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Livro do professor Livro didático 9o. ano Volume 2 Filosofia 2 Viver em busca do bem 2 Livro do professor © Sh ut te rs to ck /K ue s 2 • Qual é o horizonte da nossa vida? • Existe um sentido para nossa existência? • Existe um caminho certo para seguir? • Há escolhas boas? E más? • Como avaliar uma situação para tomar uma decisão? Viver em busca do bem Encaminhamento de atividade.1 • O horizonte é o ponto mais distante que podemos enxergar em uma paisagem © Sh ut te rs to ck /T im m ar y 2 Objetivos • Perceber a importância da ética para as mais diversas áreas do conhecimento. • Compreender a política como uma questão de organização das coletividades. • Reconhecer a condição humana no contexto da vida e da morte. • Associar questões ligadas à vida e à morte aos seus aspectos éticos, políticos e existenciais. Navegar é preciso... O ser humano sempre foi movido pela curiosidade e pelo desejo de saber mais sobre o mundo em que habita, acerca dos seres que vivem nele e, especialmente, das pessoas e de seus diferentes modos de vida. Assim, ao lon- go da história, muitos conhecimentos foram construídos, enquanto outros foram abandonados ou modificados e complementados. Isso mostra que o conhecimento, como o próprio ser humano, está em constante construção. Você já imaginou, por exemplo, como uma pessoa que viveu na Idade Média acreditava que era o mundo? Para ter uma ideia a respeito disso, observe a gravura a seguir. Ela mostra o mapa do mundo produzido no sé- culo XIII pelo cartógrafo europeu Bartolomeu Ânglico. Encaminhamento metodológico.2 • Mapa em T ÂNGLICO, Bartolomeu. De proprietatibus rerum. 1372. 1 gravura. Biblioteca Nacional da França, Paris. In: ECO, Umberto. História das terras e lugares lendários. Rio de Janeiro: Record, 2013. p. 15. O mapa que você observou representa o mundo conhecido pelos europeus na Idade Média. Muitos estu- diosos medievais acreditavam que a Terra era plana e tinha a forma de um círculo dividido em três partes pelo Mar Mediterrâneo. Assim, nesse mapa, o cartógrafo representou o mundo com o formato da letra “O” e o Mar Mediterrâneo com o formato da letra “T”, demarcando as fronteiras entre a Europa (acima), a Ásia (à direita) e a África (à esquerda). O profissional responsável pela re- presentação gráfica da superfície terrestre, feita por meio de cartas geográficas, ou seja, de mapas, é o cartógrafo. A Cartografia teve iní- cio com as representações produ- zidas na Antiguidade. Atualmente, ela se baseia em imagens aéreas e dados obtidos por meio de novas tecnologias, como o uso de satéli- tes artificiais. © Bi bl io te ca N ac io na l d a Fr an ça , P ar is 3 No início da Idade Moderna, alguns povos europeus realizaram uma série de expedições marítimas conhe- cidas como Grandes Navegações. Nesse contexto, sob as ordens dos reis da Espanha, o navegador Cristóvão Colombo chegou à América no ano de 1492. Já Pedro Álvares Cabral foi nomeado capitão-mor pela Coroa portuguesa para chefiar uma expedição às Índias Orientais, mas percorreu uma rota diferente e aportou em terras brasileiras em 1500. Esses eventos trouxeram significativas mudanças históricas e possibilitaram novos desenhos do mapa do mundo. Para navegar nessas expedições, em busca de ampliar as fronteiras do mundo, os marinheiros dependiam de conhecimentos sobre técnicas de navegação, orientação espacial e condições climáticas, entre outros. Além disso, necessitavam de muita coragem para enfrentar longas viagens que desafiavam a imaginação. Afinal, o que poderia haver além da linha do horizonte, na parte desconhecida do mundo? Encaminhamento metodológico.3 Conexões Quando observamos uma paisagem natural, sem obstruções à nossa frente, podemos enxergar o que existe até uma razoável distância. Ao fim dela, percebemos uma espécie de linha em que o céu e a Terra parecem se encontrar. Essa linha, que se apresenta à nossa visão, é denominada horizonte. Ela indica o espaço conhecido, seguro, que se estende até onde nosso olhar alcança. Encaminhamento de atividade e atividade da seção Hora de estudo.4 André Lemes. 2010. Digital. 4 9o. ano – Volume 2 Os marinheiros das Grandes Navegações ousaram percorrer longas distâncias para descobrir o que havia além do horizonte que conheciam. Em suas viagens, utilizaram alguns instrumentos de navegação, entre os quais a bússola. Esse instrumento contém a ilustração de uma rosa dos ventos, a qual representa as direções que nos cercam, tomando como principal referência os pontos cardeais: Norte, Sul, Leste (ou Este) e Oeste. Con- tém ainda uma agulha magnética, que aponta sempre para o norte. Sendo assim, com a ajuda de uma bússola, é possível determinar a localização das embarcações, bem como estabelecer o trajeto pelo qual viajar. Ao imaginar a linha do horizonte formando um círculo, dividido em partes iguais, o ser humano criou a rosa dos ventos. Utilizada em mapas e bússolas, ela representa os pontos cardeais (Norte, Sul, Leste, Oeste), mas também pode incluir representações de direções inter- mediárias, conhecidas como pon- tos colaterais (Nordeste, Noroeste, Sudeste, Sudoeste) e subcolaterais (Norte-Nordeste, Norte-Noroeste, Leste-Nordeste, Leste-Sudeste, Sul- -Sudeste, Sul-Sudoeste, Oeste-Su- doeste, Oeste-Noroeste). • Representação da rosa dos ventos no interior de uma bússola Conhecendo a posição dos pontos cardeais, em relação uns aos ou- tros, podemos nos localizar no espaço, mesmo sem ter em mãos uma bússola ou uma rosa dos ventos. Afinal, considerando que o Sol “nasce” a leste e se “põe” a oeste, é possível descobrir onde se situam o norte e o sul, em relação ao local em que nos encontramos. Para