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LINGUAGEM VISUAL

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Prévia do material em texto

Linguagem Visual 
Aula 1 
Profa. Sionelly Leite da Silva Lucena 
 
 
 
 
 
Conversa inicial 
Olá! Seja bem-vindo(a) à primeira aula da disciplina Linguagem 
Visual! 
 
Você já deve ter ouvido falar que “uma imagem vale mais do que 
mil palavras”, certo? Bem, então, prepare-se para desconstruir 
esse e outros conceitos sobre a fotografia que a definem como 
algo “naturalmente legível”, ou uma “linguagem universal”. Para 
entender o poder da imagem, neste tema vamos trabalhar a 
desconstrução do olhar e depois reconstruí-lo com novos 
significados, tudo isso pensado para a Publicidade. 
 
Bons estudos! 
Para começarmos da melhor maneira, vamos conferir o vídeo 
de introdução da professora Sionelly acessando o material on-
line! 
Contextualizando 
Muito se tem discutido sobre a "realidade" na fotografia, ou seja, 
seu papel como prova da existência do seu objeto, e assim, de 
comunicação e construção social. O pensamento corrente no 
século XIX era de que a fotografia era a reprodução perfeita, a 
exata similitude de seu referente na natureza. 
Em nosso século, essa ideia perdeu terreno para uma nova 
concepção que passou a ver na imagem uma recriação da 
realidade, isto é, uma forma subjetiva de construir, embora sua 
construção se materialize mecanicamente, através de uma 
tecnologia. A visão do operador da câmera, deixada de lado, 
acabou sendo, portanto, dirigida, tecnicista. 
Ao abrir espaço para a subjetividade do olhar, a fotografia do 
século XXI lança discussões multifacetadas: sua visão 
tecnológica, e, portanto, baseada em princípios físicos e ópticos; 
o operador da câmera, que escolhe e seleciona os recortes do 
mundo para a construção da imagem; e o efeito da imagem 
construída para informação e documentação histórica dos 
eventos sociais. 
Este raciocínio é muito importante para que você possa 
compreender o poder das fotografias na comunicação de 
maneira geral, e também especificamente na publicidade. 
Esses são tópicos muito interessantes para refletir e debater, 
certo? Não se preocupe, a professora Sionelly irá te acompanhar 
a cada nova descoberta! Acompanhe as palavras dela no 
material on-line! 
As possibilidades da imagem na publicidade 
A expressão de acontecimentos sempre esteve presente nas 
manifestações humanas. Das cavernas aos contemporâneos, o 
homem produz arte, deixa vestígios, se expressa. Com o 
aprimoramento da pintura, as mais diversas cenas do cotidiano 
são recriadas, cada vez mais realistas, aperfeiçoando a 
comunicação e expressão visual. Veja por exemplo a imagem a 
seguir, que retrata a arte egípcia: 
 
Mas é com a fotografia que a imagem, sendo a representação do 
real, espanta, choca e ganha ares de dualidade: primeiro, sendo 
cópia do objeto, e segundo, uma representação dele. 
 
 
Em razão de seu poder de comunicação, à imagem é atribuída 
mais que uma mera ilustração do real: ela provoca reflexão, 
estreita laços e distâncias e aproxima pessoas de diferentes 
realidades do seu contexto. 
Com esta magnitude, imagens se transformam em símbolo, e 
com elas a sociedade aprendeu a ver o cotidiano, as gentilezas e 
as aberrações do ser humano. Sobre a importância da imagem, 
Luis Humberto (2000) lembra que: 
 
 [...] ela [a fotografia] se torna parte integrante de um depósito de 
referências residuais de uma época. Assumindo um papel 
relevante como transmissores de conhecimento, ela é, então, um 
bem público, cabendo à comunidade o direito de exigir que sua 
produção ocorra dentro dos melhores padrões de competência e 
honestidade, principalmente por decorrer de um ato de decisão 
estritamente individual. (HUMBERTO, 2000, p.69) 
 
Para saber mais, recomendamos o seguinte livro: 
HUMBERTO, Luis. Fotografia, a arte do banal. Brasília: Editora 
Universidade de Brasília, 2000. 
As imagens na publicidade foram inseridas, primeiramente, na 
forma de ilustrações e gravuras. Mesmo com o surgimento da 
fotografia, ela demorou a ser inserida senão como referência 
para a produção da ilustração, isso porque ainda havia certo 
descrédito quanto à fotografia, além das limitações técnicas para 
transportar a imagem para o jornal/a revista, que contratavam 
gravuristas para a confecção de anúncios. 
Por ser uma “reprodutora” do real, a princípio vista como um 
aparato que simplesmente copia a “realidade”, foi conferido 
caráter objetivista à fotografia. Passaram-se décadas até a 
fotografia ser vista como um meio de expressão subjetiva. Você 
pode observar isso a seguir em um anúncio da década de 1920: 
 
