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Resinas Bulk-fill

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
CURSO DE ODONTOLOGIA 
DEPARTAMENTO DE PRÓTESE DENTÁRIA 
DISCIPLINA DE ODONTOLOGIA RESTAURADORA CLÍNICA I 
 
 
ANA MARIA DE ALMEIDA RAMOS 
ARTHUR SEGATTO LUBIANA 
CARLOS ALBERTO MATOS NETO 
ISABELA SILVEIRA TRANNIN 
MANUELLA SOUSSA BRAGA 
MATHEUS JORDÃO MACHADO 
 
 
 
 
 
 
RESINAS BULK-FILL 
 
 
 
 
 
 
 
VITÓRIA – ES 
2019 
ANA MARIA DE ALMEIDA RAMOS 
ARTHUR SEGATTO LUBIANA 
CARLOS ALBERTO MATOS NETO 
ISABELA SILVEIRA TRANNIN 
MANUELLA SOUSSA BRAGA 
MATHEUS JORDÃO MACHADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESINAS BULK-FILL 
 
Trabalho apresentado à disciplina de 
Odontologia Restauradora Clínica I do 
curso de Odontologia da Universidade 
Federal do Espírito Santo como 
requisito para avaliação teórica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
VITÓRIA – ES 
2019 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO 
2 PROPRIEDADES E CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS RESINAS 
RESINAS COMPOSTAS 
3 RESINAS BULK-FILL 
3.1 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS RESINAS BULK-
FILL PRESENTES NO MERCADO 
3.2 TENSÃO DE POLIMERIZAÇÃO 
3.3 PROFUNDIDADE DE POLIMERIZAÇÃO 
3.4 TRANSLUCIDEZ 
3.5 PROPRIEDADES MECÂNICAS 
3.6 EVIDÊNCIAS CLÍNICAS 
4 RELATO DE CASO 
4.1 PROTOCOLO RESTAURADOR PARA SEGUNDO PRÉ-MOLAR 
SUPERIOR DIREITO – TÉCNICA BULK-FILL 
4.2 PROTOCOLO RESTAURADOR PARA PRIMEIRO MOLAR INFERIOR 
ESQUERDO – TÉCNICA SANDUÍCHE 
5 ESTUDOS DE CASO 
5.1 ANÁLISE DE CONTRAÇÃO DE POLIMERIZAÇÃO, PROFUNDIDADE DE 
POLIMERIZAÇÃO E FORMAÇÃO DE GAP EM RESINAS BULK-FILL 
5.2 DEMONSTRAÇÃO DA TÉCNICA RESTAURADORA DE RESINA BULK-
FILL EM MOLAR PERMANENTE 
5.3 EFEITO DO MÉTODO DE POLIMERIZAÇÃO NA PROFUNDIDADE DE 
POLIMERIZAÇÃO DE COMPÓSITOS BULK-FILL 
6 CONCLUSÃO 
REFERÊNCIAS 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Com a finalidade de atender as necessidades estéticas da atual 
odontologia restauradora, as resinas compostas têm sido amplamente 
utilizadas em restaurações diretas, substituindo o amálgama de prata. Tal fato 
se dá pela capacidade de assemelhar-se precisamente às características 
ópticas do dente, bem como possibilidade de aplicação clínica dada pela 
adesividade e à sua capacidade de adaptação aos tecidos dentais (FERREIRA, 
A.B; NETO, E.F., 2017). 
Ainda assim, a utilização das resinas compostas apresenta desafios que 
interfere no desempenho clínico desse grupo de material, como o tempo clínico 
utilizado para a sua inserção, por exemplo. Tal característica, por sua vez, é 
influenciada pela técnica de inserção incremental utilizada no procedimento 
restaurador (FERREIRA, A.B; NETO, E.F., 2017). 
A técnica incremental consiste na inserção da resina composta em 
pequenos incrementos e vem sendo avaliada como padrão ouro em estudos 
laboratoriais (FERREIRA, A.B; NETO, E.F., 2017). Devido à limitada 
profundidade de polimerização da maioria dos compósitos convencionais e a 
alta contração de polimerização dos mesmos, é comum que tenha que se 
colocar sempre camadas muito finas de material (VAN ENDE, A. et al, 2017). 
Já a contração de polimerização é a principal desvantagem do uso de 
compósitos, pois cria tensões entre o dente e a restauração, levando a falhas 
na interface adesiva, microgaps e deflexão da cúspide. As tensões resultantes 
dessa contração podem se manifestar clinicamente como hipersensibilidade, 
pulpite, cáries secundárias e microfissuras de esmalte, reduzindo a 
longevidade das restaurações. (VASCONCELOS, R. et al, 2019). 
No esforço para reduzir o estresse de contração, foi indicado que as 
resinas compostas devem ser inseridas na cavidade em incrementos de 2 mm 
de espessura máxima (a técnica incremental). Por meio dessa técnica, um 
menor número de paredes é unido, diminuindo o fator de configuração da 
cavidade, conhecido como fator C. No entanto, o método de inserção 
incremental apresenta algumas desvantagens, como a possibilidade de 
incorporação de bolhas de ar, falhas na aderência e contaminação entre os 
incrementos, além de necessitar de maior tempo clínico para realização da 
restauração. (VASCONCELOS, R. et al, 2019). 
Existia uma tendência mundial na procura de uma alternativa mais 
prática, como amálgama, para o preenchimento mais rápido da cavidade, mas 
associado com a praticidade e vantagens estruturais e das propriedades das 
resinas. A respeito disso, a ideia de preencher a cavidade em massa tem 
vantagens: menor tempo de procedimento (consequentemente menor 
probabilidade de erros na técnica), evitando a incorporação e contaminação 
entre os incrementos de resina. Outras propriedades também são desejáveis 
como: auto-adesão (evitando uso de adesivos ou preparos cavitários com 
geometria específica), boa resistência a fratura e estabilidade dimensional, 
além da baixa contração de polimerização e alta profundidade de 
polimerização. (VAN ENDE, A. et al, 2017). 
Diante disso, com o intuito de resolver o problema da contração de 
polimerização e consequente técnica incremental, surgiram no mercado as 
resinas bulk-fill ou resinas de preenchimento único (CANEPPELE, T.M.F; 
BRESCIANE, E., 2016). Tal grupo possibilita a inserção do material na 
cavidade dental em incremento único, resultando na diminuição do tempo 
clínico do procedimento e, portanto, tornando-o mais confortável para o 
paciente e o profissional (FERREIRA, A.B; NETO, E.F., 2017). 
 
