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CONFLITOS NO MUNDO
Conflito Israel e Palestina
O conflito entre Israel e Palestina é uma disputa sobre a posse do território palestino e está no centro de debates políticos e diplomáticos atuais. A disputa se acirrou no fim do século XX a partir de 1948 quando foi declarada a criação do Estado de Israel.
Origem do Conflito entre Israel e Palestina
A Palestina está localizada entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo, no Oriente Médio e até o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, estava sob o domínio do Império Otomano. Com a dissolução deste império, a Inglaterra passou a administrar a região em 1917. Calcula-se que até o fim de 1946, a Palestina era habitada por cerca de 1,2 milhão de árabes e 608 mil judeus.
Ao fim do conflito, os judeus iniciaram uma série de movimentos migratórios em uma tentativa de encontrar um novo lar após as perseguições ocorridas na Europa. Assim, a área passou a ser dominada por judeus a partir do fim da Segunda Guerra Mundial. Para esse povo, a região é denominada "Terra Santa" e "Terra Prometida", mas o conceito de lugar sagrado é partilhado também pelos muçulmanos e cristãos.
Causas do Conflito entre Israel e Palestina
As causas para o conflito são remotas e se tivermos que colocar uma data, certamente seria a expulsão dos judeus pelos romanos no ano 70 d.C., quando os judeus tiveram que se deslocar para o norte da África e a Europa. No século XIX, porém, na onda dos nacionalismo que surgia na Europa, alguns judeus se congregaram em torno das ideias sionistas do húngaro Theodor Herzl (1860-1904). Este defendia que o lar para os judeus deveria ser em "Sião" ou a terra de Israel, a Palestina e, finalmente, os judeus teriam um lar como os outros povos.
Ao término da Segunda Guerra Mundial (1945), os judeus sionistas passaram a pressionar a realização da criação do Estado Judeu. Durante o conflito, 6 milhões de judeus foram exterminados em campos de concentração sob as ordens de Adolf Hitler (1889-1945). Assim, com apoio internacional, principalmente pela ação norte-americana, a região foi dividida em 1948-1949 em três partes: Estado de Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza.
A divisão, programada pela ONU (Organização das Nações Unidas), previa o repasse de 55% do território aos judeus e 44% permaneceria aos palestinos. As cidades de Belém e Jerusalém seriam consideradas território internacional devido ao significado religioso para muçulmanos, judeus e cristãos. No entanto, os representantes árabes não aceitaram as determinações.
Fundação do Estado de Israel
Em 14 de maio de 1948, contudo, foi fundado Israel, após a retirada dos ingleses. No dia seguinte, Egito, Síria, Jordânia e Iraque invadem Israel e deflagram a Guerra da Independência, que foi chamada de Nakba ou "catástrofe" pelos árabes.
A guerra terminou em 1949 e teve como resultado a expulsão de 750 mil palestinos que passaram a viver como refugiados em movimento conhecido como "êxodo de Nakba". Como resultado da expulsão dos palestinos, Israel aumentou o território em 50%. A extensão de terras foi indicada pela ONU e ocupam 78% da área destinada à Palestina.
A ação não foi questionada pela comunidade internacional. A reação só ocorreu em 1956 após Israel disputar com o Egito o controle sobre o Canal de Suez e ganhar o direito de exploração por determinação da ONU. Em 1959 é fundada a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), que só foi reconhecida pela ONU em 1974.
Guerra dos Seis Dias (1967)
Um novo conflito, contudo, desta vez em 1967, rende vitórias para Israel. Na chamada Guerra dos Seis Dias, Israel ocupa a Faixa de Gaza, a Península do Sinai, a Cisjordânia e as Colinas de Golã, na Síria.
Como resultado, meio milhão de palestinos fogem e o Conselho de Segurança da ONU aprova a Resolução 242. Ela torna inadmissível a aquisição de territórios pela força e o direito de todos os estados da região coexistirem pacificamente. Os árabes tentam reaver o território ocupado em 1973, na Guerra de Yom Kippur (dia sagrado judeu), que durou de 6 a 26 de outubro. Porém, somente em 1979, Israel devolve ao Egito a Península do Sinai após a assinatura de um acordo de paz.
O que diz a Bíblia?
As razões para estabelecer o estado judeu na região eram baseadas em fontes bíblicas. Os judeus consideram a área entre a África e o Oriente Médio, onde está a Palestina, a terra prometida por Deus ao profeta Abraão. 
Esta corresponde aos territórios hoje ocupados pelo Estado de Israel, Palestina, Cisjordânia, Jordânia Ocidental, sul da Síria e Sul do Líbano. Os chamados patriarcas bíblicos a receberam após o Êxodo. É essa a alegação dos judeus sionistas que reivindicam a ocupação integral do território. Antes da ocupação no pós-guerra, 4% da população da Palestina era formada por judeus. O direito a partir da promessa bíblica é rejeitado pelos árabes e dizem que o filho de Abraão, Ismael, é seu antepassado. Desta maneira, a promessa de Deus os incluiria também. Além disso, a reivindicação dos palestinos é baseada no direito à ocupação, ocorrida por 13 séculos.