Fotografia, sendo arte e documento, traz um quê de 
individualidade no olhar, ao mesmo tempo em que lança imagens 
de representação social. Neste caso – e na visão de quem a 
produz – a fotografia age como mediadora. 
Uma das características da fotografia, assim, é refletir os 
conceitos da época ao mesmo tempo em que as dissemina, num 
encadeamento de recepções, construções, desconstruções e 
novos olhares. 
Desta forma, transferimos sentimentos, impressões e 
significados aos produtos e ideias através da fotografia, visando 
que o público-alvo se identifique com isto. Logo, comunicamos 
por meio de imagens. 
Para finalizar esse tema, assista ao vídeo da professora Sionelly 
no material on-line! 
Fotografia: entre a ficção e a realidade 
Você já notou como estamos rodeados de imagens o tempo 
todo? Preste atenção ao redor: outdoors, desenhos em 
camisetas, quadros nas paredes, porta-retratos, até mesmo 
imagens e marcas na caneca do café; as imagens estão em 
todo lugar. Isso se dá de forma tão tênue que às vezes 
demoramos a perceber certo objeto ou referência, mesmo 
passando tantas vezes por um mesmo lugar. Muitas imagens do 
 
 
cotidiano, de tão presentes, são digeridas automaticamente e se 
tornam ausentes. 
Isso acontece porque a visão humana é seletiva. Como nos 
concentramos em algo que nos é mais interessante em 
determinado momento, nossos olhos buscam apenas as 
informações que precisamos. 
Se prestássemos atenção em absolutamente tudo, focando em 
100% das informações ao nosso redor, nosso cérebro teria uma 
grande carga de conteúdos para perceber, identificar, interpretar 
e armazenar. E o resultado seria nada menos que um colapso 
mental, ao menos para o nível de uso cerebral que possuímos 
hoje. 
 Para onde quer que nos voltemos, há imagens. Como diz Joly 
(2000): 
“Por toda parte no mundo, o homem deixou vestígios de suas 
faculdades imaginativas sob a forma de desenhos, nas pedras, 
dos tempos mais remotos do paleolítico à época moderna. ” 
Esses desenhos destinavam-se a comunicar mensagens, e 
muitos deles constituíram o que se chamou “os precursores da 
escrita”. 
Sobre esse assunto, recomendamos o seguinte livro: 
JOLY, Martine. Introdução a análise da imagem. Lisboa: Ed. 
70, 2007. 
Observe a fotografia de Daniel Castellano a seguir e note a 
quantidade de informações que podemos extrair da imagem. O 
que você consegue concluir sobre ela? 
 
Fotografia: Daniel Castellano 
Inteligentes, nossos olhos são também testados. Quando 
encaramos uma imagem, por exemplo, analisamos em seus 
elementos as cores, formatos, texturas, o meio onde é exposta, 
etc. Após isso, a imagem gera um resultado, que pode sofrer 
alterações em sua interpretação e, assim, a associação com as 
ideias do mundo. Sendo a interpretação individual, mas também 
coletiva, as imagens nos testam. Dessa forma, normalmente 
somos fisgados e persuadidos por elas. 
Das formas de expressão visual, a pintura e a fotografia são as 
que mais nos rodeiam. Contudo, uma mesma imagem, exposta 
em uma fotografia ou em uma pintura realista, tem recepções 
diferentes e, portanto, leituras diferentes. 
Pois, enquanto a pintura teria em seu âmago o “recriar”, de 
acordo com a apreciação e inspiração de seu criador, sendo sua 
expressão de ordem subjetiva, a fotografia teria em sua 
essência a cópia direta como referência,sendo assim, uma 
mimese dos fenômenos. 
Ao menos assim se imaginava quando a fotografia surgiu na era 
vitoriana, época de sucessivos avanços com a Revolução 
Industrial. Essa crença, advinda do surgimento tecnológico da 
fotografia, teria abastecido essa expressão visual de uma crédula 
relação com o objeto fotografado, sendo um atestado de que 
 
 
 
aquilo aconteceu em um determinado espaço-tempo. Como 
afirma Duane Michals (1982, apud SOULAGES, 2010, p.80): 
As pessoas acreditam na realidade das fotografias, mas não na 
realidade das pinturas. Isso dá uma vantagem para os fotógrafos. 
O problema é que os fotógrafos também acreditam na realidade 
das fotografias. 
É que tanto a pintura quanto a fotografia, ambas enquadradas no 
visual, estão encobertas pela subjetividade do olhar de quem a 
faz, mas o suporte comumente dirige parte da interpretação e 
credibilidade. 
Um exemplo é o trabalho do fotógrafo estadunidense David 
LaChapelle “Rape of Africa” (2009), que faz um exame artístico 
da política mundial através de recriações de obras-primas da 
pintura. A seguir você vê a fotografia de LaChapelle e a obra que 
o inspirou, “Venus e Marte” de Sandro Botticelli. Navegue pelos 
slides para uma comparação: 
 
