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Quem tem medo de Aeromonas

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04/06/2019 SANIDADE AQÜÍCOLA Quem tem medo de Aeromonas? | Revista Panorama da Aqüicultura
https://panoramadaaquicultura.com.br/sanidade-aquicola-quem-tem-medo-de-aeromonas/ 1/12
Na coluna “Sanidade Aqüícola” dessa edição vamos abordar uma doença comum na piscicultura e
que gera controvérsias: a septicemia por Aeromonas. Essa bactéria é tão versátil que podemos ter
surtos de infecção causados por ela, mas também podemos usá-la como probiótico. Por causa
disso, muitos técnicos e piscicultores costumam considerar a bactéria Aeromonas hydrophila
apenas como um patógeno secundário, de pouca importância. Essa confusão tem sido
gradativamente esclarecida nos últimos anos com pesquisas que vão a fundo nos mecanismos
pelos quais essa bactéria infecta os peixes, ajudando a delinear o novo panorama de que, no meio
ambiente, coexistem tanto Aeromonas patogênicas quanto não patogênicas. Mas, como diferenciá-
las? Esse e outros pontos importantes sobre essa doença serão discutidos a seguir.
Por: 
Henrique César Pereira Figueiredo – e-mail: henrique@ufla.br 
Médico Veterinário, professor do Departamento de Medicina Veterinária da UFLA 
Coordenador do AQUAVET – Lab. de Doenças de Animais Aquáticos 
Glei dos Anjos de Carvalho Castro 
Médica Veterinária, Mestranda em Ciências Veterinárias – UFLA 
Carlos Augusto Gomes Leal 
Médico Veterinário, Mestrando em Ciências Veterinárias – UFLA 
SANIDADE AQÜÍCOLA Quem tem medo de
Aeromonas?
31-ago-2008
04/06/2019 SANIDADE AQÜÍCOLA Quem tem medo de Aeromonas? | Revista Panorama da Aqüicultura
https://panoramadaaquicultura.com.br/sanidade-aquicola-quem-tem-medo-de-aeromonas/ 2/12
Carina Oliveira Lopes 
Graduanda em Medicina Veterinária – UFLA
 
Atualmente 17 espécies bacterianas são classificadas como membros do gênero Aeromonas. Dentre elas,
a bactéria Aeromonas hydrophila destaca-se como patógeno emergente e de significativa importância
para seres humanos e peixes. Essa é caracterizada como bastonete curto, Gram negativa, anaeróbica
facultativa, mesofílica, pode ou não produzir gás e é adaptada ao crescimento em temperaturas que
variam de 5°C a 37°C. Na figura 1 podemos observar a forma e coloração característica da colônia de A.
hydrophila em dois meios de cultura diferentes. 
A identificação dessa espécie é realizada geralmente por testes bioquímicos e moleculares, após o
isolamento da bactéria. Apesar de parecer simples, isso não é tão fácil quando o objetivo é determinar
com precisão qual microorganismo do gênero estamos trabalhando. Esse patógeno possui a capacidade
de utilizar diversas substâncias como fonte de nutrientes para realizar suas funções vitais e se proliferar.
Testes bioquímicos para A. hydrophila podem gerar resultados confusos e imprecisos, devido à alta
variabilidade fenotípica dessa bactéria. Com o objetivo de solucionar tais discrepâncias, a biologia
molecular surgiu como uma promessa de facilitar e aumentar a acurácia da identificação de patógenos.
Figura 1: Colônias puras de Aeromonas hydrophila cultivadas em Agar sangue (A) e Agar Tripticaseína (B). As colônias apresentam
morfologia e tamanhos variados em função do tempo e temperatura de cultivo, concentração inicial de bactérias e meio de cultura
utilizado
Tal disciplina utiliza diversas ferramentas que avaliam o material genético dos microrganismos
e comparam-nos com dados ou amostras de referência pré-existentes. Porém, após diversos
estudos realizados com essa bactéria, comprovou-se o que era esperado: a alta variabilidade
fenotípica desse microrganismo se reflete em sua constituição genética, sendo tão variável
quanto. Atualmente, quando queremos identificar A. hydrophila patogênica deve-se fazer uma
04/06/2019 SANIDADE AQÜÍCOLA Quem tem medo de Aeromonas? | Revista Panorama da Aqüicultura
https://panoramadaaquicultura.com.br/sanidade-aquicola-quem-tem-medo-de-aeromonas/ 3/12
triagem primária com testes bioquímicos e utilizar no mínimo duas técnicas de biologia
molecular diferentes (ver tópico de diagnóstico).
