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ortotanásia

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1 - Ortotanásia: A morte naturalizada 
 
A ortotanásia é uma palavra de origem grega, onde tem a formação causada pela união 
de dois vocábulos gregos: onde ortos significa correto e thanatos quer dizer morte, com isso 
dá-se a entender que a ortotanásia significa literalmente morte correta ou morte digna. Assim, 
a definição do procedimento da ortotanásia diz que é um comportamento correto que é 
adotado por um profissional de saúde, procurando respeitar a morte do paciente em estado 
terminal, trazendo seu acontecimento de uma forma natural, pois já era esperado por conta da 
sua doença, não adiantando e nem tampouco adiando o efeito esperado, já que em algum 
momento o evento morte irá ocorrer. Durante esse procedimento o médico adota uma série de 
cuidados meramente paliativos para garantir que o paciente não sofra mais que o necessário, 
pois cabe ao profissional de saúde o dever de garantir tranquilidade para seu paciente no 
falecimento. 
Como explica o autor Luciano Santoro dizendo: 
A ortotanásia, assim, é o comportamento do médico que frente a uma morte 
iminente e inevitável, suspende a realização de atos para prolongar a vida do 
paciente, que o levariam a um tratamento inútil e um sofrimento desnecessário, e 
passa a emprestar-lhe os cuidados paliativos adequados para que venha a falecer 
com dignidade. (SANTORO, 2010, p.133) 
 
 O termo é utilizado para dar uma definição da morte sem a participação da ciência em 
querer adiar tal evento, a morte deve ocorrer de forma natural, permitindo ao enfermo morrer 
sem ter o prolongamento artificial da vida. A interferência terapêutica pelo profissional de 
saúde em paciente terminal com a finalidade de prolongar a vida está associada à distanásia, 
que é conhecida como uma forma de morrer com sofrimentos. Na ortotanásia ocorre o 
seguinte, a enfermidade do paciente evolui aos poucos, até que o paciente chegue no 
momento da sua morte de forma natural, pois não haverá a aplicação de métodos 
extraordinários de suporte vital, sendo apenas ministrados medicamentos para aliviar a dor e 
os desconfortos causados pela doença suprimindo tratamentos extraordinários uma vez que o 
processo de morte já foi instaurado, sendo evendo certo e inevitável havendo apenas a 
necessidade de cuidados paliativos que diminuam as dores e propiciem os seus últimos 
momentos vitais menos sofridos, como comenta a autora Maria Goretti Sales Maciel, 
dizendo: 
Entendida como aquela em que o processo de morte se desencadeia de forma 
irreversível e o prognóstico de vida pode ser definido em dias a semanas, os 
Cuidados Paliativos se tornam imprescindíveis e complexos o suficiente para 
demandar uma atenção específica e contínua ao doente e à sua família, prevenindo 
uma morte caótica e com grande sofrimento. (MACIEL, 2008, p. 17) 
 
