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ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA PARA AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Professoras: Me. Nathalia Barbosa Limeira Me. Fernanda Regina Cinque de Brito DIREÇÃO Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Pinelli Head de Planejamento de Ensino Camilla Cocchia Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey Projeto Gráfico Thayla Guimarães Design Educacional Rossana Costa Giani Design Gráfico Isabela Mezzaroba Belido C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; LIMEIRA, Nathalia Barbosa; BRITO, Fernanda Regina Cinque de. Problemas e Dificuldades de Aprendizagem. Nathalia Barbosa Limeira; Fernanda Regina Cinque de Brito Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 29 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Dificuldades. 2. Aprendizagem. 3. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 371 CIP - NBR 12899 - AACR/2 01 02 03 sumário TESTES PARA VERIFICAÇÃO DAS HABILIDADES COGNITIVAS |9 |13 |15 AVALIAÇÃO DE DIFICULDADES DA ESCRITA (ADAPE) PROVAS PARA O DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Conhecer provas e teste utilizados frequentemente por psicopedagogos no diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem. • Instrumentalizar professores e psicopedagogos quanto à utilização dos testes e provas propostos aqui. • Discutir a necessidade de um plano de intervenção e diagnóstico bem fundamentado. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Testes para verificação das habilidades cognitivas • Avaliação de Dificuldades da Escrita (Adape) • Provas para o diagnóstico operatório ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA PARA AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM INTRODUÇÃO Entende-se que o processo de diagnóstico é complexo e que não há um único pro- cedimento que possa ser aplicado a todos os casos. Na literatura podemos encontrar diferentes etapas para a elaboração do diagnóstico psicopedagógico. Nossa intenção primordial, nesta etapa de estudo, é instrumentalizar, ainda que sucintamente, o trabalho de vocês, enquanto psicopedagogos. Todo o diagnóstico dependerá da queixa inicial. É a partir dela que você deverá construir um percurso de investigação, o qual sempre deve ser revisto. Esse percur- so é a essência de seu trabalho investigativo. A partir da queixa inicial, começa seu trabalho de investigação. O que a queixa deixa transparecer é apenas a aparência, o sintoma. Mas o que precisa ser descoberto é o que se esconde atrás da queixa, do sintoma manifesto. Pós-Universo 7 O caminho que percorremos aqui (queixa inicial – sintomas – formulação de hi- póteses – tentativas de exclusão ou comprovação destas hipóteses) é exatamente o percurso que você, enquanto psicopedagogo, deve realizar. Dada a queixa, perceba os sintomas. Dos sintomas, trace suas hipóteses. Das hipóteses, na busca de confirmá- -las ou excluí-las, trace o percurso de diagnóstico a percorrer com o aluno/paciente. Quais testes, quais provas, quais caminhos serão necessários percorrer para descobrir de fato o que o aluno/ paciente tem por detrás da queixa inicial? Para isso, apresen- tamos a você, aluno, algumas sugestões de testes/ provas considerando as áreas: leitura, escrita e matemática. Lembre-se de que o trabalho do psicopedagogo nunca deve ser um trabalho so- litário. É importante que você conte com uma equipe de profissionais que possam auxiliá-lo neste diagnóstico: fonoaudiólogos, neurologistas, psicólogos, entre outros. Esperamos que este estudo seja de grande utilidade em seu dia a dia, em seu trabalho psicopedagógico. Pós-Universo 8 Pós-Universo 9 TESTES PARA VERIFICAÇÃO DAS HABILIDADES COGNITIVAS Os manuais elaborados pela fonoaudióloga Fernanda Papaterra Limongi, intitulados de Manual PAPATERRA de Habilidades Cognitivas (1999), têm como