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8o. ano Volume 1 ooo Filosofia Livro do professor Livro didático Decidir dentro do possível 2 1 Livro do professor © Sh ut te rst oc k/S erg ey Ni ve ns Decidir dentro do possível 2 1 1 © Sh ut te rs to ck /a rt4 al l 1. Que ideias podem ser associadas a essa imagem? 2. Qual a resposta desta adivinha? Encaminhamento de atividades. Todo mundo me quer. Mas nem todo mundo me tem. Quem me tem não quer me largar. Quem não me tem vive a me procurar. Decidir dentro do possível 2 Quem sou eu? A Filosofia surgiu há mais de 2 500 anos, motivada, em especial, por dois grandes desejos da humanidade: expressar suas dúvidas e compreender a realidade à sua volta. Muitos acreditam que a Filosofia tenha raízes na Grécia Antiga, daí seu nome de origem grega, que pode ser traduzido como “amor ao saber” ou “amizade pela sabedoria”. Portanto, o filósofo é aquele que observa, analisa, questiona e pensa livremente sobre o mundo, sobre si mesmo e sobre o próprio pensamento. Esse conjunto de atitudes é chamado de reflexão. A partir de agora, você também está convidado a refletir sobre um tema que já despertou a curiosidade de muitos filósofos. Com a ajuda da adivinha da página 2 e pela leitura do poema a seguir, descubra que tema é esse. Objetivos • Reconhecer a atualidade das questões filosóficas desde as mais antigas. • Explorar a leitura e o diálogo oral e escrito com textos de diversos gêneros, compreendendo os elementos filosóficos presentes neles. • Refletir sobre o papel das ciências na formação das culturas contemporâneas. • Refletir sobre a capacidade de adiar a satisfação de um desejo. • Diferenciar sentimentos de ações. • Criar expectativas realistas para si mesmo. Introdução de conceito. 2 Encaminhamento metodológico.3 Reflexão divertida LUCINDA, Elisa. Lili, a rainha das escolhas. Rio de Janeiro: Record, 2002. p. 2; 13. Resposta e encaminhamento da atividade.4 Em verdade sou muito clara embora seja tão procurada, tão desejada, tão próxima de todos e tão difícil de ser encontrada. Sou tão velha como a história do mundo, quando nem existia humano eu já era o tesouro do reino animal. Sou a tal, quem não me tem diz que me quer, quem me tem não quer me perder, e tem gente que até já me usou pra guerrear mas sou da paz, não sou da guerra, se faço revoluções é pra eu poder durar. [...] Calma, não pense que sou estrela-guia, embora eu possa até ser profecia construindo um mundo melhor juntando emoção e razão. Pois é sempre entre o limite e a possibilidade que encontro o tamanho exato da minha ação. 3 1. Quem é o(a) narrador(a) do poema que você acabou de ler? Converse sobre isso com os colegas. Depois, registre por escrito a sua conclusão. Conexões A liberdade se apresenta na vida humana sob diferentes formas: como uma ideia, um pensamento ou como possibilidade, busca, objetivo ou necessidade. Mas será que ela é percebida e compreendida por todos os indi- víduos e as sociedades igualmente? Será que existe uma forma universal de representá-la? Nos mais variados contextos, as pessoas utilizam imagens como uma forma visual de comunicação, capaz de expressar pensamentos, sentimentos, desejos, acontecimentos e outros. Será, então, que é possível uma imagem ser usada para representar a liberdade ou, ainda, para promover uma reflexão sobre ela, contrastá-la com seus limites ou incentivar sua prática? Como você, adolescente do século XXI, imagina a liberdade? Que forma esse conceito tem em seu pen- samento? Você acredita que uma imagem pode mostrar, sugerir, dar a sensação de liberdade, denunciar sua ausência ou fazer pensar sobre ela? © Sh ut te rs to ck /g -s to ck st ud io © Sh ut te rs to ck /n iro w or ld 2. Imagine um símbolo para representar o(a) narrador(a) do poema. Então, siga as orientações do professor para registrar esse símbolo dentro da moldura que se encontra no material de apoio. Na atividade anterior, você estabeleceu uma relação de semelhança entre a liberdade e uma imagem simbólica. Esse desenho poderia comunicar algo sobre a liberdade para outras pessoas, as quais você talvez nem conheça? Depois de pensar sobre isso, observe atentamente esta obra do pintor francês René Magritte. 8o. ano – Volume 14 Leitura da obra de arte.5 Introdução de conceito. 6 Que relações é possível estabelecer entre essa tela e a liberdade? Converse a respeito com os colegas e registre, nas linhas a seguir, uma dessas relações. Somos livres? Ainda que procurássemos em locais distantes, ou em tempos remotos, dificilmente encontraríamos um ser humano que jamais ouviu, pensou, falou sobre a liberdade ou a desejou. Afinal, bem mais que uma palavra, tra- duzida para as mais diversas línguas, ela é também um sonho, um objetivo, uma esperança, uma conquista, um ideal, que vive na mente e no coração das pessoas. É cantada e retratada pelos artistas, pensada e investigada pelos filósofos, defendida e buscada por muitos homens e mulheres. Dizem ainda que o desejo de liberdade é a grande marca da juventude, que está sempre em busca de novas experiências e novas alegrias. Mas, afinal de contas, por que a ideia de liberdade é tão presente em todas as épocas e todos os lugares? Será que ela já nasce conosco? Que tal refletir sobre isso? Co le çã o Et ie nn e Pé rie r, Pa ris MAGRITTE, René. Afinidades eletivas. 1933. 