Fonte: http://www.davidlachapelle.com/series/rape-of-africa/ 
 
Fonte: http://www.nationalgallery.org.uk/paintings/sandro-
botticelli-venus-and-mars 
A discussão sobre a realidade e a ficção na fotografia traz, 
portanto, essa característica imperialista, dando início a uma 
confusão entre dois conceitos: a descoberta de possibilidades e 
a essência da fotografia. Com a mistura entre o que seria 
possível e o que seria essência, a cópia exata e fiel dos 
fenômenos foi mantida como estatuto da fotografia, descartando 
de seu alicerce, a princípio, o estreitamento com a arte. 
Ainda a respeito do estado da arte, recomendamos alguns 
interessantes filmes que podem abrir mais visões para você 
sobre conceitos como realidade, essência e percepção de 
mundo. Confira os trailers! 
A Origem (Inception), 2010 Direção: Christopher Nolan 
https://www.youtube.com/watch?v=TxiZoP9LTUU 
Mera coincidência (Wag the Dog), 1997 Direção: Barry 
Levinson 
https://www.youtube.com/watch?v=TxiZoP9LTUU 
Desde seu surgimento, datado oficialmente de 1826, a fotografia 
é interpretada como registro do real. No ano de 1839, o 
jornalista Jules Janin usou a metáfora do reflexo, sendo o 
daguerreótipo um espelho que reflete e conserva a impressão 
dos objetos. “Nenhuma mão humana poderia desenhar como o 
sol desenha”, proclamou Janin, em 1839, entusiasmado com a 
nova possibilidade da cópia. 
Nessa concepção objetivista, a realidade poderia se 
materializar, ao duplicar a imagem do objeto. Sendo assim, a 
fotografia serviria de testemunho. 
Mas de onde teria surgido essa exatidão da fotografia e 
esse caráter representacional ligado ao objeto? 
 
 
Alguns pontos iniciais advêm da pintura renascentista, a exemplo 
do efeito da perspectiva, com o qual o hábito perceptivo teria se 
desenvolvido. Com a introdução da câmara escura, teria se 
renovado o procedimento do verdadeiro, tendo por base os 
processos físicos e químicos que reproduziriam e fixariam a 
imagem. 
Por ser um processo técnico, é nesse momento que se rompe a 
ligação do homem no processo de produção da obra: sendo um 
processo de captura “direta” de um fenômeno, não caberia 
espaço na fotografia para a subjetividade advinda da pintura, já 
que a imagem, neste caso, surgiria da imaginação do artista. 
Entretanto, a realidade na fotografia se situa no mesmo plano da 
pintura. Assim como a pintura é construída conforme a 
imaginação de seu autor, na fotografia essa abertura também 
estaria ao alcance: 
 Através da manipulação de suas unidades sígnicas, 
durante a composição do quadro, ou seja, a escolha dos 
elementos que irão compor a imagem; 
 As escolhas técnicas de revelação em laboratório ou de 
softwares de tratamento e manipulação de imagem; 
 Nos ajustes do equipamento segundos antes de apertar o 
botão; 
 Softwares de tratamento como o Photoshop. 
Esses são alguns exemplos de como a fotografia está aberta à 
construção através da luz e pixels, assim como o pintor que 
escolhe seus pincéis, tintas e cores, a fim de trazer vida à 
imagem pré-visualizada. 
Assim, a fotografia como um produto subjetivo, não sendo mais 
uma reprodução, estaria também ao lado da ficção, e a 
publicidade faz uso disso. Consegue identificar isso na imagem a 
seguir? Preste atenção ao cenário, por exemplo. Será que o 
casal retratado está atuando em um espaço real? 
 
Campanha publicitária de Lady Dior Blue 
Sobre ficção, François Soulages (2010) nos apresenta a origem 
da palavra em francês, que pode remeter a dois sentidos: 
O que é mentiroso e falso; e o que é imaginado e inventado, sem 
vontade de enganar. (SOULAGES, 2010, p.115). 
A ficção incorporou o primeiro sentido, associando à ficção a 
farsa na construção de algo; embora para o autor a ficção possa 
ser, também, fonte de verdade, já que é subjetiva. 
Com esse paradoxo, a fotografia traz uma sensação mágica de 
verdadeiro e também cede espaço para a ficção, a construção e 
a imaginação. 
É nesse hibridismo que a imagem faz ver seu suporte, que é 
somado na interpretação. Em vez de uma forma de apresentar o 
visível, a fotografia se aproxima mais da tentativa de tornar 
visível algum fenômeno, para que se possa tentar compreender a 
condição humana, já que: 
Não se trata de tentar atingir a realidade pela fotografia, mas de 
visá-la na realidade da fotografia. (SOULAGES, 2010, p.115) 
Para saber mais, leia o artigo “Fotograficidade: a perda e a 
permanência na estética fotográfica”, disponível a seguir: 
 