objetivo a habi- litação ou reabilitação da linguagem, tanto oral quanto escrita, de crianças e adultos que apresentam ou não distúrbios de comunicação. Neste sentido, este Manual pode ser utilizado tanto por fonoaudiólogos quanto por psicopedagogos ou pedagogos. As habilidades trabalhadas ao longo destes manuais vão desde a habilidade de completar palavras até as habilidades de associar, desenvolver a criatividade e racio- cínio lógico. Composto por atividades bastante simples, mas que exigem do aluno atenção e criatividade na resolução dos exercícios. Este Manual tem sido bastante utilizado tanto no diagnóstico das dificuldades de aprendizagem quanto em seu tratamento. A seguir, apresentamos duas atividades retiradas do segundo volume deste manual e que podem ser utilizadas por você em seu dia a dia no trabalho como psicopedagogo. Pós-Universo 10 Completar com a mesma letra A mesma letra está faltando em todas as palavras do mesmo grupo. Descubra qual é essa letra. O primeiro grupo foi completado como exemplo: 1. FORNO 2. NAVE 3. BANCO 4. SENHOR 5. __OR VER__E __IA VI__A 6. Í__A __ATO CA__PO BE__ 7. __UBA LA__E VE__A __EITO 8. CO__RE __EIO FO__O __OCA 9. PA__MA __EI AS__ BA__DE 10. FO__O IMA__EM __EMA AMI__O 11. __IRAR A__E __OLTA __ENTO Fonte: Limongi (1999, p.13). Pós-Universo 11 Complete as palavras abaixo com apenas uma letra: m___l; m___l; m___l; ___anela; ___anela; ___anela; ___edo; ___edo; ___edo; ___arro; ___arro; ___arro; ___eve; ___eve; ___eve; ___osto; ___osto; ___osto; ___erra; ___erra; ___erra; ch___que; ch___que; ch___que; ___ato; ___ato; ___ato; ___ano; ___ano; ___ano; ___ano; ___olha; ___olha; ___olha; ___olha; Fonte: Limongi (1999, p.17). Além deste Manual elaborado por Limongi, há muitos outros disponíveis que também apresentam boa qualidade. Como a ideia é instrumentalizá- -lo (a) sugerimos que consultem o material bastante interessante chamado de Compreensão da Leitura I de Alliende et al (1994). Fonte: elaborado pelas autoras. saiba mais Pós-Universo 12 Pós-Universo 13 AVALIAÇÃO DE DIFICULDADES DA ESCRITA (ADAPE) O teste de Avaliação de Dificuldades de Aprendizagem da Escrita, conhecido como ADAPE, foi elaborado por Sisto em sua obra Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagógico. O teste consiste em um ditado do texto abaixo. Como se trata de um ditado, é importante que a leitura do texto seja pausada e que não se repita mais de uma vez a frase lida. Assegure-se de que a criança consiga escrever no tempo presumido por você, para que você possa continuar o ditado. Uma ressalva deve ser feita aqui: o ditado não pode ser realizado como leitura silabada. Por exemplo, o título deve ser lido de uma vez só, e não pausado ou silabado, o que ficaria “U ma tar de no cam po”. Leia de uma única vez, com entonação e ritmos adequados. atenção Entregue ao aluno lápis, borracha e uma folha pautada. Após o término do ditado, circule as palavras que foram escritas erroneamente e siga a tabela proposta por Sisto, a qual se encontra logo abaixo do texto para o ditado. É importante lembrá-lo(a), caro(a) aluno(a), que você não deve somente aten- tar-se aos erros. Claro é que ele nos dará uma base importante na elaboração ou confirmação de nossas hipóteses. Mas é preciso ainda verificar o que o aluno sabe. E o ditado é um bom momento para isso. Pós-Universo 14 Uma tarde no campo José ficou bastante alegre quando lhe contaram sobre a festinha na chácara da Dona Vanda.Era o aniversário de Amparo. Chegou o dia. Todos comeram, beberam e fizeram muitas brincadeiras engraçadas. Seus companheiros Cássio, Márcio e Adão iam brincar com o burrico. As crian- ças gostam dos outros animais, mas não chegam perto do Jumbo, o cachorro do vizinho. Ele é mau e sai correndo atrás da gente. Mário caiu jogando bola e machucou o joelho. O médico achou necessário passar mercúrio e colocou um esparadrapo. Valter