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©Biblioteca do Congresso, Washington, D. C.© Biblioteca do Co ngresso, ©Bib Washington, D. C. Livro do Professor Livro de atividades 8o. ano Volume 3 História Brasil Império: Primeiro Reinado 2 9 10 11 12 Brasil Império: Período Regencial 9 Brasil Império: Segundo Reinado 16 Brasil Império: a crise do Segundo Reinado 22 2 Brasil Império: Primeiro Reinado 9 O Período Imperial brasileiro iniciou-se em 1822, com a Proclamação da Independência por D. Pedro I, e estendeu-se até 1889, ano em que a República foi instaurada no país. O Brasil Imperial é dividido historicamente em três momentos. Política e economia Após a declaração da Independência, ocorrida em 7 de setembro de 1822, D. Pedro I tomou algumas ações para consolidar seu projeto de transformar a ex-Colônia em um grande império. Primeiro Reinado 1822-1831 Segundo Reinado 1840-1889 Período Regencial 1831-1840 Governo de D. Pedro I Governo exercido por regentes Governo de D. Pedro II Pr oc es so d e co ns ol id aç ão d o Im pé ri o Desenvolver a economia Elaborar uma Constituição Garantir a posse do território brasileiro Adquirir reconhecimento internacional Panorama histórico do Brasil no início do século XIX • Crise econômica que intensificou as desigualdades sociais. • Decadência da extração de ouro e de pedras preciosas. • Concorrência de mercadorias como o açúcar, o charque e o couro com produtos estrangeiros. • Realização de empréstimos com o governo inglês para sanar as dificuldades econômicas do novo Império. • Movimentos contra a independência nas regiões da Bahia, do Pará, do Maranhão, do Piauí, do Ceará e da Província Cisplatina (no sul do país). Mulheres brasileiras se destacaram na luta pela emancipação política do reino, como a abadessa Joana Angélica de Jesus (1782-1822), Maria Quitéria (1792-1853) e Maria Felipa (?-1873), da Província da Bahia. Reconhecimento da Independência Os Estados Unidos foram o primeiro país a reconhecer a Independência do Brasil; já os reinos europeus só o fizeram após o consentimento de Portugal. Várias negociações foram intermediadas pelos britânicos para que os portugueses reconhecessem a emancipação brasileira em agosto de 1825. 3 História – 8o. ano – Volume 3 Constituição de 1824 Em 1823, deu-se início à discussão sobre um projeto de constituição para o Império brasileiro com a abertu- ra de uma Assembleia Constituinte. Conheça o posicionamento de dois partidos políticos à época. Partido Brasileiro Partido Português • Tinha características liberais. • Defendia a supremacia do Poder Legislativo sobre o Executivo. • Defendia a autonomia das províncias. • Tinha características conservadoras. • Defendia um governo centralizado na figura de D. Pedro I. • Defendia amplos poderes ao imperador. C ar ac te rí st ic as d a Co ns ti tu iç ão d e 18 24 Criação dos poderes Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador. Este determinava a supremacia do imperador, que poderia vetar as decisões das outras instâncias. Divisão do Brasil em 18 províncias, com presidentes nomeados pelo imperador. Garantia do direito de posse das propriedades e dos escravizados adquiridos antes da Independência. Estabelecimento do catolicismo como religião oficial do reino. Instauração do voto censitário, baseado na renda dos indivíduos. Mulheres e escravizados não tinham qualquer participação política. Em 1823, para colocar fim aos desacordos entre os partidos Português e Brasileiro, D. Pedro I, de forma auto- ritária, fechou a Assembleia e encomendou uma Constituição baseada nas leis portuguesas. Como os senadores se negaram a deixar o local, o edifício foi cercado pelas tropas imperiais, acontecimento que ficou conhecido como Noite da Agonia. Com isso, a primeira Constituição do Brasil foi outorgada em 25 de março de 1824. Observe, no esquema a seguir, suas principais características. Revoltas do Primeiro Reinado Em reação às medidas centralizadoras de D. Pedro I, algumas revoltas ocorreram durante o Primeiro Reinado, demonstrando o descontentamento de alguns grupos quanto ao governo imperial. Confederação do Equador (1824) As províncias de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará não concordavam com a centralização do poder imposta por D. Pedro I. Os líderes da revolta objetivavam a criação de um novo país na região, com um regime republicano e contrário à escravidão. O movimento foi reprimido pelas tropas do governo e os líderes, Frei Caneca e Cipriano Barata, foram condenados à morte. Guerra da Cisplatina (1828) Anexada ao Brasil desde 1821, a Província Cisplatina (atual território do Uruguai) era anteriormente uma colônia espanhola. Em 1825, as Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina) propuseram negociar a posse da região, que já havia sido disputada com os brasileiros alguns anos antes. O governo brasileiro negou-se, dando início ao conflito. Após três anos de batalha, o Brasil reconheceu a derrota, abrindo mão da posse do local e contraindo uma série de dívidas. 4 Livro de atividades Cultura e sociedade Poucas mudanças ocorreram na cultura e na sociedade brasileiras após o Brasil se tornar independente de Portugal. Tendo em vista que o projeto de independência foi arquitetado pelas elites, suas estruturas sociais e culturais permaneceram praticamente as mesmas desde a chegada da Família Real em 1808. Crise e abdicação Em 1831, por causa de pressões políticas e populares, D. Pedro I abdicou do trono brasileiro. Observe a seguir os principais fatores que contribuíram para que isso ocorresse. So ci ed ad e br as ile ir a no Pr im ei ro R ei na do Elite nacional: grandes proprietários de terras, comerciantes e altos funcionários públicos. Classe média: profissionais liberais, pequenos comerciantes, militares de baixa patente, membros do baixo clero, agricultores. Trabalhadores livres: estrangeiros e ex-escravizados que vendiam sua mão de obra. Africanos escravizados. Herança portuguesa: a educação, a arte e demais aspectos culturais da sociedade brasileira foram influenciados pelas mudanças promovidas por D. João VI com a transferência da Corte portuguesa, em 1808. Cultura popular: fruto da mistura de várias etnias, apresentava grande diversidade, com influências indígenas, africanas e europeias nos costumes, nas festas, nas religiosidades, entre outros aspectos culturais. Ensino superior e educação feminina: os cursos de Direito eram os mais procurados durante o Império; porém, eram frequentados apenas por homens. As mulheres integrantes das elites recebiam uma educação baseada nos moldes das damas europeias, voltada para a vida matrimonial. Educação infantil: desenvolveu-se de forma lenta. A Constituição de 1824 previa o ensino gratuito, mas não contemplava a maneira como as instituições deveriam ensinar. Cultura no Primeiro Reinado Aumento da dívida externa, resultado dos empréstimos realizados por D. Pedro I para o financiamento da Guerra Cisplatina. Noite das Garrafadas (1831) – protestos contra o governo de D. Pedro I. Morte de D. João VI em Portugal e exigência do retorno de D. Pedro I por parte dos portugueses. Nomeação de amigos pessoais do Imperador para compor os ministérios. Abdicação do trono brasileiro por D. Pedro I. Oposição ao governo centralizador e impopularidade do Imperador por causa do apoio concedido ao Partido Português. 