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U N ID A D E 1 12 das ciências pedagógicas, psicológica, fonoaudiológica, neuropsico- lógica e psicolinguística para uma compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagem humana (KIGUEL, 1990, p. 25). Podemos inferir que foi devido às necessidades do atendimento de crianças com distúrbio de aprendizagem que a psicopedagogia surgiu. É bastante signiicativo o número de alunos que apresentam diiculdades na leitura, na ortograia, na escrita e mesmo no pensamento, exigindo uma abordagem terapêutica. Dado este fato, ica implícita a necessidade de ação do psicopedagogo. De acordo com Weiss (1999), o psicopedagogo é capaz de colaborar para que o aluno estabeleça, com o ato de aprender, uma relação prazerosa e desaiadora, superando seus limites. Para Bossa (2007), na década de 1960, temos a expansão da psicopedagogia. Devido aos fatores do fracasso escolar e do desenvolvimento físico e psicológico do aluno, os psicopedagogos se prendem a um conceito de que os indivíduos que apresentam quaisquer tipos de diiculdades no âmbito escolar são vistos como pessoas com disfunções psiconeurológicas. “ Nessa época, os psicopedagogos prendiam-se a uma concepção organicista e linear, com conotação nitidamente patolizante, que encarava os indivíduos com diiculdades na escola como portadores de disfunções, mentais e/ou psicológicos (SCOZ, 1994, p. 23). Os primeiros cursos de especialização em psicopedagogia no Brasil ocorreram ao inal da década de 70, com o objetivo de complementar a formação de psicó- logos e educadores que buscavam soluções para os problemas encontrados em seus alunos ou clientes. O primeiro registro do curso de psicopedagogia ocorreu no ano de 1954, oferecido pelo Centro de Pesquisa e Orientação Educacional (CPOE). Com isso, criou-se o Departamento de Educação Especial para crianças excepcionais. Então no ano de 1967, temos a criação de um curso com duração de dois anos para professores especializados no atendimento psicopedagógico das clínicas de leitura, oferecido pela CPOE. A psicopedagogia vem consolidando a sua identidade e seu campo de atuação próprios, que avançam progressivamente como saber cientíico e fortalecem as possibilidades do seu reconhecimento proissional. U N IC E S U M A R 13 A Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) foi fundada em 12 de novembro de 1980. Ela agrega psicopedagogos brasileiros com a inalidade de propiciar-lhes o desen- volvimento, a divulgação e o aprimoramento dessa área do conhecimento. Para saber mais, acesse o site www.abpp.com.br e ique por dentro! Fonte: a autora. explorando Ideias Segundo a ABPp (2019), a psicopedagogia é uma área de conhecimento que está se estruturando como um corpo teórico próprio. Seu saber cientíico está asso- ciado à intersecção das ciências pedagógicas e da saúde afetas ao entendimento do processo de aprendizagem. Conforme Bossa (2007), os primeiros traços da psicopedagogia aconteceram na França no início do século XIX atrelados à Medicina, Psicologia e Psicanálise, para ação terapêutica em crianças que tinham lentidão ou diiculdades para aprender. Foi a psicopedagogia argentina que inluenciou a práxis brasileira. Jorge Vis- ca é o psicopedagogo que trouxe a psicopedagogia ao Brasil. Ele desenvolveu a epistemologia convergente, que é um método de trabalho que fundamenta a prática dessa área de saber. A epistemologia convergente propõe um método clínico que envolve três áreas de estudo da psicologia: a psicogenética, a psicanálise e a psicologia social. Essa fundamentação teórica se dá, em principal, pelo fato de Jorge Visca ter se gra- duado em Ciências da Educação e em Psicologia Social. Ele se formou em Ciência Social, em 1966, na Universidad Nacional de Buenos Aires, e em psicologia social pela Escuela Privada de Enrique Pichon-Rivière, em 1971 (VISCA, 1991). Os primeiros grupos de estudos psicopedagógicos no Brasil surgiram por volta da década de 60. Iniciaram-se os cursos na área de psicopedagogia, mas ga- nharam força apenas na década de 90 e, a partir daí, vêm se irmando no mundo do trabalho e se estabelecendo como proissão (YAEGASHI, 1992). Jorge Visca (1987, 1991, 1997) desenvolveu em sua teoria a importância do entendimento de que a aprendizagem da criança deve ser analisada e observada individualmente e na coletividade em que a criança se encontra. Isto é, observar cada uma dessas áreas do contexto da criança e, ao mesmo tempo, observar a criança individualmente. A aprendizagem ou a não-aprendizagem da criança josi Sticky Note josi Sticky Note U N ID A D E 1 16 Comunitário Institucional Grupal ■ Construtivismo: entende que aprendizagem é uma construção paulatina conigurada na relação com o meio. Como você já deve estar estudando, a aprendizagem de algo novo é um processo que ocorre em dois estágios psicológicos: o estágio interpsíquico e o estágio intrap- síquico. É por esse motivo que, nos estudos da psicopedagogia, valoriza-se o olhar para a criança envolvendo as análises das relações coletivas e das relações individuais. Visca (1997), em seu livro La Psicopedagogia, descreve que o indivíduo é um organismo que aprende e, da mesma forma, o grupo, a instituição e a comunidade também aprendem. O autor apresenta dois esquemas sobre esse assunto: o nível de integração coletiva, para a aprendizagem de um grupo, e o nível individual. Ressalta, ainda, que a formação em grupo não signiica um agregado de pessoas, e sim a constituição de um organismo sistêmico que interfere na aprendizagem coletiva e no indivíduo em especíico. Analise o esquema a seguir e relita sobre a importância do olhar para o sujeito sistêmico: Figura 2 - Níveis e integração Coletiva / Fonte: Visca (1997, p. 52). As integrações coletivas inluenciam o processo de aprendizagem da criança e também se constituem em processos de aprendizagem intragrupal, no sentido de que o comportamento da totalidade é consolidado grupo. Você já deve ter observado em seu cotidiano que, às vezes, fazemos a mesma inter- venção ou temos as mesmas atitudes e obtemos resultados diferentes de acordo com o grupo em que estamos inseridos ou atuando. Se você é docente, pode compreender josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note U N IC E S U M A R 17 esse esquema com mais clareza. As formas institucionalizadas que os grupos formam podem tanto contribuir para os processos de aprendizagem quanto diicultá-los. Quando falamos da importância de olhar para o indivíduo como um orga- nismo sistêmico que está inserido em um organismo sistêmico macro, estamos nos referindo a este esquema proposto por Visca (1997): Figura 3 - Nível de Integração Individual / Fonte: adaptado de Visca (1997, p. 52). É importante que sua leitura tenha como foco a aprendizagem da criança. Tente analisar cada uma dessas áreas ao mesmo tempo e individualmente. Isto é, busque perceber que cada interface é dialeticamente imbricada, promovendo ou obsta- culizando o desenvolvimento da aprendizagem da criança. Esse é o princípio da epistemologia convergente. Ela está organizada em cinco unidades temáticas, a saber: a) Enquadramento. b) Contrato. c) Diagnóstico. d) Gnosiologia. e) Processo corretor. A teoria está presente em todas as obras de Jorge Visca, mas em especial, na obra que o convidamos a ler, indicada na leitura complementar. Nela, o autor sistema- tiza, em sua totalidade, a epistemologia convergente. Indivíduo Grupo Instituição Comunidade josi Sticky Note U N IC E S U M A R 19 ■ Interrupções regradas: são as condutas permitidas ou esperadas, feriados, férias, entre outros. ■ Honorários: valores e sistema de remuneração. Sobre os graus de afastamento do enquadre, Visca (1987) utiliza o instrumento conceitual elaborado por Pichon Rivière, que o denomina “Cone Invertido”. Ele serve para avaliar a conduta do sujeito, assim como a do Psicopedagogo. O cone invertidorecebe esse nome pela sua representação gráica. Apresenta seis vetores de análise: os da esquerda – pertença, cooperação e pertinência – e os da direita: comunicação, aprendizagem e telé. Figura 4 - Graus de afastamento do enquadramento / Fonte: Visca (1987, p. 38). Para entender os vetores da esquerda: ■ Pertença: sentimento de sentir-se parte, de estar na situação, podendo ser positiva ou negativa. ■ Cooperação: consiste nas ações com o outro. ■ Pertinência: eicácia com que se realiza as ações. Esses três vetores são cumulativos, ou seja, não haverá “pertinência” se não houver a “cooperação”, e esta não existirá se não houver a “pertença”. Eles dizem respeito ao resultado de uma mudança qualitativa que é indicada, durante o tratamento, pela observação dos vetores da direita. ComunicaçãoPertença Aprendizagem Mudança Cooperação TelêPertinência josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note U N ID A D E 1 20 Para entender os vetores da direita: ■ Comunicação: caracterizada como o processo de troca de informação; pode ser a nível manifesto (elementos estudados pela teoria da comuni- cação) e a nível latente (subjacentes à comunicação manifesta, analisados em função da teoria psicanalítica). ■ Aprendizagem: apreensão instrumental da realidade, no sentido lato, para Pichon, equivalente ao câmbio ou à mudança (conceito localizado no vértice do cone). São as pequenas aprendizagens que o sujeito faz. (Para Piaget, a aprendizagem é concebida no sentido estrito, ou seja, são as aprendizagens particulares, quando as aprendizagens se integram a algum esquema [estrutura]). Esta é a aprendizagem lato (ampla ou equivalente). ■ Telé: palavra de origem grega, signiicando a distância afetiva (positiva ou