 
 
 
 
 
 
2 PROPRIEDADES E CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS RESINAS 
COMPOSTAS 
Estruturalmente, as resinas compostas são constituídas de uma matriz 
orgânica, matriz inorgânica e o agente de união silano. A matriz orgânica é 
composta por bisfenol glicidil metacrilato (Bis-GMA) ou poliuretano. Por esses 
compostos apresentarem uma alta viscosidade, foram adicionados monômeros 
que possuem baixa viscosidade, o trietilenoglicol dimetacrilado (TEGMA) e o 
etilenoglicol dimetacrilato (EDGMA), por serem mais flexíveis. A composição e 
a versatilidade da matriz orgânica têm influência na polimerização, no grau de 
conversão de monômeros em polímeros, na viscosidade do material e na 
absorção de água (FERREIRA, A.B; NETO, E.F., 2017). 
A matriz inorgânica, por sua vez, é constituída por partículas de carga, 
que têm como principal objetivo ampliar a resistência do material e pode 
influenciar em diversas propriedades, tais como dureza, o nível de expansão 
térmica, a absorção de água, brilho, o módulo de elasticidade e a resistência à 
fratura. Além disso, a quantidade de partículas inorgânicas presente no 
material está intimamente relacionada à penetração da luz e, 
consequentemente, à profundidade de polimerização (FERREIRA, A.B; NETO, 
E.F., 2017). 
As propriedades físico-químicas ideais das resinas compostas são 
alcançadas levando em consideração o seu grau de conversão, sendo este a 
quantidade de monômeros resinosos sensibilizados no processo de 
polimerização e convertidos em polímeros. Fatores como a distância entre o 
fotopolimerizador e o compósito resinoso, o tamanho do incremento de resina 
composta introduzido na cavidade e a opacidade da resina interferem nesse 
valor, resultando em uma porcentagem de, aproximadamente, 60% de 
conversão de monômeros em polímeros nesse material restaurador 
(FERREIRA, A.B; NETO, E.F., 2017). 
 