1 óleo sobre tela, color., 41 cm × 33 cm. Coleção Etienne Périer, Paris. Filosofia 5 Olhar de filósofo Será que podemos afirmar que uma pessoa é livre simplesmente por não estar presa, trancada em algum lugar? Você já deve ter percebido que o conceito de liberdade também inclui a possibilidade de fazer escolhas, ou seja, de decidir entre diversas alternativas ou entre algo e o seu contrário. No entan- to, as escolhas podem esbarrar em alguns limites, como a nossa própria constituição física, a natureza, as regras ou a liberdade dos outros. Diante disso, muitos filósofos questionaram se a natureza nos fez realmente livres, já que temos necessidades que precisam ser satisfeitas a fim de garantirmos nossa sobrevivência. No século XVII, um filósofo inglês chamado Thomas Hobbes (pronuncia-se “Tômas Róbes”) concluiu que essas necessidades limitam, de algum modo, nossa liberdade, mas não nos impedem de realizar escolhas ou de tomar decisões. Ele afirmava que não há liberdade para querer ou não, mas, sim, para fazer ou não aquilo que queremos. Porém, segundo Hobbes, somente podemos nos considerar de fato livres quando somos capazes de avaliar as consequências, boas ou más, das nossas ações. Para explicar essas ideias, vamos recorrer a alguns exemplos. Sabemos que é natural querer alimento, agasalho, proteção e repouso. Afinal, toda pessoa tem necessidade dessas coisas, já que não pode evitar a fome, o frio, o medo, a dor ou o cansaço. Mesmo assim, alguém pode escolher trocar uma refeição por uma conversa ao telefone, passear ou tomar sorvete numa gelada manhã de inverno, enfrentar uma grande montanha-russa, exercitar-se o dia todo ou ficar até tarde assistindo a um filme. Porém, de acordo com o pensamento de Hobbes a respeito da liberdade, só é possível afirmar que essa pessoa é livre caso ela esteja consciente dos prazeres e dos problemas que podem resultar de cada uma das suas escolhas. 1. Reflita sobre as ideias de Hobbes e registre, a seguir, se você concorda ou não com elas e por quê. Encaminhamento de atividades.8 NÃO SOMOS LIVRES NO QUERER, MAS SOMOS LIVRES NO FAZER. Pr isc ila S an so n. 2 01 1. M ist a. Orientações para a leitura.7 8o. ano – Volume 16 BRENIFIER, Oscar; DESPRÉS, Jacques. O livro dos grandes opostos filosóficos. Belo Horizonte: Autêntica, 2014. p. 30. Considerando o texto, responda às questões a seguir. 1. Qual a opinião dos autores do texto em relação à ideia de liberdade como “uma vida sem limites e obrigações”? Você concorda com o ponto de vista deles? Por quê? Encaminhamento de atividades e sugestão de respostas.9 Atividades Muitasvezes pensamos que liberdade significa poder fazer tudo o que queremos. Sem limites e sem obrigações. Para isso, seria preciso ser um deus capaz de controlar tudo. Mas a vida em so- ciedade exige obediência a regras. A natureza também nos submete a leis: ninguém escolhe nascer menino ou menina. Todo mundo deve comer, beber e dormir para sobreviver. Tudo o que existe é livre apenas dentro dos limites do que é. A liberdade, para nós, humanos, é imensa, pois somos capazes de fazer escolhas e de ser respon- sáveis por elas. É o que torna a liberdade difícil: por causa dela, hesitamos antes de tomar uma boa decisão; os outros riem de nós quando nos enganamos; precisamos refletir sempre, e nos sentimos culpados quando fazemos algo que não é bom. Mas é essa consciência que nos permite fazer grandes coisas, é ela que nos distingue dos animais, que nos faz verdadeiramente humanos. 2. Agora é sua vez de refletir a respeito da liberdade. Em um diálogo com os colegas, apresente e ouça opiniões e argumentos para responder às questões a seguir. Você é livre para escolher entre a) medir 1,60 m ou 1,80 m? b) comer ou não comer por um dia? c) comer ou não comer por dez anos? d) sentir-se bem ou mal quando aspira um odor desagradável? e) sentir ou não sentir dor ao se machucar? f) adoecer ou não adoecer? g) quebrar o recorde de velocidade em uma corrida? h) aprender ou não um complicado passo de dança? i) magoar-se ou não com as atitudes de outras pessoas? j) apaixonar-se ou não por alguém? Filosofia 7 2. De acordo com o texto, quais limites naturais impedem que o ser humano seja totalmente livre para fazer o que quer? Você acrescentaria algo a essa lista? Em caso afirmativo, o que acrescentaria? 3. Os autores do texto afirmam que “A liberdade, para nós, humanos, é imensa [...]”. Na sua opinião, a liber- dade pode ser considerada imensa para os seres humanos? Por quê? 4. Os autores do texto afirmam que a liberdade é “difícil”. Explique por que eles pensam assim e se posicione a favor ou contra essa opinião. 5. Ao supor que existem limites reais à nossa liberdade, qual significado podemos atribuir à expressão “ser livre”? 8o. ano – Volume 18 Você já deve ter percebido que diversas características físicas pessoais – como altura, cor dos olhos, da pele e do cabelo – não dependem de nossa vontade. É claro que podemos empregar determinados recursos para modificar algumas dessas características naturais. Por exemplo, calçar sapatos de salto para parecer mais altos, utilizar lentes de contato coloridas nos olhos, tintura para clarear ou escurecer os cabelos, técnicas para torná-los lisos ou cacheados, maquiagem para alterar a aparência da pele e da fisionomia, entre outros. Contudo, é bas- tante difícil, ou mesmo impossível, modificar definitivamente todas essas características. Conexões Orientações didáticas.10 Os genes são unidades fundamentais das moléculas de DNA, responsáveis por “transmitir” as informações genéti- cas de uma geração a outra. As informações genéticas estão conti- das no DNA de cada ser vivo e são trans- mitidas de pais