 
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/discursosfotograficos/arti
cle/download/8120/7035 
Segundo Kossoy (2009), a fotografia tem uma realidade própria 
que não corresponde necessariamente à realidade que envolveu 
o assunto, objeto de registro, no contexto da vida passada. Trata-
se da realidade do documento, da representação, uma segunda 
realidade, construída, codificada, sedutora em sua montagem, 
em sua estética, de forma alguma ingênua, inocente, mas que é, 
todavia, o elo material do tempo e espaço representado, pista 
decisiva para desvendarmos o passado. 
A credibilidade das fotos quando vistas em jornais e revistas, por 
exemplo, cria a sensação de verdade, que parece vir embutida à 
própria essência da fotografia, e que é explorada no veículo 
jornalístico, confundindo fotografia com a realidade subjetiva dos 
fenômenos. 
No caso da fotografia publicitária, a sensação é diferente, pois há 
um espectro de ficção, já que é uma imagem planejada e 
construída antecipadamente. Contudo, indiferente de onde é 
publicada, trata-se de fotografia e, assim, uma imagem portadora 
de uma segunda realidade, como teoriza Boris Kossoy (1999). 
Observe a seguir uma faceta de construção de realidade na 
campanha Unhate da empresa Benetton, que apresenta diversos 
líderes mundiais se beijando em um manifesto contrário à cultura 
do ódio. Acesse um artigo relacionado à campanha: 
http://www.b9.com.br/27506/advertising/unhate-benetton-
apresenta-campanha-contra-a-cultura-do-odio/ 
A seguir, você pode conferir o vídeo da campanha: 
https://youtu.be/qImJFg5dgTE 
Sobre assunto, recomendamos ainda os seguintes livros: 
SOULAGES, François. Estética da fotografia: perda e 
permanência. Tradução de Iraci D. Poleti e Regina S. Campos. 
São Paulo: Editora São Paulo, 2010. 
SANTAELLA, L. Por que as comunicações e as artes estão 
convergindo? São Paulo: Paulus, 2005 
KOSSOY, Boris. Realidades e ficções na trama fotográfica. 
Ateliê Editorial: Cotia, SP, 1999. 
Para Boris Kossoy (1999), há diversos aspectos que devem ser 
levados em conta na análise e leitura fotográfica, pois, com o ato 
fotográfico, é construídauma segunda realidade, a medida que a 
imagem nada mais é que uma representação a partir do real. 
Assim, para se compreender a imagem enquanto documento 
fotográfico, existem elementos constitutivos e coordenadas de 
situação que permitem a fotografia se materializar, ou seja, se 
tornar possível e visível. 
O ato fotográfico não pode mudar o que está fixado no 
negativo/sensor, pois o fotógrafo não pode voltar no tempo para 
capturar novamente a mesma imagem. O filme/sensor exposto à 
luz daquele instante não é mais virgem e sobretudo o instante 
será sempre outro. 
Pode-se modificar a imagem apenas agindo sobre ela, na 
revelação do negativo e durante os processos de lavagem ou 
secagem: diferentes tempos revelarão diferentes imagens e uma 
infinidade de fotografias poderá surgir do mesmo negativo. No 
caso das imagens digitais, isso é feito em softwares, simples ou 
sofisticados, próprios para edição digital. 
A fotografia resulta, portanto, de um assunto que tenha chamado 
a atenção de um fotógrafo, que manipula um equipamento 
tecnológico dentro de um espaço em um determinado momento. 
 
 
Acessando o material on-line, assista ao vídeo da professora 
Sionelly e aprofunde ainda mais seus conhecimentos sobre o 
delicado equilíbrio entre ficção e realidade na fotografia! 
A geração de sentidos na fotografia 
Henry Jenkins, no livro A Cultura da Convergência (2009), 
menciona a história de Dino Ignacio, um jovem americano que 
produziu algumas colagens em seu computador através do 
programa de edição Photoshop, manipulando imagens de 
personalidades conhecidas, de Adolf Hitler à Pamela Anderson, 
junto ao personagem Beto, do programa de TV americano Vila 
Sésamo (1970). 
Uma de suas produções consistiu em “unir” na mesma imagem 
Beto e Osama bin Laden, considerado o inimigo número um dos 
Estados Unidos. Isso causou um incidente internacional, que 
veremos a seguir. 
 
 
 