nos orientar quanto à direção que devemos seguir quando nos deslocamos no espaço, podemos recorrer à rosa dos ventos e ao Sol. Mas a que podemos recorrer para nos orientar quanto à atitude que devemos tomar em cada situação da nossa vida? Pense e discuta com os colegas a respeito disso. Depois, registre algumas sugestões nos espaços ligados aos vértices da rosa dos ventos a seguir. • © Sh ut te rst oc k/M icr oO ne LO N S 5 Informações complementares. Filosofia 5 ... viver não é preciso A realização das Grandes Navegações indica que, nos séculos XV e XVI, alguns europeus acreditavam na existência de novas terras para além da imensidão do horizonte. No entanto, podemos supor que, apesar do desejo de conhecer esses territórios, os navegantes também temiam o que pudessem encontrar na vastidão dos oceanos e depois de atravessá-los. A intensidade desse temor pode ser imaginada se considerarmos as representações de feras e monstros, frequentes em mapas produzidos até o século XVI. Em 1539, por exemplo, o cartógrafo sueco Olaus Magnus publicou, na Itália, uma obra denominada Carta marina. Ela continha um mapa, dividido em nove partes, da região atualmente conhecida como Escandiná- via. Esse mapa trazia, além da representação dos territórios, diversas imagens de criaturas monstruosas. Cinco anos depois, o cartógrafo alemão Sebastian Münster produziu uma obra, em quatro volumes, denominada Cosmografia universal. Nela, entre outros assuntos, reuniu figuras de monstros e feras terrestres ilustrados em diferentes partes da Carta marina. Observe, a seguir, uma imagem dessa compilação. © Se ba st ia n M ün st er MÜNSTER, Sebastian. Maravilhas do mar (retirado de vinhetas na Carta marina de Olaus Magnus). In: _______. Cosmografia universal. Basileia, 1544. Ainda que duvidemos da existência ou das características de alguns seres representados na imagem, é possível compreendermos os sentimentos dos marinheiros no início da Modernidade. Afinal, o que pode ser mais amedrontador que o desconhecido? O que pode haver além daquilo que conhecemos? O velho em novas roupagens? Algo absolutamente novo? Ou algo que jamais poderíamos sequer imaginar? Por outro lado, a vida de cada um de nós pode ser comparadacom a aventura cheia de riscos empreendida pelos viajantes daquele período. Isso porque conhecemos o ponto de partida da nossa jornada pela vida, mas desconhecemos o ponto de chegada, assim como as rotas que seguiremos em nossa viagem e os percalços que enfrentaremos pelo caminho. Pense nisso durante a leitura do poema apresentado a seguir. Compilação: reunião, junção de elementos que estavam dispersos. 9o. ano – Volume 26 O poeta português Fernando Pessoa viveu do fim do século XIX ao início do século XX e tornou-se um dos maiores nomes da literatura ocidental. As Grandes Navegações de Portugal são mencionadas na obra desse autor, em cujos escritos é frequente a presença do verbo navegar. Em um de seus poemas, ele citou uma frase atribuída ao general romano Pompeu sobre navegar e viver. De acordo com textos da Antiguidade, o general teria dito essa frase no século I a.C. para encorajar alguns marinheiros temerosos a partir em uma expedição. Conheça um trecho do poema em que ela é ressignificada por Fernando Pessoa. Conexões 6 Informações complementares, encaminhamento de atividades e sugestões de resposta. PESSOA, Fernando. Navegar é preciso. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/jp000001.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2018. 1. Registre um sinônimo que você utilizaria para substituir o termo em destaque nesta frase, que é citada no poema: “Navegar é preciso; viver não é preciso”. 2. Apresente seu registro para a turma, ouça o que os colegas responderam e a explicação do professor. Depois dessa troca de ideias, escreva sua interpretação pessoal a respeito do sentido da frase dos nave- gadores antigos. 3. Explique o sentido da frase de Fernando Pessoa: “Viver não é necessário; o que é necessário é criar”. Navegar é preciso Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: “Navegar é preciso; viver não é preciso”. Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, [...] Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. © Sh ut te rs to ck /A nd re y_ Ku zm in Filosofia 7 Olhar de filósofo 1. Converse com os colegas: Como vocês entenderam as ideias de Heidegger? Vocês concordam ou discordam dessas ideais? Por quê? 2. Relacione as ideias de Heidegger com as de Fernando Pessoa, expressas no poema da página 7. Quando olhamos para frente, deparamo-nos, a certa distância, com a imagem da linha do horizonte e não conseguimos ver o que existe além dela. Portanto, fica a impressão de que o horizonte marca o fim de um percurso. Porém, quando seguimos em direção a ele, jamais conseguimos alcançá-lo. Sendo assim, a ideia de horizonte desperta múltiplas interpretações e reflexões. No século XX, por exemplo, o filósofo alemão Martin Heidegger refletiu sobre aqueles que considerava os horizontes da existência humana: o tempo (de duração finita) e o ser (de infinitas possibilidades). Esse filósofo optou por investigar nossa existência com base no horizonte do tempo, já que ela é finita, ou seja, limitada pela morte. Tanto que se tornou comum a afirmação de que a morte é a única certeza da vida, destacando que, nesta, as demais coisas são incertas. Pode parecer assustador pensar dessa forma, em especial se desejamos aproveitar a vida plenamente. Contudo, em sua investigação, Heidegger também considerou o horizonte do ser, formado por infinitas possibilidades de realização. Assim, concluiu que a existência humana, apesar de finita, pode ser entendida como um vasto campo de possibilidades que se abrem para cada um. De acordo com esse filósofo, ter consciência de que é finito e, ainda assim, procurar viver da melhor maneira possível é uma característica específica do ser humano. Este está “lançado” no mundo e aberto para diferentes possibilidades de ser, apesar de sua finitude. Na caminhada da vida, a cada passo, ele se projeta para o futuro, ao mesmo tempo em que constrói seu presente, com base nos passos dados anteriormente. Dessa forma, Heidegger definiu o ser humano como “aquele que se sabe finito no horizonte do tempo, mas infinito no horizonte do ser”. E descreveu o presente como o momento privilegiado de abertura para o en- contro do ser (possibilidades) com o tempo (agora). 