A Ocupação da Palestina
A região foi ocupada 2 mil anos a.C. por povos amoritas, cananeus e fenícios, sendo denominada como Terra de Canaã. A chegada de hebreus de origem semita ocorreu entre 1,8 mil a 1,5 mil a.C. Sucessivas invasões marcaram a região. Em 538 a.C., o comandante da Pérsia, Ciro, o Grande, ocupou a região, retomada depois em uma invasão conduzida por Alexandre, o Grande, em 331 a.C. A invasão romana sob a liderança de Pompeu ocorreu em 64 a.C.
O domínio romano perdurou até 634 d.C. quando a conquista árabe marca o início de 13 séculos de permanência muçulmana na Palestina. Sob o domínio árabe, a Palestina foi alvo de diversas Cruzadas entre 1099 e 1291 e em 1517 começa a ocupação Otomana, que dura até 1917. Após investidas da França, sob o comando de Napoleão Bonaparte (1769-1821), a Palestina passa ao domínio do Egito e a revolta árabe se inicia em 1834.
Somente em 1840, o tratado de Londres encerra o domínio egípcio na região e em 1880 começam as manifestações de autonomia árabe. Em 1917, a Palestina é submetida ao mandato britânico. O comando inglês duro até fevereiro de 1947, quando a Inglaterra renuncia ao mandato sobre a Palestina e entrega a maior parte do equipamento bélico aos grupos sionistas.
Sionismo
O Sionismo foi um movimento nacionalista judaico iniciado nas décadas finais do século XIX, na Europa, e teve por objetivo principal a criação do Estado Judaico.
Sionismo é um termo que deriva da palavra hebraica “Tzion”, Sião, que significa “cume,” “lugar elevado”, “monte”. Sião é uma das colinas próximas a Jerusalém, que foi conquistada pelo rei Davi, e é considerado um dos lugares sagrados das três religiões abraâmicas: cristianismo, judaísmo e islamismo. Aparecido no fim do século XIX, o sionismo foi um movimento nacionalista judaico que tinha por objetivo central a defesa da formação de uma nação judaica, bem como da criação do Estado judeu, ou uma Eretz Israel, isto é, a “Terra de Israel”.
Criador do termo
O criador do termo “sionismo” foi o jornalista judeu e austríaco Nathan Birnbaum (1864-1937). Birnbaum empregou a palavra pela primeira vez em um debate público realizado em Viena, em 23 de janeiro de 1892. Esse jornalista foi um dos pioneiros no combate aberto ao antissemitismo presente na Europa e em outras partes do mundo nessa época. Na década de 1880, especificamente entre os anos de 1881 e 1883, os massacres (chamados de pogroms) promovidos contra a comunidade judaica russa pela polícia secreta do czar Alexandre III, a Okhrana, escandalizaram o mundo. A defesa da criação de um Estado nacional judeu começou a tornar-se forte nessa época em virtude de ações como essa. Antes mesmo de haver o I Congresso Sionista, que organizaria as propostas do movimento, muitos judeus da Rússia e de outras regiões começaram a migrar para a Palestina (então sob o domínio otomano) e lá se estabelecerem.
A primeira Aliya (1882), o Affair Dreyfus e o I Congresso Sionista (1897). Alguns líderes religiosos, como o rabino Yehudá Alkalay (nascido na Sérvia),já haviam se estabelecido na Palestina no início do século XX. Sua geração e a geração de imigrantes do início dos anos 1880, da chamada primeira Alyia, começaram a traçar as primeiras formas de negociação com o Império Otomano para a compra de terras na Palestina. Entretanto, as terras compradas tinham apenas caráter de colônia, e não de Estado.
Em 1894, um novo escândalo internacional envolvendo um oficial judeu do Exército francês acendeu novamente o problema do antissemitismo. Tratava-se do Affair Dreyfus (Caso Dreyfus). Dreyfus, que era de família judaica, foi acusado injustamente de traição por conspiradores do Exército, que diziam que ele forneceu informações de inteligência militar para o Exército alemão. Dreyfus foi julgado e condenado a cumprir pena na Ilha do Diabo. Muitos intelectuais destacaram-se na defesa pública de Dreyfus à época. Um deles era o famoso escritor Émile Zola; outro, o jornalista judeu e húngaro Theodore Herzl, que se tornou o grande difundidor do sionismo.
Herzl foi um dos criadores da Organização Sionista Mundial, criada em 1897 e que realizou o 1º Congresso Sionista nesse mesmo ano, na Basileia. Esse congresso examinou as características da primeira imigração, dos anos 1880, e procurou estabelecer novas diretrizes paras as próximas com vistas à criação definitiva de um Estado judaico. É da autoria de Herzl, inclusive, a obra “O Estado Judaico”, na qual essas diretrizes são esmiuçadas. Como diz o historiador Henry Chemeris:
“A partir de 1897, pôs-se fim à colonização privada meio filantrópica, meio colonial, sustentada por alguns ricos financistas judeus, sendo substituída por um programa estritamente nacionalista de colonização organizada, com objetivos políticos bem definidos e gozando do apoio da massa. Israel Cohen explicita o objetivo maior dos sionistas durante o Congresso da Basileia: “Tal foi o objetivo supremo do sionismo, formulado pelo Congresso da Basileia nos termos seguintes: o objetivo do Sionismo é a criação, na Palestina, de um lar para o povo judeu, garantido pelo direito público.”