para filhos por meio da reprodução. © Sh ut te rs to ck /M BI Além disso, você deve conhecer pessoas que se parecem muito com seus respectivos pais e irmãos. Talvez este seja o seu caso. Isso decorre do fato de que nossas características observáveis, como a al- tura, a cor dos olhos, da pele e do cabelo, são herdadas dos nossos pais, por meio dos genes que recebemos deles. Esse mecanismo no qual as informações genéticas são transmitidas dos pais para os filhos, ao longo de gerações, chama-se hereditariedade. O conjunto de genes que um indivíduo recebe de seus pais e que pode ser transmitido aos seus descendentes é chamado de genótipo. Já ao conjunto de características determinadas pelo genótipo de um indivíduo dá-se o nome de fenótipo. O fenótipo de um indivíduo está sujeito a sofrer alterações ocasionadas pela influência de fatores ambien- tais, como disponibilidade de água, exposição ao sol, tipo de alimentação ou outros que interfiram na qualidade de vida. No entanto, mesmo que nossa aparência se altere em razão desses fatores ou que utilizemos os mais variados recursos para modificar algumas de nossas características observáveis, ainda assim não é possível mo- dificar nossos genótipos. Diante disso, podemos nos perguntar: Será que os genes herdados determinam, em sua totalidade, quem somos? Será que estamos fadados a desenvolver necessariamente as mesmas características físicas e, até mesmo, doenças de nossos familiares? Herdamos também os comportamentos deles? É possível modificar alguma tendência genética por meio de hábitos e costumes aprendidos? Essas dúvidas são bastante discutidas entre profissionais e pesquisadores, como biólogos, médicos, psicólogos, neurocientistas, filósofos, entre outros. Levando-as em consideração, podemos nos perguntar até que ponto somos livres para escolher nosso “destino”, uma vez que não escolhemos certas características que fazem parte do nosso próprio ser. Filosofia 9 Indicações de leitura para o professor.11 Atividade da seção Hora de estudo.12 © Sh ut te rs to ck /L ig ht sp rin g © Sh ut te rs to ck /S eb as tia n Ka ul itz ki A imagem da esquerda ilustra diversas células nervosas, chamadas neurônios, comunicando-se entre si (pontos luminosos), e a da direita representa a transferência de informações de um neu- rônio para o outro (sinapse). As sinapses são impulsos elétricos por meio dos quais as mensagens são transmitidas de um neurônio a outro. Nas últimas décadas, a Neurociência vem fazendo descobertas importantes para responder a essas e a outras questões que estão presentes no pensamento filosófico desde a Antiguidade. Uma das investigações dessa nova área de estudos refere-se à influência que o ambiente exerce sobre as pessoas. Por ambiente, podemos compreender o local em que vivemos (formado por aspectos naturais, sociais e políticos), a cultura da qual fazemos parte, a época em que nascemos e vivemos, a educação familiar e escolar que recebemos. Resumindo: ambiente é o con- texto humano de nossas vivências. Sendo assim, até que ponto ele interfere na manifestação do nosso fenótipo e, além disso, na nossa personalidade e no nosso “destino”? Para os neurocientistas, o nosso sistema nervoso tem uma incrível capacidade de adaptação, que se manifesta de acordo com as interações que realizamos com o meio. Essa capacidade de adaptação é denominada neuroplasticidade ou plasticidade neuronal. Ela atua por meio de diferentes arranjos entre as célu- las nervosas, que são responsáveis por diversas funções do corpo e pelas “respostas” que podemos dar às situações que vivencia- mos. Logo, a neuroplasticidade é responsável pela modificação de comportamento de acordo com experiências vividas no passado (memória) e que caracteriza o aprendizado para orientar as expe- riências futuras. O sistema nervoso é a parte do or- ganismo responsável por transmitir informações entre as diferentes partes do corpo, além de coordenar ativida- des voluntárias (que escolhemos rea- lizar) e involuntárias (independentes de nossa vontade, como batimentos cardíacos, respiração, digestão, etc.). O sistema nervoso é composto de: encéfalo (que engloba cérebro, cerebe- lo, talo, hipotálamo e bulbo), medula espinhal e nervos (extensas ramifica- ções que ligam o sistema nervoso às diversas partes do corpo). Neurociência é a área de conhecimen- to multidisciplinar (envolve Biologia, Medicina, Psicologia, Linguística, Edu- cação) responsável pelos estudos do sis- tema nervoso e suas implicações com- portamentais, fisiológicas, patológicas, cognitivas, etc. 8o. ano – Volume 110 Como ser livre? Talvez, por meio das reflexões anteriores, você tenha percebido que a liberdade não está isolada de outras características e outros valores que fazem parte da vida dos seres humanos. Ela pode ser associada, por exem- plo, às consequências de cadaescolha que fazemos ou, ainda, ser pensada como algo a se conquistar. Mas, afinal, existem situações nas quais a liberdade é mais forte que seus limites? Há momentos em que somos totalmente livres? Como seria viver dessa forma? O que poderíamos fazer, pensar ou sentir sendo plenamente livres? Encaminhamento metodológico.13 Sugestão de atividades.14 1. Reflita: Que relações podem ser estabelecidas entre o que você concluiu nas atividades anteriores e os versos a seguir (retirados do poema da página 3)? Hora de filosofar Siga as orientações do professor para realizar as atividades a seguir. 