5 História – 8o. ano – Volume 3 1. Observe atentamente as imagens a seguir. Atividades MOREAU, François-René. A Proclamação da Independência. 1844. 1 óleo sobre tela, color., 244 cm × 383 cm. Museu Imperial, Petrópolis. AMÉRICO, Pedro. Independência ou morte! (O grito do Ipiranga). 1888. 1 óleo sobre tela, color., 415 cm × 760 cm. Museu Paulista, São Paulo. Imagem 1 Imagem 1 Ambas Imagem 2 Imagem 2 a) Preencha o diagrama com a letra dos elementos que podem ser encontrados em cada uma delas. a) Participação popular. b)Soldados. c) Habitação. d) Camponeses. e) Pessoas comemorando. f) Crianças. g) Representação de D. Pedro I. b) Aponte as diferenças e as semelhanças na forma como a Proclamação da Independência foi retra- tada nas imagens. 2. Para que o Império brasileiro fosse efetivamente consolidado, D. Pedro I teve que priorizar algumas ações voltadas à construção do país. Explique cada uma das ações tomadas, apresentando a sua importância no contexto histórico do Primeiro Reinado. a) Reconhecimento internacional: As relações internacionais, como alianças comerciais, militares e políticas, só poderiam ocorrer com o reconhecimento da independência do Brasil por parte de outros países. b) Posse do território: Para consolidar o poder político, D. Pedro I precisou lidar com os focos de oposição, que ameaçavam fragmentar o território nacional. Assim, combateu movimentos no Norte e no Nordeste do país e na Região Cisplatina, que buscava a emancipação política desde 1821. Caso os alunos tenham dúvida de como realizar esta atividade, oriente-os, inicialmente, a identificar nas imagens os elementos listados. Em seguida, eles devem preencher o diagrama com a letra relacionada ao elemento que está representado apenas em cada uma das imagens ou nas duas imagens (ambas). a, e, f b, d, g c Ambas as obras mostram uma visão idealizada da Independência do Brasil. D. Pedro I encontra-se ao centro nas duas imagens, sendo enfatizado como protagonista e herói do evento. Contudo, na imagem 1, o fato é apresentado com um caráter mais popular. Há crianças e adultos reunidos, comemorando o ocorrido. Já na imagem 2, há uma predominância de soldados armados, dispostos a lutar pela emancipação do país. Esta imagem traz um viés mais militarizado e elitista, pois os trabalhadores assistem ao aconteci- mento, mas não participam dele. © M us eu Im pe ria l, P et ró po lis © M us eu P au lis ta , S ão P au lo 6 Livro de atividades © Fil om en a M od es to O rg e c) Desenvolvimento da economia: A economia deveria ser desenvolvida para amenizar as consequências da crise econômica que assolava o Brasil na época da emancipação política. Nesse momento, a economia brasileira sofria com a concorrência no comércio do açúcar, do charque e do couro, e a extração de ouro e de pedras preciosas estava em decadência. d) Elaboração de uma constituição: Um dos aspectos essenciais para que a nova nação se formasse era a elaboração de uma constituição. No texto do documento, o governante poderia vetar as decisões de outras instâncias do poder. 3. Leia o trecho de texto a seguir. No plano internacional, os Estados Unidos reconheceram a Independência em maio de 1824. Informalmente, ela já era reconhecida pela Inglaterra, interessada em garantir a ordem da antiga Colônia. Assim, os ingleses preservavam suas vantagens comerciais em um país que, àquela altura, já era seu terceiro mercado externo. O reconhecimento formal só foi retardado porque os ingleses tentaram conseguir do Brasil a imediata extinção do tráfico de escravos. Mas, direta ou indireta- mente, servindo de mediadores no reconhecimento da nova nação por Portugal. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2010. p. 124. Com base na leitura do texto e em seus estudos, analise as alternativas e assinale a incorreta. a) Os Estados Unidos foram o primeiro país a reconhecer oficialmente a independência do Brasil. b) As relações internacionais entre Brasil e Inglaterra foram estabelecidas ainda no Período Colonial. c) A Inglaterra objetivava a extinção do tráfico de escravizados no Brasil. X d) Com base na Doutrina Monroe, os estadunidenses mediaram as relações entre Portugal e Brasil no processo de reconhecimento da independência brasileira. e) O fato de Portugal não ter reconhecido imediatamente a independência do Brasil prejudicou as relações internacionais brasileiras. 4. Durante o processo de emancipação política do território brasileiro, diversos grupos sociais manifes- taram-se a respeito, contra ela ou a favor dela. As mulheres não ficaram de fora desse processo e se posicionaram em relação aos acontecimentos políticos, atuando de diferentes maneiras. Relacione os nomes das mulheres abaixo com as respectivas atuações na Independência do Brasil. ORGE, Filomena M. Retrato de Maria Felipa de Oliveira. 1 ilustração. Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto, Salvador. FAILUTTI, Domenico. Maria Quitéria. 1920. 1 óleo sobre tela, color., 253 cm × 155 cm. Museu Paulista, São Paulo. FAILUTTI, Domenico. Retrato de Joana Angélica. 1925. 1 óleo sobre tela, color., 157 cm × 125 cm. Museu Paulista, São Paulo. ©Museu Paulista, São Paulo ©W ikim ed ia Co m m on s/ Hé lio N ob re /J os é Ro sa el /M us eu Pa uli sta da USP • Maria Felipa de Oliveira (?-1873) • Maria Quitéria (1792-1853) • Joana Angélica de Jesus (1782-1822) 7 História – 8o. ano – Volume 3 a) Considerada mártir da independência, Joana Angélica de Jesus defendeu o Convento da Lapa barrando a entrada de soldados portugueses que tentavam invadir o local. b) Maria Felipa de Oliveira foi responsável por organizar um grupo de mulheres para combater os soldados portugueses na Ilha de Itaparica, na Província de Salvador. Sua estra- tégia consistiu em embriagar os portugueses e queimar suas embarcações. c) Maria Quitéria foi a primeira mulher a integrar o Exército brasileiro, partici- pando de diversas batalhas em favor da independência. 5. Leia o trecho de texto a seguir. A posição de d. Pedro, no entanto, era ambígua. O apoio que dava ao movimento constitucio- nalista era marcado por ressalvas do tipo: “a Constituição deve ser digna do meu poder”, e assim por diante. Não é de se estranhar, portanto, que, após o 7 de setembro, as elites regionais ficassem divididas. Apoiar as cortes portuguesas significava submeter-se a um governo liberal, ao passo que acatar ao imperador implicava o risco de retorno ao absolutismo. Além disso, havia divisões nas tropas estacionadas nas diversas províncias, umas fiéis à Corte portuguesa e outras à carioca. Por isso, a independência foi seguida por uma série de guerras. No Norte e Nordeste, o processo de ruptura com Portugal esteve longe de ser tranquilo. DEL PRIORE, Mary. Uma breve história do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2010. p. 118-119. Com base na leitura do texto e em seus estudos, analise as afirmativas e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s). ( F ) A Constituição outorgada em 1824 conciliou os interesses de D. Pedro I, das elites e das cama- das populares. ( V ) A Independência do Brasil foi seguida por uma série de conflitos, movidos por grupos que não aceitavam o governo de D. Pedro I. ( V ) Ao afirmar que a Constituição deveria ser digna de seu poder, D. Pedro I pretendia estabelecer um governo centralizador. ( F ) Com exceção dos movimentos do Norte e Nordeste, o processo de Independência do Brasil foi pacífico. ( V ) As elites estavam divididas entre aqueles que apoiavam um governo liberal e aqueles que eram favoráveis a um governo centralizador. 