7 Introdução de conceito e encaminhamento de atividades. A pronúncia de Martin Heidegger é Mártin Háideguer. 8 Atividade da seção Hora de estudo. Da ni el K le in . 2 01 8. D ig ita l. A CONSCIÊNCIA DESSA CONDIÇÃO É UMA CARACTERÍSTICA HUMANA! O SER HUMANO É FINITO NO HORIZONTE DO TEMPO, MAS INFINITO NO HORIZONTE DO SER. 9o. ano – Volume 28 Reflexão divertida 9 Encaminhamento de atividades. Martin Heidegger refletiu sobre a relação do ser humano com o horizonte do tempo, caracterizado pela finitude, e com o horizonte do ser, caracterizado por infinitas possibilidades. Concluiu que ambos se encontram no momento presente. Reflita você também sobre o momento presente, o tempo e o ser. Para isso, realize as atividades a seguir. 1. Preste atenção a este exato instante e depois responda às questões. a) Quanto durou, aproximadamente, tal instante? b) Este instante é o mesmo que o primeiro? c) Quantos instantes se passaram durante esta atividade? d) O que a reflexão sobre as questões anteriores revela acerca do tempo? 2. O desenvolvimento tecnológico aumentou a velocidade no deslocamento das pessoas e na comunica- ção entre elas. Sendo assim, necessitamos de um tempo cada vez menor para estar diante de novas pos- sibilidades. Você acredita que isso interfere na percepção do momento presente? Justifique a sua opinião. Filosofia 9 Um “norte” para as ações humanas Vimos que, ao percorrer caminhos desconhecidos, as pessoas podem usar uma bússola para lhes indicar a direção norte e, assim, orientar sua trajetória. Para guiar suas condutas, muitas vezes, elas também bus- cam um “norte”, ou seja, uma referência que as possa orientar a respeito de como viver no mundo e convi- ver com os outros. Sendo assim, há muito tempo, o bem é apontado como critério para orientar as atitu- des individuais. Na Antiguidade, por exemplo, alguns filósofos compararam a ideia do bem ao Sol, por “iluminar” e guiar as decisões e as ações humanas. Afinal, com base nessa ideia, podem-se estabelecer socialmente algumas regras de conduta para serem observadas pelos indivíduos. O conjunto dessas regras é denomi- nado moral. 3. Em desenhos e obras de arte, o horizonte é representado por uma linha (horizontal) que divide o espaço em duas partes e influencia o ponto de vista do observador, colocando-o em perspectiva. Assim, quanto mais o nosso olhar se afasta de onde estamos, em direção ao horizonte, menos nítidas são as imagens que ele alcança. Isso é exemplificado pela imagem a seguir. Ao contrário do que parece, à primeira vista, a linha do horizonte não marca o fim de uma paisagem. Depois dela, há novas possibilidades que só podem ser alcançadas pelo olhar quando seguimos em dire- ção a elas. Pensando nisso, realize as atividades propostas a seguir, conforme as orientações do professor. a) Destaque as páginas 1 e 3 do material de apoio e siga os comandos. A linha central simboliza o ho- rizonte, e o observador, diante dela, representa você. b) No espaço em que está o observador, desenhe uma paisagem que mostre “onde” você se encontra na etapa atual de sua existência. c) Do outro lado da linha do horizonte, desenhe uma paisagem que represente “aonde” você quer chegar no futuro. d) Acrescente uma legenda explicativa para cada paisagem desenhada. 10 Introdução de conceito. Da ni el K le in . 2 01 8. D ig ita l. © Sh ut te rs to ck /M ike P el lin ni 9o. ano – Volume 210 ©Shutterstock/Alvaro Cabrera Jimenez Atividades No decorrer de nossas vidas, convivemos e nos relacionamos com outras pessoasem diversos ambientes e circunstâncias. Em cada um deles, encontramos algumas regras de condu- ta, consideradas necessárias para o bom convívio social. Pensando nisso, realize as seguintes atividades. 1. Observe a imagem, que simboliza um conjunto de re- lações interpessoais. Esse tipo de representação gráfica é muito associado às relações que as pessoas estabele- cem nos mundos profissional e digital. 2. No espaço a seguir, desenhe uma rede de relações entre pessoas. Registre quem são as pessoas ligadas nessa rede e o contexto em que elas convivem e/ou se relacionam. Cite ainda três regras de conduta, relacionadas à ideia do bem e que são necessárias para um bom convívio/relacionamento no contexto escolhido por você. 11 Encaminhamento de atividades. Filosofia 11 Olhar de filósofo Agora é sua vez de refletir a respeito desse tema. Pense e discuta sobre as questões a seguir. Depois, registre suas respostas pessoais a cada uma delas. Lembre-se de apresentar exemplos e argumentos para defender suas opiniões. A moral é um tema bastante discutido ao longo da história. No final do século XIX, por exemplo, um filósofo alemão chamado Friedrich Nietzsche estudou o pensamento de filósofos da Antiguidade que comparavam a ideia do bem ao Sol, capaz de iluminar a criação de regras de conduta para compor a moral. Ao refletir sobre essas ideias, ele concluiu que, assim como alguns planetas têm mais de um sol, as pessoas não apresentam uma única moral, mas diversas “morais”. No entanto, muitos pensadores, de diferentes épocas, acreditaram na possibilidade de encontrarmos uma regra moral universal, ou seja, uma regra válida para qualquer pessoa, em qualquer circunstância, momento ou lugar. Entre eles, destacou-se Immanuel Kant, que tam- bém viveu na Alemanha, um século antes de Nietzsche. Kant afirmou que todo indivíduo deve reconhecer e respeitar a humanidade dos outros, agindo sem- pre do modo como gostaria que os demais também agissem. Essa era a regra universal apresentada e defendida pelo filósofo. 