1. Para cada questão, marque um X no espaço correspondente à sua resposta pessoal. Questões Sim Não Praticar seu esporte favorito lhe dá a sensação de liberdade? Seu esporte favorito tem regras? Ir a todas as festas para as quais o convidam é ter liberdade? Há comportamentos que não são aceitáveis numa festa? Ouvir sempre sim para seus pedidos é ter liberdade? Existem condições para a realização de um pedido? Falar tudo o que se pensa é ser livre? Quem não respeita limites para falar pode ser inconveniente? 2. Para aprofundar sua reflexão sobre liberdade, dialogue a respeito destas novas questões: • É possível sentir-se livre em meio a regras? • A liberdade depende de condições para se realizar? • A liberdade depende de aceitações sociais? • Podemos nos prender à liberdade? • Liberdade é uma conquista das pessoas livres ou das não livres? Atividades Encaminhamento das atividades.16 Encaminhamento das atividades. 15 “Pois é sempre entre o limite e a possibilidade que encontro o tamanho exato da minha ação.” 2. Utilize as relações estabelecidas em sua reflexão para responder, em forma de texto: Como ser livre? Filosofia 11 Olhar de filósofo Epicuro foi outro importante filósofo grego da Antiguidade. Ele divulgou suas ideias, algumas déca- das depois de Aristóteles, em uma escola cercada por belos jardins. Ali, perto da natureza, Epicuro refletia e dialogava com seus alunos e amigos, principalmente sobre a felicidade. Ao contrário da maioria das pessoas, ele duvi- dava que a felicidade viesse da satisfação de todos os desejos humanos. Ensinava que o prazer era um bem que todos deviam buscar, e a dor, um mal que todos deviam evitar. Porém, alertava que a satisfação de certos desejos causava um prazer momentâneo, seguido por dores e problemas du- radouros. Por isso, aconselhava as pessoas a bus- car o equilíbrio, a simplicidade e a tranquilidade, evitando os vícios, a ansiedade e os excessos. Ilu st ra çõ es : P ris ci la S an so n. 2 01 1. M ist a. SEM TEMPERANÇA, NÃO HÁ LIBERDADE. DEVEMOS PROCURAR O PRAZER, EVITAR A DOR E EVITAR PRAZERES QUE TRAGAM DORES FUTURAS! Além das necessidades naturais ligadas à sobrevivência, o ser humano tem desejos. Alguns desses desejos chegam a ser tão intensos que parecem incontroláveis. Por isso, há pessoas que cedem a eles e justificam essa atitude dizendo: “Foi mais forte do que eu”. Porém, nem todas as pessoas pensam dessa maneira. Algumas, ao contrário, jul- gam que podemos, e devemos, controlar todo desejo, agindo sempre de acordo com as regras e os deveres. Na Grécia Antiga, um filósofo chamado Aristóteles refletiu sobre esses dois posicionamentos. Ele chegou à conclusão de que devemos procurar o equilíbrio em relação aos sentimentos e à satisfação dos desejos. O filósofo chamou esse equilíbrio (meio-termo) de justa medida ou temperança. Para tornar-se temperante, Aristóteles afirmava que era preciso agir evitando dois extremos: a falta e o excesso. Portanto, não proibia nem condenava a satisfação dos desejos, mas alertava con- tra os maus efeitos do exagero: afirmava que ele pode- ria transformar nossos desejos em vícios escravizantes. Encaminhamento metodológico e sugestão de respostas.17 8o. ano – Volume 112 Reflita sobre as ideias de Aristóteles e Epicuro. Depois, converse com os colegas a respeito das questões a seguir e registre suas conclusões. 1. É possível ser temperante? Por quê? 2. A temperança é valorizada em nossa sociedade? Dê exemplos. 3. Ao contrário do conselho de Epicuro, muitas pessoas buscam prazeres imediatos e passageiros que resultam em dores e problemas futuros. Por que isso acontece? 4. Você concorda com a afirmação de que “Sem temperança, não há liberdade” ou discorda dela? Justifique sua opinião. Atividade da seção Hora de estudo.18 Filosofia 13 Os desejos nos movem para além daquilo que somos. Desejar nos motiva a buscar algo que ainda não alcançamos, por exemplo, uma conquista intelectual, material ou física. Quando desejamos algo, queremos satisfazer essa vontade. E se isso não ocorre, seja por falta de ação, de recursos, de tempo, seja por outro motivo qualquer, surge a insatisfação. Como vimos, Aristóteles dizia que devemos ser temperantes e não errar nem pela falta nem pelo excesso, buscando sempre a justa medida ou o meio-termo. Além disso, ele afirmava que quando uma pessoa não realiza seus desejos, ou quando alguém se opõe a essa realização, pode surgir um sentimento negativo: a cólera. Quando somos tomados por esse sentimento, é possível agirmos sem pen- sar, tomando atitudes das quais podemos nos arrepender depois de nos acalmar. Aristóteles julgava que não temos o domínio sobre o surgimento da cólera e de outros sentimentos, mas temos o poder de controlar sua duração. O antídoto para a cólera, segundo ele, seria a calma, a tranquilidade. Ou seja, quando somos tomados pela cólera, podemos respirar fundo, nos acalmar e esperar a mente e o coração “esfriarem”. O curioso é que, 23 séculos depois, com todos os avanços tec- nológicos na área de saúde, psicólogos e neurocientistas concordam com esse pensamento. Um exemplo é o psicólogo estadunidense Daniel Goleman. Ele afirma que o autocontrole sobre emoções ar- rebatadoras, como a raiva, é fundamental para o nosso bem-estar. E, assim como Aristóteles, ele diz que não temos como controlar o surgimento de tais sentimentos, mas podemos decidir qual a sua du- ração. Além disso, há neurocientistas que se aproximam do pensa- mento de Aristóteles, afirmando que a calma é o remédio para a raiva. Conexões Informações complementares e encaminhamento metodológico.19 