Theodor Herzl foi o principal difundidor do sionismo
Como forma de criar uma resolução para o grave problema do antissemitismo, o Estado Judeu foi idealizado por Herzl em suas linhas gerais. Para ele, o grande motivo do antissemitismo era a existência dispersa e desorganizada dos judeus mundo afora, sem uma nação que os amparasse, como explica no livro já citado:
‘O problema judaico existe. Seria tolice negá-lo. É um resquício da Idade Média, do qual os povos civilizados, com a melhor boa vontade, ainda não sabem desfazer-se. Certamente mostraram sua magnanimidade quando nos emanciparam. O problema judaico existe em todos os lugares em que vive um número apreciável de judeus. Lá onde não existe, é trazido pelos judeus imigrados. Dirigimo-nos, naturalmente, para onde não nos perseguem. E a nossa aparição provoca as perseguições. Isto é uma certeza e continuará acontecendo em todo os lugares, até nos países mais evoluídos, como está sendo demonstrado na França, enquanto o problema judaico não for resolvido por meios políticos. Os judeus pobres levam o antissemitismo à Inglaterra e já o levaram até a América’. 
A partir da década de 1910, uma nova onda imigratória de judeus para a Palestina começou a ser efetuada com vistas a formas de organização mais complexas. Um dos primeiros impulsos recebidos para o estabelecimento de um possível Estado judaico na Palestina veio com a Declaração Baulfour, em 1917, que consistiu em uma carta escrita pelo secretário de assuntos estrangeiros da Grã-Bretanha, James Balfour, e endereçada ao Barão de Rothschild, líder da comunidade judaica naquele país. Na carta, Balfour fala das intenções dos britânicos de facilitar a construção do Estado judaico.
Todavia, os inúmeros problemas que ocorreram entre o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e o fim da Segunda Guerra Mundial (1945), sobretudo envolvendo o nacionalismo árabe e a tentativa de construção de um Estado Palestino, postergaram a criação do Estado Judaico para o ano de 1947.
Nathan Birnbaum, criador do termo “sionismo”
Conflito entre Israel e Palestina no século XXI
Aspecto do Muro da Cisjordânia construído por Israel, em 2014
Longe do fim, o conflito ainda permanece e milhares de árabes ainda estão em campos de refugiados. A Autoridade Nacional Palestina reivindica a aprovação na ONU da autonomia do Estado Palestino. Também exige a retirada dos assentamentos israelenses da Cisjordânia, situação que foi condenada pelo Tribunal Internacional de Haia, mas perdura.
Os palestinos exigem, ainda, que o futuro Estado Palestino tenha como marcas fronteiriças a estrutura anterior a 1967. Além disso, almejam o retorno de 10 milhões de refugiados para a região ocupada hoje por Israel. Já o Estado de Israel pleiteia a totalidade de Jerusalém, reivindicação que não foi aceita pela Convenção de Haia.
Muro de Israel
Em campo, a vantagem bélica e econômica é israelense. Em 2002, o governo de Israel, sob o comando de Ariel Sharon (1928-2014) iniciou a construção de um muro na Cisjordânia. A barreira, edificada sob a justificativa de proteger Israel dos ataques palestinos, separa as comunidades locais das áreas agricultáveis. Apesar das críticas internacionais, o projeto foi mantido.
Novos ataques foram iniciados em 2014 de Israel contra a Cisjordânia. Foi a mais violenta ofensiva desde 2005, quando ocorreu cessar-fogo após a promessa da retirada das colônias judaicas dos territórios palestinos. Em 53 dias de conflito, no verão de 2014, foram mortos 2,2 mil palestinos. Deles, 1,5 mil eram civis e 538, menores de idade, conforme dados da OCHA (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários nos Territórios Palestinos Ocupados). Do lado israelense, a contenda resultou em 71 mortes, seis delas de civis.
A questão basca
O surgimento de uma nação, em tese, envolve a definição de um território onde um grupo de pessoas dotado de um conjunto mínimo de características culturais e históricas consolidam certo sentimento de unidade entre si. No entanto, vemos que em diversos casos específicos, uma mesma nação pode agrupar grupos étnicos, culturais ou religiosos que não partilham dessa mesma sensação de pertencimento. Em geral, os grupos alheios à nação sofrem casos de discriminação ou, em outros casos, formam um movimento de independência.
Na região ibérica, a questão do povo basco exemplifica esse tipo de inadequação de um povo frente um determinado Estado Nacional. Os bascos, encravados na fronteira entre a Espanha e a França, correspondem a um povo dotado de uma cultura e língua própria. Estabelecendo um movimento nacionalista desde o século XIX, os bascos começaram organizar um movimento de emancipação durante a ditadura militar do general espanhol Francisco Franco (1939 – 1975). Durante o governo de Franco os nacionalistas bascos sofreram forte opressão, sendo proibidos de expressar qualquer traço de sua cultura.