estava certo. Foi difícil voltar para casa, pois estava divertido. Pensando em um dia quente de verão, tenho vontade de visitar meus velhos amigos. Quadro 1: Critérios de classificação de Dificuldade de Aprendizagem na Escrita de alunos do 4º ano, por meio do instrumento ADAPE Palavras erradas Categoria 3ª série Até 10 erros 1A Sem indícios de DA 11 – 19 erros 1B DA leve 20 – 49 erros 3 DA média 50 ou + erros 4 DA acentuada Fonte: Sisto (1998). Para ver outras classificações consulte o livro de Sisto, Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagógico. Pós-Universo 15 PROVAS PARA O DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO As provas apresentadas por Piaget e Inhelder (1983) têm como objetivo avaliar se as noções de conservação, seriação, número, tempo e espaço são adequadas à idade cronológica da criança. Isso porque, para esse estudioso, há certa regularidade nos processos mentais e a partir destes testes podemos verificar se essas ideias, de con- versação, seriação, tempo, número e espaço, estão sendo construídas normalmente pelas crianças. Uma criança, por exemplo, que tenha dificuldade na seriação ou na clas- sificação apresentará dificuldades na área de matemática, pois não opera adequadamente as ideias de divisão e adição. Fonte: elaborado pelas autoras. reflita As provas apresentadas aqui foram adaptadas para a realidade brasileira pela pro- fessora, psicóloga e também psicopedagoga Solange Franci R. Yaegashi (1997). As provas reproduzidas aqui se encontram disponíveis na tese de doutorado da referi- da autora e são reproduzidas com pequenas modificações para que não haja perda da qualidade da orientação à realização das mesmas. Sampaio afirma: “ Por meio da aplicação das provas operatórias, teremos condições de conhe- cer o funcionamento e o desenvolvimento das funções lógicas do sujeito. Sua aplicação nos permite investigar o nível cognitivo em que a criança se encontra e se há defasagem em relação à idade cronológica, ou seja, um obs- táculo epistêmico (SAMPAIO, 2010, p.41). Pós-Universo 16 Neste sentido, as provas piagetianas abaixo mencionadas, ajudam-nos na identifica- ção deste processo, ou seja, ajuda-nos a perceber se a criança já construiu ou não a noção de seriação, fundamental à aprendizagem matemática. PROVA DE CLASSIFICAÇÃO Material: blocos lógicos de duas espessuras (grossa e fina), de três cores (azul, verme- lha e amarela) e de quatro formas (quadrada, retangular, triangular e circular). Forma de aplicação: inicialmente a experimentadora coloca sobre a mesa vários blocos lógicos e solicita à criança que diferencie as formas geométricas e compare as seme- lhanças e diferenças entre as peças, explicando-as. Para isso, podemos fazer questões do tipo: “O que tem de igual?”. “O que tem de diferente?”, “Como você pode arrumar estas peças de modo que fiquem juntas as que combinam?” “Por que você arrumou assim?” “Há outro jeito de arrumá-las?” Avaliação: Os critérios de avaliação são os mesmos adotados por Piaget e Inhelder (apud YAEGASHI, 1997): Nível I: a criança organiza e classifica o material, não em uma hierarquia de classes e subclasses baseada em semelhança e diferença entre os objetos, mas a partir de cole- ções figurais. Isto significa que o comportamento de classificação tem características próprias. Trata- se de um comportamento não planejado, que se dá por etapas, nas quais o critério de escolha muda constantemente. Nível IIa: a criança forma grupos de objetos com base nas semelhanças de atributos e tenta relacionar cada objeto a um dos grupos formados. Porém, a criança ainda utiliza um critério único de classificação, seja por cor, forma ou tamanho. Nível IIb: a criança começa a utilizar pelo menos dois critérios de classificação. Nível III: a classificação é formada de classes propriamente lógicas, subdivididas em subclasses e com quantificação das inclusões. A