 
É relevante esclarecer que a ortotanásia diante da sua aplicabilidade, se encontra entre 
o processo da eutanásia e da distanásia, pois no primeiro, no procedimento não existe a 
realização de condutas que resultem na antecipação da morte do enfermo, e também não são 
realizadas condutas desproporcionais e desnecessárias que tenham como finalidade prolongar 
a vida do paciente a todo custo, não se importando com o sofrimento do enfermo 
ouprocurando de maneira incessante a cura para a enfermidade. Dessa forma, cabe o 
entendimento acertado de Maria Elisa Villas-Bôas de que “o direito à vida não inclui o dever 
de adiar indefinidamente a morte natural, pelo uso de todos os recursos protelatórios 
existentes, mesmo quando sumamente cruentos e contra-indicados” (2008, p.68). No 
procedimento ortotanásico o que existe é uma busca para uma solução que não cause 
transtornos no fim da vida do paciente, procurando sempre tratar do sofrimento causado pela 
enfermidade e não buscando uma cura para ela. 
Quando o paciente decide por recusar os tratamentos, a sua decisão deve ser respeitada 
pelo profissional de saúde, pois para o doente, o desejo de morrer em casa ao lado de sua 
família é uma forma de lhe trazer uma segurança e tranquilidade no seu leito de morte. No 
entanto, mesmo que o paciente decida em passar por tal situação, deverá ter assegurado o seu 
conforto para que os seus últimos dias de vida sejam livres do terror de dores insuportáveis. 
Como vemos a ortotanásia é um procedimento que está repleto de condutas que priorizam a 
ética para o paciente poder utilizar do seu direito de morrer com dignidade, elevando assim o 
respeito pela vida humana, até mesmo no momento da fase final que ele sinta o apoio de seus 
familiares e para que estes aceitem a morte com mais tranquilidade. 
No mesmo entendimento sobre a ortotanásia, a autora Gisele de Lourdes Friso expõe 
que: 
Na ortotanásia, a morte não é ocasionada por uma prática médica, mas pela doença 
que acomete o paciente terminal. Não há intervenção positiva por parte do médico. 
O que ocorre é a escolha pela não utilização de tratamentos inúteis, dispendiosos e 
penosos ao paciente, na tentativa de prolongar inutilmente sua vida, causando-lhe 
dor e sofrimento, tirando-lhe a dignidade. Contrapõem-se, pois, à distanásia. Temos, 
então, a interrupção ou não início de tratamentos específicos para a doença, em 
conjunto com o início dos cuidados paliativos. À morte, neste caso, não é desejada 
ou procurada, nem pelo paciente nem pelo médico. Não se trata de abreviar a vida, 
mas de deixar que a vida siga seu ciclo natural da forma mais suave possível. 
(FRISO, 2009, p.145-146) 
 
A ortotanásia é o procedimento mais acertado pelos profissionais de saúde, pois 
respeita a morte do paciente deixando acontecer naturalmente sendo o destino esperado por 
conta da sua enfermidade, não interferindo no processo com medidas desproporcionais. Ao 
profissional de saúde, é imposto o dever de cuidar do fim da vida do paciente para que este 
tenha tranquilidade ao falecer. O fato do profissional de saúde cuidar da finitude do paciente, 
 
 
não deve ser considerado como suicídio assistido, pois o auxílio ao suicídio ou participação 
no suicídio é punido por lei, até porque a conduta do profissional não é de colaborar com a 
antecipação da morte do paciente. 
A autora Maria Elisa Villas-Bôas leciona dizendo: 
A ortotanásia se efetiva mediante condutas médicas restritas, em que se limita o uso 
de certos recursos, por serem medicamente inadequados e não indicados in casu. (...) 
Mais do que atitude, a ortotanásia é um ideal a ser buscado pela Medicina e pelo 
Direito, dentro da inegabilidade da condição de mortalidade humana. (VILLAS-
BÔAS, 2008, p.67) 
 
 A citada autora leciona que a ortotanásia é um procedimento que é realizado através de 
condutas médicas, que utilizam uma determinada quantidade de recursos, de modo que se 
ultrapassarem essa quantidade, os recursos podem se tornar inúteis e inadequados para o caso 
do paciente. Assim busca-se colocar a ortotanásia como um ideal a ser sempre praticado pela 
Medicina e pelo Direito, pois essas duas áreas precisam reconhecer que o ser humano é um 
ser mortal, que deve ter sempre a sua finitude respeitada. 
 Mesmo observando a existência dos requisitos de que precisa já se ter certeza da 
inexistência de cura e do respeito aos últimos momentos do doente, alguns doutrinadores 
considera a prática da ortotanásia passível de dúvidas e questionamentos, por conta da 
dificuldade de controlar e acompanhar os casos de pacientes terminais que serão submetidos a 
sua aplicação, assim como se os profissionais de saúde irão observar rigorosamente a 
existência dos requisitos necessários para a autorização. Com isso, existem autores que 
consideram a ortotanásia como uma espécie de homicídio, tendo em vista que se trata de um 
direito indisponível, direito à vida, e o profissional de saúde não deve medir esforços para 
preservá-la, desde que não exceda aos limites de tratamentos existentes. E por fim acreditam 
que com a evoluçãocontínua da medicina, são possíveis a descoberta de novas curas e novos 
tratamentos, criando assim uma vedação para o médico, o enfermo e seus familiares em poder 
decidir quem deverá ou não ser curado. 
 Para outros autores, o procedimento ortotanásico poderá ser considerado como uma 
forma de encarar a morte de uma maneira natural, fazendo com que o paciente siga seu 
destino normalmente até seu último suspiro, sem sofrimento, apenas sendo aplicados os 
cuidados necessários para diminuir as dores, até que a morte chegue de forma natural. Não 
devendo o profissional de saúde agir de forma que venha antecipar a morte do paciente, pois 
agindo dessa forma vai estar incorrendo no crime de homicídio que é punível pelo Código 
Penal Brasileiro. 
 