Mediante tamanha opressão surgiu, em 1959, um movimento em prol da libertação do povo basco chamado Euskadi Ta Askatasuna (“Pátria Basca e Liberdade”), mais conhecido como ETA. Inicialmente buscando lutar contra a ditadura de Franco, o ETA foi desde sempre influenciado pelo socialismo. Com a queda do regime ditatorial, algumas conquistas políticas foram concedidas ao povo basco. No ano de 1979, o Tratado de Guernica concedeu algumas liberdades administrativas ao povo basco.
Essa primeira ação rumo à autonomia basca freou alguns setores do movimento, que se fragmentou em diferentes partidos políticos. No entanto, as alas mais radicais, mantiveram vivo o movimento e fundaram um partido político próprio: o Partido Batasuna. Agindo por meio de atentados terroristas o ETA volta e meia criava forte tensão dentro da Espanha. Ao longo de sua história, o ETA conseguiu a libertação de alguns de seus integrantes e assassinou cerca de trinta personalidades políticas.
Na década de 1990, diversos de seus líderes foram capturados pelas autoridades, o que acabou reduzindo o grupo acerca de 200 integrantes. Mesmo assim, em 1999, alguns atentados fizeram do grupo uma ameaça à estabilidade naquela região. Em resposta, autoridades da França e da Espanha uniram-se contra os terroristas do ETA. No ano de 2003, o poder judiciário espanhol decretou a ilegalidade do Partido Batasuna.
Em 2004, as novas eleições na Espanha e um grande atentado colocaram o ETA e a Questão Basca mais uma vez em evidência. Após a explosão de vários trens no dia 11 de março, o candidato conservador e então primeiro-mininstro José Maria Aznar responsabilizou o ETA pela autoria dos atentados. No entanto, logo em seguida, documentos comprovaram que as explosões eram de responsabilidade da Al Qaeda. Notando que Aznar utilizou dos atentados buscando promover sua candidatura, a população espanhola deu a vitória ao candidato socialista José Luís Zapatero.
Zapatero, que desde sua campanha se mostrou aberto ao diálogo com os bascos, tenta hoje amenizar a possibilidade de novos atos de terrorismo por meio da revitalização do ETA. Em 2006, o lideres do ETA anunciaram o fim da atuação terrorista do movimento. No início de 2007, o movimento voltou atrás e anunciou o fim do cessar fogo e o rompimento com o governo de Zapatero. Sem uma definição final ou a criação de um Estado Independente, a questão basca assinala um foco de tensão que, vez ou outra chama a atenção dos noticiários internacionais.
ETA, ações terroristas pela independência dos bascos
Conflito na Caxemira
O conflito na Caxemira consiste na disputa entre Índia e Paquistão por este território desde 1947. Na década de 60, o Paquistão cedeu algumas partes da região à China aumentando a tensão entre os países. Além disso, o problema é agravado porque as duas nações possuem armas nucleares.
Significado de Caxemira: embora existam muitas teorias quanto ao significado do vocábulo é provável que “Caxemira” signifique “terra dessecada pela água”. O termo faz referência à crença que ali existia um grande lago que desapareceu. A palavra caxemira também designa a lã que vem das cabras nativas e se tornou conhecida mundialmente.
Dados sobre a Caxemira
A Caxemira é uma província situada no extremo norte da Índia. Faz fronteira com três países: China, Paquistão e Tibete (ocupado pela China) e a população é de aproximadamente 12,5 milhões de pessoas (2011).
Pela parte indiana, sua capital no verão é Jammu, e no inverno, Srinagar. Desde que foi integrada à Índia, os territórios vivem constante conflito. Além do Paquistão, a China se apoderou de uma parte da região após a Guerra sino-indiana, em 1962. Agora, esta parte recebe o nome de Aksai Chin e é reivindicada pela Índia.
Veja mais sobre as zonas em disputa no mapa abaixo:
O conflito da Caxemira envolve Índia, Paquistão e China
Importância Estratégica
A região da Caxemira é rica em água e concentra importantes nascentes de rios que banham as terras dos três países limítrofes. O mais dependente dessas águas é justamente o Paquistão e qualquer mudança no curso dos rios prejudicaria a agricultura paquistanesa.
Conflito em 2019: Em 14 de fevereiro de 2019, um atentado suicida realizado por um paquistanês contra policiais indianos, na Caxemira, provocou ataques aéreos entre os dois países. Em 27 de fevereiro de 2019, os dois países alegaram a derrubada de caças aéreos. A comunidade internacional manifestou preocupação com os ataques com medo que ambos país utilizem seu arsenal nuclear.
Resumo do conflito entre Índia e Paquistão
Soldados indianos patrulham uma cidade na Caxemira
A rivalidade entre Índia e Paquistão pela Caxemira tem sua origem na década de 40 durante o processo de independência da Índia, quando país deixou de ser colônia britânica. Para evitar conflitos com a minoria muçulmana, o governo britânico resolveu criar um Estado para os fiéis dessa religião. Desta maneira, nasceu o Paquistão Ocidental e o Paquistão Oriental, atualmente, Bangladesh.