Septicemia por Aeromonas Móveis
Septicemia por Aeromonas móveis é a denominação conferida à doença causada por bactérias desse
gênero em peixes. As infecções por essas são de ocorrência mundial e provavelmente é a doença
bacteriana mais comum em peixes de água doce. As principais espécies patogênicas para peixes são A.
hydrophila, A. caviae e A. sobria, sendo chamadas de móveis porque apresentam motilidade devido à
presença de flagelos polares e laterais. A enfermidade ocasionada por esses agentes provoca quadros
septicêmicos (doença generalizada) agudos ou crônicos (Figura 2). Essa pode ainda se apresentar na
forma de doença ulcerativa, caracterizada pelo aparecimento de lesões cutâneas (úlceras) localizadas
(Figura 3).
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Figura 2: Pacu (Piaractus mesopotamicus) com sintomatologia clínica de septicemia hemorrágica causada por A. hydrophila.
Hemorragias cutâneas (setas) podem ser observadas ao longo de todo corpo do animal
Figura 3: Piracanjubas com lesões ulcerativas (setas) na pele causadas por A. hydrophila. As bordas avermelhadas das lesões são
indicativos de um processo infeccioso de etiologia bacteriana
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Os sintomas mais comuns da doença são falta de apetite (anorexia), letargia, brânquias pálidas,
ulcerações e hemorragias cutâneas, sintomatologia nervosa, entre outros. A sintomatologia nervosa e o
quadro de septicemia podem ser confundidos com os sintomas ocasionados pelas estreptococoses e
realmente são semelhantes (Figura 4). É necessário nesse momento, o auxílio de diagnóstico laboratorial,
e só ele conseguirá determinar qual o agente causador. Essa confusão e falta de diagnóstico gera um
problema de interpretação comum em muitas pisciculturas no Brasil. Como os sintomas são parecidos,
muitas vezes escutamos “Isso é comum aqui. A água é ruim, então as aeromonas matam mesmo!”. Na
maioria dos casos o problema é ocasionado por outro agente infeccioso, porém, atribuído às aeromonas
(patógeno popularmente conhecido), o que gera falha no controle da doença e não eficiência das medidas
sanitárias empregadas.
Os principais órgãos acometidos são rins, fígado, baço, pâncreas, brânquias, musculatura esquelética e
cérebro. Em alguns casos as lesões cutâneas não chegam a comprometer a vida do animal, mas
depreciam a qualidade do produto final. Até porque, de acordo com a legislação sanitária para produtos
de origem animal é proibida a venda de pescado com qualquer tipo de lesão.
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Figura 4: Comparação da sintomatologia de doenças bacterianas em tilápia do Nilo. A – exoflalmia (seta preta) e septicemia
causadas por A. hydrophila em condições experimentais; B- septicemia, ascite (seta vermelha) e exoflalmia (seta branca) em
regressão causada por S. agalactiae
 
Alterações ambientais e do estado fisiológico dos peixes são fatores predisponentes ao aparecimento de
surtos. Baixa qualidade de água, estresse dos animais e problemas no manejo (alta densidade de
estocagem, repicagem, manipulação grosseira, etc.) são os principais eventos que corroboram com o
desencadeamento da doença. Tilapiculturas no Sudeste e Sul do país enfrentam ou já se depararam com
surtos causados por aeromonas móveis em épocas frias, onde os peixes não se alimentam e a qualidade
de água também piora devido à falta de chuvas, situação comum nessas regiões, devido à sazonalidade
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climática. Porém, o inverso, aumento da temperatura acima de 30ºC, pode também predispor a
ocorrência de surtos.
Isolados de Casos de Doença x Isolados de Ambiente
As aeromonas são encontradas em diversos habitats, tanto em ambientes terrestres e aquáticos, bem
como associadas a hospedeiros animais. Salvo raras exceções como águas de regiões polares (muito
frias) e de gêiseres (extremamente quentes), esses microrganismos são ubíquos (comuns) em ambientes
aquáticos. Da mesma maneira, algumas espécies com A. hydrohila fazem parte da flora intestinal e do
muco dos peixes. Essas populações de bactérias e outros microrganismos que vivem em algumas regiões
do organismo do hospedeiro sem causar doença, e até mesmo atuando de forma benéfica (ex. bactérias
do intestino), são tecnicamente denominadas de “microbiota”.
