuficiente ou ausente, de maneira que a bilirrubina não pode ser excretada nos canículos biliares. HIPERBILIRRUBINEMIA PREDOMINABTEMENTE NÃO-CONJUGADA (INDIRETA) e) SÍNDROME DE CRIGLER-NAJJAR HIPERBILIRRUBINEMIA PREDOMINANTEMENTE CONJUGADA (DIRETA) Ocorre em duas situações básicas: a) Lesão hepática difusa, como nas hepatites e cirroses. b) Síndromes colestáticas. Em uma hepatite por virus há lesão dos hepatócitos, envolvendo as três fases do metabolismo da bilirrubina. A secreção é o mais atingido. Em consequência, grande quantidade de bilirrubina conjugada entra no sangue. A bilirrubina não-conjugada também aumenta devido à redução da captação e da conjugação. Ocorrem • Ruptura de canalículos biliares, em virtude da necrose dos hepatócitos, que delimitam os canalículos. (Lembrar que cada canalículo fica entre dois hepatócitos vizinhos e não tem parede própria). • Compressão de canalículos por hepatócitos balonizados. • Obstrução de ductos biliares intrahepáticos terminais (colangíolos) por células inflamatórias. HIPERBILIRRUBINEMIA PREDOMINABTEMENTE CONJUGADA (DIRETA) A) Icterícia hepática (hepatites) HIPERBILIRRUBINEMIA PREDOMINANTEMENTE CONJUGADA (DIRETA) B) Icterícia hepática (cirroses) Nas cirroses há desorganização da arquitetura do lóbulo hepático, com dificuldade na excreção de bile e compressão de ductos biliares intrahepáticos por nódulos degenerativos. HIPERBILIRRUBINEMIA PREDOMINANTEMENTE CONJUGADA (DIRETA) c) Icterícia pós-hepática (Síndromes colestáticas) As principais causas são cálculos biliares a nível do canal colédoco e tumores que comprimem as vias biliares extrahepáticas, como o carcinoma da cabeça do pâncreas. Provocam hiperbilirrubinemia predominantemente conjugada, bilirrubinúria e fezes descoradas (acólicas). A bilirrubinemia sobe até 30 a 40 mg % e tende a estabilizar-se, provavelmente por ser compensada pela excreção renal (a bilirrubina conjugada é filtrada nos glomérulos). Bilirrubina direta Bilirrubina indireta ASPECTOS DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS Soro ictérico FUNDAMENTO: A bilirrubina reage com o diazo reagente (ácido sulfanílico + nitrito de sódio), formando azobilirrubina de coloração vermelha, cuja absorbância medida em 525 nm é diretamente proporcional à concentração de bilirrubina na amostra. A reação da bilirrubina direta (conjugada) ocorre em meio aquoso enquanto que a reação da bilirrubina indireta (não conjugada) requer a presença de um acelerador (benzoato + cafeína). A bilirrubina indireta é calculada pela diferença entre bilirrubina total e bilirrubina direta. AMOSTRA: SORO e PLASMA (heparina ou EDTA). Quando protegido da luz o analito é estável 4 dias entre 2-8 ºC. DOSAGEM LABORATORIAL DAS BILIRRUBINAS
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