negativa) que o sujeito pode viver. Visca (1987, p. 39) explica que esses vetores também são cumulativos e servem de indicadores para saber se a pertença já evoluiu para a cooperação e desta para a pertinência. Os vetores da direita são indicadores dos primeiros, são observáveis através das constantes de enquadramento e apontam as resistências à mudança pelo paciente. Você entendeu a relação? Veja, o grau de pertença pode ser negativo ou positivo, e pode ser estimado de acordo com a comunicação, com a aprendizagem e com a telê. Da mesma forma que a cooperação, que pode também ser tanto positiva quanto negativa, pode ser analisada em função dos mesmos vetores da direita, bem como a avaliação da pertinência: josi Sticky Note U N IC E S U M A R 21 Figura 5 - Relação integrada entre os vetores / Fonte: Visca (1987, p. 39). Figura 6 - O funil / Fonte: Visca (1987, p. 39). ComunicaçãoPertença Aprendizagem Mudança Cooperação TelêPertinência ComunicaçãoPertença Aprendizagem Mudança Cooperação TeléPertinência U N IC E S U M A R 23 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PSICOPEDAGÓGICO CONTRATADA: , lecenciada em e pós-graduada em Psicopedagogia Institucional e Clínica, neste instrumento quali�cado, doravante contratante, tem justo e contratado o seguinte: Cláusula 1ª. A especialista se obriga a aplicar os recursos diagnósticos de origem clínica conforme a necessidade do paciente, seguindo a sequência abaixo descrita: 1 - QUEIXA: entrevista que aborda as múltiplas formulações feitas pelos pais, escola ou paciente. 2 - SESSÃO LÚDICA CENTRADA NA APRENDIZAGEM: observação dos processos cognitivos, afetivos e sociais em suas interferências mútuas no modelo de aprendizagem do paciente. 3 - ENTREVISTA OPERATIVA CENTRADA NA APRENDIZAGEM (EOCA): observação dos conhecimentos atitudes, destrezas, mecanismos de defesa, ansiedades, áreas e expressão da conduta, níveis de operatividade etc. 4 - ANAMNESE: entrevista realizada com pais, dedicada à reconstrução da história do paciente. 5 - AVALIAÇÃO DA LEITURA E ESCRITA: veri�car o nível de consciência fonológica, a organização do pensamento, a �uência na leitura e a competência na escrita. 6 - AVALIAÇÃO NA ÁREA DOS CÁLCULOS: veri�car o conhecimento dos conceitos matemáticos: conceito de número, seriação numérica, escalas, operações, cálculo mental e problemas. 7- AVALIAÇÃO PERCEPTIVO-MOTORA: investigação do processo da modalidade de aprendizagem. 8 - PROVAS DO DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO: detectar ausência de estrutura cognoscitiva adequada que permite a organização dos estímulos, de modo a possibilitar a aquisição dos conteúdos programáticos ensinados em sala de aula. 9 - PROVAS PROJETIVAS: detectar obstáculos afetivos existentes no processo de aprendizagem de nível escolar. 10 - AVALIAÇÃO PSCICOMOTORA: investigação quanto ao domínio e o conhecimento do próprio corpo. 11 - INFORME PSICOPEDAGÓGICO: ������çã�: relato dos resultados obtidos ao longo do diagnóstico nas áreas: pedagógica, cogntiva e afetivo-social. Encaminhamento: indicações de atendimentos que se fazem necessários, como tratamento psicopedagógico, psicoterápico, fonoaudiológico, terapêutico-familiar e acompanhamento escolar. Cláusula 2ª. O serviço prestado à contratante da sequência disgnóstica citada é concluído em aproximadamente 8 sessões, tendo a duração de 50 minutos cada sessão. Parágrafo único: o pagamento é efetuado assim que se inicia o tratamento. U N ID A D E 1 24 Figura 7- Modelo de contrato / Fonte: acervo da autora. O contrato é uma forma de assegurar as contratantes realizadas no acordo, dando segurança aos envolvidos. Cada psicopedagogo adapta o modelo de contrato para sua realidade. Se você já estivesse atendendo, como faria o seu contrato? Já pensou sobre isso? Você pode fazer esse exercício de duas maneiras: uma pensando como contratada (o que poderia oferecer como diferencial); e outra, como contratante. Vamos lá? CONTRATANTE: Sr(a) RG n. Residente na Bairro , Cidade , Fone: Os deveres do contratante acima estão relacionados nos seguintes termos: Cláusula 1ª. Participar das entrevistas quando solicitado. Cláusula 2ª. Não omitir ou negligenciar fatos que possam comprometer o diagnóstico. Cláusula 3ª. Cooperar com o diagnóstico, acatando as possíveis orientações do terapeuta. Cláusula 4ª. Não faltar às sessões. Caso ocorra, deve ser justi�cado com antecedência. Essa falta não será abatida no valor mensal do diagnóstico. Cláusula 5ª. O responsável deverá entregar e retirar a criança no horário estabelecido, atrasos não serão tolerados. Cláusula 6ª. Crianças menores de 13 anos deverão estar acompanhadas de responsáveis maiores no trajeto consultório/casa, salvo termo de responsabilidade dos responsáveis. Cláusula 7ª. Dias inativos por feriados, nos quais o atendimento pode ser inviabilizado, não eximem o pagamento e o atendimento não pode ser remarcado. Cláusula 8ª. O valor da mensalidade referente às sessões é de R$ , ( ) mensais, sendo atendimento(s) por semana, iniciando dia .. Cláusula 9ª. A data de pagamento das mensalidades dos atendimentos será até o dia 10 de cada mês. Paragrafo Único - Pontualidade nas datas de pagamentos das mensalidades dos atendimentos, evitando maiores transtornos. Cláusula 10ª. A desistência das sessões diagnósticas só ocorrerá por expressa e por escrita comunicação, com antecedência de 30 dias da rescisão contratual pelo contratante. Cláusula 11ª. O presente contrato tem duração até o �nal dos atendimentos descritos na cláusula 8ª e poderá ser rescindido nas seguintes hipóteses: a - pelo contrato, b - pelo contratante, c - por inadimplência. Parágrafo Único: Em todos os casos de rescisão citados, o contratante �ca obrigado pagar o valor da parcela do mês em que ocorre a rescisão. Cláusula 12ª. Por estarem juntos e contratados, assinam o presente instrumento em duas vias de igual teor e forma, na presença das testemunhas abaixo, para que se produzam todos os efeitos legais. Cidade, dede . Assinatura do Contratante: Assinatura do Contratado: �������� josi Sticky Note 3 niveis� U N ID A D E 1 26 Veja que o autor, de forma singular, revela os caminhos e ainda abre o espaço para a subjetividade do proissional, para que se adeque diante de cada um dos passos, de acordo com suas condições. a) A Matriz de Pensamento Diagnóstico A Matriz do Pensamento Diagnóstico nos ajuda a organizar as informações que obtemos sobre o sujeito em particular, tanto no aspecto normal como no patológico. Possui três partes: 1) o diagnóstico propriamente dito; 2) o prognós- tico; 3) as indicações. 1) O diagnóstico propriamente dito - Signiica descrição e indicação. É composto de cinco itens: ■ 1.1 Descrição e localização contextual – hábito psicossocial do sujeito, seu meio, de forma dinâmica e institucional (alunos e professores), contexto do sujeito. ■ 1.2 Sintomatologia – descrição do que está acontecendo com o sujeito a partir do sintoma apresentado. ■ 1.3 Descrição e explicação a-histórica ou sistemática – análise das causas internas do sujeito (intrapsíquicas) contemporâneas ao sintoma e a inte- ração entre as mesmas. Causas que podem provocar um sintoma. Visca (1987) descreve que, do ponto de vista psicopedagógico, as causas podem ser três: a afetividade, as funções e o estágio de pensamento. ■ 1.4 Descrição e explicação histórica – estuda a cadeia de causas, relacionam- -se os fatos, numa concepção dialética. Aqui, conhecemos a história do su- jeito por meio da entrevista de anamnese, que proporciona o entendimento e interação dos hábitos psicossociais, sociodinâmicos e institucionais. ■ 1.5 Desvios – são os afastamentos da conduta deicitária em relação ao ponto de referência, por exemplo: idade, estágio do pensamento formal. O importante é individualizar o sintoma em função de diferentes parâ- metros ou pontos de referência. Você se lembra dos axiomas, estudados no início desse material? josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note 1.1 e 1.2 – se fundamentam no princípio interacionista. 1.3 – se fundamenta no princípio estruturalista. 1.4 – se fundamenta no princípio construtivista.� josi Sticky Note josi Sticky Note U N IC E S U M A R 27 Nesses itens da matriz de pensamento diagnóstico, conseguimos visualizar a fundamentação do Interacionismo, do Estruturalismo e do Construtivismo. Você consegue identiicá-los? Releia os pontos de 1 a 4 e tente relacionar: 1.1 e 1.2 – se fundamentam no princípio interacionista. 1.3 – se fundamenta no princípio estruturalista. 1.4 – se fundamenta no princípio construtivista. Ainda sobre o diagnóstico propriamente dito, ao nos explicar as possíveis causas a-históricas, Visca (1987) descreve os obstáculos que diicultam a apren- dizagem, classiicando-os em três categorias: o obstáculo epistêmico, o obstáculo epistemofílico e o obstáculo funcional. Por uma questão didática, achamos que seria pertinente estudar os obstáculos na última unidade deste livro, quando trataremos da intervenção psicopedagógi- ca na perspectiva da educação inclusiva, para que as suas características iquem mais próximas de outras condições que consideramos impeditivas da aprendi- zagem, facilitando, assim, a comparação e diferenciação entre elas. 2) O prognóstico – é uma hipótese sobre o estado futuro que o fenômeno atual poderá adotar, condicionado aos seguintes itens: ■ 2.1 Sem agentes corretores – sem a incidência de nenhuma variável te- rapêutica. ■ 2.2 Com agentes corretores ideais – imagina-se qual será a evolução do sujeito em função de tudo que idealmente poderia ser feito com ele. ■ 2.3 Com agentes corretores possíveis – os que o sujeito e a família real- mente podem assumir, tanto por fatores objetivos quanto subjetivos. 