À região da Caxemira, os britânicos propuseram que se decidisse através de um referendo a qual país gostariam de pertencer. O marajá que governava a província naquele momento, decidiu integrar-se à Índia. Esta resolução desagradou aos muçulmanos locais que protestaram afirmando que a maioria da população da região era de origem paquistanesa e, portanto, deveria pertencer ao Paquistão. Uma guerra não declarada entre os dois países se estendeu até 1949. A Índia perdeu parte do território da Caxemira, que foi incorporado ao Paquistão com o nome de Azad Kashmir (“Caxemira Livre”). Igualmente, ficou estabelecida a realização de um plebiscito, mas a Índia não cumpriu esta decisão, pois considera que a região é sua e não é preciso fazer esta consulta à população.
Curdos
Os curdos são uma etnia originária do Oriente Médio e calcula-se que existem cerca de 30 milhões de curdos espalhados pelo mundo. Este povo fez parte do Império Turco-Otomano e não recebeu um território para constituir um país independente após a Primeira Guerra Mundial. Hoje, além de lutar por um território autônomo, estão na linha de frente da guerra contra o Estado Islâmico.
Mapa onde está assinalado o hipotético país Curdistão.
Origem e Características dos Curdos
Os curdos são a 4º etnia do Oriente Médio após árabes, persas e turcos. Já eram citados desde a Antiguidade pelo historiador grego Xenefonte, depois descritos pelo viajante Marco Polo no séc. 13 e em livros árabes da Idade Média. Um dos grandes líderes muçulmanos durante as Cruzadas, Saladino, pertencia à etnia curda.
A maioria dos curdos do Oriente Médio vive na Turquia, 14 milhões de pessoas; Irã, 7 milhões; e Iraque, com 6 milhões. Países como Síria, Azerbaijão e Rússia, têm comunidades nativas de curdos. Na Europa, destaca-se a Alemanha que possui uma comunidade de 1 milhão de curdos, na sua maioria de cidadania turca. Outra característica que os distingue dos demais povos da região é o seu idioma, derivado do iraniano. Na maior parte das vezes, o idioma curdo é escrito em alfabeto latino e não em alfabeto árabe.
Religião Curda
Como a etnia curda se constitui de 30 milhões de pessoas, encontramos curdos que professam uma grande variedade de religiões como o cristianismo, judaísmo e islamismo. No entanto, chama a atenção a religião yazidi, que mistura elementos do islamismo, judaísmo e do zoroastrismo. Existem cerca de 700 mil curdos yazidis, e a grande maioria, 500 mil pessoas, habita nas montanhas de Sinjar, uma região perto de Mosul, no Iraque.
Os yazidis acreditam num Deus único e criador, adotam o batismo e a circuncisão. No entanto veneram um anjo sob a forma de pavão, conhecido como Melek Tawwus (Anjo Pavão). Para os muçulmanos sunitas, este anjo é identificado como o diabo o que fez que os yazidis fossem alvo de massacres por serem considerados adoradores do mal.
Igualmente, o fato de realizarem suas orações voltados para o sol, faz com que muitos pensem que os yazidis sejam pagãos. Na verdade, o sol seria a máxima representação da bondade divina, pois ele nasce para todos. A simbologia do astro-rei é tão forte para esta religião que o sol se encontra estampado na bandeira do curdistão iraquiano.
Nacionalismo Curdo
O nacionalismo curdo vem desde em 1910 quando faziam parte do Império Turco-Otomano. Neste ano se criou a bandeira do futuro país e se reivindicou mais espaço dentro do Império. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, as Potências Centrais estipularam no Tratado de Sèvres (1920) um futuro país para o povo curdo tal como foi feito para persas e iraquianos. No entanto, devido aos interesses da Grã-Bretanha e da própria Turquia, um novo acordo, o Tratado de Lausanne (1923), enterrou esta possibilidade. Desta maneira, os curdos continuaram a ser perseguidos nos países que moravam e tratados como cidadãos de segunda classe.
Na Turquia, o governo proibiu qualquer menção aos curdos e se usava o eufemismo “turco da montanha” para descrevê-los. Igualmente, foi vetado o uso de símbolos curdos como a bandeira, o idioma e manifestações artísticas. Em resposta, alguns curdos da Turquia, criaram o Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK), deorientação marxista-lenista. À medida que a repressão turca aumentava, passaram adotar táticas de guerrilha e promover rebeliões. Com o fim da Guerra Fria e das pressões internacionais esta situação vem mudando. Um exemplo aconteceu em 2015, quando os curdos elegeram 80 deputados para o Parlamento da Turquia pela primeira vez.
Curdos no Iraque
Os curdos habitam a região oeste do Iraque e sempre foram perseguidos pelos governos iraquianos desde a criação deste país. Em 1970 foi criada a Região do Curdistão ou Curdistão, onde habitam 7 milhões de pessoas e cuja capital é Erbil. Apesar da autonomia, em 1988 foram vítimas de um ataque com armas químicas ordenado por Saddam Hussein durante a guerra entre Irã e Iraque.
No entanto, os curdos iraquianos conseguiram reconquistar autonomia em relação a Bagdá, após a morte do ditador em 2006. Atualmente, o exército iraquiano não pode entrar neste território. Devido as reservas de petróleo, o Curdistão vive um ótimo momento econômico, e isto se reflete na construção de edifícios modernos, aeroportos, e demais infraestruturas que precisa o novo país.