Encaminhamento metodológico e sugestão de respostas.20 Ética e cidadania Quando se pensa em liberdade, é comum associá-la ao querer. Chega-se ao ponto de relacionar a liberdade à satisfação imediata e ilimitada de nossos desejos. Além disso, a apresentação constante de bens materiais, de forma tão atrativa pelos diversos meios de comunicação (pois sempre surge um produto novo e melhor!), pode nos motivar a querer ter o que não possuímos. Assim, o consumo, em grandes quantidades, contínuo e sem reflexão, ou seja, o consumismo, torna-se um comportamento frequente. Podemos ainda receber influências de pessoas famosas, as quais se tornam nossos ídolos e nos levam a querer ser como elas. Seu comportamento, seus gostos e suas ideias passam a mobilizar as nossas ações e es- colhas. Dessa forma, observando como os outros são (ou parecem ser), definimos como nós gostaríamos de ser. E, muitas vezes, buscamos ser os melhores, estar acima dos outros, ser invejados, estar no centro das atenções, almejando que todos os olhares estejam voltados para nós. El ia s. 20 17 . D ig ita l. 8o. ano – Volume 114 Além disso, nosso querer pode ser tão valorizado que chegamos a nos colocar acima dos demais, julgando que somente os nossos desejos merecem atenção e que todos eles devem ser satisfeitos. Nessas situações, a ideia de liberdade passa a ser associada à afirmação Eu quero!, como se o fato de querer fazer algo bastasse para poder fazê-lo. Diante disso, vale a pena refletir sobre algumas perguntas: • Liberdade é a completa realização dos nossos desejos? • Os desejos nascidos por influência da mídia ou de celebridades são realmente nossos? • Querer algo é condição suficiente para que esse desejo possa sersatisfeito? • Existem outros aspectos que não foram citados, mas são indispensáveis à realização do nosso querer? 1. Escreva uma conclusão a que você chegou depois de refletir sobre as perguntas presentes no final do texto. 2. Registre, nas linhas a seguir, palavras que se relacionam ao querer. 3. Complemente sua lista de palavras seguindo as orientações do professor. 4. Reflita sobre a questão da imagem e encare o desafio proposto a seguir. É possível rever seus hábitos de consumo? Utilize as reflexões realizadas até aqui para melhorar seus hábitos de consumo nas diversas situações de seu dia a dia! Filosofia 15 Para refletir sobre o grande enigma da liberdade, leia este texto, no qual ela é relacionada à escolha, mas não à ideia de facilidade! Seu autor é Fernando Savater, um filósofo da atualidade que vive na Espanha. O texto faz parte de um livro em que o autor conversa com seu filho adolescente sobre diversos assuntos importantes, entre os quais a liberdade. Liberdade e responsabilidade A liberdade não é um fim em si mesmo, mas um meio para alcançarmos a felicidade. Entretanto, a realização do nosso querer e da nossa liberdade, além de ter efeitos sobre nós, atinge a coletividade. Afinal, as escolhas pessoais que fazemos envolvem a nossa atuação diante dos outros e podem trazer bem-estar ou mal-estar para eles. Por tudo isso, elas devem ser bem pensadas e avaliadas. Sendo assim, em um primeiro momento, a palavra “liberdade” pode nos trazer a ideia de algo tranquilizador, que produza sensações e sentimentos agradáveis, reconfortantes, animadores e até estimulantes. Mas quan- do a associamos às consequências de nossos atos, aos deveres e às responsabilidades que os acompanham, podemos considerá-la um peso ou um angustiante e difícil momento de escolha. Vista dessa maneira, entre sentimentos contraditórios, a liberdade torna-se um grande enigma... Conexões Encaminhamento de atividades.21 Vou lhe contar um caso dramático. Você conhece os cupins, que, na África, constroem cupin- zeiros impressionantes, de vários metros de altura e duros feito pedra. Como o corpo dos cupins é mole, por não ter a couraça de quitina que protege outros insetos, o cupinzeiro tem a função de uma grande carapaça coletiva que os defende contra certas formigas inimigas mais bem ar- madas do que eles. Mas às vezes um desses cupinzeiros desmorona por causa de uma inundação ou de algum elefante (os elefantes gostam de se coçarem esfregando os flancos contra os cupinzeiros – o que fazer?). Logo os cupins-operários põem-se a trabalhar para reconstruir depressa a fortaleza danificada. E as grandes formigas inimigas lançam-se ao ataque. Os cupins-soldados saem para defender sua colônia, tentando deter as inimigas. Como não podem competir com elas nem em tamanho nem em armamentos, dependuram-se nas atacantes tentando frear sua marcha, e vão sendo despeda- çados pelas mandíbulas das inimigas. Os operá- rios trabalham celeremente para voltar a fechar o cupinzeiro ruído... mas fecham-no deixando fora os pobres e heroicos cupins-soldados, que sacrificam suas vidas pela segurança dos outros. Será que eles não merecem pelo menos uma me- dalha? Não é justo dizer que são valentes? quitina: substância que compõe o revestimento do corpo de certos animais, como os crustáceos e os insetos. flancos: partes laterais do corpo entre o quadril e as últimas costelas. celeremente: velozmente, rapidamente, ligeiramente. Pr isc ila S an so n. 2 01 1. M ist a. 8o. ano – Volume 116 Muda o cenário, mas não o tema. Na Ilíada, Homero conta a história de Heitor, o melhor guerreiro de Troia, que, fora das muralhas de sua cidade, espera obstinadamente por Aquiles, o enfurecido herói dos aqueus, mesmo saben- do que este é mais forte e provavelmente irá matá-lo. Heitor