 
O programa Vila Sésamo fez sucesso em diversos países e é 
exibido também no Paquistão, mas em um formato adaptado, o 
que vetou a participação do personagem Beto e o seu possível 
reconhecimento em Bangladesh. Estava preparado o cenário 
para o mal-entendido que viria a seguir. 
Após os ataques às torres gêmeas americanas, em 11 de 
setembro de 2001, um editor em Bangladesh, ao buscar na 
Internet uma imagem de bin Laden, se deparou com a colagem 
de Ignácio e decidiu imprimi-la em cartazes e blusas para usar o 
material em um protesto. 
A rede de TV americana CNN ficou surpresa ao perceber a 
confusão durante a cobertura do protesto: Beto e bin Laden 
juntos em um protesto antiamericano. Como era possível? 
As imagens circularam nas TV’s americanas e causaram 
indignação, inclusive, entre os produtores do programa Vila 
Sésamo, por estarem vinculando a imagem de um de seus 
personagens a uma figura tão emblemática e odiada em seu 
país, os Estados Unidos. 
A decisão era reverter isso em processo judicial, mas a quem se 
deveriam cobrar as devidas providências? Ignácio? O editor em 
Bangladesh? Quem, afinal, seria penalizado pela dimensão do 
acontecido? 
Ao dar o pontapé ao complexo percurso da colagem de Beto e 
bin Laden, Ignácio transformou sua “criatividade” em um 
problema internacional. Por não reconhecer o personagem Beto, 
já que não faz parte de seu repertório visual, o editor em 
Bangladesh nos atenta para mais um desdobramento do caso: 
Por que uma imagem gerou interpretações e reações 
diferentes? 
Afinal, quais os efeitos de sentido da colagem feita por 
Ignácio? 
Para responder a essas questões, é preciso entender a 
polissemia da fotografia. 
Para a semântica, há três níveis na interpretação dos signos. 
Sendo assim, na análise da imagem de Ignácio temos pelo 
menos três pontos de vista/interpretação: Ignácio, editor e 
produtores do programa Vila Sésamo. Clique em cada um dos 
sentidos para entender a relação. 
Denotativo: sentido literal da expressão/signo; para o editor de 
Bangladesh, a imagem vista foi no sentido denotativo, pois seu 
foco se concentrou na busca da figura de Osama bin Laden, que 
foi identificada na colagem de Ignácio. 
Conotativo: sentido metafórico; para Ignácio, o sentido da 
imagem seria o conotativo, pois ao retirar Beto e Osama bin 
Laden de seus contextos originais, a colagem faz uma metáfora 
com suas figuras. 
Subjetivo: sentido individual e psicológico, de acordo com a 
experiência de cada um. Já para os produtores do programa Vila 
Sésamo, a leitura foi interpretada em caráter subjetivo, pois, por 
terem uma relação próxima ao Beto, além da relação patriótica, a 
imagem veio em sinal de ofensa ao seu programa e ao seu país. 
Embora se possa entender a imagem também pelo sentido 
conotativo, a subjetividade da interpretação é erguida pela 
relação de proximidade. (Paulo Boni e André Acorsi, 2006, p.130) 
Para mais embasamento sobre a relação entre interpretação, 
geração de sentido e fotojornalismo, leia o artigo a seguir: 
http://casperlibero.edu.br/wp-content/uploads/2014/05/A-
margem-de-intepreta%C3%A7%C3%A3o-e-a-
gera%C3%A7%C3%A3o-de-sentido-no-fotojornalismo.pdf 
 
 
Assim, concluímos que uma imagem pode gerar diferentes 
sentidos e interpretações, por fatores como: 
 Experiências pessoais e coletivas; 
 Contexto onde a imagem é exposta (em um anúncio de 
revista, por exemplo); 
 Processo de leitura; 
 Mensagem verbal que acompanha a imagem, como 
legenda, subtítulo ou título. 
 
São elementos externos à imagem que complementam e 
conduzem o leitor a assentar os pensamentos em algo já pré-
determinado. São os elementos de significação, que, atrelados, 
induzem o leitor a decodificar, segundo Boni e Acorsi (2006). 
 
Afinal, a fotografia começa sua construção nas escolhas do 
fotógrafo: 
 Entre a objetividade e a subjetividade; 
 A apreciação estética e a decodificação sígnica; 
 A grande angular e a teleobjetiva; 
 As cores primárias e os tons variantes do preto e do 
branco; 
 A profundidade de campo e os planos nítidos; 
 O enquadramento; 
 A escolha do momento de apertar o botão. 
 
Após essas e outras escolhas, nasce a imagem com um universo 
de mensagens que os leitores poderão absorver por simbiose, 
em cada traço desenhado pela luz. Não se pode esperar da 
imagem uma interpretação única: é o leitor (no nosso caso, o 
público-alvo) quem identifica os signos de acordo com suas 
peculiaridades culturais e quem lhe confere o sentido final. 
 
Um exercício rápido: o que você consegue interpretar a partir 
deste anúncio da marca Gucci? 
 
Campanha publicitária da coleção Primavera-Verão Gucci 
 
Na performance executada na visão do fotógrafo, as formas, 
como a imagem, são concebidas, e a técnica empregada se 
reflete na mensagem. Há razões para se acreditar na fotografia, 
assim como há contrapontos que convencem do contrário: é fato 
que não se pode esperar da imagem uma verdade ou uma 
ligação direta com o real. 
Mas, ao se acrescentar que toda fotografia é construção de 
realidades, amplia-se a discussão não somente para o indivíduo 
que fotografa e que expõe, através de seu olhar, a sua 
interpretação e escolhas. Ainda que às vezes não se pretenda 
dizer coisa alguma, seja no jogo das imagens abstratas, por 
exemplo, como as telas do pintor Jackson Pollock, ou nas 
confusões de signos e elementos inseridos em um contexto 
diferente do natural. 
Também o leitor absorve e interpreta a imagem de acordo com o 
contexto em que ela está inserida, seja em 
um outdoor publicitário, campanha política ou um mapa de um 
livro de geografia que explica onde está situado cada país. O 
leitor constrói a mensagem induzido pela linguagem inerente à 
fotografia. E essa é mais uma carga tributada à mutação 
interpretativa da fotografia. 
 