3) A indicação – fecha a matriz de pensamento diagnóstico e está dividida em duas grandes categorias: ■ 3.1 Indicações gerais – referem-se ao encaminhamento a outros prois- sionais (neurologista, psiquiatra, fonoaudiólogo e outros proissionais). ■ 3.2 Indicações especíicas - vinculadas direta ou indiretamente à apren- dizagem (o tratamento em si). Você deve ter percebido que a matriz de pensamento diagnóstico é um instru- mento de muito valor para o exercício da psicopedagogia. Ele organiza as in- formações especíicas que precisamos obter durante o processo diagnóstico. A importância desse instrumento conceitual é que ele facilita a representação do josi Sticky Note josi Sticky Note pesq,� josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note U N ID A D E 1 28 objeto de estudo em qualquer um dos estados que se manifeste, garantindo a unicidade e particularidade de cada caso. b) O processo diagnóstico A teoria de Visca (1987) postulou que o processo diagnóstico consiste no conjunto de passos. De acordo com eles, obteremos uma imagem do sujeito, em função do seu aprendizado. É por meio dele que realizamos o diagnóstico, o prog- nóstico e as indicações da matriz de pensamento diagnóstico que você estudou no item anterior. Visca (1987) propõe que o processo diagnóstico se inicie desde o primeiro contato com os pais ou com o próprio sujeito, e termine somente com a devolu- ção. A seguir, temos o esquema sequencial para o processo diagnóstico elaborado pelo autor. Possui cinco passos, com uma ordem distinta. Veja o Quadro 1 a seguir: Ações do psicopedagogo Procedimentos internos do psicopedagogo 1 Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) Primeiro sistema de hipóteses. Linhas de investigação. 2 Testes Escolha dos instrumentos. Segundo sistema de hipótese. Linhas de investigação. 3 Anamnese Veriicação e decantação do segundo sistema de hipóteses. Formulação do terceiro sistema de hipóteses. 4 Elaboração do informe Elaboração de uma imagem do sujeito, que articula aprendizagem com os aspectos ener- géticos e estruturais, a-históricos e históricos que o condicionam. 5 Devolução para o sujeito e os pais ou responsáveis Devolução para o sujeito e os pais ou respon- sáveis. Quadro 1 - Sequência do processo diagnóstico / Fonte: Visca (1987, 1991). A epistemologia convergente é uma proposta diferente da convencional. A dife- rença consiste no fato de que ela retira a criança do papel secundário no processo e a coloca como protagonista. josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note pesq� josi Sticky Note josi Sticky Note CONDUTA É A RESPOSTA DADA A UM ESTIMULO ESTRANHO.� U N IC E S U M A R 31 cimento até a morte, vivemos em constante esquema evolutivo de aprendizagem. Este esquema postula: “ 1. a existência de quatro grandes níveis: protoaprendizagem, deute- roaprendizagem, aprendizagem assistemática, aprendizagem sistemá- tica. 2. que a aprendizagem se dá em função de aspectos energéticos e estruturais e pela tematização dos esquemas de ação. 3. que o processo geral e as aprendizagens particulares respondem a princípios estrutu- rais, construtivistas e interacionais (VISCA, 1987, p. 75). Nessa relação com o meio, podemos pensar o Esquema Evolutivo da Aprendi- zagem em quatro níveis: ■ Protoaprendizagem – primeiro nível de aprendizagem, construído a partir das interações do bebê com a mãe e com todo o meio. Neste mo- mento, porém, o objeto de estímulo é a mãe. A amamentação tem um amplo signiicado, porquanto pode ser considerada a maior fonte de aprendizagens, quer positiva ou negativa, pois, ao oferecer o seio como fonte de alimento para o bebê, a mãe oferece seu colo, suas carícias, afagos, mimos, entre outros tipos de contatos. josi Sticky Note U N ID A D E 1 32 Os cuidados maternos levam a, pelo menos, quatro resultados: alimentação, afetividade, cognição e aprendizagem. ■ Deuteroaprendizagem – esse segundo nível de aprendizagem acontece quando o sujeito alcançou o nível da Protoaprendizagem e estabelece interação com o meio familiar; neste momento, não mais só com a mãe, mas com todosos familiares. Para Visca (1987, p. 77), é nesse nível de aprendizagem que a criança aprende sobre a importância de cada membro dentro do contexto familiar, isto é, “adquire especial signiicado” em relação ao “tratamento e a valorização dos membros entre si”. Cada lugar ocupado é único, porque, neste momento, é produzida a tematiza- ção, ou seja, “tudo vai inluir para que a criança conigure seu estilo de aprender”. ■ Aprendizagem assistemática – com o alcance da Deuteroaprendiza- gem, a criança interage não só com grupo familiar, mas também com a comunidade, delimitada vertical e horizontalmente. josi Sticky Note josi Sticky Note U N IC E S U M A R 33 Verticalmente, porque o contato com a comunidade não se dá em níveis mais complexos da cultura, e horizontalmente, porque só conhece os lugares mais próximos de sua casa. De acordo com Visca (1987), neste nível de aprendizagem, o sujeito vive em comunidade, porém sem entrar em contato com as instituições educativas. ■ Aprendizagem sistemática – é o quarto nível do esquema evolutivo da aprendizagem. O sujeito torna-se capaz de relacionar-se com as institui- ções educativas, e a aprendizagem, aqui, parte da educação escolar. A instituição educativa tem a inalidade de mediar os objetos e situações que a sociedade considera importantes. Tem seu início na aprendizagem da leitura, escrita e cálculo, passando para os conhecimentos geográicos, históricos, bioló- gicos, sociais, noções matemáticas mais complexas. Todos esses saberes permitem o desenvolvimento de conhecimentos, atitudes e destrezas em relação à realidade e, inalmente, constroem o nível de formação técnica, cientíica ou artística e seu aperfeiçoamento. Vamos analisar! josi Sticky Note U N ID A D E 1 34 Se o esquema evolutivo da aprendizagem mencionado por Jorge Visca (1987) seria o desenvolvimento normal, este também poderia ser o ponto de partida para a identiicação dos estados patológicos? Isso mesmo! É partindo de um paradigma de normalidade que podemos pensar num modelo de anormalidade. De acordo com Visca (1987, 1991), o esquema dos estados patológicos de aprendizagem é uma classiicação, e recebe o nome de modelo nosográico. Apresenta-se, aqui, a ideia geral da nosograia da epistemologia convergente: nível semiológico, patogênico e etiológico e a relação de ubiquidade entre eles. Aliás, você conhece este termo, ubiquidade? Ubiquidade signiica a capacidade de estar presente, ao mesmo tempo, em todos os lugares. Podemos partir pelo seguinte raciocínio: algo que não é uma doença, mas que pode começar, em um determinado momento, a produzir uma doença. A patogenia pode ser trabalhada e desaparecer, mas quando não trabalhada adequadamente, transforma-se em uma situação patológica. Para que você entenda melhor cada um dos estados patológicos de aprendi- zagem, observe as deinições a seguir: Semiológico – também entendido como nível dos sintomas. Esse nível é caracterizado por sintomas objetivos e subjetivos. Os sintomas objetivos são ob- serváveis e podem ser agrupados em duas grandes categorias: os de aprendizagem assistemática e de aprendizagem sistemática. Patogênico – são as estruturas e mecanismos que provocam a sintomatologia. Etiológico – é a causa primeira, ou seja, são as causas históricas. O estado semiológico, que corresponde aos sintomas, se divide em dois gran- des grupos – Sintoma de Aprendizagem Assistemática e o Sintoma de Aprendi- zagem Sistemática. O sintoma da aprendizagem assistemática consiste na diiculdade para que apareça ou se estabilize uma conduta (a conduta é aprendida quando se pro- duz e se estabiliza). Como a aprendizagem assistemática não depende do que é aprendido no meio escolar, as possibilidades são muitas, mudam de acordo com cada cultura e evoluem no contexto histórico. Assim, podemos citar critérios para identiicar a dinâmica e a estrutura da diiculdade de aprendizagem: ■ Parada Global – neste nível, o sintoma não necessita de uma só estrutura subjacente, mas pode aparecer sobre diferentes estruturas subjacentes. Exemplo: podemos ter dor de cabeça, hoje, pela alimentação, pela gripe, pela tensão, ou seja, os motivos podem ser múltiplos. josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note U N IC E S U M A R 35 ■ Ausência Total – implica na não aparição de uma determinada conduta; é um sujeito inteligente, porém não consegue realizar uma determinada conduta, por exemplo: não consegue aprender a dirigir. ■ Diiculdade Parcial – a conduta existe, mas parcialmente, por exemplo – o sujeito dirige, mas não estaciona o carro. O sintoma da aprendizagem sistemática depende daquilo que é aprendi- do nas instituições escolares. A Patogenia corresponde ao nível de integração psicológica ou psicossocial. A escrita, por exemplo, é uma aquisição psicológica e social, é produto da interação do sujeito com o meio. A identiicação de um estado patológico da aprendizagem implica em uma avaliação. Quer dizer, um processo que permita conhecer o que o aluno aprendeu, como aprendeu, e ainda, o que não aprendeu. Isto é, a avaliação é uma aliada da aprendizagem, ela existe para retomada de estratégias e promoção da aprendi- zagem (VILLAS BOAS, 2004). O processo corretor O processo corretor é o acompanhamento. A psicopedagogia utiliza-se do mé- todo clínico para modiicar o estado de um objeto, neste caso, a aprendizagem. Processo corretor consiste no conjunto de operações clínicas que facilita a apa- rição e estabilização de condutas; é o processo que acontece entre duas pessoas para um adequado funcionamento do sujeito, a aprendizagem. Você já tinha ouvido falar desse termo? É novo para você? Jorge Visca (1987), como o grande psicopedagogo que é, ressalta que, para compreendermos a ideia de processo corretor, é importante que tenhamos clareza do que signiicam esses dois termos: processo e corretor. “ Processo é o transcurso do que vai sucedendo e é uma característica de toda coisa de estar cada instante de uma forma distinta à anterior. Processo é sinônimo de devenir, que signiica o movimento pelo qual as coisas se transformam [...]