ela se acrescentam a mobilidade nas mudanças possíveis de critério e a facilidade de construir sistemas multiplicativos (tabelas de dupla entrada, etc.). Fonte: adaptado de Yaegashi (2006, 86-87) Pós-Universo 17 PROVA DE SERIAÇÃO Material: 10 bastonetes de 4 a 14 cm. Forma de aplicação: convidar a criança para fazer um jogo ou brincadeira. Apresentar- lhe os bastonetes dizendo: “Estes pauzinhos chamam-se bastonetes. Sua missão é fazer uma escada com eles, colocando um ao lado do outro”. Observar e anotar como a criança escolhe os bastonetes e os ordena. Quando a criança terminar perguntar-lhe: “Como você fez para escolher os bastonetes?” Anotar o desempenho da criança ao construir a série de bastonetes: nenhum ensaio de seriação; pequenas séries; tentativa de seriação ou seriação assistemática; êxito sistemático. Apontar para o primeiro e último dos bastonetes, um de cada vez e perguntar: “Por que você colocou este aqui?” Apontar para um dos medianos e fazer a mesma pergunta. Avaliação: Nível I: a criança não possui noção de seriação operatória quando não tem êxito na construção da série, ou seja, quando não consegue realizar o que lhe foi pedido. Nível II: a criança está no estágio de transição quando acerta algumas das orientações dadas e erra outras. Nível III: a criança possui a noção de conservação operatória quando tem êxito sistemá- tico na construção da “escada”. Reconhece consequentemente a noção de antecessor e sucessor e a noção de tamanho evidenciada em sua construção. Fonte: adaptado de Yaegashi (2006, p. 89, 90) Pós-Universo 18 PROVA DE CONSERVAÇÃO DE COMPRIMENTO Material: são utilizados palitos de madeira de tamanho diferentes. Forma de aplicação: Primeira situação: A experimentadora dispõe sobre a mesa duas filas paralelas de palitos de madeira (uma com 4 palitos grandes e outra com 5 palitos pequenos, mas ambas com o mesmo com- primento), dizendo: “Vamos fazer de conta que estas fileiras são duas estradas. Diga-me, elas têm o mesmo comprimento?” Anote a resposta da criança, certificando-se de que a mesma concorda em terem as fi- leiras o mesmo comprimento, a experimentadora passa para a situação seguinte. Segunda situação: A experimentadora deixa a primeira fileira como na primeira situação e desloca a segunda fileira para a direita. Em seguida, pergunta: “Qual destas duas estradas é mais comprida? Ou elas têm o mesmo comprimento? Como você sabe disso?” Em seguida, anota a resposta da criança. Terceira situação: A experimentadora deixa a fileira A como na primeira situação e arruma a fileira B em ziguezague. Depois, pergunta: “Se você fosse andar nestas duas estradas, em qual você andaria mais? Ou você andaria o mesmo tanto? Elas têm o mesmo comprimento? Como você sabe disso?” Em seguida, anota a resposta da criança. Quarta situação: A experimentadora deixa a primeira fileira como na primeira situação e arruma a segunda fileira de forma não retilínea. Depois pergunta: “Se você fosse andar nestas duas estradas em qual você andaria mais? Ou você andaria o mesmo tanto? Elas têm o mesmo comprimento? Como você sabe disso?” Em seguida, anota a resposta da criança. Devem ser criadas ainda mais duas situações, nas quais a segunda fila deve ser dispos- ta de maneiras diferentes, com uma configuração não retilínea. Avaliação: São utilizados os mesmos critérios adotados por Inhelder, Bovet e Sinclair (apud Yaegashi, 1997): Nível I (Não conservação): a criança emite sua resposta tendo como base as extremi- dades das duas fileiras. Neste sentido, depois da mudança de uma das fileiras, ela nega que elas tenham o mesmo tamanho. Nível II Condutas intermediárias): a criançanão tem uma resposta única: ora diz que têm o mesmo tamanho as duas fileiras, ora afirma que não têm o mesmo tamanho. Nível III (Conservação): a criança afirma que as duas fileiras têm o mesmo tamanho, mesmo tendo posições