Os curdos na luta contra o Estado Islâmico
Soldados curdos posam com a bandeira do Curdistão
Atualmente, o Exército curdo, chamado Peshmerga, se encontra na linha de frente contra o Estado Islâmico em regiões como o norte da Síria e do Iraque. Mal armados, sem equipamentos apropriados para uma guerra do século 21, os Peshmergas recuperaram alguns territórios ao Estado Islâmico, mas ao mesmo tempo sofrem baixas e falta de apoio das potências estrangeiras.
Em 2016, os Estados Unidos fizeram um acordo de cooperação com o Peshmerga a fim de auxiliá-los a combater o Estado Islâmico. O Peshmerga também aceita mulheres no Exército e este fato é explorado na mídia, pois não deixa de ser algo inédito nas sociedades do Oriente Médio. No entanto, elas combatem por três causas, pois lutam para criar o estado nacional curdo, contra o Estado Islâmico e contra o patriarcalismo tão presente nesta sociedade. Ao invadir territórios habitados por curdos na Síria, por exemplo, o Estado Islâmico escravizou várias mulheres yazidis. Atualmente, os curdos também estão lutando na Guerra da Síria.
Conflitos do Cáucaso
A região geopolítica do cáucaso, além de constituir uma fronteira geográfica entre Ásia e Europa, é também lar de vários povos e entidades políticas diferentes. Não bastasse isso, duas grandes religiões monoteístas, o islã e o cristianismo brigam por espaço na região, além de duas grandes forças predominantes na área, a Rússia e a Turquia.
Politicamente, a área reconhecida como cáucaso está dividida politicamente nas seguintes entidades:
No norte: Federação Russa; Chechênia; Inguchétia; Daguestão; Adiguésia; Cabárdia-Balcária; Carachai-Circássia; Ossétia do Norte; Krai de Krasnodar; Krai de Stavropol.
No sul: Abecásia; Armênia; Azerbaijão; Geórgia; Nagorno-Karabakh; Ossétia do Sul; Irã; Turquia.
São inúmeros os conflitos atualmente se desenvolvendo em boa parte destas áreas descritas. Na região norte do cáucaso, toda pertencente à Federação Russa, é notória a questão da Chechênia, que se desenrola desde 1994, ano do início da Primeira Guerra Chechena, passando pela fundação da não-reconhecida República Chechena da Ichkeria, existente entre a primeira e a Segunda Guerra Chechena, iniciada em 1999. Os separatistas chechenos, desejosos de fundar um estado teocrático islâmico nesta república russa. Várias organizações clandestinas ainda continuam a lutar, através principalmente de atos terroristas de impacto na opinião pública mundial, mas o governo russo vem cada vez mais reprimindo toda e qualquer manifestação.
A república russa da Inguchétia, vizinha à da Chechênia, e também de população predominantemente islâmica, acabou atraída pelos conflitos em sua fronteira. No fim da década de 90 e no fim dos anos 2000, vários distúrbios civis ocorreram, necessitando da intervenção russa também nesta área.
Outra república russa vizinha, o Daguestão, que faz fronteira com a Chechênia e também de maioria islâmica desenvolveu um movimento de guerrilha desde o início da década de 00, que vem resistindo sistematicamente à repressão russa que occorre com o mesmo rigor do que nas outras repúblicas.
Além das fronteiras russas, os conflitos continuam, como por exemplo na Abecásia, república que vem desafiando o governo central da Geórgia. Historicamente ligada a esta país, a Abecásia tem um movimento ativo de independência quase que desde a fundação da Geórgia, com o desmantelamento da URSS. A independência desta província georgiana é reconhecida pela Rússia, o que ajuda a "azedar" as relações com seu viznho de fronteira. Por outro lado, a Geórgia tem retalhado, reconhecendo frequentemente a autonomia de Chechênia, Daguestão e Inguchétia.
Outras duas nações independentes da região, Armênia, de maioria cristã, e Azerbaijão, nação muçulmana, estão em conflito constante desde as respectivas autonomias com o fim da URSS. A principal disputa gira em torno de Nagorno-Karabakh, uma república independente de facto do Azerbaijão, cuja população é de maioria armênia. Tanto Nagorno-Karabakh como a Armênia dividem a mesma moeda, além de outros aspectos de sua administração.
Além da Abecásia, a Geórgia enfrenta problemas com outra república separatista, a Ossétia do Sul, também reconhecida pela Rússia, e que torna tensas as relações entre os dois países. Ali vivem russos, ossétios e georgianos, sendo que mais de dois terços dos habitantes da região são de ossétios, ligados culturalmente à Ossétia do Norte, que pertence à Rússia. Isso torna a região bastante diferente no aspecto cultural do resto da Geórgia, precipitando um movimento independentista que até já realizou eleições em 2009, não reconhecidas pela União Europeia. Com a situação de instabilidade econômica, social e política que vive a Geórgia, provavelmente esta ainda conviverá algum tempo com a fragmentação de seu território.
Conflitos na África
Os conflitos na África perpassam o processo de colonização e independência desse continente. Seus principais embates são de ordem étnica, territorial e religiosa.
Os conflitos na África são basicamente motivados por disputas territoriais; golpes de estados, que geram crises políticas; rivalidades tribais, motivadas por questões étnicas ou religiosas; disputas por água e recursos minerais; e imersão do povo na miséria. Essas motivações são provenientes do processo de colonização do continente, da Guerra Fria, da intervenção de terceiros Estados e de eleições conturbadas.