faz isso para cumprir seu dever, que consiste em defender sua família e seus concidadãos do terrível atacante. Nin- guém duvida de que Heitor é um herói, um autêntico valen- te. Mas não será Heitor heroico e valente do mesmo modo que os cupins-soldados, cuja gesta milhões de vezes repetida nenhum Homero preocupou-se em contar? Heitor, afinal, não faz a mesma coisa que qualquer um dos cupins anônimos? Por que seu valor nos parece mais autêntico [...] do que o dos insetos? Qual a diferença entre um caso e outro? Simplesmente, a diferença está em que os cupins-soldados lutam e morrem porque têm que fazê-lo, inevitavelmente (como a aranha que come a mosca). Heitor, por outro lado, sai para enfrentar Aquiles porque quer. Os cupins-soldados não podem desertar, nem se rebelar, nem se esquivar para que os outros tomem o seu lugar: estão programados necessariamente pela natu- reza para cumprir sua missão heroica. O caso de Heitor é dife- rente. Poderia dizer que está doente ou que não tem vontade de enfrentar alguém mais forte do que ele. Talvez seus conci- dadãos o chamem de covarde e o considerem descarado, ou talvez lhe perguntem se tem outro plano para deter Aquiles, mas é indubitável que ele tem a possibilidade de negar-se a ser herói. Por maior que seja a pressão dos outros sobre ele, sempre poderá escapar do que se supõe que deva fazer: não está programado para ser herói, nenhum homem está. Daí o mérito de seu gesto e o fato de Homero contar sua história com épica emoção. Ao contrário dos cupins, dizemos que Heitor é livre, e por isso admiramos seu valor. obstinadamente: persistentemente, teimosamente. aqueus: o mais antigo grupo étnico que deu origem ao povo grego e foi vencido pelos dórios. concidadãos: moradores, cidadãos da mesma cidade. gesta: luta, batalha, guerra. descarado: desavergonhado, insolente, atrevido. indubitável: de que não se pode duvidar, incontestável, certo. épica: relativa à epopeia, extraordinária, heroica. Ilíada é um poema épico atribuído ao escritor grego Homero. Essa obra des- creve uma guerra entre duas cidades por causa do sequestro da esposa do rei Menelau. Com outro poema de Home- ro, chamado Odisseia, a Ilíada inaugurou a literatura ocidental. SAVATER, Fernando. Ética para meu filho. São Paulo: Planeta, 2005. p. 23-24. QUEM É LIVRE?LIVRE? TENHO ESCOLHA? Ilu st ra çõ es : P ris ci la S an so n. 2 01 1. M ist a. NÃO TENHO ESCOLHA! Filosofia 17 Encaminhamento de atividades. 22 1. O autor desse texto comparou os seres humanos com outros seres vivos (os cupins), colocando-os em diferentes cenários de ação. O que essa comparação fez você pensar? Qual o aspecto que lhe pareceu mais marcante? Registre-o e comente-o com os colegas. 2. Na comparação feita pelo autor, a liberdade é a característica que diferencia os personagens presentes nos dois cenários: seres humanos e cupins. Por isso, relendo a última frase do texto, encontramos a pala- vra “livre” relacionada a Heitor. Pensando nisso, elabore uma pergunta que possibilite uma investigação sobre esse tema. Para elaborá-la, você também pode consultar o poema da página 3 e, em especial, uma ideia contrária à que aparece no texto: a de que a liberdade já era o tesouro do reino animal antes de surgirem os humanos. Registre, no espaço a seguir, a pergunta que você elaborou. Depois, com as orientações do professor, reescreva sua pergunta na moldura que está no material de apoio. Hora de filosofar 1. Dialogar com os colegas é uma oportunidade para expressar opiniões, compreender o pensamento dos outros, construir novas formas de ver as coisas, investigar o que se pensa e por que se pensa de determinada maneira. Sendo assim, utilizem as questões elaboradas na atividade anterior para realizar um diálogo filosófico sobre o tema “liberdade”. 2. Com as orientações do professor, registre as conclusões a que você chegou ao final do diálogo filosófico sobre a liberdade. 8o. ano – Volume 118 Reflexão divertida Há muito tempo, o ser humano tem a tendência de se colocar no “centro do universo”. Ele se considera o animal mais inteligente e mais importante do que todos os outros, sejaporque pensa, fala, ri, chora, escolhe, seja porque constrói muitas coisas. Entretanto, convivemos com diversos tipos de animais, domesticados ou selvagens, visíveis ou invisíveis. Eles são nossos vizinhos na Terra e às vezes até coabitam em nossa casa. Muitas vezes, chegamos a comparar o comportamento dos animais com os nossos e concluímos que o leão é violento porque caça animais indefesos, que um pássaro é livre porque voa, que a formiga é trabalhadeira por- que vive a carregar mantimentos para o formigueiro, que o joão-de-barro é muito engenhoso quando constrói sua casa. Pensando nisso, observe um conjunto de gravuras populares do século XVIII e leia o título da obra. Encaminhamento de atividades. 23 M us eu d as C iv iliz aç õe s d a Eu ro pa e d o M ed ite rrâ ne o, M ar se ill e A LOUCURA dos homens – ou O mundo às avessas. Século XVIII. 1 gravura. Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo, Marseille (detalhe). In: ECO, Umberto. História das terras e lugares lendários. Rio de Janeiro: Record, 2013. p. 295. 1. Depois de ler o texto, observar a imagem e analisar suas referências, converse com os colegas e o professor a respeito das seguintes questões. a) Qual a relação entre as gravuras e o título: A loucura dos homens – ou O mundo às avessas? b) Você considera que os animais têm os mesmos interesses que os seres humanos? c) Os animais são livres? 