12 Informações complementares. A pronúncia de Friedrich Nietzsche é Frid’rítch Níitche. A pronúncia de Immanuel Kant é Imánuel Kânt. 13 Encaminhamento de atividades e atividade da seção Hora de estudo. efendida pelo filósofo. HÁ UMA REGRA MORAL UNIVERSAL: AGIR COMO SE DESEJARIA QUE TODOS AGISSEM! EXISTEM VÁRIOS SÓIS... E EXISTEM VÁRIAS “MORAIS”. Da ni el K le in . 2 01 8. D ig ita l. 9o. ano – Volume 212 Como buscar o bem? Você já questionou se somos bons ou maus? Será que temos escolha nesse sentido? Podemos nos modi- ficar? E modificar o mundo em que vivemos? Muitos acreditam que, aprendendo e seguindo regras morais preestabelecidas, podemos ser bons, viver e conviver bem, construindo um mundo me- lhor. Mas será que as regras morais bastam para que isso se realize? Será que todas elas são boas e mere- cem ser aceitas? E quando as seguimos contra a nos- sa vontade, isso nos torna pessoas boas? Ou sermos bons também depende dos nossos pensamentos e sentimentos? Sabemos que essas são perguntas difíceis de se- rem respondidas. Por isso, a partir de agora, apresenta- remos textos e atividades com o objetivo de provocar as suas próprias reflexões a respeito delas! 1. Você acredita que existe um conceito de bem válido para todos (assim como há um único sol para a Terra) ou um conceito de bem para cada um (assim como há diferentes sóis no espaço)? Justifique sua opinião. 2. A respeito da possibilidade de encontrar uma regra moral universal, você concorda com as ideias de Kant ou com as de Nietzsche? Por quê? 14 Encaminhamento metodológico. © Sh ut te rs to ck /M et am or w or ks Filosofia 13 Conto de fada às avessas Certa vez, algum tempo atrás, exis- tia uma criança que não sabia o que era ódio. Essa mesma criança também não sa- bia o que era a guerra. Não tinha ideia do que significava a palavra violência. Nem tampouco intolerância, fome, mi- séria, rancor. Não conseguia imaginar o contrário de felicidade, alegria, nem o oposto de bem e de bom. [...] Mas a criança cresceu. E observou o mundo ao seu redor com o ar da juventude. E percebeu como era o mundo na realidade. Neste mundo tinha ódio, guerra, intolerância, miséria, fome, maldade, doença, rancor. Essa criança cresceu e viu como seu mundo per- feito e maravilhoso na verdade era um tanto pior do que jamais sonhara. Essa criança é este ser que conta esta história. [...] Devo dizer, é claro, que sinto muita saudade de quando era criança e vivia correndo por aí sem ter qualquer ocupação. Gostaria ainda de não ver todo esse ódio que reina na vida dos adultos. Será que eles sentem isso mesmo? Será que percebem o quanto, na ver- dade, são maus uns com os outros? [...] Mas nem todos são assim – pelo menos eu espero. Você deve estar se perguntando onde eu moro. Bem, eu moro dentro de cada lar onde se tem o vizinho como inimigo. Em cada país, em cada tribo, cidade, planeta que deseja ser feliz destruindo e dominando os outros. Quero dizer também que muitos destes sentimentos de que eu falei você talvez nem saiba o que são. [...] É sinal de que ainda possui inocência. Ou que faz o bem ou o mal sem saber... CATARINA, Ricardo P. Conto de fadas às avessas. In: OLIVEIRA, Paula R. de. Um mundo de histórias. Petrópolis: Vozes, 2004. (Textos para começar a filosofar). 15 Informações complementares e encaminhamento de atividades.Conexões Desejar o bem para si é um impulso natural dos seres humanos. Mas será que podemos dizer o mesmo so- bre fazer o bem aos outros? Afinal, vemos exemplos dessa disposição, conhecida como bondade, mas também presenciamos o seu inverso: a disposição de prejudicar os outros, conhecida como maldade. As ocorrências da bondade e da maldade despertam a atenção dos filósofos, promovendo investigações acerca da essência humana, das relações sociais, do papel exercido pelas regras morais em relação aos indiví- duos e à coletividade. Além disso, o assunto pode despertar nossa própria reflexão, a respeito da nossa conduta e das relações que nos cercam. Sendo assim, o texto a seguir pode ser entendido como um convite para uma autoavaliação do leitor, com base nesta indagação: Será que percebemos quando estamos fazendo o bem ou o mal aos outros? Participe dessa reflexão! © Sh ut te rs to ck /K K Ta n 9o. ano – Volume 214 Leia e discuta as questões a seguir. Elas pretendem provocar o diálogo e a reflexão cooperativa entre você e os colegas sobre os conceitos de bondade e maldade. • •A bondade e a maldade decorrem dos pensamentos ou dos sentimentos de uma pessoa? • •A bondade e a maldade são naturais ou aprendidas? • •Bondade e maldade podem ser entendidas como hábitos? • •Agir segundo as regras sem considerar os seus efeitos nos torna bons? • •Pessoas que não praticam ações maldosas são boas? • •Podemos agir com bondade e não sermos bons? • •Como você definiria bondade? E maldade? • •Podemos transformar a maldade em bondade? E vice-versa? • •Pode existir uma moral que não valorize a bondade? Encaminhamento de atividade.16 Hora de filosofar 1. Sublinhe, no texto, os trechos que despertaram suas próprias reflexões a respeito da bondade e da maldade. 