 
 
3 RESINAS BULK-FILL 
3.1 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS RESINAS BULK-
FILL PRESENTES NO MERCADO 
As resinas bulk-fill ou resinas de preenchimento único podem ser 
classificadas de acordo com a consistência em resinas de baixa viscosidade 
(flow) e de alta viscosidade. A primeira é indicada como material restaurador de 
base e necessita que um incremento de 2 mm de uma resina composta 
convencional seja adicionado sobre sua camada, pois apresenta uma menor 
dureza superficial por causa da menor quantidade de carga inorgânica 
observada em sua composição. Já as resinas de alta viscosidade podem ser 
inseridas unicamente, em toda a extensão da cavidade (FERREIRA, A.B; 
NETO, E.F., 2017). 
Devido a suabaixa viscosidade, as resinas bulk-fill flow são mais 
utilizadas em cavidades menos acessíveis e profundas (mais que 4 mm), como 
cavidades classe I tratadas endodonticamente. No entanto, essas resinas 
possuem baixa resistência ao desgaste e são difíceis de serem esculpidas e, 
por isso, sempre devem ser recobertas por compósitos resinosos 
convencionais. A consistência menos viscosa também ajuda a manter um bom 
ponto de contato. (VAN ENDE, A. et al,2017; VASCONCELOS, R. et al, 2019). 
Já as resinas bulk-fill de alta viscosidade, chamadas de verdadeiras bulk-
fill, permitem que toda a cavidade a ser restaurada seja preenchida por esse 
material sem precisar que uma camada de resina convencional a recubra. 
Geralmente são resinas mais viscosas e, portanto, possuem maior resistência 
ao desgaste e são esculpidas facilmente, sendo destinadas a cavidades mais 
largas (VAN ENDE, A. et al, 2017; VASCONCELOS, R. et al, 2019). 
Na composição química desses compósitos existem características 
semelhantes às das resinas compostas nanohíbridas e microhíbridas, incluindo 
monômeros como Bis-GMA, UDMA, TEGDMA e Bisfenol-A-etoxilato 
dimetacrilato (EBADMA) em sua matriz orgânica. Além disso, as partículas 
inorgânicas utilizadas para compor as resinas bulk-fill, as nanohíbridas e as 
microhíbridas também são semelhantes. (FERREIRA, A.B; NETO, E.F., 2017). 
De forma geral, a principal propriedade que caracteriza esse tipo de 
material é o baixo grau de contração após a polimerização, o que possibilita a 
utilização destes materiais em camadas de 4 a 5 mm de espessura, deixando 
de lado características importantes como fator C e técnica incremental, sempre 
discutida na técnica de restauração com resinas convencionais (CANEPPELE, 
T.M.F; BRESCIANE, E., 2016). 
 