6. (ENEM) Constituição de 1824: Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organização política, e é delegado privativa- mente ao Imperador […] para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência, equilíbrio, e harmonia dos demais poderes políticos [...] dissolvendo a Câmara dos Deputados nos casos em que o exigir a salvação do Estado. Frei Caneca: O Poder Moderador da nova invenção maquiavélica é a chave mestra da opressão da nação bra- sileira e o garrote mais forte da liberdade dos povos. Por ele, o imperador pode dissolver a Câmara dos Deputados, que é a representante do povo, ficando sempre no gozo de seus direitos o Senado, que é o representante dos apaniguados do imperador. (Voto sobre o juramento do projeto de Constituição) 8 Livro de atividades Para Frei Caneca, o Poder Moderador definidopela Constituição outorgada pelo imperador em 1824 era a) adequado ao funcionamento de uma monarquia constitucional, pois os senadores eram escolhi- dos pelo imperador. b) eficaz e responsável pela liberdade dos povos, porque garantia a representação da sociedade nas duas esferas do poder legislativo. X c) arbitrário, porque permitia ao imperador dissolver a Câmara dos Deputados, o poder representa- tivo da sociedade. d) neutro e fraco, especialmente nos momentos de crise, pois era incapaz de controlar os deputados representantes da nação. e) capaz de responder às exigências políticas da nação, pois supria as deficiências da representação política. 7. A respeito dos aspectos culturais e sociais do Primeiro Reinado, relacione as colunas. a) Educação das mulheres da elite. b) Educação dos homens da elite. c) Cultura popular. d) Educação infantil. ( a ) Recebiam educação voltada para as habilidades artísticas e para o matrimônio. ( d ) A Constituição previa que esta modalidade deveria ser gratuita, mas o processo de efetivação do ensino foi lento naquela época. ( b ) Estudavam Direito na Europa ou em escolas de ensino superior fundadas por D. João VI e D. Pedro I. ( c ) Os costumes, as músicas, as festas e demais tradições foram influenciados pela diversidade étnica e cultural da nação. 8. Observe a carta de abdicação de D. Pedro I, escrita em 1831. Com base na leitura da carta e em seus estudos, responda às questões a seguir. a) Que fatores levaram D. Pedro I a abdicar do trono brasileiro em 1831? b) D. Pedro I justifica sua decisão de abdicar do trono no documento acima? c) De acordo com a carta, quem substituiria D. Pedro I no trono? 6. Utilize a questão do Enem para relacionar os conteúdos estudados a respeito da Constituição de 1824 com as motivações de Frei Caneca, que foi acusado de ser um dos principais líderes da Confederação do Equador. Com essa atividade, é possível mostrar por que as regiões Norte e Nordeste não concordavam com o governo de D. Pedro I. • No documento, lê-se: “Usando do direito que a Constituição me concede, declaro que hei mui- to voluntariamente abdicado na pessoa de meu muito amado e prezado filho o Senhor D. Pedro de Alcântara. Boa Vista, 7 de abril de mil oitocen- tos e trinta e um, décimo da Independência e do Império. Pedro.” © Ac er vo d o M us eu Im pe ria l – Ib ra m – M in C D. PEDRO I. Carta da abdicação. 7 abr. 1831. Museu Imperial, Rio de Janeiro. a) Esperamos que os alunos mencionem que o re- torno do Imperador a Portugal ocorreu por vá- rios fatores: as revoltas separatistas, a Guerra da Cisplatina e os empréstimos feitos com a Ingla- terra agravaram a crise econômica. Também os fortes laços com o Partido Português causaram a impopularidade do governo. E, por fim, a morte de D. João VI e a pressão dos portugueses para o retorno de D. Pedro I foram o estopim da ab- dicação. b) Não. Na carta, o Imperador só notifica que abdica- ria do trono em favor do filho, sem citar as pressões que vinha sofrendo para que deixasse o posto. Quem ficaria responsável por substituir D. Pedro I em seu trono seria seu filho de 5 anos, D. Pedro de Alcântara. 9 História – 8o. ano – Volume 3 Brasil Império: Período Regencial 10 Política e economia De acordo com a Constituição de 1824, o governo deveria ficar sob a responsabilidade de três regentes até que o herdeiro atingisse a maioridade. Após a volta de D. Pedro I a Portugal, foi instituída a Regência Trina Provisória, que durou aproximadamente três meses. Em 1831, ainda no mesmo ano da abdicação do Imperador, foram realizadas eleições para a escolha de uma Regência Trina Permanente, que seria responsável por governar o país por quatro anos. Naquele período, a Câmara dos Deputados estava dividida em três grupos políticos principais. Nos anos finais do Primeiro Reinado, D. Pedro I, antes considerado o herói da Independência, passou a ser visto como tirano por diversos grupos sociais. Com a abdicação, a instabilidade política aumentou; afinal, o herdeiro do trono tinha apenas cinco anos de idade. Entre 1831 e 1840, o Brasil foi governado por regentes. Por isso, tal período ficou conhecido como Regencial. Grupos Membros Propostas Restauradores (Caramurus) Liberais Moderados (Chimangos) Liberais Exaltados (Farroupilhas) Altos funcionários da administração pública e ricos comerciantes. Ricos proprietários de terras e intelectuais. Proprietários de terras e membros das camadas médias da população. Desejavam o retorno de D. Pedro I ao Brasil e a centralização dos poderes nas mãos do monarca. Defendiam a centralização política, a integridade do território e a ordem social. Dividiam-se entre os que eram favoráveis a uma monarquia federativa e aqueles que preferiam um governo republicano. CÂMARA DOS DEPUTADOS 10 Livro de atividades Criou o Partido Progressista, que defendia o Ato Adicional (1834), voltado para a autonomia das províncias. Após a pressão das oposições, renunciou em 1835 (era previsto que ficasse até 1840). Seu governo foi marcado pela disputa política entre Progressistas e Regressistas. Revoltas como a Cabanagem e a Farroupilha ocorreram durante o período em que esteve no poder. Do Partido Regressista, manifestava-se contra o liberalismo e a autonomia das províncias. Revogou as liberdades adquiridas pelas províncias e recriou o Conselho de Estado, provocando a antipatia das elites locais. Era favorável à centralização do poder, pois acreditava que era uma maneira de controlar as rebeliões. Instituiu, em 1840, a Lei de Interpretação do Ato Adicional, que reformou o Código de Processo Penal de 1832, transferindo as atribuições dos juízes de paz para agentes nomeados pelo poder central. DIOGO ANTÔNIO FEIJÓ ARAÚJO LIMA SILVA, Oscar P. da. Retrato do padre Diogo Antônio Feijó. 1925. 1 óleo sobre tela, color., 180 cm × 180 cm. Museu Paulista, São Paulo. PEDRO de Araújo Lima. [18--]. 