Conflitos Africanos
Os principais conflitos na África acontecem nos seguintes países: Sudão e Sudão do Sul, Nigéria, Ruanda, Mali, Burundi, República Democrática do Congo e Angola.
→ Sudão e Sudão do Sul
O Sudão do Sul é um dos países que enfrentam instabilidades políticas e guerras civis.*
O Sudão tem uma história marcada por muitos conflitos e guerras civis. É um país abundante em petróleo e em recursos minerais, como o ouro. A Primeira Guerra Civil Sudanesa ocorreu entre os anos de 1955 e 1972. Esse conflito bélico, travado entre o governo do Sudão e rebeldes do sul, tinha por objetivo a separação da região sul do Sudão. Essa guerra civil dizimou cerca de meio milhão de pessoas. Cessou com o acordo conhecido como Tratado de Adis Abeba, que afirmou a independência e a autonomia da região sul do Sudão, criando, então, o Sudão do Sul.
Esse acordo, contudo, foi rompido no ano de 1983, e a guerra reiniciou-se. Deu-se início, então, à Segunda Guerra Civil Sudanesa, conflito que durou de 1983 a 2005. Essa guerra foi um embate entre a parte norte do Sudão e a parte sul. A motivação desse conflito foi uma questão religiosa: o governo da região norte que era muçulmano e tentou impor o código de leis do islamismo em todo o país. Contudo, boa parte da população da região sul do Sudão era cristã ou animista.
Esse conflito bélico perdurou cerca de 20 anos e dizimou aproximadamente 2 milhões de pessoas. Em 2005, foi assinado um acordo de paz e, a partir disso, surgiu a região autônoma do Sudão do Sul.Essas guerras sudanesas tiveram como consequência um quadro de miséria, fome, doenças e muitos refugiados.
Atualmente, o Sudão do Sul vive um quadro dramático de fome e tem enfrentado problemas em relação ao número de refugiados que se deslocaram para lá. O conflito mais atual no Sudão do Sul, de ordem política, é travado entre os rivais Salva Kiir, presidente do país, e Riek Machar, o maior líder rebelde sudanês. Essa guerra civil estende-se desde o ano de 2013 e é motivada por esse conflito político e étnico, que vitimou cerca de 10 mil pessoas e arruinou a economia do país. Segundo O Globo, Kiir e Machar firmaram, em agosto de 2018, um acordo para dividir o poder, dando início a um possível acordo de paz.
→ Nigéria
A Nigéria enfrenta conflitos de ordem religiosa e por disputas de recursos naturais. Na região norte do país, concentram-se muçulmanos; na região sul, concentram-se cristãos. O conflito entre essas duas ordens religiosas já deixou milhares de pessoas mortas desde o ano de 1953.
Em 2009, o conflito iniciado pelo Boko Haram – uma organização terrorista – vitimou mais de 15 mil pessoas com o objetivo de combater os princípios ocidentais. Em 2014, esse grupo radical islâmico ganhou notoriedade quando raptou cerca de 270 mulheres nigerianas para serem escravas sexuais e para serem usadas em combates. Já no ano de 2017, segundo a Unicef, cerca 83 crianças foram usadas como bombas pelo Boko Haram, o que chocou o mundo. No que tange a disputa por recursos naturais, em 2010, houve um ataque no estado de Plateau (região central da Nigéria). Nessa região, predominam cristãos, contudo, muitos muçulmanos migram para lá, fazendo com que haja disputa e contestação dos recursos naturais e também da terra. Esse conflito vitimou cerca de 700 pessoas, deixando, aproximadamente, 500 mortos e 200 feridos.
→ Ruanda
Ruanda é um país do centro-oriental da África e é formado pelos grupos étnicos hutus, que representam cerca de 85% da população, e tutsis, uma minoria que dominou o país por um longo período. Desde a colonização, acentuou-se uma grande rivalidade entre os povos hutus e tutsis. Entre os anos de 1990 e 1994, ocorreu a Guerra Civil de Ruanda. Nessa época, a oposição formada pelos tutsis atacou as tropas do governo, cujo presidente era Juvénal Habyarimana (hutus).
O maior desdobramento dessa guerra civil ocorreu em 1994 e ficou conhecido como Genocídio de Ruanda. O presidente Habyarimana foi assassinado. Extremistas hutus, então, começaram um intenso massacre, que vitimou 800 mil pessoas em Ruanda. Atualmente, como forma de evitar outros conflitos, é ilegal falar sobre etnia no país. O genocídio, além de dizimar o país, empobreceu ainda mais a população, que vive em estado de miséria
→ Mali
Mali é tomado por vários conflitos. Vários grupos armados encontram-se no país e realizam diversos ataques, gerando uma crise humanitária. O governo é culpado por discriminar grupos minoritários, que alegam ser marginalizados. As revoltas desses grupos aconteceram nos anos de 1962, 2000, 2006 e 2012. No território de Mali, já existe uma missão de paz da ONU por meio da operação Organização das Nações Unidas de Estabilização Multidimensional Integrada no Mali.