3.2 TENSÃO DE POLIMERIZAÇÃO 
As resinas compostas bulk fill possuem moduladores de grupos químicos 
de polimerização e monômeros plastificantes em sua composição, os quais são 
capazes de reduzir a tensão causada pela contração de polimerização. 
(VASCONCELOS, R. et al, 2019).No caso das resinas Bulk Fill, a contração de 
polimerização é observada apenas na superfície oclusal da restauração. Nas 
resinas compostas convencionais, a contração de polimerização acontece tanto 
na superfície oclusal como no fundo da cavidade junto à camada híbrida 
(FERREIRA, A.B; NETO, E.F., 2017). 
Enquanto o encolhimento volumétrico dos compósitos bulk-fill de alta 
viscosidade é comparável ao dos compósitos posteriores convencionais, com 
valores reportados em torno de 2%, o encolhimento dos compósitos fluidos 
Bulk-Fill tende a ser um pouco mais elevado, em torno de 3%. (MILETIC, V. et 
al, 2018). 
Apesar de uma infinidade de publicações a respeito da tensão de 
polimerização nas resinas bulk-fill, os resultados permanecem, em grande 
parte, contraditórios e inconclusivos. Uma das principais razões é que a tensão 
de contração não é uma propriedade do material, mas depende muito da 
conformidade e da configuração da cavidade, bem como do desenvolvimento 
das propriedades ao longo do tempo. A maioria dos estudos reporta menor 
tensão de contração com compósitos bulk-fill quando comparados a 
compósitos convencionais, mas as diferenças encontradas entre os compósitos 
fluidos e de alta viscosidade variam amplamente (MILETIC, V. et al, 2018). 
 
3.3 PROFUNIDADE DE POLIMERIZAÇÃO 
Além da menor tensão de polimerização causada, a presença de 
fotoiniciadores potentes e a transparência desses compósitos permitem 
polimerização de profundidade eficiente. Assim, esses compósitos podem ser 
inseridos em cavidades dentárias em um único volume de até 4 a 5 mm de 
espessura ao invés da técnica incremental de 2 mm, reduzindo assim o tempo 
de trabalho clínico (VASCONCELOS, R. et al, 2019). 
Melhorar a polimerização profunda nas resinas é a chave para os 
compósitos bulk-fill. As ondas de luz azul, com um espectro específico, devem 
chegar no material resinoso em sua totalidade para ativar os fotoiniciadores e 
então iniciar a reação de polimerização que endurece e dá as propriedades 
mecânicas ao material. A maioria das resinas bulk-fill contém a canforoquinona 
como iniciador primário e uma amina terciária como co-iniciador, assim como 
as resinas convencionais. (VAN ENDE, A. et al, 2017). Também devem ser 
utilizados fotopolimerizadores de excelente qualidade, com potência mínima de 
800 mW/cm², sendo o ideal que a potência atinja 1000 mW/cm², já que parte da 
luz se perde antes de atingir as camadas mais profundas (FERREIRA, A.B; 
NETO, E.F., 2017). 
A capacidade de fotopolimerização em profundidade na cavidade é 
diretamente proporcional a translucidez do material, uma vez que quanto mais 
translucido for o material, menos ele vai atenuar a luz que chega no material 
posicionado mais profundamente. A diminuição do número de partículas 
inorgânicas também aumenta a profundidade de polimerização, pois a 
penetração de luz está intimamente relacionada com a quantidade de 
partículas presentes Portanto, a grande maioria das resinas bulk-fill apresenta 
alta translucidez, o que também compromete as propriedades estéticas desse 
tipo de resina, o que é inevitável. (VAN ENDE, A., 2017; FERREIRA, A.B; 
NETO, E.F., 2017). 
Na literatura, há grandes variações na profundidade de polimerização 
medida de compósitos bulk-fill, o que pode ser facilmente explicado pelas 
diferenças na configuração. Além do fato de que a profundidade de 
polimerização não é apenas dependente do material restaurador, mas também 
da fonte de luz utilizada, dos parâmetros de irradiação e do momento das 
medições, não há consenso sobre como uma profundidade de polimerização 
aceitável deve ser estabelecida (MILETIC, V. et al, 2018). 
 