 
Os autores que defendem a prática da ortotanásia, veem como uma forma de garantir 
para o paciente uma forma de morte digna, evitando que este sofra mais que o necessário, que 
seus últimos dias sejam acompanhados de cuidados essenciais para que suas angústias sejam 
exauridas até o último momento de vida. Essa é uma forma de reconhecer que a morte é uma 
parte integrante da existência dos indivíduos, não podendo o homem querer modificar, adiar, 
prorrogar, ampliar o tempo certo da sua ocorrência, e sim, fazer com que aconteça da maneira 
mais natural, sem antecipar a ocorrência e prolongar o sofrimento. 
 Existiram dois casos famosos que marcaram o percurso da aceitação da ortotanásia 
pela sociedade brasileira. O primeiro caso ocorreu no estado de São Paulo, o governador na 
época era o Sr. Mário Covas, este durante o seu mandato promulgou uma lei estadual para 
regulamentar o pedido do paciente terminal pela recusa de tratamentos fúteis. Essa lei de 
número 10.241, de 17 de março de 1999, que contém expresso no artigo 2º, que são direitos 
dos usuários dos serviços de saúde no Estado de São Paulo: inciso XXIII – recusar 
tratamentos dolorosos ou extraordinários para tentar prolongar a vida; e no inciso XXIX – 
optar pelo local de morte. 
 Pouco tempo depois, o governador Mário Covas foi diagnosticado com um câncer de 
bexiga, lutou contra essa enfermidade durante os últimos anos de sua vida. A lei que foi 
promulgada pelo próprio governador acabou sendo utilizada por ele quando se encontrava na 
fase mais crítica da enfermidade, pois o próprio recusou tratamentos desnecessários e 
desproporcionais que fossem prolongar o seu sofrimento. Com isso, a lei não só beneficiou o 
próprio Mário Covas, mas trouxe grandes benefícios para a população. 
 O segundo caso foi com o Papa João Paulo II que também se recusou a receber os 
tratamentos desnecessários e decidiu por passar seus últimos momentos de vida na sua casa, 
não dentro de um hospital, sobre os cuidados de pessoas estranhas que não eram da sua 
família, tampouco próximas, para que os cuidados pudessem transmitir alguma forma de 
carinho e afeto, tentando transmitir aquele apoio que poucas pessoas conseguem. 
 A igreja católica possui um documento que trata da questão, onde diz que: 
Distinta da eutanásia é a decisão de renunciar ao chamado excesso terapêutico, ou 
seja, a certas intervenções médicas já inadequadas à situação real do doente, porque 
não proporcionais aos resultados que se poderiam esperar ou ainda porque 
demasiado graves para ele e para a sua família. Nestas situações, quando a morte se 
anuncia iminente e inevitável, pode-se em consciência ‘renunciar a tratamentos que 
dariam somente um prolongamento precário e penoso da vida, sem, contudo, 
interromper os cuidados normais devidos ao doente em casos semelhantes’. A 
renúncia a meios extraordinários ou desproporcionados não equivale ao suicídio ou 
à eutanásia; exprime, antes, a aceitação da condição humana diante da morte. (2001, 
p.237) 
 
 
 
A decisão sobre recusar tratamentos, além do respeito pela decisão do enfermo em 
querer morrer em sua casa, estão inerentes no procedimento ortotanásico, pois a finalidade do 
citado procedimento é assegurar para o paciente terminal tenha uma morte digna, sem querer 
antecipar seu resultado, nem proporcionar sofrimentos, como a maioria dos autores dizem, é a 
morte no seu tempo certo. 
 