diversas. Fonte: adaptado de Yaegashi (2006, p. 91-92) Pós-Universo 19 PROVA DE CONSERVAÇÃO DE MASSA Material: massa de modelar. Forma de aplicação: apresentar à criança duas bolinhas com a mesma quantidade de massa e perguntar: Estas duas bolinhas são iguais? Elas têm a mesma quantidade (ou o mesmo tanto) de massa? Você tem certeza? “Se eu der esta bolinha para você e ficar com esta para mim, qual de nós ganha a bola que tem mais massa? Ou nós ganhamos o mesmo tanto? Por quê?” OBSERVAÇÃO: Se a criança responder que uma vai ganhar uma bola maior que a outra, perguntar: Então elas não são iguais? Transformar uma das bolas em salsicha colocando-a horizontalmente na mesa e perguntar: “E agora onde tem mais massa? Ou tem o mesmo tanto de massa nas duas? Por quê? Ou: Como você sabe disso?” Transformar a salsicha em bolinha novamente e perguntar: “Estas duas bolinhas são iguais? Elas têm a mesma quantidade (ou o mesmo tanto) de massa? Você tem certeza?” Transformar a bolinha em salsicha colocando-a verticalmente sobre a mesa e então perguntar: “E agora onde tem mais massa? Ou tem o mesmo tanto de massa nas duas? Por quê? Ou: Como você sabe disso?” Transformar a salsicha em bolinha novamente e perguntar: “Estas bolinhas são iguais? Elas têm a mesma quantidade (ou o mesmo tanto) de massa? Você tem certeza?” Dividir uma das bolinhas em quatro ou cinco pedaços iguais fazendo com eles bolinhas menores, em seguida perguntar: E agora onde tem mais massa? Nesta bola grande ou em todas estas bolinhas juntas? Ou tem o mesmo tanto de massa nas duas? Por quê? Ou: Como você sabe disso? Avaliação: São utilizados os mesmos critérios adotados por Inhelder, Bovet e Sinclair (apud Yaegashi, 1997): Nível I (Não conservação): a criança não tem a noção de conservação de massa quando admite que quantidade de massa se altera quando a bolinha é transformada. Nível II (Condutas intermediárias): a criança está em fase de transição quando admite a conservação de massa em algumas situações e a nega em outras. Nível III (Conservação): a criança tem a noção de conservação de massa quando afirma que as bolinhas transformadas continuam tendo a mesma quantidade de massa e jus- tifica suas afirmações com argumentos lógicos de identidade, reversibilidade simples e reversibilidade por reciprocidade. Fonte: adaptado de Yaegashi (2006, p. 89-91) Pós-Universo 20 PROVA DE CONSERVAÇÃO DE LÍQUIDO Material: dois copos idênticos; um copo mais estreito e mais alto; um copo mais largo e mais baixo. Forma de aplicação: inicialmente a professora conversa com a criança e a convida para brincar ou fazer um jo- guinho. Estando a criança interessada na brincadeira, a professora diz: “Vou colocar água nestes dois copos (A e A’), quando eles estiverem com a mesma quanti- dade (ou o mesmo tanto) de água você me avisa? Olhe bem!” Colocar água até mais ou menos a metade dos copos e perguntar: “Estão iguais? Tem a mesma quantidade de água nos dois copos? Você tem certeza? Por quê? “Se você tomar a água deste copo (A) e eu tomar a água deste (A’), qual de nós dois (duas) toma mais água”? Por quê? Transvasar a água de A para B e depois perguntar: “E agora, onde tem mais água?” “Por quê?” ou - “Como você sabe disso?” Contra argumentação: se a criança demonstrar que não possui a noção de conservação dizer: “Outro dia eu estava brincando com um(a) menino(a) que tem a sua idade, e ele(a) me disse que estes dois copos têm a mesma quantidade de água porque a gente não pôs e nem tirou. Você acha que aquele(a) menino(a) estava certo(a) ou errado(a)? Por quê?” Se a criança demonstrar que possui a noção de conservação dizer: “Outro dia eu fiz esta brincadeira com um(a) menino(a) do seu tamanho, e ele(a) me disse que neste copo (B) havia mais água, porque nele a água estava mais alta. O que você acha desse(a) menino(a), ele(a) estava certo(a) ou errado(a)? Por quê?”