Devido à ampla disseminação desses agentes no ambiente e sua presença na microbiota dos peixes
torna-se difícil discriminar o que são isolados patogênicos e ambientais pelos métodos microbiológicos
comuns e, muitas vezes, permite a realização de falsos diagnósticos. Em termos práticos, de quase todos
os peixes saudáveis podemos isolar aeromonas a partir do intestino ou do muco de superfície. Agora, o
isolamento dessa bactéria a partir de órgãos internos do peixe, como rim, fígado, baço, cérebro e outros
é indicativo claro de infecção.
Mas, qual é a diferença entre as aeromonas que causam ou não causam doenças? Essa pergunta norteou
os estudos de patogênese dos microrganismos do gênero Aeromonas nas últimas décadas. Atualmente,
já se sabe que as bactérias com capacidade de causar doença possuem certas características especiais
que as diferenciam das amostras de ambiente e permitem a promoção das enfermidades. Tais
características, na verdade, são estruturas ou substâncias especializadas utilizadas pelo patógeno durante
a infecção. Esses são denominados tecnicamente fatores de virulência e geralmente ajudam a bactéria
em diversas etapas da infecção, como a aderência inicial ao peixe, bem como no escape das defesas do
sistema imune do animal.
Portanto, para dizermos que determinado isolado de Aeromonas é patogênico e causador de um surto,
devemos não só isolá-lo e identificá-lo, mas também temos que detectar a presença dos chamados
fatores de virulência.
Aeromonas como probióticos
Essa é outra página interessante na história dessa bactéria. Alguns resultados recentes de pesquisa têm
demonstrado que alguns isolados de Aeromonas hydrophila podem agir como probióticos quando
administrados aos peixes por via oral. Essas amostras específicas de Aeromonas conseguem colonizar o
intestino dos peixes e criar uma espécie de “barreira” contra a adesão de bactérias patogênicas, como
Pseudomonas sp., Yersinia ruckeri e até mesmo amostras patogênicas de Aeromonas hydrophila. É claro
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que essas amostras benéficas não possuem a capacidade de produzir fatores de virulência e, portanto,
são incapazes de causar doença nos peixes. Mas encontrar os isolados certos de Aeromonas para uso
como probióticos não é uma tarefa fácil. É necessária geralmente a análise de centenas de isolados para
poder encontrar uma com habilidades claras de probiótico. Um trabalho recente publicado pela equipe do
professor Joachim Frey, da Universidade de Berna (Suíça) alcançou esse objetivo desenvolvendo um
probiótico para uso na perca amarela (Perca flavescens). Alguns desses isolados obtidos no estudo, além
de colonizarem o intestino dos animais, foram capazes de inibir a infecção causada por bactérias
tipicamente patogênicas para os peixes. No Brasil alguns grupos de pesquisa têm investido nessa
estratégia, mas ainda vários anos serão necessários para o desenvolvimento de um probiótico para peixes
em escala comercial.
Patogênese, fatores de virulência e diagnóstico
Aeromonas hydrophila é um patógeno que além de infectar peixes acomete também répteis, anfíbios e
mamíferos, inclusive seres humanos. As principais vias de infecção em seres humanos são por via oral
através de água e alimentos de origem vegetal e animal contaminados, ou por via cutânea em
manipuladores de alimentos, trabalhadores de pisciculturas, aquaristas etc., tendo um caráter
ocupacional. Ela foi incluída na Lista de Contaminantes Ambientais do EPA (Environmental Protection
Agency) nos EUA, devido o aumento em sua importância como patógeno humano. As infecções em seres
humanos são caracterizadas por quadros de gastroenterite, septicemia, síndrome urêmica hemolítica,
peritonite, infecção respiratória, feridas e pústulas cutâneas.
A interação entre a bactéria e o peixe depende de diversos mecanismos para promoção da infecção.
Existem vários fatores de virulência em Aeromonas hydrophila relacionados a patogênese da doença em
peixe. Dentre eles, o antígeno O, cápsulas, a camada S, exotoxinas como as hemolisinas e enterotoxinas,
uma série de exoenzimas que digerem componentes celulares e o sistema de secreção tipo III (SSTT),
são os principais. Estudos recentes mostraram que o último mecanismo de virulência é crucial na
interação patógeno-hospedeiro. Esse SSTT é de especial interesse para estudos, visto que seu formato de
seringa permite à bactéria injetar toxinas bacterianas diretamente no citoplasma da célula do peixe. Tais
substâncias alteram as funções celulares e impedem que ocorra uma resposta imune, e
conseqüentemente, a eliminação da bactéria. Esse sistema é formado por uma estrutura basal que
ancora uma agulha na membrana da célula bacteriana. Abaixo, podemos ver na figura 5 uma
apresentação esquemática do SSTT. 