1 cartão, zincogravura, p&b, 13,4 cm × 9 cm. Rio de Janeiro: Livraria de J. G. de Azevedo. S R AA 11 1 P P [ zz 11 JJa d Regência Trina Permanente (1831-1834) A maior parte dos cargos de regente foi ocupada por Liberais Moderados, que, naquele momento, eram maioria na Câmara dos Deputados. Veja no esquema a seguir as principais medidas tomadas pela Regência Trina Permanente. Guarda Nacional (1831) Deveria conter as manifestações que se mostrassem contrárias às regências. Era formada por membros das classes mais altas da sociedade. Código de Processo Criminal (1832) Determinava como deveriam funcionar os processos criminais no país e concedia amplos poderes aos juízes de paz. Ato Adicional (1834) • Extinguiu o Conselho de Estado e criou as Assembleias Legislativas. • Estabeleceu o fim das Regências Trinas e determinou a criação das Regências Unas. • Declarou a cidade do Rio de Janeiro como sede do governo. Regência Una (1835-1840) O primeiro regente único a ser eleito foi o padre Diogo Feijó, em 1835. No mesmo ano, ele renunciou por causa das diversas revoltas que ocorreram contra o governo. Foi substituído por Araújo Lima. Veja a seguir as principais características dos dois governos. © W ik im ed ia C om m on s/ Hé lio N ob re / Jo sé R os ae l/M us eu P au lis ta d a US P © Fu nd aç ão B ib lio te ca N ac io na l, R io d e Ja ne iro 11 História – 8o. ano – Volume 3 Cultura e sociedade No Período Regencial, as populações se identificavam culturalmente mais com a região onde moravam do que com uma identidade nacional. Por isso, os governantes tomaram medidas para incentivar o desenvolvi- mento de uma cultura e de um sentimento pátrio. Eles acreditavam que a criação de uma identidade comum aos brasileiros era um fator essencial para a consolidação do Brasil como nação. Algumas instituições foram cria- das a fim de contemplar o ensino, a história e a memória brasileiros, como o Imperial Colégio de PedroSegundo, em 1837, além do Arquivo Nacional e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), ambos em 1838. Rebeliões As rebeliões ocorridas durante o Período Regencial tiveram motivações diversas. Havia aqueles que ques- tionavam a legitimidade do governo regencial, outros que disputavam o controle de determinada região e membros das camadas mais populares que exigiam melhores condições de vida. REBELIÃO LOCAL ANOS CAUSAS OBJETIVOS CONSEQUÊNCIAS Cabanagem Pará 1835-1840 Descontentamento com os governos local e nacional. Estabelecer um governo que melhorasse as condições de vida da população e expulsar os portugueses, considerados causadores da pobreza. Em 1840, os cabanos foram completamente derrotados pelas forças militares do governo regencial. Mais de 30 mil pessoas morreram. Rusga Mato Grosso 1834-1835 Disputa pelo poder entre a Sociedade Filantrópica e a Sociedade dos Zelosos da Independência. Solucionar a crise econômica e o consequente aumento da miséria social. O movimento foi repreendido. Enquanto alguns participantes foram presos, outros foram condenados à morte ou a trabalhos forçados. Balaiada Maranhão 1838-1840 Decadência da produção de algodão e disputa entre Liberais (bem-te-vis) e Conservadores (cabanos). Tomar o poder local, restabelecer a economia e melhorar as condições sociais. Após quase dois anos de conflito, os líderes e demais participantes dele foram reprimidos. Aproximadamente 12 mil pessoas morreram no conflito. Malês Salvador 1835 Imposição do catolicismo e maus- -tratos sofridos pelos escravizados. Acabar com a escravidão, garantir a liberdade de culto e a implantação de uma monarquia islâmica no Brasil. Os malês foram reprimidos, torturados e executados pela Guarda Nacional e pelo Exército. 12 Livro de atividades 1. Leia o texto a seguir. Atividades Determinava a Constituição em seu art. 123 que, durante a menoridade do monarca, o Império seria governado por uma Regência, à qual devia pertencer o parente mais chegado do Imperador, “segundo a ordem de sucessão e que seja maior de 25 anos”. Se não houvesse parente em tais con- dições, como era o caso de D. Pedro II, então com cinco anos de idade, a Assembleia Geral devia designar uma Regência de três membros, dos quais o mais velho seria o Presidente. NOGUEIRA, Octaciano. Constituições brasileiras: v. 1, 1824. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2012. p. 39. Assinale os elementos históricos que são possíveis de serem identificados por meio da leitura do trecho acima. ( ) Arquivo Nacional. ( X ) Regência Trina. ( ) Ato Adicional de 1834. ( ) Código de Processo Criminal de 1832. ( X ) Constituição de 1824. 2. Em 1831, foi necessário realizar eleições para a escolha da Regência Trina Permanente, que governaria o país por quatro anos. Nesse período, a Câmara dos Deputados encontrava-se politicamente divi- dida em grupos políticos, com propostas governamentais divergentes. Relacione a seguir cada grupo com sua devida proposta. REBELIÃO LOCAL ANOS CAUSAS OBJETIVOS CONSEQUÊNCIAS Sabinada Bahia 1837-1838 Não aceitação do governo regencial por parte dos liberais da Província. Tornar a Província da Bahia independente até que D. Pedro II assumisse o governo. Em 1838, após intenso conflito, o movimento foi contido. Mais de 1 300 pessoas morreram e os líderes foram mortos ou exilados. Farroupilha Rio Grande do Sul 1836-1845 Questionamento dos altos impostos e do baixo preço dos produtos estrangeiros, que concorriam com os produtos locais. Separar do Brasil a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul e implantar uma república na região. Após anos de conflito, o governo decidiu negociar com os farrapos, aumentando os impostos sobre os produtos estrangeiros e anistiando os participantes da revolta. Golpe da Maioridade Foi a medida tomada pelos deputados liberais para antecipar a maioridade de D. Pedro de Alcântara. Em 18 de julho de 1840, por causa da instabilidade provocada pelas revoltas ocorridas no Período Regencial, D. Pedro, com apenas 14 anos, foi coroado como segundo imperador do Brasil. 13 História – 8o. ano – Volume 3 Imperial Colégio de Pedro Segundo Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Biblioteca Nacional Museu Nacional Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) Arquivo Nacional a) Caramurus b) Chimangos c) Farroupilhas ( b ) Defendiam a centralização política. ( a ) Desejavam a restauração da monarquia, com o retorno de D. Pedro I. ( c ) Divergiam entre uma monarquia federativa e um governo republicano. 3. Complete o texto com as palavras do quadro. Provinciais – Constituição – Moderador – 1834 – Conselho – Assembleias – regencial O Ato Adicional de 1834 fez adições à Constituição de 1824. Determinou que o Poder Moderador não poderia ser exercido durante o governo regencial . Por meio dele, o Conselho de Estado foi suprimido, criando em seu lugar as Assembleias Legislativas Provinciais , atribuindo maiores poderes a esses órgãos. 4. A respeito da Regência Una no Brasil, analise as afirmativas e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s). ( V ) Uma das características políticas de Diogo Feijó foi o apoio à autonomia das províncias. ( V ) Durante seu governo, Araújo Lima retirou grande parte das atribuições dos juízes de paz, por meio da Lei de Interpretação do Ato Adicional, em 1840. ( F ) Araújo Lima não resistiu às pressões feitas por Progressistas e Regressistas e renunciou ao go- verno em 1835. ( V ) Para Araújo Lima, a centralização do governo era a única maneira de conter as rebeliões nas províncias. ( V ) O governo de Araújo Lima não era bem visto por alguns membros das elites locais. 