. Por outro lado, temos o termo corretor que é formado por co e reger, sendo o primeiro elemento – co – uma forma preixal latina da preposição com, e o segundo, – reger –, a ação do correto funcionamento de um aparelho ou or- ganismo (VISCA, 1991, p. 87). josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note U N ID A D E 1 36 No processo corretor, o proissional não espera que as coisas aconteçam, mas provoca-as em função dos traços particulares do sujeito. Para os atendimentos, é necessário considerar três unidades de análise: o sujeito, o psicopedagogo ou agente corretor e a relação que se estabelece entre ambos. No entanto, só é possível realizar um bom tratamento terapêutico, isto é, a correção do problema de aprendizagem, quando o proissional busca atingir os objetivos básicos do tratamento psicopedagógico, que são três: “1) conseguir uma aprendizagem que seja uma realização para o sujeito; 2) obter uma aprendizagem independente por parte do sujeito; 3) propiciar uma correta autovalorização” (PAÍN, 1985, p. 81). Em outras palavras, a psicopedagogia trabalha para que a criança goste de aprender, estabeleça um vínculo positivo com a aprendizagem, consiga aprender de forma autônoma e, ainda, melhore seu autoconceito e sua autoestima. Este conteúdo será retomado na unidade cinco desta disciplina, pois seu co- nhecimento está vinculado ao processo de avaliação como um todo. Quando identiicamos o que interfere na aprendizagem por meio da avaliação psicope- dagógica, buscamos traçar atitudes e diretrizes que possam reverter o quadro, possibilitando a recuperação do processo. U N IC E S U M A R 37CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao inal desta unidade, pudemos compreender os fundamentos teóricos que envolvem a psicopedagogia. Compreender as cinco temáticas da epistemologia convergente é essencial para o exercício ético e idedigno da psicopedagogia. Você estudou, nesta etapa, os critérios teóricos para elaboração de um en- quadramento psicopedagógico, bem como seus graus de distanciamento e sua avaliação em relação aos vetores do cone invertido (pertença, cooperação, perti- nência, comunicação, aprendizagem e telé). O cone invertido, baseado na teoria de Pichon Rivière, faz parte do método clínico psicopedagógico e permite analisar as modiicações da variável aprendizagem, tanto no aspecto individual do sujeito quanto em sua coletividade. Conheceu, também, como os contratos podem garantir a relação entre o pa- ciente e o psicopedagogo. Essa temática não deve ser entendida como uma imposi- ção do proissional para o paciente, mas sim como um critério de ação proissional que envolverá o diagnóstico, a gnosiologia da aprendizagem e o processo corretor. Em relação ao diagnóstico, conteúdo muito importante para a escolha dos instrumentos para a avaliação psicopedagógica, você teve a oportunidade de co- nhecer os níveis de abordagem (metacientíica, cientíica e técnica) que envolvem a matriz do pensamento diagnóstico e o diagnóstico propriamente dito. Encerramos esta unidade discutindo sobre a gnosiologia e o processo corretor, duas temáticas essenciais da epistemologia convergente que serão retomadas na últi- ma unidade desta disciplina. O valor desses conteúdos na escolha dos instrumentos e avaliação psicopedagógicos diz respeito ao princípio do sujeito orgânico e sistêmico. Assim, como todo ser é único, cada processo de avaliação é personalizado. O olhar psicopedagógico volta-se para as especiicidades que envolvem o processo de aprendizagem e desenvolvimento do sujeito. josi Sticky Note A� josi Sticky Note D� josi Sticky Note B� josi Sticky Note E� josi Sticky Note C 6 5 4 3 2 1� http://www.abpp.com.br/documentos_referencias_codigo_etica.html http://www.abpp.com.br/documentos_referencias_codigo_etica.html anotações U N IC E S U M A R 51 O 1º sistema de hipóteses é que vai determinar os instrumentos que você empregará no segundo passo, os testes. Para Jorge Visca, não existe uma bateria de testes ixa, que deve rigorosamente ser aplicada a todas as crianças que pas- sam por um diagnóstico psicopedagógico. A EOCA impede esse uso desmedido, mesmo porque seria improdutivo e exaustivo para a criança se o psicopedagogo lançar mão de todas as opções de instrumentos avaliativos. A EOCA possibilita uma tomada de decisão e a escolha de quais são as opções mais pertinentes a cada caso. Essa entrevista tem base na teoria social de Pichon Rivière, bem como na psi- canálise. Entretanto, o foco é a aprendizagem, isto é, o objetivo dessa entrevista é veriicar o vínculo que a criança estabelece com a aprendizagem e com o aprender. Pichon Rivière (2007) deine vínculo como: “ [...] um tipo particular de relação de objeto; a relação de objeto é constituída por uma estrutura que funciona de uma determinada maneira. É uma estrutura dinâmica em contínuo movimento, que funciona acionada ou movida por fatores instintivos, por motiva- ções psicológicas [...]. Podemos deinir vínculo como uma relação particular com o objeto. Essa relação particular tem como conse- quência uma conduta mais ou menos ixa com esse objeto, forman- do um pattern, uma pauta de conduta que tende a se repetir auto- maticamente, tanto na relação interna quanto na relação externa com o objeto (RIVIÈRE, 2007, p. 17). A expressão pattern trazida pelo autor signiica “padrão”. Quando o vínculo é es- tabelecido, ele se repete sob várias formas, isto é, pode se manifestar em situações diferentes que expressam a essência do vínculo. Como o vínculo é uma situação subjetiva e particular, o psicopedagogo deve icar atento a cada manifestação da criança. A prova é muito simples e deve ser aplicada em, uma única sessão. É muito importante observar a ação da criança diante da consigna. “ Em todo momento, a intenção é permitir ao sujeito construir a entre- vista de maneira espontânea, porém dirigida de forma experimental. Interessa observar seus conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de defesa, ansiedades, áreas de expressão da conduta, níveis de operati- vidade, mobilidade horizontal e vertical [...] (VISCA, 1987, p. 73). josi Sticky Note josi Sticky Note U N ID A D E 2 52 É a frase de comando (ordem) que o psicopedagogo emite solicitando uma atividade, uma execução ou uma resposta por parte do avaliado. A consigna permite observar a lógica das ações assim como a resposta verbal permitirá observar a lógica das verbalizações. Há dois tipos de consignas: a fechada e a aberta. A consigna fechada é a primeira a ser dita e deve ser exatamente da forma expressa no protocolo do teste para evitar a inluência ou indução da resposta. A consigna aberta é realizada após várias tentativas, sem êxito, da consigna fechada, e oferece mais elementos para auxiliar no entendimento do avaliado. Fonte: a autora. explorando Ideias Você deve estar perguntando: ainal, o que é a EOCA? A EOCA é um instru- mento avaliativo em que a criança, diante de alguns materiais pré-estabelecidos e dispostos em uma mesa, deverá seguir a atender a consigna e, por sua vez, realizar atividades de forma espontânea com os materiais que estão à sua disposição. Você sabe o que é consigna? Atenção! A consigna deve ser feita exatamente como foi formulada, pois, como vimos em seu conceito, ela traz consigo uma determinada possibilidade de análise. A pronúncia de forma diferente pode induzir a criança a oferecer alguma respos- ta em especíico ou diferente do que realmente precisamos observar, fato que comprometeria a realização do instrumento. A partir deste momento, você pode observar que os protocolados dos testes terão a consigna. Logo, esse termo deve estar bem apropriado por todo futuro proissional. As propostas a serem feitas na EOCA, assim como o material a ser usado, variam de acordo com a idade e a escolaridade da criança. Como a EOCA é a primeira entrevista com a criança, é importante iniciar o diálogo acolhendo-a e buscando informações importantes, por exemplo, perguntar se ela sabe por que está ali e o que acha que veio fazer. Esse é um segundo momento de escuta, em que o psicopedagogo deve icar atento às respostas verbais e às manifestações não-verbais do entrevistado, neste caso, a criança. Protocolo da EOCA Quando a criança chegar à sala, a mesa deverá estar pronta, com apenas uma ca- deira para criança e uma cadeira à frente, do lado oposto da mesa, para o psicope- josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note U N IC E S U M A R 53 dagogo. A mesa deverá estar limpa, sem nenhum outro objeto (apenas os objetos relacionados). Os materiais deverão estar distribuídos sobre a mesa, ocupando o espaço de forma organizada, porém espalhados. Sugestão de materiais para a realização da EOCA: folhas lisas, folhas com pauta, lápis de escre- ver novo sem ponta, apontador, caneta esferográica, borracha, tesoura, papel fantasia (em qua- drados de 10 x 10 cm), régua, marcadores (canetas hidroco- lor na embalagem), livros ou revistas (de acordo com a faixa etária), jogo (com sua regra, e de acordo com a faixa etária). Podem ser acrescentados outros materiais escolares, como lápis de cor na embalagem e, para criança menores, massinha de modelar e jogos de encaixe. Procedimentos da EOCA O protocolo de aplicação da EOCA envolve 4 passos. É importante que o psico- pedagogo estude o processo e, principalmente, as possibilidades de observação e de análise que essa entrevistaproporciona. 