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Figura 5: Figura esquemática do Sistema de secreção do tipo III mostrando uma nanomáquina em formato de seringa, com uma
estrutura basal e uma agulha, que permite a injeção das toxinas bacterianas na célula do peixe
Na figura 6 podem ser observados peixes infectados com Aeromonas hydrophila apresentando alguns
sinais clínicos característicos da doença. 
Estudos recentes realizados por nossa equipe têm demonstrado uma maior freqüência do SSTT em
Aeromonas hydrophila isoladas de peixes doentes que de ambiente indicando que esse potencializa a
virulência da bactéria. Especula-se que em isolados de ambiente o SSTT seja afuncional, provavelmente
pela falta de alguma de suas proteínas componentes. O SSTT tem sido detectado em laboratório por
técnicas de biologia molecular.
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Figura 6: Peixes doentes infectados com Aeromonas hydrophila: A – Setas indicando exoflalmia,  B – Peixes com áreas hemorrágicas
pelo corpo, C- A seta indica o peixe com abdômen distendido,  D – Peixe com incoordenação de movimentos
Diagnóstico laboratorial
Para o diagnóstico laboratorial devem ser coletados peixes com sintomatologia clínica da doença e
enviados vivos ou sob refrigeração (em casos de longa distância), imediatamente ao laboratório. Na
chegada, os animais são inspecionados e necropsiados para avaliação da presença de sinais clínicos da
doença. Em seguida, é realizado o exame bacteriológico onde são coletadas assepticamente amostras de
órgãos e inoculadas em ágar sangue. Após 24 h de incubação a 30º C são realizados os testes primários
de identificação bacteriana: catalase, oxidase, KOH e Gram. Após a identificação primária seguimos para
a identificação fenotípica por técnicas bioquímicas, como por exemplo, a descrita por Abott et al. (2001).
Essa identificação bioquímica, contudo, não é suficiente para a confirmação de que o isolado seja
realmente Aeromonashydrophila, sendo necessário o uso de técnicas moleculares para tal confirmação.
No caso de A. hydrophila nós utilizamos em nosso laboratório a amplificação do gene do rRNA 16S
bacteriano (pela técnica de PCR), seguido da “digestão” do gene com enzimas específicas que permitem a
identificação final da bactéria após eletroforese (técnica chamada de RFLP). Só assim conseguimos ter
certeza que a bactéria isolada dos peixes é A. hydrophila.
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Após esses passos de identificação, temos então que realizar a detecção do SSTT, que é o fator de
virulência que demonstra que a A. hydrophila isolada é realmente patogênica. Para o diagnóstico do SSTT
no Laboratório AQUAVET nós desenvolvemos uma técnica de PCR para detecção de genes específicos
desse sistema, que são de fundamental importância para seu perfeito funcionamento (Figura 7). Esses
genes codificam uma proteína estrutural da base do sistema e uma proteína da membrana do
translocador (estrutura por onde as toxinas são ejetadas na célula do peixe). Amostras de A. hydrophila
positivas para esses dois genes podem seguramente serem classificadas como patogênicas. Podemos
dizer agora que temos ferramentas exatas para saber quando devemos ou não temer as aeromonas
presentes em nossa piscicultura.
Figura 7: A Eletroforese em gel de agarose 1,5% mostra os produtos de amplificação para os genes ascV (891pb – seta vermelha) e
aopB (951pb – seta preta) do SSTT. Canaleta 1: Padrão de tamanho molecular com 100 pb; Canaletas 4, 6, 8, 10, 12: Produtos
amplificados para ascV; Canaletas 5, 7, 9, 11, 13: Produtos amplificados para aopB
E como pode ser observado, o diagnóstico correto de infecções por Aeromonas hydrophila necessita de
vários passos. Um antibiograma dos isolados poderá também ajudar na escolha do antibiótico que será
utilizado no tratamento dos surtos.
Em conclusão, o medo das aeromonas é perfeitamente justificável sob determinadas condições. E aqui
temos um exemplo fantástico de que a evolução darwiniana não se aplica só aos animais, mas às
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bactérias também. Se temos na natureza espécies de peixes que apresentam sabidamente diversidade
genética, os agentes patogênicos também são geneticamente diversos e muito hábeis em co-evoluir com
seu hospedeiro. E no nosso caso a piscicultura precisa evoluir seus conceitos juntamente.
Os projetos do AQUAVET são Financiados pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas
Gerais (FAPEMIG) e CNPq.
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