1.2 –Diferenças entre ortotanásia e a eutanásia passiva 
 
A definição entre a ortotanásia e a eutanásia passiva parte do seguinte entendimento, a 
ortotanásia é a retirada dos tratamentos que prolongue a vida do paciente, sendo apenas 
adotado um procedimento que diminua o sofrimento. Enquanto que a eutanásia passiva seria a 
morte do paciente causada por uma omissão de todos os cuidados possíveis para alivio do 
sofrimento do paciente. Tal entendimento surgiu dos ensinamentos da autora Maria Elisa 
Villas-Bôas, que leciona: 
Nem todo paciente em uso de suporte artificial de vida é terminal ou não tem 
indicação da medida. A eutanásia passiva consiste na suspensão ou omissão 
deliberada de medidas que seriam indicadas naquele caso, enquanto na ortotanásia 
há omissão ou suspensão de medidas que perderam sua indicação, por resultarem 
inúteis para aquele indivíduo. (VILLAS-BÔAS, 2005, p.73-74) 
 
 Apesar da clara definição dos dois procedimentos pela citada autora, existe uma 
confusão de alguns autores que insistem em defender que ambos dizem respeito sobre a 
mesma coisa. No entanto, para a maioria dos autores existe uma distinção entre os dois 
institutos, onde essa distinção foge da questão terminológica, envolvendo a própria 
compreensão que cerca os procedimentos. Os autores que defendem que a ortotanásia é a 
mesma coisa que a eutanásia passiva, na verdade são contra a aplicabilidade do procedimento 
ortotanásico, pois mostram que a ortotanásia possui a mesma definição da eutanásia passiva, 
acabam impedindo a sua aplicabilidade, porque a eutanásia passiva possui vedação legal no 
ordenamento jurídico brasileiro. 
 Nos ensinamentos do autor Luciano Santoro percebemos a sútil diferença entre os dois 
procedimentos, lecionando: 
Os dois comportamentos convergem no sentido de um agir do médico por 
compaixão ao próximo, propiciando uma morte sem dor ou sofrimento através da 
omissão na prestação ou na continuidade do tratamento. Entretanto, as condutas 
divergem na questão fundamental, que é o início do processo mortal. Enquanto na 
ortotanásia a causa do evento morte já se iniciou, na eutanásia passiva esta omissão 
é que será a causa do resultado, ou seja, é a conduta omissiva do médico, ou de 
terceiros que será a causa do evento morte. (SANTORO, 2010, p.16-17) 
 
 
 
O autor informa que a ortotanásia e a eutanásia passiva possuem uma conduta 
omissiva, seja realizando a suspensão do tratamento já iniciado ou não executando nenhum 
tratamento. Com isso, percebe-se que em ambos os casos existe a intenção de interromper ou 
de suspender o tratamento, mas o que diferencia os dois procedimentos é exatamente a 
consequência da conduta durante a execução. Na eutanásia passiva, o que se busca é antecipar 
a morte do enfermo através da omissão ou da suspenção do tratamento. Já na ortotanásia, a 
suspensão ou a omissão não busca outra finalidade que não seja a diminuição da dor e do 
sofrimento do enfermo, visando evitar que terapias desnecessárias e desproporcionais 
prolonguem a angústia nos momentos finais. Assim, a morte ocorrerá em decorrência do 
avanço da enfermidade e não por conta da suspensão de tratamentos infrutíferos. 
A autora Roxana Cardoso Brasileiro Borges afirma que o médico não é obrigado a 
prorrogar o processo de morte do moribundo através de tratamentos extraordinários, 
desnecessários e desproporcionais, como mostra: 
A ortotanásia é conduta atípica perante o Código Penal. (...) A ortotanásia serviria, 
então, para evitar a distanásia. Em vez de prolongar artificialmente o processo de 
morte (distanásia), deixa-se que este se desenvolva naturalmente (ortotanásia). Maria 
Celeste Cordeiro dos Santos entende que o auxílio à morte é lícito sempre que 
ocorra sem encurtamentoda vida, a autora chama a ortotanásia também de auxílio 
médico à morte, entendendo que o médico (só ele) não é obrigado a intervir no 
prolongamento da vida do paciente além do seu período natural, salvo se aí lhe for 
expressamente requerido pelo doente (BORGES, 2007, p.236-237). 
 