5. Os movimentos de independência ocorridos durante os séculos XVIII e XIX resultaram no surgi- mento de novas nações nas Américas. Contudo, para que a unidade nacional fosse efetivamente consolidada, era preciso que cada nação tivesse uma identidade. Nesse contexto, a construção de uma memória e de uma história nacional tornou-se prioridade no âmbito político-cultural de mui- tos países. O grande desafio era reunir as diversidades culturais presentes em um mesmo território e dar-lhes uma característica comum. Considerando essas questões, assinale as opções que correspondem às instituições que foram cria- das no Brasil com esse foco durante o Período Regencial. X X X 14 Livro de atividades 6. (ACAFE – SC) Durante o Período Imperial do Brasil (1822-1889), diversas revoltas eclodiram nas províncias brasileiras. Acerca desse contexto, assinale a alternativa correta. a) A Inconfidência Mineira iniciou-se no Período Colonial e perdurou até o início do Período Impe- rial; foi um movimento tipicamente monarquista e antirrepublicano. b) A Confederação do Equador buscava restaurar o domínio português no Brasil e desejava a volta do colonialismo (pacto entre Colônia e Metrópole). c) A Revolução Farroupilha, iniciada no Rio Grande do Sul, desejava incorporar o território rio- -grandense ao Uruguai, separando-se do Brasil. X d) A Cabanagem ocorreu no Pará e, apesar de tomarem o poder, os “cabanos” tiveram dificuldades de governar e foram violentamente reprimidos pelas tropas do governo. 7. Leia o trecho de texto a seguir. Três anos após essa desenganada avaliação, a antecipação da maioridade de Pedro II foi im- plementada sem ter sido votada pelo Legislativo (mais um drible na Constituição), no que ficou conhecido como Golpe da Maioridade. Foi uma solução ansiada por grupos dirigentes que, assim, buscavam retomar a coesão perdida. O início do segundo Reinado equivalia à restauração da ple- nitude monárquica, cujo prestígio estivera abalado durante os últimos nove anos. MOREL, Marco. O período das regências. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. p. 68. Com base na leitura do texto e em seus estudos, faça o quese pede a seguir. a) Por que o momento em que D. Pedro II se tornou imperador ficou conhecido como Golpe da Maioridade? Segundo a Constituição de 1824, D. Pedro II não poderia ser coroado, pois ainda era considerado menor de idade. De acordo com esse documento, o príncipe regente só alcançaria a maioridade aos 18 anos de idade. Em 1840, uma medida antecipou a coroação do imperador, que tinha 14 anos na época. b) Justifique esta afirmação: “O início do segundo Reinado equivalia à restauração da plenitude monárquica”. Desde o final do governo de D. Pedro I, o sistema monárquico encontrava-se abalado pela crise política e econômica. Várias regiões do país não aceitavam o sistema regencial, o que fez com que as revoltas contra o governo aumentassem em uma proporção in- controlável. O estabelecimento de uma nova monarquia, na figura de D. Pedro II, atendia ao desejo de alguns grupos da elite, que acreditavam que a instabilidade acabaria se tivessem um imperador novamente. coesão: unidade. 15 História – 8o. ano – Volume 3 8. Observe a imagem a seguir com atenção. BUVELOT, Abraham-Louis; MOREAU, Louis-Auguste. Coroação e sagração de D. Pedro II no Largo do Paço. 1841. 1 litografia aquarelada, color., 41 cm × 56 cm. Museu Imperial, Rio de Janeiro. Com base na imagem e em seus conhecimentos sobre o Período Regencial, assinale a alternativa correta. a) Os artistas retrataram o povo distante do Paço para mostrar que D. Pedro II não tinha muita popularidade. b) O Rio de Janeiro foi representado cercado por morros para transmitir a ideia de uma cidade pe- quena e interiorana. c) A presença de um grande número de soldados revela que D. Pedro II foi coroado por força militar, contra a vontade do povo. d) Mesmo em cerimônias públicas, não se viam mulheres nas ruas, que eram obrigadas a ficar reclu- sas em suas casas. X e) Os artistas destacaram a presença de uma multidão na coroação de D. Pedro II com a finalidade de ressaltar o desejo de alguns grupos pelo fim do Período Regencial. 9. A respeito do Período Regencial, assinale a alternativa correta. a) Ocorreu a fragmentação territorial do Império. b) Foi marcado pelo entendimento e pela conciliação entre os partidos políticos. c) Ocorreu a abolição da escravidão. X d) Foi marcado por grandes disputas políticas e descontentamentos em diversas regiões do Brasil. e) Foi o período de governo de D. Pedro II. © Ac er vo d o M us eu Im pe ria l – Ib ra m – M in C 16 Livro de atividades 11 Brasil Império: Segundo Reinado A sociedade brasileira acompanhou grande parte da vida de D. Pedro II, da sua infância até a sua velhice. Observe, nas imagens a seguir, o crescimento do Imperador responsável pelo governo de maior duração no Brasil, iniciado em 1840, com o Golpe da Maioridade, até a Proclamação da República, em 1889. PALLIÈRE, Arnaud J. D. Pedro II, menino. [ca. 1831]. 1 óleo sobre tela, color., 45 cm × 39 cm. Museu Imperial, Petrópolis. • D. Pedro de Alcântara aos 5 anos de idade TAUNAY, Félix-Émile. Retrato de sua majestade, o Imperador D. Pedro II. 1835. 1 óleo sobre tela, color., 202,5 cm × 131,4 cm. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. • D. Pedro aos 12 anos de idade BUVELOT, Louis. Imperador D. Pedro por volta dos 25 anos. [ca. 1851]. 1 fotografia, p&b. In: LAGO, Bia C. do. Os fotó- grafos do Império: a fotografia brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2005. • D. Pedro II aproximada- mente aos 25 anos de idade BRADY, Mathew; HANDY, Levin C. D. Pedro II do Brasil. [ca. 1870-1880]. 1 fotografia, p&b. Divisão de Impressos e Fotografias da Biblioteca do Congresso, Washington, D.C. • D. Pedro II aproximada- mente aos 46 anos de idade Política A política no Segundo Reinado foi marcada pelo antagonismo de dois partidos: Liberal e Conservador. Observe o esquema a seguir. Partidos Membros Ideais políticos Liberal (Proveniente do Partido Progressista) Grandes proprietários de terras, em sua maioria da região Centro-Sul do país, e membros da classe média urbana. Buscavam a descentralização do poder político. Conservador (Proveniente do Partido Regressista) Grandes proprietários rurais, em geral das regiões Norte e Nordeste, grandes comerciantes e funcionários do alto escalão do governo. Buscavam a centralização do poder político. © M us eu Im pe ria l, P et ró po lis © M us eu N ac io na l d e Be la s A rte s, Ri o de Ja ne iro © W ik im ed ia C om m on s © Bi bl io te ca d o Co ng re ss o, W as hi ng to n, D .C . 17 História – 8o. ano – Volume 3 Eleições de 1840: após ser coroado imperador, D. Pedro II convocou eleições para compor a Câmara dos Deputados. O episódio ficou conhecido pela violência entre Liberais e Conservadores, por isso o nome de “elei- ções do cacete”. A vitória dos Liberais gerou descontentamento entre os Conservadores, que acusaram fraude no processo. Com isso, o Imperador utilizou o Poder Moderador para anular a eleição e nomear um ministério com- posto somente de membros do Partido Conservador. A atitude de D. Pedro II provocou revoluções em São Paulo e em Minas Gerais em 1842, que reivindicavam o fim do ministério conservador e a deposição dos presidentes de Província nomeados pelo Imperador. Os líderes de ambas as revoltas foram presos pelas tropas imperiais. Parlamentarismo O parlamentarismo instituído no Brasil funcionava de maneira diferente daquele implementado na Inglaterra. Por isso, foi denominado “parlamentarismo às avessas”. Revolução Praieira (1848) O governo se organizava de maneira centralizada e priorizava certos grupos políticos, o que causou descon- tentamento na população. Em 1848, na Província de Pernambuco, a oposição dos Liberais aos Conservadores que estavam no poder gerou uma luta armada, que ficou conhecida como Revolução Praieira. REVOLUÇÃO PRAIEIRA (1848) Grupo Causas Resolução Liberais • A incompatibilidade da posição política entre Liberais e Conservadores. • A substituição do governo central feita pelo Imperador, que destituiu os Liberais do poder em virtude de um governo conservador. D. Pedro II passou a distribuir os gabinetes de forma mista, contemplando ambos os partidos. Parlamentarismo brasileiro Parlamentarismo brasileiro O imperador poderia usar o Poder Moderador para destituir o presidente do Gabinete. D. Pedro II nomeava o presidente do Conselho dos Ministros (Gabinete). Eram convocadas as eleições para a Câmara dos Deputados. O presidente do Gabinete e o imperador nomeavam os membros do Gabinete. 