. Transvasar a água de B para A, mostrar à criança então os copos A e A’ perguntando: “E agora, onde tem mais água?” e depois: “Se eu beber esta água (A) e você esta (A’), quem bebe mais, eu ou você? Por quê?” Transvasar a água de A para C e depois perguntar: “E agora onde tem mais água? Por quê?” ou “Como você sabe disso?” Fazer uma contra-argumentação igual à do item 2. Avaliação: São utilizados os mesmos critérios adotados por Inhelder, Bovet e Sinclair (apud Yaegashi, 1997): Nível I: a criança não possui a noção de conservação quando afirma que a quantida- de de água não é mesma em B e C. Nível II: a criança está em fase intermediária ou de transição quando admite a conser- vação da quantidade em alguns transvasamentos e nega em outros. Nível III: a criança possui a noção de conservação de líquido quando afirma que os copos A e B e A e C têm a mesma quantidade de água e, para justificar suas afirmações, apresenta os seguintes argumentos: - Identidade: “Têm a mesma quantidade de água porque não se pôs e nem tirou”. - Reversibilidade simples: “Têm a mesma quantidade porque se pusermos a água deste copo (B) neste (A) fica tudo igual outra vez”. - Reversibilidade por reciprocidade: “Tem a mesma quantidade porque este copo (B) é estreito e nele a água sobe e este é mais largo e a água fica mais baixa” Fonte: adaptado de Yaegashi (2006, p. 95, 96) Pós-Universo 21 PROVA DA EQUIDISTÂNCIA Material: são utilizados animais em miniatura e uma lagoa feita de cartolina azul em formato circular. Forma de aplicação: a experimentadora apresenta à criança os animais e a lagoa. Em seguida, solicita à mesma que coloque os animais a uma mesma distância da lagoa (ponto central). Inicia a prova dando 2 animais à criança. A primeira instrução é a seguinte: “Nesta fazenda, existem vários animais. Todos os dias eles gostam de ir até esta lagoa para beber água. De que forma você pode colocar os animais para que cada um ande o mesmo tanto até chegar à lagoa?” Após a primeira situação idealizada pela criança, a experimentadora pergunta: “Da forma como você colocou os animais, eles andam o mesmo tanto até chegarem à lagoa?” “Como você fez para saber que eles andam o mesmo tanto?” “Tem outro jeito de colocar os animais, para que eles andem o mesmo tanto até chega- rem à lagoa?” Procede-se desta forma nas demais situações sucessivamente apresentadas ao sujeito (5 animais e uma lagoa; 8 animais e uma lagoa; 10 animais e uma lagoa). Em cada situação, insiste-se para que a criança demonstre pelo menos 5 maneiras de colocar os animais. Avaliação: São utilizados os mesmos critérios propostos por Piaget (apud Yaegashi, 1997): Nível Ia: a criança faz uma reunião dos animais, seja através de um alinhamento verti- cal ou horizontal, figuras em curva, ziguezague, animais em desordem e perto da lagoa. Nível Ib: as crianças começam a fazer configurações fechadas, mas não circulares, que envolvem a lagoa; ou seja, elas comparam a distância entre a lagoa e cada um dos animais individualmente, sem levar em conta os outros animais envolvidos. Contudo, existe ainda um predomínio de retas e amontoados como em Ia. Nível II: a criança trabalha predominantemente com formas, podendo apresentar o círculo como solução, ou não, mas considerando uma forma entre outras. Nível III: as únicas construções aceitas são o círculo ou o semicírculo, que já aparecem desde as primeiras construções, e as únicas variações são aquelas nas quais a criança aumenta ou diminui o raio do círculo. Fonte: adaptado de Yaegashi (2006, p. 94-95) Pós-Universo 22 PROVA DAS POSIÇÕES DOS DADOS SOBRE UM SUPORTE Material: são utilizados três suportes coloridos (círculo amarelo, quadrado vermelho, triân- gulo azul) e nove dados, cujas faces são de cores diferentes (branco, preto, rosa, verde, vermelho, amarelo). Forma de aplicação: A experimentadora coloca um dos suportes sobre a mesa e entregatrês dados à