1º) Primeiramente, pergunte à criança se ela conhece o material que está dis- posto na mesa. Depois, pedimos para que ela os identiique, falando sobre o que está vendo. Neste momento, observamos a ação lógica e a ação verbal. Ação lógica: se a criança nomeia todos, se esquece de algum, se conhece todos, se observa os materiais com atenção, se vai nomeando e tocando um a um, se os identiicam de forma aleatória, se segue uma ordem ou se recusa a falar. Ação verbal: se a fala é adequada para sua idade, se apresenta fala infantilizada, trocas fonológicas, se se recusa a falar (SAMPAIO, 2012; VISCA, 1987). 2º) Falamos a consigna fechada da seguinte forma: “gostaria que você me mostrasse o que sabe fazer, o que te ensinaram e o que aprendeu”. Indicando o material sobre a mesa, o psicopedagogo fala como se fosse uma continuação: “este material é para que você o use se precisar para mostrar-me o que te falei que queria saber de você” (VISCA, 1987, p. 72). Figura 1 - Materiais da EOCA de acordo com Jorge Visca (1987) / Fonte: A autora josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note U N ID A D E 2 54 3º) Após a consigna, o entrevistado pode ter algumas ações: 1º) começar a falar; 2º) começar a desenhar, escrever, fazer cálculos, ler; 3º) perguntar o que o psicopedagogo quer que ele faça; 4º) icar parado. Essas formas de respostas já podem proporcionar ao psicopedagogo uma leitura sobre o indivíduo. Se a resposta ocorrer conforme as duas últimas relacionadas, sugerimos oferecer a consigna aberta. 4º) Falamos a consigna aberta se tivermos como resposta a 3ª ou 4ª opção relacionada: “você pode desenhar, escrever, fazer alguma coisa de matemática ou qualquer outra coisa que lhe venha à cabeça […]” (VISCA, 1987, p. 73). Espera-se, diante dessa consigna, uma atitude ou resposta e, se acontecer de o entrevistado realizar uma atividade e limitar-se a ela, o psicopedagogo pode pedir-lhe que faça outra coisa, por meio da seguinte consigna: “você já me mostrou como desenha [por exemplo], agora eu gostaria que me mostrasse outra coisa qualquer que não seja desenhar” (VISCA, 1987, p. 74). Aparentemente, o psicopedagogo precisa icar o máximo possível sem in- terferir no início da prova, dar a consigna e aguardar as respostas. Contudo, não esquematizadas em forma de consigna, mas com orientação do próprio criador, o psicopedagogo, após o 4º passo, pode fazer algumas interferências na prova: “ Esta atitude de relativa passividade do entrevistador não implica que o mesmo deixe de assinalar situações como: ‘3 vezes 3 são 9’ (dian- te de uma conta) ou ‘a régua desliza quando você traça uma linha’ ou ‘eu pensei que você ia expor o problema de maneira diferente’ [...]. Tais intervenções têm por intenção observar: a possibilidade de modiicação da conduta; a desorganização ou reorganização do sujeito; as justiicativas verbais ou pré-verbais; a aceitação ou recu- sa do outro (assimilação, acomodação, introjeção, projeção, etc.) (VISCA, 1987, p. 74). A intervenção, neste caso, não é uma interferência negativa. Ela tem seus objetivos e, se respeitada a sequência das consignas, pode oferecer informações adicionais para a tomada de decisões em relação aos testes e até para o diagnóstico propria- mente dito. josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note U N IC E S U M A R 55 Observações e análises possíveis De acordo com Visca (1987), durante a realização da EOCA, é importante ob- servar três aspectos: a temática, a dinâmica, e o produto. A temática consiste em tudo o que o sujeito diz, o que terá, como toda conduta humana, um aspecto manifesto e outro latente [...]. A dinâmica consiste em tudo que o sujeito faz que não é es- tritamente verbal: gestos, tons de voz, postura corporal etc. Frequentemente, a posição na ‘ponta’ da cadeira, a maneira de pegar os materiais etc. são tão ou mais reveladoras que os comentários e, até mesmo, o produto. O produto é o que o sujeito deixa plasmado no papel, etc., incluindo até, conforme o caso, a mesma sequência com que foram produzindo os resultados (VISCA, 1987, p. 74, grifo nosso). Estamos estudando que tudo que podemos observar forma a hipótese diagnós- tica. Dessa forma, esses aspectos, juntos, formam o primeiro sistema de hipótese. Interessa-nos observar o processo seguido pela criança durante a solução de uma tarefa: como a ordem é recebida, se planeja previamente os passos que seguirá, quais as estratégias utilizadas diante de uma diiculdade, se é capaz de retiicar, se ica bloqueada e deixa o trabalho sem terminar, quais os resultados que obtém etc. É importante registrar os aspectos positivos observados, assim como o potencial de aprendizagem. No que se refere aos aspectos emocionais, a exploração nos permite conhecer o comportamento pessoal do aluno: como ele se comunica, qual a imagem que possui de si mesmo, quais os mecanismos de defesa utilizados diante dos conlitos, quais as situações que lhe são mais gratiicantes e em quais mostra bloqueios, qual a sua capacidade de frustração, entre outras ações. Essas informações nos ajudam a entender melhor as diiculdades apresentadas pela criança, permitindo-nos oferecer uma orientação e propostas mais adequadas à sua situação pessoal. josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note U N ID A D E 2 58 “ O TDE é instrumento psicométrico composto por três subtestes: Escrita: escrita do nome próprio e de palavras isoladas apresentadas, sob a forma de ditado; Aritmética: solução oral de problemas e cál- culo de operações aritméticas por escrito; Leitura: reconhecimento de palavras isoladas do contexto (STEIN, 1994, p. 1). Esses três subtestes apresentam uma escala de exercícios em ordem crescente de diiculdade, que são apresentados ao examinado independente da série em que se encontra, podendo ele interromper a execução quando sentir impossibilidade de resolvê-los. A classiicação dos resultados é organizada por escores. A apresentação física do instrumento ocorre sob a forma de um caderno contendo os subtestes, folha de resposta e manual. A aplicação deve ser feita de forma individual e deve ser iniciada pelo primeiro item de cada subteste, até que o examinado não consiga mais responder. O teste é produzido pela Casa do Psicólogo e, ao adquirir o KIT, você recebe 5 cadernos de aplicação. Um original deve ser utilizado para cada entrevistado. Avaliação de Dificuldade da Escrita (ADAPE) A Avaliação de Diiculdades de Aprendizagem da Escrita (ADAPE) foi elaborada pelo pesquisador Fermino Fernandes Sisto (2002), que detecta as diiculdades linguísticas mais comuns na escrita entre crianças dos anos iniciais do ensino fundamental. De acordo com Sisto (2002), esse instrumento consiste em um ditado cha- mado “Uma tarde no campo”, constituído por 114 palavras. Dessas palavras, 60 apresentam algum tipo de diiculdade. UMA TARDE NO CAMPO José icou bastante alegre quando lhe contaram sobre a festinha na chácara da Dona Vanda. Era aniversário de Amparo. Chegou o dia. Todos comeram, beberam e izeram muitas brincadeiras engraçadas. Seus companheiros Cássio, Márcio e Adão iam brincar com o burrico. As crianças gostam dos outros animais, mas não chegam perto do Jumbo, o cachorro do vizinho. Ele é mau e sai correndo atrás da gente. Mário caiu jogando bola e machucou o joelho. O médico achou necessário pas- sar mercúrio e colocou um esparadrapo. Valter estava certo. Foi difícil voltar para casa, pois estava divertido. Pensando em um dia quente de verão, tenho vontade de visitar meus velhos amigos. Quadro 1 - Avaliação de Diiculdade de Aprendizagem na Escrita (ADAPE) Fonte: Sisto (2002, p. 198). josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi StickyNote U N IC E S U M A R 59 Trata-se de um instrumento validado e, segundo os critérios adotados pelo autor, cada palavra errada é considerada um item ou unidade de medida, tabulada da seguinte forma: Palavras erradas Categoria 2ª série Até 20 erros 0 Sem indícios de DA 50-79 erros 2 DA leve 80 ou + erros 3 DA Média Palavras erradas Categoria 3ª série Até 10 erros 1A Sem indícios de DA 11-19 erros 1B DA leve 20-49 erros 3 DA Média 50 ou mais 4 DA Acentuada Quadro 2 - Critérios de Classiicação de Diiculdade de Aprendizagem (DA) na escrita de alunos de terceira série, por meio do instrumento ADAPE Fonte: Sisto (2002, p. 208). Queremos ressaltar duas questões importantes: primeiro, que o autor desenvol- veu essa pesquisa antes do Ensino Fundamental de 9 anos, logo, os dados obtidos com criança de 2ª série referem-se a alunos do 3º ano do Ensino Fundamental atual, e os dados da pesquisa com os alunos da 3ª série correspondem ao 4º ano do ensino básico atual; segundo, que esse teste foi realizado somente com os anos escolares iniciais, entretanto, é possível estabelecer um parâmetro com o desempenho da criança avaliada. A análise do ditado pode ser realizada de forma quantitativa e qualitativa. O escore quantitativo se dá por meio de 1 ponto para cada erro e zero ponto para cada acerto. A análise qualitativa se dá observando o tipo de erro cometido. Realismo nominal De acordo com Piaget (1967), o realismo nominal é uma condição do pensamen- to da criança no processo de desenvolvimento da aquisição da leitura e da escrita. Nessa fase