18 Livro de atividades Economia No Segundo Reinado, o café se tornou o principal pro- duto da economia brasileira. A cultura cafeeira alavancou as relações comerciais internacionais do país. Nesse perío- do, foi crescente o número de trabalhadores imigrantes assalariados; porém, a mão de obra escrava ainda era pre- sente e significativa. O plantio de café estendia-se do Vale do Paraíba até o Oeste Paulista. Surto de industrialização As relações comerciais com a Inglaterra no Primeiro Reinado e no Período Regencial limitavam o desen- volvimento da indústria e do mercado brasileiros, que era abastecido por produtos estrangeiros. No Segundo Reinado, contudo, com a Tarifa Alves Branco, ocorreu um surto de industrialização, que alavancou o desen- volvimento urbano e econômico do país. Tarifa Alves Branco (1844) Aumentou os impostos sobre produtos estrangeiros. As tarifas alfandegárias de mercadorias vindas da Inglaterra, por exemplo, variavam entre 20 e 60%. Tal medida acelerou o processo de industrialização do Brasil. Cultura e sociedade O panorama cultural e social do Brasil mudou de forma significativa com as transformações políticas do Segundo Reinado. Acompanhe os elementos que caracterizaram esse período no organograma a seguir. Cotidiano nos centros urbanos As medidas adotadas por D. Pedro II para a recuperação da economia, como o incentivo ao comércioe à industrialização, repercutiram no desenvolvimento dos centros urbanos. A modernização foi notável tanto na arquitetura quanto na cultura, que se baseavam nas tendências europeias do século XIX. O CAFÉ: uma moeda forte para o país. [ca. 1915]. 1 fotografia, p&b. Museu da Imigração, São Paulo. Proibição do tráfico de escravizados (1850) Concentração de terras nas mãos dos latifundiários Aumento do tráfico interno Presença de imigrantes nas fazendas de café Escassez de mão de obra Incentivo à vinda de imigrantes europeus para o Brasil A Lei de Terras, de 1850, impossibilitava os imigrantes de comprar terras nos três primeiros anos no Brasil © M us eu d a Im ig ra çã o/ Ar qu iv o Pú bl ic o do E st ad o de S ão P au lo 19 História – 8o. ano – Volume 3 Atividades 1. A respeito do contexto histórico do início do Segundo Reinado, complete o texto com as palavras do quadro abaixo. VIOLÊNCIA – CENTRALIZAÇÃO – MAIORIDADE – LIBERAL – CACETE – POLÍTICA – CONSERVADOR – DEPUTADOS O Governo de D. Pedro II iniciou-se com o Golpe da Maioridade , movimento apoia- do pelo Partido Liberal , opositor do Partido Conservador , e contrá- rio à centralização do poder. Após assumir o cargo, o Imperador convocou eleições para os membros da Câmara dos Deputados . As eleições de 1840, chamadas de “eleições do cacete ”, foram responsáveis por instaurar uma grave crise política , marcada pela violência e pela intolerância entre Liberais e Conservadores. 2. Observe a imagem a seguir. Com base na imagem e em seus estudos, analise as afirmativas a seguir. I. As armas atrás das caixas de cédulas satirizam a violência entre Liberais e Conservadores nas cha- madas “eleições do cacete”. II. As caixas de cédulas representam a compra e a falsificação de votos nas eleições de 1840. III. A frase “não se fia”, na parte superior da imagem, demonstra que o processo de votação não era confiável. De acordo com a análise das afirmativas, assinale a alternativa correta. X a) Todas as afirmativas estão certas. b) Todas as afirmativas estão erradas. c) Apenas as afirmativas I e II estão certas. d) Apenas as afirmativas I e III estão certas. e) Apenas as afirmativas II e III estão certas. © Fu nd aç ão B ib lio te ca N ac io na l, R io d e Ja ne iro AGOSTINI, Ângelo. Bazar eleitoral. 1 charge. In: O CABRIÃO. 1867. São Paulo. • A charge refere-se às eleições de 1840 20 Livro de atividades 3. Leia o trecho de texto a seguir. A Revolução Liberal, de 1842, em São Paulo e Minas Gerais, liderada por Teófilo Otoni e o padre Feijó, foi dura e legitimamente sufocada. O radicalismo da Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul, foi finalmente reprimido em 1845. Em 1848, a Revolução Praieira, em Pernambuco, foi “pacificada” e fechou-se, assim, definitivamente, o turbulento período regencial. O sábio impe- rador, apesar de 1842 e 1848, magnânimo, ainda chamou os liberais ao governo, exigindo deles “mais tolerância e amor ao Brasil”. O parlamentarismo copiado da Inglaterra deu ao país um largo período de tranquilidade. O imperador estabeleceu uma política de alternância dos partidos no governo e a nossa vida política passou do partidarismo à conciliação, da intransigência à tolerância. REIS, José C. As identidades do Brasil 2: de Calmon a Bonfim – a favor do Brasil: direita ou esquerda? Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2006. p. 74. Com base na leitura do texto e em seus estudos, analise as afirmativas e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s). ( F ) O parlamentarismo brasileiro copiou o parlamentarismo inglês em todas as instâncias políticas. ( V ) Algumas lutas separatistas que se originaram no Período Regencial se estenderam até o Segun- do Reinado. ( F ) As medidas tomadas por D. Pedro II em relação à Revolução Praieira não foram eficazes no apaziguamento dos conflitos entre Conservadores e Liberais. ( F ) O Império não conseguiu conter a Revolução Liberal de 1842, o que gerou mais rivalidades entre Liberais e Conservadores, resultando na Revolução Praieira. ( V ) A política de alternância adotada por D. Pedro II não eliminou as desavenças entre Liberais e Conservadores; porém, garantiu maior estabilidade política. 4. Assinale a alternativa que apresenta uma diferença entre os parlamentarismos brasileiro e inglês. a) A figura descentralizadora do Poder Moderador. b) A conciliação das propostas conservadoras e liberais. c) A ampla participação popular. X d) A sujeição ao Poder Moderador. e) As eleições para o Parlamento. 5. Leia o trecho de texto a seguir. O surto de industrialização gerado no Segundo Reinado foi muito mais fruto da capacidade empreendedora de um homem, Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), o barão de Mauá, que de uma política industrial. Inspirado no modelo inglês, e auxiliado pelos capitais britânicos, Mauá procurou edificar inúmeras empresas que atuavam nos mais diversos campos, da iluminação pú- blica aos transportes, passando por uma rede bancária que chegava ao Uruguai e à Argentina. O orçamento de suas empresas chegou a ser maior que o do Estado brasileiro, mas, como iniciativa isolada, não vingou, em um país agrário, escravocrata e extremamente estatizado. BRAGA, Marco. Breve história da ciência moderna, v. 4: a belle-époque da ciência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. p. 166. Conforme a leitura do texto e seus estudos, assinale a alternativa correta. a) O surto industrial que ocorreu no Segundo Reinado não teve apoio da iniciativa privada. b) O desenvolvimento agrícola contribuiu para a industrialização, uma vez que os produtos necessi- tavam de embalagens para serem exportados. 