3.4 TRANSLUCIDEZ 
Compósitos bulk fill são mais translúcidos que as resinas convencionais. 
Consequentemente, esse alto nível de translucidez pode ter uma influência 
negativa na aparência estética, uma vez que a inserção em um único 
incremento impede a estratificação. No entanto, geralmente, essa limitação não 
foi relevante, uma vez que as restaurações com bulk-fill são realizadas nos 
dentes posteriores e os resultados são esteticamente satisfatórios. 
(VASCONCELOS, R. et al, 2019). Além disso, as bulk-fill mais fluidas e 
translúcidas são mascaradas por sua camada de cobertura com a resina 
convencional. (MILETIC, V. et al, 2018). 
A translucidez dos compósitos bulk fill está relacionada à menor 
quantidade de material de matriz inorgânica. A redução na quantidade de carga 
afeta negativamente as propriedades mecânicas dos compósitos. Embora a 
transmissão de luz aprimorada melhore a possibilidade de inserir incrementos 
mais espessos, um alto nível de propriedades mecânicas aumenta a 
longevidade clínica das restaurações. Portanto, esses são fatores a serem 
considerados, principalmente nas restaurações realizadas em dentes 
posteriores. (VAN ENDE, A. et al, 2017) 
 
3.5 PROPRIEDADES MECÂNICAS 
Quando um volume considerável de compósito é colocado em áreas de 
suporte de carga, são necessárias boas propriedades mecânicas. Estudos 
extensos têm sido realizados comparando a resistência à flexão de vários 
compósitos bulk-fill flow e de alta viscosidade. No geral, os compósitos com 
alto volume de carga e viscosidade apresentam melhores propriedades 
mecânicas, como resistência à flexão e tenacidade à fratura, do que as fluidas 
(MILETIC, V. et al, 2018). 
A estabilidade mecânica das restaurações realizadas com compósitos 
bulk-fill ainda é uma questão em aberto, uma vez que ainda não existem 
estudos clínicos de longo prazo disponíveis. Alguns pesquisadores observaram 
um aumento nas propriedades micromecânicas de compósitos bulk-fill quando 
comparados com resinas convencionais, provavelmente devido ao melhor 
conteúdo de preenchimento de materiais a granel. No entanto, outros 
pesquisadoes observaram que as propriedades mecânicas dos compósitos 
bulkfill foram muito menores quando comparadas com as resinas compostas 
convencionais, e destacaram a importância de adicionar uma última camada de 
cobertura com resina convencional para reduzir o desgaste da superfície da 
restauração. As resinas bulk-fill de base, por serem mais viscosas, tem 
propriedades mecânicas inferiores às resinas bulk-fill de alta viscosidade 
(VASCONCELOS, R. et al, 2019). 
Uma profundidade de polimerização aumentada só é relevante se 
acompanhada de propriedades mecânicas e físicas desejáveis para a área de 
estresse, que no caso das bulk-fill, são os dentes posteriores. Como as 
propriedades variam muito, o tamanho da cavidade, o tipo e a localização 
devem guiar a escolha do material para a restauração. (VAN ENDE, A. et al, 
2017) 
 
3.6 EVIDÊNCIAS CLÍNICAS 
Como os compósitos bulk-fill são uma classe bastante nova, não há 
estudos a longo prazo disponíveis no momento. Alguns resultados a médio 
prazo foram publicados e mostram que, em um período de até 5 anos, esses 
dois compósitos não apresentam desempenho significativamente diferente das 
restaurações convencionais de compósitos na área posterior de suporte de 
carga (MILETIC, V. et al, 2018). 
Ensaios clínicos mais controlados que se concentram exclusivamente em 
restaurações profundas e extensas são necessárias para elucidar se são 
realmente adequados para essas indicações. A evidência atualmente 
disponível claramente não é substancial o suficiente para tirar conclusões 
definitivas (MILETIC, V. et al, 2018). 
4 RELATO DE CASO 
De acordo com um relato de caso publicado por VASCONCELOS, R. et 
al, em 2019, um homem de 25 anos de idade compareceu à clínica 
odontológica para exames de rotina, relatando a sensibilidade dentária 
enquanto ingeria alimentos frios e doces. No exame intraoral, possíveis lesões 
de cárie não cavitadas foram observadas. As lesões foram confirmadas através 
do exame radiográfico interproximal, que revelou grandes lesões em dentina no 
segundo pré-molar superior direito e no primeiro molar inferior esquerdo. Uma 
vez que as lesões de cárie estavam profundas em dentina, os autores optaram 
pela remoção do tecido cariado e direcionaram a restauração com resina bulk-
fill. 
 