do desenvolvimento, o pensamento envolve a palavra com o que ela U N ID A D E 2 60 representa, e não com a composição grafêmica. Isto é: para a criança, o nome (a palavra) tem estreita relação com a realidade. Os estudos realizados por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1999) possibi- litaram uma análise que considera os caminhos percorridos pelas crianças no desenvolvimento da aprendizagem da leitura e da escrita. De acordo com Rego (1982), o teste do Realismo Nominal foi desenvolvido para identiicar a capacidade do aluno em analisar os sons e a compreensão de sua representação por meio da fala. Sua base principal tem como objetivo que a criança pense na palavra como uma estrutura fonética e não como a repre- sentação de sua característica real. Isto é: a criança deve entender que trem é uma palavra pequena porque contém apenas 4 letras, e não uma palavra grande porque o trem é um meio de transporte grande que tem vários vagões, que leva bastante carga e pessoas. O objetivo da prova é veriicar se a criança concebe como distintos o objeto (signiicado) e a palavra que o denomina (signiicante). Quando a criança não superou o realismo nominal, ela não consegue distinguir a palavra escrita da característica do objeto. Ou seja, não compreende que a escrita é uma forma de representação simbólica com características próprias, independentes do objeto/ conceito que representa. Aplicação: 1. Diga palavras grandes. Por quê? 2. Diga palavras pequenas. Por quê? 3. Qual palavra é maior: aranha ou boi? Por quê? 4. Qual palavra é maior: trem ou telefone? Por quê? 5. Diga uma palavra parecida com bola. Por quê? 6. Diga uma palavra parecida com cadeira. Por quê? 7. As palavras baleia e bala são parecidas? Por quê? 8. Colocar dois cartões, um escrito MESA e outro escrito CADEIRA, sobre a mesa. Nesses cartões estão escritas duas palavras: mesa e cadeira. Onde está escrito cadeira? Por quê? Onde está escrito mesa? Por quê? 9. Colocar três cartões sobre a mesa, nos quais se lê COPO, COLO e ÁGUA Nesses cartões estão escritas três palavras: copo, colo e água. Veja essas duas palavras (apontar para os cartões copo e colo). Elas são parecidas? U N IC E S U M A R 61 Aqui está escrito COPO (apontar a palavra COPO). E aqui (apontar a palavra COLO) está escrito colo ou água? Por quê? Repetir com as palavras BODE, BOLA e CABRA. 10. Colocar dois cartões; um escrito BOI e outro escrito ARANHA, sobre a mesa. Nesses cartões estão escritas duas palavras: BOI e ARANHA. Onde está escrito boi? Por quê? E aranha? Por quê? Repetir com os cartões: PÉ e DEDO. 11. Dar uma folha de papel. Escreva como você sabe as palavras: BARATA E ONÇA. Agora, leia o que você escreveu. Quadro 3 - Protocolo do Realismo Nominal / Fonte: baseado em Ferreiro e Teberosky (1999). Com a avaliação desse teste, você pode veriicar em que nível de desempenho o aluno está em relação ao realismo nominal: Nível I – Primitivo: a palavra (signiicante) possui a mesma característica do objeto (signiicado) que a representa. A criança confunde totalmente signiicante e signiicado. Nível II – Transição: a palavra oscila entre representar uma sequência de sons e ser identiicada ao objeto. A criança transita em seu entendimento. Nível III – Superação: a criança identiica o signo linguístico pela sua repre- sentação simbólica independentemente de seu signiicado. Ou seja, diferencia signiicante (palavra) do signiicado (objeto). A palavra representa a fala e não mais o objeto. O teste de realismo nominal só tem funcionalidade se aplicado a crianças que ainda não estão alfabetizadas. Atividades escolares de Língua Portuguesa É importante selecionar o conteúdo de acordo com a faixa etária e idade em que a criança se encontra, podendo ser acrescentada alguma atividade elo, ou seja, uma atividade que se refere a um conteúdo do ano escolar anterior e outra do ano posterior. Em Língua Portuguesa, devem ser avaliados os conteúdos estru- turantes: oralidade, leitura, escrita e interpretação. josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note U N ID A D E 2 62 Observações sobre a oralidade da criança Em relação à oralidade, precisamos observar a linguagem receptiva e a linguagem expressiva, tanto na forma de linguagem verbal quanto a não-verbal. De acordo com Condemarín e Medina (2005), a linguagem receptiva, tam- bém denominada receptiva auditiva, é a capacidade para compreender a palavra falada. É preciso compreender antes que a palavra possa ser usada com signiica- do na comunicação. Outro aspecto importante que você deve saber é que a leitura é uma linguagem receptiva auditiva e visual, e antecede a escrita. Para a leitura, precisamos da integridade da memória. Em relação à linguagem expressiva, as professoras chilenas Condemarín e Medina (2005) ressaltam que somente quando as crianças desenvolvem expe- riências significativas, elas têm a capacidade de se comunicarem. A linguagem expressiva revela a integridade de sua linguagem receptiva; pressupõe a recepção, clareza de ideias, construção do vocabulário, organização do pensamento, pro- núncia das palavras, coerência, coesão e criatividade. A linguagem verbal e a linguagem não-verbal estão relacionadas com a linguagem receptiva e linguagem expressiva, tanto da forma oral quanto da escrita. A linguagem verbal diz respeito à palavra articulada, podendo ser oral ou escrita. Refere-se à comunicação mediante a verbalização ou a leitura textual. Em contrapartida, a linguagem não-verbal está relacionada a gravuras (no con- texto geral, desenhos, pinturas, ilustrações, ilmes, vídeos e outros), aos gestos e à expressão facial (gestual e corporal). As observações dessas habilidades da criança podem ser avaliadas concomi- tantemente a outros testes, nos diálogos e na comunicação em si, durante todo o processo diagnóstico. Observações sobre a leitura da criança Ressaltamos que, na avaliação da leitura, devem ser observadas as leituras de textos, palavras e pseudopalavras. Na leitura textual, tanto silenciosa quanto oral, deve-se observar o tipo de leitura: luente, pausada ou silabada, a compreensão, josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note U N IC E S U M A R 63 a pontuação, entonação, tempo para realização da leiturae número de palavras lidas corretamente por minuto. De acordo com Condemarín e Medina (2005), os processos cognitivos que podem ser observados na leitura são: atenção concentrada; acuidade visual; coor- denação ocular; percepções visual e auditiva; memorização; decodiicação dos fonemas (som) e dos grafemas (letra escrita); síntese visual, lateralidade; orienta- ções espacial, temporal e sequencial; simbolização, verbalização, organização do pensamento; associação de ideias, planejamento e conceituação. Idade Nº de palavras lidas por minuto Idade da criança Resultado 07 a 08 anos 50 a 60 08 a 09 anos 60 a 85 09 a 10 anos 85 a 110 10 a 11 anos 110 a 125 11 a 12 anos 125 a 135 12 a 13 anos 135 a 145 Quadro 4 - Gráico de velocidade na leitura / Fonte: SIMON (1939 apud SAMPAIO, 2012, p. 130). Para realizar a avaliação de leitura, é importante que você possa escolher o ma- terial de acordo com a idade da criança que está sendo avaliada. Tanto a leitura de texto quanto a de palavras (simples ou complexas) deve ocorrer conforme o nível da escolarização. As pseudopalavras também podem ser elaboradas por você, de acordo com a faixa etária. No vídeo que lhe sugerimos assistir, você verá um caso interessante: uma das crianças entrevistadas soube escrever “CA-VA-LO”, mas não soube escrever “VA-CA”. Isso signiica, entre outras coisas, que ela não sabia escrever, mas sim, havia decorado o desenho da escrita. Da mesma forma, analisamos na leitura que, se a criança consegue ler uma pseudopalavra, podemos considerar que a mesma está alfabetizada, pois conse- gue fazer a correspondência grafema fonema para cada letra. As pseudopalavras podem ser em vários tamanhos ou quantidade de sílaba, por exemplo: “linguiza”, “prapligo”, “praneca”, “printefo” “martigole”, cliprijo”, entre outras que você criar. josi Sticky Note U N ID A D E 2 64 Em relação ao conteúdo estruturante da escrita, é importante que seja avaliado em suas três formas: ditado, cópia, produção de texto. Você imagina o porquê? Em um ditado, a criança escuta e escreve, em uma cópia, a criança visualiza e escreve e em uma produção textual, a criança pensa e escreve. pensando juntos Observações sobre a escrita da criança Os processos cognitivos que devem ser observados na escrita pouco diferem da- queles solicitados na leitura, com exceção de algumas habilidades que são requi- sitadas pelo ato de escrever. Para identiicá-las, destacamos com o grifo: atenção concentrada; percepções visual e auditiva; discriminações visual e auditiva; sín- tese visual, lateralidade; coordenações visomotora e motora ina (grafomotora); relação parte-todo, orientação espacial e temporal; orientação sequencial, noção de causalidade; simbolização, compreensão verbal e estruturação linguística; organização do pensamento, pensamento de análise e síntese; planejamento e conceituação (CONDEMARÍN; MEDINA, 2005). Cada uma dessas formas do ato de escrever está estreitamente relacionada com um aspecto funcional e cognitivo. Às vezes, a queixa é a de que a criança “não sabe escrever” ou ainda “não escreve nada”. Por esse motivo, é necessário que você isole qual aspecto funcional ou cognitivo da escrita está comprometido. Você deve saber seguir algumas instruções, tanto no ditado quanto nas listas de repetições. De acordo com Zorzi (1998, p. 114) é importante: 1. Aplicar um ditado por dia (palavras - frases - texto). 