 
Em um museu de arte, a imagem cria uma elegante aura que a 
investe de elegância. 
Em uma campanha publicitária ou revista, a imagem se 
condensaà ficção, produto de indução para atingir o público-alvo 
e refletir sua mensagem. 
Não se pode obter de uma fotografia um único texto: cabe ao 
leitor decifrar essa imagem e interpretá-la. A imagem é lida de 
acordo com os caracteres decodificados e de acordo com a tal 
"bagagem cultural" de um indivíduo, constituída de seus 
pensamentos a respeito das coisas abstratas e materiais do 
mundo. 
 
É na imaginação do espectador onde se formula e extrai a 
mensagem, e é através do que ele aprendeu sobre o mundo que 
as qualidades do signo se revelam e ganham sentido na mostra 
fotográfica. Podemos dizer que a fotografia é tomada de ilusão. 
 
Por isso, toda imagem é um conto: traz uma história, mas os 
personagens se concentram na imaginação do espectador, o 
qual confere, através de seus sentidos, a porta da interpretação 
do que lhe é mostrado. E é ele quem dá sentido e forma ao que 
os fotógrafos dizem, intencionalmente ou não. 
 
Assim como na ilusão de um conto, a imagem se revela como 
uma discrepância: cada um vê e lê uma fotografia distinta, 
mesmo vinda do mesmo referente. E atualmente, nas redes de 
computadores e internet, as imagens vão muito além de seus 
contextos e significados mais óbvios. 
 
Para saber mais, recomendamos os seguintes livros: 
JENKINS, Henry. Cultura da convergência. 2. ed. São Paulo: 
Aleph, 2009. 
BONI, Paulo César (Org.). Fotografia: Múltiplos Olhares. 
Londrina-PR: 2011. 
Para finalizar, assista ao vídeo da professora Sionelly sobre o 
tema acessando o material on-line! 
A idade da luz: a história da câmara escura 
Em plena era vitoriana, no século da expansão de diversos 
meios e auge das transformações da sociedade, vieram as 
máquinas a vapor, as estradas de ferro, o telégrafo e novos 
meios de comunicação. Entre as inovações, estava a fotografia. 
O primeiro registro fotográfico da história veio do inventor 
francês Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833), em 1826, em 
um processo batizado como heliografia, ou seja, gravação da 
imagem com a luz do sol. 
Foram exigidas cerca de 8 horas de exposição para fixar a 
paisagem vista da janela da oficina de Niépce, e, como você 
pode ver na imagem a seguir, a qualidade era baixíssima. 
A fotografia, no entanto, não teve um único inventor, nem surgiu 
do dia para a noite. Ela é uma síntese de descobertas físicas e 
químicas, que vão da Antiguidade aos tempos contemporâneos. 
Para citar alguns nomes, além de Niépce, temos as observações 
ópticas de Aristóteles (384-322 a.C.) sobre a qualidade de 
projeção da imagem do sol em um eclipse parcial, que passava à 
superfície através do furo em uma folha de árvore. 
Em seus registros, há o primeiro apontamento para a câmara 
escura, dispositivo em formato de caixa, com paredes totalmente 
opacas, isoladas de luz, com um pequeno orifício em uma das 
paredes. Se for colocado algum objeto/cena em frente à câmara, 
na parede oposta será projetada uma imagem menor e invertida, 
refletindo o objeto. Aristóteles costumava utilizá-la para ver o sol. 
 
 
Além do filósofo grego, o pintor italiano Leonardo da Vinci 
utilizava a câmara escura para projeção em seus desenhos. 
Em experimentações químicas, há nomes como o do inglês 
William Henry Fox Talbot (1800–1877), que desenvolveu o 
sistema positivo e negativo da fixação da imagem, batizado de 
calotipo, o que permitia a duplicação da imagem em larga escala. 
Para entender em mais detalhes o funcionamento da câmara 
escura, acesse o vídeo a seguir: 
https://www.youtube.com/watch?v=pJFipBO7og0 
No Brasil, o pioneiro da fotografia é Antoine Hercule Romuald 
Florence (1804 –1879), que em 1832 começa a investigar as 
possibilidades de fixação da imagem por meio da câmara escura 
e experiências fotoquímicas, dão origem a imagens que ele 
batiza de photographie, em 1833. 
O francês Louis Jacques Mandé Daguerre (1781-1851) também 
deu contribuições importantes para o desenvolvimento da 
fotografia e trabalhou junto a Niépce na invenção do 
daguerreotipo. Criado em 1837 e fabricado por Alphonse Giroux, 
este foi o primeiro equipamento fotográfico produzido em escala 
comercial. Foi apresentado publicamente em 1839, na França, 
ano em que o governo francês declarou o invento como domínio 
público, pois havia financiado os experimentos de Daguerre. 
 