21 História – 8o. ano – Volume 3 c) O surto industrial foi responsável por extinguir a monocultura brasileira do café, tendo em vista que o comércio urbano se fortaleceu nesse período. d) O Barão de Mauá foi responsável por elevar o orçamento brasileiro, com base em suas políticas públicas industriais. X e) O surto industrial foi fruto da iniciativa privada, responsável por proporcionar maior infraestrutu- ra urbana, porém voltada para o desenvolvimento agrário. 6. Na segunda metade do século XIX, intensificou-se a imigração europeia no Brasil. Considerando seus conhecimentos a respeito do assunto, disserte sobre quais foram os principais fatores internos que contribuíram para que as autoridades estimulassem a vinda de imigrantes. 7. Complete a cruzadinha a seguir a respeito das políticas de incentivo à imigração e à produção cafeei- ra no Brasil do século XIX. a) As leis que proibiram o tráfico de escravizados no Brasil provocaram o aumento do chamado tráfico interno . b) As políticas de incentivo aos imigrantes europeus tinham por objetivo solucionar o problema da escassez de mão de obra . c) Ao chegar ao Brasil, muitas famílias europeias contraíram dívidas quase impagáveis com os fazendeiros. d) Uma das estratégias do governo brasileiro para atrair novos trabalhadores foi investir em propagandas no exterior. e) A Lei de Terras impossibilitava os imigrantes de adquirir propriedades nos três pri- meiros anos de permanência no Brasil. f) A maioria dos imigrantes que vieram ao Brasil, durante o Segundo Reinado, estabeleceram-se em fazendas de café no Oeste Paulista . g) A Lei de Terras reforçou a concentração das terras produtivas nas mãos da elite, como previa a Constituição de 1824. h) Diferentemente do que ocorreu no Oeste Paulista, os estados da Região Sul incentivaram a pre- sença de imigrantes por meio da doação de terras, com o intuito de estimular a agricultura de subsistência. i) A economia cafeeira foi responsável pelo enriquecimento dos proprietários rurais. a) I N T E R N O b) M Ã O D E O B R A c) D Í V I D A S d) P R O P A G A N D A S e) T E R R A S f) P A U L I S T A g) C O N S T I T U I Ç Ã O h)D O A Ç Ã O i) E N R I Q U E C I M E N T O 6. Esperamos que os alunos relacio- nem as transformações políticas e o fim do tráfico de escravizados com a busca por novos tipos de mão de obra para suprir as demandas da cul- tura cafeeira. Devem ser citados os incentivos governamentais para a vin- da de imigrantes e a Lei de Terras, de 1850, que limitava a condição destes no país. 22 Livro de atividades Brasil Império: a crise do Segundo Reinado 12 Da Proclamação da Independência (1822) até o reinado de D. Pedro II, o Brasil passou por um intenso pro- cesso de transformação de suas estruturas sociais, políticas e econômicas. Política externa Durante o Segundo Reinado, o Brasil adotou uma política de intervenção militar na Bacia do Rio da Prata. A finalidade era evitar que outros governos assumissem o controle do local, pois era uma importante rota de aces- so ao Sul e ao Centro-Oeste brasileiros. Segundo algumas versões, essa política também atendia aos interesses ingleses na região, que era utilizada como rota comercial. Uma das ameaças à região foi o governo de Juan Manuel de Rosas, na Argentina, que foi deposto após enfrentar brasileiros, uruguaios e argentinos contrários a seu governo. Em 1856, brasileiros e argentinos assinaram o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação. Guerra do Paraguai (1864-1870) As constantes disputas entre brasileiros e paraguaios pela região do Rio da Prata, boa parte localizada no Uruguai, deram origem a um conflito de grandes proporções, que ficou conhecido como Guerra do Paraguai. G U ER R A D O P A R A G U A I O conflito terminou com a derrota de Solano López, em 1869. Brasil Os rios da região da Prata facilitavam o deslocamento do Rio de Janeiro até a Província de Mato Grosso. Em 1864, as tropas brasileiras invadiram o Uruguai, alegando que os limites territoriais estavam sendo desrespeitados. A navegação pelos rios era a única forma de levar produtos até o mar. Em resposta à invasão de 1864, o navio brasileiro Marquês de Olinda foi aprisionado. Paraguai Brasil, Argentina e Uruguai se uniram, formando a Tríplice Aliança. A Inglaterra realizou empréstimos à Tríplice Aliança. O Paraguai perdeu a Batalha de Riachuelo (1865), ficando sem abastecimento. Paraguaios invadiram as províncias de Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Solano López declarou guerra ao Brasil e à Argentina. 23 História – 8o. ano – Volume 3 O fim do conflito trouxe graves consequências a todos os países envolvidos. Brasil, Argentina e Uruguai contraíram grandes dívidas com a Inglaterra. Contudo, o país mais prejudicado foi o Paraguai, que teve aproxi- madamente 176 mil mortos e não conseguiu recuperar o desenvolvimento social e econômico que tinha antes da guerra. Movimento abolicionista A Guerra do Paraguai (1864-1870) contribuiu para que ideias republicanas e abolicionistas influenciassem os militares brasileiros. Veja no esquema a seguir os principais elementos que caracterizam esse contexto. Manifestações contrárias à escravidão por parte de diversos grupos sociais. Resposta à Tarifa Alves Branco, que taxava os produtos estrangeiros. Assegurava liberdade aos filhos de escravizadas nascidos após 1871. Ingleses poderiam aprender embarcações e julgar capitães que estivessem traficando escravizados. Proibia a entrada de novos escravizados no país. Decretava a libertação de escravizados com mais de 65 anos. Decretava o fim da escravidão no Brasil. Questão indígena durante o Império Brasileiro Leia a seguir algumas questões relacionadas aos grupos indígenas no contexto do Brasil imperial. Clubes abolicionistas Lei Eusébio de Queirós (1850) Lei dos Sexagenários (1885) (Lei inglesa) Bill Aberdeen (1845) Lei do Ventre Livre (1871) Lei Áurea (1888) • As imposições culturais europeias sobre os povos nativos, iniciadas no período da colonização, acentua- ram-se no Período Imperial. • A Constituição de 1824 não estabeleceu direitos para os povos indígenas. • O estabelecimento de novas lavouras no interior do Brasil prejudicou muitos grupos indígenas, que se viram obrigados a deixar seus locais de moradia. • Em 1845, o Regulamento das Missões de Catequese e Civilização dos Índios buscou integrar os indígenas na sociedade brasileira de maneira forçada, sem respeitar suas diferenças culturais. • Em 1850, a promulgação da Lei de Terras, que tinha o objetivo de organizar a ocupação fundiária, agra- vou ainda mais a situação dos indígenas no país. M O V IM EN TO A BO LI C IO N IS TA 24 Livro de atividades Questão religiosa Outra questão que colocou o reinado de D. Pedro II em crise foi o conflito com a Igreja Católica. Segundo a Constituição de 1824, o catolicismo era a religião oficial da nação e o Imperador tinha o