criança, dizendo: “Coloque estes três dados de todas as maneiras sobre este cartão”. Após a execução da tarefa pela criança, ela pergunta: “Pode ser de outro jeito?” Caso a criança argumente que não há outras maneiras, a experimentadora insiste: “Faça agora de um jeito bem diferente”. E continua, fazendo as seguintes solicitações: “Você acha que existem jeitos certos ou errados de colocar os dados?” “Então me mostre um jeito certo de colocar os dados.” “Agora me mostre outro jeito certo.” “Mostre-me um jeito errado de colocar os dados.” “Agora me mostre outro jeito errado.” “De quantos jeitos você acha que pode colocar estes dados sobre este cartão? Como você sabe? Você conseguiria fazer todos esses jeitos?” A criança é incentivada a demonstrar todas as posições em que ela pensar. Todas as suas condutas devem ser anotadas. O mesmo procedimento é adotado para os outros dois suportes. Avaliação: São utilizados os mesmos critérios propostos por Piaget (apud Yaegashi, 1997): Nível Ia: a criança combina pequenas diferenças com semelhanças (procedimentos analógicos), e seus argumentos caracterizam-se pela presença de pseudonecessida- des. Além disso, ela trabalha apenas com uma família de copossíveis. Nível Ib: a criança trabalha com duas famílias de copossíveis. Nível II: a criança busca mais variações e apresenta copossíveis antecipados. Neste nível, ela já trabalha com três famílias de copossíveis. Nível III: a criança argumenta que existem maneiras ilimitadas de colocar os dados (co- possíveis quaisquer). Fonte: adaptado de Yaegashi (2006, p. 93, 94) Pós-Universo 23 QUADRO DE RESPOSTA Na tabela, escreva o nome da prova realizada e o nível em que a criança se encontra. Provas Nível I Nível II Nível III atividades de estudo 1. Os manuais intitulados Manual de Habilidades Cognitivas elaborados pela fono- audióloga Fernanda Papaterra Limongi (1999) tem como objetivo a habilitação ou reabilitação da linguagem oral e escrita. Dentre as atividades sugeridas por este ma- terial em nossos estudos, destaca-se a: a) Atividade de ditado. b) Atividade de classificação. c) Atividade de completar com a mesma letra. d) Atividade de interpretação de texto. e) Nenhuma das assertivas acima está correta. 2. A avaliação de Dificuldades da Escrita (ADAPE) sugerido por Sisto (1998) apresen- ta algumas orientações para que a mesma seja feita corretamente e os resultados sejam preservados. Sobre estas orientações, leia as afirmativas e assinale a alternati- va correta. I) Para esta avaliação a sugestão é utilizar a produção de um texto a partir de um gênero textual definido, qual seja: fábula. II) É importante assegurar se a criança consegue escrever no tempo presumido pelo avaliador. III) A ênfase da avaliação é destacar os erros da criança, não considerando, portan- to, o que a criança sabe. IV) É fundamental que a leitura do texto para a criança seja pausada e que não se repita mais de uma vez a frase lida. a) Estão corretas apenas I e III. b) Estão corretas apenas II e IV. c) Estão corretas apenas I, II e III. d) Estão corretas apenas II, III e IV. e) Nenhuma das alternativas acima está correta. atividades de estudo 3. De acordo com Sampaio (2010, p. 41) “[...] por meio da aplicação das provas opera- tórias, teremos condições de conhecer o funcionamento e o desenvolvimento das funções lógicas do sujeito”. Sobre as provas para o diagnóstico operatório, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. ( ) As provas operatórias têm como principal objetivo avaliar como está a discrimi- nação auditiva da criança. ( ) As provas para o diagnóstico operatório foram elaboradas pelo teórico Lev Seminivich Vigotsky. ( ) A partir destas provas é possível, por exemplo, verificar se a criança apresenta alguma dificuldade no que tange aos aspectos de classificação e seriação, concei- tos que estão relacionados a aprendizagem da matemática. ( ) Por