Figura 1. Aspectos clínicos e radiográficos iniciais de lesões cariosas no segundo pré-molar 
superior direito (O) e no primeiro molar inferior esquerdo (OM) (FONTE: VASCONCELOS, R. et 
al, 2019). 
 
4.1 PROTOCOLO RESTAURADOR PARA SEGUNDO PRÉ-MOLAR 
SUPERIOR DIREITO – TÉCNICA BULK-FILL 
O acesso à lesão de cárie foi obtido com uma broca esférica diamantada 
em alta rotação. A remoção da lesão de cárie foi realizada com curetas de 
dentina e broca esférica em baixa rotação. Após a remoção da lesão, o esmalte 
foi condicionado com ácido fosfórico a 37%, por 30 segundos. Em seguida, o 
adesivo Single Bond Universal foi aplicado em esmalte e dentina e foi 
fotoativado por 10 segundos. Uma única porção da resina composta Filtek Bulk 
Fill (3M ESPE, St. Paul, MN, EUA), cor A3, foi colocada e comprimida na 
cavidade dental. A superfície oclusal foi esculpida e depois polimerizada por 40 
segundos. 
Após a polimerização final, o lençol de borracha foi removido e procedeu-
se ao ajuste oclusal com broca diamantada. Na consulta posterior, o 
acabamento e o polimento foram realizados com brocas diamantadas e 
borrachas abrasivas. O aspecto final observado após uma semana de controle 
foi extremamente satisfatório. 
 
Figura 2. Etapas do procedimento restaurador: remoção do tecido cariado, condicionamento 
seletivo do esmalte, aplicação do sistema adesivo universal e inserção de resina em um único 
incremento (FONTE: VASCONCELOS, R. et al, 2019). 
 
Figura 3. Aspecto final da restauração (FONTE: VASCONCELOS, R. et al, 2019). 
 
 
 
 
4.2 PROTOCOLO RESTAURADOR PARA PRIMEIRO MOLAR INFERIOR 
ESQUERDO – TÉCNICA SANDUICHE 
 
O acesso à lesão de cárie foi obtido através do sulco oclusal com uma 
broca diamantada esférica em alta rotação. A lesão de cárie foi removida com 
curetas de dentina e broca redonda em baixa rotação. Devido à fragilidade do 
esmalte, a crista marginal foi removida, resultando em uma cavidade Classe II. 
Após condicionamento seletivo do esmalte com ácido fosfórico a 37%, o 
sistema adesivo foi aplicado por 20 segundos e fotopolimerizado por 10 
segundos. Uma matriz metálica parcial biconvexa foi inserida e estabilizada 
com calço elástico, e um anel de metal foi colocado para melhorar a adaptação 
da matriz ao dente. 
Para restaurar essa cavidade, foi utilizada a técnica “Sandwich”. Uma 
única porção da resina composta A3 Tetric N-Ceram Bulk fill (Ivoclar-Vivadent, 
Schaan, Liechtenstein) foi inserida na cavidade, mantendo um espaço livre de 
aproximadamente 2 mm para a camada de resina de esmalte e polimerizada 
por 10 segundos. Em seguida, foi inserido um incremento de resina composta 
A3 convencional da Empress Direct (Ivoclar-Vivadent, Barueri, SP, Brasil) na 
cavidade dental remanescente. As características anatômicas da superfície 
oclusal foram restabelecidas com uma espátula metálica e uma escova, 
seguida de polimerização leve por 20 segundos. 
 