"Boulevard du Temple", Louis Daguerre, Paris, 1838 
Foto produzida com uma placa de metal em exposição à luz por 
dez minutos. 
O daguerreotipo acelerou o tempo de exposição, possibilitando a 
produção de retratos em que o fotografado não tivesse que ficar 
imobilizado por vários minutos, às vezes com a ajuda de um 
aparato de ferro que o prendia na cintura, alinhava o tronco e 
segurava a cabeça. 
Isso era necessário para a fotografia não sair tremida, devido ao 
longo tempo de exposição. Para que toda essa estrutura não 
aparecesse, o cenário era disfarçado com cortinas, as pessoas 
vestiam roupas volumosas, etc. Já os olhos, que não ficam 
imóveis por muito tempo, precisavam ser retocados à mão, 
normalmente com lápis nanquim. 
Mas, só porque softwares de edição de imagens não existiam no 
passado, não significa que era impossível realizar alterações e 
criar montagens! Confira no artigo a seguir interessantes fatos 
sobre esses procedimentos e a influência deles na concepção do 
tratamento de fotos digital: 
http://photos.com.br/quando-o-photoshop-nao-existia/ 
E a arte da fotografia continuaria evoluindo em todos os sentidos. 
Com as câmeras objetivas desenvolvidas por Joseph Maximilian 
Petzval (1807- 1891), 16 vezes mais luminosas, o tempo de 
exposição cairia de 15 minutos para em torno de 30 segundos. 
Com isso, a partir de 1842 foram abertos os primeiros estúdios 
fotográficos especializados em retratos. 
Afinal, a sociedade precisava ser mostrada em suas 
organizações sociais e políticas, como já acontecia com as 
pinturas. Aliás, os primeiros retratos, pagos pela alta classe 
burguesa da França, quase sempre buscavam referências de 
pose, luz e composição na pintura. 
A fotograficidade revela, assim, o seu poder: articular imagens e 
suas representações no tempo, nas marcas da história, nas 
imagens que constroem o sentido do mundo. 
A fotografia é vista como a “leitura da realidade”, mas não passa 
de uma trama que constitui a realidade subjetiva dos fatos, pois é 
com as imagens do mundo que se constroem e restituem a 
memória. Pinturas e fotografias são imagens a serem 
decodificadas onde quer que estejam, seja em galerias de arte, 
revistas ou anúncios publicitários. 
Por fim, recomendamos os seguintes livros para você se 
aprofundar no assunto: 
SONTAG, Susan. Sobre fotografia. Cia das Letras 
KOSSOY, Boris. Fotografia & História. São Paulo: Ateliê 
Editorial, 2001. Edição revista. 
O que é imagem? 
Você já deve ter presenciado ou participado da seguinte cena: 
família reunida, todos se apertam para caber na foto, alguém 
grita: “Olha o passarinho!”. Embora quase sempre não haja um 
pássaro à volta, sem questionar, a maioria dos posantes para, 
não fala, mal respira, segura o sorriso, e o fotógrafo finalmente 
aperta o botão. Feita a foto, todos voltam a relaxar, como se 
tivessem tirado o sapato apertado e caminhassem novamente 
livres. 
Diante desse cenário corriqueiro algumas perguntas 
permanecem, como: 
De onde viria a expressão “Olha o passarinho? ”? 
Por que ficamos tão sem graça, desajeitados, diante da câmera 
fotográfica? 
E, afinal, que poder é esse da imagem? 
Talvez a primeira pergunta seja a mais fácil de ser respondida. 
Estudiosos como Ari Riboldi, no livro O Bode Expiatório, explicam 
que, como as primeiras câmeras exigiam um alto tempo para 
capturar a imagem, os retratistas, como eram chamados, 
precisavam de artimanhas para prender a atenção dos 
retratados. Para isso, muitos mantinham uma gaiola com um 
pássaro próximo da câmera e assim distraiam os modelos, que 
fixavam seu olhar no pássaroengaiolado. 
Mas por que ficamos desajeitados na frente da câmera? O que 
ela pode revelar? De um click, um instante, a fotografia revela um 
traço do tempo, em um determinado espaço, sendo vestígio da 
realidade. Mas, para que isso aconteça, é preciso um olhar e um 
equipamento que o registre. 
Assim, da fotografia é provida uma segunda realidade, como 
defende Boris Kossoy (1999), na análise das tramas fotográficas 
e suas construções simbólicas do real. E o vestígio fotográfico é 
influenciado pelos espaços de tempo: o passado, já que o click 
transforma a fotografia em um evento palpável do passado; o 
presente, que se dá no ato fotográfico; e o futuro, onde a 
lembrança estará guardada, em imagem, para ser revivida. 
Se no folclore espelhos são amaldiçoados, para alguns povos a 
fotografia era dotada do mesmo poder. Algumas tribos indígenas 
acreditavam que, se tivessem seu retrato capturado, teriam sua 
alma aprisionada. Parece loucura ou ignorância, mas eles não 
estavam completamente errados. Não que o ato fotográfico 
esteja incutido desse poder assombroso, mas ao ver uma 
imagem automaticamente refletimos a energia daquilo que 
vemos. Isso se dá através da memória, ativada pela imagem da 
 