meio da aplicação destas provas é possível perceber se há defasagem em relação à idade cronológica. A sequência correta é: a) V, V, V, V. b) F, F, F, V. c) F, V, V, V. d) F, F, V, V. e) V, F, V, F. resumo Gostaríamos de chamar sua atenção, caro aluno (a) ao fato de que as discussões que trouxemos aqui, de modo algum podem se esgotar aqui. Elas devem servir como um trampolim sobre o qual você deve realizar novas aprendizagens, seja pela leitura dos materiais complementares in- dicados, seja pela busca de outros materiais além dos referenciados aqui. Ao longo deste estudo buscamos instrumentalizá-lo(a), ainda que sucintamente, para o diagnós- tico e intervenção das dificuldades de aprendizagem relacionadas à aprendizagem da leitura, da escrita e da matemática. Mas o diagnóstico não deve considerar apenas a realização das provas e testes aqui apresentados. Para ter um diagnóstico bem elaborado é preciso que você consi- dere aspectos familiares, sociais, emocionais, além dos escolares (relação ensino aprendizagem, eixo professor-aluno). Nesse sentido, as amostras de testes contidas nesta seção fazem parte de uma das etapas do diagnóstico, ou seja, uma avaliação diagnóstica coerente e eficaz não é feita apenas pela aplicação de teste e provas, mas considerar a multiplicidade de fatores que fazem parte da vivência do aluno. Como devem ter percebido não há nenhuma novidade nos testes aqui apresentados, mas o modo como o psicopedagogo encaminha essas avaliações é que fazem a diferença. Quem, como professor, não se utilizou de textos com lacunas, ditado ou resolução de questões? O que há de novidade é o enfoque dado tanto ao erro quanto ao acerto. Percorrer a trilha de aprendizagem realizada pelo aluno, o que estes testes nos possibilitam favorece nossa compreensão acerca de que estratégias utilizam para resolvê-los. Neste sentido, esses testes nos capacitam a olharmos para o aluno de uma forma particularizada e singular. Como deve ser nosso olhar psicopedagógico. material complementar Título: TDE: Teste de Desempenho Escolar: Manual para Aplicação e Interpretação Autor: Lilian M. Stein Editora: Casa do Psicólogo Sinopse: Trata-se de um teste psicométrico, as áreas da leitura, escrita e operações matemáticas. Pode ser utilizado tanto por pedagogos quanto psicopedagogos. Título: Um Sonho Possível Ano: 2009 Sinopse: O filme conta a história de um adolescente america- no com problemas de aprendizagem e desabrigado, que acaba sendo adotado por um casal. Esta adoção muda com- pletamente sua rotina e suas experiências de vida. Aquilo que era problema transforma-se em sucesso. O filme aborda ainda a questão da exclusão social e racial. NA WEB Apresentação: Sugerimos que consulte o site a seguir, pois apresenta variados tipos de testes online sobre dislexia, discalculia e outras dificuldades de aprendizagem. Link: veja o artigo a seguir. Disponível em: <http://educamais.com/> referências LIMONGI, F. P. Manual Papaterra de Habilidades Cognitivas. São Paulo: Pancast, 1999, vol. 2, p.13-17 PIAGET, J.; INHELDER, B. Gênese das Estruturas Lógicas Elementares. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. SAMPAIO, Simaia. Manual do diagnóstico Psicopedagógico Clínico. Rio de Janeiro: WaK, 2010. SISTO, F. F; Dificuldades de aprendizagem. In: SISTO et al. Dificuldades de Aprendizagem no Contexto Psicopedagógico. 3. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1998. YAEGASHI, S. R. F. Avaliação e Intervenção Psicopedagógica. Cesumar: Maringá, 2006. YAEGASHI, S. F. R. O fracasso escolar nas séries iniciais: um estudo com crianças de escolas públicas. 1997. Tese (Doutorado em Psicologia Educacional) – Faculdade de Educação/ UNICAMP, Campinas. resolução de exercícios 1. c. Atividade de completar com a mesma letra. 2. b. Estão corretas apenas II e IV. 3. d. F, F, V, V.
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