→ Burundi
Considerado um dos países mais pobres do mundo, Burundi encontra-se imerso nas consequências de doze anos de guerra civil. Durante os anos de 1993 e 2004, o território sofreu com a intensificação de conflitos étnicos entre hutus, que representam cerca de 85% da população, e tutsis, que representam aproximadamente 14%.
No ano de 1972, os hutus levantaram-se contra o poder que estava nas mãos dos tutsis, sofrendo uma grande represália que deixou cerca de 200 mil hutus mortos. Em 1993, os tutsis assassinaram o presidente hutu Melchior Ndadaye, dando início a uma guerra civil entre as duas etnias. Em 2006, houve um acordo de paz para cessar fogo, porém a situação de Burundi ainda é conflituosa.
→ República Democrática do Congo
Os conflitos que pairam no Congo perpassam questões políticas, econômicas, étnicas e culturais. A República Democrática do Congo enfrentou inúmeros golpes de Estado e governos ditadores. A ONU já estabeleceu, sem sucesso, três missões de paz nesse território. Os atuais conflitos envolvem, principalmente, disputas de poder na política e na economia. No país, há presença de diversos grupos armados, e governos de países vizinhos acusam o governo congolês de apoiar esses grupos rebeldes.
Os conflitos no Congo iniciaram-se em 1996 e são provenientes do Genocídio em Ruanda, no qual hutus mataram cerca de 800 mil pessoas e seguiram para a República Democrática do Congo. Os tutsis também migraram para Ruanda com medo de uma nova ofensiva. Após o intenso fluxo migratório, os tutsis, novamente, começaram a sofrer represálias por parte dos congoleses e também dos hutus. Esse cenário deu origem à Primeira Guerra do Congo, na qual os tutsis, que voltaram ao poder por meio de Laurent Kabila, acreditavam que era necessário rebelarem-se contra os hutus, envolvendo nessa represália todos os países constituídos por essa etnia.
Kabila encontrou dificuldades para governar. Sem apoio político, passou a enfrentar o descontentamento dos tutsis, que cobravam o cumprimento das promessas feitas pelo então presidente do Congo. Para demonstrar controle e proteger os tutsis, Kabila expulsou tropas de Ruanda e Uganda, dando início à Segunda Guerra do Congo. O conflito só cessou em 2002 com a intervenção das Nações Unidas.
→ Angola
Iniciado após a independência do país, o conflito na Angola perdurou por quase três décadas. A Guerra Civil Angolana iniciou-se em 1975 e cessou-se em 2002 por meio de acordos de paz. Essa guerra foi protagonizada pelo Movimento Popular de Libertação da Angola e pela União Nacional para a Independência Total de Angola, que travaram uma luta pelo poder. Considerada uma das guerras mais prolongadas em território africano, teve como vitorioso o Movimento Popular de Libertação da Angola em 2002, porém vitimou cerca de 500 mil pessoas, devastando o território angolano.
Causas e consequências dos conflitos na África
O continente africano foi dividido, ao longo do período neocolonialista, segundo os interesses dos colonizadores europeus. A colônia de exploração estabelecida na África ignorou as realidades, rivalidades e identidades dos povos africanos, agrupando-os em tribos culturalmente diferentes. A divisão do continente ocorreu na Conferência de Berlim (1884-1885), na qual foi estipulado que os colonizadores europeus dividiriam o território de acordo com seus interesses. Ao longo do período da Primeira Guerra Mundial, 90% do território africano estava sob domínio europeu. Somente após a Segunda Guerra Mundial, as colônias africanas deram início a sua independência.	Comment by Vaio: 
Esse fracionamento do continente africano é uma das principais causas da fragilidade dos Estados, que foram tomados por conflitos de diversas origens. Geralmente, esses conflitos ocorrem em três níveis: local, envolvendo grupos e pequenas comunidades nativas; nacional, envolvendo grupos armados e poder central; e regional, provocados por relações com localidades que vão além do continente. Outras causas para os conflitos africanos são a Guerra Fria, disputas por terras, recursos minerais, crises políticas, divergências étnico-religiosas.
As principais consequências desses conflitos são diversidades étnicas e religiosas, enfraquecimento dos governos dos Estados, empobrecimento das populações imersas em crises humanitárias, crises econômicas, milhares de pessoas mortas e má assistência à população. A pobreza é característica de diversos países do continente africano, e a fome é um dos maiores desafios a serem superados.
Segundo a mestre em Relações Internacionais Janete S. Cravino, nas últimas décadas, pelo menos 20 países da África enfrentaram ao menos uma vez uma guerra civil. Foi também constatado que esses conflitos, geralmente, acontecem nos países que importaram o modelo de construção estatal de um colonizador e fracassaram. Das 14 operações de pazda Organização da Nações Unidas, 7 acontecem na África.
Conclusão
Os conflitos na África possuem diversas motivações, que remontam da época da colonização. Os colonizadores, ao fragmentarem o continente, ignoraram diferenças étnicas, culturais e políticas dos territórios. Essas diversidades e fragilidades motivam conflitos em diversos países africanos, causando graves crises humanitárias, econômicas e políticas e dizimando milhares de pessoas.
A África enfrenta diversos conflitos de origem étnica, religiosa e territorial que são reflexos da colonização do continente.

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