Após a polimerização final, o lençol de borracha foi removido e o ajuste 
oclusal foi realizado com uma broca diamantada 3118 FF. Na consulta 
posterior, o acabamento e o polimento foram realizados com brocas 
diamantadas e borrachas abrasivas. O aspecto final observado após uma 
semana de controle foi extremamente satisfatório. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4. Preparação de classe II após remoção de tecido cariado e aplicação de uma camada 
de revestimento com resina composta (FONTE: VASCONCELOS, R. et al, 2019). 
 
Figura 5. Aspecto final da restauração após acabamento e polimento (FONTE: 
VASCONCELOS, R. et al, 2019). 
 
5 ESTUDOS DE CASO 
5.1 ANÁLISE DE CONTRAÇÃO DE POLIMERIZAÇÃO, PROFUNDIDADE DE 
POLIMERIZAÇÃO E FORMAÇÃO DE GAP EM RESINAS BULK-FILL 
As resinas bulk-fill de alta viscosidade (Tetric EvoCeram Bulk Fill e 
SonicFill): demonstraram contração de polimerização e formação de gap 
similares a resinas convencionais. Já as resinas bulk-fill flow (x-tra base e 
Venus Bulk Fill): demonstraram maior contração de polimerização e formação 
de gaps maiores que as resinas convencionais. 
Um único compósito bulk-fill (SDR) teve melhor desempenho que as 
resinas convencionais, com maior profundidade de polimerização, menor 
formação de gaps, mas contração de polimerização maior. 
5.2 DEMONSTRAÇÃO DA TÉCNICA RESTAURADORA DE RESINA BULK-
FILL EM MOLAR PERMANENTE 
Carlos 
5.3 EFEITO DO MÉTODO DE POLIMERIZAÇÃO NA PROFUNDIDADE DE 
POLIMERIZAÇÃO DE COMPÓSITOS BULK-FILL 
Carlos 
6 CONCLUSÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
1) ALENCAR, W.R.M. et al. Resina Bulk Fill: demonstração da técnica 
restauradora em molar permanente. J Odonto FACIT, Araguaína, v.2, n.2, 
p.20, 2015 
2) BENETTI, A.P. et al. Bulk-fill Resin Composites: Polymerization Contraction, 
Depth of Cure and Gap Formation. Operative Dentistry, Copenhagen, 
Dinamarca, v.40, n.2, p.190-200, 2015 
3) CANEPPELE, T.M.F., BRESCIANI, E. Resinas bulk-fill – o estado da arte. 
Revista da Associação Paulista de Cirurgia Dentária, São José dos 
Campos, v.70, n.3, p.242-248, 2016 
4) CATALÃO, F. et al. Efeito do método de polimerização na profundidade de 
polimerização de compósitos bulk-fill. Revista Portuguesa de Estomatologia, 
Medicina Dentária e Cirurgia Bucomaxilofacial, Lisboa, v.54, n.51, p.51-59, 
2013 
5) FERREIRA, A.B., NETO, E.F.S. Utilização das Resinas Compostas Bulk 
Fill: uma revisão de literatura. 2017. 21 f. Trabalho de Conclusão de Curso 
(Graduação em Odontologia) – Faculdade Integrada de Pernambuco, Recife, 
2017 
6) MILETIC, V. Dental Composite Materials for Direct Restorations. 1ª Edição, 
Belgrado: Springer, 2018 
7) VAN ENDE, A et al. Bulk-Fill Composites: A Review of the Current Literature. 
Journal ofAdhesive Dentistry, Leuven, Leuven, v.19, n.2, p.95-109, 2017. 
8) VASCONCELOS, R. et al. Bulk-Fill Composite Restorations Step-by-Step 
Description of Clinical Restorative Techniques Case Reports. International 
Journal of Dental Science, v.21, n.2, p.23-31, 2019

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