poder de vetar ou autorizar as decisões papais em território brasileiro (Beneplácito). Cabia ainda ao Imperador indicar candidatos a bispo e a outros postos dentro da Igreja (Padroado). Questão militar Militares brasileiros entraram em contato com ideias republicanas na Guerra do Paraguai. Surgimento de partidos políticos republicanos a partir de 1870. Militares destituíram o ministro Visconde de Ouro Preto em 1889. Proclamação da República pelos militares em 1889. O Marechal Deodoro da Fonseca tornou-se o primeiro presidente. Em seguida, a família imperial foi exilada. Atividades 1. (ENEM) Substituiu-se então uma história crítica, profunda, por uma crônica de detalhes onde o patrio- tismo e a bravura dos nossos soldados encobrem a vilania dos motivos que levaram a Inglaterra a armar brasileiros e argentinos para a destruição da mais gloriosa república que já se viu na América Latina, a do Paraguai. CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: a Guerra do Paraguai. São Paulo: Brasiliense, 1979 (adaptado). O imperialismo inglês, “destruindo o Paraguai, mantém o status quo na América Meridional, impedindo a ascensão do seu único Estado economicamente livre”. Essa teoria conspiratória vai contra a realidade dos fatos e não tem provas documentais. Contudo essa teoria tem alguma repercussão. DORATIOTO, F. Maldita guerra: nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002 (Adaptado). Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra que ambas estão refletindo sobre a) a carência de fontes para a pesquisa sobre os reais motivos dessa Guerra. b) o caráter positivista das diferentes versões sobre essa Guerra. c) o resultado das intervenções britânicas nos cenários de batalha. X d) a dificuldade de elaborar explicações convincentes sobre os motivos dessa Guerra. e) o nível de crueldade das ações do exército brasileiro e argentino durante o conflito. Aproveite essa questão do Enem para retomar as outras versões a respeito da Guerra do Paraguai. Explique aos alunos a importância de ana- lisar um evento histórico por diferentes pontos de vista. 25 História – 8o. ano – Volume 3 2. A obra de Ângelo Agostini representa um dos Voluntá- rios da Pátria que se alistaram para defender o Brasil na Guerra do Paraguai. Em relação aos soldados escraviza- dos, assinale a alternativa correta. a) Todos os escravizados que lutaram pelo Brasil foram alforriados. b) Os soldados escravizados, além de alforriados, foram promovidos a altos postos do Exército. X c) A promessa feita a alguns escravizados que lutaram, de que receberiam a alforria ao retornar, não foi cum- prida pelo governo brasileiro. d) Os soldados escravizados desertaram e fugiram para a Argentina. e) O Exército brasileiro não aceitou que escravizados se voluntariassem para defender o Brasil na Guerra do Paraguai. 3. (ENEM) Negro, filho de escrava e fidalgo português, o baiano Luiz Gama fez da lei e das letras suas armas na luta pela liberdade. Foi vendido ilegalmente como escravo pelo seu pai para cobrir dívidas de jogo. Sabendo ler e escrever, aos 18 anos de idade conseguiu provas de que havia nascido livre. Autodidata, advogado semdiploma, fez do direito o seu ofício e transformou-se, em pouco tempo, em proeminente advogado da causa abolicionista. AZEVEDO, E. O Orfeu de carapinha. In: REVISTA de História. Ano 1, n. 3, Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, jan. 2004 (adaptado). A conquista da liberdade pelos afro-brasileiros na segunda metade do século XIX foi resultado de importantes lutas sociais condicionadas historicamente. A biografia de Luiz Gama exemplifica a a) impossibilidade de ascensão social do negro alforriado em uma sociedade escravocrata, mesmo sendo alfabetizado. X b) extrema dificuldade de projeção dos intelectuais negros nesse contexto e a utilização do Direito como canal de luta pela liberdade. c) rigidez de uma sociedade, assentada na escravidão, que inviabiliza os mecanismos de ascensão social. d) possibilidade de ascensão social, viabilizada pelo apoio das elites dominantes, a um mestiço filho de pai português. e) troca de favores entre um representante negro e a elite agrária escravista que lhe outorgara o direito de advogar. 4. Leia o trecho de texto a seguir. A Lei tinha a seguinte estrutura: primeiramente foi decretado que os filhos de escravos nascidos após 28 de setembro de 1871 seriam livres. Estas crianças permaneceriam sob os cuidados dos donos, que, por sua vez seriam obrigados a cuidar delas e educá-las até o oitavo ano de vida. SZMRECSÁNYI, Tamás; LAPA, José R. do A. História econômica da Independência e do Império. São Paulo: Edusp, 2002. p. 79. AGOSTINI, Ângelo. De volta do Paraguai. 1 ilustração. A vida fluminense, n. 128, jun. 1870. © W ik im ed ia C om m on s 26 Livro de atividades Com base na leitura do texto e em seus conhecimentos, assinale a alternativa que corresponde à lei descrita no texto. a) (Lei) Bill Aberdeen, de 1845. b) Lei Eusébio de Queiroz, de 1850. X c) Lei do Ventre Livre, de 1871. d) Lei dos Sexagenários, de 1885. e) Lei Áurea, de 1888. 5. A respeito da questão indígena no Segundo Reinado, assinale as alternativas incorretas. a) A Constituição de 1824 não contemplava os direitos dos povos indígenas. b) Grande parte das políticas públicas voltadas para os povos nativos estava ligada às instituições religiosas. X c) A Lei de Terras contribuiu para garantir o direito dos indígenas sobre suas terras. d) No Segundo Reinado, acentuaram-se as imposições culturais e as tentativas de “civilizar” os gru- pos indígenas, ações que foram iniciadas ainda no período da colonização. X e) A vinda de imigrantes europeus para trabalhar nas lavouras de café não influenciou as políticas governamentais voltadas aos indígenas. 6. Observe a charge a seguir. Com base na charge e em seus conhecimentos, responda às questões propostas a seguir. a) Quem são os personagens representados na imagem? b) Identifique o prato de cada personagem. O que eles representam no contexto imperial brasileiro? c) De que forma a charge satiriza a relação entre o Papa e o Imperador? O prato do papa Pio IX, Syllabus, não combina com o prato do Imperador, a Constituição. A bula papal proibia a participação de membros da maçonaria nas paróquias e na Igreja. Contudo, o Imperador tinha o poder de vetar ou desautorizar as determinações papais, fazendo com que elas não valessem no Brasil. Isso justifica as expressões dos personagens na charge, que apontam para seus pratos como se quisessem impor suas vontades um ao outro. DOM Pedro II e o Papa Pio IX e a questão religiosa. [ca. 1870]. 1 charge, p&b. • Na charge, lê-se “Sua Majestade aproveitou a ocasião para, não desfazendo do maca- roni do Papa, fazer valer as vantagens e excelência de uma boa feijoada”. Em um dos pratos, lê-se "Constituição Brasileira" e, no ouro, lê-se "Syllabus" © Fu nd aç ão B ib lio te ca N ac io na l, R io d e Ja ne iro b) O prato do imperador é a Constituição de 1824, representada pela feijoada, e o do papa, a Bula Syllabus, representada pelo macaroni. Eles simbo- lizam o impasse entre as decisões papais e as imperiais no contexto do Segundo Reinado, no qual o Imperador busca fazer valer “as vantagens e excelên- cia de uma boa feijoa- da”, ou seja, as vonta- des imperiais acima das decisões da Igreja. D. Pedro II e o papa Pio IX.
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