2. Comente algumas de suas reflexões com os colegas, ouvindo também o que eles pensaram. Então, regis- tre um comentário que você fez e outro que ouviu de um colega durante esse diálogo. 3. Você considera possível fazer o bem ou o mal sem saber, como sugere o texto? Justifique a sua opinião. Filosofia 15 E P T I M A A 17 Encaminhamento de atividades. Atividades No texto Conto de fada às avessas, o narrador conta como via o mundo na infância e como passou a vê-lo quando cresceu. Convidamos você a realizar uma reflexão semelhante. 1. Registre por escrito o que você pensava na infância e o que pensa atualmente sobre a presença e os efeitos da bondade e da maldade no mundo à sua volta. • Infância • Atualidade 2. Com base nas ideias que você registrou,produza um texto argumentativo sobre a bondade e a maldade. © Sh ut te rs to ck /A rti sh ok Como seria estar no lugar dos outros? Você já questionou quais seriam as causas da bondade entre as pessoas? Não é fácil chegar a uma resposta definitiva para essa questão, mas podemos, ao menos, levantar algumas hipóteses. Entre elas, destacamos duas capacidades atribuídas aos seres humanos: • reconhecer a humanidade do outro, estendendo a ele a preocupação e o cuidado que se tem para consigo; • colocar-se no lugar do outro para tentar entender seus pensamen- tos, sentimentos, desejos e necessidades. Ao utilizar essas capacidades, que constituem a empatia, podemos agir com bondade, proporcionando o bem que os outros esperam e evitando ou diminuindo os males que eles sofrem. Ter empatia é buscar colocar-se, mental e afetivamente, no lugar de alguém, tentando ver o mundo sob o olhar dessa pessoa, pensar de acordo com as ideias dela, sentir o efeito das emoções que a envolvem. Isso não significa que devemos nos tornar iguais a essa pessoa, abandonan- do nossos próprios pensamentos e sentimentos. Trata-se apenas de pensar e julgar, por um momento, como se estivéssemos no lugar dela, experimentando suas alegrias e dificuldades, a fim de tentarmos entendê-la. 9o. ano – Volume 216 1. Atribua um número (de 1 a 7) para cada pessoa citada nos itens a seguir. O número 1 indicará a pessoa pela qual você considera mais fácil ter empatia. O número 7 indicará aquela por quem lhe parece mais difícil ter essa disposição. ( ) Uma criança. ( ) Um idoso. ( ) Um ídolo. ( ) Uma pessoa de outra classe social. ( ) Uma pessoa que tem ideias e valores diferentes dos seus. ( ) Uma pessoa que você considera má. ( ) Uma pessoa de quem você não gosta. 2. Apresente aos colegas as respostas que você registrou na atividade anterior e ouça o que eles responderam. 3. Quais foram os critérios que você adotou para fazer a classificação solicitada na atividade 1? 4. Escreva dois motivos para ter empatia pelas pessoas às quais, na primeira atividade, você atribuiu os nú- meros 6 e 7. Atividades O sentimento de empatia pode surgir entre pessoas muito diferentes umas das outras, pois elas sempre terão certas características em comum. Afinal, todas partilham a condição humana, que envolve as capacidades de sofrer e sentir dor, assim como a ten- dência de buscar algum tipo de satisfação ou felicidade para si. Apesar disso, nem sempre presenciamos ou vivenciamos a empatia. Muitas vezes, deparamo-nos com situações em que a insensibilidade de uns acaba causando ou ampliando os sofrimentos de outros. Isso pode ocorrer por meio de atitudes maldosas, mas também pela imposição dos próprios pontos de vista aos outros. Um exemplo é quando damos conselhos a alguém sem aceitar que estes não sejam seguidos à risca, mesmo que contrariem os sentimentos, as ideias ou os valores de quem os recebe. A frequente ocorrência de situações como essas nos leva a refletir sobre as dificuldades que enfrentamos para nos colocarmos no lugar dos outros. Será que isso é realmente possível? Como saber se estamos nos apro- ximando da empatia? Participe de mais essa reflexão, por meio das atividades propostas a seguir. 18 Encaminhamento de atividades. Filosofia 17 Justa medida Em momentos anteriores, refletimos a respeito dos horizontes que se apresentam à existência humana. Vimos ainda que o bem é apontado por alguns pensadores como um guia seguro para orientar nossas ações no decorrer dessa existência. Agora, a fim de ampliar tais reflexões, podemos considerar algumas perguntas, como as exemplificadas ao lado. 20 Introdução de conceitos. Se pedirmos exemplos de bondade e empatia em nosso meio social, é provável que algumas pessoas men- cionem o voluntariado. Os voluntários são indivíduos que acolhem uma causa a fim de trabalhar por ela em benefício de outros e sem receber remuneração por isso. Normalmente, essas causas estão relacionadas ao desejo de minimizar sofrimentos e injustiças sociais. 19 Encaminhamento de atividades.Ética e cidadania De um modo geral, os conceitos de justiça ou injustiça não são relacionados à natureza, mas à vida social dos seres humanos. Assim, tempestades, tornados, erupções vulcânicas ou outros fenômenos naturais que causam grandes males não são classificados como justos nem como injustos. O mesmo ocorre com relação aos outros seres vivos. Por exemplo, um pre- dador que ataca uma presa ou um animal que agride outro mais fraco não são trata- dos como “foras da lei”, injustos e dignos de punição, apesar de seus atos violentos. Já no que diz respeito às relações entre as pessoas, a justiça é considerada um valor e uma virtude que deve nortear seus comportamentos e suas atitudes. Ela é também associada ao sistema judiciário, ou seja, ao conjunto de leis estabelecidas em uma sociedade para definir as condutas esperadas de seus membros e de instituições responsáveis por julgar e punir o descumprimento dessas leis. AGIR