 O profissional de saúde ao auxiliar o paciente terminal visa garantir ao moribundo 
uma morte menos sofrida. Assim, o dever do médico em relação ao paciente que esteja fora 
do alcance de uma possível cura, não é o prolongamento de uma vida sofrida que possui sua 
finitude estabelecida, mas sim a intenção de cuidar do enfermo com a finalidade de dirimir a 
dor e o sofrimento. Quando se refere à suspensão ou omissão de procedimentos, não são 
aqueles denominados ordinários ou qualquer meio artificial de sobrevivência, e sim os 
extraordinários, pois os ordinários são essenciais para a manutenção da vida do enfermo. Já os 
procedimentos extraordinários acabam sendo retirados de uso, pois tornam-se desnecessários. 
Entretanto, se haver a omissão ou a suspensão de procedimentos terapêuticos considerados 
essenciais ou ordinários, ou até mesmo quando o processo de morte ainda não tenha sido 
instalado, nesses casos poderá ser a aplicabilidade do procedimento eutanásico. 
A eutanásia passiva consiste na omissão ou suspensão de tratamentos médicos que são 
essenciais para manutenção da vida do moribundo, nesse caso não é respeitada a dignidade do 
paciente, nem a sua autonomia, já que a decisão da retirada de tratamentos ordinários surge da 
convicção de outras pessoas distintas do próprio paciente, e ainda existem situações em que 
são retirados até mesmo a sua alimentação, sendo completamente abandonados pela equipe 
 
 
médica. Diferenciando-se da eutanásia passiva, a ortotanásia almeja a finitude da vida com 
qualidade disponibilizando cuidados paliativos que diminuam as dores e o sofrimento, 
garantindo a dignidade do paciente, desde que o enfermo esteja consciente através da sua 
autonomia irá decidir onde, como e quando morrer, além de permitir ou não, que sejam 
adotados tratamentos durante a sua fase terminal. 
Quadro 01: Diferenças entre ortotanásia e eutanásia passiva 
Fonte: Criado pelo próprio autor. 
Como visto anteriormente ambos procedimentos apesar de serem confundidos por 
alguns doutrinadores, possuem diferenças que são bastante peculiares, pois na utilização da 
ortotanásia, o profissional de saúde visa tratar da condição sofrida do paciente, não mais se 
preocupando com a cura da sua enfermidade, mas preocupando-se com o bem-estar daquele 
que se encontra numa situação de vulnerabilidade. Na eutanásia passiva, o profissional de 
saúde não mais se preocupa com o paciente, pois aquele retira todos os tratamentos que são 
essenciais para manutenção da vida, deixando que o evento morte aconteça por conta de uma 
conduta omissiva. 
 
 
 
Pontos diferentes Ortotanásia Eutanásia passiva 
Conceito É a retirada de tratamentos que 
prolongam a vida do paciente, 
sendo apenas ministrados 
tratamentos que diminuam seu 
sofrimento. 
É a omissão de todos os cuidados 
que seriam essenciais para que 
diminuíssem as dores e sofrimento 
do paciente. 
Conduta do profissional de saúde Acompanha o paciente ministrando 
cuidados paliativos. 
Realiza conduta omissiva, 
desacompanhando o paciente 
terminal. 
Respeito pelo paciente Durante o processo ortotanásico o 
profissional de saúde acompanha o 
tratamento do paciente, 
ministrando medicamentos que 
diminua seu sofrimento, 
respeitando a sua autonomia e 
principalmente a sua dignidade 
humana. 
Durante o processo da eutanásia 
passiva é retirado todos os 
medicamentos e cuidados 
essenciais para a manutenção da 
vida do paciente, deixando o a 
própria sorte, desrespeitando a sua 
dignidade humana lhe 
proporcionando sofrimento 
insuportável. 
Finalidade Uma vez instaurado o processo de 
morte o tratamento do paciente é 
meramente paliativo, sendo 
acompanhado pelo profissional de 
saúde até o seu último momento, 
quando a morte ocorre 
naturalmente. 
Quando a morte é um evento 
inevitável na vida do paciente, o 
profissional de saúde não mais o 
acompanha e deixa que a morte 
aconteça de maneira antecipada por 
ação omissiva.

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