2. Anote o que essa conversa acrescentou às suas reflexões sobre o tema “liberdade”. Atividade da seção Hora de estudo.24 Filosofia 19 Liberdade de ser diferente Vivemos em sociedade e, mesmo sendo dife- rentes uns dos outros, estamos todos interligados. Isso levanta algumas questões sobre a liberdade. Por exemplo: Como conviver com os outros e, ainda assim, manter a nossa liberdade individual? Como garantir que a liberdade de uns não interfira na dos outros? Como respeitar a liberdade de quem vive, pensa e age de um modo do qual discordamos ou que não compreendemos? Pense nessas questões antes de iniciar a leitura do texto a seguir. Conexões Este texto faz parte do livro de Fernando Savater, do qual falamos na página 16. Nesse trecho, o autor reflete sobre como é viver em sociedade, convivendo com as diferenças e os conflitos que podem surgir. Encaminhamento da atividade. 25 [...] Não há nada mais fácil do que amar a Humanidade em abstrato, sobretudo quando alguém quer dar uma de sublime para ficar bem: afinal, ninguém nunca tropeça na dona Humanidade nem tem que lhe dar lugar no ônibus. O difícil, de fato, é respeitar os outros seres concretos [...]. A coisa começa a complicar quando temos que aceitar o diferente, o estranho ou o estrangeiro, o imigrante. Afinal, nós, seres humanos, somos animais gregários e por isso gos- tamos de viver em rebanho, ou seja, entre pessoas que se assemelham a nós. Viver em rebanho é como viver entre espelhos: sempre vemos à nossa volta rostos que refletem os nossos, que falam como nós, que comem os mesmos alimentos, que riem e choram por coisas similares. Mas de repente chega alguém que não pertence ao nosso clã, que tem um cheiro ou uma cor diferente e que soa de outro modo. Então o animal gregário que há dentro de nós se assunta ou desconfia, sente-se em perigo, acha que está sendo “invadido”. Em resumo, tornamo-nos agressivos e perigosos... Como além de sermos cada vez mais numerosos também é cada vez mais fácil viajar e comunicar-se, a presença de “estranhos” em nosso rebanho ou tribo não para de aumentar. Se você mora numa cidade grande já deve ter notado isso muito bem. Se você estuda numa escola como deve ser – daquelas que não excluem nem segregam ninguém para manter inumana “pureza” gregária –, talvez se sente ao lado de alguém que não é um simples “espelho” seu, mas que tem uma aparência diferente. E o mais provável é que, de início, isso crie alguma dificuldade... como decerto também crie para o outro! Para começar vocês já têm muita coisa em comum: sentem e sabem que são “diferentes” da pessoa que está ao seu lado. sublime: nobre, elevado, magnífico, quase perfeito. gregários: que fazem parte de um rebanho, de um bando. clã: indivíduos ligados por laços familiares e com ancestrais comuns. inumana: não humana. ©Shutterstock/Luba V Nel SAVATER, Fernando. Ética para meu filho. São Paulo: Planeta, 2005. 8o. ano – Volume 120 1. Sublinhe o trecho do texto que mais chamou a sua atenção. Depois, comente-o com os colegas. 2. Releia as seguintes afirmações, retiradas do texto: “[...] Nada mais fácil do que amar a Humanidade em abstrato [...]. O difícil, de fato, é respeitar os outros seres concretos [...]” a) O que você entende que o autor quis dizer com essas afirmações? Registre sua interpretação. b) Você concorda com as afirmações do autor? Se a sua resposta for negativa, explique por quê. Se for afirmativa, cite um exemplo que demonstre a validade dessas afirmações. Encaminhamento das atividades. 26 Hora de filosofar 1. Reflita e diga se estes itens podem contribuir para libertar e/ou para aprisionar uma pessoa. • Aparência • Hábitos • Tradições • Crenças • Opiniões • Gostos • Condições econômicas • Educação recebida • Conhecimentos adquiridos 2. Registre suas conclusões. Neste capítulo, você identificou algumas faces da liberdade. No entanto, ela ainda guarda muitas outras. Em breve, você poderá descobri-las por meio de novas reflexões e diálogos filosóficos! Filosofia 21 Hora de estudo 1. As nossas características físicas são definidas por uma combinação de genes de nossos pais biológicos. A cor dos olhos, da pele ou do cabelo, o lóbulo da orelha e até a predisposição a desenvolver algumas habilidades são herdados deles. Pensando nisso, siga as orientações do professor e resolva o desafio de lógica para descobrir as características físicas de três moças: Helena, Renata e Samanta. a) Três moças se conheceram na página virtual de um grupo de jardinagem e combinaram de se en- contrar no curso de horta caseira, oferecido pelo grupo. Como não se conheciam pessoalmente, elas precisavam saber as características físicas de cada uma para poder se encontrar. Você pode ajudá-las. Para isso, precisa descobrir a cor dos olhos, a cor do cabelo e o tipo do cabelo de cada uma das três moças: Helena, Renata e Samanta. 1. Helena não tem cabelo liso. 2. A moça que tem cabelo crespo não se chama Renata. 3. Samanta tem olhos castanhos. 4. A moça que tem o cabelo enrolado não é loira. 5. Quem tem olhos azuis não tem cabelo enrolado. 6. A moça ruiva tem cabelo crespo. 7. Samanta tem os olhos e os cabelos da mesma cor e seus cabelos não são lisos. 8. A loira não tem olhos verdes. 9. Quem tem cabelo liso tem olhos azuis. 