DE ACORDO COM O BEM É AGIR CERTO? É MELHOR SER BOM OU JUSTO? A SOCIEDADE PODE NOS COBRAR BONDADE? E JUSTIÇA? SER JUSTO É O MESMO QUE SER BOM OU BONDOSO?AGIR DE ACORDO COM O BEM É SER JUSTO? O trabalho voluntário pode ser momentâneo, ocorrendo em resposta a situa- ções emergenciais, como acidentes e catástrofes, mas também pode ser contínuo, realizando-se em organizações não governamentais ou em outros âmbitos da sociedade. Esse segundo tipo de voluntariado vem se desenvolvendo muito e, atualmente, diversas campanhas e até mesmo empresas incentivam as pessoas a participar dele. Mas, afinal, o que motiva tantas pessoas a dedicar tempo e esforço a fim de realizar atividades voluntárias além do trabalho que já de- sempenham para sobreviver? O que elas buscam e o que encontram realizando essas novas tarefas? Para responder a essas e outras pergun- tas, siga as orientações do professor e entreviste um(a) voluntário(a). © Sh ut te rs to ck /G st © Sh ut te rs to ck /L ju pc o Sm ok ov sk i 9o. ano – Volume 218 Conexões O tema “justiça” abrange muitas ideias e, para refletir sobre elas, é possível começar investigando o que entendemos por esse termo e seu contrário. Pensando nisso, leia o texto a seguir. 21 Encaminhamento de atividades e sugestão de nova atividade. Ser justo é ser exato É justa a chave que se encaixa perfeitamente na fechadura, a gaveta que não fica nem larga nem apertada no móvel, a medida das calças que me corres- ponde sem sobrar nem faltar, a peça exata do quebra-cabeça, as lentes que corrigem exatamente a miopia dos meus olhos, a nota que me corresponde pelo exame que prestei na escola. O que falta ou o que sobra não corresponde à ideia de justiça, mas à de fraude, por falta, ou à generosidade, por excesso. Podemos dizer (e é preciso entender bem essa expressão) que a generosidade não é justa, a generosidade é... generosa. Se compramos um objeto cujo preço é R$ 15,00 e damos R$ 20,00 por ele, não somos justos, somos generosos. O justo são R$ 15,00, e os outros R$ 5,00 são a mais. De todo modo, na maioria das vezes o fato de que uma coisa seja justa ou não independe de nós; a justiça tem uma medida exata para ser cumprida. Por outro lado, a justiça tem o caráter de valor mínimo necessário, já que é uma condição necessária para que nossas relações com os outros sejam corretas. Se não somos justos, não podemos ceder aos demais valores; a justiça, como as ambulâncias e os bombeiros, tem prioridade de passagem. PONS, Esteve P. I. Ser justo é ser exato. In: GONZALEZ, Ines L.; PONS, Esteve P. I. Valores para convivência. São Paulo: Girafa: 2006. p. 163. 1. De acordo com o texto, a justiça “é uma condição necessária para que nossas relações com os ou- tros sejam corretas”. Você concorda com essa afirmação ou discorda dela? Argumente a favor do seu posicionamento. 2. O texto apresenta um conceito objetivo de justiça (exatidão) e afirma que elaé uma prioridade. Diante disso, poderíamos até concluir que a justiça é um valor simples de se aplicar e observar. No entanto, basta prestar atenção às notícias divulgadas pela mídia para perceber que, frequentemente, é o contrário dela, a injustiça, que se destaca em cenas e em relatos do cotidiano. Cite uma possível causa para isso. Lembre-se de explicar e justificar sua opinião. çar investigando o que o de so e 0 os não e é as. as © Sh ut te rs to ck /K ue s Filosofia 19 Olhar de filósofo O conceito de justiça presente no texto Ser justo é ser exato pode ser relacionado ao pensamento de Aristóteles, filósofo grego que viveu no século IV a.C. Segundo ele, a justiça, assim como as outras virtu- des, deveria seguir uma “justa medida”, um equilíbrio entre o excesso e a falta. Além disso, pensando em sua aplicação às relações sociais, esse filósofo a dividia em três tipos: 1. justiça distributiva – aplicada pelos governantes aos seus governados, dis- tribuindo honras e riquezas conforme o mérito, a fim de manter o equilíbrio entre os que ocupam igual posição; 2. justiça comutativa – responsável pela organização e pelo equilíbrio das trocas de bens, considerando o critério de igual valor entre os bens envolvidos; 3. justiça corretiva – ligada à busca do equilíbrio entre os deli- tos cometidos e os castigos correspondentes. As definições desses três tipos demonstram que a noção aristotélica de justiça se fundamentava em uma condição de igualdade e equilíbrio entre os cidadãos gregos. No entanto, é im- portante lembrar que nem todos os que viviam na mesma socie- dade que Aristóteles eram considerados cidadãos, havendo entre eles, até mesmo, pessoas escravizadas. Isso demonstra o quanto é difícil encontrar uma medida realmente justa nas relações sociais estabelecidas em diferentes épocas e lugares. Assim, diante da realidade social que vivenciamos na atualidade, podemos nos perguntar: Por que há tantas desigualdades entre as pessoas? Seria possível estabelecer a igualdade entre elas? Afinal, uma das formas de se entender a justiça é a de que todos sejam tratados de maneira igual. Há, porém, aqueles que a entendem como oferta de tratamentos diferentes às pessoas, conforme as necessidades e os direitos específicos de indivíduos e grupos sociais distintos. De acordo com essa visão, o objetivo da justiça é garantir o equilíbrio na distribuição de oportunidades entre as pessoas. 1. Observe, a seguir, representações das três aplicabilidades da justiça, de acordo com o pensamento de Aristóteles. Identifique-as conforme a nomenclatura usada pelo filósofo. 22 Informações complementares e encaminhamento de atividades. a) b) c) Da ni el K le in . 2 01 8. D ig ita l. SER JUSTO É TRATAR OS IGUAIS COMO IGUAIS, SEM EXCESSO NEM FALTA. Ilu st ra çõ es : A nd ré L em es . 