2. Antes de aplicar o ditado, ler o material para que o aluno saiba o que irão escrever. 3. As palavras devem ser lidas de modo natural, isto é, do modo como são pronunciadas nas conversações. Não forçar a pronúncia artificial da palavra, ou seja, não produzir a palavra do modo como se escreve quando este é diferente do modo de falar. 4. Não dar nenhuma pista para os alunos a respeito da forma como as palavras devem ser escritas. O objetivo é o de veriicar como a criança, ela mesma, acredita ser a forma de escrever as palavras apresentadas (ZORZI, 1998, p. 114). josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note U N IC E S U M A R 65 Observem que o autor ressalta a importância da naturalidade da fala. O avaliador deve ter consciência de que sua forma de falar inluencia o entendimento da criança. Ditado de palavras caçador carroça travesseiro cimento queixo gelatina girassol compraram soltou tanque queimar explicação assaltou zelador vizinho machucado tijolo jornal viajarão quente mangueira macarrão fazer presente churrasco enxugar manchar bandeja comerão falaram guerra sangue combinar Ditado de frases 1. Por que você chora quando corta cebola? 2. A cozinheira não podia trabalhar sossegada. 3. Vovó Ester dava conselhos: não queria que ninguém sofresse. 4. Minha vovó, mãe de minha mamãe, era mais alta e mais magra. 5. Um dia, Clarice acordou sentindo que estava com um dente mole. 6. Às vezes, eu tenho muito medo de bruxa e de fantasma. 7. Então, por que é que os barulhos me assustam? 8. Esse cachorrinho é muito simpático. Mas eu preciso de um cachorrão. 9. Vai ganhar o bolo quem apagar todas as velas com um sopro só. 10. Por que você está de pijama azul? U N ID A D E 2 66 Ditado de texto Um dia, a lua apareceu no céu, magrinha e ininha. As crianças da cidade começaram a perguntar: – O que foi que aconteceu? Disse o Raul: – Foi o vento que arrancou um pedaço dela. Pedro falou: – Nada disso. Ela cresceu ao contrário! Todo mundo tinha um palpite pra dar! O Zé Rodolfo dizia: – Eu acho que isso é feitiço de bruxa com sua vassoura ou do mago com sua tesoura. A Cristina perguntou: – Será que a lua está triste? Ela estava tão cheinha, gorducha, redonda mes- mo. Será que a pobre coitada emagreceu de tristeza? Fonte: “O mistério da Lua”, de autoria de Sonia Junqueira (Editora Ática). Quadro 5 - Roteiro de Observação Ortográica de Zorzi / Fonte: Zorzi (1998, p. 112-113). Observações sobre a interpretação da criança A capacidade de interpretação da criança pode ser avaliada, em um processo diagnóstico, de duas formas principais: textos não verbais (textos imagéticos sem fala ou escrita) e outros gêneros textuais (orais ou escritos). É importante analisar a percepção do aluno, seguida da compreensão do tema apresentado (memória imediata e mediata), bem como sua compreensão cognitiva e relação que se é possível fazer com o conhecimento prévio que ele possui. Existem diversas atividades para avaliar a interpretação que podem ser utilizadas pelo psicólogo em seu processo diagnóstico. Em alguns casos, aplicamos um teste de compreensão oral elaborado por Almeida (2003), que pode auxiliar na identiicação de alguns aspectos relacionados à linguagem receptiva e à cognição da criança. A aplicação desse teste é muito simples. Explique que você fará uma pergunta; a criança deverá responder sim ou não e explicar o porquê de sua resposta. Perguntas Sim Não As batatas são cozidas na água fria. U N IC E S U M A R 67 Perguntas Sim Não Muitas pessoas gostam de passear à noite, pois o sol está muito alto e claro. Depois que chove muito, o chão ica todo molhado. Quando vão ao circo, as crianças adoram brincar de carregar elefantes. O trem de carga carrega muitos passageiros e só anda nos trilhos. O avião é mais rápido que o navio porque voa e o navio não. O homem diz ao seu cachorro: – Lulu, ique de guarda que vou viajar. Lulu responde: – Pode ir, patrão, que tomarei con- ta da casa. Os pintinhos nascem sempre dos ovos, e os gatinhos nascem da barriga da mãe. Eu gosto de ir ao cinema porque lá estudamos muito. Mamãe, quando faz bolo, assa-o na geladeira. Um boi ia à frente de três bois. Olhou para trás e contou um, dois, três. Estava passeando na cidade. O céu estava azul, sem nenhu- ma nuvem. De repente, começou a chover e eu corri para casa. Meu pai é mais velho que eu, mas meu avô é mais velho que meu pai. Os alimentos, para não estragarem, são guardadosna gela- deira. Os cavalos que moram no chiqueiro e os porcos que moram na cocheira pertencem ao fazendeiro. Os animais mais engraçados que vemos no circo são os ma- cacos, e os mais fortes são os elefantes. Quando vou viajar, eu arrumo minhas roupas e coloco-as no fogão. U N ID A D E 2 68 Perguntas Sim Não Um carro ia andando pela estrada. De repente, parou porque acabou a gasolina. O motorista pegou um balde, encheu de água e colocou no carro. Este andou e continuou a viagem. Carlinhos saiu de casa. O céu estava azulzinho. De repente, gritou para o amigo: – Veja que lindo arco-íris está no céu! Três amigos se encontram. Um deles disse: – Eu sou o ma- quinista e dirijo o trem; o outro disse: – Eu sou o motorista e dirijo o carro; o outro disse: – Eu sou o piloto e dirijo o avião. Eu gosto de ir ao sítio de minha tia. O único cuidado que tomo quando estou lá é com as ruas, que são movimentadas. Nelas passam muitos carros. As plantas nascem e crescem na terra, mas precisam de água para não morrer. A noite mais escura é quando cai um temporal, e o céu ica todo colorido de estrelas. Quadro 6 - Teste de compreensão oral / Fonte: Adaptado de Almeida (2003). Em relação à compreensão textual, de um modo geral, é importante observar se a criança compreende e oraliza a ideia principal do texto, se consegue repre- sentar fatos do texto lido pelo avaliador ou por ele, por intermédio de diferentes linguagens – fala, desenho, modelagens, dramatização, gestos, escrita –, e se a criança relaciona o título do texto ao assunto abordado por ele. Outro aspecto que podemos observar de forma dialógica é se ela é capaz de nomear as personagens principais e secundárias de um texto lido e ouvido, extraindo outros elementos, e se percebe que, em alguns textos, pode haver a fala de outro que não seja o autor. Todas essas questões envolvem a aprendizagem de uma maneira geral. A capacidade de receber a linguagem e compreender estão estreitamente ligadas à aquisição do conhecimento. Atividades de Matemática Como você é ou foi em relação à aprendizagem matemática? Foi uma experiência boa? Eu, particularmente, adoro essa área de saber. Entretanto, é notório que ensi- U N IC E S U M A R 69 nar e aprender matemática não são tarefas simples. Por esse motivo, é necessário investigarmos como está o conhecimento da criança diante desse saber. A aquisição desse saber envolve o contexto diário, desde a mais tenra idade. “ [...] Para nós humanos, a representação interna para quantidades nu- méricas se desenvolve no primeiro ano de vida, servindo de base, mais tarde, à aquisição de habilidades para o aprendizado dos símbolos numéricos e a realização de cálculos (BASTOS, 2006, p. 197). Quando a criança não consegue desenvolver a representação interna, estamos diante de uma possível diiculdade especíica da aprendizagem matemática. Para isso, é importante que a sondagem considere atividades que contemplem: ■ Composição numérica: (números naturais), relação algarismos e quanti- dades, antecessor e sucessor, sistema de numeração decimal, posicional, e valores monetários. ■ Geometria: sólidos geométricos, ângulos, polígonos, circunferências, re- giões planas e contornos (associando-as a iguras e objetos que contex- tualiza). ■ Divisores e múltiplos de números naturais. ■ Frações e porcentagens, potenciação, raiz quadrada e expressões numé- ricas. ■ Grandezas e medidas. ■ Resolução de situações-problema, envolvendo as diferentes operações com números naturais (leitura e interpretação). A resolução de situação-problema é uma atividade pedagógica e avaliativa ri- quíssima no que diz respeito aos conteúdos e habilidades cognitivas requisitados para sua resolução. Um teste comercializado para a sondagem das habilidades matemáticas é o “Coruja PROMAT”. Esse teste é um roteiro de avaliação para os primeiros 5 anos do Ensino Fundamental, com o objetivo de veriicar se as competências numéricas básicas foram adquiridas e, em caso de defasagem na aquisição dessas competências, indicar as áreas de concentração das diiculdades. Para encerrar, queremos destacar duas orientações em relação às atividades que serão escolhidas para a avaliação: primeiro, selecione as atividades de acordo com o nível de escolaridade da criança e, segundo, elabore-as com um processo josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note TESTE DA ESCALA OPTOMÉTRICA� U N IC E S U M A R 71 O Ministério da Saúde elaborou um material importante intitulado Olhar Brasil, cujo obje- tivo é tratar da saúde e da acuidade visual dos cidadãos (BRASIL, 2008). Vá até a unidade de saúde, mais próxima de você e solicite o manual. Caso não haja dis- ponibilidade na versão física, você pode acessar o material pelo endereço: http://portal. mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=1863-pse-manual-o- lharbrasil&Itemid=30192. Fonte: a autora. explorando Ideias Escala Optométrica de Snellen (“E mágico”) De acordo com Teixeira (2010), a Escala Optométrica de Snellen é utilizada para fazer uma sondagem da acuidade visual. Ela é muito fácil de se aplicada e possibilita um indicativo da necessidade de procurar um especialista ou não. O interessante é que a criança não precisa estar