 
fotografia, que desencadeia sentimentos, o que nos faz vibrar e 
emanar energia. 
Em rituais religiosos, por exemplo, é comum que pessoas levem 
fotos de entes queridos para que a pessoa receba graças mesmo 
estando ausente. A foto age, assim, como substituta do corpo. 
Uma curiosidade, ao menos aos olhos contemporâneos, são as 
fotos post-mortem. Feitas em cenários e locações, os modelos 
usavam vestimentas apropriadas para eventos sociais e 
maquiagem impecável, na tentativa de simular uma cena de seu 
cotidiano. Como a fotografia era um artefato caro, ficando 
restrita, a princípio, à classe nobre, aqueles que queriam ser 
“eternizados” precisavam recorrer às fotos do morto, mesmo que 
“disfarçados” em uma situação cotidiana. 
As famílias, por vezes, poupavam dinheiro para, caso fosse 
necessário, produzir uma foto post-mortem, assegurando a 
lembrança do ente querido através da memória fotográfica. Para 
saber mais sobre esse costume, acesse a reportagem a seguir: 
http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Comportamento/noticia/
2015/05/11-fotos-de-pessoas-mortas-que-parecem-estar-
vivas.html 
Até hoje fotos são substitutos da lembrança, portanto, ilusórias. 
Não são, em absoluto, a tradução da realidade, mas sua 
representação. Podem ser manipuladas, diferenciadas pela 
escolha de lentes, enquadramento, ângulos, iluminação, cortes, 
etc., e representando a visão de seu autor, sendo, portanto, uma 
versão, uma metáfora. É mais forte que qualquer interpretação 
de racionalidade, pois é também emoção. 
É onde o leitor é pego desarmado pela imagem, que lhe causa a 
emoção da surpresa, como afirma Susan Sontag, 1983, pp. 
161,62: 
Somos mais vulneráveis aos acontecimentos que nos inquietam 
sob a forma de imagens fotográficas do que sob a forma de fatos 
reais. [...] uma vez que somos espectadores (passivos) de 
acontecimentos já configurados. 
Quando a "ilusão" se completa na mente do leitor, este tem a 
sensação de assistir a um recorte imprevisível, dotado do 
sentimento de "realidade". Embora ressaltando o caráter 
simbólico da mensagem, ela só obtém êxito porque o leitor é 
cercado pelo sentimento de realidade acima de qualquer 
suspeita. É sobre essa base inicial que se passam os códigos. A 
racionalidade é posta somente depois de aceitar a realidade do 
que se vê, segundo Santaella: 
O real na sua verdade é sempre algo inatingível, mas, em menor 
ou maior medida, sempre aproximável pela mediação do signo. É 
nessa aproximação como meta que reside nossa 
responsabilidade ética com a linguagem. 
Essa é uma discussão bastante ampla e, certamente, não tem 
uma resposta definitiva. Portanto, agregar conhecimentos e 
refletir constantemente sobre os significados e impactos da 
fotografia na sociedade é essencial para desenvolver um olhar 
crítico e relevante sobre a linguagem visual que nos cerca, além 
de desenvolver um bom trabalho! 
Claro, não podemos finalizar o tema sem antes saber o que a 
professora Sionelly tem a dizer! Não deixe de conferir o material 
on-line! 
 
Na prática 
François Soulages diz que uma fotografia pode gerar diversos 
significados a partir de diferentes formas de a construir e ler, 
dependendo das condições do espectador, da contextualização 
ou da manipulação dos signos a partir de sua constituição. Olhar 
 
 
uma foto, assim, é estar diante de uma tomada de ilusão ao seu 
referente, a sua segunda realidade. Não sendo uma forma de 
assemelhar-se ao visível, mas de tornar visível algum fenômeno, 
portanto, relembrado, associado, percebido e interpretado. 
Agora é a sua vez de falar sobre imagem e suas 
fundamentações! 
Fotografe uma cena ou objeto e discorra sobre suas as 
características técnicas e estéticas, justificando suas escolhas e 
argumentos. 
Síntese 
Vimos nessa aula que não se uma imagem não possui uma 
única interpretação: cabe ao leitor interpretá-la com seu olhar 
particular. Assim como na leitura de um conto, a imagem se 
revela com discrepâncias: cada um vê e lê uma imagem distinta, 
mesmo vinda do mesmo referente. 
Contudo, por bastante tempo creditou-se à fotografia o peso de 
registro do real, em uma concepção objetivista de que a 
fotografia seria o testemunho e cópia direta de um fato. A 
introdução da câmara escura e o processo fotográfico, objetivo, 
químico e físico, reforçariam esse conceito. Por isso, a fotografia 
superaria as possibilidades de registrar aquilo que a pintura, 
principal forma de expressão, ainda não havia conseguido 
realizar perfeitamente. Essa característica imperialista seria o 
princípio da confusão entre possibilidade e essência da 
fotografia. 
Referências 
BONI, P. C. (Org.). Fotografia: Múltiplos Olhares. Londrina: 
2011. 
JENKINS, H. Cultura da convergência. 2. Ed. São Paulo: 
Aleph, 2009. 
SOULAGES, F. Estética da fotografia: perda e permanência. 
Tradução de Iraci D. Poleti e Regina S. Campos. São Paulo: 
Editora São Paulo, 2010.

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