20 10 . D ig ita l. 9o. ano – Volume 220 Ética e cidadania Para avaliar as condições de vida de diferentes popula- ções humanas, foi criado um indicador, conhecido como expectativa de vida. Por meio do cálculo de quantos anos, em média, vivem as pessoas de um determinado local (país, região, estado, cidade), esse indicador aponta a provável duração da vida de uma criança que nascer ali. Com base nesse indicador, é possível deduzir alguns dados importantes sobre as condições de vida de uma população. Afinal, para viver mais e melhor, é necessário ter acesso a direitos e serviços essenciais, como saneamento básico, alimentação, atendimento à saúde, moradia, educação, segurança, cultura e lazer. Além disso, a ex- pectativa de vida das pessoas é diretamente proporcional à qualidade dos serviços ofe- recidos a elas. 23 Informações complementares e atividade da seção Hora de estudo. 2. Aristóteles associou à justiça a noção de equilíbrio. Na atualidade, há quem entenda a justiça como garantia de equilíbrio na distribuição de oportunidades entre as pessoas. Você acredita que esse equilíbrio é possível? Por quê? 3. De acordo com as suas opiniões e com os estudos realizados até aqui, escreva algumas palavras que você relaciona à justiça. 4. Complete a frase, descrevendo como você vê a justiça e a sua importância: Justiça é... ©Shutterstock/Sirtravelalot Filosofia 21 Onde está a justiça? Frequentemente, descrevemos os desequilíbrios e as desigualdades que nos cercam como exemplos de ausência da justiça. Isso está de acordo com a imagem utilizada para simbolizar essa virtude: a de uma mulher com os olhos vendados, trazendo nas mãos uma balança e uma espada. Tal imagem decorre da mitologia grega, sendo utilizada para representar uma divindade feminina chamada Thêmis (em Roma, ela era conhecida como Justitia). Seus olhos vendados indicavam a impar- cialidade das leis, ou seja, a igualdade na sua aplicação a qualquer indivíduo. A balança representava a ideia de equilíbrio entre as ações e suas consequências. Já a espada, presente em algumas representações, simbolizava a força da justiça diante dos conflitos. A balança de Thêmis era formada por dois pratos suspensos, imagem que está na origem de expressões populares, como “colocar os atos na balança” ou “pesar as consequências de uma ação”. Nessa leitura, a justiça corresponde ao equilíbrio, destacando a importância de se avaliarem as ações praticadas e verificar o que deve ser feito para compensar suas consequências. Por outro lado, a simbologia de Thêmis indica a necessidade, em situações de conflito, da intervenção de uma pessoa ou instituição que represente, organize e aplique a justiça. Muitas vezes, esse papel é exercido por árbitros e juízes ligados ao sistema judiciário.• Representação de Thêmis, com os atributos que simbolizam a justiça Hora de filosofar 1. Uma das maneiras de se aprofundar a reflexão acerca de um tema filosófico é abordar ainda o seu contrário ou a sua falta em algumas situações. Pensando nisso, reflita sobre o tema justiça utilizando também questões sobre a injustiça: • Podemos ser justos ou cometer injustiças sem saber? • Por que ocorrem injustiças? • Por que toleramos conviver com a injustiça? • Podemos permitir ou reforçar injustiças por omissão? • As injustiças podem ser revertidas? • Que motivos existem para refletirmos so- bre a justiça e a injustiça? • Toda lei é justa? • O que podemos fazer para termos um mundo mais justo? • O que você entende por justiça? E por injustiça? 2. Registre uma síntese da discussão realizada, incluindo a conclusão que você tirou dela. 3. Essa discussão pode ter deixado alguma questão sem resposta. Se for esse o caso, escreva, no espaço a seguir, uma questão que você considerou não ser “respondida” ou analisada de modo satisfatório. Encaminhamento de atividades.24 cia A balan Já a esp diante d A ba na orige as cons destaca deve s de Thê pessoa Da ni el K le in . 2 01 8. D ig ita l. 9o. ano – Volume 222 Ética e cidadania Muitas pessoas recorrem ao sistema judiciário a fim de solucionar situações de conflito. Em alguns casos, a solução depende da realização de um julgamento em tribunal. Outros podem ser resolvidos por meio de um procedimento denominado conciliação ou mediação de conflitos. Nesse caso, um mediador se coloca diante dos envolvidos no conflito, atuando como interventor do diálogo, para ajudá-los a estabelecer um acordo. Vale lembrar que a conciliação ou mediação é utilizada em situações de conflito e não de crimes. Afinal, quando ocorre um crime, considera-se que uma das partes envolvidas oferece perigo à sociedade e, portan- to, deve ser julgada pelos órgãos competentes que estabelecem punições e medidas para a ressocialização dessa pessoa. 25 Informações complementares e encaminhamento de atividades. Nos julgamentos realizados em tribunais, cabe aos juízes o papel de restabelecer o equilíbrio e a justiça entre duas partes em confronto. Geralmente, isso acontece em casos de crimes e transgressões à lei. O mediador ajuda a “equilibrar a balança da justiça”,buscando uma solução que beneficie as duas partes envolvidas em um conflito. Assim, evita-se a necessidade de processo judicial para um caso de desentendimento que não envolve crime. 