10. Quem tem olhos verdes tem cabelos crespos, mas não se chama Renata. Cor dos olhos Cor do cabelo Tipo do cabelo Ve rd es A zu is C as ta nh os Lo ir o C as ta nh o Ru iv o Li so En ro la do Cr es po N om e Helena S N N N N S N N S Renata N S N S N N S N N Samanta N N S N S N N S N Ti po d o ca be lo Liso N S N S N N Enrolado N N S N S N Crespo S N N N N S Co r d o ca be lo Loiro N S N Castanho N N S Ruivo S N N Nome Cor dos olhos Cor do cabelo Tipo do cabelo Helena Verdes Ruivo Crespo Renata Azuis Loiro Liso Samanta Castanhos Castanho Crespo Encaminhamento de atividades, sugestão de respostas e atividades complementares.27 22 b) De acordo com as características físicas das três moças, identifique-as e escreva o nome delas abaixo de suas respectivas fotos. 2. Aristóteles afirmou que precisamos buscar o meio-termo, ou seja, devemos equilibrar as emoções, evi- tando a falta ou o excesso delas. O meio-termo, ou justa medida, entre esses opostos é o que ele chamou de virtude. Considerando essas informações, observe as virtudes listadas no quadro a seguir. FALTA MEIO-TERMO (VIRTUDES) EXCESSO Vaidade Coragem Pacatez Covardia Liberalidade Humildade indébita Avareza Justo orgulho ProdigalidadeIrascibilidade Calma Temeridade a) Consulte um dicionário para pesquisar as palavras do quadro cujo significado você não conhece. Anote os significados que você encontrou. b) Volte ao quadro e ligue as palavras relacionando cada virtude com as emoções que correspondem à falta e ao excesso dela. c) Agora, complete corretamente as lacunas conforme o exemplo. Em cada item, a primeira lacuna refere-se à falta, e a segunda, ao excesso. • A coragem é o meio-termo entre a covardia (falta) e a temeridade (excesso). • A liberalidade é o meio-termo entre a avareza (falta) e a prodigalidade (excesso) . • O justo orgulho é o meio-termo entre a vaidade (falta) e a humildade indébita (excesso) . • A calma é o meio-termo entre a irascibilidade (falta) e a pacatez (excesso) . Renata Samanta Helena © Sh ut te rs to ck /W AY HO M E st ud io © Sh ut te rs to ck /D en is Ta bl er © Sh ut te rs to ck /V al ua V ita ly © Sh ut te rs to ck /P ho vo ir © Sh ut te rs to ck /A na st as iia K az ak ov a © Sh ut te rs to ck /H Te am Coragem: bravura em face do perigo, perseverança, firmeza. Covardia: falta de coragem; medo, fraqueza de ânimo. Temeridade: imprudência, ousadia. Liberalidade: generosidade. Avareza: falta de generosidade, mesquinhez. Prodigalidade: esbanjamento, desperdício. Justo: de acordo com a justiça, exato, preciso. / Orgulho: sen- timento de dignidade pessoal. Humildade: modéstia, submissão, reconhecimento da pró- pria fraqueza. / Indébita: indevida, inadequada. Vaidade: vanglória, desejo excessivo de atrair admiração ou homenagens. Calma: serenidade de ânimo, tranquilidade. Pacatez: sossego, grande tranquilidade. Irascibilidade: ira, irritação. 23 3. A fábula é um gênero textual em que animais apresentam comportamentos humanos para provocar a reflexão acerca de algum assunto de nosso interesse. Geralmente, ela tem uma moral, ou seja, procura transmitir um ensinamento sobre como devemos agir ou nos comportar. Um exemplo é o poema apresentado a seguir. Trata-se da versão do poeta abolicionista Olavo Bilac para a narrativa do fabulista Esopo, que viveu como escravizado na Grécia Antiga. Leia o texto com atenção. O lobo e o cão (Fábula de Esopo) Encontraram-se na estrada Um cão e um lobo. E este disse: “Que sorte amaldiçoada! Feliz seria, se um dia Como te vejo me visse. Andas gordo e bem tratado, Vendes saúde e alegria: Ando triste e arrepiado, Sem ter onde cair morto! Gozas de todo conforto E estás cada vez mais moço; E eu, para matar a fome, Nem acho às vezes um osso! Esta vida me consome... Dize-me tu, companheiro: Onde achas tanto dinheiro?” Disse-lhe o cão: “Lobo amigo! Serás feliz, se quiseres Deixar tudo e vir comigo; Vives assim porque queres... Terás comida à vontade, Terás afeto e carinho, Mimos e felicidade, Na boa casa em que vivo!” Foram-se os dois. Em caminho, Disse o lobo interessado: “Que é isto? Por que motivo Tens o pescoço esfolado?” “É que às vezes amarrado Me deixam durante o dia...” “Amarrado? Adeus amigo! (Disse o lobo) Não te sigo! Muito bem me parecia Que era demais a riqueza... Adeus, inveja não sinto: Quero viver como vivo! Deixa-me, com a pobreza! Antes livre, mas faminto, Do que gordo, mas cativo! BILAC, Olavo. Poesias infantis. Rio de Janeiro: Livraria Clássica de Francisco Alves, 1904. p. 125-127. In: Universidade de São Paulo. Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Disponível em: <https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/4694> Acesso em: 6 jul. 2018. a) De acordo com a fábula, quais seriam as vantagens de se ter um “dono”? b) Por que o lobo preferiu uma vida difícil na floresta às facilidades e ao conforto de ter um dono? c) Que relações podem ser estabelecidas entre o conteúdo dessa fábula e a liberdade humana? 24 Capítulo 1 – Página 4 – Reflexão divertida 8o. ano – Volume 1 Material de apoio Filosofia 1 Capítulo 1 – Página 18 – Conexões • • • • • • • L ib er da de • • • • • • • L ib er da de • • • • • • • L ib er da de • • • • • • • L ib er da de • • • • • • • L ib er da de • • • • • • • L ib er da de • • • • • • • • • • • • • • L ib er da de • • • • • • • L ib er da de • • • • • • • L ib er da de • • • • • • • L ib er da de • • • • • • • L ib er da de • • • • • • • L ib er da de • • • • • • • • • • • • • • Liberdade • • • • • • • Liberdade • • • • • • • Liberdade • • • • • • • Liberdade • • • • • • • • • • • • • • Liberdade • • • • • • • Liberdade • • • • • • • Liberdade • • • • • • • Liberdade • • • • • • • 8o. ano – Volume 1 Material de apoio Filosofia 3
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