alfabetizada para realizar esse protocolo de avaliação, pois ela apontará com as mãos a direção em que o “E” se encontra. Discriminação auditiva Os testes de discriminação auditiva estão socializados amplamente pela rede virtual. Esse teste avalia a habilidade de discriminar fonemas e sons da fala res- ponsáveis por diferenciar pares lexicais mínimos. Segundo Marcelli e Cohen (2009), três processos auditivos são importantes para a aprendizagem da leitura: a discriminação de fonemas isolados, a discriminação de fonemas dentro das palavras e o fechamento auditivo. A detecção de um problema auditivo, mesmo que parcial, deve ser o mais precoce possível, visto que essa deiciência sensorial interfere na comunicação humana, em particular na linguagem. O processo auditivo constitui uma série de processos envolvidos nas habilidades auditivas, incluindo atenção, memória, detecção do som, localização, entre outros. De acordo com Farrell (2008), para identiicar diiculdades de processamento auditivo, é preciso observar a presença de diiculdades de discriminação auditi- va, incapacidade de perceber sons consonantais em diferentes posições (inicial, média, inal), diiculdade de sequenciação auditiva, diiculdades de combinação auditiva e diiculdades de segmentação auditiva. josi Sticky Note U N ID A D E 2 72 Avaliação psicomotora, orientação espacial e temporal A educação psicomotora é indispensável nas aprendizagens escolares e em todas as fases do desenvolvimento infantil, ajudando a criança a se organizar, possibi- litando-lhe melhores possibilidades de resolver exercícios de análise de lógica, de relações entre números, sequenciação e seriação, entre outros. A psicomo- tricidade também auxilia na lexibilidade, no fortalecimento, no equilíbrio e na agilidade, com o objetivo de ajudar a criança a perceber melhor o seu corpo, a dominar seu movimento para melhorar sua expressão corporal, adquirindo uma noção corporal e espacial bem precisa. Segundo Meur e Staes (1989), a psicomotricidade ou educação psicomotora também auxilia a criança a viver em grupo, pois, através dos exercícios, a criança deve respeitar as regras do jogo e, por esse meio, aceita mais facilmente as regras da vida social e a viver em sociedade, a respeitar os demais, a esperar a sua vez e a desenvolver organização. Na concepção de Kaefer (2006), nas crianças com transtornos da aprendiza- gem da leitura, são comumente encontradas alterações na expressão grafomotora, sobretudo perceptivas, e na organização espacial. Isso ocorre,também, em crian- ças com atraso psicomotor, icando evidentes alterações motoras, associando-se ainda falhas na organização espacial, que são decorrentes das diiculdades na integração e organização motora. Para Mena e Siguero (2008), as provas de avaliação motora observam as áreas da coordenação dinâmica de mãos, coordenação geral, controle postural, controle segmentar, organização espacial, estrutura espaçotemporal, lateralidade, rapidez e conduta respiratória. Avaliação Neuropsicológica da Atenção A atenção é uma função cognitiva que possibilita ao indivíduo dar respostas rápidas e diferenciadas de acordo com os estímulos. Para Sternberg (2000), a atenção é “ [...] Fenômeno pelo qual o ser humano processa ativamente uma quan- tidade limitada de informações, do enorme montante de informações josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note U N ID A D E 2 74 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DA ATENÇÃO Nome:................................................................................... Sexo:...................... Escola:.................................................................................. Série:...................... Data de nascimento:____/____/_____. CONSIGNA: O aplicador com a folha virada para baixo vai dizer: Nesta folha, você encontrará várias letras, você deverá virar a folha quando eu falar e riscar todas as letras “A” que você encontrar. Dou o sinal para você começar e quando você terminar, diga: “terminei”. Horário do experimento: Início:___h___. Término:____h____. Tempo:____segundos. Número de erros por omissão:______. Número de erros por comissão:______. Data:___/____/____. Quadro 7 - Modelo de um teste de cancelamento lápis e papel / Fonte: acervo da autora. U N IC E S U M A R 75 Para a elaboração deste material didático, a folha do teste foi reduzida, para ilus- trar o material. Na aplicação do teste, a apresentação na folha deve ser inteira e não deve conter margens, apenas o diagrama das letras. Nesse teste avaliam-se os parâmetros quantitativo e qualitativo. Na análise quantitativa, observamos tempo de execução, número de erros por “omissão”, nú- mero de erros por “comissão”. Na análise qualitativa, observamos presença de sinci- nesias, organização e sistematização na localização dos “As”, estratégia e segurança. Stroop Test Segundo Cavadas (2008), o teste de Stroop é uma das ferramentas utilizadas no diagnóstico ao determinar um problema de atenção. Em 1935, foi criado por J. Ri- dley Stroop, que combinou em seus experimentos as dimensões cores e palavras. Para o criador, é necessário concentrar esforços em uma característica especíica de uma tarefa, bloqueando outras funcionalidades. Para Lezak (1995 apud MONTIEL; CAPOVILLA, 2008), esse teste avalia principalmente a capacidade inibitória e seletiva da atenção. Falhas nesse teste signiicam diiculdades de concentração, incluindo diiculdades de inibir estí- mulos distratores. A Tarefa de Stroop é um teste psicológico de esforço mental (atenção) à vitalidade e à lexibilidade. A tarefa se aproveita da nossa capacidade de ler palavras de forma mais rápida e automática do que podemos nomear cores. O mecanismo cognitivo envolvido nessa tarefa é chamada atenção direcionada, e o indivíduo tem que gerenciar a sua atenção, inibir ou deixar uma resposta no sentido de dizer ou fazer outra coisa. O objetivo do teste é medir o controle atencional (atenção dividida, manutenção da meta inicial, controle intencional sobre a tendência a dar uma resposta impulsi- va). Segundo Montiel e Capovilla (2008), pacientes que falham nessa prova tendem a ter diiculdade em concentração, incluindo diiculdade em ignorar a distração. Vamos entender a aplicação? ■ CARTÃO I Consigna: “você deve ler o mais rápido que puder as cores desses retângulos, coluna por coluna, na sequência de cima para baixo e da esquerda para a direita. Preste bastante atenção”. josi Sticky Note U N ID A D E 2 80 mais marcante. Na avaliação individual, procura-se veriicar as interações que se produzem dentro do grupo, entre os próprios alunos e entre estes e os professores, como também em relação aos conteúdos de aprendizagem. Devemos também examinar a incidência de determinadas necessidades educativas individuais no funcionamento conjunto da classe. Ela nos permite estudar dentro de um contexto determinado, pois, no diag- nóstico psicopedagógico, é importante considerar os aspectos de comunicação e de interação, assim como os fatores e elementos que intervêm na situação de ensino-aprendizagem. Análise do Material Escolar De acordo com o Centro Estadual de Avaliação e Orientação Pedagógica (CEAOP), a análise do material escolar constitui um proveitoso meio auxiliar para o processo diagnóstico, sobretudo porque são coletados dados valiosos em relação aos diferentes métodos de trabalho, atitudes e interesses referidos a diversos campos do conhecimento e da adaptação geral do aluno à situação escolar. Além disso, permite obter informação sobre as condições do ambiente da escola. Para a análise, são incluídas as produções escolares de todo tipo: a bolsa esco- lar, como um todo, para ver a organização e o cuidado com os pertences, presença de materiais e objetos alheios ao contexto escolar, cadernos escolares, provas, cadernos de desenho, trabalhos escolares, boletins com notas, textos escolares e livros didáticos, material escolar dos anos anteriores – sempre que possível – e material de outro aluno da mesma classe, para ins de comparação. Os aspectos que devem ser observados são, entre outros: em relação ao as- pecto geral – cuidado, conservação, ordem, enfeites e adornos, notas nas mar- gens/cantos da página, sombreados e intercalados, aspecto higiênico, pouco ou muito usado, tipo de material utilizado e uso que faz do mesmo, uso excessivo de borracha, adequação do material à inalidade; em relação ao conteúdo – coerente, confuso, pobre, disperso, criativo, perseverante, pessoal, imitado, or- ganizado, ausente, corrigido, com projeções pessoais, dirigido mais para detalhe sem importância, apropriado ou dissociado da tarefa e anotações do professor. É também importante observar o traçado da letra, o desenvolvimento da escrita, a organização das matérias e a sequência dos conteúdos. josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note josi Sticky Note FORUM� U N IC E S U M A R 83 Figura 2 - Modelo de Anamnese (Página 1 de 4) / Fonte: acervo da autora. • As informações fornecidas são sigilosas e serão divulgadas somente com a autorização formal dos pais ou responsáveis. • Solicitamos que as respostas sejam tão detalhadas quanto possível. • Se houver a necessidade de mais espaço, use o verso das folhas. Nome da criança Data do preenchimento Encaminhada por Telefone: Dados familiares da criança Data de nascimento da criança Naturalidade Nacionalidade Filho(a) - ( ) natural ( ) adotado com idade de Nome do pai Nome da mãe Estado civil dos pais - ( ) casados ( ) separados ( ) divorciados ( ) viúvo(a) ( ) outro: Irmãos Nome idade Nome idade Nome idade Nome
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