1. Com base nas informações apresentadas acerca da mediação de conflitos, faça o que se pede. a) Imagine-se envolvido em um conflito em que um mediador, representando a justiça, “colocasse na balança” uma proposta de acordo. Imagine ainda quais seriam os seus sentimentos em relação ao conflito e à necessidade de ceder em alguns aspectos, em prol de uma solução pacífica, mesmo dis- cordando da outra parte envolvida. b) Considerando o que você imaginou no item anterior, reflita: • Você compreende que, em um caso de conflito “resolvido” dessa forma, a impressão de injustiça entre os envolvidos pode não terminar? • Sabendo disso, você seria capaz de colaborar para o equilíbrio? • Você estaria disposto(a) a ceder algo em prol da “justiça mediada” (por exemplo, abrir mão de um direito ou mesmo de uma vantagem ou um privilégio)? c) Troque ideias com os colegas sobre o que você pensou nas etapas a e b. Lembre-se de explicar e jus- tificar suas opiniões. 2. Registre a conclusão a que você chegou depois de participar da troca de ideias proposta na atividade anterior. © Sh ut te rs to ck /S irt ra ve la lo t © Sh ut te rs to ck /F izk es Filosofia 23 Reflexão divertida Vimos anteriormente que a justiça é simbolizada por uma figura feminina de olhos vendados, que traz uma balança em uma das mãos e uma espada na outra. Nessa imagem simbólica, a balança representa a ideia de equilíbrio, associada à justiça. Pensando nisso, observe a ilustração a seguir. 26 Encaminhamento de atividade. a) Sabendo que, na balança observada, o bloco que representa a justiça “pesa” 10 kg, descubra quanto “pesa” cada um dos demais blocos e registre os resultados na própria ilustração. *Dica: o tamanho das peças é proporcional à massa de cada uma delas. b) Você concorda com os pesos atribuídos aos itens representados no prato da direita? Em caso negati- vo, como você reorganizaria esses pesos? c) Complete a ilustração a seguir. No prato da direita, represente, em forma de blocos, os itens que você considera necessários para haver justiça. Atribua uma massa a cada um dos blocos. Lembre-se de que é necessário manter o equilíbrio entre os pratos. Refletir sobre temas como a bondade, a empatia e a justiça é uma oportunidade para compreen- der sua importância. É também um convite para torná-los mais presentes em nosso cotidiano e assim enxergar, no horizonte, a possibilidade de um mundo melhor. Ilu st ra çõ es : D an ie l K le in . 2 01 8. D ig ita l. 9o. ano – Volume 224 Hora de estudo 1. A rosa dos ventos é uma figura usada em instrumentos como mapas e bússolas. Ela indica os pontos car- deais, colaterais e subcolaterais, possibilitando a orientação espacial de quem viaja para os mais diversos lugares. Agora, imagine uma bússola diferente, contendo uma rosa dos ventos que indicasse alguns pon- tos para as pessoas se orientarem enquanto viajam pela existência, rumo ao futuro. Quais valores você considera que deveriam estar registrados nessa bússola para guiá-lo ao seu próprio futuro? Escreva-os nos espaços a seguir: 27 Encaminhamento de atividades. 2. O filósofo alemão Martin Heidegger afirmou que um dos horizontes da existência humana é a finitude do tempo e o outro, a infinitude do ser. De acordo com esse filósofo, o presente é o momento privilegia- do em que o ser e o tempo se encontram. Sabendo disso, leia estes versos do poeta brasileiro Vinicius de Moraes. Poética (I) De manhã escureço De dia tardo De tarde anoiteço De noite ardo. A oeste a morte Contra quem vivo Do sul cativo O este é meu norte. Outros que contem Passo por passo Eu morro ontem Nasço amanhã Ando onde há espaço – Meu tempo é quando. MORAES, Vinicius de. Poética (I). In: AZEVEDO, Álvares de et al. Poesia faz pensar. São Paulo: Ática, 2011. p. 60. (Para gostar de ler, v. 46). De acordo com o texto lido e com seus conhecimentos sobre o pensamento de Heidegger, assinale a alternativa correta. a) ( ) O poema expressa a noção de tempo infinito em oposição à noção de finitude mencionada por Heidegger. b) ( X ) O poema expressa o conceito de horizonte do tempo finito, de Heidegger, em relação aos pon- tos cardeais, identificando a vontade de viver com o leste. c) ( ) O poema expressa o conceito de vida, elaborado por Heidegger, como vontade de morrer. d) ( ) O poema expressa o conceito de infinito, elaborado por Heidegger, indicando que o ser huma- no deve se orientar para ele no horizonte do tempo. © Sh ut te rs to ck /V ec to r T ra di tio n 25 De acordo com a análise das imagens e com os seus conhecimentos sobre a justiça, faça o que se pede. a) Explique a distinção, expressa na ilustração, entre a igualdade e a justiça. b) Nomeie o tipo de desigualdade representado na fotografia. c) Comente a situação de desigualdade retratada na fotografia, explicando como ela se relaciona com os conceitos de justiça e injustiça. 3. Immanuel Kant e Friedrich Nietzsche analisaram a conduta moral dos seres humanos e chegaram a dife- rentes conclusões. A respeito das ideias desses pensadores, assinale V para a(s) afirmativa(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s). Depois, reescreva a(s) afirmativa(s) falsa(s), tornando-a(s) verdadeira(s). a) ( F ) Enquanto Kant acreditava que as normas morais variam de acordo com as circunstâncias, Nietzsche afirmava que elas devem valer para todos, em qualquer situação. b) ( V ) Nietzsche defendia a ideia de uma moral relativa e Kant defendia a ideia de uma moral absoluta. c) ( F ) Para Nietzsche, a moral deve se basear em valores universais. Já para Kant, não deve haver valo- res morais preestabelecidos. d) ( V ) Kant acreditava que o conceito de bem é válido para todos e Nietzsche acreditava que pode haver um conceito de bem para cada um. 4. Analise a ilustração e a fotografia. © Sh ut te rs to ck /C os ta Fe rn an de s Da ni el K le in . 2 01 8. D ig ita l. 26 Unidade 2 – Página 9 – Reflexão divertida CO LE A QU I A P ÁG IN A 3 DO BR E NA L IN HA P ON TI HA DA 9o. ano – Volume 2 Material de apoio Filosofia 1 9o. ano – Volume 2 Material de apoio Filosofia 3 CO LE A QU I A P ÁG IN A 1
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